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12º Encontro da ABCP

18 a 21 de agosto de 2020
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa (PB)

Área Temática: 07 – Instituições Políticas; Sessão 6; Data: 22/10; Horário: 16:30h às 18:30h
Coordenação: Marta Mendes da Rocha (UFJF); Mariana Batista (UFPE)

FAMÍLIA E POLÍTICA NO SENADO: UM ESTUDO SOBRE O USO DE EMENDAS COMO


INSTRUMENTO DE MANUTENÇÃO DE GRUPOS POLÍTICO-FAMILIARES NO PODER

Robson Vasconcelos Carvalho*


Universidade Federal Do Rio Grande Do Norte – UFRN

Resumo
Dimensão familiar é central em estudos sobre acumulação, reprodução e transmissão de
riquezas e poder político. Focado no Senado este trabalho exemplifica como o emprego de
emendas serve à manutenção de bases eleitorais de grupos político-familiares.

Palavras-chave: Senado; Família e política; Emendas Parlamentares; Políticas Públicas;

Abstract
The family dimension is central to studies on the accumulation, reproduction and
transmission of wealth and power. Focused on the Senate this work exemplifies how the use
of amendments serves to maintain the electoral bases of political-family groups.

Keywords: Senate; Family and politics; Parliamentary amendments; Public policy;

*Robson Carvalho é licenciado em Sociologia, graduado e mestre em Ciência Política, além


de especialista em Gestão Pública, sendo toda a formação pela UFRN. Autor do livro Manual
do Cidadão, do livro Família e política no RN: Alves, Maia e o Suporte do Senado e do capítulo:
Um olhar sobre O povo brasileiro de Darcy Ribeiro, no livro: Brasil, alguns intérpretes, novos
olhares. É apresentador de programas de rádio e televisão na Band/NE e YouTube.
2

1.0. POR QUE ESTUDAR A RELAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E POLÍTICA?

A dimensão familiar é central nos estudos sobre acumulação, reprodução e


transmissão de riquezas e poder político, que apontam ao favorecimento de famílias da classe
dominante e à manutenção das desigualdades sociais. Como dificilmente existem instituições
da República brasileira que não sejam atravessadas por essas famílias, destaca-se para
efeitos deste trabalho o Senado enquanto instituição e as emendas como foco de estudo.
Este trabalho se propõe a colaborar com o esforço no resgate deste campo de
pesquisas que vem sendo retomado nacionalmente por diversos autores, conforme
catalogado em trabalho desenvolvido por Goulart (2018), que tem a capacidade de sair do
plano abstrato das análises, descortinando as conexões que formam a teia do poder no Brasil.
Este modelo que foca nas relações entre família e política (CANÊDO, 1994, 1997;
MONTEIRO, 2016; OLIVEIRA, 2012, 2018; GOULART, 2008, 2018; GRILL, 2003, 2018), além
de ser mais profundo, pois chega às raízes das relações entre as elites do poder, é também
mais amplo, pois possibilita, por meio da pesquisa genealógica, enxergar pelo menos dois
outros importantes tentáculos destes grupos político-familiares: os que se ramificam com os
conglomerados econômicos do país, a exemplo do mercado financeiro, midiático (OLIVEIRA,
2012) e das grandes empreiteiras (CAMPOS E BRANDÃO, 2017; CAMPOS, 2014) e os que
se espalham pelos órgãos da estrutura do Estado brasileiro, como: Tribunais de Justiça e de
Contas (CARVALHO, 2018; MONTEIRO, 2016; OLIVEIRA, 2012), do Trabalho, Ministério
Público e Partidos Políticos (GRILL, 2003), Assembleias Legislativas (GOULART, 2016,
2008), Cartórios (OLIVEIRA, 2012; MONTEIRO, 2016), et caterva.
Oliveira (2018) destaca que cada representante que ocupa cada um dos espaços de
poder tem nome e sobrenome, fato reforçado por Monteiro (2018), que alerta para o equívoco
de se considerar as instituições de modo abstrato, pela nossa forma de uso da linguagem.
Não são elas quem decidem. As instituições não agem. As pessoas, agem. Pessoas de carne
e ossos, conectadas a redes de relacionamento e engajadas em solidariedade mútua.
Durante um bom tempo, entre 1950 e 1990, segundo Goulart (2018), a variável família,
enquanto categoria de análise da política brasileira, ficou estacionada no campo de estudos
relativos ao período entre o passado colonial e monárquico e a República Velha.
Parte desses estudos, chegou a tratar como natural a relação entre política e família e
a entendê-la como inerente às regiões de estruturas sociais precárias, principalmente,
nordestina, o que, notadamente, colaborou para reforçar preconceitos em relação a esta parte
do Brasil. Por outro lado, contribuíram com a compreensão das realidades do poder local e
com a propagação de conceitos como coronelismo e mandonismo, mesmo diante do fato de
que remeteram suas análises a contextos e locais específicos: Leal (1986), Queiroz (1976),
3

Pang (1979), Carone (1971) e Emmi (1987). Outras produções, focavam em estatísticas de
partidos políticos e resultados eleitorais, como Duverger (1987), criando um vácuo nos
estudos de tal modo que, segundo Canêdo (1994), limitou a percepção da complexidade do
jogo político, principalmente nos períodos pós 1945, ditadura militar e pós redemocratização.
A partir dos anos 1990, com Oliveira (1993, 1995), Canêdo (1994, 1997) e Grill (2003,
2008), houve a retomada de estudos que consideravam em suas análises as relações entre
parentesco e política, para melhor compreensão das relações de poder e da realidade por trás
das instituições no Brasil, e que passaram a enxergar o perfil familiar da política brasileira:

[...] como um fenômeno que atravessa momentos diferentes da História do


Brasil e que, ainda hoje tem seu lugar garantido na posse irrestrita de cargos
políticos em boa parte das esferas de poder (GOULART, 2018, p. 66).

Posteriormente, surgiram outros estudos relacionados à pesquisa da temática família


e política, sinalizando a retomada e crescimento dessa forma de analisar as relações de poder
no Brasil de modo geral, regional ou focado em instituições. Além dos já mencionados, cita-
se Adilson Filho (2013), Fiuza (2016), Machado (2016), Pimentel (2014) e Vanali (2017).
Neste trabalho, adota-se a forma de abordagem conceitual e metodológica mais
próxima da utilizada pelos autores supracitados, que apesar de diferenças pontuais,
conservam a mesma essência, considerando a compreensão de que essa ótica de análise é
a que melhor pode explicar as relações entre política, família e poder no Senado.
Em relação ao conceito de família, este estudo parte do entendimento de Oliveira
(2018), considerado por ele mesmo como flexível e que é encontrado em 500 anos de Brasil:

Família é qualquer forma de reunião social em que exista um conjunto de


relações pessoais, de relações sociais, de afeto, de afinidade e de
relacionamentos, sejam eles quais forem dentro de um pacto social que se
estabeleça nessa própria unidade familiar. [...] Família é o que você acha que
vale socialmente, com o respeito de seus integrantes como família
(OLIVEIRA, 2018, p. 28).

Ainda para efeito deste estudo, considera-se o entendimento de Monteiro (2016, 2018)
sobre famílias do poder1, famílias políticas2 e novas famílias políticas3.

1
Famílias do poder são aquelas posicionadas no topo da pirâmide; que recebem os melhores salários da república,
além de outros expressivos auxílios que lhes garantem se constituir na classe abastada e, por consequência, aquela
que sobrevive de privilégios produzidos pelo estado e das rendas oriundas do capital. (MONTEIRO, 2018, p. 221)
2
Famílias políticas: as que ocupam cargos públicos eletivos e de representação e cargos de comando há mais de
meio século no Estado; cujos pais, tios, avós, bisavós já atuavam e controlavam politicamente determinadas
regiões, trazendo o “nome de família”, associado a outros capitais herdados e passam a ocupar posições dominantes
no campo político, jurídico e econômico estatal; herdeiros das tradicionais oligarquias. (MONTEIRO, 2016, p. 29)
3
Novas famílias políticas: adentraram o campo político na redemocratização, sob a força do capital econômico ou
ancoradas por meio da parentela; que passaram a construir quadros e inserir parentes para os cargos eletivos e de
representação política, ocupando posições privilegiadas e de comando no campo, muitas vezes, espaços deixados
4

2.0. SENADO: UMA INSTITUIÇÃO PERPASSADA POR RELAÇÕES ENTRE FAMÍLIA E


POLÍTICA

As redes de poder no Brasil, as famílias e as redes de parentesco, se conectam às


instituições pelos caminhos da política e da economia. O Senado, nesse sentido, é uma das
instituições centrais da República para se compreender as teias formadas por essas relações.
O termo República, do latim Res Pública, significa “coisa pública ou do povo”. Para
Cícero (2011) “povo” é o conjunto razoável de homens associados entre si por um consenso
de direito baseado em leis, formado a partir de interesses e fins comuns, em detrimento dos
interesses e fins privados, e que reflitam a vontade dessa coletividade de cidadãos.
Trata-se de uma forma de organização política de uma sociedade, originada na Roma
Antiga. Lá, assim como no Brasil, a “República” deu-se por instalada a partir de um golpe. Na
Roma Antiga, patrocinado pela aristocracia patrícia, marcando o fim da monarquia
(MAQUIAVEL, 2008); no Brasil, por militares, sem presença popular e com o suporte das elites
agrárias paulista e mineira, marcando o fim do Império (CARVALHO, 2017; GOMES, 2014;
BRAGANÇA, 2018).
No Brasil, alguns elementos enraizados em sua formação cultural desde a colônia,
passando pelo período imperial, dificultam a formação de fato daquilo que se entende por
República. Os que vieram para cá, com características de povo conquistador e aventureiro,
holandeses e portugueses em maioria, não vieram para se estabelecer, mas para explorar,
sem compromissos com a terra, e depois voltar ao velho mundo onde permaneciam suas
famílias.
Segundo Holanda (1995), o ambiente de contrastes entre a influência das américas e
das culturas ibéricas, entre o privilégio da colonização de exploração – feitorização – em
detrimento da colonização de povoamento, e da prevalência do controle do campo sobre as
cidades, mesmo as estabelecidas no litoral, criou condições para o estabelecimento da família
patriarcal. Esta, foi se consolidando e, junto com ela, o cordialismo, que implica em relações
onde os homens privilegiam entre si os imperativos do coração em detrimento da
impessoalidade e das normas abstratas. Esse contexto, enseja a criação de um permanente
ambiente doméstico, prejudicial ao ambiente da República, que, feita por homens com essa
mentalidade, agem no público como se estivessem no âmbito da vida privada, configurando
o patrimonialismo, que por sua vez, “cria empecilhos para se ter uma ordem social mais
impessoal e racional, e, ainda mais sério, para a constituição da democracia no país.”
(RICUPERO, 2011, p. 122).

por agentes políticos tradicionais que não conseguiram construir o herdeiro consanguíneo direto. [...].
(MONTEIRO, 2016, p. 30).
5

Em oposição à concepção de Holanda (1995) sobre o patrimonialismo no Brasil, Faoro


(1958) deixa claro que, na visão dele, não é no ambiente doméstico onde se desenvolve o
patriarcalismo, mas sim no ambiente do próprio Estado, em modelo transplantado de Portugal,
com o qual está relacionado o patrimonialismo. Freyre (2006) entende o papel da família
patriarcal como núcleo fundamental da organização social, que permeou diversas esferas da
sociedade e interpôs sua plasticidade e seus interesses.
Além disso, a família seria o único setor da vida brasileira, cuja autoridade não sofrera
questionamentos, pensamento esse, compartilhado por Holanda (1995), que entende o clã
familiar como sendo o responsável pelo não avanço nas relações políticas, que, ao invés de
serem pautadas pelo interesse público em primeiro lugar, passam a ser consideradas e
conduzidas pelos interesses privados. Nesse sentido, ambos concordam com o entendimento
de que uma das características herdadas da península ibérica, a influenciar nesse tipo de
comportamento é a cultura da personalidade, traduzida na supervalorização da pessoa, dos
seus feitos, virtudes e bens materiais, o que distancia os homens dos ideais de igualdade
entre si. Considerando essa interpretação numa República que tem por base o Estado
Democrático de Direito, o princípio constitucional da impessoalidade torna-se, na prática,
mera formalidade.
Ainda nessa discussão, é válido relembrar que outra importante obra do pensamento
político brasileiro, a de Viana (1949), soma-se à ideia de Holanda (1995), no sentido de que
compreende que a família, ao transbordar as barreiras da esfera privada restringiu a
construção de um poder central e forte, perpassando inclusive a própria democracia e a
federalização, tornadas, assim, vulneráveis ao veneno da confusão de interesses públicos
com os privados, ao patrimonialismo.
Neste estudo, compreende-se que o problema do patrimonialismo não está no Estado,
mas em quem conduz e na forma como conduz as instituições que compõem a formação
desse Estado, no caso, brasileiro. Esses atores sociais e políticos são enxergados como seres
vivos, com identidade, CPF, CNPJ, nome e sobrenomes pertencentes a famílias, que
materializam na condução do Estado, os interesses dos grupos aos quais pertencem e com
os quais se relacionam.
No Brasil, mesmo tendo surgido no Império, em 06 de maio de 1826, o Senado4
permaneceu como uma das instituições da estrutura da República Federativa do Brasil,

4
A origem do Senado remonta à Roma Antiga, enquanto organização que surge na monarquia, formada por um
conselho de ex-reis, permanecendo nas fases seguintes da República e Império. Sobre a importância do Senado
para a consolidação da república romana, Maquiavel (2008), não considera um mal as mortes protagonizadas por
Rômulo, de um colega deste, Tito Tácio Sabino nem de Rêmulo, seu próprio irmão, por interpretar que a
consequência foi a consolidação da República e a união das cidades-estado italianas e que aí, inclusive, está
presente a formação do próprio Senado:
“O que demonstra que Rômulo merece ser absolvido da morte de seu irmão e do seu colega, e que agiu não para
satisfazer uma ambição pessoal, mas em prol do bem comum, é o estabelecimento imediato do Senado, cujo
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acomodando vozes e interesses da aristocracia e compondo, ao lado da Câmara, o


Congresso Nacional. Faoro (1958), analisando as origens e os interesses presentes à
fundação, tem a seguinte compreensão:

O Senado foi pela origem uma instituição da Coroa, ligada aos seus
interesses e participando de sua política […] era o agente do estamento
burocrático. Foi um órgão do qual se servia o Poder Moderador para dominar
a Câmara e o Ministério”. (FAORO, 1958, p. 173).

Com o passar do tempo, e com a transição do Império à República, um


questionamento poderia ser feito: mesmo diante desse “pecado original”, o perfil dos
componentes da casa teria mudado? Segundo Neiva e Izumi (2014), catalogando suas
profissões e ocupações:

Identificamos um Senado com pouca variação no curto prazo em termos de


distribuição profissional de seus membros, reforçando a ideia de uma casa
legislativa onde prevalece a estabilidade e a manutenção do status quo.

Outra visão em relação ao Senado, é a de que o fenômeno do familismo político


atravessa os séculos e não é característico de nenhum Estado ou região específica do país,
como aponta Goulart (2018):

(...)existem estudos que indicam as mesmas formas de relação (família +


política) em outras regiões do Brasil ainda que permeadas por certos
discursos e ideologias de modernidade; [...] o perfil familiar da política
brasileira não se restringe ao passado, mas deve ser visto como um
fenômeno que atravessa momentos diferentes da História do Brasil.
(GOULART, 2018, p. 66).

Como exemplo, Carvalho (2018) constatou que no Rio Grande do Norte, no último
século, as famílias Alves e Maia ocuparam simultaneamente espaços de poder por mais de
sete décadas na Câmara, prefeitura da capital e governo do Estado e que, de 1986 a 2018,
ocuparam, continuamente, duas, das três vagas no Senado. Nenhum outro grupo político no
Estado, seja na Colônia, Império ou República, foi tão longevo em termos de ocupação de
espaços de poder.
Além disso, a composição do Senado nem sempre foi numericamente igualitária, mas,
passou a sê-la a partir da Constituição Federal de 1988. Este integrante do Poder Legislativo,
então, passou a contar com a representação de três senadores por cada uma das 26 unidades
federativas e o Distrito Federal, o que fez com que ficasse conhecido como a casa de

conselho procurou, tomando como guia. [...] foi desnecessário então, alterar o antigo governo; tudo o que fez foi
criar dois cônsules anuais em que estavam mais ajustadas a um governo livre e popular do que a um governo
absoluto e tirano.” (MAQUIAVEL, 2008, p. 50, grifo nosso).
7

representação dos estados (GROHMANN, 2001; CHACON, 1997). Porém, segundo Neiva
(2016):

a sobre-representação dos estados menores (e mais pobres) não


significou uma vitória para suas respectivas populações. [...] A ideia é
que tal sobre-representação foi apenas uma forma de compensar os
estados menores pelo pouco acesso que tinham ao governo central,
bem como uma forma de fortalecer as elites regionais, que deviam
fidelidade a esse último.

Outro ponto sobre a importância de estudar o Senado, é a percepção após pesquisa


bibliográfica, de que existem poucos estudos focados exclusivamente na instituição Senado
no Brasil, e menos ainda, na relação entre família e política. Destaca-se (ROCHA, 2010;
NEIVA E SOARES, 2013; CHACON, 1997; GROHMANN, 2001), mas ressalta-se a dificuldade
em localizar outros estudos até mesmo no amplo trabalho de Goulart (2018), que se
assemelha a um catálogo de autores que escreveram sobre a temática. Nota-se ainda, que o
número de análises e pesquisas publicadas no país, em livros, teses, dissertações e artigos
científicos, têm, em geral, direcionado o seu foco à Câmara Federal5 (NICOLAU, 2017;
BOSCHI, DINIZ E SANTOS, 2000) mesmo sendo o Senado uma casa que oferece importante
suporte à manutenção de grupos político-familiares locais no poder, como destaca (Carvalho,
2018).
Ainda assim, a maior parte dos poucos trabalhos que tratam do tema Senado,
direcionam o foco de análise para aspectos distintos como: análise de discursos,
“personalidades” e o dia a dia do plenário, numa abordagem etnográfica (ALCOFORADO,
2010; MOTTA, 1996); perfil parlamentar e sociopolítico dos senadores e recrutamento eleitoral
(IZUMI, 2010; LEMOS & RANINCHESKI, 2001; COSTA E CODATO, 2013; SILVA, 2010;
MARENCO, 2013); abordagem sobre voto, eleições, financiamento e representação
(BARBOSA, 2013; CAVALCANTE, 2011), transparência e controle de emendas
parlamentares (MOGNATTI, 2008; REIS JÚNIOR, 2008); processo legislativo, produção de

5
Outras publicações que relacionam o tema família e política (TEIXEIRA, 2014; MIRANDA, 2016), e:
FILHO, João. Famílias tradicionais dominam a política brasileira e isso não tem hora pra acabar. The
Intercept_Brasil, 2018. Disponível em: <https://theintercept.com/2018/09/02/familias-tradicionais-dominam-
a-politica-brasileira-e-isso-nao-tem-hora-pra-acabar/>
SARDINHA, Edson. Congresso, um negócio de família: seis em cada dez parlamentares têm parentes na
política. Congresso em Foco, 2017. Em: <https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/congresso-
um-negocio-de-familia-seis-em-cada-dez-parlamentares-tem-parentes-na-politica/>

Agência Pública. Herdeiros de políticos ocupam metade da Câmara. Congresso em foco, 2016. Em:
<https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/herdeiros-de-politicos-ocupam-metade-da-camara/>

SARDINHA, Edson. A incrível bancada dos parentes no Senado. Congresso em foco, 2017. Disponível em:
<https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/a-incrivel-bancada-dos-parentes-no-senado/>

- Sendo esse último com foco específico no Senado.


8

leis (FIGUEIREDO & LIMONGI, 1996); no levantamento jurídico em aspectos sobre nepotismo
(RODRIGUES, 2012; ARAÚJO, 2013); foco exclusivo em determinados períodos como pós-
constituinte (LEMOS, 2008), no império (SANTOS, 2016), e em diversos outros temas.
Ressalte-se ainda, que algumas pesquisas direcionam suas análises à demonstração
da ligação de senadores com empresários ou mesmo senadores oriundos da classe
empresarial (COSTA, P.R.N., COSTA, L.D. E NUNES, 2014; COSTA. P.R.N, 2012; RAVA,
2010). E, diante disso, vale a pena reforçar que a família, fio condutor da investigação neste
trabalho, antecede e perpassa não somente o Senado, mas também às empresas e às elites
em qualquer um de seus segmentos, visto que, evidentemente, todos eles têm famílias e delas
são oriundos. E, mesmo nestes casos, os interesses em jogo não são os interesses das
empresas, são os interesses das famílias por trás das empresas. Os nomes, sobrenomes e
“CPF´s” dessas pessoas, antecedem aos seus respectivos “CNPJ’s”. Portanto, o que importa
para nós, nesta pesquisa que iremos desenvolver, é quem está por traz: a origem familiar, a
classe social a qual pertence cada senador, seja de direita ou de esquerda.
Enquanto casa da tomada de decisões, o Senado tem poderes especiais, inclusive se
comparado à Câmara Federal e aos poderes executivo e judiciário: autorizar empréstimos e
operações financeiras a municípios, estados e à própria União, revisar e devolver projetos
aprovados pela Câmara, aceitação de processo e votações de impeachment de presidente
da República, processamento e julgamento de ministros do Supremo Tribunal Federal,
Procurador Geral da República e Advogado Geral da União nos crimes de reponsabilidade.
Por essa instituição, transitam as votações das principais políticas de Estado, como reforma
trabalhista, previdenciária, política e tributária, dentre outros de iniciativa própria ou advindos
da Câmara.
O Senado constitui-se, assim, num dos palcos das discussões e decisões políticas
mais importantes de uma nação, de uma República. E, quando se pensa em política, é
necessário considerar a existência de interesses diversos, desejos e objetivos a serem
conquistados, aos quais estão conectados, por meio de redes, todos os integrantes desse
colegiado.
No jogo do poder, o que está em jogo é o poder de decidir e o Senado é uma casa de
acesso ao poder decisório que tem a condição de direcionar mudanças estruturantes na
sociedade pra confirmar, manter ou alterar as relações de poder na sociedade, bem como as
desigualdades sociais e a própria condição de dominância das classes dominantes.
Este estudo cumpre também uma função de estimular pesquisas que apontem para a
realidade da representação do Senado, de modo que permita perceber se esta realidade
condiz com os princípios de sua formação, sendo uma casa da res pública ou uma casa que
serve de ressonância apenas à frações de classes dominantes da economia e da política dos
estados, situação que faria da República, na prática, uma peça de ficção.
9

Para isso, aponta para um tipo de investigação que pode ser desenvolvida e que
permita estabelecer uma conexão analítica ente família e Senado no âmbito da República. E
neste contexto, a categoria central de análise é a família, fio condutor dessa sugestão de
abordagem, pois a família importa para compreender e explicar, por exemplo, o Senado: uma
instituição dita republicana, mas que é atravessada por famílias políticas, em especial as
famílias das classes dominantes.
Em sintonia com esse argumento de Willems (1953 apud OLIVEIRA, 2018, p. 34) que
afirma que “não existe nenhuma instituição no Brasil que não seja atravessada por famílias”,
vale destacar algo aparentemente óbvio, mas que faz todo o sentido nesta nossa discussão:
todas as decisões tomadas no âmbito do Senado são decisões tomadas por pessoas físicas
e todos eles são oriundos e interconectados às suas próprias famílias.
Pode-se então perguntar: existem famílias que atravessam e controlam a instituição
brasileira chamada Senado? Quais são essas famílias? São de origem indígena, negra-
quilombola ou branca? Há quanto tempo ocupam espaços de poder? Possuem outros
parentes ocupando cargos eletivos ou de representação no aparelho estatal? Se existem as
bancadas “da bala, da bíblia e do boi”, das empreiteiras, do agronegócio, da mídia e do
mercado financeiro, há também a bancada dos grupos de origem popular?
A percepção é a de que boa parte dos assentos da Alta Câmara, são ocupados por
famílias6 poderosas, que parecem suceder a si mesmas, como numa monarquia, onde o poder
é transmitido por hereditariedade e consanguinidade. No Senado, segundo Oliveira (2018),
com base em dados do Congresso em Foco em 2017, a taxa de parentesco é maior que a da
Câmara:

Em Brasília, qual é a proporção de deputados como família na política? – Mais


da metade. Quantos senadores têm família na política? – Dois terços. [...] esses
dados aumentam na atual legislatura mais de 60% na Câmara e uns 75% no
Senado, de parlamentares vinculados às famílias do poder.

Todo esse contexto, aponta para sugestões de pesquisa, para tentar responder à uma
pergunta como: O Senado Federal é, historicamente, a casa da representação de cada Estado
brasileiro, ou das famílias do poder de cada Estado? Uma resposta possível é que, além de o
Senado ser uma “Casa Grande”, (FREYRE, 2006), que abriga as famílias do poder, sua teia
conecta-se aos principais grupos familiares do poder econômico e financeiro do Brasil
(OLIVEIRA, 2018; MONTEIRO, 2016; GOULART, 2018). E, segundo Neiva (2016), é “uma
casa menos estruturada, mais fluida, com relações pessoais mais frequentes, menos
hierarquizadas e com regras de funcionamento menos estritas”.

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Atentar à frase final do filme “Democracia em vertigem”, que desenvolve uma visão crítica sobre o imbricamento
das famílias mais poderosas do Brasil com Estado: “[...] Somos uma República de famílias” (Democracia em
vertigem. Direção: Petra Costa, Produção: Joanna Natasegara, Tiago Pavan, Shane Boris. Brasíllia (DF): 2019).
10

3.0. EMENDAS PARLAMENTARES OU EMENDAS FAMILIARES?

Histórico da presença dos grupos familiares em espaços de poder

Há mais de sete décadas, dois grupos político-familiares, Alves e Maia, têm ocupado,
por meio de seus representantes, importantes espaços de poder no Rio Grande do Norte.
Esse fato se reproduz, especialmente plano majoritário, nas últimas quatro décadas, conforme
ilustramos abaixo:

Eleição Senador Governador Prefeito de Natal


Manoel Pereira PDS
1982 Carlos Alberto de Souza José Agripino Maia PDS 15/5/1982-15/3/1983 e
PDS *indicado/biônico Marcos Formiga PDS
15/3/1983-1/1/1986
Nomeados por José Agripino
1986 José Agripino Maia PFL Geraldo Melo – Vice Garibaldi Alves Filho PMDB
Lavoisier Maia PDS Garibaldi Pai Os 2 PMDB 1/1/1986-1/1/1989
1990 Garibaldi Alves Filho PMDB José Agripino Maia, PDS Wilma de Faria PDT
1/1/1989-1/1/1993
1994 Geraldo de Melo PSDB Garibaldi Alves Filho, Aldo Tinôco Filho PSDB
José Agripino Maia PFL PMDB 1/1/1993-1/1/1997
1998 Fernando Bezerra PMDB Garibaldi Alves Filho, Wilma de Faria PSB
Agnelo Alves 1° Supl. PMDB PMDB 1/1/1997-1/1/2001
Wilma de Faria, PSB
2002 Garibaldi Alves Filho PMDB Wilma de Faria, PSB 1/1/01-5/4/02
José Agripino Maia PFL Carlos Eduardo Alves, PSB,
5/4/2002-1/1/2005

2006 Rosalba Ciarlini Rosado PFL Wilma de Faria, PSB Carlos Eduardo Alves,
reeleito 1/1/2005-1/1/2009,
PSB
*Garibaldi Pai Supl. de Rosalba Ciarlini Rosado, Micarla de Sousa, PV,
2010 Rosalba DEM 1/1/2009-31/10/2012,
Garibaldi Alves Filho PMDB
José Agripino Maia DEM
Carlos Eduardo Alves, PDT
2014 Maria de Fátima Bezerra PT Robinson Mesquita de 1/1/2013-1/1/2017
Faria, PSD Carlos Eduardo Alves, PDT,
1/1/2017 – 6/4/18

Mesmo após uma minuciosa pesquisa mais aprofundada, não foi identificado nos
períodos da Colônia, Império, ou mesmo em fases anteriores da República, nenhum outro
grupo político-familiar que fosse tão longevo, na ocupação contínua de espaços de poder,
mesmo quando determinados cargos eram ocupados por designação.
Apesar de, cronologicamente, os grupos político-familiares estudados serem
sucessores temporais das velhas oligarquias potiguares, ao invés de se renovarem em
relação ao modus operandi político, acabaram se constituindo como herdeiros de antigas
11

práticas como patrimonialismo, nepotismo e assistencialismo, com o diferencial de terem se


especializado na luta exitosa por espaços de poder.
Recorremos principalmente à Maquiavel (2007), no sentido de encontrar componentes
que servissem de base à construção de explicações à longeva permanência dos grupos
familiares no poder. Um deles, que colaborou com uma importante linha condutora de
raciocínio, foi o da necessidade de se construir e manter bases políticas sólidas.
Originalmente, no Rio Grande do Norte, a família Maia surgiu e a Alves ressurgiu no
contexto da ditadura miliar e ambas continuam, em 2018, ocupando espaços poder no Estado,
perpetuando-se neles.
José Agripino Maia foi indicado pelo primo-governador, Lavosier Maia, no período da
ditadura militar, para ser prefeito de Natal. Anteriormente, Lavosier havia sido indicado pelo
pai de Agripino, Tarcísio Maia, que fora governador, também nomeado pelo regime, tendo
antes disso ocupado uma vaga de deputado federal. Posteriormente, Agripino foi eleito
governador por duas vezes e senador por quatro vezes. Acompanhe nos quadros abaixo um
detalhamento dos principais espaços de poder ocupados por essa família fora do plano
majoritário:

Mandatos de Deputado Federal de 1958 a 2018 – Família Maia


Tarcísio Maia: pai de Agripino,
1 1958
avô de Felipe Maia

Wilma Maia (esposa de


1 1986
Lavosier Maia à época)

MAIA
Lavosier Maia, primo de
= 1 1998
Agripino
10

Felipe Maia 3 2006, 2010, 2014


João Maia, primo de Agripino 3 2006, 2010, 2018
Zenaide Maia, irmã de João
1 2014, (eleita senadora em 2018)
Maia

Mandatos de Deputado Estadual de 1998 a 2018 – Família Maia

Márcia Maia – filha de Lavosier


5 1998, 2002, 2006, 2010, 2014
e Wilma

MAIA = 06
Lavosier Maia 1 2006

Garibaldi Alves Filho, foi eleito prefeito de Natal uma vez, governou o RN por duas
vezes e exercera o mandato de Senador por três vezes. Pudemos constatar que Garibaldi
12

Aves Filho e José Agripino Maia oscilaram no exercício do poder, desde os cargos de prefeito
e governador nos tempos das “vacas gordas” a senador, no tempo das “vacas magras”, o que
lhes permitiu receber de herança as polarizadas bases políticas de poder no Estado, que
haviam sido construídas por seus antepassados. Foi fundamental para ambos e para seus
respectivos grupos político-familiares, o fato de terem ocupado os citados cargos no poder
executivo, principalmente estadual, fato que os projetou, “longevamente”, a permanecerem
nesses espaços majoritários de poder.
Confira o detalhamento de espaços de poder ocupados pela família Alves, além do
campo majoritário, nos quadros que seguem abaixo:

Contagem de Mandatos de Deputado Federal até 2018: família Alves


1970, 1974, 1978, 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002,
10 Henrique Alves 11
2006, 2010
Aluísio Alves 6 1945, 1950, 1954, 1958, 1966, 1990
ALVES
1986 (Esposo de Ana Catarina Alves – irmã gêmea de
= Ismael Wanderley 1
Henrique Alves)
21
Ana Catarina Alves 1 1998 (Irmã gêmea de Henrique Alves)

Walter Alves 2 2014, 2018


Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Contagem de mandatos de deputado estadual até 2018: família Alves


Garibaldi Alves 3 1958, 1962, 1966
Garibaldi Alves Filho 4 1970, 1974, 1978, 1982
ALVES
= Carlos Eduardo Alves 1 1986: Entrou “na vaga” de Garibaldi Filho
21
Walter Alves 2 2006, 2010
Agnelo Alves 2 2010, 2014
José Dias (Esposo da irmã de 1986, 1990, 1994, 1998, 2002, 2006, 2010, 2014,
9
Aluísio Alves) 2018
Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Contagem de mandatos de vereadores de Natal/RN, da família Alves

Ana Catarina Alves 1 1988

ALVES
= Geraldo Neto 4 1996, 2000, 2004, 2008
07

2012, 2016, “na vaga” do primo Geraldo. Filho do conselheiro


Felipe Alves 2 do TCE Paulo R. Alves, irmão de Garibaldi Filho, primo do
então prefeito Carlos Eduardo Alves

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.


13

Emendas parlamentares ou emendas familiares?

A seguir, o resumo de um estudo sobre o uso de emendas parlamentares como


instrumento de manutenção de grupos político-familiares no poder no Rio Grande do Norte,
de 2008 a 2018. Será demonstrada a ocorrência do patrimonialismo e “familismo” no emprego
das emendas parlamentares de deputados federais e especialmente de senadores, membros
das duas famílias com atuação contínua na política do Estado do RN, há mais de sete
décadas. E, de que maneira a sua aplicação se deu em espaços de poder no Senado,
ocupados por José Agripino Maia (DEM) e Garibaldi Alves Filho (PMDB) e na Câmara Federal
por seus respectivos filhos e primos.
Foram utilizados os dados do SICONV, de 2008 a 2018, no que diz respeito à
destinação de tais emendas parlamentares, valores e localidades, seguido de um
mapeamento de tais emendas e cruzamento destes dados com a distribuição espacial dos
votos dos parlamentares e de seus parentes em cada município.
Especificamente, apesar de o foco do trabalho repousar sob os senadores Garibaldi
Alves Filho e José Agripino Maia, foram apuradas informações, como detalhado a seguir, do
suplente do senador Garibaldi Alves Filho, Paulo Davim, do ex-suplente, efetivado senador
Garibaldi Alves “pai” e da suplente desse último, Ivonete Dantas. Incluídos ainda, os
deputados federais Walter Alves, filho do senador Garibaldi Alves Filho e Felipe Maia, filho do
senador José Agripino Maia. Para complementar o trabalho, foram feitas simulações incluindo
o deputado federal Henrique Alves, sobrinho de Garibaldi Alves (irmão de Aluísio Alves) e que
por décadas foi presidente do PMDB/RN, chegando a ocupar a presidência da Câmara dos
Deputados e a titularidade do Ministério do Turismo.
Também incluso para análise a presença de dois irmãos, deputados federais: João
Maia (PR) e Zenaide Maia (ex-PR; mudou para PHS), que sucedeu ao irmão, pelo fato de o
mesmo ter concorrido a vice-governador na eleição de 2014, quando Henrique Alves
concorreu ao governo. João e Zenaide são primos de José Agripino Maia, que também apoiou
Henrique Alves; apesar disso, não se colocam como integrantes do grupo familiar Maia,
liderado pelo senador José Agripino, dizendo-se “primos distantes”. Por isso, nesse caso, no
trabalho original que foi a dissertação, foram feitas simulações com e sem os dois irmãos.
Foram ainda cruzados os dados relativos ao rastreio das emendas parlamentares
individualmente e também agrupadas com familiares, com os resultados eleitorais dos
senadores Garibaldi Alves Filho e José Agripino Maia.
14

Fonte: Cruzamento de dados da SICONV e do TSE, 2018.

É possível ilustrar com alguns exemplos, o procedimento que foi adotado: Conforme o
mapa acima, expomos o somatório das emendas do senador José Agripino Maia às do seu
filho, o deputado federal Felipe Maia. A imagem passa a preencher diversos espaços vazios,
antes não preenchidos no mapa de votação do senador, com apenas as emendas exclusivas
deste, o que expõe assim, o peso da influência das emendas do filho. Nas eleições, é comum
se observar a “casadinha” ou “dobradinha”, onde prefeitos, lideranças e eleitores “fecham”
acordo para votar em conjunto, o que é facilitado quando se tem pai e filho nas negociações
políticas.
Já nos dois mapas que seguem abaixo, respectivamente, estão somadas todas as
emendas dos grupos político-familiares Maia e Alves. No primeiro caso, incluindo as emendas
parlamentares do filho Felipe Maia e dos primos João da Silva Maia e Zenaide Maia. Todos
na condição de deputados federais, sendo que Joao Maia não exerce mandato a partir de
2014, tendo sido substituído pela irmã, Zenaide Maia. O resultado, porém, é um casamento
visual bastante ajustado ao relacionarmos as emendas dos familiares com a votação de José
Agripino para o Senado, onde quase todos os espaços são preenchidos no mapa.
E, no segundo caso, mesmo foi feito com a Família Alves, demonstrando o percentual
de votação de Garibaldi A. Filho ao senado – 2010 e soma dos valores de emendas
parlamentares de Garibaldi A. Filho, Garibaldi Alves, Henrique E. Alves, Ivonete Dantas,
Walter Alves e Paulo Davim, 2010 – 2018, igualmente demonstrando a conexão entre os votos
do senador Garibaldi Alves Filho e as emendas do seu grupo político-familiar.
15

Família Maia (J. Agripino Maia, Felipe Maia, João Maia, Zenaide Maia): Percentual de
votação de José Agripino Maia ao senado – 2010 e soma dos valores de emendas
parlamentares de J. Agripino Maia, Felipe Maia, João Maia e Zenaide Maia, 2010 - 2018

Fonte: Cruzamento de dados da SICONV e do TSE, 2018.

Família Alves (Garibaldi A. Filho, Garibaldi Alves, Henrique E. Alves, Ivonete Dantas,
Walter Alves e Paulo Davim): Percentual de votação de Garibaldi A. Filho ao senado –
2010 e soma dos valores de emendas parlamentares de Garibaldi A. Filho, Garibaldi
Alves, Henrique E. Alves, Ivonete Dantas, Walter Alves e Paulo Davim, 2010 – 2018

Fonte: Cruzamento de dados da SICONV e do TSE, 2018.


16

Finalmente, também é importante uma reflexão a respeito das emendas assinadas


com o ente Governo do Estado. Quando os senadores eram oposição ao governante da
ocasião, destacamos que, pelo menos no período analisado, Garibaldi Alves Filho, por
exemplo, não assinou nenhuma emenda parlamentar individual e José Agripino, apenas duas.
Isso, de um total que ambos assinaram com outros entes, que chega a 202 emendas. Vale
relembrar que, constitucionalmente, a representação do ente Estado é – ou deveria ser – a
prioridade do senador. Demonstramos tal fato no quadro abaixo:

Total geral – Garibaldi Alves Filho e José Agripino Maia


Ente: Gov. do Estado – 2010 - 2018

Fonte: SICONV, 2018

4.0. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação aos estudos sobre conexões entre família e política, este trabalho abordou,
à luz de diversas teorias desenvolvidas, os complicadores que impactam sobre os processos
eleitorais e os prejuízos causados ao sistema democrático como um todo. No plano teórico,
justificou-se ainda a escolha feita pelo Senado como foco principal para uma abordagem
empírica e por fim, contribuiu com exemplos, focando na realidade vivida pelo Estado do Rio
Grande do Norte.
17

Sobre os resultados da pesquisa realizada neste Estado, especificamente no que se


refere à análise das emendas parlamentares, considera-se que:
A) – Há visível associação positiva entre as localidades das emendas apresentadas
pelos grupos familiares e os votos obtidos pelos principais representantes dos mesmos
nesses lugares;
B) – As emendas parlamentares, sobretudo individuais, são na prática um instrumento
de atuação parlamentar que faz com que os mesmos se aproximem politicamente de suas
bases, levando a elas, a extensão de políticas públicas em forma de recursos financeiros e
obras. É uma forma de manter-se presente e atuante perante o eleitorado, sobretudo em
cidades menos alcançadas pelo Estado brasileiro. A pesquisa mostra que isso se converte
em votos, tanto para deputados federais, quanto para senadores, conforme demonstrado, em
relação aos senadores potiguares Garibaldi Alves Filho (MDB) e José Agripino Maia (DEM);
C) – É muito difícil enxergar a dinâmica que permeia esses grupos políticos distanciada
das relações familiares e de parentesco que os envolve, mesmo no caso dos que se
consideram “primos distantes”; além disso a lente de investigação que pesquisa as relações
familiares permite, de modo cristalino, a percepção de conexões políticas e relações de poder
que perpassam as instituições e transpõem os próprios partidos e ideologias políticas;
D) – O mandato de senador dura oito anos e nesse intervalo, ocorrem três eleições:
duas municipais (2012 e 2012) para prefeitos e vereadores, e uma estadual, para um senador,
deputados federais, estaduais, governador e presidente. Com esse tipo de distribuição de
emendas, pode-se manter sempre irrigadas as bases onde os mesmos possuam maior
densidade eleitoral e em eleições presentes no intervalo, o apoio de ambos a candidatos
aliados pode fazer com que estes também sejam beneficiados eleitoralmente e
posteriormente retribuam nos processos eleitorais seguintes em que precisem de reeleição.
E) – Bases eleitorais bem regadas a emendas podem servir de conquista a outros
espaços de poder; fato que ocorreu com o próprio deputado federal Felipe Maia, que apesar
de ter feito incursões em busca de apoios próprios, herdou bases de apoio do seu pai, senador
José Agripino Maia, fato importante para sua eleição e reeleição. O mesmo ocorrendo com o
filho do senador Garibaldi Alves Filho, beneficiado com as emendas do pai e do avô, que
ocupou com o pai, simultaneamente a cadeira de senador.
F) – Fica claro como a prerrogativa da destinação das emendas parlamentares, serve
para irrigar bases político-eleitorais em todo o Estado, lamentavelmente, em disfunção com o
espírito constitucional, pois, ao invés de serem destinadas a projetos estruturantes, de Estado,
são pulverizadas para alimentar bases político-eleitorais, na tentativa de manutenção desses
grupos e de seus familiares e aliados nos espaços de poder. E, além disso, exercício do cargo
credita a qualquer senador, que inclusive tem poderes constitucionais exclusivos, um
importante leque de relacionamentos com o plano federal, também em relação às instâncias
18

governamentais, que têm suas representações em Brasília e nos Estados, e com o próprio
presidente da República, que não governa sem o Congresso. Um senador, tem o poder de
facilitar ou boicotar pleitos, a depender de quem esteja governando o seu Estado – ou
municípios, em determinadas ocasiões.
G) - O resultado desse tipo de prática, ao longo de décadas, foi o impedimento ou a
criação de dificuldades para que os de outras famílias ou grupos “periféricos” chegassem a
ocupar determinados espaços de poder, sobretudo no campo majoritário.
H) – Todo esse poder reunido, provocou interferências no jogo democrático, na disputa
eleitoral. Essa luta pela sobrevivência demonstrou ao longo da história política potiguar, que,
se cada passo estratégico que foi dado, não estava planejado desde os primórdios pelos seus
patriarcas, pelo menos a trama e a forma de fazer política, pelo que foi observado, se repetiu
a cada ciclo eleitoral. São famílias, como elucidam os conceitos de Weber (2011), que vivem
não só “para” a política, mas, principalmente, “da” política. São profissionais, por mais que
vocacionados, que a partir do exercício da política, constroem mecanismos próprios de
perpetuação nela, e dela extraem dividendos econômicos, sob o argumento de prestarem um
serviço público que justificaria os seus respectivos modus operandi.
A pesquisa mais ampla, contida na dissertação Família e Política no RN: Alves, Maia
e o suporte do Senado, que deu origem a este artigo, apurou que a sustentação política dos
grupos familiares se deu ao longo do tempo por meio das “suas” bases e instrumentos
disponíveis, que se alimentam do controle de partidos, verbas de campanha eleitoral pública
e privada e da distribuição de emendas parlamentares. Além disso, foram destacados os
cargos políticos municipais, estaduais e federais que ocupam ou nomeiam, por meio dos quais
têm acesso a outros orçamentos que controlam diretamente, no exercício desse cargo, ou
nos quais influenciam, quando indicam nomes de aliados para o seu preenchimento. E, ainda,
do uso de veículos de comunicação próprios ou de parceiros e da influência na distribuição e
aplicação de verbas publicitárias públicas e privadas, que são utilizadas para desgastar as
imagens públicas dos adversários e promover a construção positiva e fortalecimento das
imagens dos próprios membros da família ou aliados de ocasião.
Finalmente, pesquisas prévias, mesmo ainda não aprofundadas, apontam para que tal
realidade também é vivenciada pelos demais Estados brasileiros, o que indica a importância
de que tais estudos possam ser expandidos em se considerando o Senado Federal.
19

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