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Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a)!
Este curso tem por finalidade contribuir para que a promoção de uma cultura de segurança, de bem-
estar e de paz se constitua como uma estratégia prioritária nas escolas, por meio de ações inerentes ao
policiamento comunitário escolar, sendo assim, de extrema importância para a formação dos profissionais que
atuam na área de segurança pública. Nele, você estudará procedimentos a serem adotados pelos principais
órgãos governamentais que compõem o sistema de proteção das escolas, bem como a tipificação de crimes,
contravenções e atos infracionais que possam ocorrer no ambiente escolar.
O ensinamento de valores como bondade, honestidade e justiça demonstra o quanto é importante
abraçar e promover a educação. Esses valores, dentre outros, serão aprendidos e acompanharão os educandos
por toda a vida.
A comunidade escolar é composta por todos: gestores, professores, alunos, pais e demais profissionais
que atuam no espaço escolar. Portanto, realizar este curso significa, principalmente, que você está fazendo um
compromisso pessoal a fim de contribuir para que a segurança e a paz nas escolas sejam garantidas.
Espera-se que ao concluir o curso você possa contribuir – não só por obrigação normativa, mas por se
tratar de assegurar a todos um ambiente agradável e seguro – para a qualidade do sistema educativo e para o
desenvolvimento de competências para o exercício da cidadania. A segurança e a educação potencializam-se
mutuamente e são recursos indispensáveis à vida.
Bons estudos!

Objetivo do curso
Este curso tem por objetivo criar condições para que você:

1. Ampliar conhecimentos para:


 Definir o que é um ambiente escolar e as necessidades de sua proteção;
 Identificar os processos de policiamento e os diferentes tipos de operações realizadas no ambiente
escolar;
 Distinguir as competências da Escola e dos órgãos de segurança nas ações de enfrentamento à
violência na escola;
 Entender que deve haver a participação de toda a comunidade para a manutenção e melhoria da
segurança escolar.

2
 2. Desenvolver habilidades para:
 Saber o que fazer para diminuir as incidências de pontos sensíveis que tornam vulnerável a
segurança em um ambiente escolar;
 Identificar o que cada componente da rede de proteção escolar pode contribuir para a melhoria
da segurança do ambiente escolar;
 Saber como se postar diante de cada operação do policiamento comunitário escolar;
 Colaborar com o policiamento comunitário escolar.

3. Fortalecer atitudes para:


 Ser um multiplicador da promoção da cultura de segurança, bem-estar e paz nas escolas;
 Exercitar a cidadania observando seus direitos e obrigações em relação à segurança nas escolas.

Estrutura do curso
Este curso está estruturado nos seguintes módulos:

 Módulo 1 – O ambiente escolar


 Módulo 2 – Características do policiamento nas escolas
 Módulo 3 – Composição e competências dos órgãos do sistema de segurança escolar
 Módulo 4 – Eventos que influenciam na segurança do ambiente escolar
 Módulo 5 – Atribuições das escolas e dos órgãos de segurança nas ações de enfrentamento da
violência no ambiente escolar

3
MÓDULO
O AMBIENTE ESCOLAR
1
Apresentação do módulo
Os fatos frequentemente divulgados na mídia reforçam a necessidade de conhecimento sobre o
ambiente escolar. Mais do que conhecer, é preciso criar mecanismos de interação de seus integrantes, visando
à adoção de medidas efetivas para prevenção das diversas formas de violência.

Neste módulo você conhecerá o ambiente escolar, tendo condições de identificar seus
principais integrantes, assim como contribuir para ações de prevenção e enfrentamento da violência
que o envolve.

Objetivo do módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

 Caracterizar o ambiente escolar;


 Enumerar pontos sensíveis no ambiente escolar;
 Identificar formas para sua proteção e preservação;
 Ter consciência de que a preservação do ambiente escolar contribui para o aumento da sensação
de segurança da comunidade escolar e para manutenção de uma cultura de paz nas escolas.

Estrutura do Módulo
Este módulo está organizado da seguinte forma:

 Aula 1- O que é ambiente escolar e por que ele deve ser protegido?
 Aula 2 - Quem faz parte do ambiente escolar?
 Aula 3 - Pontos sensíveis à segurança no ambiente escolar.

4
Aula 1 – O que é ambiente escolar e por que ele deve ser
protegido?

O Ambiente Escolar é...


A interação do aluno, professor, currículo, ambiente, família e comunidade.

É um microcosmo do universo: o espaço físico delimita o mundo; o sistema escolar e sua organização
revelam a sociedade; as pessoas envolvidas na experiência de aprendizado formam a população. (Taylor &
Vlastos, 1983).

Importante!
Sob essa ótica, é possível inferir que o ambiente escolar possui uma amplitude muito maior do que
aquela dada por uma visão estrutural circunscrita intramuros. Ela envolve também a visão relacional
que ultrapassa o espaço físico da escola, incluindo a comunidade vizinha e os órgãos que atuam
diretamente na segurança escolar.

1.2. Por que a escola deve ser protegida?


A escola é um dos principais agentes socializadores, sendo responsável não apenas pela difusão de
conhecimentos, mas pela transmissão dos valores de uma cultura entre gerações (Martin-Baró, 1992). O
ambiente escolar é o caminho que a sociedade percorre para crescer e exercer a sua cidadania.

Aula 2 – Composição do ambiente escolar

O ambiente escolar deve favorecer o aprendizado. Conhecer sua composição e as formas de interação
é condição necessária para o desenvolvimento da educação.
A seguir você estudará sobre cada componente deste mundo fantástico que é a escola.

Corpo docente
Relativo a professores, que ensinam. É constituído pelo conjunto de Professores devidamente
habilitados, selecionados e contratados por uma instituição de ensino, conforme legislação em vigor.
Corpo discente
Relativo a alunos, que aprendem. Fazem parte do Corpo Discente os alunos regularmente
matriculados em um estabelecimento de ensino.

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Veja quais são as definições descritas na lei entre crianças e adolescentes e jovens e adultos:

Crianças e adolescentes
Considera-se criança, para os efeitos da Lei n° 8069/2008 – Estatuto da Criança e do adolescente (ECA)
- a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. (Art.
2º).
Jovens e adultos
Segundo o artigo 37 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei n° 9.394, de 20 de dezembro
de 1996, a educação de jovens e adultos destina-se àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos
no Ensino Fundamental e Médio em idade apropriada.

Corpo administrativo
Relativo aos funcionários. É composto pelos demais servidores, incluindo os seguranças da escola.

Aula 3 – Pontos sensíveis à segurança no ambiente escolar

A existência de pontos sensíveis à segurança é fator preocupante no ambiente escolar. Reconhecer


tais pontos, bem como adotar providências para neutralizá-los ou minimizá-los é obrigação de toda a
comunidade escolar.
Fatores como falta de iluminação, mato alto, árvores sem poda, depósito de lixo nas
proximidades do estabelecimento de ensino, muros e cercas danificadas, enfim, a ausência de infraestrutura
e saneamento básico contribuem de maneira relevante para a prática de delitos, de ações de desordem e,
também, acabam sendo potenciais causadores da proliferação de doenças.

Importante!
Atuando de modo não verbal, por sua vez, o meio físico tem impacto direto e simbólico sobre seus
ocupantes, facilitando e/ou inibindo comportamentos.

A comunidade deve zelar para que o seu ambiente escolar esteja sempre seguro e limpo. Não se deve
conviver com estruturas danificadas, pois com o tempo pode haver aceitação coletiva de normalidade de um
dano ou da ausência de investimento estatal.
É necessário o empenho de todos para melhoria do ambiente escolar (conscientização da comunidade
para a preservação e cobrança das autoridades competentes para implemento das políticas públicas adequadas
e necessárias).

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Refletindo sobre a questão
Muitas vezes estamos cercados por pontos sensíveis à segurança no ambiente escolar, mas absorvidos
pela rotina do dia a dia não os percebemos. Essa atividade de reflexão possibilitará, por meio de fotos*
previamente selecionadas, que você exercite seu olhar para perceber esses pontos. Ao mesmo tempo, por meio
do texto A teoria das janelas quebradas**, criará condições para que reflita sobre a relação “ambiente e
segurança escolar”.
*Veja na biblioteca do curso o arquivo “PCE_conjunto_fotos_09_a_14”
** http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo361.shtml

Finalizando...

Neste módulo, você estudou que:

• O ambiente escolar é a interação do aluno, professor, currículo, ambiente, família e comunidade.


• O ambiente escolar possui uma amplitude muito maior do que aquela dada por uma visão
estrutural circunscrita intramuros.
• A escola é um dos principais agentes socializadores, sendo responsável não apenas pela difusão
de conhecimentos, mas pela transmissão dos valores de uma cultura entre gerações (Martin-Baró,
1992).
• O ambiente escolar é composto pela parte física e pelas pessoas que o circundam. Tem como
composição básica: o corpo docente, o corpo discente e o corpo administrativo.
• A existência de pontos sensíveis à segurança é fator preocupante no ambiente escolar. Reconhecer
tais pontos, bem como adotar providências para neutralizá-los ou minimizá-los é obrigação de
toda a comunidade escolar.
• É necessário o empenho de todos para melhoria do ambiente escolar (conscientização da
comunidade para a preservação e cobrança das autoridades competentes para implemento das
políticas públicas adequadas e necessárias).

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Exercícios

1. Veja o poema “A Escola” atribuído a Paulo Freire, reflita e responda: Em sua opinião, por
que o ambiente escolar deve ser protegido?

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2. Analise novamente as fotos* e leia o texto “Teoria das janelas quebradas”. Escreva cinco
situações que tornam a segurança escolar vulnerável (utilizar o bloco de notas).
* Veja na biblioteca do curso o arquivo “PCE_conjunto_fotos_09_a_14”

Teoria das "janelas quebradas"

Um exemplo que vale a pena conhecer:

Em três anos, o número de delitos em Nova Iorque foi reduzido à metade. O índice de homicídios
é o menor dos últimos 30 anos. Para isso, foi utilizada a teoria das janelas quebradas: resolver os
problemas enquanto ainda são pequenos.

Dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, publicaram a


teoria das "janelas quebradas" em The Atlantic, em março de 1982. A teoria baseia-se num
experimento realizado por Philip Zimbardo, psicólogo da Universidade de Stanford, com um
automóvel deixado em um bairro de classe alta de Palo Alto (Califórnia). Durante a primeira semana
de teste, o carro não foi danificado. Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro
foi completamente destroçado e roubado por grupos vândalos, em poucas horas.

De acordo com os autores, caso se quebre uma janela de um edifício e não haja imediato conserto,
logo todas as outras serão quebradas. Algo semelhante ocorre com a delinquência.

A teoria começou a ser aplicada em Boston, onde Kelling, assessor da polícia local, recebeu a
incumbência de reduzir a criminalidade no metrô - um problema que afastava muitos passageiros,
gerando um prejuízo de milhões de dólares. Contudo, o programa não chegou a ser concluído por
causa de uma redução orçamentária.

Em 1990, Kelling e Wilson Bratton, foram destinados a Nova Iorque e começaram a trabalhar
novamente. O metrô foi o primeiro laboratório para provar que, se "arrumassem as janelas
quebradas", a delinquência seria reduzida. A polícia começou a combater os delitos menores.
Aqueles que entravam sem pagar, urinavam ou ingeriam bebidas alcoólicas em público,
mendigavam de forma agressiva ou que pichavam as paredes e trens eram detidos, fichados e
interrogados. As pichações eram apagadas na hora, e os "artistas" não podiam admirá-las por
muito tempo.

Após vários meses de campanha, a delinquência no metrô foi reduzida em 75% e continuou caindo
de ano para ano. Após o sucesso no metrô e nos parques, foram aplicados os mesmos princípios
em outros lugares e em outras cidades. Não se afirma que os resultados obtidos sejam exclusivos
destas medidas, mas a experiência de Nova Iorque repercutiu em todo o país.

Artigo extraído do jornal Interprensa - junho/1997

*Disponível em: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo361.shtml

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3. Com base no que estudou na aula 1, marque as sentenças verdadeiras:

a. A escola é lugar de educação, não tem nada haver com socialização ou transmissão dos valores de
uma cultura entre gerações, isso é papel exclusivo da mídia e do governo.
b. O importante na escola é estudar (alunos) e trabalhar (profissionais). O que existir, além disso, é pura
imaginação de mentes ociosas.
c. O exercício da cidadania pode e deve ser fortalecido no ambiente escolar.
d. A escola, mais do que base física, é o ambiente a partir e por meio do qual são transmitidos os valores
de uma cultura entre gerações.

4. Com base no que estudou na aula 2, marque a sentença falsa:

a. O ambiente escolar representa uma parte do universo das pessoas que nele convivem. Neste
ambiente há fortes influências sobre a vida dessas pessoas.
b. Um dos fatores que apresenta grau considerável de interferência na aprendizagem é a qualidade do
relacionamento que os escolares mantêm com seus pares.
c. A relação aluno-a/aluno-a não vai além da importância para a aprendizagem em si, possuindo valor
educativo que contribui muito pouco para a socialização da criança.

5. Com base no que estudou na aula 3, marque as sentenças verdadeiras:

a. As pessoas envolvidas na experiência de aprendizado necessitam de um ambiente seguro e saudável


para poder desempenhar suas atividades.
b. Atuando de modo não verbal, por sua vez, o meio físico tem impacto direto e simbólico sobre seus
ocupantes, facilitando e/ou inibindo comportamentos.
c. A má conservação das estruturas escolares não é um fator relevante para a segurança escolar, afinal
o que se deve preservar são as pessoas e não as construções.
d. De acordo com os autores da teoria das janelas quebradas (broken windows), caso se quebre uma
janela de um edifício e não haja imediato conserto, logo todas as outras serão quebradas. Algo semelhante
ocorre com a delinquência no ambiente escolar.

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Gabarito

1. Orientação de resposta: Protegendo o ambiente escolar possibilita-se que haja a promoção de uma
cultura de segurança, bem-estar e paz nas escolas.
2. Orientação de resposta: Ausência de muros adequados; 2. Deficiência ou ausência de saneamento
básico; 4. Iluminação pública deficiente ou ausente; 5. Pichações nos muros ou na escola; 6.
Existência de sujeira no ambiente escolar, etc.
3. Respostas corretas: Alternativas C e D
4. Resposta correta: Alternativa C
5. Resposta correta: Alternativas A, B e D

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MÓDULO
CARACTERÍSTICAS DO POLICIAMENTO
2 COMUNITÁRIO ESCOLAR

Apresentação do módulo

Um policiamento de qualidade é pautado no conhecimento da missão, bem como na busca de uma


maior integração com os outros órgãos de segurança pública.

Neste módulo, você estudará as características do policiamento comunitário escolar (PCE), tendo
condições de identificar seus requisitos básicos, processos, detalhes de sua preparação, bem como seus
tipos. Estudará também o policiamento escolar aplicado ao trânsito.

Objetivos do módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:

 Apontar as características do Policiamento Comunitário Escolar;


 Identificar os processos e as operações de Policiamento Comunitário Escolar;
 Enumerar os tipos de Policiamento Comunitário Escolar;
 Ser um profissional de segurança pública consciente de que colaborar para a segurança nas escolas
e respeitar as normas de trânsito representam o exercício de cidadania.

Estrutura do Módulo
Este módulo está organizado da seguinte forma:

 Aula 1 - Características do policiamento comunitário escolar


 Aula 2 - Processos de policiamento comunitário escolar
 Aula 3 - Operações realizadas no policiamento comunitário escolar
 Aula 4 - O policiamento escolar aplicado ao trânsito

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Aula 1 – Características do policiamento comunitário escolar

Nesta aula você estudará as características do Policiamento Comunitário Escolar, como realizar um
policiamento eficiente, as posturas e condutas necessárias, e as que devem ser evitadas durante a realização do
policiamento.

1.1 O que é Policiamento Comunitário Escolar (PCE*)?


*Adaptado do Manual de Policiamento Escolar. Batalhão Escolar – PMDF-2011)

É o processo de policiamento que trabalha em parceria preventiva com a comunidade escolar para
identificar, priorizar e resolver os problemas existentes.

A comunidade escolar é formada pelos professores, servidores, alunos, pais de alunos, comunidade
do perímetro escolar, Polícia Militar, Conselho Tutelar - CT, Vara da Infância e Juventude - VIJ, Ministério
Público – MP, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Educação, Prefeituras e Administrações
Regionais, entre outros.

Essa parceria busca melhorar a qualidade de vida da comunidade escolar, proporcionando a


integração dos educadores, educandos, policiais militares e demais profissionais, com o intuito de aprimorar a
segurança e a educação desenvolvidas nas escolas.

Importante!
O objetivo do policiamento comunitário escolar é prevenir a violência e a prática do ato infracional,
que possam ser cometidos por crianças e/ou adolescentes. A comunidade escolar deve ser estimulada a
colaborar com o policial militar, em contrapartida, este tem que dar crédito às informações recebidas.

1.1.1 O que é necessário para um policiamento escolar eficiente?


Para a realização de um policiamento escolar eficiente, é necessário:

 Conhecer a localização, problemas de segurança recorrentes na escola e arredores (práticas


delituosas recorrentes e tipos de desordens ocorridas com frequência), características da
comunidade do entorno da escola, perfil socioeconômico dos alunos e a rotina de funcionamento
do estabelecimento de ensino (horários de entrada, saída, intervalos, início e término do ano letivo,
período de férias);
 Executar o policiamento dentro da escola e no perímetro escolar, visando à garantia da
promoção da segurança e tranquilidade;
 Promover a fluidez e segurança do trânsito nas imediações da escola;
 Fiscalizar o Transporte Escolar;
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 Gerenciar a travessia na faixa de pedestres próximo à escola;
 Ser um mediador de conflitos no ambiente escolar;
 Portar os equipamentos de proteção individual regulamentares, de acordo com a instituição
(armamento, aparelhos de comunicação, colete balístico, etc.); e
 Estabelecer um Canal de Comunicação com a Direção da Escola, de forma a dar sensação de
segurança por meio de visitações constantes, contatos telefônicos, redes sociais ou outro meio
eficaz.

1.1.2 Postura do policial no PCE


No contexto de polícia preventiva, é de suma importância a adoção de posturas assertivas do policial
do PCE nos seguintes âmbitos de atuação:

 Relações entre a Polícia e Escola; (Ver na biblioteca do curso o documento:


PCE_relacoes_entre_policia_e_escola)
 Operações/Abordagens realizadas nas escolas; e (Ver na biblioteca do curso o documento:
PCE_operacoes_abordagens)
 Policiamento aplicado ao trânsito no ambiente escolar. (Ver na biblioteca do curso o documento:
PCE_policiamento_aplicado_ao_transito)

1.1.3 O que o policial deve fazer?


Para a eficácia do Policiamento Comunitário Escolar é necessária uma maior aproximação entre o órgão
de segurança pública e a comunidade escolar. O policial deve ser transparente e mostrar qual é o seu papel
nesse cenário, ressaltando que a participação de todos é fundamental para a qualidade da segurança no
ambiente escolar, para tanto deverá:

 Manter bom relacionamento com: direção, professores, servidores, educandos e comunidade no


perímetro escolar, a fim de montar uma rede de relacionamento que pode ser útil na prevenção e
enfrentamento à violência na escola. Eles são grandes aliados no policiamento comunitário escolar;
 Procurar saber dos professores quais alunos podem gerar problemas (eles estão em contato direto
com os educandos);
 Analisar se o caso é crime, ato infracional ou se pode ser resolvido administrativamente de acordo
com o regimento escolar;
 Ter atenção especial na porta da escola nos horários de entrada, saída e intervalo (recreio); é
quando o policial fica mais vulnerável devido à quantidade e proximidade dos alunos;
 Solicitar apoio para fazer abordagem quando estiver trabalhando sozinho ou sempre que for
necessário para manter a ordem;
 Tratar todos com cordialidade;
 Promover a proteção tanto da vítima quanto do autor e testemunhas;
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 Agir com respeito aos direitos humanos com ênfase na prevenção e articulação com a comunidade
(ILANUD, 2001);
 Priorizar suas ações e rondas no perímetro escolar, agindo em situações que não possam ser
resolvidas pedagogicamente (ILANUD, 2001);
 Em casos excepcionais que a situação exija, o policial fará uso diferenciado da força (Portaria
4.226/2010).

1.1.4 O que o policial NÃO DEVE fazer?

 Ficar sozinho com criança ou adolescente durante a abordagem*;


 Fazer busca em pessoas ou em seus pertences sem a presença de testemunha;
 Usar algemas**;
 Transportar criança ou adolescente no compartimento de presos da viatura policial;
 Deixar de requerer, quando for o caso, o Termo de Aquiescência*** para atuar dentro do
Estabelecimento de ensino, quando solicitado pela instituição; e
 Fazer suspeições generalizadas e usar medidas repressivas desproporcionais, sendo que a atuação
do policial no ambiente escolar é prioritariamente educativa, preventiva, dentro dos parâmetros
do respeito aos direitos humanos e à dignidade da pessoa humana (ILANUD, 2001).
* Por se tratar de público sensível, (crianças e adolescentes), deve-se buscar a proteção integral de maneira que quanto
mais garantias forem ofertadas, mais próximo estará desse objetivo. Testemunhas durante as abordagens (direção da
escola, professores e outros profissionais da educação, demais alunos, servidores, etc.) constituem medidas preventivas
que visam evitar possíveis ocorrências de abusos e discriminação. Ademais constitui segurança operacional para as
Instituições (Escola e PM), bem como para o menor abordado e o policial.
** Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física
própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a
que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado” (Súmula Vinculante 11 - STF).
*** Documento onde a Direção da Escola autoriza o prosseguimento da operação

Importante!
Procedimento relativo à arma do policial militar:
Durante todo o serviço o policial deverá estar devidamente fardado. A arma integra o seu uniforme,
logo você, como Policial Comunitário Escolar, entrará em qualquer ambiente da escola que for
solicitado, portando seu armamento.

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Aula 2 – Processos de policiamento comunitário escolar

2.1 Os processos:

No PCE são utilizados os seguintes processos:


 a pé;
 em bicicletas;
 em motocicletas;
 em viaturas;
 montado (a cavalo).

A seguir, você estudará as características de cada processo, bem como as formas e o seu
adequado emprego. Todos eles possuem particularidades que devem ser compreendidas.

2.1.1 A pé
 É o processo de policiamento mais utilizado no policiamento escolar. É empregado nas escolas
onde há grande fluxo de alunos, maior risco de ocorrências ou em eventos onde educandos
estejam envolvidos;
 O efetivo mínimo é de 2 (dois) policiais.

2.2.2 Em bicicletas
 Segue as mesmas regras do policiamento a pé, sendo que cobre uma maior quantidade de escolas,
devido a sua mobilidade;
 Empregado principalmente em setores onde há grande número de estabelecimento escolar;
 O efetivo mínimo deve ser de 2 (dois) policiais e 2 (duas) bicicletas.

2.2.3 Em motocicletas
 É empregado no patrulhamento escolar e fiscalização;
 É elemento de apoio rápido ao PCE a pé;
 Deve fazer Ponto Base - PB em várias escolas durante o turno de trabalho;
 Auxilia as viaturas nas operações;
 Faz levantamento de risco e da necessidade de policiamento nas escolas;
 O efetivo mínimo ideal é de 3 (três) policiais em 3 (três) Motocicletas, pois poderá haver a
necessidade de um dos motociclistas permanecer com as motos;

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2.2.4 Em viaturas
 Apoia o PCE a pé e de motocicletas pela capacidade adicional de transporte de pessoas e de
material;
 Atua em escolas de riscos onde estejam descobertas pelo policiamento a pé e em motocicletas;
 Faz levantamento de risco e da necessidade de policiamento nas escolas.

2.2.5 Montado (a cavalo)


 Processo de policiamento ostensivo que, utilizando como meio de locomoção o cavalo, visa a
satisfazer as necessidades basilares de segurança pública, inerentes a qualquer comunidade ou a
qualquer cidadão;
 O efetivo mínimo é de 3 (três) policiais, pois será necessário que um guarde as montadas enquanto
os outros atendem a eventuais ocorrências;
 Apoia o PCE a pé e de motocicletas em áreas críticas de grandes extensões;
 A posição de comandamento, que dá ao policial uma visão privilegiada, e o impacto psicológico
causado pela presença do animal tornam esse processo eficaz e eficiente em locais com grande
fluxo de pessoas e veículos.

Aula 3 – Operações realizadas no policiamento comunitário


escolar

As operações consistem em ações de segurança, de cunho preventivo/repressivo, realizadas pela Polícia


Militar visando a inibir o risco de ilícitos no ambiente escolar e promover apreensões de armas e substâncias
entorpecentes, entre outros produtos ilícitos.
Estude, a seguir, os principais pontos sobre as operações.

3.1. Preparação das operações


A preparação para uma Operação é uma das fases essenciais para o sucesso do Policiamento
Comunitário Escolar. O conhecimento das particularidades do local, do tipo de Operação a ser realizada e de
seus participantes, não só garantem o êxito da Operação, como também contribuem para sua efetividade.

3.1.2. Quem realiza essas operações?


Realizadas por Policiais Militares que, divididos em frações, atuam em diversas áreas da escola,
simultaneamente.

Importante!
Policiais femininas são imprescindíveis na composição das frações para busca pessoal em alguém do
sexo feminino.

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3.1.3. Quem autoriza essas operações nas escolas?
O Diretor ou representante Legal da escola. Em regra, somente a operação varredura necessita estar
amparada por um Termo de Aquiescência.

3.2. Tipos de Operações do Policiamento Comunitário Escolar


A realização de uma operação na escola ou em suas proximidades é algo que requer uma mobilização
considerada de efetivo. Sua efetivação pressupõe o uso de técnicas específicas, além de cuidados
indispensáveis ao seu êxito.
É de suma importância, que você conheça os vários tipos de operações, sua composição, quando,
onde e as orientações para realizá-las.

Importante!
Deve ficar bem claro a todos os policiais/alunos/responsáveis/docentes/servidores que essas operações
podem envolver crianças e adolescentes e, portanto, devem inspirar os cuidados devidos.

Nota
As Operações aqui elencadas são as utilizadas na PMDF. Podem haver variações de procedimentos ou
de nomes em outros Estados. Pesquise em sua Região se existe operações no Policiamento Escolar e identifique
as semelhanças e distinções com as que serão apresentadas.

São utilizadas as seguintes operações no PCE:

 Operação Varredura;
 Operação Escola Livre;
 Operação Bloqueio Escolar;
 Operação Blitz Escolar;
 Operação Volta às Aulas; e
 Operação Escola Polo.

Estude, a seguir, sobre cada uma delas.

3.2.1. Operação Varredura


 O que é?
É a realização de revista em educandos NO INTERIOR DAS SALAS DE AULA, utilizando-se detectores de
metais e verificação visual em seus pertences.

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Como é composta a Operação Varredura?

 Recursos humanos:
A fração mínima é de 07 (sete) policiais por sala de aula com a presença de policiais femininas, assim
distribuídos:

Qtd de policiais Atuação

01 (um) Orador*

03 (três) Verificadores**

01 (um) Observador Interno***

02 (dois) Observadores Externos****


*Acesse na biblioteca do curso o documento: PCE_orador.
** Os verificadores são responsáveis pela revista de todos os educandos, fazendo o uso de detectores de metais e da verificação
visual.
*** Os observadores atuam como elemento de segurança dentro da sala de aula, buscam identificar possíveis ocultações ou
dispensas de objetos, detectando também comportamentos suspeitos, considerados atentatórios à segurança de todos.
**** Os observadores externos se posicionam do lado de fora das salas de aula, são responsáveis por identificar eventuais
dispensas de objetos pelas janelas.

 Recursos materiais
- Detectores de metais

Importante!
O efetivo deve ser aumentado de acordo com a avaliação do Comandante da Operação, diante da
proporcionalidade do número de estudantes, periculosidade do local e o objetivo específico da
operação, entre outros aspectos.

Quais os procedimentos policiais e da direção antes da Operação Varredura?

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Do policial Da direção da escola

 Informar a direção sobre data, horário e os  Informar previamente aos professores os


objetivos da operação; objetivos da operação e a conduta esperada deles
 Solicitar que o diretor ou o representante legal da antes, durante e depois de cada revista, além de
escola assine o Termo de Aquiescência, sem o tentar identificar e sanar possíveis resistências por
qual não poderá haver a operação; parte de alguns destes profissionais à realização
 Orientar a direção sobre o procedimento correto, da operação;
no caso de ser encontrada alguma criança ou  Manter os educandos dentro de sala de aula não
adolescente de posse de objetos e/ou permitindo que circulem nos corredores,
substâncias ilegais, com o intuito de se evitar havendo consentimento somente após o término
situações de constrangimento atentatórias à de toda operação ou nos casos de absoluta
dignidade dos educandos; necessidade desde que devidamente
 Traçar um itinerário prévio do caminho que será acompanhados;
utilizado até a escola, a fim de garantir que o  Designar integrante da direção para acompanhar
sigilo da chegada do efetivo seja um elemento a revista, cabendo a este o primeiro contato com
surpresa, necessário ao sucesso da operação; os alunos acerca da operação a ser realizada.
 O Comandante da Operação deverá designar os
observadores externos.

Quais os procedimentos adotados durante a Operação Varredura?

 Utilizar o princípio da celeridade, para que se interfira o mínimo possível na rotina das aulas, porém
não quer dizer que por ser uma operação “rápida” que se deixará de atentar para alguns dos
princípios da abordagem: Unidade de Comando, Segurança e Ação Enérgica;
 O representante da direção, acompanhado pelo orador, realizará o primeiro contato com os alunos,
abordando o assunto de maneira serena e natural, demonstrando a necessidade da operação para
a segurança da comunidade escolar e a importância da cooperação voluntária de todos durante a
revista;
 O Orador se apresentará e exporá os objetivos da operação de maneira cordial e educada;
 Durante as apresentações do representante da direção e do orador, os demais integrantes da
fração deverão aguardar do lado de fora da sala de aula, fora do campo de visão dos educandos,
objetivando evitar a dispersão da atenção, mantendo sempre a postura e a compostura,
aguardando serem convocados pelo orador;

Ao serem convocados para a revista, os policiais deverão entrar na sala tomando as seguintes posições
e adotando as seguintes condutas:

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- O OBSERVADOR se encaminhará para o fundo da sala adotando postura serena, mas atenta a todo
desenrolar da revista, identificando possíveis ocultações ou dispensas de objetos. Deve atuar como elemento
de segurança, buscando identificar comportamentos suspeitos, considerados atentatórios à segurança de todos;
- O ORADOR permanecerá de frente para os alunos representando a figura de referência para todos,
sendo o responsável pela verbalização quando necessária, também exercendo o papel de observador e de
segurança, de acordo com a conveniência do momento e durante toda a operação;
- OS VERIFICADORES trabalharão por colunas, iniciando a revista sempre com educação e simpatia,
lançando mão de expressões tais como: - “Bom Dia”, “Boa Tarde” ou “Boa Noite”, respondendo de maneira
objetiva e educada, somente ao que lhe for perguntado, de acordo com a conveniência.

Importante!
O representante da direção deverá acompanhar as revistas enquanto elas durarem.

Veja o Esquema da Operação Varredura

3.2.2 Operação Escola Livre


 O que é?
É a realização de revista em educandos no horário de ENTRADA DAS ESCOLAS, utilizando detectores
de metais e verificação visual em seus pertences.

21
Como é composta a Operação Escola Livre?

 Recursos humanos
A fração mínima é de 8 (oito) policiais para cada grupo de 40 (quarenta) alunos, sendo 3 (três) policiais
femininas.
 Recursos materiais
 - 1 (uma) viatura;
 - 2 (duas) motocicletas. Caso não haja, pode ser realizada apenas com as viaturas;
 - 1 (um) micro-ônibus para transporte do efetivo empregado
 - 1 (um) veículo descaracterizado (para policiamento velado, quando necessário).

Quais os procedimentos policiais e da direção antes da Operação Escola Livre?

Antes da Operação Escola Livre, o policial deve:


 Informar a direção sobre os objetivos da operação;
 Observar o princípio da antecipação, estando presente no local no mínimo 30 (trinta) minutos antes
da entrada dos alunos;
 Posicionar as viaturas estrategicamente de maneira a minimizar o impacto visual para que não haja
exposição do estabelecimento de ensino, preservando sua mobilidade no caso de intervenções
rápidas;
 Posicionar o policiamento velado a pé de modo a detectar possíveis ocultações de objetos, de
armas de fogo e substâncias entorpecentes, bem como, identificar seus autores, antecipando a
qualquer comportamento que coloque em risco a segurança de todos;

 A escolha do local da operação deverá ser baseada na acessibilidade, evitando-se a interferência


do público externo, atentando-se também às condições climáticas do momento.

Antes da Operação Escola Livre, a direção da escola deve:


 Designar o integrante da direção para acompanhar a revista;
 Dar ciência sobre a operação a ser realizada somente àquelas pessoas estritamente necessárias a
fim de assegurar o sigilo da operação.

Quais os procedimentos adotados durante a Operação Escola Livre?


O policial deve realizar a revista pessoal nos educandos, preferencialmente, com o detector de metais,
procedendo à busca pessoal em caso de fundada suspeita. Conferir seus pertences por meio da verificação
visual.

22
3.2.3. Operação Bloqueio Escolar

 O que é?
É a operação realizada em SITUAÇÕES CRÍTICAS, ou seja, quando está sendo constante o cometimento
de ilícitos na escola ou dentro do Perímetro de Segurança Escolar.
Perímetro de Segurança

O Distrito Federal definiu o perímetro de segurança no Decreto Distrital n° 12.387 de 22 de maio de


1990*.
Posteriormente, o Decreto Distrital n° 29.446, de 28 de agosto de 2008, alterou esta definição para:
Art. 1°. Fica estabelecido o Perímetro de Segurança Escolar, assim entendido a área contígua aos
estabelecimentos de ensino da rede pública e particular.
§ 1º Onde não houver regra oficial estabelecida, o perímetro de segurança escolar abrangerá uma faixa
de 100 (cem) metros de extensão a partir dos portões de acesso de estudantes da área em que se situar o
estabelecimento de ensino.
§ 2º Dentro do referido perímetro fica proibida a instalação de vendedores ambulantes e
estabelecimentos que comercializem bebidas alcoólicas, cigarros e quaisquer tipos de jogos, em especial os
jogos eletrônicos.
§ 3º Excetuam-se deste artigo os mercados que não tenham consumação no local e os restaurantes.
Em São Paulo, o Decreto Estadual n° 28.643, de 3 de agosto de 1988, define assim o perímetro de
segurança:
Art. 1º - Fica estabelecido o perímetro escolar de segurança, assim entendido a área contígua** aos
estabelecimentos de ensino da rede pública estadual.
* Este decreto instituiu o Programa de Segurança Escolar no DF
**Muito próxima, adjacente; junto.

Investigando a realidade

Levante em seu Estado (ou município) se há legislação semelhante ao Decreto Distrital n° 29.446, de 28
de agosto de 2008.

Essa operação consiste em uma busca geral em locais de concentração de pessoas no Perímetro de
Segurança Escolar, como bares, quiosques, lanchonetes, e ainda em veículos suspeitos.
São instalados pontos de bloqueio nos acessos à área da escola para as abordagens. A busca pessoal
será realizada em pessoas com fundadas suspeitas.

Importante!
Dentro da área do Perímetro Escolar de Segurança, o poder público deve disciplinar a instalação de
vendedores ambulantes e de estabelecimentos, regulares ou informais, que comercializem bebidas

23
alcoólicas, cigarros, fogos de artifício, combustíveis, medicamentos, animais e quaisquer tipos de
jogos, em especial os jogos eletrônicos.

Como é composta a Operação Bloqueio Escolar?


 Recursos humanos
 10 (dez) Policiais Militares, onde cada viatura empregada terá 4 (quatro) policiais militares e uma
dupla de motociclistas.

 Recursos materiais
 - 2 (duas) Viaturas
 - 2 (duas) Motocicletas.

Importante!
Esse efetivo poderá ser aumentado diante de algumas variáveis, tais como: proporcionalidade ao
número de pessoas; estabelecimentos a serem vistoriados; periculosidade do local e objetivos
específicos da operação.

Quais os procedimentos policiais e da direção antes da Operação Bloqueio Escolar? Veja:


Dos policiais Da direção

A Polícia Militar deverá adotar o Antes da Operação Bloqueio


Princípio da Surpresa, executando as Escolar, a direção da escola deve seguir as
abordagens simultaneamente com a orientações do Comandante da Operação.
ocupação do terreno. Quanto mais
articulada e treinada for a tropa, maior a
chance de sucesso nesse tipo de operação.

Quais os procedimentos policiais para a Operação Bloqueio Escolar?

Abordagens em pessoas

 Os policiais militares durante as abordagens no perímetro de segurança escolar só deverão fazer a


busca pessoal, quando tiverem fundadas suspeitas sobre a pessoa que vai sofrer a busca;
 Antes de proceder à revista pessoal, informar ao cidadão e as pessoas presentes que se trata de
uma operação da Polícia Militar;
 Os policiais devem efetuar as abordagens sempre com educação e polidez, porém nunca deixar de
observar o princípio da segurança.

24
Abordagens em bares
 As abordagens nos bares deverão ser feitas com o máximo de cautela e segurança para a equipe;
 O policial NUNCA deverá fazer a abordagem sozinho. As abordagens normalmente são a comando
ou em situação de emergência;
 Ao entrar no estabelecimento, o Comandante da equipe informará que se trata de uma operação
do Policiamento Escolar e pedirá a colaboração de todos;
 O policial militar não deverá entrar sem autorização do proprietário nas dependências internas do
balcão do estabelecimento, salvo em caso de flagrante delito.

Abordagens em veículos suspeitos


 Durante as abordagens a veículos suspeitos, os policiais deverão empregar o princípio da
segurança, rapidez e ação enérgica;
 Durante a revista ao veículo, o policial solicitará ao proprietário que o acompanhe;
 Depois de ter feito a busca pessoal nos ocupantes do veículo, deverá ser feita a verificação dos
documentos de porte obrigatório.

Abordagens nos pontos de bloqueio próximos às escolas


 Nos pontos de bloqueio deverá ser feita a colocação de cones e sinalização, de forma que os
veículos entrem na área de abordagem de maneira correta;
 As motocicletas da polícia deverão ser estacionadas de forma a possibilitar uma saída de
emergência, nos casos de evasão de abordagem;
 É de fundamental importância que o policial tome todos os procedimentos de segurança, não
esquecendo que as abordagens estão sendo feitas próximas aos estabelecimentos de ensino, e
que poderão ter alunos nas imediações das escolas.

3.2.4 Operação Blitz Escolar


É a realização simultânea das Operações Varredura, Escola Livre e Bloqueio Escolar. Nessa operação
ocorrem buscas, revistas e abordagens, tanto no interior da escola quanto em seu exterior, abrangendo todo o
Perímetro de Segurança Escolar e suas adjacências (ruas de acesso à escola, estabelecimento comerciais, entre
outros).
Esse tipo de operação é realizado quando se verifica que em uma determinada escola ou em suas
mediações há alto índice de ocorrências, envolvendo os educandos e/ou a comunidade escolar. Seu objetivo
principal é restabelecer a sensação de paz e ordem pública naquela localidade, promovendo com isso a:

CIDADANIA E A CULTURA DE PAZ NO AMBIENTE ESCOLAR

25
3.2.5. Operação Volta às Aulas
 O que é?
É operação realizada no retorno das férias e dos recessos escolares. Consiste na recepção aos alunos e
orientação de toda comunidade escolar na prevenção de crimes, contravenções e atos infracionais, por meio da
adoção de medidas que tenham como objetivo melhorar a convivência no espaço público ao redor das escolas.
Promove o respeito à cidadania, estimulando a Cultura da Paz no ambiente escolar, por meio da
distribuição de informativos orientadores para pais, alunos e professores, sobre ações a serem adotadas para a
melhoria da convivência no uso do espaço compartilhado por toda a comunidade escolar.
Orienta condutores de Vans e Ônibus Escolares a verificarem possíveis irregularidades de seus veículos.

Como é composta a Operação Volta às Aulas?

 Recursos humanos
 Sugere-se 6 (seis) policiais militares por local previamente selecionado. A operação pode ser
realizada em vários estabelecimentos escolares. Esses locais são escolhidos com base em critérios
estabelecidos previamente. Com a seguinte composição:
 1 (um) policial será o selecionador dos veículos a serem abordados;
 2 (dois) policiais atuarão como verificadores. Abordarão e verificarão os veículos selecionados,
posicionando-se sempre do lado do motorista e um pouco a sua retaguarda;
 1 (um) policial fará a segurança dos demais;
 De acordo com o grau de periculosidade do local, 1 (um) policial poderá ser o terceiro verificador
ou segurança dos verificadores;
 1 (um) policial poderá ser o comandante e ficará em local que permita a visualização de todos os
procedimentos adotados pelos policiais.

Importante!
Esse efetivo poderá ser aumentado diante de algumas variantes, tais como: proporcionalidade dos
veículos a serem abordados ou pessoas a serem orientadas; periculosidade do local e objetivos
específicos da operação.

 Recursos materiais
 2 (duas) Viaturas;
 2 (duas) Motocicletas;
 Material Informativo.

26
Quais os procedimentos policiais antes da operação Volta às Aulas?

Antes da Operação Volta às Aulas, a Polícia deve:


 Definir o local e recursos a serem utilizados na operação;
 Verificar a quantidade de policiais que atendam a necessidade da Operação;
 Chegar ao local da operação com no mínimo 30 (trinta) minutos de antecedência;
 Efetuar a montagem da barreira policial, utilizando-se cones na via ou área destinada ao
estacionamento, de tal forma que seja possível uma abordagem segura sem ocasionar a
interrupção do fluxo de veículos.

Quais os procedimentos policiais durante a Operação Volta às Aulas?

Durante da Operação Volta às Aulas, o policial deve:


 Cumprimentar o condutor abordado;
 Informar que se trata de uma operação educativa, que visa orientar a comunidade escolar;
 Entregar os informativos que disponibilizam tais orientações;
 Liberar imediatamente o condutor caso não haja a constatação de irregularidade;
 Caso os veículos escolares abordados apresentarem alguma irregularidade, deverão ser adotados
os procedimentos previstos no Policiamento Escolar Aplicado ao Trânsito.

Observação!
Todas as operações realizadas pelo Batalhão Escolar do Distrito Federal são fundamentadas em parecer
do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. O MPDFT editou a Cartilha intitulada Segurança na
Escola. Na página 11 da Cartilha há referências de quais as operações podem ocorrer nas escolas.

3.2.6. Operação Escola Polo.


 O que é?

É uma operação que otimiza as demais existentes, consistindo na seleção de estabelecimentos de


ensino com histórico de violência escolar que exigem ações específicas por parte da Polícia. Esse
estabelecimento funciona como base fixa, irradiando policiamento para outras escolas preestabelecidas.

27
Como é composta a Operação Escola Polo?

 Recursos humanos
 Sugere-se 1 (gestor/a) Subtenente ou 1º Sargento e 12 (doze) policiais militares por Polo de
Policiamento. Esses Recursos Humanos devem ter recebido treinamento específico nas seguintes
áreas, entre outras:
 Filosofia de Polícia Comunitária;
 Gestão de Liderança;
 Comunicação não violenta.
 Para fins de policiamento, cada Polo deverá possuir no mínimo duas policiais.

 Recursos materiais por polo


 Uma Viatura tipo Van que serve como base móvel a ser empregada nas escolas onde se registram
maiores quantidades de ocorrências;
 2 (duas) Viaturas para patrulhamento;
 2 (duas) Motocicletas;
 Material Informativo.

Quais os procedimentos policiais e da direção de ensino antes da Operação Escola Polo?

Antes da Operação Escola Polo...

A Secretaria de Educação/Regional de Ensino das Escolas em conjunto com o Batalhão definirão:

28
- As escolas que funcionarão como Polo;
- Local em cada Escola que servirá como base fixa para abrigar os policiais, com condições de apoiar
todas as ações a serem desenvolvidas no Polo;
- O número de Escolas que o “Polo” será responsável. Esse número deverá ser proporcional à sua
capacidade operacional e à distância geográfica entre as escolas;
- Outras que poderão surgir no desenrolar da Operação.

Quais os procedimentos da polícia (Gestor e sua equipe) antes da Operação Polo?

Antes da Operação Polo a polícia deve:


 - Estimar prazo para a duração da Operação. Esta possui, em tese, duração perene. Porém, as ações
desenvolvidas nas escolas pertencentes ao “Polo” serão de acordo com as necessidades levantadas.
Os processos de policiamento e as operações do PCE poderão variar.
 - Planejar quais ações serão desenvolvidas durante a Operação;

Durante a Operação Polo os policiais devem:


 Cada “Escola Polo” possuirá uma base móvel (situação desejável), que será empregada no
perímetro escolar que requeira ações operacionais mais específicas (ocorrências diversas e eventos
que atraiam número considerável de pessoas);
 Essa base móvel, que será guarnecida por até 4 policiais, possuirá todo material necessário à
execução das atividades de apoio à Operação Polo (computadores, terminal embarcado, rádios
transmissores, telefones, etc.);
 Durante da Operação Polo, o policial deve realizar (quando necessário):
o Contato diário com os respectivos Diretores/as;
o Operação “Escola Livre”;
o Operação “Varredura”;
o Operação “Blitz Escolar”;
o Operação “Volta às aulas”;
o Operação “Bloqueio Escolar”;
o Intensificação nas rondas;
o Palestras (Drogas, Bullying, Vários tipos de Violências, etc.);
o Entregar os informativos que disponibilizam orientações.

Organograma da Operação Polo

Veja, a seguir, o organograma de um Batalhão Escolar do Distrito Federal para Operação Polo.

Nota
Este organograma poderá ser diferente em outras Unidades Federativas, com a implantação da “Escola
Polo” por fase.

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Legenda:

P1.0 = Polo da Primeira Companhia na fase zero (fase de experimentação e reconhecimento);


P2.3 = Polo da segunda Companhia na fase 3.

Aula 3 – O Policiamento Escolar Aplicado ao Trânsito

Geralmente nas imediações das escolas acontecem as ocorrências de trânsito que requerem a
intervenção do policial. O Policiamento Ostensivo de Trânsito - POT, nas proximidades das escolas visa à
proteção da integridade física da comunidade escolar, a fluidez do trânsito e a garantia ampla do cumprimento
das normas de trânsito previstas no Código de Trânsito Brasileiro - CTB.

Trânsito
Considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos,
conduzidos ou não para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga (Parágrafo
1º do art. 1º da Lei nº 9.503, de 23-9-97. Código de Transito Brasileiro – CTB).

30
4.1. Ações do Policiamento Escolar na Faixa de Pedestres
 Policiamento Escolar na faixa de pedestre ocorre quando o policial opera diretamente na faixa de
trânsito, organizando a travessia dos alunos e demais pedestres. É importante que durante essa
fiscalização, o policial não confunda os condutores nem os pedestres;
 O policial (ou guarda municipal, onde esta competência lhe couber) deverá orientar alunos e
pedestres que, ao atravessarem a faixa, deverão sinalizar com gestos (sinal da vida) aos condutores
de veículos, da sua intenção em atravessar;
 Em se tratando de crianças ou qualquer pessoa deficiente, o policial auxiliará de forma presente e
educativa. Utilizará os gestos e os silvos do apito do agente de trânsito previstos no CTB em
consonância.

4.2. Ações do Policiamento Escolar na Entrada/Saída da Escola


O policial (ou guarda municipal, onde esta competência lhe couber) nos horários de grandes fluxos de
veículos deverá zelar pela fluidez e segurança do trânsito nas proximidades das escolas, de forma a não
prejudicar a entrada e saída dos alunos. Para que essa fluidez ocorra, faz-se necessário que o policial tenha uma
ampla visão de toda proximidade escolar, onde, se imperativo for, deverá usar cones para que os veículos que
fazem o transporte de alunos possam efetuar de forma correta a parada para embarque e desembarque dos
educandos.

De acordo com o CTB, tem-se que:


- PARADA é a imobilização do veículo com a finalidade e pelo tempo estritamente necessário para
efetuar embarque ou desembarque de passageiros. Devendo o policial dentro das formalidades de educação
para o trânsito, orientar os condutores de vans e pais de alunos quanto às sanções previstas no CTB.
- ESTACIONAMENTO é a imobilização de veículos por tempo superior ao necessário para embarque
ou desembarque de passageiros.

4.3. Infrações de trânsito cometidas no perímetro escolar


As principais infrações de trânsito cometidas no perímetro escolar são:
 Avanço de faixa de pedestre;
 Estacionamento irregular;
 Excesso de velocidade;
 O não uso do cinto de segurança;
 Condutor ao volante falando ao celular;
 Condutor de van escolar sem autorização;
 Pais de alunos sem os documentos de porte obrigatório.

4.4. O Policiamento Escolar na Fiscalização do Transporte Escolar


Consiste na abordagem e fiscalização em ônibus e vans escolares na via pública que dá acesso à escola.

31
Durante a fiscalização de transportes escolares, o policial deve observar os itens estabelecidos na
legislação de trânsito.

Finalizando...
Neste módulo, você estudou que...

 Policiamento comunitário escolar é o processo de policiamento que trabalha em parceria


preventiva com a comunidade escolar para identificar, priorizar e resolver os problemas existentes.
 No contexto de polícia preventiva, é de suma importância a adoção de posturas assertivas do
policial do PCE nos seguintes âmbitos de atuação: relações entre a Polícia e Escola;
Operações/Abordagens realizadas nas escolas; e Policiamento aplicado ao trânsito no ambiente
escolar.
 No PCE são utilizados os seguintes processos: a pé; em bicicletas; em motocicletas; em viaturas e
montado (a cavalo).
 As operações consistem em ações de segurança, de cunho preventivo/repressivo, realizadas pela
Polícia Militar visando inibir o risco de ilícitos no ambiente escolar e promover apreensões de armas
e substâncias entorpecentes, entre outros produtos ilícitos.
 São utilizadas as seguintes operações no PCE: Operação Varredura; Operação Escola Livre;
Operação Bloqueio Escolar; Operação Blitz Escolar; Operação Volta às Aulas e Operação Escola
Polo.
 O Policiamento Ostensivo de Trânsito - POT, nas proximidades das escolas, visa à proteção da
integridade física da comunidade escolar, a fluidez do trânsito e a garantia ampla do cumprimento
das normas de trânsito previstas no Código de Trânsito Brasileiro
 CTB.

Exercícios

1. De acordo com o que é necessário para um policiamento escolar eficiente, marque as sentenças
verdadeiras:

a. O policial deve conhecer bem a localização e particularidades da escola, a fim de identificar possíveis
pontos geradores de ocorrências.
b. O policial deve ser um mediador de conflitos no ambiente escolar.
c. O policial necessita dominar outros idiomas, principalmente o inglês e o espanhol.
d. O policial deve ser um fiscal de venda de bebida alcoólica nos bares próximos da escola.
e. O policial deve gerenciar a travessia dos educandos na faixa de pedestres.

32
2. Concernente ao policiamento comunitário escolar, marque a resposta correta:

a. O objetivo do policiamento comunitário escolar é prevenir a violência e a prática do ato infracional,


que possa ser cometido por crianças e/ou adolescentes.
b. A comunidade escolar deve ser estimulada a colaborar com o policial militar que em contrapartida
não terá que dar crédito às informações recebidas, mas deverá filtrá-la sempre.
c. O policiamento escolar efetivo tem como missão a segurança do prédio da escola.
d. A comunidade escolar é formada apenas pelos professores, servidores, alunos e pais de alunos.

3. Marque a resposta correta. Durante o Policiamento comunitário escolar o Policial deve:


a. Manter relacionamento indiferente com direção, professores, servidores, alunos e comunidade no
perímetro escolar.
b. Procurar saber dos professores quais os alunos que podem trazer problemas a fim de isolá-los dos
demais.
c. Agir com respeito aos direitos humanos com ênfase na prevenção e articulação com a comunidade.
d. Realizar a abordagem sozinho.

4. Considerando os processos empregados no PCE, numere a segunda coluna de acordo com a


primeira:
(1) A pé
(2) Em bicicleta
(3) Em Motocicleta
(4) Montado
(5) Em Viatura

( ) Processo de policiamento mais usado no Batalhão de Policiamento Escolar. É empregado nas


escolas onde há grande fluxo de alunos, maior risco de ocorrências ou em eventos onde educandos
estejam envolvidos;
( ) Realiza levantamento de risco e da necessidade de policiamento nas escolas. Atua nas escolas de
risco.
( ) A posição de comandamento, que dá ao policial uma visão privilegiada, torna esse processo eficaz
e eficiente em locais com grande fluxo de pessoas e veículos.
( ) É elemento de apoio rápido ao PCE a pé; empregado principalmente em setores onde se encontram
um grande número de estabelecimento Escolar;
( ) Segue as mesmas regras do policiamento a pé, sendo que cobre uma maior quantidade de escolas,
devido à sua mobilidade;

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5. Analise as afirmações abaixo e, em seguida, marque as alternativas falsas.
a. As operações consistem em ações de segurança, de cunho preventivo/repressivo, realizadas pela
Polícia Militar visando inibir o risco de ilícitos no ambiente escolar e promover apreensões de armas e
substâncias entorpecentes, entre outros produtos ilícitos.
b. Todas as operações devem estar amparadas por um Termo de Aquiescência, documento no qual o
Comandante da Operação e o Diretor ou Representante Legal da escola autorizam o prosseguimento da
operação. Sem essa autorização, a operação não poderá continuar.
c. Na operação varredura, a fração mínima é de 8 (oito) policias para cada grupo de 40 (quarenta)
educandos, sendo que o efetivo deverá possuir no mínimo 2 (duas) policiais femininas.
d. A operação bloqueio escolar é realizada em SITUAÇÕES CRÍTICAS, quando está sendo constante o
cometimento de ilícitos na escola ou fora do Perímetro de Segurança Escolar.

6. Julgue as afirmações e depois responda:


I. Os policiais militares durante as abordagens no Perímetro de Segurança Escolar só deverão fazer a
busca pessoal, quando tiverem fundadas suspeitas sobre a pessoa que vai sofrer a busca.
II. Os policiais devem efetuar as abordagens sempre com educação e polidez, porém nunca deixar de
observar o princípio da segurança.
III. O policial militar não deverá entrar sem autorização do proprietário nas dependências internas do
balcão do estabelecimento, salvo em caso de flagrante delito.
IV. Durante as abordagens a veículos suspeitos, os policiais deverão empregar o princípio da segurança,
rapidez e ação enérgica.
V. A operação blitz escolar é o somatório das Operações Escola Livre, Varredura e Bloqueio Escolar,
realizadas simultaneamente.

a. Estão corretas as questões II e III e IV somente


b. Estão corretas as questões I, III e V, somente
c. Estão corretas as questões III e IV, somente
d. Todas as questões estão corretas.

34
Gabarito
1. Resposta correta: Alternativas A, B e E.
2. Resposta correta: Alternativa A
3. Resposta correta: Alternativa C
4. Resposta correta: 1-5-4-3-2
5. Resposta correta: Alternativas B, C e D
6. Resposta Correta: Alternativa D

35
MÓDULO
COMPOSIÇÃO E COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS
3 DO SISTEMA DE SEGURANÇA ESCOLAR

Apresentação do Módulo
Olá, desejamos as boas-vindas a você, neste terceiro módulo do curso. Nele você conhecerá a
composição e as competências dos diversos órgãos do sistema de segurança escolar.
O módulo foi estruturado para possibilitar que você seja capaz tanto de identificar o papel de
cada órgão componente da rede de proteção escolar com suas características e peculiaridades, como
também saber a quem e como encaminhar as ocorrências que possam acontecer no ambiente escolar.

Objetivos do módulo
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:

 Listar a composição e as competências dos diversos órgãos que compõe o sistema de segurança
escolar;
 Identificar o papel de cada órgão componente da rede de proteção escolar;
 Saber a quem e como encaminhar as ocorrências que possam sobrevir ao ambiente escolar;
 Ser um profissional de segurança pública consciente das ações corretas que devem ser adotadas
nos casos de ocorrência no ambiente escolar.

Estrutura do módulo
Este módulo está organizado da seguinte forma:

 Aula 1 - A Polícia Militar


 Aula 2 - Bombeiro Militar
 Aula 3 - Guarda Municipal
 Aula 4 - Vara da Infância e da Juventude – VIJ
 Aula 5 - Ministério Público
 Aula 6 - Polícia Civil
 Aula 7 - Conselho Tutelar
 Aula 8 - Conselhos de Segurança Escolar

36
Aula 1 – A Polícia Militar

Estabelece o parágrafo 5º do artigo 144 da CF/88 que às Polícias Militares cabem a polícia ostensiva
e a preservação da ordem pública.
Não se pode desconsiderar o fato de as Polícias Militares terem missão dupla:
1. uma de interesse da segurança dos cidadãos nos seus respectivos Estados;
2. e outra de interesse da União, dado que não pode ser ignorado quando da análise do sistema policial
estadual. (Silva, 2008 ).

As Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares são forças auxiliares e reserva do Exército,
e juntamente com as Polícias Civis, por imperativo constitucional, artigo 144, § 6º, subordinam-se aos
governadores dos Estados e do Distrito Federal - DF.
No DF, esses três órgãos da segurança pública são organizados e mantidos pela União, artigo 21, XIV
da CF/88. Nos demais entes da federação tal tarefa compete aos respectivos Estados.
O Policiamento Comunitário Escolar, portanto, insere-se no conjunto de ações realizadas pela Polícia
Militar com o fim de cumprir sua competência constitucional.
No tocante à preservação da ordem pública, às Polícias militares não só cabe o exercício da polícia
ostensiva, mas também a competência residual de exercício de toda a atividade policial de segurança
pública não atribuída aos demais órgãos.
Com relação ao tema, assim se posiciona Lazzarini (1999, p.61):

Competência Residual – no caso de falência operacional dos demais órgãos


policiais, a exemplo de suas greves e outras causas, que os tornem inoperantes ou
ainda incapazes de dar conta de suas atribuições, caberá à Polícia Militar agir.

Nessa ótica, caberá aos policiais do policiamento comunitário escolar realizar as missões, no âmbito
do perímetro escolar, dos demais órgãos policiais, caso ocorram situações que os tornem incapazes de dar
conta de suas atribuições.
Você já estudou no módulo 2 que o policiamento comunitário escolar é o processo de policiamento
que trabalha em cooperação preventiva com a comunidade escolar para identificar, priorizar e resolver os
problemas existentes. Essa parceria busca melhorar a qualidade de vida da comunidade escolar,
proporcionando a integração dos educadores, educandos, policiais militares e demais profissionais, com o
intuito de melhorar a segurança e a educação desenvolvida nas escolas.
O objetivo do policiamento comunitário escolar é prevenir a violência escolar e a prática do ato
infracional, que possa ser cometido por crianças e/ou adolescentes.
A comunidade escolar deve ser estimulada a colaborar com o policial militar, em contrapartida, este
tem que dar crédito às informações recebidas.

37
No Distrito Federal, o mister do policiamento comunitário escolar coube, por determinação legal, ao
Batalhão Escolar da PMDF, que surgiu da necessidade de se oferecer maior tranquilidade e segurança à
Comunidade Escolar.
A ideia de um policiamento exclusivo para as escolas surgiu de uma reunião com membros da
Fundação Educacional do Distrito Federal, atual Secretaria de Educação do DF, em setembro de 1988. Já nesse
período a PMDF começou a formar Policiais Militares voltados para esse fim, objetivando a implantação do
Policiamento Escolar. Em novembro do mesmo ano por meio do Decreto nº 11.958 foi criado o Batalhão
Escolar.

Investigando a realidade
No seu estado há um batalhão escolar?
A quem cabe a tarefa da segurança da comunidade escolar?

Aula 2 – Bombeiro Militar

2.1. Bombeiro Militar e a orientação à prevenção e ao combate a incêndio


nas escolas
A atividade-fim dos Corpos de Bombeiros é a de prevenção e combate a
incêndios, busca e salvamento e defesa civil, prevista no art. 144, § 5º, da CF/88. Diz
respeito à tranquilidade pública e à salubridade pública, ambas integrantes do conceito
da ordem pública.
Você estudará a seguir os trabalhos desenvolvidos pelo Corpo de Bombeiros na orientação à prevenção
e ao combate a incêndio nas escolas.
O trabalho de prevenção contra incêndio é o melhor caminho para promover uma edificação segura.
O controle da quantidade de material combustível armazenado, tais como papéis, materiais de madeira e
objetos inflamáveis guardados em almoxarifados e depósitos, é de suma importância. Atenção especial deve ser
concedida às fontes de calor e ao manuseio de gás GLP na cozinha (www.fde.sp.gov.br).

2.2. Medidas de Proteção Passiva

As Medidas de Proteção Passiva são aquelas incorporadas, desde a etapa de projeto, ao sistema
construtivo que reagem ao desenvolvimento do incêndio, de modo a não contribuírem com o seu crescimento
e propagação. Desse modo, facilitam tanto a fuga dos usuários do edifício quanto permitem o ingresso de
pessoal treinado para as operações de combate e resgate.

38
2.3. Medidas de Proteção ativa
Medidas de Proteção Ativa são aquelas que entram em ação quando acionadas automaticamente e/ou
manualmente. A essas estão vinculadas as provisões dos seguintes equipamentos e sistemas:
a. Equipamentos portáteis (extintores);
b. Sistema de hidrantes e mangotinhos;
c. Sistema de detecção e alarme;
d. Sistema de iluminação de emergência;
e. Sinalização de emergência.

Importante!
Diante de quaisquer indícios de incêndio, as medidas preventivas devem ser adotadas e o Corpo de
Bombeiros deve ser acionado imediatamente, por meio do telefone 193.

Aula 3 – Guardas Municipais

O § 8º da CF/88 estabelece que os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à


proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Embora esse preceito não confira às Guardas Municipais atribuições policiais, elas poderão constituir
importante instrumento de integração comunitária, pois estão voltadas à garantia de interesses especificamente
municipais. Insere-se nesse mister a proteção dos prédios das escolas municipais que sofrem com atos de
vandalismo (CEPAM, 1990) que favorecem a violência, como já estudado no texto “janelas quebradas” no módulo
1.
Ao escrever O Município na Constituição de 1988, (SILVA, 1990, p.11) reafirma que:

39
Enfim, os municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção
de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser em lei. É mera faculdade.
Não serão obrigados a criar e manter tais guardas (...). Não é, portanto, polícia de
segurança pública, mas guarda de bens, serviços e instalações municipais”.

Importante!
Vale ressaltar que há Propostas de Emenda à Constituição que pretendem alterar o § 8º do artigo 144
da CF/88 para ampliarem as competências das Guardas Municipais possibilitando que realizem
policiamento ostensivo mediante convênio firmado com o Estado membro. (PEC 534/2002 e PEC
537/2006).

Sobre a utilização da guarda municipal, assim se manifesta Lazzarini (1999, p.121)

Vê-se, de plano, que as guardas municipais, sem extrapolar a determinação


constitucional, podem ser úteis à coletividade, protegendo as escolas, os hospitais,
prontos-socorros, centros de saúde, parques, creches, centros educacionais,
mercados, monumentos, prédios públicos em geral, cemitérios, enfim toda a
infraestrutura municipal que vem sendo atacada diuturnamente por atos de
vandalismo. (grifo do conteudista)

Importante!
Registra-se que no dia 8 de agosto de 2014 foi promulgada a Lei Nº 13.022, que dispõe sobre o
Estatuto Geral das Guardas Municipais, instituindo normas gerais e disciplinando o § 8° do art. 144 da
Constituição Federal.

O Estatuto* Geral das Guardas trata dos seguintes temas:


*Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13022.htm

 dos princípios;
 das competências;
 da criação;
 das exigências para investidura;
 da capacitação;
 do controle;
 das prerrogativas;
 das vedações; e
 da representatividade.

As Guardas Municipais não foram transformadas em Órgãos Policiais, mas indubitavelmente tiveram
suas competências ampliadas.

40
Aula 4 – Vara da Infância e da Juventude – VIJ

Vara especializada e exclusiva da infância e da juventude, pertencente ao Poder Judiciário, que por
sua vez deve estabelecer a sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor
sobre o seu atendimento, inclusive em plantões. (ECA, art.145)
Cabe ao Juiz da VIJ aplicar ao adolescente as medidas socioeducativas e as restritivas de liberdade
referentes às representações de apuração de ato infracional; dos pedidos de adoção, das irregularidades em
entidades de atendimento, das infrações administrativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente
ou dos casos encaminhados pelo Conselho Tutelar.
Cabe ainda à VIJ a designação de comissários voluntários, conhecimento dos pedidos de guarda e
tutela, destituição do pátrio poder e questões de adoção, entre outros, inclusive a fiscalização da execução das
medidas socioeducativas.
Nas ações de Policiamento Comunitário Escolar, essa Instituição pode auxiliar nas diversas Operações
realizadas no ambiente escolar, além de atuações específicas nas resoluções de problemas envolvendo alunos.

Aula 5 – Ministério Público

Nossa Carta Magna estabelece que o Ministério Público - MP é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos
interesses sociais e individuais indisponíveis (Art. 127 CF/88).
O MP abrange o Ministério Público da União e os Ministérios Públicos dos Estados.
O MP da União compreende (Art. 128 CF/88):

a) o Ministério Público Federal;


b) o Ministério Público do Trabalho;
c) o Ministério Público Militar;
d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, que é nomeado pelo
Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu
nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a
recondução.
Já os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios têm por chefe o Procurador-
Geral Estadual, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo para mandato de dois anos, permitida uma
recondução. Fato interessante é que no DF o chefe do MP estará ligado ao Procurador-Geral e a sua
nomeação será feita pelo Presidente da República, já que quem organiza e mantém o Poder Judiciário, o
Ministério Público e a Defensoria Pública no DF é a União.

41
Em relação à criança e ao adolescente, a Lei nº 8.069 de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente,
em seu artigo 201, estabelece uma série de competências ao Ministério Público. Veja:
 Promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes;
 Promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos
ou coletivos relativos à infância e à adolescência;
 Instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude;
 Zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegurados às crianças e adolescentes,
promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis;
 Inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata essa
Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
irregularidades porventura verificadas;
 Requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços médicos, hospitalares, educacionais
e de assistência social, públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições.

O representante do Ministério Público, no exercício de suas funções, terá livre acesso a todo local onde
se encontre criança ou adolescente.

Importante!
Em todas as ações envolvendo crianças e adolescentes esse órgão estatal necessita participar de todas
as fases.

Aula 6 – A Polícia Civil

Estabelece nossa Constituição que às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais,
exceto as militares (§ 4º, art. 144, CF/88).
Os principais órgãos da PC especializados no atendimento à criança e adolescente são a Delegacia da
Criança e do Adolescente – DCA e a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente – DPCA. Veja, a
seguir, sobre cada uma delas.

Delegacia da Criança e do Adolescente - DCA


Tem como objetivo a operacionalização do ECA, no que diz respeito à prioridade de atendimento e
agilização dos encaminhamentos. Atuará nas atividades de polícia judiciária e de investigação, por meio de
procedimentos especiais referentes às infrações atribuídas a adolescentes, em ocorrências envolvendo crianças,
promovendo-lhes o auxílio e o encaminhamento previsto na legislação própria, possibilitando também a efetiva

42
parceria entre os órgãos e entidades ligadas ao atendimento de crianças e adolescentes, para a solução
adequada dos problemas ocorrentes.

Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente - DPCA:


Tem a competência para fiscalizar, investigar e instaurar inquérito e procedimentos policiais nos casos
de infração penal praticada contra crianças e adolescentes. Isso significa que a DPCA é responsável por crimes
em que as crianças e adolescentes são as vítimas e não autores do delito.

Nas ocorrências envolvendo criança e adolescente, os policiais do Policiamento Comunitário Escolar


conduzem o caso, quando este requer, para esses órgãos especializados, nos Estados onde eles existam, ou
órgão similar nos demais Estados.

Aula 7 – Conselho Tutelar – CT

É um órgão público, permanente, não jurisdicional e autônomo, que atua na esfera Distrital/municipal,
encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Não pode ser dissolvido
pelo Governador/Prefeito e nem sofrer qualquer interferência em relação ao modo de cumprimento de suas
atribuições e na oportunidade e conveniência da aplicação de suas medidas de proteção (ECA, art. 131ª 140).
As competências do CT estão estatuídos nos art. 136 do ECA. O Conselho Tutelar atua em duas frentes
de ação, igualmente importantes: uma preventiva, fiscalizando entidades, mobilizando sua comunidade ao
exercício de direitos assegurados a todo cidadão, cobrando as responsabilidades dos devedores do atendimento
de direitos à criança e ao adolescente e à sua família; e outra repressiva, agindo diante da violação consumada,
defendendo e garantindo a proteção especial preconizada pelo ECA. Suas atribuições* estão centradas em
vários artigos do ECA.
*Acesse na biblioteca do curso o documento: Mod 3_ Atribuições do Conselho Tutelar

Saiba mais
Saiba mais sobre os Conselhos Tutelares lendo as Perguntas e Respostas* que constam dos Subsídios
para o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (www.oab.cs.org.br)
*Disponível em: http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-adolescentes/cadastramento-de-fundos/fundos-2014/duvidas-
frequentes

Importante!
Em 2015 foi publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – SDH e pela
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, o Guia de Orientações para
o Processo de Escolha em data unificada em todo o território nacional dos Membros dos Conselhos*
Tutelares.
*Disponível em: http://www.sdh.gov.br/assuntos/bibliotecavirtual/criancas-e-adolescentes/publicacoes-2015/pdfs/guia-de-
orientacoes-processo-de-escolha-em-data-unificadados-membros-dos-conselhos-tutelares/

43
Aula 8 – Os Conselhos Comunitários de Segurança Escolar

Sob o prisma constitucional de que a segurança pública é dever do Estado, direito e


responsabilidade de todos, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio (Art.144 da CF/88), há possibilidades de serem criados vários CONSEGs. Nesta aula, você estudará
somente o Conselho Comunitário de Segurança Escolar. A referência será o do DF, mas seus princípios podem
ser aplicados a qualquer parte do território nacional.

Observação
Os Conselhos de Segurança (no Distrito Federal) são entidades comunitárias privadas de cooperação
voluntária com a política de segurança pública e defesa social, constituídas por pessoas de uma mesma
comunidade que se reúnem com autoridades públicas para discutir, analisar, planejar, avaliar e acompanhar a
solução de seus problemas de proteção social. Bem como estreitar laços de entendimento e cooperação entre
as várias lideranças locais. Constituem canal privilegiado para o direcionamento dessas ações, mediante parceria
do governo com a comunidade na consecução do objetivo comum que é o bem-estar de todos
(www.ssp.df.gov.br).

8.1. Os Conselhos Comunitários de Segurança Escolar


Os Conselhos Comunitários de Segurança Escolar são entidades privadas autônomas, constituídas por
representantes da escola, membros governamentais e da sociedade para discutir, analisar e avaliar os problemas
da comunidade escolar, fornecendo subsídios para aperfeiçoar a atuação dos órgãos que compõem o Sistema
de Segurança Pública. No DF o CONSEG Escolar está instituído por meio do Decreto nº 28.495, de 4 de
dezembro de 2007*.
*Disponível em: http://www.tc.df.gov.br/silegisdocs/distrital/gdf/decretos/2007/dec-2007-28495-500.htm

8.2. Finalidades dos CONSEGs


 constituir canal privilegiado pelo qual a Secretaria de Estado de Segurança Pública (ou órgão
congênere) obterá subsídios da sociedade para otimizar a atuação dos órgãos de segurança
pública e defesa social, em benefício do cidadão e da comunidade;
 congregar as lideranças comunitárias afins, conjuntamente com as autoridades locais, no sentido
de planejar ações integradas de segurança que resultem na melhoria da qualidade de vida da
comunidade e na valorização dos integrantes do sistema de segurança pública e defesa social;
 auxiliar as autoridades na definição e execução de ações prioritárias de segurança pública e de
defesa social;
 mobilizar a comunidade, visando à solução de problemas que possam trazer implicações à
segurança pública e à defesa social;
 estimular o desenvolvimento de valores cívicos e comunitários;

44
 sugerir programas motivacionais, visando maior produtividade dos agentes de segurança pública
e defesa social da área, reforçando sua autoestima e contribuindo para reduzir os índices de
criminalidade;
 incentivar a integração e a interação entre a comunidade, as lideranças comunitárias afins e as
instituições de segurança pública e defesa social;
 promover palestras, conferências, fóruns de debates, campanhas educativas e outros
empreendimentos culturais que orientem a comunidade na percepção de riscos à sua segurança;
 realizar estudos e pesquisas com o fim de proporcionar o aumento da segurança na comunidade
e maior eficiência dos órgãos integrantes da segurança pública e defesa social, inclusive mediante
convênios ou parcerias com instituições públicas e privadas;
 encaminhar às autoridades competentes, por intermédio da Subsecretaria de Programas
Comunitários – SUPROC/SSPDS, propostas ou subsídios para elaboração legislativa em prol da
segurança e defesa social da comunidade;
 levar ao conhecimento das autoridades públicas as reivindicações e queixas da comunidade.

São Membros Colaboradores dos Conselhos Comunitários de Segurança Escolar –


CONSEG/Escolar, previamente neles cadastrados, os representantes legais: (Art. 41 do DECRETO Nº
28.495/2007)

 das escolas públicas estabelecidas na Região Administrativa;


 dos estabelecimentos particulares de ensino fundamental e médio estabelecidos na Região
Administrativa;
 das entidades sindicais ou associações de professores e de servidores ou trabalhadores em
educação;
 das associações ou grêmios estudantis;
 das associações e órgãos de qualquer natureza, vinculados ao ensino e sediados na Região
Administrativa;
 do Batalhão de Policiamento Escolar.

Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:

 À Polícia Militar cabe a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública no ambiente escolar.
 A PM e os CBM são forças auxiliares e reserva do Exército, e juntamente com as PCs, por imperativo
constitucional, subordinam-se aos governadores dos Estados e do Distrito Federal - DF.
 No tocante à preservação da ordem pública, às Polícias Militares não só cabe o exercício da polícia
ostensiva, mas também a competência residual de exercício de toda a atividade policial de
segurança pública não atribuída aos demais órgãos.

45
 A atividade-fim dos Corpos de Bombeiros Militares é a de prevenção e combate a incêndios, busca
e salvamento e defesa civil. Diz respeito à tranquilidade pública e à salubridade pública, ambas
integrantes do conceito da ordem pública.
 As Guardas Municipais são destinadas à proteção dos bens, serviços e instalações dos municípios
conforme dispuser a lei. No dia 8 de agosto de 2014 foi promulgada a Lei Nº 13.022, que dispõe
sobre o Estatuto Geral das Guardas Municipais, instituindo normas gerais e disciplinando o § 8° do
art. 144 da Constituição Federal. Embora a CF/88 não confira às Guardas Municipais atribuições
policiais, elas constituem importante instrumento de integração comunitária. Insere-se no mister
das Guardas, a proteção de bens, serviços, logradouros públicos municipais e instalações do
Município.
 Nossa Carta Magna estabelece que o Ministério Público é instituição permanente, essencial à
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático
e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. O MP abrange o Ministério Público da União e
os Ministérios Públicos dos Estados.
 Às Polícias Civis incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e
a apuração de infrações penais, exceto as militares. Os principais órgãos da PC especializados no
atendimento à criança e ao adolescente são a Delegacia da Criança e do Adolescente – DCA e a
Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente – DPCA.
 O Conselho Tutelar é um órgão público, permanente, não jurisdicional e autônomo, que atua na
esfera Distrital/municipal, encarregado de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do
adolescente. O Conselho Tutelar atua em duas frentes de ação, igualmente importantes: uma
preventiva, e outra repressiva
 Os Conselhos Comunitários de Segurança Escolar são entidades privadas autônomas, constituídas
por representantes da escola, membros governamentais e da sociedade para discutir, analisar e
avaliar os problemas da comunidade escolar, fornecendo subsídios para aperfeiçoar a atuação dos
órgãos que compõem o Sistema de Segurança Pública. Uma das finalidades do CONSEG Escolar é
constituir canal privilegiado pelo qual a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social
– SSPDS (em alguns Estados – Secretaria de Segurança Pública – SSP) obterá subsídios da sociedade
para otimizar a atuação dos órgãos de segurança pública e defesa social, em benefício do cidadão
e da comunidade escolar.

46
Exercícios

1. Analise as alternativas abaixo e assinale aquela em que o órgão informado não é representante
do sistema de segurança escolar.
a. Conselho Tutelar
b. Polícia Civil
c. Conselho de Segurança Escolar
d. Ministério Público
e. Conselho de Medicina

2. Marque a alternativa correta. Órgão do sistema de segurança escolar que tem por missão
constitucional a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública.
a. Polícia Civil
b. Polícia Federal
c. Delegacia da Criança e do Adolescente
d. Polícia Militar

3. Assinale a alternativa correta. A articulação dos órgãos do sistema de segurança escolar para a
resolução de problemas na escola é importante, pois permite:
a. Melhor análise das questões de segurança da escola, possibilitando articulação entre os órgãos.
b. Uma visão sistêmica dos problemas, o que corrobora ações mais efetivas.
c. Que cada órgão possa expor sua visão a respeito dos problemas, bem como apresentar possíveis
soluções para demandas de segurança existentes.
d. Todas as respostas anteriores.

4. Com relação à criança e ao adolescente, são competências do Ministério Público, estabelecidos


pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, exceto:
Promover e acompanhar os procedimentos relativos às informações atribuídas a adolescentes
a. Promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos interesses individuais, difusos
ou coletivos relativos à infância e à adolescência.
b. Instalar sindicância, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito
policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude
c. Não poderá requisitar força policial para o desempenho de suas funções

5. Com relação à polícia civil não é correto afirmar:


a. São dirigidas por delegados de carreira.
b. Ressalvadas as competências da União, exerce as funções de polícia judiciária e apura as infrações
penais, exceto às militares.
c. A DCA e a DPCA atuam quando a criança e o adolescente são vítimas e autores indistintamente.

47
d. Seus principais órgãos, especializados no atendimento à criança e ao adolescente, são: Delegacia
da Criança e do Adolescentes – DCA e a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente – DPCA.

6. Com relação ao Conselho Tutelar não é correto afirmar:


a. Possuem duas frentes de atuação: uma preventiva e outra repressiva.
b. Na frente repressiva não está incluído o atendimento de crianças e adolescentes que tiverem seus
direitos violados por ação ou omissão do Estado.
c. Cabe a esse órgão atender e aconselhar os pais ou responsáveis, exigindo o cumprimento dos
deveres inerentes ao pátrio poder ou decorrente de tutela ou guarda, de acordo com a
determinação do Conselho Tutelar.
d. O órgão pode requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando
necessário.

48
Gabarito

1. Resposta Correta: Alternativa E


2. Resposta Correta: Alternativa D
3. Resposta Correta: Alternativa D
4. Resposta Correta: Alternativa D
5. Resposta Correta: Alternativa C
6. Resposta Correta: Alternativa B

49
MÓDULO
EVENTOS QUE INFLUENCIAM NA SEGURANÇA
4 DO AMBIENTE ESCOLAR

Apresentação do módulo
Olá, desejamos a todos e todas as boas vindas ao quarto módulo do curso. Nele você estudará
os principais eventos ou ocorrências que podem influenciar diretamente a segurança escolar.
Você estudará os conceitos de Bullying e Cyberbullying, festas não autorizadas com presença
de alunos, além das tradicionais festas populares conhecidas como festas juninas. Também estudará os
pontos positivos das palestras levadas a efeito pelos policiais militares nas escolas.
O módulo foi estruturado para possibilitar que você seja capaz tanto de conhecer, como
também de adotar a postura necessária e as ações que devem ser priorizadas pelo profissional de
segurança pública envolvido no âmbito da segurança escolar.
É importante lembrar que essas são questões polêmicas de responsabilidade da família, da
escola, da sociedade e do Estado.

Objetivos do módulo
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:

 Enumerar os eventos que influenciam na segurança do ambiente escolar;


 Identificar ações que podem ser consideradas Bullying e Cyberbullying e as respectivas
providências;
 Caracterizar, no ambiente escolar, as festas populares e atitudes permitidas e proibidas;
 Reconhecer os pontos positivos gerados pelas palestras proferidas pelos policias militares nas
escolas;
 Ser um profissional de segurança pública consciente das ações corretas que devem ser adotadas
bem como do encaminhamento que deve ser dado aos casos de ocorrência no ambiente escolar.

Estrutura do Módulo
Este módulo está organizado da seguinte forma:

 Aula 1 - Bullying e Cyberbullying


 Aula 2 - Festas não autorizadas
 Aula 3 - Festas “juninas” e “julinas”
 Aula 4 - Outras formas de violência escolar

50
Aula 1 – Bullying e Cyberbullying

Nesta aula você irá estudar uma forma de violência no âmbito escolar com um surpreendente potencial
destruidor. Trata-se de Bullying e Cyberbullying. Aparentemente inofensivas, essas formas de violência têm sido
responsáveis por causar no oprimido um sentimento de revolta com consequências desastrosas.

1.1 O que é Bullying?


Como uma das formas mais comuns de violência entre os jovens, o Bullying é definido como o conjunto
de comportamentos hostis, intencionais e recorrentes, adotados por um ou mais alunos contra outro(s) em
desvantagem de poder ou força física, sem motivação explícita. Manifesta-se também sob a forma de
"brincadeiras de mau gosto" que dissimulam o propósito de atormentar, amedrontar e humilhar, causando
dor, angústia e sofrimento.
Trata-se de um fenômeno encontrado tanto em escolas públicas como em particulares de todo o
mundo, dentro e fora das salas de aula. Revela-se ainda em xingamentos, desenhos, ofensas morais, orais,
sexuais, pelo ato frequente de danificar ou esconder materiais de uso pessoal, agressões físicas e
psicológicas, reais e virtuais. Este último, denominado cyberbullying, é decorrente das modernas ferramentas
tecnológicas - como a internet, os celulares, iphone, ipad, câmeras fotográficas, e, da falsa crença no anonimato
e na impunidade. (http://www.fde.sp.gov.br)
Por inexistir palavra no vernáculo capaz de expressar as situações de Bullying, o quadro a seguir
relaciona algumas ações que podem estar presentes (http://www.fde.sp.gov.br):

Apelidar Intimidar Perseguir Empurrar Ridicularizar Inibir

Humilhar Discriminar Assediar Roubar Constranger Achincalhar

Ignorar Agredir Aterrorizar Tiranizar Coagir Caçoar

Ofender Ferir Ameaçar Dominar Forçar Bulir

O preconceito reflete "uma desvalorização da outra pessoa tornando-a, supostamente, indigna de


conviver no mesmo espaço e, consequentemente, excluindo-a moralmente" (SANTOS; T.T., 2001).

2.2. O que é Cyberbullying?


É também conhecido como ciberviolência. É a dinâmica de uso da internet (ciberespaço) para praticar
violência. Willard (2004, s.p.) define cyberbullying como “envio ou postagem de material nocivo ou participação
em alguma outra forma de agressão social usando a internet ou outras tecnologias digitais”.
Willard (2004), uma pesquisadora estadunidense, distingue sete tipos de cyberbullying, veja-os:

1. Provocação incendiária: brigas e discussões iniciadas online por meio de mensagens eletrônicas
que utilizam linguagem vulgar e ofensiva.
2. Assédio: envio de mensagens ofensivas, desagradáveis e/ou insultantes.
51
3. Difamação: injuriar ou difamar alguém online, mandando rumores, fofocas ou mentiras,
normalmente de tipo ofensivo e cruel, para causar danos à imagem ou reputação de alguém e
suas relações com outras pessoas.
4. Suplantação da personalidade: usar os dados pessoais ou a aparência de uma pessoa para se
fazer passar por ela e fazê-la ficar mal frente aos demais, cometer atos inapropriados, causar
danos à reputação ou gerar conflitos com seus conhecidos.
5. Violação da intimidade ou jogo sujo: difundir os segredos, informações comprometedoras ou
imagens de alguém online. Em alguns casos, pode-se enganar alguém para que ele mesmo as
divulgue sem saber sua repercussão.
6. Exclusão: distanciar alguém intencionalmente de um grupo online.
7. Ciberameaça: envio repetido de mensagens que incluem ameaças ou são muito intimidadoras.
Pode incluir que o ameaçador se inscreva em atividades em que a vítima participa de modo que
esta se sinta perseguida e vulnerável.

Importante!
Sendo constatado caso de Bullying ou de Cyberbullying na escola, ações de mediação de conflito* e

gerenciamento de crise** devem ser adotadas pela direção. Essas ações envolverão professores e todo o

corpo técnico. É necessário haver orientação aos alunos e estratégias pedagógicas que favoreçam o
exercício da valorização da diversidade e da convivência escolar.
*Acesse na biblioteca do curso o documento: PCE_mediacao_de_conflito
**Acesse na biblioteca do curso o documento: PCE_gerenciamento_de_crises

As medidas efetivas necessitam ser adotadas, se possível, tanto no momento da ocorrência,


impedindo a continuação do constrangimento à vítima, como posteriormente, envolvendo toda a comunidade
escolar na compreensão da violência e promovendo ações positivas de respeito e valorização da diversidade e
dos princípios universais do respeito à igualdade e à dignidade humana. A reverência à convivência escolar
deve ser cultivada. Estimulam-se adaptações das atividades pedagógicas da escola ao tema.
Como há tendências de as vítimas manifestarem angústia, medo e baixa autoestima, é necessário
que haja atenção redobrada do corpo docente e funcional da escola. Caso sejam comprovados sinais que
apontem fragilidade emocional da vítima, a família deverá ser orientada a encaminhar a criança ou o adolescente
ao devido acompanhamento terapêutico, buscando apoio também junto ao Conselho Tutelar, principalmente
em relação aos agressores, para que sejam advertidos, visando assim a diminuir a repetição de tais comporta-
mentos indesejáveis (http://www.fde.sp.gov.br).
Veja, a seguir, o quadro demonstrativo da pesquisa coordenada pela professora Abromovay nas escolas
do DF.

52
Tabela 1- Alunos, segundo ciberviolência praticada e sofrida*, 2008 (%)
CIBERVIOLÊNCIA PORCENTAGEM (%)
Sofreu alguma ciberviolência 36,5
Praticou alguma ciberviolência 17,3
Fonte: RITLA, pesquisa “Revelando traumas, descobrindo segredos: violência e convivência nas
escolas”

Notas: Foi perguntado aos alunos: “Você utilizou a internet para / assinale o que já aconteceu com
você, por meio da internet

*As seguintes ciberviolências foram consideradas nos questionamentos :

• ameaças pela internet;


• fazer-se passar por outra pessoa;
• fazer fofocas maldosas ou espalhar segredos de outrem;
• xingamentos;
• divulgar fotografias ou vídeos sem autorização;
• invasão de e-mails;
• chamar alguém para a briga;
• mostrar-se com armas, drogas sprays de pichação, dinheiro ou em poses sensuais;
• Chantagem.

Tabela 2- Alunos, segundo ciberviolência praticada e sofrida, 2008 (%)


CIBERVIOLÊNCIA PRATICOU SOFREU
Xingamento 8,4 18,3
Fazer-se passar por outra pessoa 8,2 12,7
Invasão de e-mail 4,4 13,6
Ameaça 3,5 7,6
Fonte: RITLA, pesquisa “Revelando traumas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas”
Notas: Foi perguntado aos alunos: “Você utilizou a internet para / assinale o que já aconteceu com
você, por meio da internet.

2.3. O que é Happy Slapping?


O happy slapping (Tapa ou chapada alegre) é uma espécie de cyberbullying ou ciberviolência
extremamente nociva. Ganhou fama em 2005 nos pátios escolares da Inglaterra onde adolescentes agrediam
seus colegas com tapas violentos apenas para gravarem e distribuírem o "feito" por meio dos seus celulares de
terceira geração, equipados com câmaras fotográficas e capacidades de gravação de vídeo. Segundo Abramovay
(Apud ORTEGA ET al., 2007) pode ser definido como “a divulgação de vídeos, normalmente filmados por câmeras

53
celulares, e que mostram cenas humilhantes de vítimas, tanto de conteúdo sexual como em situações
constrangedoras ou até mesmo exibindo as próprias agressões.”
Ainda que as vítimas das filmagens não apresentem objeção à gravação ou não tenham percebido que
ela estivesse sendo feita, o ponto-chave para se entender o happy slapping é a publicação. Os vídeos são
disponibilizados na internet com rápida e ampla divulgação, podendo ser vistos por várias pessoas e por várias
vezes, propagando-se pelo tempo que estiverem disponíveis.

2.4. Docentes como vítimas


A pesquisa Revelando traumas, descobrindo segredos: violência e convivência nas escolas constatou
que, no tocante aos professores, as mais comuns ciberviolências sofridas foram: terem sido xingados pelos
alunos, seguida da divulgação por alunos de fotos sem autorização e da propagação de “fofocas” maldosas.
Foram ainda citadas: ameaças, chantagens, invasão de e-mails, divulgação de vídeos sem autorização e
apropriação de identidade, todas praticadas por alunos.

Saiba mais...
Saiba mais sobre Bullying por meio de notas retiradas de palestras e organizadas pelo conteudista.

Aula 2 – Festas não autorizadas

Muitos eventos ocorridos fora do ambiente escolar refletem de forma negativa no dia a dia deste. Nesta
aula, você estudará sobre os acontecimentos promovidos por alunos ou por adultos mal-intencionados que
têm por objetivos diversões regadas a álcool, drogas e atividades sexuais que causam prejuízos irreparáveis nas
crianças e nos adolescentes.

2.1. Que eventos são estes?


São festas que não são do conhecimento da direção das escolas. Porém, possuem educandos e, às
vezes, educadores como participantes. Pode ou não haver o envolvimento de outras pessoas da comunidade.
Ocorrem normalmente durante o turno de aula do aluno, fora da escola, ou nos dias que não há aula, dentro
das escolas. Essas festas são abastecidas por drogas, bebidas alcoólicas e há práticas de libertinagens. Por
envolver crianças, adolescentes e também adultos, necessitam de grande atenção por parte da Direção da escola
e dos órgãos de segurança pública.

2.2. Aspectos éticos legais


Diversos instrumentos internacionais, além da legislação brasileira, garantem às crianças e aos
adolescentes direitos próprios. Sob o prisma internacional, há:
• A Convenção sobre o Direito da Criança, aprovada pela ONU, em 1989, e em vigência no Brasil desde
1990;

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• As Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade, aprovada pela
ONU em 1990;
• Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração Juvenil e a Convenção Americana sobre os
Direitos Humanos (Pacto de São José).

A CF/88 arrola em seu art. 227 direitos destinados a conceder às crianças e adolescentes absoluta
prioridade no atendimento ao direito à vida, saúde, educação, convivência familiar e comunitária, lazer,
profissionalização, liberdade, integridade etc. Além do que, é dever de todos (Estado, família e sociedade)
livrarem a criança e adolescente de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
Crianças e adolescentes possuem prioridade em receber proteção e socorro em quaisquer
circunstâncias, precedência no atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública, destinação
privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e juventude, programas de
prevenção e atendimento especializado aos jovens dependentes de entorpecentes e drogas afins.
No ordenamento jurídico brasileiro há normas legais impeditivas da presença de menores diante das
situações que normalmente acontecem nessas festas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, estabelece um
rol de direitos específicos dessas pessoas, bem como regras especiais para o jovem infrator. O ECA também
regula casos excepcionais de jovens que receberam medidas que se esgotarão até depois dos 18 anos, como
no caso do prolongamento da medida de internação e no caso de assistência judicial.
No Código Penal podem ser encontradas as seguintes condutas penalmente proibidas:

 Maus Tratos (Art.136);


 Abusos de incapazes (Art. 173);
 Estupro (Art. 213);
 Assédio Sexual (Art. 216-A);
 Estupro de vulnerável (Art. 217-A);
 Corrupção de menores (Art. 218);
 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (Art. 218-A);
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável (Art. 218-B);
 Mediação para servir a lascívia de outrem (Art. 227);
 Rufianismo (Art. 230);
 Abandono material (Art. 244);
 Entrega de filho menor a pessoa inidônea (Art. 245);
 Abandono intelectual (Art. 246).

2.3. O que o policiamento deve fazer nesse caso?


 Comparecer ao local com reforço necessário;

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 Caso a “festa” ocorra em local fora da escola, será necessário adotar o protocolo básico para se
entrar em uma casa;
 Arrolar testemunhas, de preferência o denunciante;
 Acionar o Conselho Tutelar local e a Vara da Infância e Juventude ou similar local;

Aula 3 – Festas Juninas ou Julinas

Os eventos popularmente conhecidos como festas juninas são eventos tradicionais e periódicos que
requerem atenção por parte da segurança pública, não somente pelo envolvimento de parcelas significativas da
comunidade escolar, principalmente alunos, mas também por envolver o consumo de bebidas alcoólicas e
drogas, por crianças e adolescentes.

3.1. Período de Festas Juninas nas Escolas


Festividades escolares promovidas pelas escolas públicas e privadas que ocorrem tradicionalmente nos
meses de junho, julho e, às vezes, agosto e, que necessitam grande atenção por parte do Policiamento Escolar.

3.2. Procedimentos para o policiamento do evento


 Contatos prévios já serão efetivados com o Diretor da Escola para que o policiamento para o local
possa ser organizado;
 O Comandante do policiamento da área já deverá acertar os horários de início e término do evento.

Certificar-se com o responsável pelo evento sobre a existência de bebida alcoólica na festa*.
Informar da existência do art. 81 e 243** do Estatuto da Criança e do adolescente – ECA que proíbe a venda de
bebida alcoólica à criança e ao adolescente.
*No DF há a portaria nº 174 de 20 de novembro de 1996, expedida pela Secretaria de Educação que dispõe sobre a proibição
do consumo de bebidas alcoólicas nas dependências das Escolas Públicas do DF, independentemente da capacidade civil do adquirente
ou consumidor.
**O artigo 243 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece como crime vender ou fornecer a criança ou
adolescente produto cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica. O art. 81 estabelece que é proibida a venda à
criança ou ao adolescente de I. Bebidas alcoólicas; II. Produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda
que por utilização indevida

3.3. Situações inusitadas


Não é raro o policiamento se deparar ou ser chamado para atender ocorrências, envolvendo menores
em tais festas, promovidas pela escola. Nesse momento, verifica-se que há presença de bebida alcoólica no
interior da escola, com aquiescência de seus organizadores.
Em tais casos, o policial deve informar da possível prática de crime por parte dos organizadores,
principalmente pela Direção da Escola, que deverá retirar as bebidas alcoólicas do alcance das crianças e
adolescentes, sob pena de submeter-se às sanções administrativas e criminais.

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Aula 4 – Palestras

As palestras são eventos que influenciam positivamente na segurança da escola. Com elas é possível
agir preventivamente nas questões relativas ao uso e porte de substâncias entorpecentes não autorizadas, nas
situações de Bullying e crimes de natureza sexual e o enfrentamento à pedofilia. Cabe ao policiamento, em
conjunto com a comunidade escolar, detectar as necessidades de cada estabelecimento de ensino e realizar as
palestras, as quais servirão para fomentar o debate acerca das referidas necessidades e encaminhar soluções
para a resolução dos problemas ora encontrados.

4.1. Palestras escolares


São eventos realizados para complementar os vários processos de policiamento prestados à
comunidade escolar. O público-alvo são alunos, professores e pais e têm como objetivo orientá-los quanto a
medidas preventivas do crime, do Ato Infracional e da contravenção.
As palestras nas escolas fornecem subsídios que permitem a troca de ideias e aproximam a polícia da
comunidade escolar, semeando ações preventivas e inibidoras de atos contrários à lei. Dessa forma, abre-se
caminho para o estabelecimento de uma grande rede envolvendo e responsabilizando alunos, pais, professores,
corpo administrativo e policial.
Permite a todos conhecerem de perto os problemas para tomarem medidas certeiras e desejáveis a
cada caso, de maneira que prevaleça a cultura de paz e a cidadania. Essa iniciativa estimula a boa convivência
entre os órgãos de estado e a sociedade.

4.2. Como são os procedimentos para as Palestras Preventivas nas Escolas e quais são seus
elementos:
 O palestrante representa a instituição policial;
 As palestras preventivas precisam atender a maioria das Escolas;
 Palestras esporádicas não surtem o efeito desejado, elas precisam de continuidade para gerar
resultados;
 Os policiais palestrantes precisam estar harmonizados com as técnicas didático-pedagógicas, e
possuírem conhecimentos da área abordada; e
 Policiais exemplares com personalidade no discurso geram melhores resultados.

4.3. Como solicitar as PALESTRAS ESCOLARES


As escolas que desejarem a realização de Palestras Escolares devem solicitar o agendamento ao
Batalhão de Polícia Militar da Área, ou Unidade Policial Congênere. O próprio Órgão de Polícia poderá, também,
oferecer agenda à Direção da Escola para a realização de palestras.
A solicitação para realização de Palestras Preventivas nas Escolas deve ser oficializada com antecedência
mínima de uma semana.
O palestrante fardado deve evitar permanecer no local da palestra sozinho.
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4.4. Condições para uma boa palestra
A realização de uma boa palestra requer um planejamento prévio com o tripé do ANTES, DURANTE E
DEPOIS :

ANTES
 Nessa fase, a escola prepara o educando acerca do que está por vir;
 O policial palestrante faz a 1ª visita à escola para coletar o maior número de dados possíveis sobre
a escola, corpo docente e discente e de todo panorama da comunidade escolar;
 Após a visita, o policial prepara o material mais adequado para a realidade do ambiente (apostilas,
folders, cartilhas, panfletos, entre outros);
 Vencidos os procedimentos acima, é hora de marcar DIA, HORA E LOCAL a ser realizada a palestra.

DURANTE
 Chegar com antecedência ao local no qual será realizada a palestra;
 Testar os materiais que serão utilizados na palestra, como: data show, microfone, som, iluminação,
ambiente, água e os demais que forem convenientes;
 A presença dos professores durante a palestra é essencial para o controle das turmas;
 Palestras ministradas às crianças (até doze anos incompletos) não devem ultrapassar quarenta e
cinco minutos;
 Palestras ministradas a adolescentes e adultos não devem ultrapassar uma hora.

DEPOIS
 Após as Palestras Preventivas nas Escolas, depois de plantarem sua semente de paz, fica a cargo
da Escola proceder na manutenção de medidas para fortalecer a iniciativa;
 O palestrante poderá voltar, a convite da escola, para conferir os resultados do trabalho
desenvolvido e, também, para coletar informações que servirão às futuras experiências e poderá
sugerir à escola medidas que irão se juntar ao trabalho realizado.

Aula 5 – Outros tipos de violência

A violência escolar tem se revestido de várias formas, quer seja psicológica ou física. Atualmente,
com a revolução tecnológica tem-se a intensificação de sua ação. É comum, verificar notícias, em meios de
comunicação, de adolescentes que se exibem em brigas veiculadas pela internet, como se fossem verdadeiros
espetáculos ao ar livre, com hora e data marcadas. Alunos, da rede pública ou particular, protagonizam
espetáculos sangrentos. Como se não bastasse, é frequente no ambiente escolar, principalmente nas escolas da

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rede pública, a formação de grupos rivais, com vistas à demarcação de territórios e autoafirmação. Tal situação
é um desafio para professores, pais, alunos e órgãos da segurança pública.

Soma-se a essa gama de violência as questões de envolvimento de alunos com uso e vendas de drogas
ilícitas e o envolvimento com a pedofilia. Achar alternativas para o enfrentamento eficiente a essas demandas
de segurança é um passo de suma importância para a construção de uma cultura de paz nos estabelecimentos
de ensino.
Nesse contexto, a violência contra criança e adolescente, consiste, antes de qualquer coisa, numa
violação de direitos, pois conforme observamos no artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente:

Nenhuma criança ou adolescente será sujeito de qualquer forma de negligência,


discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (ECA, 1990).

Toda criança e todo adolescente não poderá sofrer qualquer tipo de violência, sendo a ausência desta
dever do Estado. A criança e o adolescente têm assegurados a condição de serem sujeitos de direito.

5.1. Formas de Violência contra Crianças e adolescentes*


Observa-se que existem várias formas de violência seja ela física, psicológica ou sexual.
Frequentemente, observa-se no ambiente escolar o reflexo dessas violências. A exploração sexual dentro ou fora
do seio familiar é a causa de problemas escolares, acarretando, muitas vezes, baixos rendimentos escolares,
além de sérios problemas escolares.
*Adaptado da Cartilha: Escola que protege: enfrentando a violência contra criança e adolescente. Disponível em
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000009511.pdf

Segundo Faleiros (2001, s.p.), as formas de violência contra criança e adolescente, podem ser:

 Violência estrutural, que se traduz na expressão das desigualdades econômicas e sociais. Como
exemplo, o autor cita os altos índices de mortalidade de crianças e de adolescentes provocados por
causas externas, ligados ao tráfico de drogas, entre outros.
 Violência simbólica, que está respaldada na construção da inferioridade. Conforme o mesmo autor, ela
pode ser definida como o exercício e difusão de uma superioridade fundada em mitos, símbolos,
imagens, mídia e construções sociais que discriminam, humilham e excluem.
 Violência institucional, que está relacionada à falta de cuidados de quem deveria proteger. Nesse
sentido, enquadra-se nesse tipo de violência, a falta de hospitais adequados, de profissionais para
atendimento, horários inadequados para atendimento, escolas inapropriadas, sujas e que oferecem
riscos à integridade física dos alunos, entre outros.
 Violência relativa a negligência e abandono, relacionada à negação da existência. Está baseada na
relação de omissão do adulto com relação à criança ou ao adolescente, baseada na omissão, na rejeição,
no descaso, na indiferença, no descompromisso, no desinteresse, na negação da existência. Muitos
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profissionais da educação e da segurança afirmam sentirem-se como vítima desse tipo de violência por
parte dos governos.
 Violência física, relacionada à mortificação do corpo. Consiste nas marcas que ficam principalmente no
corpo, machucando ou lesionando, causando fraturas, queimaduras, entre outros. É uma violação dos
direitos humanos universais e dos direitos peculiares à pessoa em desenvolvimento, assegurados na
Constituição Brasileira, no Estatuto da Criança e do Adolescente e na Normativa Internacional. O Código
Penal prevê como crimes as lesões corporais dolosas e culposas (artigo 129).
 Violência psicológica, que está relacionada à destruição da autoimagem do outro. Está baseada na
relação desigual de poder, do adulto face às criança e ao adolescente. São externadas por meio de
mandos arbitrários, de agressões verbais, de chantagens, regras excessivas, entre outras.
 Violência sexual e suas formas, o uso perverso da sexualidade. É o abuso delituoso de crianças e
adolescentes, em especial de sua sexualidade, negando, inclusive, o direito das crianças e adolescentes
à sua sexualidade em desenvolvimento. É considerado um crime na nossa legislação. O poder arbitrário
do adulto agressor sobre as crianças e adolescentes desestrutura a identidade da pessoa vitimada,
caracterizando-se como um comportamento perverso. É uma violação aos direitos humanos. A
violação sexual pode acontecer de várias formas: contato físico, carícias não desejadas, penetração com
pênis, oral, anal ou vaginal, masturbação forçada, entre outros.
 Abuso sexual é um relacionamento interpessoal sexualizado, privado, de dominação perversa,
geralmente mantido em segredo.
 Exploração sexual comercial é uma relação de mercantilização e abuso, através de redes de
comercialização local e global, por serviços sexuais pagos. Na exploração sexual comercial, é violado o
direito de não ser explorado economicamente, de não trabalhar antes dos 14 anos, e, após os 14 anos,
de trabalhar em condições dignas, sem perigo e não estigmatizantes. A violência sexual contra crianças
e adolescentes é inaceitável, além de ilegal. Ela fere a ética e transgride as regras sociais e familiares de
convivência mútua e de responsabilidade dos adultos para com as crianças. Essa violência se contrapõe
aos direitos humanos conquistados pela sociedade. Ela nega a dignidade do outro, do ponto de vista de
sua integridade física e psicológica.
 Prostituição é definida como a atividade na qual atos sexuais são negociados em troca de dinheiro, da
satisfação de necessidades básicas ou do acesso ao consumo de bens e serviços.
 Turismo sexual, pode ser autônomo ou vendido em excursões e pacotes turísticos, que prometem e
vendem prazer sexual organizado.
 Tráfico de pessoas para fins sexuais é o recrutamento, transporte, transferência, abrigo e guarda de
pessoas por meio de ameaças, uso da força ou outras formas de coerção, adução, fraude e enganação,
entre outros artifícios.

5.2. Estratégias para o Enfrentamento da Violência Escolar

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O enfrentamento da violência nas escolas passa necessariamente pelo envolvimento de toda a
comunidade escolar. Veja, a seguir, algumas estratégias que podem ser realizadas como forma de
enfrentamento.

 Palestras educativas a professores, pais e alunos com temas diversos, segundo a necessidade de cada
estabelecimento de ensino.
 Reuniões periódicas com pais, alunos, membros da comunidade e autoridades governamentais, entre
outros, com vistas a levantamentos de possíveis soluções para os problemas diversos.
 Mapeamento pelos órgãos de Segurança Pública de locais críticos, incidências criminais e manutenção
de um banco de dados com informações relevantes para análises das questões relativas a violências.
 Uma maior aproximação entre escola e comunidade, por meio de programas como o da escola aberta,
que consiste na abertura da escola nos finais de semana com atividades culturais.
 Uma maior aproximação dos organismos de segurança pública aos estabelecimentos, visando à adoção
de uma conduta proativa, para a melhoria da segurança nos estabelecimentos escolares.
 Realização das operações policiais nos estabelecimentos mapeados e tidos como críticos.
 Adoção de um policiamento voltado para resolução de problemas nos locais com maior índice de
ocorrências (sugerimos fazer também o curso da Rede EaD-Senasp: Policiamento Orientado para o
Problema).
 Aplicação de princípios do policiamento comunitário, que se traduzem numa maior aproximação
com a comunidade ((sugerimos fazer também o curso da Rede EaD-Senasp: Polícia Comunitária VA).

 Adoção de atividades lúdicas como teatro e música em que o tema paz seja abordado numa linguagem
fácil e ao alcance do público escolar.

6. Estudo de Caso
Antes de terminar o estudo deste módulo, leia dois casos selecionados sobre Bullying e reflita sobre
as perguntas a seguir:

1. Há pontos comuns nos casos? Se há, quais?


2. Haveria meios de se evitar esses fatos. Quais?
3. Caso você fosse o administrador da escola, que atitude adotaria hoje em diante?

CASO 1
Em janeiro de 2003, Edimar Aparecido Freitas, de 18 anos, invadiu a escola onde havia estudado, no
município de Taíuva, em São Paulo, com um revólver na mão. Ele feriu gravemente cinco alunos e, em seguida,
matou-se.
Obeso na infância e adolescência, ele era motivo de piada entre os colegas, era chamado de
“mongolóide”, “Elefante cor-de-rosa” e “vinagrão”.

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CASO 2
RIO - Um ex-aluno invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, e fez vários disparos,
que teriam atingido mais de 30 alunos. Pelo menos 13 pessoas morreram, incluindo o assassino. Entre os mortos
estão dez meninas entre 12 e 14 anos, e dois meninos. Há feridos, que estão sendo atendidos no Hospital Albert
Schweitzer, no Hospital de Saracuruna, no INTO (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Hospital
da PM e no Hospital Pedro Ernesto. A maioria dos feridos foi atingida no tórax e na cabeça.
O atirador foi identificado como Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que entrou na escola
dizendo que iria dar uma palestra. Ele foi baleado com um tiro de fuzil na barriga e depois se matou.
O Detro estava fazendo uma operação de combate ao transporte clandestino, com três carros, nas
proximidades. Os fiscais contavam com o apoio de policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária.
- Um garoto baleado no rosto chegou pedindo ajuda e contando que um cara entrou atirando na
escola. Uma equipe socorreu o menino, e outras duas se dirigiram à escola. Chegando lá, o sargento Alves
abordou o atirador, que estava no segundo andar, subindo para o terceiro. O policial deu um tiro na barriga do
criminoso e mandou se render. Em seguida, o homem deu um tiro na cabeça - disse Fernandes.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/04/07/ex-aluno-armado-
invade-escola-municipal-em-realengo-deixa-mortos-feridos-924179488.asp#ixzz1VXAzK300
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Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:

 O Bullying e Cyberbullying são formas de manifestações de violência, caracterizando-se por


violências físicas, psicológicas ou ambas. A violência praticada deve ser repetida e intencional,
visando causar humilhação na vítima.
 O Cyberbullying é caracterizado pelo uso de tecnologias, como a internet para expor suas
vítimas. Cabe salientar que agressões dessa natureza podem levar suas vítimas a cometerem
ações devastadoras.
 O Happy slapping (Tapa ou chapada alegre) uma espécie de cyberbullying, é a “divulgação de
vídeos, normalmente filmados por câmeras celulares, e que mostram cenas humilhantes de
vítimas, tanto de conteúdo sexual como em situações constrangedoras ou até mesmo exibindo
as próprias agressões”.
 As festas não autorizadas com presença de alunos quase sempre são realizadas com a
utilização, em grandes quantidades, de bebidas alcoólicas, drogas e prática de atos sexuais. Tais
eventos expõem os alunos a uma gama de riscos. A ação policial deve se pautar em toda
legalidade possível. Deve ser evidenciado que, para uma maior eficiência e transparência da
ação policial, os órgãos como Vara da Infância e da Juventude e Conselhos Tutelares ou
similares devem estar presentes nas operações. A correta obediência à legislação, sobretudo ao
Estatuto da Criança e do Adolescente, assegura uma maior eficiência na ação policial.

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 As festas populares, conhecidas como festas juninas, merecem especial atenção por parte da
segurança pública, muitas vezes são realizadas nos estabelecimentos de ensino ou em suas
proximidades. A venda e o consumo de bebidas alcoólicas por criança e adolescente devem ser
combatidos haja vista a expressa proibição pelo estatuto da criança e do adolescente.
 A violência escolar é complexa e merece atenção especial, afinal é um tema recorrente e que
preocupa a todos. Dentre as estratégias para o enfrentamento da violência escolar, temos uma
maior aproximação com a comunidade, mapeamento de locais de risco e o de escolas de maior
índice de ocorrências.
 A realização de uma boa palestra requer um planejamento prévio com o tripé do ANTES,
DURANTE E DEPOIS.
 Há outros tipos de violência que o ambiente escolar pode experimentar, bem como as
alternativas para o enfrentamento da violência escolar.

Exercícios

1. Com relação ao Bullying e Cyberbullying marque com (V) as sentenças verdadeiras e com
(F) as falsas:
( ) Para ser caracterizada como Bullying, a violência sofrida por aluno precisa ser repetida, além da
clara intenção de causar dor, sofrimento e humilhação à vítima.
( ) É necessário haver orientação aos alunos e estratégias pedagógicas que favoreçam o exercício da
valorização da diversidade e da convivência escolar.
( ) Revela-se em forma de xingamentos, desenhos, ofensas morais, orais, sexuais, pelo ato frequente
de danificar ou esconder materiais de uso pessoal, agressões físicas e psicológicas, reais e virtuais.
( ) Medidas de inserção, de valorização da diversidade e integração social são ineficazes para o
enfrentamento dos fenômenos em referência.
( ) Trata-se de um fenômeno encontrado em escolas públicas de todo o mundo, dentro e fora das
salas de aula.

2. Muitos eventos não autorizados, envolvendo alunos, podem expor toda comunidade a
risco. Em relação aos procedimentos a serem adotados pelo policial militar diante de festas
com a utilização, em grandes quantidades, de bebidas alcoólicas, drogas e prática de atos
sexuais, assinale a alternativa correta:

a. Mesmo estando o policial em menor número, este não deverá solicitar o apoio necessário. Deve
agir por contra própria negligenciando sua segurança na abordagem.
b. Caso a “festa” ocorra em local fora da escola será necessário adotar o protocolo básico para se
entrar em uma casa. Porém, a casa não é asilo inviolável do morador.
c. O Conselho Tutelar local e a Vara da Infância e Juventude ou similar local não precisam ser
acionados.

63
d. O policial deverá de imediato verificar se alguém precisa de auxílio médico e adotar as
providencias necessárias. Deverá também, se preocupar com a existência de drogas, bebidas
alcoólicas, além de outros objetos que levem à presunção da existência de crime ou ato infracional.
Em cada caso, adotar as providências legais.

3. Os eventos conhecidos por “festas juninas ou julinas” requerem atenção especial por parte
do policiamento. Com base nessa afirmação assinale a alternativa incorreta.

a. Esses eventos ocorrem normalmente nos meses de junho e julho.


b. A venda de bebida alcoólica à criança ou ao adolescente não se constitui em violação ao Estatuto
da Criança e do Adolescente. Principalmente, se for cometido pelo prevalecimento da função
pública pelo autor ou nas dependências de estabelecimento de ensino.
c. Ao assumir o serviço, o policiamento deverá procurar o diretor da escola ou, em sua ausência, o
responsável pelo evento no local, verificando quanto ao horário de início e término da festividade.
O caixa, bem como outros locais de arrecadação, devem ser objetos de atenção, principalmente
no final do evento.
d. O policiamento deve ficar atento haja vista o provável consumo de drogas ou de bebidas alcoólicas
por parte de criança ou de adolescente.

4. Com relação às diversas formas de violências existentes é correto afirmar:

a. A exposição de crianças e de adolescentes a qualquer forma de violência não é um desrespeito ao


Estatuto da Criança e do Adolescente.
b. Criança e adolescente não são sujeitos de direito.
c. A violência estrutural não está relacionada com as desigualdades sociais e econômicas.
d. O enfrentamento das violências praticadas contra criança e adolescente deve envolver toda a
sociedade. A conscientização, o esclarecimento, bem como o cultivo de um ambiente harmônico,
contribui para uma cultura de paz nas escolas.

5. São estratégias para o enfrentamento efetivo a violências nos estabelecimentos de ensino,


exceto:

a. O envolvimento por parte de toda a sociedade.


b. Reuniões periódicas com pais, alunos, membros da comunidade e as autoridades governamentais
para soluções de problemas diversos.
c. O policiamento nas escolas, por si só, é suficiente para o enfrentamento total da violência escolar.
As operações policiais e demais formas de policiamento dispensam a aplicação de atividades
preventivas como seminários e apresentações teatrais.
d. Mapeamento de locais de risco existentes.

64
Gabarito

1. Resposta Correta: V – V – V – F – F
2. Resposta Correta: Alternativa D
3. Resposta Correta: Alternativa B
4. Resposta Correta: Alternativa D
5. Resposta Correta: Alternativa C

65
MÓDULO ATRIBUIÇÕES DAS ESCOLAS E DOS ÓRGÃOS DE
SEGURANÇA NAS AÇÕES DE ENFRENTAMENTO
5 DA VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR

Os relacionamentos nas escolas se constituem em um dos indicadores utilizados para medir e


qualificar o clima escolar, o qual pode ser definido como “a qualidade de meio interno de uma
organização” (Abramovay, 2006, p. 83).
Como espaço de socialização que congrega principalmente crianças, adolescentes e jovens, as
interações existentes podem gerar conflitos cuja gerência será de responsabilidade da administração da
escola ou situações que demandarão a ação da polícia.
Distinguir esses limites não tem sido tarefa fácil, nem para os Gestores da Escola, nem para os
Agentes da Segurança Pública.
Este módulo o auxiliará a compreender as tarefas de cada um dentro do ambiente escolar.

Objetivos do módulo
Ao final desse módulo, você deverá ser capaz de:

 Distinguir as competências da Escola e dos órgãos de segurança nas ações de enfrentamento à


violência na escola;
 Identificar quais eventos deverão ser atendidos pela escola e quais serão gerenciados pela Polícia;
 Listar os diferentes tipos de violência ocorrida no ambiente escolar;
 Exercitar a cidadania observando seus direitos e obrigações em relação à segurança nas escolas e
a promoção da cultura de paz.

Estrutura do Módulo
Este módulo está organizado da seguinte forma:

 Aula 1- Competências entre Escolas e Órgãos de Segurança Pública;


 Aula 2- A violência “na” escola, a violência “dentro” da escola e a violência “da” escola;
 Aula 3- A Cultura de Paz e as principais ocorrências que afetam o Ambiente Escolar.
 Aula 4 - Ações em face da existência de Crime, Contravenção e Atos Infracionais.

66
Aula 1 – Competências entre Escolas e Órgãos de Segurança
Pública

Nesta aula você estudará a divisão de competências entre Escolas e Órgãos de Segurança nas ações
de enfrentamento às violências nas escolas, pois há ações que caberiam à escola administrar, mas em vez disso,
aciona a polícia, que se torna incompetente para solucionar o conflito existente, por não se inserir no rol de suas
competências. Por outro lado, há situações em que a polícia deveria agir, porém transfere o gerenciamento da
crise estabelecida para a administração da escola, ou esta administra situações em que deveria chamar a polícia.

1.1 Em que se baseiam as Ações de Segurança nas escolas?


Para crianças e adolescentes, essas ações se baseiam na Doutrina de Proteção Integral do Estatuto da
Criança e do Adolescente - ECA. São medidas que o Estado deve adotar para garantir o efetivo cumprimento
dos direitos e garantias discriminados na Constituição Cidadã de 1988 (CF/88), no ECA e em outros tratados que
o país se obrigou a cumprir.
Para os adultos, essas ações estão baseadas nas normas constitucionais, em especial a penal, civil e
administrativa.

1.2 Competência Administrativa da Escola


A Competência Administrativa das Escolas se baseia no Projeto Político Pedagógico e no Regimento
Escolar.
A Administração tem como ferramenta, para adequar condutas, o Regimento Escolar, que deve ser
entregue a cada aluno no início do ano letivo e que prevê procedimentos que devem ser adotados. Inclui até as
medidas punitivas que vão desde uma advertência até a transferência do aluno para outra escola.
Os casos de indisciplinas, incivilidades ou outros desvios de comportamentos devem ser resolvidos no
âmbito administrativo por meio do regime disciplinar. Há de se distinguir o desrespeito à lei (crime ou
contravenção), cujo atendimento é da competência da polícia, da incivilidade e transgressão à regra de uma
instituição, que é da competência das instâncias específicas de instituição escolar (educadores).
Não é a escola que deve tratar do tráfico de drogas. Em contrapartida, não será a polícia que deverá
cuidar do insulto ao professor (desde que não se constitua um delito).
Obviamente, o delito atendido pela polícia no âmbito da escola pode gerar providências
administrativas que deverão ser resolvidas pela escola. As ações não são excludentes.

1.3. Competência dos Órgãos de Segurança nas Escolas


A competência dos órgãos de segurança, especificamente as Polícias, começa quando os eventos
extrapolam a competência regimental das escolas. Nesses casos, a direção da escola ou o seu/sua representante
solicitará a intervenção da Polícia Militar, que por sua vez, agirá analisando o caso em concreto, podendo realizar
prisões em flagrantes, buscas pessoais ou qualquer uma das operações já estudadas no módulo 2.

67
Caberá ao policial analisar se o caso é crime ou ato infracional. Caso não se insira no âmbito de sua
competência, encaminhará o caso para a direção da escola a fim de ser resolvido administrativamente de acordo
com o regimento escolar.

Importante!
Mesmo o policial tendo mediado o conflito existente, a direção da escola deve tomar conhecimento
para os devidos registros em seus livros, podendo assim manter um banco de dados sobre os
acontecimentos no âmbito da escola. O policial não é substituto do gestor escolar.

Aula 2 – A violência “na” escola, a violência “dentro” da escola e


a violência “da” escola.

O caráter multifacetário* e complexo da violência no ambiente escolar impõe uma série de desafios
inerentes às principais ocorrências que afetam o clima de paz no ambiente escolar. É necessário que se tenha
um olhar também multifacetário distinguindo as diversas manifestações de violência que podem ocorrer no
ambiente escolar.
Por outro lado, é necessário conhecer os eventos violentos que ocorrem nas entidades educacionais
para possibilitar a adoção de medidas administrativas e pedagógicas que auxiliem a prevenção desses fatos.
* A análise da violência compreende diversos aspectos.

2.1. Onde Ocorre a Violência Escolar?


Charlot (2002) propõe um sistema de classificação dos episódios de violência na escola em que
identifica três tipos de manifestação: a violência “na” escola, a violência “dentro” da escola e a violência “da”
escola.
 violência “dentro” da escola: Para Charlot (2002), a violência “dentro” da escola pode acontecer -
e acontece - em outros lugares. É o caso, por exemplo, quando uma pessoa invade a escola para
acertar contas.
 violência “na” escola: A violência “na” escola remete a fenômenos ligados à especificidade dela:
por exemplo, ameaças para que o colega deixe colar na prova ou insultos ao professor. Claro que
essa violência ocorre também dentro da escola. O autor cataloga esse tipo de violência com a
violência “contra” a escola, que está relacionada com a natureza e as atividades da instituição
escolar e toma a forma de agressão ao patrimônio e às autoridades de escola (professores,
diretores e demais funcionários). Essa modalidade de violência decorre de ressentimentos de certos
jovens e de certas famílias contra a escola e seu funcionamento. Note-se que, na acepção do autor,
essa é uma modalidade praticada, principalmente, por alunos e consiste em atos contra a
instituição e contra aqueles que a representam.

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 violência “da” escola: Finalmente, a violência “da” escola é gerada pela própria instituição, sob
várias formas, desde a bofetada até a chamada “violência simbólica”, como palavras racistas ou de
desprezo dirigidas a um aluno. Esse tipo de violência se manifesta por meio do modo como a
escola se organiza, funciona e trata os alunos (modo de composição das classes, de atribuição de
notas, tratamento desdenhoso ou desrespeitoso por parte dos adultos, dentre outras coisas). A
violência “da” escola ocorre “na” escola e “dentro” da escola, mas pode acontecer que ultrapasse
os muros do estabelecimento (quando ocorre nas relações com as famílias e com a comunidade a
seu redor). A violência simbólica nem sempre é uma violência institucional. O insulto racista por
um aluno a outro é uma violência simbólica, sem ser uma violência institucional, pondera Charlot
(2002).

Furlong (2000, p.4, apud Abramovay, 2006) defende que diferenciar violência escolar - “escola como
sistema que causa ou acentua problemas individuais”- de violência na escola -“escola como espaço físico onde
se dão atos de agressão”- é valioso para situar qual é o papel dos educadores e da escola como instituição na
precaução de situações de violências.

Aula 3 – A Cultura de Paz e as principais ocorrências que afetam


o Ambiente Escolar

Com base no que é descrito pela ONU, o Manual aos Gestores das Instituições Educacionais da
Secretaria da Educação do Governo do Distrito Federal ano de 2008, define “Cultura de Paz” da seguinte maneira:
Conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados no respeito pleno
à vida e na promoção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, propiciando o fomento da paz entre
as pessoas, os grupos e as nações (ONU, 1999), podendo assumir-se como estratégia política para a
transformação da realidade social.
A Declaração acerca da Cultura de Paz* foi aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas como
expressão de intensa preocupação com a proliferação da violência e dos conflitos em todo mundo. Objetiva que
os governos, as organizações internacionais e a sociedade civil possam pautar atividades por suas disposições,
a fim de promover e fortalecer uma Cultura de Paz.
*Disponível em:
http://www.comitepaz.org.br/download/Declara%C3%A7%C3%A3o%20e%20Programa%20de%20A%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20u
ma%20Cultura%20de%20Paz%20-%20ONU.pdf

Importante!
O artigo 4° da Declaração considera a Educação como um dos meios fundamentais para a edificação da
Cultura de Paz, particularmente na esfera dos direitos humanos.

Diversos documentos normativos internacionais da Organização das Nações Unidas (ONU) e da


Organização das Nações Unidas para a Educação, a Cultura e a Ciência (UNESCO) propagam horizontes que

69
devem ser manifestados em orientações específicas no plano de projetos escolares e no plano das políticas
públicas educacionais para serem efetivados (Gomes, 2001).
No âmbito interno há legislação nacional norteadora das políticas educacionais que contemplam igual-
mente essa temática, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9394/96), que alia a compreensão da
cidadania democrática fundamentada nos princípios da liberdade, da igualdade, da diversidade; os
Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1997), que destacam os valores sociais da cidadania, da ética e do
interculturalismo; o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (Brasil, 2007); o Programa Ética e
Cidadania do Ministério da Educação (Brasil, 2003), entre outros que reafirmam a responsabilidade escolar na
aprendizagem e vivência de valores que promovam a cidadania, como o respeito, a solidariedade, a
responsabilidade, a justiça, o comprometimento com a coletividade e a não violência.

Saiba mais...
Para quem desejar se aprofundar sobre o tema Educação e Paz nas Escolas, o Ministério Público do
Estado do Rio de Janeiro* possui trabalhos diversos e profundos.
*Disponível em: http://www.mprj.mp.br/areas-de-atuacao/educacao/paz-nas-escolas

3.1. Ocorrências comuns no âmbito escolar


É possível dividir as ocorrências comuns no âmbito escolar em dois grandes grupos: ocorrências
atendidas pela administração escolar e ocorrências atendidas pela polícia. Veja, a seguir, cada um dos grupos.

Ocorrências Atendidas pela Administração Escolar


 Discussões entre alunos ou entre estes e professores/as;
 Brigas leves entre alunos (criança x criança);
 Discussões entre professores/as;
 Intimidação de aluno/a ao professor/a;
 Intimidação de aluno/a à Direção da Escola;
 Intimidação de aluno/a a outro aluno;
 Conflitos gerais;
 Indisciplina de uma forma geral;
 Violência Psicológica;
 Violência Verbal.

Ocorrências Atendidas principalmente pela polícia


 Tráfico e consumo de drogas;
 Homicídio;
 Lesão Corporal;
 Constrangimento Ilegal;
 Ameaça;
70
 Maus-tratos;
 Crimes contra a dignidade sexual;
 Furto;
 Roubo;
 Dano;
 Resistência;
 Desobediência;
 Desacato;
 Rixa.

Aula 4 – Ações em face da existência de Crime, contravenção e


Atos Infracionais

4.1. Principais Ações policiais


A seguir, você estudará situações com as quais poderá se deparar durante seu trabalho educacional e
de policiamento escolar. A cada situação será descrito qual o encaminhamento a ser dado.

Importante!
Os procedimentos adotados pelos policiais militares não excluirão as medidas administrativas que por
ventura a escola deva tomar.

Situação 1
O que acontece se for encontrado algum ilícito em operações de revista no perímetro escolar? Qual
deve ser o fluxo de ações policiais em face de existência de atos infracionais de crianças e adolescentes? Qual
deve ser o encaminhamento?
Encaminhamentos
No caso de ocorrências capituladas nas normas penais (crime ou contravenção), por exemplo: se for
encontrado qualquer tipo de arma ou substância entorpecente proibidas por lei, sendo o envolvido maior de
idade, deverá ser feita a prisão em flagrante delito e encaminhado ao distrito policial da área.
Sendo criança ou adolescente. A criança flagrada no ato infracional será encaminhada ao Conselho
Tutelar. O adolescente flagrado no ato infracional deverá ser apreendido e encaminhado à Delegacia da Criança
e do Adolescente – DCA. Caso não haja DCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área. Os pais
ou representante legal da criança necessitam ser informados.
Caso a criança ou adolescente apareça como vítima, a ocorrência deverá ser encaminhada à Delegacia
de Proteção da Criança e do Adolescente - DPCA, com o prévio encaminhamento ao hospital, se for o caso. O
Conselho Tutelar precisa ser informado do fato, e também os pais ou representante legal da criança. Caso não
haja DPCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área.

71
Nos casos de ocorrência de menor potencial ofensivo (as enquadradas na Lei 9.099/95) o policial militar
lavrará o competente Termo Circunstanciado de Ocorrência – TCO e dará a sequência regulamentar, nos
municípios em que a PM confecciona esse Termo.

Situação 2
O que acontece se for encontrado algum objeto perigoso em operações de revista dentro da escola?
FACAS, CANIVETES E OUTROS OBJETOS CORTANTES OU PERFURANTES, em princípio, não são
enquadrados na tipificação de crime (ou ato infracional) de porte de arma, mas, se encontrados na posse de
alunos, dentro da escola, poderão ser apreendidos e entregues aos seus pais ou responsáveis após o término
do horário escolar.

Situação 3
Como é feito o encaminhamento da criança e adolescente envolvidos em crimes ou em atos
infracionais?
Encaminhamentos
Os menores de 18 anos não devem ser algemados, exceção feita aos casos extremos para preservar a
sua integridade física e a do policial. A condução não pode ser feita no cubículo da viatura policial. A questão
traz à tona a súmula vinculante número 11, do Supremo Tribunal Federal, que disciplina o uso de algemas.
Elas devem ser usadas apenas em casos que apresentem perigo e mesmo assim deve ser justificada por quem
a usou.

Situação 4
Como proceder em ocorrências que figurem criança versus adolescente?
Encaminhamentos
A criança vítima de Ato Infracional praticado por adolescente deverá ser conduzida ao hospital, se a
situação assim requerer. Ela deverá ser encaminhada à DPCA, se possível. O Conselho Tutelar precisa tomar
ciência dos fatos e os pais ou representantes legais também terão que ser informados. O adolescente autor do
Ato Infracional deverá ser conduzido à DCA e seus pais ou representantes legais deverão ser informados.
Caso não haja DCA e/ou DPCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área.

Situação 5
E quando figuram Criança versus Adulto, como proceder?
Encaminhamentos
Os Procedimentos nas ocorrências em que o adulto figure como AUTOR de crime contra criança seguirá
da seguinte maneira: a criança vítima deverá ser conduzida ao hospital, se a situação assim requerer, e, deverá
ser encaminhada à DPCA, se possível. O Conselho Tutelar precisa ser informado com brevidade, bem como seus
pais ou representantes legais. O adulto autor do crime será conduzido à DPCA.
Caso não haja DCA e/ou DPCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área.

72
Situação 6
E nos casos de Adolescente versus Criança em que o adolescente figura como vítima de Ato Infracional?
Encaminhamentos
O adolescente, vítima de Ato Infracional praticado por criança, deverá ser encaminhado ao hospital, se
a situação assim requerer, e logo à DPCA, se possível. Seus pais ou representante legal devem ser informados
imediatamente. A criança autora do Ato Infracional deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar e seus pais ou
representantes legais precisam ter ciência sobre o ato infracional que a criança praticou.
Caso não haja DPCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área.

Situação 7
Adolescente versus Adolescente
Encaminhamentos
O adolescente, vítima de Ato Infracional praticado por outro adolescente, deverá ser encaminhado ao
hospital, se a situação assim requerer, e logo à DPCA, se possível. Seus pais ou representantes legais deverão
ser informados com brevidade. O adolescente autor do Ato Infracional deverá ser apreendido e conduzido à
DCA e seus pais ou representantes legais deverão ser informados.
Caso não haja DCA e/ou DPCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área.

Situação 8
Adolescente versus Adulto
Encaminhamentos
O adolescente, vítima de crime praticado por adulto, deverá ser encaminhado ao hospital, se a situação
assim requerer, e logo à DPCA, se possível. Seus pais ou representantes legais deverão ser informados. O adulto
autor do crime será conduzido à DPCA.
Caso não haja DPCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área.

Situação 9
Adulto versus Criança
Encaminhamentos
O adulto, vítima de Ato Infracional praticado por criança, deverá ser encaminhado ao hospital, se a
situação assim requerer, e logo ao Conselho Tutelar, se possível. Quanto à criança autora do Ato Infracional,
deverá ser encaminhada ao Conselho Tutelar e seus pais ou representantes legais precisam ter ciência sobre o
ato infracional que a criança praticou.

Situação 10
Adulto versus Adolescente
Encaminhamentos

73
O adulto, vítima de Ato Infracional praticado por adolescente, deverá ser encaminhado ao hospital, se
a situação assim requerer, e logo à DCA, se possível. O adolescente autor do Ato Infracional deverá ser
apreendido e conduzido à DCA e seus pais ou representantes legais deverão ser informados.
Caso não haja DCA em seu município, encaminhar ao distrito policial da área.

Importante!
Havendo qualquer embaraço ou omissão dos órgãos ou autoridades, nos casos em que envolver menor,
com base no art. 201 do ECA, o representante do Ministério Público deverá ser avisado, de imediato,
para que possa tomar as medidas cabíveis.

4.2. Principais Ações das Escolas


Assim, como você estudou as principais ações da polícia, com base nas situações encontradas, estudará,
a seguir, os principais questionamentos dos gestores frente às situações de violência no âmbito escolar. As
respostas que encontrará foram adaptadas do Manual aos Gestores das Instituições Educacionais da Secretaria
da Educação do Governo do Distrito Federal ano de 2008, do Manual de Policiamento Escolar do Batalhão
Escolar da PMDF e das orientações sobre Educação e Paz nas Escolas do Ministério Público do Estado do Rio
de Janeiro*.
*Disponível em: http://www.mprj.mp.br/areas-de-atuacao/educacao/paz-nas-escolas

Questionamento 01
Quais são as responsabilidades da escola em relação aos alunos, quando estes estão em suas
dependências?
As instituições educacionais, públicas e privadas, têm a responsabilidade de oferecer ensino de
qualidade aos alunos. Assim é garantido aos alunos o direito de serem respeitados, independentemente de sua
convicção religiosa, política ou filosófica, grupo social, etnia, sexo, orientação sexual, nacionalidade e em suas
demais individualidades.
Cabe à escola proteger os estudantes em horário de aula e durante seu período de permanência em
suas instalações. Essa responsabilidade da escola abrange igualmente as atividades complementares, regulares
ou extraordinárias, dentro ou fora da escola (recreação, excursões, visitas monitoradas, grupos de estudo,
oficinas culturais e artísticas, jogos ou campeonatos esportivos, laboratórios, etc.). A responsabilidade da escola
se estende aos danos que um aluno cause a terceiros, mas, nesse caso, a escola pode manejar uma ação de
regresso para que a família do aluno que causou danos faça o ressarcimento à escola, do que ela pagou.

Questionamento 02
Há responsabilidade da escola nos casos de dispensa dos alunos antes do horário formal de término
das aulas?
A responsabilidade da escola cessa quando entrega o aluno ao término das aulas ou das atividades
complementares.

74
Quando o aluno vai à escola e retorna sozinho à sua casa, a responsabilidade da instituição educacional
cessa ao soar o sinal de saída e o aluno deixa o prédio escolar.
No entanto, quando houver a previsão de dispensa dos alunos antes do horário regular de término das
aulas, a escola deverá cientificar formalmente os pais ou responsáveis, com a devida antecedência, observada a
rotina de chegada e saída dos alunos, sob pena de se tornar responsável por evento ocorrido em virtude dessa
omissão.

Questionamento 03
A escola é responsável pelo aluno durante seu trajeto da escola para casa e vice-versa?
Existirá essa responsabilidade somente se os alunos estiverem em veículo oferecido pela escola ou por
terceiros, em seu nome.
Nada obstante, incentiva-se que as escolas comuniquem às autoridades competentes a presença de
pessoas em atitudes suspeitas que possam colocar em risco a segurança dos estudantes e da equipe escolar,
bem como os trajetos potencialmente perigosos, com problemas de iluminação, mato alto, calçadas avariadas,
limpeza urbana comprometida, entre outras dificuldades, solicitando as intervenções necessárias.

Questionamento 04
Por que a equipe escolar deve sempre registrar as ocorrências escolares nos sistemas apropriados?
No ambiente escolar, todas as leis vigentes no país devem ser observadas e aplicadas. Ademais, há
regras tais como as Normas de Conduta e o Regimento Escolar que se aplicam somente no âmbito da escola.
Cabe à direção fazer cumprir toda a legislação em benefício de todos.
Em alguns Estados, a Secretaria da Educação, em parceria com a Secretaria de Segurança, desenvolveu
sistemas específicos para registrar as ocorrências escolares, de modo a facilitar sua formalização e permitir o
acompanhamento da situação disciplinar em cada escola, visando a aperfeiçoar a proteção de todos. Esses
registros, combinados aos relatos das equipes escolares, permitirão ajustar o planejamento das atividades
preventivas desenvolvidas nas escolas, adequando-as às necessidades identificadas.
As informações contidas nos registros de ocorrência escolar respaldarão a direção com relação às
ocorrências que envolvem alunos, professores e servidores da instituição educacional e subsidiarão a apuração
dos fatos nos âmbitos administrativo e penal.
Dessa forma, todas as informações devem ser registradas com cuidado e atenção, de modo a refletir
exatamente o ocorrido: a descrição dos fatos, a identificação das pessoas envolvidas (quando possível), os danos
eventualmente observados, os encaminhamentos às instâncias competentes e as providências tomadas para a
solução do caso.
Ressalta-se que o registro de ocorrências escolares nos sistemas da Secretaria da Educação não
substitui a lavratura de Boletim de Ocorrência no Distrito Policial ou a comunicação às autoridades
administrativas, nem o encaminhamento aos serviços de proteção da criança e do adolescente, conforme
previsto em lei.

75
Importante!
Verifique em seu Município ou Estado se a Secretaria de Educação, em parceria com a Secretaria de
Segurança, desenvolveu sistemas específicos para registrar as ocorrências escolares, de modo a facilitar
sua formalização e permitir o acompanhamento da situação disciplinar em cada escola, visando a
aperfeiçoar a proteção de todos.

Questionamento 05
Caso receba ameaça de bomba, o que a escola deve fazer?
A direção deve acionar imediatamente a Polícia Militar (190) e após a apuração dos fatos, a ocorrência
deve ser registrada no Distrito Policial mais próximo. O fato também deve ser registrado nos sistemas de registro
de ocorrências escolares da Secretaria da Educação, caso exista.

Questionamento 06
Pode haver vigilância e monitoramento na escola?
Sim, para proteger os alunos, a equipe escolar e a comunidade, bem como para evitar ameaças e
atentados contra a integridade do patrimônio público, como atos de vandalismo e demais agressões que
possam prejudicar a tranquilidade e o bom andamento das atividades escolares.
No Distrito Federal, a Lei nº 4.058, de 18 de dezembro de 2007, determina que todas as escolas públicas
devem contar com câmeras de vídeo a fim de garantir a segurança dos alunos e funcionários, assim como evitar
pichações e depredações do patrimônio público. Em Mato Grosso do Sul, a Lei 3.946/2015 autoriza a instalação
nas escolas públicas e privadas de câmaras de vídeo nas áreas externas e internas de suas dependências.

Importante!
Verifique em sua cidade se há lei que trata de instalação, nas escolas públicas e privadas, de câmaras de
vídeo.

Questionamento 07
Foi detectado um aluno com drogas na escola, o que fazer?
O uso e o tráfico de drogas são crimes (artigos 28 e 33 da Lei Federal n° 11.343/06). Independentemente
da idade do aluno, a Polícia Militar (190) deverá ser comunicada, para que sejam tomadas as providências
oportunas. A ocorrência também deve ser registrada nos sistemas da Secretaria da Educação, onde houver.
Os pais ou responsáveis devem ser convocados à escola para ciência dos fatos e discussão sobre as
formas de enfrentamento da questão. Se o aluno for menor de 18 anos de idade, a direção da escola deverá
encaminhar ofício ao Conselho Tutelar relatando o fato para que seja providenciado o encaminhamento à rede
socioassistencial adequada, acompanhado dos pais ou responsáveis.
Campanhas e projetos preventivos ao uso de drogas devem ser estimulados e oferecidos em todas as
modalidades de ensino, buscando parcerias e uma maior integração entre a escola e a comunidade. Muitas

76
escolas têm sido assistidas pela Polícia Militar por meio do PROERD* (Programa Educacional de Resistência às
Drogas e à Violência).
O PROERD é a adaptação brasileira do programa norte-americano Drug Abuse Resistence Education -
D.A.R.E., surgido em 1983. No Brasil, o programa foi implantado em 1992, pela Polícia Militar do Estado do Rio
de Janeiro, e hoje é adotado em todo o Brasil.
*Disponível em: http://www.proerdbrasil.com.br/oproerd/oprograma.htm

Questionamento 08
O que fazer se um aluno se apresentar alcoolizado nas aulas?
A comercialização de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos de idade é proibida. A embriaguez
é contravenção penal, prevista no artigo 62 da Lei Federal n° 3.688/41 (Lei das Contravenções Penais). Ao
identificar um estudante embriagado, a direção da escola deve comunicar aos pais ou responsáveis e, caso o
aluno esteja fora de controle, a Polícia Militar (190) deve ser acionada.
Em qualquer situação, se o estudante for menor de 18 anos de idade, o Conselho Tutelar deve ser
notificado para que sejam tomadas as providências necessárias, inclusive encaminhamentos para tratamento,
sempre com acompanhamento dos pais ou responsáveis.

Questionamento 09
No caso de demonstração explícita de racismo entre alunos, como agir?
O racismo, segundo a Lei Federal n° 7.716/89, é crime. A Consumação ocorre quando se pratica
qualquer tipo de violência contra alguém ou impede sua inclusão social ou progresso regular em razão de raça
ou identidade racial, incluída a religião. Caso alunos adolescentes pratiquem condutas racistas cometerão ato
infracional.
O agredido deve registrar ocorrência no Distrito Policial mais próximo, acompanhado de seus pais ou
responsáveis, se menor de 18 anos de idade. O Boletim de Ocorrência é necessário para que as investigações
possam ser realizadas. Sempre que houver envolvimento de pessoas menores de 18 anos de idade, seja autor
ou vítima, o Conselho Tutelar deve ser comunicado.
Compete à escola orientar os alunos e a equipe escolar quanto ao assunto, abordando, interventiva e
preventivamente, questões relacionadas aos direitos humanos, igualdade e tolerância, respeito às diversidades
entre outros temas afins, visando favorecer a convivência escolar.
Em presença de condutas que promovam o desrespeito e a intolerância, a direção deve tomar as
medidas disciplinares cabíveis.
A Polícia Militar de Pernambuco, em parceria com o Grupo de Trabalho – GT do Ministério Público de
Pernambuco – MPPE, editou a Nota de Instrução 002/2014 de 14 de janeiro que regula os Procedimentos para
o Combate ao Crime de Racismo e a Injúria Racial.
A Polícia Militar do Distrito Federal editou a Portaria 972 de 07 de julho de 2015 que dispõe sobre os
procedimentos a serem adotados quando da ocorrência de delitos praticados em razão de discriminação de
natureza étnico-racial, conforme definidos na CF/88 e legislação infraconstitucional e sua prevenção no âmbito
da Corporação.

77
Importante!
Verifique em sua instituição se há protocolos estabelecidos de enfrentamento ao racismo.

Questionamento 10
O que fazer em caso de depredação do patrimônio escolar por aluno?
A Depredação do patrimônio público é crime capitulado no artigo 163 do Código Penal. Será ato
infracional caso o autor seja menor de 18 anos de idade. Nesse caso, a direção da escola deve convocar os pais
ou responsáveis e, a depender da gravidade da ocorrência, acionar a Polícia Militar (190) e comunicar ao
Conselho Tutelar para que o caso seja acompanhado em todas as instâncias.
Conforme previsão do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, o juiz pode determinar o
ressarcimento dos danos causados ao patrimônio público:

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade


poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.
Parágrafo único: Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser
substituída por outra adequada.

Questionamento 11
Em uma situação de furto ou roubo praticado por alunos, o que fazer?
A Polícia Militar (190) deve ser imediatamente acionada para adoção das medidas cabíveis. Os pais ou
responsáveis pelos alunos envolvidos devem ser prontamente convocados. Sendo menores de 18 anos de idade,
a escola deverá também comunicar ao Conselho Tutelar.

Questionamento 12
Foi detectado um aluno armado na escola, o que fazer?
O imediato contato com a Polícia Militar (190) deve ser feito no momento em que se tomar conheci-
mento do fato. Em hipótese alguma deve tentar desarmá-lo, o que pode criar riscos aos envolvidos e para os
presentes na escola. Os pais ou responsáveis devem ser notificados. Sendo menores de 18 anos de idade, a
escola deverá também comunicar ao Conselho Tutelar.

Questionamento 13
O que fazer ao se perceber que um aluno sofre maus-tratos?
O crime de maus-tratos está previsto no Art. 136 do Código Penal. O Estatuto da Criança e do
Adolescente alerta que se a vítima for menor de 18 anos de idade, a comunicação dos fatos às autoridades
competentes é obrigatória. Ao se perceber que um aluno é vítima de maus-tratos, a direção da escola deverá
necessariamente comunicar ao Conselho Tutelar. Vejamos o que determina o ECA (Lei 8.069/90):

78
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na
forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou
adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-
os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao
conselho tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo alunos.
II- ...................................................
III - ................................................
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção
à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar a autoridade
competente os casos de que tenham conhecimento, envolvendo suspeita ou
confirmação de maus-tratos contra criança e adolescente.
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de
reincidência.

Importante!
Havendo qualquer embaraço ou omissão dos órgãos ou autoridades, nos casos em que envolver menor,
com base no art. 201 do ECA, o representante do Ministério Público deverá ser avisado, de imediato,
para que possa tomar as medidas cabíveis.

Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:

• Há uma divisão de competências entre Escolas e Órgãos de Segurança nas ações de


enfrentamento à violência nas escolas. Há ações que a escola deve administrar e outras em que
deve chamar a polícia; pois há eventos violentos que se inserem na alçada de atendimento da
polícia e de outros de natureza administrativa relacionados à competência da escola.
• Diversos documentos normativos internacionais propagam horizontes que devem ser
manifestados em orientações específicas no plano de projetos escolares e no plano das políticas
públicas educacionais para serem efetivados (Gomes, 2001).
• A legislação nacional, notadamente norteada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n°
9394/96), reafirma a responsabilidade escolar na aprendizagem e vivência de valores que
promovam à cidadania, como o respeito, a solidariedade, a responsabilidade, a justiça, o compro-
metimento com a coletividade e a não violência.

79
• Charlot (2002) classifica os diversos tipos de violência no âmbito da escola como: violência
“dentro” da escola; violência “na” escola e a violência “da” escola.
• Há encaminhamentos específicos que devem ser tomados pela escola e pela polícia em face da
existência de crime, contravenção e atos infracionais.

Exercícios

1. Marque V para Verdadeiro ou F para Falso para as afirmações abaixo, no tocante a


competência da escola e do órgão de segurança.
( ) Os relacionamentos nas escolas se constituem em um dos indicadores utilizados para medir e
qualificar o clima escolar, o qual pode ser definido como “a qualidade de meio interno de uma organização”.
( ) A escola como espaço de socialização que congrega principalmente crianças, adolescentes e jovens
apresenta interações que podem gerar conflitos, cuja gerência será sempre de responsabilidade da
administração da escola se o fato ocorrer dentro da instituição de ensino.
( ) A Competência Administrativa das Escolas se baseia no Plano Político Pedagógico e no Regimento
Escolar.
( ) Os casos de indisciplinas, incivilidades ou outros desvios de comportamentos devem ser resolvidos
no âmbito administrativo por meio das normas penais.
( ) A competência dos órgãos de segurança, especificamente as Polícias, começa quando os eventos
extrapolam a competência regimental das escolas.
( ) Caberá ao policial analisar com “bom senso” se o caso é crime ou ato infracional. Caso não se insira
no âmbito de sua competência encaminhará o caso para a direção da escola para ser resolvido
administrativamente de acordo com o regimento escolar.

2. Concernente ao tema cultura de paz no ambiente escolar, marque a resposta incorreta:


a. Para Bernard Charlot, “a violência dentro da escola” só pode acontecer, por óbvio, no ambiente
escolar. É o caso, por exemplo, quando uma pessoa invade a escola para acertar contas.
b. A Declaração acerca da Cultura de Paz aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas
considera a Educação como um dos meios fundamentais para a edificação da Cultura de Paz,
particularmente na esfera dos direitos humanos.
c. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação é exemplo de legislação norteadora das políticas
educacionais que contemplam a Cultura da Paz, que alia a compreensão da cidadania democrática
fundamentada nos princípios da liberdade, da igualdade, da diversidade.
d. É garantido aos alunos o direito de serem respeitados, independentemente de sua convicção
religiosa, política ou filosófica, grupo social, etnia, sexo, orientação sexual, nacionalidade e em suas
demais individualidades.

80
3. A respeito do atendimento de ocorrências no âmbito escolar e ações que devem ser
adotadas, julgue as afirmações e depois responda.
I. Discussões entre alunos ou entre estes e professores/as e brigas entre alunos (criança x criança)
devem ser atendidas pela administração escolar.
II. Conflitos e Indisciplina, de uma forma geral, devem ser comunicadas à Polícia.
III. Constrangimento Ilegal se insere nos assuntos atendidos pela administração da escola.
IV. A Rixa no interior da escola deve ser atendida pela Polícia.
V. Porte de facas, canivetes e outros objetos cortantes ou perfurantes, em princípio, são enquadrados
na tipificação de crime (ou ato infracional) de porte de arma.

a. Estão corretas as questões II, III e IV somente


b. Estão corretas as questões I, III e IV, somente
c. Estão corretas as questões III, IV e V somente
d. Estão corretas as questões I, III, IV e V somente
e. todas as questões estão corretas.

4. Numere a segunda coluna de acordo com a primeira em relação aos conceitos apreendidos
no módulo.
1 Violência “na” escola Pode acontecer; e acontece, em outros lugares. É o
caso, por exemplo, quando uma pessoa invade a
escola para acertar contas.
2 Violência “dentro” da escola É definida como um conjunto de valores, atitudes,
tradições, comportamentos e estilos de vida
baseados no respeito pleno à vida e na promoção
dos direitos humanos e das liberdades fundamentais
3 Violência “da” escola Remete a fenômenos ligados à especificidade dela:
por exemplo, ameaças para que o colega deixe colar
na prova ou insultos ao professor.
5 Cultura de Paz É gerada pela própria instituição, sob várias formas

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5. Analise as afirmações e, em seguida, responda com V para Verdadeiro ou F para Falso:
( ) As instituições educacionais, públicas e privadas, têm a responsabilidade de oferecer ensino de
qualidade aos alunos
( ) Cabe à escola proteger os estudantes em horário de aula e durante seu período de permanência
em suas instalações. Essa responsabilidade, no entanto, não abrange as atividades complementares,
regulares ou extraordinárias, dentro ou fora da escola.
( ) A escola é responsável pelo aluno durante seu trajeto da escola para casa e vice-versa
( ) Caso seja detectado um aluno com drogas no interior da escola, a Polícia Militar deverá ser
comunicada, para que sejam tomadas as providências oportunas.
( ) A Depredação do patrimônio público é crime capitulado no artigo 163 do Código Penal, mesmo
que autor seja menor de 18 anos de idade.

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Gabarito

1. Resposta correta: V – F – V – F – V- V
2. Resposta correta: Alternativa A
3. Resposta correta: Alternativa B
4. Resposta correta: 2 – 4 – 1 – 3
5. Resposta correta: V – F – F – V – F

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