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Campinas-SP
2014
i
ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS
______________________________________
ASSINATURA DO(A) ORIENTADOR(A)
Campinas-SP
2014
iii
iv
BANCA EXAMINADORA
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Dedico toda a minha vida acadêmica,
especialmente estes cinco últimos anos de
muito estudo e trabalho, que culminaram
nesta tese de doutorado, aos meus
queridos e amados pais, Cleusa e Osimar,
que me apoiaram e incentivaram em todos
os momentos e que não me deixaram
desistir. Muito obrigada!!
vii
viii
AGRADECIMENTOS
Os agradecimentos foram uma das últimas coisas a serem feitas nesta tese.
Não por ser menos importante, exatamente o contrário, tem tanta importância que
eu quis ter calma e atenção para escrever e tentar ser justa com todos que
marcaram estes últimos 5 anos da minha caminhada. Espero não esquecer
ninguém, mas caso isso aconteça, por favor, me perdoe! Agradeço desde já a
todos vocês que me ajudaram e estiveram presentes nesta fase que se encerra...
Aos meus pais Cleusa e Osimar, e minha irmã Évelin, pelo amor, carinho,
suporte, confiança, atenção e incentivo;
Ao meu namorido Rafael, pelo amor, carinho e paciência (mesmo que não
tenha sido muita haha), pela força, apoio, companheirismo, amizade, e,
principalmente, por ter feito um pacto com a minha mãe pra me pressionar e não
me deixar pensar em desistir ou jubilar (haha!);
Aos membros da banca, por terem aceitado de pronto o meu convite, pela
atenção, correção do boneco e sugestões valiosas;
Ao Dr. Alberto Peribanez Gonzalez por ter aberto os meus olhos para o
mundo dos sucos verdes, alimentos crudívoros e orgânicos, para o poder que
esses alimentos têm na saúde e prevenção de doenças, e por ter me dado a ideia
de desenvolver e estudar estas bebidas funcionais;
ix
Às minhas amigas e “co-orientadoras” Luciana Malta e Iramaia Angélica, por
me acolherem, ajudarem, pela atenção e amizade desde a minha chegada a
Campinas, pela paciência, acompanhamento, ensinamentos, orientação, sem
nunca terem me negado qualquer auxílio, e por tantas outras coisas;
x
“Olhando daqui, percebo que pessoas e circunstâncias
tiveram um propósito maior na minha vida do que
muitas vezes, no momento de cada uma, eu soube,
pude, aceitei, ter. (...)
(...) Tudo o que eu vivi me trouxe até aqui e sou grata a
tudo, invariavelmente. Curvo meu coração em
reverência a todos os mestres, espalhados pelos meus
caminhos todos, vestidos de tantos jeitos, algumas
vezes disfarçados de dor.
Eu mudei muito nos últimos anos, mais até do que já
consigo notar, mas ainda não passei a acreditar em
acaso.”
(Ana Jácomo)
xi
RESUMO
xii
não houve diferenças em relação à luminosidade, mas a BMFH (1) apresentou
tonalidades mais tendentes ao verde e ao amarelo, pela maior concentração de
clorofilas e de β-caroteno. Antes da digestão in vitro, ambas as amostras
apresentaram 6 dos 17 flavonoides testados, mas diferiram com a presença de
outras duas na BMFH (1) e de outras 3 na BMFH (2). Foram obtidos maiores
resultados de Fenóis Totais para a couve fresca e hortelã liofilizada, no teste de
DPPH-trolox pelo extrato aquoso de couve fresca, na análise de TEAC e ORAC o
extrato aquoso de hortelã fresca. Entre as bebidas, a amostra digerida de BMFH
(1) obteve os maiores resultados de Fenóis Totais, DPPH-trolox e TEAC, e na
análise de ORAC, pela amostra digerida de BMFH (2). Sugere-se uma atividade
citostática muito fraca, sendo que as BMFHs são praticamente inativas para
atividade antiproliferativa. Na análise de CAA, o maior resultado foi encontrado na
amostra BMFH (2) antes da digestão. Comprovou-se que o processamento,
armazenamento e digestão in vitro afetam a composição de flavonoides dos
alimentos e os resultados de fenólicos totais e capacidade antioxidante, através da
perda ou produção de alguns compostos, além de demonstrar que a eficiência da
extração é dependente das condições do processo e da matriz testada.
xiii
ABSTRACT
xiv
fresh kale and lyophilized mint, in the DPPH-trolox test by aqueous extract of fresh
kale, in the analysis of TEAC and ORAC by aqueous extract of fresh mint.
Between MFVDs, the digested sample of MFVD (1) obtained the highest results of
Total Phenols, DPPH-trolox and TEAC, and in ORAC analysis, by the digested
sample of MFVD (2). A very weak cytostatic activity is suggested, while the
samples of MFVD are practically inactive for antiproliferative activity, and in CAA
analysis the best result was found in the sample MFVD (2) before digestion. It was
shown that the processing, storage and in vitro digestion affect the composition of
flavonoids from food, total phenolic content and antioxidant capacity, through loss
or production of some compounds, and demonstrate that the extraction efficiency
is dependent on the process conditions and tested array.
xv
xvi
SUMÁRIO
xvii
3.2.6 Comparação entre as BMFHs e Similares Comerciais ........................ 65
3.2.7 Caracterização Físico-Química ............................................................ 72
3.2.7.1 Determinação do pH ..................................................................... 72
3.2.7.2 Determinação do ºBrix .................................................................. 72
3.2.7.3 Determinação de acidez ............................................................... 72
3.2.7.4 Ratio (Relação ºbrix/acidez) ......................................................... 73
3.2.7.5 Identificação e Quantificação dos Mono- e Dissacarídeos ........... 73
3.2.7.6 Extração e Quantificação de Clorofila ........................................... 74
3.2.7.7 Determinação Instrumental da Cor ............................................... 74
3.2.8 Caracterização dos Compostos Nutracêuticos .................................... 75
3.2.8.1 Extração e Quantificação de β-caroteno....................................... 76
3.2.8.2 Flavonoides Totais ........................................................................ 76
3.2.8.3 Teor de Fibras Solúveis e Insolúveis............................................. 77
3.2.8.4 Determinação de Pectina.............................................................. 77
3.2.8.5 Identificação e Quantificação dos Oligossacarídeos .................... 78
3.2.8.6 Identificação dos Compostos Fenólicos ....................................... 78
3.3 ENSAIOS IN VITRO .................................................................................... 79
3.3.1 Digestão in vitro ................................................................................... 79
3.3.2 Fenóis Totais ........................................................................................ 80
3.3.3 Preparo das Amostras.......................................................................... 81
3.3.3.1 DPPH-Trolox ................................................................................. 81
3.3.3.2 TEAC (Trolox Equivalent Antioxidant Capacity) ............................ 82
3.3.3.3 ORAC ........................................................................................... 83
3.3.4 Fenólicos Totais e Capacidade Antioxidante dos BMFHs: Resultados
Esperados versus Resultados Obtidos ......................................................... 84
3.3.5 Efeito da Liofilização no Teor de Compostos Bioativos ........................ 85
3.3.6 Influência do Solvente na Extração de Compostos Bioativos .............. 85
3.3.7 Efeito da Digestão in vitro na Biodisponibilidade de Compostos
Bioativos ....................................................................................................... 85
3.3.8 Atividade Antiproliferativa ..................................................................... 85
3.3.8.1 Ensaio 1 (Sulforrodamina B) ......................................................... 86
3.3.8.2 Ensaio 2 (HepG2) .......................................................................... 89
3.3.9 Citotoxicidade ...................................................................................... 90
3.3.10 CAA (Atividade Antioxidante Celular) ................................................. 90
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS ............................................ 92
CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................... 93
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS BMFS ................................................................ 93
4.1.1 Composição Centesimal ...................................................................... 95
4.1.2 Composição Vitamínica ....................................................................... 96
4.1.3 Composição Mineral ............................................................................ 98
4.1.4 Informações Nutricionais: Resultados Esperados versus Resultados
Obtidos ....................................................................................................... 100
4.1.5 BMFHs como Ingestão Diária de Frutas e Hortaliças ........................ 102
4.1.6 Comparação entre as BMFHs e Similares Comerciais ...................... 105
4.1.7 Caracterização Físico-Química ...........................................................110
xviii
4.1.8 Caracterização dos Compostos Nutracêuticos ...................................115
4.1.9 Identificação dos Compostos Fenólicos ..............................................119
4.1.10 Fenóis Totais e Atividade Antioxidante in vitro ................................. 125
4.1.11 Atividade Antiproliferativa (Sulforrodamina B) .................................. 154
4.1.12 Ensaios de Citotoxicidade e Antiproliferativo (HepG2) ..................... 158
4.1.13 CAA.................................................................................................. 160
4.2 RESUMO DOS RESULTADOS ................................................................. 164
CAPÍTULO 5 CONCLUSÕES ............................................................................ 169
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ................................................... 170
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 171
ANEXO ................................................................................................................ 204
xix
xx
LISTA DE TABELAS
Tabela 3: Área total produtora das principais frutas no Brasil, de acordo com o clima
(IBGE, 2007)......................................................................................................................22
Tabela 4: Área plantada das principais espécies frutíferas no Brasil, em hectares, no ano
de 2006 (Modificada de IBGE, 2007).................................................................................24
xxi
Tabela 17: Composição Vitamínica das formulações liofilizadas......................................97
Tabela 21: Resultados da Identificação de flavonoides dos BMFHs (1) e (2), antes e após
a digestão in vitro.............................................................................................................120
Tabela 23: Quantificação de Fenóis Totais (mg GAE/g amostra úmida), DPPH-Trolox,
TEAC e ORAC (µmol Trolox equiv./g amostra úmida) das formulações frescas e
liofilizadas (digerida ou não)............................................................................................128
Tabela 26: Resultados presumidos de Fenóis Totais (mg GAE/g amostra úmida), DPPH-
Trolox , TEAC e ORAC (µmol Trolox equiv./g amostra úmida) das formulações frescas e
liofilizadas.........................................................................................................................140
Tabela 27: Coeficiente de correlação (r) obtido entre Fenóis Totais e potencial
antioxidante (DPPH-Trolox, TEAC e ORAC) das amostras BMFHs (1) e (2), nas formas
fresca e liofilizada.............................................................................................................151
Tabela 28: Coeficiente de correlação (r) obtido entre Fenóis Totais e potencial
antioxidante (DPPH-Trolox, TEAC e ORAC) dos extratos aquosos e etanólicos, nas
formas fresca e liofilizada, das amostras de frutas e hortaliças estudadas.....................152
xxii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3: Estrutura química dos principais fruto oligossacarídeos: 1-kestose (A), nistose
(B) e frutofuranosil nistose (C) (YUN, 1996)......................................................................14
Figura 18: Algumas das bebidas mistas de frutas e hortaliças comerciais encontradas no
mercado brasileiro e estrangeiro, e utilizadas na comparação com as BMFHs formulados
neste estudo são os seguintes: (i) Smoothie Detox da Queensberry; (ii) Detox Monstro da
Do Bem; (iii) V+ Aruba da Greenday; (iv) V+ Bahamas da Greenday; (v) Detox Green da
Sanavita; (vi) Suco Verde da Do Vivo; (vii) Super Verde da Uuulalá; (viii) Suco Verde da
xxiii
Bisou; (ix) Kiwis, Apples and Limes da Innocent; (x) Antioxidant da Innocent; (xi) Life Juice
Greenpower da Emma & Tom’s; (xii) Orange Mango da Green Mustache; (xiii) Tropical
Twist da Green Mustache; (xiv) Essential Greens with Lime da Evolution Fresh; (xv)
Sweet Greens and Ginger da Evolution Fresh; (xvi) Super Green da Evolution Fresh; (xvi)
Sweet Greens and Lemon da Evolution Fresh..................................................................71
Figura 19: Representação da cor sólida para cor no espaço L*a*b* (Minolta, 1994).......75
Figura 21: Bebidas liofilizadas: (i) BMFH (1); (ii) BMFH (2)..............................................93
Figura 22: Bebidas reconstituídas: (i) BMFH (1); (ii) BMFH (2)........................................94
Figura 24: Gráfico comparativo entre a Composição Centesimal das BMFHs (1) e (2) e
de porções de frutas e hortaliças.....................................................................................103
Figura 25: Gráfico comparativo entre a Composição Vitamínica das BMFHs (1) e (2) e de
porções de frutas e hortaliças..........................................................................................103
Figura 26: Gráfico comparativo entre a Composição Mineral das BMFHs (1) e (2) e de
porções de frutas e hortaliças..........................................................................................104
Figura 27: Gráfico comparativo entre as informações nutricionais das BMFHs (1) e (2) e
bebidas mistas de frutas e hortaliças comerciais encontradas no comércio
brasileiro...........................................................................................................................106
Figura 28: Gráfico comparativo entre as informações nutricionais das BMFHs (1) e (2) e
bebidas mistas de frutas e hortaliças comerciais encontradas no comércio
estrangeiro.......................................................................................................................107
Figura 32: Curva Padrão: (i) de Ácido Gálico para determinação de Fenóis Totais; (ii) de
Trolox para a análise DPPH-Trolox; (iii) de Trolox para a análise TEAC e (iv) de Trolox
para a análise de ORAC..................................................................................................126
xxiv
Figura 34: Resultado para: (i) Doxorrubicina; (ii) BMFH (1); (iii) BMFH (2); (iv) BMFH (1)
digerida; (v) BMFH (2) digerida, no Teste Antiproliferativo. Legenda: U251 (glioma, SNC);
MCF-7 (mama); NCI-ADR/RES (ovário, com fenótipo de resistência a múltiplas drogas);
786-0 (rim); NCI-H460 (pulmão, tipo não pequenas células); OVCAR-3 (ovário); HT29
(cólon); HaCaT (queratinócito humano, célula normal imortalizada).................155/156/157
Figura 35: Resultado do ensaio de proliferação celular (HepG2) para a BMFH (1)........159
xxv
xxvi
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1
vegetais. Por conter propriedades organolépticas melhoradas e maior
palatabilidade, esse suco torna-se uma forma de aumentar a aceitação e o
consequente consumo de vegetais e seus compostos bioativos.
Considerando o fato de que o setor de bebidas, especialmente as não
alcoólicas, vem ampliando seu mercado, introduzindo novos sabores e atendendo
à demanda crescente por novos produtos que reflitam uma melhor qualidade de
vida, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e caracterizar duas bebidas mistas
liofilizadas a base de frutas e hortaliças (BMFHs), analisar suas propriedades
antioxidantes in vitro, sua citotoxicidade e atividade antiproliferativa.
2
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3
Segundo dados de uma Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), apenas 18,9%
dos brasileiros consomem 5 ou mais porções de frutas e hortaliças diariamente
(BRASIL, 2010).
Apesar de serem necessárias mais pesquisas para a elucidação dos
mecanismos da relação entre componentes da dieta e desenvolvimento das
DCNT, especialistas em dieta, nutrição e prevenção de doenças crônicas
reconhecem que a atual evidência científica disponível oferece forte comprovação
do papel da dieta na prevenção e controle da morbidade atribuída a essas
doenças. Comportamentos alimentares podem influenciar o estado de saúde atual,
além de determinar se no futuro o indivíduo poderá desenvolver alguma DCNT
(WHO, 2006).
Uma dieta adequada, atividade física, controle do peso, e um estilo de vida
saudável, de um modo geral, podem evitar ou minimizar o desenvolvimento de
algumas DCNT, embora a genética desempenhe um papel importante. Além
disso, a suplementação e o consumo de alimentos que tenham sido formulados ou
fortificados, podem otimizar a capacidade de promoção de saúde da dieta do
indivíduo (WILDMAN & KELLEY, 2007).
Atualmente muitos alimentos com propriedades funcionais ou nutracêuticas
têm sido considerados como preventivos e também vêm sendo usados no controle
de doenças crônicas. Estes alimentos regulam processos vitais específicos, como
o aumento dos mecanismos biológicos de defesa do organismo contra influências
ambientais, prevenção de doenças, influência positiva nas condições físicas e
mentais, e redução do processo de envelhecimento (PERIBANEZ GONZALEZ,
2008).
4
2.2 ALIMENTOS FUNCIONAIS E NUTRACÊUTICOS
5
que oferecem, podendo atuar em seis áreas do organismo (nos sistemas
gastrointestinal, cardiovascular, no metabolismo de substratos, no crescimento, no
desenvolvimento e diferenciação celular, no comportamento das funções
fisiológicas e como antioxidantes) (SOUZA et al., 2003).
Inúmeros produtos têm sido caracterizados como alimentos funcionais,
compreendendo compostos que podem afetar diversas funções corpóreas,
significativas para o bem-estar e também para a saúde e redução do risco de
doenças. Na maioria dos casos, esta classe de compostos tem o principal papel
mais concentrado na redução dos riscos do que na prevenção de doenças
(MORAES & COLLA, 2006). Na Tabela 1 encontra-se um resumo dos compostos
ativos dos alimentos funcionais, suas fontes e efeitos no organismo.
Apesar de o Brasil necessitar de mais informação e aprofundamento em
relação aos alimentos funcionais, é um país emergente com grande potencial de
crescimento no consumo destes alimentos. Este fato reforça a necessidade de
pesquisa de consumo em território nacional, o que poderá servir de base para a
criação de estratégias por parte da indústria, de modo a garantir competitividade
através do conhecimento das necessidades do consumidor deste segmento
(EUROMONITOR, 2007; BARCELLOS, 2009).
6
Tabela 1: Composto ativo, efeitos fisiológicos e principais fontes de alimentos funcionais
(Modificado de ANJO, 2004).
TERPENÓIDES
Carotenoides Atividade antioxidante e Frutas (melancia, mamão, melão,
anticancerígena (útero, próstata, damasco, pêssego), verduras
mama, cólon, reto e pulmão). (cenoura, espinafre, abóbora,
brócolis, tomate, inhame, nabo).
Fitoesteróis Redução dos níveis de colesterol Óleos vegetais, sementes, nozes,
total e LDL colesterol. algumas frutas e vegetais.
Fenólicos
Ácido fenólico Atividade antioxidante Frutas (uva, morango, frutas cítricas),
vegetais (brócolis, repolho, cenoura,
berinjela, salsa, pimenta, tomate,
agrião), chá.
Flavonoides Atividade antioxidante, redução do Frutas cítricas, brócolis, couve,
risco de câncer e de doença tomate, berinjela, soja, abóbora,
cardiovascular. salsa, nozes cereja.
Isoflavonas Inibição do acúmulo de estrogênio, Leguminosas (principalmente soja),
redução das enzimas legumes.
carcinogênicas.
Catequinas Atividade antioxidante, redução do Uva, vinho tinto, morango, chá verde,
risco de doença cardiovascular. chá preto, cacau.
Ácidos graxos ω3 e Redução do risco de câncer e de Peixes de água fria, óleo de canola,
ω6 doenças cardiovasculares, redução linhaça e nozes.
da pressão arterial.
7
2.2.2 Compostos Nutracêuticos
8
minerais, vitaminas antioxidantes e outros antioxidantes (glutationa, selênio)
(ANDLAUER & FÜRST, 2002). Exemplos são apresentados na Tabela 2.
9
2.2.2.1 Fibras Dietéticas
10
o aumento da excreção de ácidos biliares e propriedades antioxidantes e
hipocolesterolêmicas (RODRIGUEZ et al., 2003).
As FDI são geralmente mais resistentes à fermentação do cólon do que as
FDS. Carboidratos dietéticos, especificamente os amidos resistentes e fibra
dietética, são substratos para a fermentação que produz ácidos graxos de cadeia
curta (ácidos acético, butírico e propiônico). Esses ácidos agem baixando o pH do
cólon, reduzindo assim a população de potenciais agentes patogênicos, além
disso, o acetato é rapidamente absorvido e transportado para o fígado, enquanto o
propionato é um substrato para a gluconeogênese hepática e o butirato atua como
o combustível preferido dos colonócitos e também desempenha um papel
importante na regulação da proliferação e diferenciação celular (NAPOLITANO et
al., 2009).
As fibras solúveis compreendem as pectinas e hemiceluloses. Estas tendem
a formar géis em contato com água, aumentando a viscosidade dos alimentos
parcialmente digeridos no estômago (PIMENTEL et al., 2005). São responsáveis
por diminuírem a absorção de ácidos biliares, reduzindo os níveis séricos de
triglicerídeos, colesterol e insulina. Uma característica fundamental da fibra solúvel
é sua capacidade em ser metabolizada por bactérias, com a conseguinte produção
de gases (flatulência) (RODRÍGUEZ et al., 2003).
• Pectina
11
as pectinas são compostas por uma cadeia linear de ácido galacturônico ligado
por associação α(1,4) em uma cadeia polissacarídea (Figura 2). Além dos ácidos
galacturônicos apresentam outros açúcares neutros como ramnose, rucose,
ribose, arabinose, manose e galactose (BRANDÃO & ANDRADE, 1999). Muitas
das unidades do ácido galacturônico são esterificadas com metanol e o grupo
éster pode ser facilmente removido pela ação de enzimas (MAY, 1997).
12
crescimento, amadurecimento, armazenamento e processamento (BRANDÃO &
ANDRADE, 1999).
O teor de pectina varia de 15 a 25 g/100g de acordo com o tipo de tecido das
plantas, sendo a maçã, beterraba e girassol, as principais fontes dessa fibra. A
quantidade de pectina em citros e outras frutas varia dependendo do clima, do
solo e outros fatores, como método de extração e maturidade do fruto
(FERNANDEZ, 2001).
13
Figura 3: Estrutura química dos principais fruto oligossacarídeos: 1-kestose
(A), nistose (B) e frutofuranosil nistose (C) (YUN, 1996).
14
2.2.2.2 Antioxidantes
• Vitaminas Antioxidantes
15
antioxidante de reciclar a vitamina E no processo de peroxidação lipídica das
membranas e lipoproteínas; age como cofator de várias enzimas envolvidas na
hidroxilação pós-tradução do colágeno; é importante na absorção do ferro
dietético, devido a sua capacidade de reduzir a forma férrica (Fe3+) a ferrosa
(Fe2+), propiciando absorção do ferro não-heme no trato gastrointestinal; é um
potente agente redutor (Eo’= -170mV), capaz de reduzir a maioria das espécies
reativas de oxigênio e nitrogênio (ROS/RNS) fisiologicamente relevantes; tem a
habilidade em detoxicar substâncias carcinogênicas (STAHL & SIES, 1997;
SOUSA et al., 2007; CERQUEIRA et al., 2007).
• Polifenóis
16
isoflavonas. Existem grandes variações estruturais nestas classes, dependendo
do nível de hidrogenação, hidroxilação, metilação e sulfonação das moléculas.
Além disso, flavonoides formam complexos com açúcar, lipídios, aminas e ácidos
carboxílicos (SUN et al., 2002).
Pode-se encontrar o polifenol na forma livre (monômeros à decâmeros, que
inclui proantocianinas e taninos hidrolisáveis juntamente com flavonoides, ácidos
fenólicos, estilbenos e outros) ou associado à fibra dietética, polifenóis
poliméricos, incluindo proantocianidinas e os hidrolisáveis ou polifenóis de baixo
peso molecular ligados a constituintes da parede celular (polissacarídeos e
proteína) ou presos no interior das matrizes de fibras (SAURA-CALIXTO, 2010).
Os polifenóis associados à fibra dietética são uma parte importante dos
polifenóis da dieta, encontrados em todos os alimentos vegetais, com conteúdo
geralmente maior em frutas e verduras, ocorrendo em fibras insolúveis sob a
forma de taninos condensados (proantocianidinas) e fenóis hidrolisáveis, e nas
fibras solúveis incluindo uma pequena fração de flavonoides e ácidos fenólicos.
São compostos bioativos com propriedades de saúde potenciais geralmente
pouco estudados, tendo a maior parte das pesquisas em polifenóis de alimentos
abordando exclusivamente os de forma livre (SAURA-CALIXTO et al., 2007; GOÑI
et al., 2009).
• Carotenoides
17
os hidrocarbonetos licopeno e β-caroteno, e as xantofilas, astaxantina,
cantaxantina, luteína e zeaxantina (EL-AGAMEY et al., 2004).
A biodisponibilidade dos carotenoides é dependente da ingestão por meio da
dieta, digestão, liberação, absorção, distribuíção para os órgãos e tecidos, eles
devem atingir o sítio de atuação e ser excretados em seguida. Diversos fatores
interferem na biodisponibilidade dos carotenoides, tais como: a quantidade
ingerida, estrutura do carotenoide, competição entre carotenoides, estado
nutricional do indivíduo, ingestão de gordura, fibra, antioxidantes, processamento
de alimentos e tamanho da partícula (OSLON, 1999).
As estruturas dos carotenoides, principalmente o sistema de duplas ligações
conjugadas, são as bases de suas propriedades antioxidantes, tornando possível
a captação de radicais livres, principalmente o radical alquilperoxila (ROO•), além
de captar energia do oxigênio singlete, que volta ao estado fundamental (O2). O
carotenoide excitado resultante libera energia baixa e, portanto, inofensiva ao meio
celular (DI MASCIO et al., 1989; YOUNG & LOWE, 2001; TAPIERO et al., 2004).
Os carotenoides precursores da vitamina A, α- e β-carotenos e a β-
criptoxantina, são considerados antioxidantes e seus efeitos benéficos à saúde
estão relacionados a esta propriedade. A atividade antioxidante do β-caroteno
consiste na sua capacidade de reduzir significativamente os efeitos causados por
espécies reativas formadas normalmente no organismo, como aquelas de oxigênio
e nitrogênio, além da habilidade para exterminar o oxigênio singlete, que é
extremamente reativo nos radicais livres (IOM, 2000; AMANCIO, 2011).
Diversos estudos têm demonstrado que uma dieta saudável, que inclui
grandes quantidades de frutas frescas e vegetais, apresenta forte associação
entre fitonutrientes de frutas e verduras e a redução no risco de câncer e outras
doenças crônicas, associação essa que possivelmente é atribuída à atividade
biológica dos nutrientes que constituem a dieta (WISE, 2001).
18
Estudo realizado por Gundgaard et al. (2003) relata que a ingestão média
diária de frutas e hortaliças entre 400 g e 500 g aumentou a expectativa de vida da
população dinamarquesa analisada em 0,8 e 1,3 anos, respectivamente ao
consumo. Além disso, o estudo estimou que 19% a 32% da incidência de câncer
pode ser evitada ao manter uma dieta rica em frutas e hortaliças.
Conforme descrito pelo programa “5 ao Dia” (2012), as frutas e hortaliças são
divididas em grupos de cores, cada qual, com seu conjunto de benefícios:
− Vermelhos: possuem fontes de carotenoides (precursores da vitamina A)
como o licopeno, que ajuda na prevenção do câncer de próstata. Esses alimentos
fazem bem ao coração, memória, previnem o câncer e fortalecem os olhos e pele.
− Laranjas: os alimentos dessa cor são fontes de carotenoides e também
são ricos em vitamina C, que é o antioxidante fundamental para a proteção das
células. Ajudam a manter a saúde do coração, da visão e do sistema imunológico.
− Roxos: contém niacina (vitamina do Complexo B), minerais, potássio e
também vitamina C. Mantém a saúde da pele, nervos, rins e aparelho digestivo e
retardam o envelhecimento.
− Verdes: são ricos em cálcio, fósforo e ferro. Promovem o crescimento e
ajudam na coagulação do sangue, evitam a fadiga mental, auxiliam na produção
de glóbulos vermelhos do sangue, além de fortalecer ossos e dentes.
− Brancos: possuem vitaminas do complexo B e os flavonoides, que atuam
na proteção das células. Auxiliam na produção de energia, no funcionamento do
sistema nervoso e inibem o aparecimento de coágulos na circulação (5 AO DIA,
2012).
19
químicas (polaridade, solubilidade, capacidade de formar pontes de hidrogênio,
potencial de oxidorredução) que irão determinar tanto o tipo como a eficiência de
atividade, assim como o meio e a estrutura celular em que podem atuar
(OLIVEIRA & BASTOS, 2011).
Os compostos bioativos são geralmente relacionados com os sistemas de
defesa das plantas contra a radiação ultravioleta ou as agressões de insetos ou
patógenos sendo, em sua maioria, metabólitos secundários (MANACH et al.,
2004).
Classificam-se os fitoquímicos como carotenoides, fenólicos, alcaloides,
compostos nitrogenados e compostos organossulfurados (Figura 4), sendo que os
fenólicos e carotenoides têm sido mais estudados. Estima-se que mais de 5000
fitoquímicos individuais tenham sido identificados em frutas, vegetais e grãos, mas
uma grande porcentagem ainda continua desconhecida e precisa ser identificada
antes que possamos compreender plenamente os benefícios de saúde por
fitoquímicos em alimentos integrais (LIU, 2003; LIU, 2004).
Essas substâncias exercem várias ações do ponto de vista biológico, como
atividade antioxidante, modulação de enzimas de destoxificação, estimulação do
sistema imune, redução da agregação plaquetária, modulação do metabolismo
hormonal, redução da pressão sanguínea, e atividade antibacteriana e antiviral
(CARRATU & SANZINI, 2005).
A existência de uma relação entre o consumo de frutas frescas e vegetais e a
menor incidência de cânceres originários em epitélios de revestimento (de
cavidade bucal, de esôfago, de estômago e de pulmão) vem sendo demonstrada
através de evidências epidemiológicas. Também tem sido comprovada a proteção
da vitamina A contra o câncer da cavidade bucal, faringe, laringe e pulmão, e a
possível diminuição do risco de desenvolver o câncer pela vitamina E. Mas não há
evidências de que a maior ingestão de vitamina C possa prevenir câncer intestinal,
apesar do bloqueio da formação endógena de nitrosaminas no trato
gastrointestinal (INCA, 2007).
20
Fitoquímicos
Compostos Compostos
Carotenoides Fenólicos Alcaloides
Nitrogenados Organossufurados
á-Caroteno Isotiocianatos
Ácidos
â-Caroteno Flavonoides Estibenos Cumarinas Taninos Indóis
Fenólicos
â-Criptoxantina Compostos de
enxofre alílicos
Luteína
Zeaxantina
Astaxantina
Licopeno
Ácidos Ácidos
Flavanóis
Hidroxi- Hidroxi- Flavonóis Flavonas Flavanonas Antocianidinas Isoflavonoides
(Catequinas)
benzóicos cinâmicos
Catequina Genisteína
Quercetina Apigenina Eriodictiol Cianidina
Gálico p-Cumárico Epicatequina Daidzeína
Canferol Crisina Esperitina Pelargonidina
Protocatecúico Caféico Epigalocatequina Gliciteína
Miricetina Luteolina Naringenina Delfinidina
Vanílico Ferúlico Epicatequina Formononetina
Galangina galato Peonidina
Siríngico Sinápico
Fisetina Epigalocatequina Malvidina
galato
21
substâncias bioativas, a recomendação de ingestão diária de frutas e hortaliças
representa um aumento na disponibilidade destes compostos, devido à relação
entre o consumo dos vegetais com a ingestão de compostos bioativos benéficos à
saúde (AMES, 1998; FALLER & FIALHO, 2009).
2.2.3.1 Frutas
Tropicais 1.034.708
Subtropicais 928.552
Temperadas 135.857
TOTAL 2.099.117
Legenda: ha – hectares.
22
De acordo com dados da FAO (2012), as principais frutas tropicais são
abacaxi, manga, abacate e mamão. Os produtores de manga principais são: a
Índia, Tailândia e de abacaxi: México Filipinas, Tailândia e China. O abacate é
produzido no México, Indonésia e Estados Unidos, e o mamão na Índia, Brasil e
México, principalmente.
Em relação à produção de frutas tropicais consideradas secundárias está
concentrada nas Filipinas, Indonésia e Índia. Os maiores exportadores de manga
são o México, Índia e Brasil; de abacaxi: Costa Rica e Filipinas; exportadores de
abacate: Chile, México e Israel; e o mercado de mamão é dominado pelo México,
Malásia e Brasil. A importação de frutas frescas tropicais secundárias (lichia,
rambotã, goiaba, entre outras) concentra-se em três países: Hong Kong, Tailândia
e Malásia (FAO, 2012).
Na Tabela 4 observa-se a área plantada com as principais frutíferas
cultivadas no Brasil em 2006 (FACHINELLO & NACHTIGAL, 2013).
A fruticultura brasileira vem se expandindo nos últimos 15 anos, com saldos
positivos crescentes e com impacto amplamente favorável no desenvolvimento
econômico do País, apresentando um aumento no ano de 2008 de 4,5% na
produção de frutas frescas e de 11,5% das frutas processadas, em relação ao ano
anterior (ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 2009).
Existem diversas oportunidades para o lançamento de novos produtos à
base de frutas e hortaliças no mercado já que, além de serem consumidas in
natura, as frutas podem ser utilizadas como matéria-prima por indústrias
processadoras de alimentos, congeladas ou minimamente processadas
(TEIXEIRA et al., 2006).
23
Tabela 4: Área plantada das principais espécies frutíferas
no Brasil no ano de 2006 (Modificada de IBGE, 2007).
Laranja 813.354
Banana 511.181
Coco 294.161
Manga 78.484
Uva 75.385
Abacaxi 68.495
Tangerina 60.993
Limão 47.085
Maracujá 45.327
Mamão 37.060
Maçã 36.107
Pêssego 22.453
Goiaba 15.045
Abacate 10.515
Figo 3.020
Legenda: ha – hectares.
• Banana
24
Diversos fatores contribuem para a boa aceitação da banana (Figura 5)
como seus aspectos sensoriais e valor nutricional, fonte energética devido à
presença de carboidratos além de minerais (potássio, cálcio, fósforo, ferro) e
vitaminas (A, B1, B2 e C), ausência de suco e de sementes duras na polpa,
disponibilidade durante todo o ano, além de possuir uma “embalagem” individual,
de fácil remoção, higiênica e, portanto, prática e conveniente (LICHTEMBERG,
1999).
• Laranja
25
relacionada com as condições climáticas e maturidade da fruta (KOROISHI, 2005).
A laranja ‘Pera’, Citrus sinensis (L.) Osbeck, (Figura 6) é a mais importante
variedade cítrica brasileira, sendo utilizada pela indústria e para os mercados
internos e externos de fruta fresca, tem um rendimento industrial muito bom para a
indústria, e as qualidades de seu suco a tornaram preferida tanto para a indústria
quanto para o mercado consumidor brasileiro de fruta fresca para o consumo
direto, extração e consumo local do suco (DONADIO, 1999).
26
• Limão
• Maçã
27
representando aproximadamente 22% do total de fenóis consumidos per capita
nos Estados Unidos (VINSON et al., 2001). De acordo com Liu et al. (2005),
apenas 100 g de maçã fresca possuem uma atividade antioxidante equivalente a
1700 mg de vitamina C e os estudos desenvolvidos vêm comprovando seus
inúmeros benefícios à saúde humana.
• Manga
28
dentre as cultivares de importância comercial, a Tommy Atkins é a mais plantada e
exportada pelo país (MARQUES et al., 2010).
• Pera
29
seguida pelos Estados Unidos, Itália, Espanha, Argentina. O Brasil ocupa a 46°
posição no ranking mundial, com produção de apenas 0,08% da produção mundial
(FAO, 2012).
2.2.3.2 Hortaliças
30
− Hortaliças-folhosas: alface, almeirão, agrião, espinafre, couve, cebolinha,
salsa, rúcula;
− Hortaliças-flores: couve-flor, couve brócolos;
− Hortaliças-frutos: berinjela, jiló, abóbora, quiabo, chuchu, tomate,
pimentão, pepino;
− Hortaliças-tubérculos: batata; cará;
− Hortaliças-raízes: cenoura, beterraba, rabanete, nabo, batata-doce;
− Hortaliças-bulbos: cebola, alho;
− Hortaliças-rizomas: inhame;
− Hortaliças-hastes: aspargo, aipo ou salsão;
− Hortaliças-condimentos: cebolinha, coentro, pimenta, salsa, manjericão,
hortelã.
• Couve
31
É popularmente conhecida no Brasil como couve manteiga (Figura 11) ou
couve de folhas. Apresenta um cultivo típico de outono e inverno, mas com
tolerância ao calor, podendo ser plantada durante o ano todo em diferentes
regiões do Brasil (CATÁLOGO BRASILEIRO DE HORTALIÇAS, 2011). De acordo
com Camargo et al. (2008), em 2006, a área plantada de couve no estado de São
Paulo era de 1200 ha, aumentando para 1424 ha em 2007, com produtividades de
26,7 e 28,8 toneladas por hectare, respectivamente.
32
• Couve-flor
• Hortelã
33
Figura 13: Hortelã (Mentha s.p.).
Várias espécies de Mentha têm sido investigadas, tanto por suas atividades
biológicas como também pelos óleos essenciais produzidos por suas folhas, o
qual é rico em mentol (50 - 70%), de larga aplicação na indústria de alimentos,
farmacêutica e de higiene, além de mentofurona, pineno, limoneno e cânfora,
tanino, ácidos orgânicos, flavonoides e heterosídios (MARTINS et al., 1994;
MARTINS et al., 2002).
Destacam-se pelo uso em chás com efeito medicinal, conhecidos
principalmente pelo seu sabor característico e aroma refrescante, por
apresentarem indicação digestiva, estimulante e tônica em geral. É carminativa,
antiespasmódica, estomáquica, expectorante, antisséptica, colerética, colagoga e
vermífuga. Usada também na alimentação como condimento, e industrialmente é
extraída uma essência, geralmente empregada na perfumaria e na fabricação de
bebidas e doces (MAIA, 1958; MARTINS et al., 2002).
As espécies mais cultivadas no Brasil são a Mentha arvensis e a Mentha
spicata, pois ambas são bem adaptadas ao clima subtropical (temperaturas entre
18 e 24ºC), apesar de suportarem temperaturas de até 40ºC na máxima e 5ºC na
mínima (CORRÊA JUNIOR, 1994).
• Repolho
34
tomate). Na Europa, Portugal e Espanha apresentam os maiores consumos por
habitante, e no Brasil o repolho (Brassica oleracea var. capitata L.) é a brássica
mais consumida. A cultura do repolho (Figura 14) tem importância em grande
parte do território nacional, com maiores concentrações de cultivos em cinturões
verdes próximos de capitais e nas regiões serranas (DE ARAGÃO et al., 2013).
35
alimento específico ou suplemento dietético, deve-se conhecer ainda mais a sua
disponibilidade. Exemplo deste fato são os polifenóis, os quais são os mais
abundantes em nossa dieta, mas não são necessariamente aqueles que têm o
melhor perfil de biodisponibilidade (D'ARCHIVIO et al., 2010).
Além de não ser biodisponível in vivo, um bioativo também pode ser
rapidamente metabolizado e excretado, tornando-se ineficaz. Uma abordagem
completa sobre a atividade biológica dessas substâncias deve abranger o estudo
da sua biodisponibilidade, englobando a absorção, distribuição, o metabolismo, o
tempo de meia vida efetiva, os mecanismos de ativação e inativação e a excreção
do composto em questão. Certamente, poucos compostos bioativos foram
adequadamente estudados sob este ponto de vista (HORST & LAJOLO, 2012).
No caso da Nutrição, a biodisponibilidade pode ser definida como a fração do
nutriente, ou composto bioativo, que está disponível para ser utilizado em funções
fisiológicas ou ser armazenado, ou seja, fração do alimento que nosso organismo
é capaz de utilizar efetivamente. Dessa forma, o termo “biodisponibilidade”
engloba aspectos relacionados à ingestão, absorção, metabolismo, distribuição
aos tecidos e bioatividade (PARADA & AGUILERA, 2007).
Bioatividade aborda eventos ligados à forma como os compostos bioativos
são transportados e atingem os tecidos-alvos, ou seja, como eles interagem com
as biomoléculas, o metabolismo ou biotransformação que podem sofrer, e a
geração de um marcador biológico e a resposta fisiológica que provocam
(FERNANDEZ-GARCIA et al., 2009).
Diversos fatores, quando avaliados em conjunto, respondem pelas variações
intra e interindividuais na biodisponibilidade de um determinado composto bioativo
de alimentos: a complexidade da matriz alimentícia, a forma química do composto
de interesse, estrutura e quantidade de outros compostos ingeridos
concomitantemente (fatores exógenos) e ainda o tempo de trânsito intestinal,
esvaziamento gástrico, metabolismo do composto e grau de conjugação, possíveis
interações com proteínas na circulação sanguínea e tecidos, composição da
microflora intestinal e o perfil genético do indivíduo (fatores endógenos). (;
36
SCHOLZ & WILLIAMSON, 2007; HOLST & WILLIAMSON, 2008; CROZIER et al.,
2009).
Alguns compostos bioativos apresentam baixa biodisponibilidade,
especialmente quando comparada à de macronutrientes, devido ao fato de o
organismo reconhecer esses compostos como xenobióticos. Este fato ocorre pela
incapacidade do organismo distinguir compostos com potencial benéfico, tóxico ou
neutro, diferenciando apenas se os compostos são ou não nutrientes.
Similarmente ao que ocorre com os micronutrientes, somente parte dos
compostos bioativos não nutrientes é absorvido/metabolizado, a exemplo da
absorção dos polifenóis estimada entre 1% e 60% do total ingerido (BASTOS et
al., 2009).
Manach et al. (2005) compilaram dados a partir de estudos de maior
relevância, e publicaram uma revisão na qual foram avaliados 97 estudos de
várias classes de polifenóis, nomeadamente, antocianinas, flavonóis, flavanonas,
monômeros flavonol, proantocianidinas, isoflavonas, ácidos hidroxicinâmicos e
hidroxibenzóicos. Concluiram que a biodisponibilidade varia amplamente entre os
polifenóis e, para alguns destes compostos, entre as fontes alimentares,
dependendo das formas que contêm.
A biodisponibilidade pode ser avaliada por métodos in vivo ou in vitro, sendo
este último baseado em modelos experimentais que simulam a fisiologia humana.
Quando comparados a estudos in vivo, os modelos in vitro têm como vantagem a
facilidade, baixo custo e reprodutibilidade, a possibilidade da avaliação do grau de
liberação destes compostos a partir da matriz alimentar, estabilidade frente ao
processo digestório, além de poder estimar a quantidade realmente disponível
para possível absorção pelo epitélio gastrointestinal (GRANADO-LORENCIO et
al., 2007).
Define-se bioacessibilidade como a fração do composto liberada da matriz
alimentar no trato gastrointestinal a qual se torna disponível para absorção, ou
seja, a bioacessibilidade considera toda a sequência de eventos que ocorre
durante a transformação do alimento em função da ação do processo digestório
37
(PARADA & AGUILERA, 2007).
Muitas vezes os termos biodisponibilidade e bioacessibilidade são utilizados
indistintamente, mas é importante salientar que a biodisponibilidade inclui os
conceitos de bioatividade, bem como bioacessibilidade. A determinação da
bioacessibilidade fornece informações importantes na seleção da quantidade
apropriada e as matrizes de alimentos adequadas para assegurar a qualidade
nutricional dos produtos alimentares e também pode ser utilizada como ferramenta
de apoio na estimativa de medições de bioatividade e compostos potencialmente
bioativos, na investigação de seus possíveis benefícios à saúde (GIORI, 2010).
Pelo fato de existirem efeitos sinérgicos nas misturas de polifenóis contidos
na matriz de cada alimento testado, são difíceis de obter conclusões definitivas
sobre a biodisponibilidade e bioatividade de um único composto fenólico
(D'ARCHIVIO et al., 2010).
38
Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (ABIR), o mercado brasileiro foi
influenciado por muitas das tendências de consumo globais onipresentes como: a
consciência saudável; aumento do poder aquisitivo; consumo de conveniência
(“on-the-go”); bebidas funcionais; explosão das vendas de bebidas de baixa
caloria. Todos estes fatores estão encabeçando o crescimento do mercado de
bebidas funcionais no Brasil (ABIR, 2009).
Na última década, o mercado de bebidas funcionais cresceu
consistentemente, com um maior aumento nos últimos anos. De acordo com o
Datamonitor, o mercado global de bebidas não alcoólicas está avaliado em quase
US$ 500 bilhões, sendo que a Europa corresponde a US$ 189 bilhões, e com
rápido crescimento do mercado chinês com uma taxa geral de 77% ao longo da
última década (FORTITECH, 2011).
Acima de 83% dos britânicos consome suco de frutas, bebidas de sucos e
smoothies, e uma alta proporção de consumidores bebe pelo menos uma vez por
semana. Dada a maturidade do mercado, há uma grande inovação de produtos a
qual tem tornado o mercado dinâmico e altamente competitivo (MINTEL, 2013).
39
esses sucos apresentam preferência limitada ou sabor pouco palatável. Essas
misturas são formuladas buscando a criação de bebidas funcionais, refrescantes,
agradáveis e naturais; proporcionando um novo tipo de sabor e/ou sensação e
sensações especiais “texturalmente modificadas”; garantir a existência desses
alimentos durante o ano todo, sendo uma boa maneira de utilização do excesso
de produção desses componentes (KOON, 2000; PSZCZOLA, 1995).
O órgão responsável pela regulamentação de produtos de origem vegetal no
Brasil é o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A Lei nº
8918 do MAPA define suco misto como o suco obtido pela mistura de duas ou
mais frutas e das partes comestíveis de dois ou mais vegetais, ou dos seus
respectivos sucos, sendo a denominação constituída da palavra suco, seguida da
relação de frutas e vegetais utilizados, em ordem decrescente das quantidades
presentes na mistura (BRASIL, 1994).
Bebidas temperadas também estão ganhando importância no mercado na
forma de drinks de frutas/polpas/aperitivos/bebidas saudáveis, entre outros
produtos. Estudos relatam que a qualidade organoléptica de bebidas prontas para
servir poderia ser aumentada pela adição de extratos de especiarias como, por
exemplo, gengibre, pimenta preta, hortelã, cardamomo e cominho. Estas
especiarias, além de serem saborosas, possuem propriedades medicinais e
terapêuticas, que tem um efeito profundo sobre a saúde humana, já que afetam
muitos processos funcionais (JOSHI et al., 1993; GOWDA & JALALI, 1995;
BHARDWAJ & PANDEY, 2011).
Diversos motivos têm motivado e aumentado o consumo de sucos mistos de
frutas e hortaliças industrializados, como a falta de tempo para preparar suco das
frutas in natura, a praticidade oferecida pelos produtos processados, preocupação
com o consumo de alimentos mais saudáveis e, por este motivo, a substituição
das bebidas carbonatadas por sucos nutritivos. Suco mistos naturais também
podem se tornar um novo hábito devido às diversas combinações de cores,
sabores e aromas, além das possíveis propriedades funcionais que apresentam
(MATSUURA & ROLIM, 2002; LIERMANN, 2012).
40
Quase 60% dos adultos do Reino Unido consomem sucos puros de frutas e
hortaliças, e as vendas destes aumentaram em 15%, entre 1999 e 2004. A NDNS
(National Diet and Nutrition Survey) do Reino Unido informou em 2002 que o
consumo médio de sucos puros de frutas e hortaliças foi de 106 g/dia, sendo que
os homens consumiram um pouco mais do que as mulheres. O pico de ingestão
encontra-se entre aqueles com idade entre 25-34 anos e, posteriormente,
diminuindo com a idade (HENDERSON & GREGORY, 2002; MINTEL, 2004).
Há inúmeros relatos na literatura sobre o benefício de sucos verdes
comerciais, contendo couve, assim como outros vegetais folhosos verdes escuros
em associação (FAGUNDES, 2012). Diversos estudos investigaram os efeitos do
processamento em diferentes sucos puros de frutas e hortaliças, avaliando, entre
outros fatores, o impacto sobre a atividade antioxidante e os níveis de compostos
fenólicos, além da estabilidade durante o armazenamento, avaliação sensorial e
biodisponibilidade in vivo.
Quinteros (1995) investigou a estabilidade de duas formulações de néctares
acerola-cenoura, processadas a escala piloto e armazenadas sob condições
ambientais durante um período de seis meses. Algumas características dos
néctares tais como pH, ºBrix, acidez titulável, açúcares redutores e não redutores
permaneceram inalterados durante o período do estudo, não foi detectada a
presença de microrganismos e a análise sensorial realizada pelos provadores não
detectou mudanças significativas dos atributos sensoriais no decorrer do
armazenamento.
Koon (2000) formulou um néctar misto de frutas e hortaliças composto pelos
sucos de beterraba, cenoura e carambola e polpa de morango, na proporção final
de 2:2:1:2, respectivamente, com brix final de 13º, fonte de potássio e ferro. O
néctar foi enlatado e um estudo da vida de prateleira foi realizado durante 6
meses, onde foram analisadas sensorial, microbiológica, física e fisico-
quimicamente. Na análise sensorial, o produto final obteve médias consideradas
boas para aparência e aceitação global, sendo um produto palatável, o qual teve
uma indicação de vida de prateleira de três meses, período em que as
41
características físicas, químicas, microbiológicas e sensoriais apresentaram boa
estabilidade à temperatura ambiente.
Dhaliwal & Hira (2001) relataram que formulações de sucos e bebidas
através de misturas de frutas e hortaliças (cenoura, beterraba, cenoura preta,
limão e gengibre) são possíveis para satisfazer o gosto e preferência dos
consumidores. Estes sucos podem ser armazenados de forma eficaz durante um
período de 3 meses sem qualquer mudança no pH, acidez, sólidos totais,
densidade, viscosidade, contagem total de bactérias, açúcares, taninos e minerais.
Kang et al.(2004) mostraram resultados referentes à uma ação protetora do
suco verde comercial de vegetais contra o câncer. Eles observaram uma
diminuição de dano oxidativo ao DNA humano após avaliar vinte indivíduos
fumantes tratados com suco verde durante oito semanas.
Bradi et al. (2005) demonstraram uma ação quimiopreventiva do suco verde
em linhagens celulares de câncer de mama humano, observando uma supressão
da proliferação celular.
Branco et al. (2007) elaboraram um blend de suco de laranja e cenoura (com
diferentes teores, 5 e 25%) e concentrado a diferentes teores de sólidos solúveis
(15 e 30 ºbrix), selecionando através de análise sensorial a formulação com 5% de
cenoura e 15 ºbrix. Concluiu-se que o processo de concentração e o
armazenamento, pelo período de 60 dias, acarretaram na redução significativa dos
conteúdos de ácido ascórbico e carotenoides totais.
Sousa et al. (2010) desenvolveram formulações de néctares mistos de frutas
tropicais (caju, manga e acerola), acrescidos de diferentes concentrações de
extratos de Ginkgo biloba, Panax ginseng e misturas de Ginkgo biloba e Panax
ginseng, avaliaram características sensoriais, físico-químicas e químicas dos
néctares selecionados. Como resultados, observaram que a adição dos extratos
não afetou a composição química dos néctares, os quais apresentaram
quantidades elevadas de vitamina C, carotenoides, fenólicos totais e antocianinas.
Borges et al. (2010) desenvolveram uma bebida rica em polifenóis, como um
meio conveniente de fornecimento de polifenóis adicionais à dieta, e investigaram
42
a biodisponibilidade do seu vasto espetro de constituintes através da realização de
um estudo in vivo, com coleta de plasma e urina durante 24 horas e análise por
HPLC-PDA-MS. Observou-se que a combinação de compostos polifenólicos na
bebida são absorvidos e excretados a uma extensão similar, quer ingeridos
individualmente ou em conjunto, em uma única bebida. Concluindo-se que a
bebida rica em polifenóis pode fornecer a mistura pretendida de polifenóis
biodisponíveis, sem que, para isso, seja necessário o consumo de vários
alimentos diferentes.
Leone et al. (2011) desenvolveram um suco misto de frutas e hortaliças,
composto por 21,8% de polpa de uva, 14% de polpa de azedinha e 4,2% de polpa
de acerola. Este suco foi avaliado quanto à atividade antioxidante e aos valores de
luteína, compostos fenólicos e vitamina C, durante 100 dias de armazenamento.
Após 100 dias de armazenamento, o suco misto possuía boa atividade
antioxidante, mantendo suas propriedades bioativas de auxílio na prevenção de
doenças causadas pelos radicais livres.
Liermann et al. (2012) analisaram algumas características físico-químicas de
duas formulações de uma bebida mista de couve e limão, comparando o método
de cultivo orgânico com o convencional. Os resultados apresentados
demonstraram que a união da couve e do limão contribui para o aumento do pH
melhorando a palatabilidade do suco, em relação ao suco puro de limão; as
formulações feitas a partir de produtos orgânicos apresentaram maiores valores de
pH, menores de acidez titulável, sugerindo maior susceptibilidade a
microrganismos deterioradores; e o tratamento “orgânico sem casca” apresentou
maior relação ratio entre os demais.
George et al. (2012) investigaram os efeitos do consumo diário de frutas e
hortaliças, através de bebidas baseadas em purês, na vasodilatação,
biodisponibilidade fitoquímica, status antioxidante e outros fatores de risco de
doenças cardiovasculares. Realizou-se um estudo in vivo onde sangue e urina
foram coletados antes e após cada intervenção e a vasodilatação avaliada. No
geral, os resultados obtidos no estudo mostraram que as bebidas baseadas em
43
purês de frutas e hortaliças são um veículo útil para aumentar a ingestão de frutas
e hortaliças, aumentando significativamente as concentrações de fitoquímica
dietéticos e plasmáticos, com uma tendência para o aumento da vasodilatação
endotélio-dependente.
De acordo com Houchins et al. (2012), os efeitos de frutas e hortaliças nas
formas bebidas versus sólida sobre o apetite humano e ingestão de alimentos,
aguda e cronicamente, não são claras. Foi realizado um estudo in vivo que avaliou
classificações apetitivas após a inclusão de frutas e hortaliças, em formas sólidas
e bebidas, na dieta habitual de adultos magros saudáveis e com
sobrepeso/obesos, com baixo consumo habitual. Na forma aguda, os participantes
com sobrepeso/obesidade relataram menores reduções de fome após o consumo
da pré-carga de fruta em bebida comparada com a forma sólida. Os participantes
também consumiram significativamente menos da dieta de teste (tanto grama
quanto energia) após a ingestão da pré-carga de fruta sólida. No entanto, a
latência da refeição subsequente não foi significativamente diferente entre as pré-
cargas de frutas sólidas ou bebida. A ingestão total de energia diária foi
significativamente maior quando os participantes obesos consumiam a pré-carga
de bebida de frutas em comparação com a sólida. A ingestão diária de energia foi
marcada, mas não significativamente maior entre os magros entre as formas
bebida versus alimento sólido. As classificações de fome e saciedade
permaneceram estáveis quando os participantes consumiram frutas e hortaliças
em forma sólida ou bebida durante 8 semanas cada. As respostas apetitivas
agudas pós-ingestivas foram mais fracas após o consumo de frutas em formas de
bebidas versus alimento sólido. Consumo de cargas de frutas e hortaliças nas
formas sólida ou bebida durante 8 semanas não altera cronicamente as respostas
apetitivas.
Bhardwaj & Pandey (2011) apresentaram uma revisão com foco na mistura
de frutas, frutas subutilizadas, hortaliças, plantas medicinais e especiarias na
preparação de bebidas nutritivas à base de frutas e hortaliças naturais. Com base
nos dados analisados, concluíram que a formulação de bebidas pela mistura de
44
frutas, hortaliças e sumos de especiarias é extremamente útil para satisfazer os
gostos e preferências dos consumidores. Estas bebidas tem uma vida de
prateleira mais longa (3-6 meses), sem ter quaisquer infestações microbianas de
sucos. Portanto, há um grande potencial para a utilização e comercialização de
bebidas mistas de frutas, hortaliças e sumos de especiarias como bebida natural e
saudável de frutas muito ou pouco exploradas, não só no mercado interno como
na frente de exportação.
45
sucos, a composição de macronutrientes dos smoothies é similar ao encontrado
em duas porções de fruta, notando-se a similaridade no conteúdo de açúcar (todos
por volta de 30 g). Pôde-se sugerir que a escolha de um smoothie pelo
consumidor como parte do consumo recomendado de 5 porções de frutas e
hortaliças ao dia, teria uma ingestão total de açúcar que não foi significativamente
mais elevada do que se o consumidor escolhesse consumir uma banana e uma
porção de manga ou cereja.
*
COMPOSIÇÃO SMOOTHIE SUCO DE LARANJA
Calorias (kcal) 56 43
Proteína (g) 0,6 0,7
Carboidratos (g) 14,4 9,0
Açúcares (g) 12,1 9,0
Gordura (g) 0,3 0,0
Fibra (AOAC) (g) 1,7 0,1
Vitamina C (mg) 41 30
Antioxidantes ORAC (mmol TE)** 1566 900
46
smoothie manga-pêssego e 1152 ± 62 mg/100 g de purê de acerola rico em ácido
ascórbico. A CAO diferiu dependendo do tipo de fruta e ensaio de antioxidante
usado. Na maioria dos produtos de fruta, a maior parte de CAO foi gerada por
compostos polifenólicos, exceto o purê de acerola e suco de laranja.
Comparando-se smoothies e sucos comerciais, de processamento mais
moderado, as características nutricionais e organolépticas dos vegetais são
melhor preservadas nos smoothies. Considerando-se que é um produto livre de
aditivos e sem adição de açúcar, pode-se estabelecer o smoothie como um
produto de elevado interesse nutricional e conveniência para o consumidor. Os
smoothies ocupam um lugar de destaque em um mercado onde os consumidores
procuram produtos de elevada qualidade organoléptica e nutricional,
convenientes, minimamente processados e de composição simples (KEENAN et
al. 2012a).
47
Figura 15: Análise global do lançamento do produto smoothie (NUNES, 2011).
48
Figura 16 demonstra os principais atributos que têm sido desenvolvidos nos
smoothies em ambos os mercados (NUNES, 2011).
Figura 16: Principais atributos de consumo em smoothies (NUNES, 2011). Legenda: SA/Com
(sem aditivos e sem conservantes; S/Açucar (Sem açúcar adicionado); 100%Rec (suco 100%
reconstituído); Alerg (Alergênicos); S/Glúten (Sem glúten); BebSum (Bebidas de sumo – mais de
25% suco); Org (Orgânico); Nect (Néctar); Nat (Natural); Et (Ético); SauInt (Saúde intestinal);
100%N/Com (100% não concentrado); Des (Desidratado); Econ (Econômico); BaixoCal (Baixo
valor calórico).
49
MINTEL, 2011; KEENAN et al., 2012a).
Pesquisas mais recentes da Mintel (2011) mostram que, ao longo dos anos
de 2006-2011, o mercado de smoothies tem desfrutado de uma explosão real de
energia, com as vendas crescendo por nada menos do que 523%, atingindo 134
milhões de euros em 2006.
Desde 2007, as vendas do smoothie pronto pra beber sofreram um
crescimento extremamente forte, com um aumento de 124% no período de 2007 a
2012, arrecadando por volta 608 milhões de dólares. O crescimento da categoria
foi impulsionado pelo desejo dos consumidores por produtos inovadores,
convenientes e nutritivos que abordassem a nutrição e a saúde (MINTEL, 2012).
Como existe uma baixa saturação do mercado e uma grande concorrência
entre os smoothies feitos por encomenda, os fabricantes dos smoothies prontos
para beber devem difundir seu produto entre todos os segmentos de
consumidores e continuar a desenvolver smoothies inovadores em uma variedade
de formatos que incentive novos usuários e aumente a compra entre
consumidores ocasionais. Esforços também devem ser concentrados para facilitar
a portabilidade e consumo em movimento destas bebidas, pois apenas 41% dos
consumidores ingerem smoothies fora de casa (LLOYD, 2011; MINTEL, 2012).
50
morango, mamão, manga, mirtilo, abacaxi, pêssego, ameixa, laranja (sem casca e
sem semente), açaí, entre outros. Como líquido, usa-se água comum, água de
coco, sucos ou chás.
Di Cagno et al. (2011) criaram um protocolo para processamento e
armazenamento de Red e Green Smoothies (RS e GS), que incluiu fermentação
por bactérias starter ácido lácticas selecionadas e cepas produtoras de exo-
polissacarídeos. Compostos polifenólicos e, especialmente, ácido ascórbico foram
melhor preservados nos RS e GS iniciados em comparação com amostras não
iniciadas. Isso refletiu na atividade captadora de radicais livres, sendo que a
correlação estatística foi encontrada apenas entre o nível de ácido ascórbico e a
atividade captadora de radicais livres. A fermentação por bactérias lácticas
melhorou claramente os atributos sensoriais do RS e GS.
2.4 JUSTIFICATIVA
Considerando a necessidade do consumo de frutas e hortaliças para garantir
a ingestão diária recomendada de nutrientes e as dificuldades no consumo de
vegetais, e no preparo e transporte diário de bebidas frescas nutritivas, o setor de
bebidas, especialmente as não alcoólicas, vem ampliando seu mercado e
introduzindo novos sabores e atendendo à demanda crescente por novos produtos
que reflitam uma melhor qualidade de vida.
51
2.5 OBJETIVOS
− Caracterização físico-química;
52
antioxidante in vitro pelos métodos ORAC (Oxygen Radical Absorbance Capacity),
TEAC (Trolox Equivalent Antioxidant Capacity) e DPPH-Trolox (método baseado
no uso do radical 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl).
53
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
54
BMFHs
Homogeneização
Frutas e
Hortaliças
ANÁLISES
- Fenóis Totais
- Capacidade Antioxidante
(DPPH-Trolox, TEAC, ORAC)
Liofilização
ANÁLISES
- Composição Centesimal
- Composição Vitamínica
- Composição Mineral
- Caracterização Físico-Química
- Caract. de Compostos Fenólicos
- Caract. de Carboidratos
- Digestão in vitro
- Identif. de flavonoides (HR-ESI-MS)
- Atividade Antioxidante (DPPH-
Trolox, TEAC, ORAC e CAA)
- Ensaio de Citotoxicidade
Higienização - Atividade Antiproliferativa
e Sanitização
Processamento
Figura 17: Fluxograma esquemático do processamento dos vegetais, elaboração das BMFHs e análises das amostras.
55
3.1.2 Elaboração das Bebidas Mistas de Frutas e Hortaliças (BMFHs)
FRUTAS
HORTALIÇAS
Couve-flor - 4,74%
Couve Manteiga 9,26% 4,74%
Hortelã 0,92% 0,47%
Repolho Branco - 4,74%
56
3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS BMFHS
3.2.1.2 Cinzas
57
3.2.1.3 Lipídios Totais
(Eq. 1)
Onde:
N = nº de gramas de lipídios
P = nº de gramas da amostra
3.2.1.4 Proteína
58
a 0,1%, 15% de solução alcoólica de verde de bromocresol a 0,1%, 59% de água).
Retirou-se o erlenmeyer e titulou-se com solução de ácido clorídrico (0,1N) até
mudança da coloração verde para rosada.
Utilizaram-se as equações 2 e 3 para o cálculo do teor de proteínas e o
resultado foi expresso em g de proteína/100 g de amostra úmida.
(Eq. 2)
(Eq. 3)
Onde:
N = normalidade.
3.2.1.5 Carboidratos
(Eq.4)
Onde:
U = Umidade
C = Cinzas
P = Proteína
LT = Lipídios Totais
59
3.2.1.6 Calorias
O valor calórico foi calculado de acordo com Kalil (1975), Passmore et al.
(1975) e USDA (1963), pela equação 5.
(Eq. 5)
Onde:
P = Proteínas
C = Carboidratos
LT = Lipídios Totais
3.2.2.1 Vitamina A
60
3.2.2.2 Vitaminas B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina) e B6 (Piridoxina)
Tabela 9: Condições cromatográficas utilizadas para quantificação das Vitaminas B1, B2 e B6.
Coluna C18 (125x4 mm, 5 µm) C18 (125x4 mm, 5 µm) C18 (125x4 mm, 5 µm)
Fase Móvel KCl 37,3 M, metanol 15% KCl 37,3 M, metanol KH2PO4 0,033 M
e água bidestilada 85% 30% e água bidestilada pH 2,2
70%.
Fluxo da Fase Móvel 0,5 mL/min 0,7 mL/min 0,7 mL/min
Detector Fluorescencia Fluorescência Fluorescência
Comprimento de onda
Excitação 362 nm 432 nm 295 nm
Emissão 464 nm 545 nm 405 nm
Reação Pós-coluna NaOH 20% : ferricianeto - -
de potássio 1% : água
(24:3:73)
61
Tabela 10: Condições cromatográficas utilizadas para determinação de Vitamina C.
62
Tabela 11: Condições experimentais utilizadas no equipamento ICP OES para a determinação de
Cálcio, Cobre, Ferro, Fósforo, Magnésio, Sódio e Zinco em amostras de bebidas liofilizadas.
Tabela 12: Condições experimentais utilizadas no equipamento ICP OES para determinação de
Manganês e Potássio em amostras de bebidas liofilizadas.
63
3.2.4 Informações Nutricionais: Resultados Esperados versus
Resultados Obtidos
- 1 porção: banana;
- 2 porções: 1 porção de banana e 1 porção de repolho;
- 3 porções: 1 porção de maçã, 1 porção de pera e 1 porção de couve;
- 4 porções: 1 porção de maçã, 1 porção de pera, 1 porção de couve e uma
porção de repolho;
64
- BMFH (1): 300 mL da bebida reconstituída e,
- BMFH (2): 300 mL da bebida reconstituída.
65
- Suco Verde Detox Monstro (marca Do Bem):
66
couve liofilizada em pó, polidextrose, polpa de blueberry em pó, maçã desidratada
em pó, salsa desidratada em pó, gengibre desidratado em pó, antiumectante
dióxido de silício, acidulante ácido cítrico, espessante goma guar, edulcorante
sucralose, aromatizante idêntico ao natural de laranja e corante natural de clorofila
(SANAVITA, 2014).
67
- Kiwis, Apples and Limes (marca Innocent Drinks):
68
purê de manga orgânica, mix de folhas verdes orgânicas (purê de espinafre
orgânico, purê de couve orgânica), água de coco orgânica a partir de concentrado
(água filtrada, água de coco orgânico concentrada), suco de limão orgânico, base
de Salba® orgânica (semente de chia) (GREEN MUSTACHE, 2014).
69
- Super Green (marca Evolution Fresh):
70
(i) (ii) (iii) (iv)
Figura 18: Algumas das bebidas mistas de frutas e hortaliças comerciais encontradas no mercado brasileiro e
estrangeiro, e utilizadas na comparação com as BMFHs formulados neste estudo são os seguintes: (i)
Smoothie Detox da Queensberry; (ii) Detox Monstro da Do Bem; (iii) V+ Aruba da Greenday; (iv) V+ Bahamas
da Greenday; (v) Detox Green da Sanavita; (vi) Suco Verde da Do Vivo; (vii) Super Verde da Uuulalá; (viii)
Suco Verde da Bisou; (ix) Kiwis, Apples and Limes da Innocent; (x) Antioxidant da Innocent; (xi) Life Juice
Greenpower da Emma & Tom’s; (xii) Orange Mango da Green Mustache; (xiii) Tropical Twist da Green
Mustache; (xiv) Essential Greens with Lime da Evolution Fresh; (xv) Sweet Greens and Ginger da Evolution
Fresh; (xvi) Super Green da Evolution Fresh; (xvi) Sweet Greens and Lemon da Evolution Fresh.
71
3.2.7 Caracterização Físico-Química
3.2.7.1 Determinação do pH
72
A equação 6 foi utilizada para calcular a % acidez da amostra.
(Eq. 6)
Onde:
V = volume (mL) da solução de hidróxido de sódio 0,1 M gasto na titulação
f = fator da solução de hidróxido de sódio (0,1 M)
P = peso (g) da amostra usado na titulação
c = correção para solução de NaOH 1 M (10 para solução NaOH 0,1 M)
Cálculo do ratio segundo Reed et al. (1986), onde foi utilizada uma razão
ºbrix/acidez.
73
3.2.7.6 Extração e Quantificação de Clorofila
(Eq. 7)
(Eq. 8)
(Eq. 9)
Onde:
Abs663 = absorbâncias a 663 nm
Abs647 = absorbância a 647 nm
74
Em 1976, a CIE recomendou o uso da escala de cor CIE L*a*b*, ou CIELAB
(Figura 19). O máximo valor de L* (luminosidade) é 100, enquanto o valor mínimo
é zero e constitui o preto. Os eixos a* e b* não apresentam limites numéricos
específicos. A coordenada a* varia do vermelho (+a*) ao verde (-a*), e a
coordenada b* do amarelo (+b*) ao azul (-b*) (HUNTERLAB, 1996).
Figura 19: Representação da cor sólida para cor no espaço L*a*b* (Minolta, 1994).
75
3.2.8.1 Extração e Quantificação de β-caroteno
76
reconstituído. Agitou-se em shaker por 30 minutos a 120 rpm em temperatura
ambiente. Adicionaram-se mais 0,5 mL de boroidrato de sódio:etanol (50 mM),
seguido de agitação e shaker nas mesmas condições anteriores. Adicionaram-se 2
mL de ácido acético gelado (0,8 M), homogeneizou-se a mistura e deixou-se na
ausência de luz durante 15 min. Adicionou-se 1 mL de cloranil:THF (20 mM) e
agitou-se em shaker por 1 h a 100 ºC. A mistura foi resfriada e o volume final
ajustado para 4 mL com metanol. 1 mL de vanilina:metanol (1052 mM) foi
adicionado, homogeneizou-se e adicionaram-se 2 mL de ácido clorídrico (37%). A
mistura foi agitada e deixada na ausência de luz durante 15 min.
A leitura foi realizada em espectrofotômetro (Beckman DU 640) a 490 nm e a
quantificação foi baseada no estabelecimento de uma curva padrão de catequina
(0,1 a 8 mM). Os resultados foram expressos em mg Catequina Equiv./100 g
amostra úmida.
77
3.2.8.5 Identificação e Quantificação dos Oligossacarídeos
78
Orbitrap Discovery (Thermo Scientific, Bremen, Alemanha). As condições de
operação foram: gás de bainha (nitrogênio) fixado em 10 unidades arbitrárias,
temperatura capilar de 285°C, voltagem de pulveriza ção de 4,5 kV e uma taxa de
fluxo de 10 µL/min. Os espectros foram registrados na faixa de m/z de 50-500,
tanto no sentido positivo (para antocianidinas e flavanóis) e modos de íons
negativos (para flavanonas, flavonas e flavonóis).
Os compostos foram identificados através dos espectros de massas de alta
resolução como parâmetro principal. Comparação entre massas teóricas e
experimentais foi realizada, com o erro da massa expressas em ppm. Somente os
resultados com desvio de menos de 5 ppm foram considerados correspondentes a
estrutura proposta .
A digestão das BMFHs foi realizada de acordo com Faller et al. (2012). Para
a simulação de digestão gástrica, amostras liofilizadas das bebidas foram
adicionadas a solução salina (NaCl 140 mM, KCl 5 mM, e BHT 150 µM) na razão
de 1:4 p/p (amostra/salina) a fim de obter volume final de 18 mL. As misturas
79
foram colocadas em shaker com agitação, em temperatura ambiente, por 10
minutos. Posteriormente, as misturas foram acidificadas a pH 2,0 com HCl
(utilizando soluções de 0,1M e 1M). Adicionaram-se 0,5 mL de solução de pepsina
(0,2 g de em 5 mL de HCl 0,1 M) e as amostras foram incubadas em shaker, com
agitação, a 37°C durante 1 hora. Após a digestão gá strica, o pH das amostras foi
elevado até 6,9 pela adição de NaHCO3 (1 M).
Para simular a digestão intestinal, adicionaram-se 2,5 mL de solução de
pancreatina e bile (0,45 g de extrato biliar e 0,075 g de pancreatina em 37,5 mL de
NaHCO3 0,1 M) às amostras resultantes da digestão gástrica, incubando-se as
misturas em shaker, com agitação, a 37 °C por 2 hor as. Posteriormente,
ajustaram-se os pesos das amostras digeridas para 28 g pela adição de solução
salina, centrifugaram-se a 10000 rpm por 10 minutos para separação de das duas
fases: sobrenadante (fração bioacessível), e o resíduo (fração não bioacessível).
Ambas as frações foram armazenadas a -70 °C até o m omento das análises.
80
3.3.3 Preparo das Amostras
3.3.3.1 DPPH-Trolox
81
(Eq. 10)
Onde:
AbsBranco = Absorbância da reação do radical com o solvente utilizado na
extração
AbsExtrato = Absorbância da reação do radical com o extrato
82
cada absorbância da amostra em redução (%) da concentração de radicais
ABTS´, através da equação 8, descrita anteriormente.
Construíu-se uma curva correlacionando-se a concentração de Trolox (ìM) vs
redução (%) da concentração de ABTS´. O resultado das amostras foi então
expresso em ìmol Trolox Equiv./g amostra úmida ou ìmol TE/g amostra úmida.
3.3.3.3 ORAC
(Eq. 11)
83
Onde:
f1 = leitura da fluorescência no tempo 1 minuto
f2 = leitura da fluorescência no tempo 2 minutos
fn = leitura da fluorescência no tempo 80 minutos
84
3.3.5 Efeito da Liofilização no Teor de Compostos Bioativos
85
3.3.8.1 Ensaio 1 (Sulforrodamina B)
As BMFH (1) e (2), antes e após digestão, foram avaliadas quanto a sua
atividade antiproliferativa em células tumorais humanas utilizando-se o ensaio da
sulforrodamina B (SBR) para avaliação do crescimento celular (Monks et al.,
1991).
Empregaram-se 7 linhagens de células tumorais e 1 linhagem não tumoral,
todas humanas (Tabela 14). As linhagens tumorais foram doadas gentilmente pelo
Frederick Cancer Research & Development Center, National Cancer Institute (NCI,
EUA), enquanto a linhagem HaCat foi doada pelo Prof. Dr. Ricardo Della Coletta
(FOP/UNICAMP). Todas as linhagens foram mantidas no laboratório de cultura de
células em frascos de 25 cm3, com 5 mL de meio RPMI suplementado com 5% de
soro fetal bovino (SFB) e incubadas a 37°C, em atmo sfera úmida com 5% de CO2.
DENSIDADE DE
ORIGEM
LINHAGEM ÓRGÃO/DOENÇA INOCULAÇÃO
EMBRIONÁRIA
(104 cel/mL)
86
quatro concentrações distintas (0,25; 2,5; 25 e 250 µg/mL) (Figura 20).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
A
B
C
D
E
F
G
H
Figura 20: Esquema da aplicação das amostras, em quatro concentrações distintas, na placa teste
(T1).
87
amostras, realizou-se a fixação, com ácido tricloroacético (TCA) a 50%, da placa
controle chamada T0, o que permitiu determinar qual a quantidade de células no
momento da adição das amostras.
Ao final de 48h de incubação, as células foram fixadas com 50
µL/compartimento de TCA a 50% e as placas incubadas por 1h a 4ºC; em seguida,
as placas foram lavadas quatro vezes consecutivas com água destilada para
remoção de resíduos de TCA, meio, SFB e metabólitos secundários. Depois de
secas completamente, à temperatura ambiente, as células foram coradas com 50
µL/compartimento de SRB 0,4% (p/v), dissolvido em ácido acético 1%, e mantidas
por 20 min, a temperatura ambiente; em seguida, foram lavadas, quatro vezes,
com ácido acético 1% e secas à temperatura ambiente. Finalmente o corante
ligado às proteínas celulares será solubilizado com Trizma Base, 10 µM e pH 10,5.
A leitura espectrofotométrica da absorbância foi realizada em 540nm em leitor de
microplacas.
Com os valores médios de absorbância para cada concentração de cada
amostra, o crescimento celular, expresso em porcentagem, foi calculado segundo
as seguintes fórmulas:
(Eq. 12)
(Eq. 13)
Onde:
T = média da absorbância da célula tratada – absorbância amostra sem
célula.
88
T1 = absorbância do branco de células.
T0 = absorbância do controle de células na placa T0.
89
3.3.9 Citotoxicidade
90
citotoxicidade descrito anteriormente.
Incubou-se um volume de 100ìL de células em meio de cultura (DMEM
calibrado até o pH 7,0, adicionado de 5% de soro fetal bovino, inativado a 56ºC
por 30 minutos, 1% de antibiótico/antimicótico), densidade de 6×104 células/mL,
em microplaca estéril preta de 96 poços. Incubou-se a placa por 24 horas a 37 °C
e 5% CO2 e o crescimento de células excessivo foi removido através da lavagem
com PBS estéril (pH 7,4 a 0,1%).
As células foram tratadas em triplicata, por 1 hora, com 100 ìL de meio
contendo a amostra e 25 ìM de DCFH-DA (2′,7′-dichlorofluorescein diacetate,
Sigma). Os poços foram lavados com 100 ìL de PBS (pH 7,4 a 0,1%).
Adicionaram-se 600 ìM de ABAP (2,2′-azobis(2-amidinopropane)dihydrochloride)
às células em 100 ìL de HBSS (Hanks’ Balanced Salt Solution, + 10 mM Hepes).
A leitura foi realizada a cada 5 minutos por 1 hora em leitor de fluorescência
(Fluorímetro Novo Star BMG Labtechnologies) a 37 °C , com filtros de emissão a
538 nm e excitação a 485 nm.
Após a subtração do branco e subtração inicial dos valores da fluorescência,
a área abaixo da curva de fluorescência em função do tempo foi integrada para o
cálculo do valor do CAA.
(Eq. 14)
Onde:
∫SA representou a área integrada da amostra em função do tempo e
∫CA a área integrada da curva controle.
91
3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS RESULTADOS
92
CAPÍTULO 4
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A caracterização das bebidas liofilizadas, BMFH (1) e BMFH (2) (Figura 21),
foi realizada através das determinações das Composições Centesimal, Vitamínica,
Mineral e de Mono- e Dissacarídeos, além da Caracterização Físico-Química.
(i)
(ii)
Figura 21: Bebidas liofilizadas: (i) BMFH (1); (ii) BMFH (2).
93
Para a obtenção das BMFHs prontas para o consumo (Figura 22), as
porções liofilizadas devem ser reconstituídas após diluição em água mineral fria e
homogeneização em liquidificador, nas seguintes concentrações (Tabela 15).
(i)
(ii)
Figura 22: Bebidas reconstituídas: (i) BMFH (1); (ii) BMFH (2).
94
4.1.1 Composição Centesimal
AMOSTRA
ANÁLISE
BMFH (1) %VD BMFH (2) %VD
Umidade e Voláteis a b
4,03±0,07 - 3,26±0,02 -
(g/100 g amostra seca)
Calorias a b
56,84±0 9 54,38±0 8
(kcal/100 g amostra úmida)
Proteína a b
0,614±0,002 2 0,584±0,001 2
(g/100 g amostra úmida)
Lipídios Totais a b
0,141±0 1 0,132±0,001 1
(g/100 g amostra úmida)
Carboidratos Totais a b
13,28±0 13 12,73±0 13
(g/100 g amostra úmida)
Cinzas a b
0,51±0 - 0,40±0 -
(g/100 g amostra úmida)
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey, com
p<0,05. Letras minúsculas foram usadas na comparação horizontal (entre as amostras). Legenda: %VD - Valores
diários de referência foram calculados para uma porção de 300mL de BMFH, de acordo com a resolução 360 de
23/12/2003 da ANVISA
95
56,84 ± 0,00 kcal/100 g amostra úmida, sendo a amostra BMFH (1)
estatisticamente mais calórica (p > 0,05) que a BMFH (2). Foram obtidos valores
de Fibras Alimentares Totais entre 1,750 ± 0,001 (BMFH (1)) e 2,077 ± 0,027 g/100
g amostra úmida para o BMFH (2).
Deve ser dado destaque aos baixos valores calóricos, com 9% e 8% da
porcentagem de VD, respectivamente para a BMFH (1) e BMFH (2) e também ao
alto conteúdo de Fibra Alimentar Total das duas amostras, pois suprem 21% e
25% do Valor Diário recomendado em uma porção de 300 mL de BMFH (1) e
BMFH (2), respectivamente.
Obteve-se uma variação de Umidade e Voláteis entre 3,26 ± 0,02 e 4,03 ±
0,07 g/100 g amostra seca e para o conteúdo de Cinzas, a variação ficou entre
0,40 e 0,51 g/100 g amostra úmida.
Avaliando os resultados das BMFHs analisadas, observa-se uma variação de
conteúdo de proteína entre 0,584 ± 0,001 e 0,614 ± 0,002 g/100 g amostra úmida,
para o ensaio de lipídios totais variaram entre 0,132 ± 0,001 e 0,141 ± 0,000 g/100
g amostra úmida, já o conteúdo de carboidratos variou entre 12,73 ± 0,00 e 13,28
± 0,00 g/100 g amostra úmida.
96
Tabela 17: Composição Vitamínica das formulações liofilizadas.
AMOSTRA
COMPOSTO BMFH (1) BMFH (2)
%VD %VD
(mg/100 g amostra úmida) (mg/100 g amostra úmida)
a,A b,A
Vitamina A* 261,940±0,000 39 95,021±0,000 14
Vitamina B1 a,B b,C
0,014±0,001 3 0,007±0,000 2
(Tiamina)
Vitamina B2 b,C a,B
(Riboflavina) 0,009±0,000 2 0,013±0,001 3
Vitamina C
(Ácido ascórbico) nd - nd -
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey,
com p<0,05. Letras minúsculas foram usadas na comparação horizontal (entre as amostras) e letras
maiúsculas na comparação vertical (entre as vitaminas analisadas).
Legenda: %VD - Valores diários de referência foram calculados para uma porção de 300mL de BMFH, de
acordo com a resolução 360 de 23/12/2003 da ANVISA; nd - Não detectado pelo método utilizado.
* UI/100 g amostra úmida
97
pode ocorrer em condições aeróbicas ou anaeróbicas, ambas levando à formação
de pigmentos escuros e também pela ação da luz. Sua estabilidade aumenta com
a diminuição da temperatura. Mas, apesar de todos os cuidados tomados durante
o processamento dos vegetais no preparo das BMFHs, como baixas temperaturas
e iluminação no ambiente, pouco tempo de exposição antes do congelamento,
escurecimento da campânula do liofilizador, entre outros cuidados tomados, a
vitamina C não foi detectada em nenhumas das BMFHs avaliadas.
A perda de nutrientes poderia ser diminuída modificando-se algumas etapas
de processamento como, por exemplo, o congelamento rápido das amostras em
freezers mais potentes (com temperaturas mais baixas do que os freezers
domésticos) ou em nitrogênio líquido ou realizar a homogeneização somente após
a liofilização individual dos vegetais, pois ambas as modificações diminuiriam a
superfície de contato que oxida com o oxigênio do ar e com a luz do ambiente.
Deve ser dado destaque à porcentagem do Valor Diário (%VD) de Vitamina A
suprida por uma porção de 300 mL tanto da amostra BMFH (1), com 39% do valor
diário, quanto pela BMFH (2), com 14%. A amostra BMFH (1) pode ser
considerada fonte de Vitamina A, pois contém mais que 15% da %VD de
referência.
98
Tabela 18: Composição Mineral das formulações liofilizadas.
AMOSTRA
ANALITOS
BMFH (1) BMFH (2)
%VD %VD
(mg/100 g amostra úmida) (mg/100 g amostra úmida)
a,B b,B
Cálcio 40,21±0,03 12 26,62±0,29 8
a,F b,F
Cobre 0,12±0,01 0 0,11±0,00 0
a,E,F b,F
Ferro 0,23±0,00 5 0,18±0,00 4
a,C b,C
Fósforo 17,89±0,67 8 16,74±0,29 7
a,D b,D
Magnésio 14,23±0,06 16 10,06±0,01 12
a,E,F b,F
Manganês 0,19±0,01 24 0,13±0,00 17
a,A b,A
Potássio 233,90±1,06 - 194,19±1,29 -
b,E a,E
Sódio 1,31±0,09 0 1,49±0,06 0
a,F a,F
Zinco 0,13±0,01 5 0,13±0,01 6
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey, com
p<0,05. Letras minúsculas foram usadas na comparação horizontal (entre as amostras) e letras maiúsculas na
comparação vertical (entre os minerais analisados). Legenda: %VD - Valores diários de referência foram calculados
para uma porção de 300 mL de BMFH, de acordo com a resolução 360 de 23/12/2003 da ANVISA
99
estatística entre as BMFHs estudadas.
Maiores destaques devem ser dados ao Magnésio e ao Manganês que,
apesar de não apresentarem as maiores quantidades quando comparados com os
minerais analisados, são os que apresentam maiores porcentagens de Valor Diário
(%VD) suprindo uma grande quantidade deste valor em uma porção de 300 mL,
tanto da amostra BMFH (1) quanto pela BMFH (2). O conteúdo de Manganês
contido nas BMFHs supre 24% e 17% do valor diário recomendado e o Magnésio
16% e 12%, respectivamente para as amostras BMFH (1) e BMFH (2). Sendo
assim, pode-se considerar que a BMFH (1) é fonte de Manganês e Magnésio e a
BMFH (2), fonte de Manganês.
100
Figura 23: Gráfico comparativo entre as informações nutricionais preditas e as obtidas experimentalmente das BMFHs (1) e (2).
101
Através da análise da Figura 23, pode-se observar o seguinte:
102
Figura 24: Gráfico comparativo entre a Composição Centesimal das BMFHs (1) e (2) e de porções
de frutas e hortaliças.
Figura 25: Gráfico comparativo entre a Composição Vitamínica das BMFHs (1) e (2) e de porções
de frutas e hortaliças.
103
Figura 26: Gráfico comparativo entre a Composição Mineral das BMFHs (1) e (2) e de porções de
frutas e hortaliças.
104
- A condição teórica do consumo de 4 porções (maçã, pêra, couve e repolho)
é melhor que as BMFHs em relação a caloria e carboidratos, em menores
quantidades, e contêm maiores teores de proteínas, fibras, cinzas, todas as
vitaminas e quase todos os minerais analisados.
105
Figura 27: Gráfico comparativo entre as informações nutricionais das BMFHs (1) e (2) e bebidas mistas de frutas e hortaliças comerciais
encontradas no comércio brasileiro.
106
Figura 28: Gráfico comparativo entre as informações nutricionais das BMFHs (1) e (2) e bebidas mistas de frutas e hortaliças comerciais
encontradas no comércio estrangeiro.
107
Analisando-se os gráficos comparativos entre as informações nutricionais
das BMFHs (1) e (2) e das bebidas mistas de frutas e hortaliças, de coloração
verde, comercializadas no Brasil (Figura 27) e no exterior (Figura 28) pôde-se
observar que:
- O valor energético de BMFH (1) e (2) foi um pouco maior do que quase
todas as bebidas avaliadas neste estudo à exceção da bebida Suco Verde-Do
Vivo.
- As concentrações de carboidratos das BMFHs são maiores que as de todas
as bebidas avaliadas, exceto do Suco Verde da marca Do Vivo e do Sweet Greens
and Ginger, as quais apresentaram maiores concentrações entre 1,51 e 1,57
vezes e entre 3,4 e 3,6 vezes, respectivamente.
- As quantidades de proteínas das BMFHs (1) e (2) se apresentaram maiores
do que as bebidas Smoothie Detox, Detox Monstro, Detox Green, Kiwis, Apples
and Limes, Sweet Greens and Ginger e Sweet Greens and Lemon, e menores que
as concentrações de nove bebidas comerciais. Os sucos V+ Aruba e V+ Bahamas,
ambas da marca Greenday, não apresentaram quantidades significativas de
proteínas.
- Entre as 17 bebidas avaliadas, ambas as BMFHs contêm concentrações de
gorduras totais menores do que sete bebidas e têm concentrações similares à
contida no Super Verde. Sendo que, dentre as nove bebidas restantes, seis
apresentaram valores de gorduras totais iguais a zero e as outras três não
apresentaram quantidades significativas.
- Ambas as quantidades de fibras das BMFHs (1) e (2) são maiores dos que
as encontradas em 14 bebidas avaliadas, sendo que, dentre estas, quatro não
contém fibras, duas contêm quantidades não significativas e uma contêm apenas
traços. O Suco Verde da marca Do Vivo tem concentração de fibras maiores do
que as das duas BMFHs formuladas; ambos Smoothie Detox e Super Verde têm
mais fibras do que a BMFH (1), mas têm menos que a BMFH (2).
- Ambas as BMFHs (1) e (2) contêm concentrações menores de sódio
108
quando comparadas a 12 bebidas comerciais e maiores do que cinco, sendo que,
dentre estas, duas não apresentaram quantidades significativas e uma contêm
apenas traços.
- Entre as tabelas nutricionais das 17 bebidas avaliadas, dez não continham
as concentrações de cálcio. Entre as outras sete, ambas as BMFHs contêm
maiores concentrações que as apresentadas pelo Orange Mango, Tropical Twist,
Sweet Greens and Ginger e Super Green; o Suco Verde da Do Vivo contém
concentrações similares a da BMFH (2) e menores do que a da BMFH (1).
- Entre as dezessete bebidas, apenas oito continham os valores das
concentrações de ferro nas tabelas nutricionais. O Suco Verde da marca Do Vivo,
o Life Juice Greenpower e o Super Green apresentaram concentrações de ferro
maiores do que as BMFHs (1) e (2). Já o Essencial Greens with Lime e o Sweet
Greens and Lemon contêm a mesma concentração de ferro que a BMFH (2),
sendo também menores do que a encontrada na BMFH (1). O Orange Mango e o
Tropical Twist contêm maiores concentrações de ferro do que a BMFH (1), mas
contêm mais ferro do que a BMFH (2).
- Apenas três das dezessete bebidas avaliadas continham o valor de
magnésio na tabela nutricional, sendo que, o Orange Mango não contém
magnésio, o Suco Verde da marca Do Vivo apresentou valores maiores do que
ambas as BMFHs e o Tropical Twist contém menor concentração de magnésio
quando comparado as duas BMFHs formuladas neste trabalho.
- Sete entre as dezessete bebidas comerciais continham, em suas tabelas
nutricionais, as concentrações de potássio. Três destas bebidas (Life Juice
Greenpower, Orange Mango e Super Green) apresentam valores menores do que
os contidos em ambas as BMFHs; Essencial Greens with Lime e Sweet Greens
and Ginger contêm quantidades maiores do que as encontradas nas BMFHs (1) e
(2); Tropical Twist e Sweet Greens and Lemon contêm mais potássio do que a
BMFH (2) e menos do que a BMFH (1).
- Onze bebidas não apresentaram as concentrações de vitamina A em suas
tabelas nutricionais, sendo que, dentre as seis restantes, apenas o Sweet Greens
109
and Ginger contém menos vitamina A do que as duas BMFHs; três bebidas
(Orange Mango, Tropical Twist e Super Green) contém maiores conteúdos do que
ambas as BMFHs, e o Essencial Greens with Lime e o Super Green somente
contêm maiores concentrações do que a BMFH (2).
- A concentração de vitamina C não foi detectada nas BMFHs (1) e (2), pelo
método utilizado, e, por este motivo, não pode ser feita a comparação com as
bebidas comerciais. O fato das bebidas comerciais apresentarem altas
concentrações de vitamina C pode ser justificado pela adição deste composto nos
produtos ou pelo processamento utilizado na produção das bebidas.
Holland et al. (2008) avaliaram as frutas pera, maçã e kiwi juntamente com o
smoothie comercial correspondente (v/v, 45% de pera, 29,6% de maçã e 25% de
kiwi). Os frutos foram analisados individualmente e estes valores utilizados para
calcular a composição nutricional esperada no smoothie final. Além disso, as frutas
também foram usadas para fazer uma bebida caseira à base de frutas seguindo a
receita de smoothie comercial, sem a adição de ácido ascórbico. A composição
nutricional do smoothie caseiro foi em seguida comparada ao equivalente
comercial. Os níveis de açúcares e de β-caroteno para ambos os smoothies
obtiveram as concentrações esperadas. A bebida caseira continha o conteúdo
esperado de vitamina C, enquanto que a da bebida comercial apresentou um teor
muito mais elevado, refletindo a adição de 4 g de ácido ascórbico por litro. O
conteúdo fenólico do smoothie comercial foi muito maior do que o esperado (p <
0,001), o qual também continha a maior capacidade antioxidante. Assim,
smoothies, tanto o caseiro quanto o comercial, parecem ser benéficos no auxílio
do cumprimento da recomendação de 5 porções de frutas e hortaliças por dia.
110
Tabela 19: Caracterização Físico-Química das formulações liofilizadas.
AMOSTRA
ANÁLISE
BMFH (1) BMFH (2)
a a
pH 4,24±0,05 4,30±0,01
a b
%Acidez Titulável 0,254±0,004 0,175±0,004
a a
ºBrix 7,85±0,07 7,90±0,14
b a
Ratio 30,92±0,30 45,17±1,19
MONO- E DISSACARÍDEOS
(mg/100 g amostra úmida)
a,C a,C
Glicose 1832±141 1835±157
a,A b,A
Sacarose 4937±403 4096±301
b,B a,B
Frutose 2506±183 3591±235
COR
a a
L* 60,68±0,41 62,31±0,80
a b
a* -3,90±0,05 -0,42±0,11
a b
b* 43,87±0,44 37,93±0,33
CLOROFILA
(mg/g amostra úmida)
a b
Totais 3,96±0,31 2,01±0,12
a b
a 2,68±0,08 1,31±0,05
a b
b 1,02±0,14 0,70±0,07
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo
método Tukey, com p<0,05. Letras minúsculas foram usadas na comparação horizontal (entre
as amostras). Para o conteúdo de mono- e dissacarídeos, utilizaram-se letras maiúsculas na
comparação vertical, entre os analitos avaliados.
Legenda: L* = luminosidade; a* = coordenada que varia do vermelho (+a*) e verde (-a*); b* =
coordenada que varia do amarelo (+b*) ao azul (-b*)
111
Titulável variaram entre 0,254±0,004 e 0,175±0,004%, sendo os maiores valores
para este ensaio observados na BMFH (1).
Comparando-se os resultados horizontalmente, entre as amostras, pode-se
observar que não houve diferenças estatisticamente significativas para os valores
de %Brix, os quais variaram entre 7,85±0,07 e 7,9±0,14.
O ratio é a relação entre o teor de sólidos solúveis (°Brix ) e o teor de ácidos
tituláveis. Ele é o indicador utilizado para determinar o balanço do sabor
doce:ácido (COUTO & CANNIATTI-BRAZACA, 2010). Os resultados obtidos para
esta relação variaram entre 30,92±0,30 e 45,17±1,19, sendo o maior valor
estatisticamente significativo obtido pela amostra BMFH (2).
• Mono- e Dissacarídeos
(i)
112
(ii)
(iii)
113
Os resultados obtidos para glicose variaram entre 1,83±0,14 e 1,84±0,16
g/100 g amostra úmida, para sacarose entre 4,10±0,30 e 4,94±0,40, e frutose
entre 2,51±0,18 e 3,59±0,24 g/100 g amostra úmida. Avaliando a quantidade de
monossacarídeos em relação ao conteúdo de Carboidratos Totais obtêm-se
valores de 13,78 e 14,45% de glicose, 37,20 e 32,20% de sacarose e 18,90 e
28,27% de frutose, respectivamente para BMFH (1) e (2), sendo que os valores
restantes podem ser compostos por oligo- ou polissacarídeos.
Comparando-se os resultados horizontalmente, entre as BMFHs, pode-se
observar que não houve diferenças estatisticamente significativas para os valores
de conteúdo de glicose, os maiores valores para o ensaio sacarose foram obtidos
na BMFH (1) e para frutose pela BMFH (2). Na comparação vertical, entre os
ensaios de cada amostra, o mesmo comportamento foi observado para as duas
BMFHs analisadas, onde o maior conteúdo de mono- e dissacarídeos se deu pela
sacarose, seguida de frutose e posteriormente pela glicose.
• Cor
114
• Clorofilas
AMOSTRA
ANÁLISE
BMFH (1) BMFH (2)
CAROTENÓIDES:
â-Caroteno a b
471,43±23,80 171,15±8,16
(ìg/100 g amostra úmida)
COMPOSTOS FENÓLICOS:
Flavonoides Totais a b
37,9±3,7 30,8±0,3
(mg Catequina Equiv./100 g amostra úmida)
FIBRAS DIETÉTICAS:
Insolúveis b a
901,9±4,6 1273,0±20,0
(mg/100 g amostra úmida)
Solúveis: a b
827,7±4,6 799,9±7,2
(mg/100 g amostra úmida)
Pectina a a
571,5±9,1 559,5±10,0
(mg/100 g amostra úmida)
Fruto oligossacarídeo a b
17,3±0,3 9,2±0,2
(mg/100 g amostra úmida)
Mato oligossacarídeo b a
1,45±0,03 1,93±0,01
(mg/100 g amostra úmida)
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey,
com p<0,05. Letras minúsculas foram usadas na comparação horizontal (entre as amostras).
115
• Carotenoides
• Flavonoides Totais
Nas bebidas mistas de frutas e hortaliças estudadas, BMFHs (1) e (2), houve
uma variação entre 30,5 e 41,6 mg Catequina Equiv./100 g amostra úmida para o
ensaio de Flavonoides Totais, onde os maiores valores foram encontrados para a
amostra BMFH (1).
116
• Fibras Dietéticas
(i)
117
(ii)
(iii)
118
Foram identificados fruto- e malto oligossacarídeos nas BMFHs estudadas
(respectivamente variando entre 9,2 ± 0,2 e 17,3 ± 0,3, e entre 1,45 ± 0,03 e 1,93
± 0,01 mg/100 g amostra úmida), sendo o primeiro em quantidade
significativamente maior na BMFH (1), e este último em maior quantidade na
BMFH (2).
Em relação ao conteúdo total de fibras solúveis, o fruto oligossacarídeo foi
responsável por 2,09% na BMFH (1), e 1,15% na BMFH (2), e o malto
oligossacarídeo por 0,18 e 0,24%, respectivamente na BMFH (1) e (2).
Avaliando a quantidade de oligossacarídeos quantificados em relação ao
conteúdo de Carboidratos Totais, obtiveram-se valores de 0,13 e 0,07% de fruto
oligossacarídeos e 0,01 e 0,02% de malto oligossacarídeos, respectivamente para
BMFH (1) e (2).
A identificação dos flavonoides das BMFHs (1) e (2) liofilizadas, antes e após
a digestão in vitro, foi realizada através de análise por Espectrometria de Massa
de Alta Resolução (HR-ESI-MS) e os resultados estão apresentados na Tabela 21.
119
Tabela 21: Resultados da Identificação de flavonoides dos BMFHs (1) e (2), antes e após a
digestão in vitro.
FLAVONOIDE SD AD SD AD
ANTOCIANIDINAS
Cianidina x x x x
Delfinidina nd nd nd nd
MODO POSITIVO
Pelargonidina x x nd nd
FLAVANÓIS
(+) Catequina x nd x x
(-) Epicatequina x nd x x
(-) Epicatequina-3-galato x nd nd nd
(-) Epigalocatequina nd nd nd nd
(-) Epigalocatequina-3-galato nd nd nd nd
FLAVANONAS
Eriodictiol x nd x nd
Hesperetina x x x nd
Naringenina x nd x nd
MODO NEGATIVO
FLAVONAS
Apigenina nd nd nd nd
Luteolina nd nd nd nd
FLAVONÓIS
Canferol nd nd nd nd
Isoramnetina nd nd x nd
Miricetina nd nd nd nd
Quercetina nd nd x nd
120
As diferenças de composição de flavonoides entre os BMFHs (1) e (2) são:
121
Comportamento contrário, biodisponibilidade de flavonoides após
processamento dos vegetais, foi observado na BMFH (1) através do composto (-)
epicatequina-3-galato. Pode-se observar que os vegetais que compõem a sua
formulação (banana, laranja, limão, manga, couve e hortelã) não apresentam (-)
epicatequina-3-galato, de acordo com a Tabela 5 (ANEXO) disponibilizada pela
USDA.
De acordo com Pereira (2010), o processamento afeta o conteúdo, a
atividade e a biodisponibilidade dos componentes bioativos dos alimentos.
O armazenamento também afeta o conteúdo de polifenóis. O
armazenamento de sucos de maçã por 11 meses resultou num decréscimo em
ácidos fenólicos de 5% a 21%. A diminuição do teor de ácido p-cumárico livre
também foi observada em framboesas vermelhas congeladas. Após o
armazenamento a frio, brócolis perdeu cerca de 75% de seus derivados cafeoil-
quínico e 40-50% dos seus ácidos sinápicos e derivados feruloil. Teor de polifenóis
foi estudado em vinhos tintos durante o armazenamento ao longo de sete meses
no escuro: o teor de antocianinas diminuiu 88%, enquanto não ocorreram
variações significativas nos conteúdos de flavonóis totais. Por outro lado, foi
observado em maçãs (variedade Annurca) que ocorreu um aumento importante no
teor de ácido clorogênico após quatro meses de armazenamento (de 101 a 144
mg/kg de peso fresco); e também o teor de ácidos fenólicos aumentado quando
cenouras foram armazenadas sob condições aeróbicas (D’ARCHIVIO et al., 2010).
Processos tecnológicos tais como a homogeneização dos vegetais, podem
aumentar a biodisponibilidade dos polifenóis pela alteração da matriz dos
alimentos, tal como foi demonstrado por diversos pesquisadores para o licopeno e
para â-caroteno, dois dos carotenoides mais importantes. Na verdade, tem sido
demonstrado que o purê e pasta de tomate são fontes de licopeno mais
biodisponível do que o tomate cru (PORRINI et al., 1998).
De acordo com Dekker et al. (1999), a maior perda de fenólicos em suco de
maçã ocorre na prensagem. A concentração de ácido clorogênico em suco
122
industrializado representa somente 50% da encontrada no suco fresco (VAN DER
SLUIS et al., 2002).
Chang et al. (2006) observou que, após os diferentes processos de secagem
de tomate estudados, liofilização ou secagem por ar quente, ocorre elevação do
teor de flavonoides, fenólicos e licopeno, acarretando aumento da atividade
antioxidante. A secagem pode acelerar a liberação dos fenólicos a partir da quebra
dos constituintes celulares, embora o rompimento das paredes celulares possa
liberar enzimas oxidativas e hidrolíticas que poderiam destruir os antioxidantes das
amostras.
De acordo com Shofian et al. (2011) e estudos anteriores, perdas de
vitaminas e valor nutricional dos alimentos são relatados devido à liofilização de
alimentos. É também evidente que a composição de alguns antioxidantes e a
atividade antioxidante de vegetais são significativamente afetadas pela liofilização.
123
- (-) Epicatequina-3-galato, eriodictiol e naringenina estão presentes nas
amostras BMFH (1) e (2) antes da digestão, mas estão ausentes nas amostras
digeridas.
Akillioglu & Karakaya (2010) justificam, através das análises dos resultados
obtidos em seus estudos com feijões, que a menor quantidade de Fenóis Totais
antes da digestão in vitro pode ser explicada pela capacidade limitada dos
métodos de extração usados para a determinação de polifenóis, pois alguns
polifenóis, especialmente polifenóis associados com compostos de elevado peso
molecular tais como proteínas e carboidratos, podem escapar dos métodos
normais de extração aplicados. No entanto, esta fração pode ser libertada a partir
da matriz de alimentos através da ação de enzimas da digestão. Explicação
semelhante para polifenóis alimentares com um elevado grau de polimerização e
relacionados com componentes de alto peso molecular foram relatados por Saura-
Calixto et al. (2007).
Siracusa et al. (2011), em ensaios utilizando infusões de alcaparra (Capparis
spinosa L.) e erva-doce do mar (Crithmum maritimum L.), verificaram que o teor
em compostos fenólicos totais e a atividade antioxidante dos extratos diminuíam
significativamente nas infusões digeridas. Estes autores sugem que os compostos
fenólicos dominantes presentes antes da digestão não são estáveis nas condições
gastrointestinais aplicadas, sendo que esta instabilidade poderia estar relacionada
com o pH do meio, que conduziria alterações estruturais que comprometem a sua
atividade antioxidante. Também existe a possibilidade de, durante a incubação
pancreática poderem ocorrer reações de isomerização do ácido clorogénico, que
levassem à diminuição da atividade antioxidante total dos extratos (Siracusa et al.,
2011).
Em estudo realizado com extratos de amoras, Liang et al. (2012) verificaram
que, o teor de antocianidinas diminuiu consideravelmente após a digestão
intestinal, mas a atividade antioxidante manteve-se elevada. Estes autores
sugerem que os compostos fenólicos gerados a partir da degradação das
124
antocianidinas em ambiente intestinal possuam, igualmente, atividade antioxidante
(Liang et al., 2012).
Ensaios realizados em sucos de vegetais por Wootton-Beard et al. (2011)
mostraram resultados contraditórios. Pôde-se observar estabilidade relativa na
atividade antioxidante de alguns sucos ao longo do processo digestivo, mas
também observou-se que outros sucos obtiveram decréscimos na atividade
antioxidante total após a digestão (Wootton-Beard et al., 2011).
125
decaimento de fluorescência do Trolox, do método ORAC, encontra-se
demonstrada na Figura 33.
(i) (ii)
(iii) (iv)
Figura 32: Curva Padrão: (i) de Ácido Gálico para determinação de Fenóis Totais; (ii) de Trolox
para a análise DPPH-Trolox; (iii) de Trolox para a análise TEAC e (iv) de Trolox para a análise de
ORAC.
126
Figura 33: Curva de decaimento de fluorescência do Trolox para o ensaio ORAC.
Catequina 6,12±0,51
Quercetina 4,52±0,60
127
Tabela 23: Quantificação de Fenóis Totais (mg GAE/g amostra úmida), DPPH-Trolox , TEAC e
ORAC (µmol Trolox equiv./g amostra úmida) das formulações frescas e liofilizadas (digerida ou
não).
AMOSTRA
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey, com
p<0,05. Letras minúsculas foram usadas para avaliar o efeito da liofilização para cada amostra, através da
comparação horizontal entre sua forma fresca e liofilizada (SD). Letras maiúsculas utilizadas na comparação das
amostras BMFH (1) e (2): entre as formas frescas ou entre formas liofilizadas (SD) ou entre as formas liofilizadas
(AD). Letras gregas foram utilizadas avaliação do efeito da digestão através da comparação entre as amostras
liofilizadas (SD) e (AD).
Legenda: SD = Sem Digestão e AD = Após Digestão
128
Tabela 24: Quantificação de Fenólicos Totais (extrato metanólico) e determinação de DPPH-Trolox (extratos aquosos e etanólicos) de frutas
e hortaliças nas formas fresca e liofilizada.
FRUTAS
b,F a,D a,D,E,á b,F,á a,E,â b,G,â
Banana Nanica 0,69±0,17 11,76±0,78 0,35±0,05 0,07±0,00 0,15±0,01 0,02±0,00
b,C a,D a,C,á b,A,á a,D,â a,A,â
Laranja Pera 2,35±0,14 12,69±0,87 1,06±0,09 0,52±0,01 0,35±0,06 0,34±0,03
b,G a,F a,C,á b,D,á a,C,á b,D,E,â
Limão Tahiti 0,08±0,01 0,77±0,18 1,01±0,06 0,11±0,01 1,21±0,10 0,08±0,01
b,C,D a,E a,D,á b,E,â a,D,á b,B,á
Maçã Fuji 1,99±0,55 4,49±0,04 0,57±0,03 0,08±0,01 0,37±0,14 0,16±0,01
b,D.E a,C a,C,á b,G,á a,B,á b,E,F,á
Manga Palmer 1,52±0,21 19,27±1,44 1,16±0,12 0,05±0,00 1,39±0,07 0,07±0,01
b,E,F a,E,F a,E,â b,I,á a,D,á b,F,G,â
Pera Wilians 1,12±0,34 3,03±0,23 0,06±0,00 0,03±0,00 0,31±0,03 0,04±0,00
HORTALIÇAS
a,C.D a,E,F a,D,E,á b,H,â a,D,E,á b,G,á
Couve-flor 1,86±0,34 2,06±0,12 0,30±0,01 0,02±0,00 0,29±0,12 0,03±0,00
b,A a,B a.A,á b,C,á a,A,â b,F,G,â
Couve Manteiga 8,06±0,02 51,76±2,65 3,07±0,12 0,12±0,01 1,87±0,16 0,04±0,00
b,B a,A a,B,á b,B,á a,D,â b,C,â
Hortelã 3,82±0,42 105,42±1,62 2,53±0,48 0,15±0,01 0,40±0,06 0,12±0,01
a,E a,F a,D,E,á b,H,â a,E,á b,C,D,á
Repolho branco 1,25±0,08 1,34±0,05 0,15±0,00 0,02±0,00 0,14±0,01 0,10±0,01
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey, com p<0,05. As análises dos resultados foram feitas
para cada método, onde as letras minúsculas foram usadas na avaliação do efeito da liofilização de cada amostra na comparação horizontal dos extratos aquosos
ou etanólicos entre suas formas fresca e liofilizada. Letras maiúsculas foram usadas na avaliação do potencial entre as amostras, em cada método e solvente de
extração, através da comparação vertical dos extratos, metanólico, aquoso ou etanólico (para sua forma fresca ou para a forma liofilizada). As letras gregas foram
utilizadas na avaliação da influência do solvente utilizado na extração através da comparação horizontal entre as formas frescas ou entre as liofilizadas, apenas para
o ensaio de DPPH-Trolox, pois a extração utilizada na determinação de Fenóis Totais é metanólica, de acordo com metodologia descrita anteriormente.
129
Tabela 25: Determinação de TEAC e ORAC de frutas e hortaliças (extratos aquosos e etanólicos das formas frescas e liofilizadas).
TEAC ORAC
(ìmol TE/g amostra úmida) (ìmol TE/g amostra úmida)
AMOSTRA
EXTRATO AQUOSO EXTRATO ETANÓLICO EXTRATO AQUOSO EXTRATO ETANÓLICO
Fresca Liofilizada Fresca Liofilizada Fresca Liofilizada Fresca Liofilizada
FRUTAS
Banana Nanica 0,42±0,02b,E,F,α 0,70±0,05a,B,α 0,37±0,01a,D,β 0,21±0,01b,E,β 3,49±0,43b,D,β 5,32±0,23a,C,α 4,78±0,16a,G,H,α 1,34±0,03b,D,β
Laranja Pera 0,94±0,07a,D,α 0,47±0,03b,D,α 0,90±0,08a,D,α 0,49±0,01b,D,α 11,48±0,24a,C,β 2,71±0,15b,C,D,β 24,15±0,32b,C,α 28,42±2,30a,A,α
Limão Tahiti 0,38±0,02b,E,F,β 0,47±0,01a,D,β 0,53±0,01b,D,α 0,78±0,02a,B,C,α 1,58±0,19a,D,α 1,68±0,09a,D,α 1,32±0,18a,H,β 1,04±0,10a,D,β
Maçã Fuji 0,39±0,03b,E,F,β 0,62±0,04a,C,α 0,68±0,03a,D,α 0,43±0,05b,D,β 2,20±0,20a,D,β 2,66±0,31a,C,D,β 12,70±1,44a,D,α 4,86±0,31b,C,α
Manga Palmer 1,45±0,15a,C,β 0,45±0,03b,D,E, 3,63±0,11a,C,α 0,71±0,01b,C,α 3,18±0,39a,D,α 1,37±0,09b,D,α 3,54±0,16a,G,H,α 1,35±0,01a,D,α
β
Pera Wilians 0,17±0,01b,F,β 0,41±0,02a,E,α 0,30±0,03a,D,α 0,19±0,01b,E,β 1,63±0,07a,D,β 1,42±0,02b,D,β 8,64±1,02a,E,F,α 7,24±0,12b,C,α
HORTALIÇAS
Couve-flor 0,98±0,10a,D,β 0,30±0,01b,F,α 1,44±0,07a,D,α 0,21±0,01b,E,β 5,24±0,14a,C,D,β 5,32±0,58a,C,α 5,42±0,12a,F,G,α 2,29±0,08b,D,β
Couve Manteiga 4,71±0,28a,A,β 0,96±0,01b,A,α 8,76±0,27a,B,α 0,86±0,05b,B,β 26,79±7,22b,B,β 54,52±2,99a,A,α 46,29±4,30a,A,α 6,55±0,12b,C,β
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey, com p<0,05. As análises dos resultados foram feitas
para cada método, onde as letras minúsculas foram usadas na avaliação do efeito da liofilização de cada amostra na comparação horizontal dos extratos aquosos
ou etanólicos entre suas formas fresca e liofilizada. Letras maiúsculas foram usadas na avaliação do potencial entre as amostras através da comparação vertical dos
extratos aquoso ou etanólico (para sua forma fresca ou para a forma liofilizada). As letras gregas foram utilizadas na avaliação da influência do solvente utilizado na
extração através da comparação horizontal entre as formas frescas ou entre as liofilizadas.
130
• Fenóis Totais
Para o métodos Fenóis Totais, os valores variaram entre 1,27 ± 0,03 e 57,81
± 2,02 mg GAE/g amostra úmida, sendo o primeiro encontrado para a amostra
fresca da BMFH (2) e este último para a amostra digerida da BMFH (1).
Resultados de Fenóis Totais semelhantes aos obtidos pelas BMFHs não
digeridas (amostras frescas e liofilizadas) foram encontradas por Müller et al.
(2010) e Agbenorhevi & Marshall (2012). Ao quantificarem os teores de fenólicos
totais de amostras de smoothies, Müller et al. (2010) obtiveram valores entre 0,51
± 0,01 e 2,13 ± 0,02 mg GAE/g amostra, tanto para um smoothie composto
apenas de frutas ou por frutas e hortaliças. Já Agbenorhevi & Marshall (2012)
obtiveram valores entre 1,94 ± 0,07 e 2,69 ± 0,02 mg GAE/mL quando avaliaram 3
diferentes smoothies de frutas.
Os resultados para Fenóis Totais das amostras de frutas e hortaliças
variaram entre 0,08 ± 0,01 (limão fresco) e 105,42 ± 1,62 mg GAE/g (hortelã
liofilizada). Avaliando o potencial entre as amostras para a forma fresca, observa-
se os maiores valores de Fenóis Totais para a amostra couve (8,06 ± 0,02 mg
GAE/g), seguido de hortelã (3,82 ± 0,42) e laranja (2,35 ± 0,14 mg GAE/g). Já para
as amostras liofilizadas, maiores valores nas amostras de hortelã (105,42 ± 1,62
mg GAE/g), couve (51,76 ± 2,65 mg GAE/g) e manga (19,27 ± 1,44 mg GAE/g).
Entre as frutas, os maiores valores foram obtidos pelas amostras liofilizadas
de manga, laranja e banana, e entre as hortaliças, destacam-se a hortelã liofilizada
e as amostras fresca e liofilizada de couve.
Embora este método seja o mais utilizado para quantificação de compostos
fenólicos em alimentos, o reagente Folin-Ciocalteau é capaz de interagir com
outros compostos não fenólicos, o que pode resultar em valores superestimados
de fenólicos totais (VINSON et al., 2001).
De acordo com USDA (2010), para as mesmas amostras estudadas,
observou-se uma variação dos valores de Fenóis Totais entre 0,93 (couve-flor) e
7,26 mg GAE/g amostra (suco de laranja fresco). Os resultados apresentados pela
USDA foram os seguintes para as amostras: banana fresca (1,55 mg GAE/g),
131
sucos in natura de laranja (7,26 mg GAE/g) e limão (1,17 mg GAE/g), maçã Fuji
fresca e com casca (2,1 mg GAE/g), manga fresca (1,01 mg GAE/g), cultivares
verdes de pera fresca e com casca (1,78 mg GAE/g), couve-flor (0,93 mg GAE/g),
hortelã fresca (6,9 mg GAE/g) e repolho fresco (2,02 mg GAE/g). Com exceção do
limão, manga, couve-flor e repolho, os resultados anteriormente apresentaram
teores de Fenóis Totais dentro dos valores obtidos pelas amostras estudadas
neste trabalho.
Wu et al. (2004) obtiveram em sua pesquisa os seguintes valores de Fenóis
Totais para as amostras frescas de banana (2,31 ± 0,60 mg GAE/g), laranja (3,37
± 0,39 mg GAE/g), maçã (2,11 ± 0,32 mg GAE/g), manga (2,66 mg GAE/g), pera
(2,20±0,18 mg GAE/g), couve-flor (2,74 mg GAE/g) e repolho (2,03±0,31 mg
GAE/g). Exceto para as amostras de couve-flor e repolho, pois apresentaram
valores maiores do que os observados, todas as outras amostras estudadas por
Wu et al. apresentam resultados de fenólicos totais dentro da variação obtida por
este estudo.
Os resultados de Fenóis Totais de frutas tropicais obtidos no estudo de
Mahattanatawee et al. (2006), variaram entre 0,21 e 2,32 mg GAE/g de purê,
sendo que estes valores estão dentro dos resultados encontrados neste estudo
para as frutas avaliadas.
Dentre outras amostras estudadas, Ciéslik et al. (2006) obtiveram valores de
Fenóis Totais de laranja (2,17 mg GAE/g) e repolho (1,08 mg GAE/g) semelhantes
aos obtidos para as mesmas amostras neste estudo.
Brat et al., também em 2006, avaliaram diversas frutas e vegetais, entre eles,
os de interesse para esse estudo foram banana (0,52 mg GAE/g), laranja (entre
0,27 e 0,37 mg GAE/g), maçã (entre 0,90 e 3,00 mg GAE/g), pera (entre 0,41 e
1,48 mg GAE/g), manga (0,68 mg GAE/g), limão (entre 0,35 e 0,55 mg GAE/g) e
couve-flor (0,13 mg GAE/g). Resultados semelhantes entre este estudo e os
apresentados por Brat et al. (2006) foram obtidos para as amostras de banana,
limão, maçã e pera, mas as amostras laranja, manga e couve-flor têm menores
valores de fenólicos totais do que os obtidos neste estudo.
132
Amorim et al. (2007) obteve média de 0,47 mg GAE/g de amostra para
amostras de banana, variando de 0,22 mg GAE/g (triploide Ambei) a 1,21 mg
GAE/g (diploide Khai). Cohen et al. (2009) obtiveram uma média de 0,37 mg
GAE/g, para os teores de polifenóis totais entre os 26 acessos de bananeira, com
variação de 0,13 mg GAE/g (Mambee thu) a 1,21 mg GAE/g (Khai). Em 2011,
Amorim et al. obtiveram média para os teores de polifenóis totais entre os 61
acessos de banana foi de 0,38 mg GAE/g, com variação de 0,12 mg GAE/g
(triploide Torp) a 2,58 mg GAE/g (tetraploide Teparod). Os resultados de fenólicos
totais obtidos neste estudo para as amostras frescas e liofilizadas de banana
ficaram acima das médias observadas para as cultivares de banana demonstradas
anteriormente.
Dragoviæ-Uzelac et al. (2009), obtiveram em seu estudo com frutas e
vegetais, comumente consumidos na dieta croata, os seguintes resultados de
fenóis totais para as amostras frescas de laranja (1,28 ± 0,02 mg GAE/g), maçã
(0,57 ± 0,02 mg GAE/g), pera (0,41 ± 0,03 mg GAE/g), couve (1,04 ± 0,12 mg
GAE/g) e couve-flor (0,65 ± 0,05 mg GAE/g). Comparando os resultados com os
obtidos nesse estudo, pode-se observar que todas as amostras apresentaram
quantificação de fenólicos totais superiores aos encontrados por Dragoviæ-Uzelac
et al. (2009).
Dentre as análises realizadas por Faller & Fialho (2009), estimou-se o teor de
Fenóis Totais de 12 alimentos de maior consumo no Brasil (seis frutas e seis
hortaliças), entre os quais, os de maior interesse neste estudo, e seus respectivos
teores de Fenóis Totais, são: banana (2,15 ± 0,04 mg GAE/g), laranja (1,15 ± 0,01
mg GAE/g), manga (1,12 ± 0,10 mg GAE/g) e repolho (0,67 ± 0,17 mg GAE/g),
sendo que, apenas a banana obteve resultados similares e as outras 3 amostras
se apresentaram abaixo dos resultados obtidos neste estudo.
Mélo et al. (2006) também avaliaram diversas frutas e hortaliças em relação
ao conteúdo de polifenóis totais, entre elas: bananas ‘Comprida’ (0,45 mg
Catequina Equiv./g) e ‘Pacovan' (0,52 mg Catequina Equiv./g), couve-flor (0,88 mg
Catequina Equiv./g), repolho verde (0,47 mg Catequina Equiv./g), mangas rosa
133
(0,72 mg Catequina Equiv./g) e espada (0,61 mg Catequina Equiv./g) e laranja
(0,92 mg Catequina Equiv./g). Melo et al. (2008) estudaram o teor de fenólicos
totais em diversas frutas, entre elas laranja (0,67 ± 0,02 mg Catequina equiv./mL
extrato), mangas espada (0,26 ± 0,01 mg Catequina Equiv./mL extrato) e rosa
(0,26 ± 0,01 mg Catequina Equiv./mL extrato). Apesar de ambos os autores, Mélo
et al. (2006) e Melo et al. (2008), terem estudado frutas e hortaliças avaliadas
neste estudo, seus resultados não podem ser comparados pois estão baseados
em uma curva padrão de Catequina, diferentemente da curva utilizada neste
trabalho (padrão Ác. Gálico) para a determinação de Fenóis Totais.
Há grande variação no conteúdo de fenólicos encontrado em diferentes
frutas ou vegetais, ou até para as mesmas frutas ou em vegetais avaliados em
diferentes estudos (BALASUNDRAM et al., 2006). O conteúdo de fenólicos de
plantas depende de fatores intrínsecos (gênero, espécie, cultivar, maturação,
estágio de crescimento) e extrínsecos (origem geográfica, condições ambientais e
de cultivo, condições de colheita, manejo e processo de armazenamento)
(TOMÁS-BARBERAN & ESPÍN, 2001; SOARES, 2008).
• DPPH-Trolox
Para o ensaio de DPPH-Trolox, houve uma variação entre 0,05 ± 0,01 (para
as duas BMFHs digeridas) e 1,14 ± 0,09 ìmol TE/g amostra úmida (BMFH (1)
liofilizado antes da digestão).
Os resultados das amostras de frutas e hortaliças analisadas no ensaio de
DPPH-Trolox variaram entre 0,02 ± 0,00 (extrato aquoso do repolho branco
liofilizado) e 3,07 ± 0,12 ìmol TE/g amostra úmida (extrato aquoso de couve
manteiga fresca). Deve ser dado destaque, entre as frutas, para os extratos
etanólico (1,39 ± 0,07 ìmol TE/g) e aquoso (1,16 ± 0,12 ìmol TE/g) da manga
fresca, e extrato etanólico de limão fresco (1,21 ± 0,10 ìmol TE/g), e entre as
hortaliças para os extratos aquoso (3,07 ± 0,12 ìmol TE/g) e etanólico (1,87 ± 0,16
ìmol TE/g) da couve fresca, e extrato aquoso da hortelã fresca (2,53 ± 0,48 ìmol
134
TE/g).
Avaliando o potencial entre as amostras através da comparação vertical,
obtiveram-se os maiores valores, quando avaliados os extratos aquosos das
amostras frescas, para couve (3,07 ± 0,12 ìmol TE/g), seguido de hortelã (2,53 ±
0,48 ìmol TE/g), para as amostras liofilizadas, laranja (0,52 ± 0,01 ìmol TE/g),
hortelã (0,15 ± 0,01 ìmol TE/g) e couve (0,12 ± 0,01 ìmol TE/g). Já para os extratos
etanólicos, maiores valores das amostras frescas obtidas pela couve (1,87 ± 0,16
ìmol TE/g), manga (1,39 ± 0,07 ìmol TE/g) e limão (1,21 ± 0,10 ìmol TE/g), e para
as amostras liofilizadas laranja (0,34 ± 0,03 ìmol TE/g) e maçã (0,16 ± 0,01 ìmol
TE/g).
Apenas como base de comparação, pois apresentam diferentes variedades e
solventes extratores, os dados obtidos neste estudo foram comparados
observados por Kevers et al. (2007) e por Dragoviæ-Uzelac et al. (2009). Menores
valores do que os obtidos por Kevers et al. (2007) foram encontrados para
amostras frescas de banana (5,23 ± 0,84 ìmol TE/g), limão (3,04 ± 0,40 ìmol TE/g),
maçã var. ‘Jonagold’ (0,92 ± 0,24 ìmol TE/g), laranja (2,24 ± 0,08 ìmol TE/g) e pera
var. ‘Conference’ (1,40 ± 0,04 ìmol TE/g), e valores aproximados aos obtidos por
Dragoviæ-Uzelac et al. (2009), para amostras frescas de laranja (9 ìmol TE/g),
maçã var. ‘Idared’ (9 ìmol TE/g), couve-flor var. ‘Favola’ (8,2 ìmol TE/g) e couve
var. ‘Melissa’ (7,2 ìmol TE/g).
• TEAC
O TEAC apresentou uma variação dos resultados entre 0,01 ± 0,00 (BMFH
(2) digerida) e 1,38 ± 0,08 ìmol TE/g amostra úmida (BMFH (1) digerida).
Dentre os smoothies analisados por Müller et al. (2010), os maiores valores
TEAC foram medidos nos smoothies contendo morangos com quase ou acima de
10 ìmol TE/g. Os outros smoothies compostos de frutas e hortaliças mostraram
capacidades antioxidantes inferiores a 6-8 ìmol TE/g sem qualquer correlação com
os frutos utilizados. Os resultados obtidos para as amostras avaliadas neste
135
estudo, BMFHs (1) e (2), apresentaram valores de TEAC abaixo dos obtidos por
Müller, o que pode ser explicado pelo alto conteúdo de vitamina C apresentado
nas amostras avaliadas por este autor.
Os resultados de TEAC para as frutas e hortaliças analisadas variaram entre
0,15 ± 0,01 (extrato etanólico do repolho liofilizado) e 12,42 ± 1,51 ìmol TE/g
amostra úmida (extrato etanólico de hortelã fresco). Entre as frutas, estão em
destaque os extratos etanólico (3,63 ± 0,11 ìmol TE/g) e aquoso (1,45 ± 0,15 ìmol
TE/g) de manga fresca, e extratos aquoso (0,94 ± 0,07 ìmol TE/g) e etanólico (0,90
± 0,08 ìmol TE/g) da laranja fresca, já entre as hortaliças, os extratos etanólico da
hortelã fresca (12,42 ± 1,51 ìmol TE/g) e os etanólicos (8,76 ± 0,27 ìmol TE/g) e
aquosos (4,71 ± 0,28 ìmol TE/g) da couve fresca, detêm os maiores valores.
Na avaliação do potencial entre as amostras, maiores valores,
estatisticamente significativos, foram encontrados para os extratos aquosos nas
amostras frescas de couve (4,71 ± 0,28 ìmol TE/g), hortelã (2,12 ± 0,04 ìmol TE/g)
e manga (1,45 ± 0,15 ìmol TE/g) e nas amostras liofilizadas de couve (0,96 ±
0,01), banana (0,70 ± 0,05 ìmol TE/g) e maçã (0,62 ± 0,04 ìmol TE/g). Para os
extratos etanólicos, maiores valores foram obtidos para as amostras frescas e
liofilizadas de hortelã (respectivamente 12,42 ± 1,51 e 3,62 ± 0,16 ìmol TE/g) e
couve (8,76 ± 0,27 e 0,86 ± 0,05 ìmol TE/g).
Pellegrini et al. (2003) realizaram a análise da capacidade antioxidante in
vitro de diversas frutas, hortaliças, bebidas e óleos consumidos na Itália. As
amostras de interesse neste estudo e seus respectivos resultados para o método
TEAC são os seguintes: couve-flor (1,10 ìmol TE/g), maçã var. ‘Golden’ (1,59 ìmol
TE/g), banana (0,64 ìmol TE/g), laranja (8,64 ìmol TE/g) e pera (2,19 ìmol TE/g).
Resultados similares foram encontrados neste estudo para as amostras de banana
e couve-flor, sendo que todas as outras amostras apresentaram-se abaixo do
encontrado por Pellegrini et al. (2003).
136
• ORAC
Para o ORAC, os resultados estão entre 6,04 ± 0,66 (BMFH (2) liofilizada) e
19,73 ± 5,29 ìmol TE/g amostra úmida (BMFH (2) digerida).
Resultados semelhantes foram encontrados para as amostras avaliadas por
Müller et. al (2010), com resultados de ORAC variando entre 7,9 ± 0,5 e 38,6 ± 1,0
ìmol TE/g para amostras de smoothies compostos por frutas e hortaliças.
Os resultados de ORAC para as frutas e hortaliças analisadas variaram entre
1,04 ± 0,10 (extrato etanólico de limão liofilizado) e 55,28 ± 3,98 ìmol TE/g amostra
úmida (extrato aquoso de hortelã fresca). Entre as amostras de frutas, destacam-
se os extratos etanólicos de laranja liofilizada (28,42 ± 2,30 ìmol TE/g amostra
úmida) e fresca (24,15 ± 0,32 ìmol TE/g amostra úmida), de maçã fresca (12,70 ±
1,44 ìmol TE/g amostra úmida) e extrato aquoso de laranja fresca (11,48 ± 0,24
ìmol TE/g amostra úmida). Entre as hortaliças, encontraram-se os maiores valores
para o método ORAC, com destaque para os extratos aquosos (55,28 ± 3,98 ìmol
TE/g amostra úmida) e etanólicos (42,18 ± 1,93 ìmol TE/g amostra úmida) de
hortelã fresca e extratos aquoso (54,52 ± 2,99 ìmol TE/g amostra úmida) e
etanólico (46,29 ± 4,30 ìmol TE/g amostra úmida) de couve liofilizada e fresca,
respectivamente.
Avaliando-se o potencial entre os extratos, através da comparação vertical
entre as formas frescas ou liofilizadas das amostras, podem-se observar maiores
valores significativos para os extratos aquosos das amostras frescas de hortelã
(55,28 ± 3,98 ìmol TE/g amostra úmida), couve (26,79 ± 7,22 ìmol TE/g amostra
úmida) e laranja (11,48 ± 0,24 ìmol TE/g amostra úmida) e das amostras
liofilizadas de couve (54,52 ± 2,99 ìmol TE/g amostra úmida) e hortelã (16,06 ±
1,70 ìmol TE/g amostra úmida). Entre os extratos etanólicos, maiores valores
também foram encontrados para as amostras frescas de couve (46,29 ± 4,30 ìmol
TE/g amostra úmida), hortelã (42,18 ± 1,93 ìmol TE/g amostra úmida) e laranja
(24,15 ± 0,32 ìmol TE/g amostra úmida) e para as amostras liofilizadas de laranja
(28,42 ± 2,30 ìmol TE/g amostra úmida) e hortelã (20,49 ± 1,79 ìmol TE/g amostra
úmida).
137
Wang et al. (1996) analisaram a atividade antioxidante total pelo método
ORAC de 12 frutas e 5 sucos de frutas comerciais. Os resultados obtidos por este
autor para as amostras laranja (7,50 ± 1,01 ìmol TE/g), banana (2,21 ± 0,19 ìmol
TE/g), maçã (2,18 ± 0,35 ìmol TE/g) e pera (1,34 ± 0,15 ìmol TE/g), se mostraram
similares aos obtidos neste estudo.
Wu et al. (2004) avaliaram a determinação da capacidade antioxidante de
diversas frutas e hortaliças através do método ORAC. As amostras de interesse
para este estudo e seu valor de ORAC são os seguintes: maçã ‘Fuji’ (25,93 ìmol
TE/g), bananas (8,79 ìmol TE/g), manga (10,02 ìmol TE/g), laranja (18,14 ìmol
TE/g), cultivar verde de pera (19,11 ìmol TE/g), couve-flor (6,47 ìmol TE/g) e
repolho (13,59 ìmol TE/g). Comparando-se estes resultados com os obtidos neste
trabalho, pode-se observar que, entre as amostras estudadas, apenas o resultado
de ORAC da laranja está entre os valores encontrados neste estudo, sendo que
para todas as outras amostras, os resultados apresentaram valores superiores.
Os resultados de ORAC de frutas tropicais crescidas na Florida CA-USA,
obtidos no estudo de Mahattanatawee et al. (2006), variaram entre valores
menores que 0,1 a 16,7 ìmol TE/g de purê, estando dentro do obtido para as
amostras de frutas avaliadas neste estudo.
Kevers et al. (2007) determinaram a atividade antioxidante de diversas frutas
e hortaliças. As amostras de interesse neste estudo e seus respectivos resultados
de ORAC são: amostras frescas de banana (7,83 ± 2,56 ìmol TE/g), limão (8,43 ±
1,96 ìmol TE/g), maçã var. ‘Jonagold’ (11,39 ± 1,04 ìmol TE/g), laranja (13,18 ±
2,92 ìmol TE/g) e pera var. ‘Conference’ (5,19 ± 1,32 ìmol TE/g). Resultados
similares aos encontrados neste estudo foram obtidos para as amostras de
laranja, maçã e pera, já para as amostras de banana e limão demonstraram-se
abaixo dos valores obtidos por este autor.
A USDA (2010) apresenta, no Release 2, alguns dos resultados encontrados
na literatura para o conteúdo de ORAC obtidos para as amostras de frutas e
hortaliças estudadas. Comparando-se os valores ORAC, pode-se observar que os
valores obtidos por outros autores foram maiores que os resultados obtidos neste
138
estudo para 78% das amostras avaliadas. Estes resultados foram até 4,7 vezes
maiores, quando avaliadas as amostras de banana fresca (1,6 vezes), maçã fresca
e com casca (4,7 vezes), manga fresca (3,5 vezes), cultivares verdes de pera
fresca com casca (2,3 vezes), couve-flor (1,6 vezes) e hortelã fresca (2,4 vezes).
Já as amostras restantes obtiveram comportamento diferente, no qual o suco de
laranja fresca apresentou resultados de ORAC até 1,6 vezes menores, e o repolho
fresco, obteve valores dentro do encontrado neste estudo.
Estas diferenças podem ser devido à complexidade dos grupos de
compostos antioxidantes e/ou aos métodos de extração empregados, além disso,
o conteúdo destes compostos na planta varia entre o gênero, espécie, cultivar,
maturação, origem, condições ambientais, de cultivo, colheita, manejo,
armazenamento, entre outros.
139
Tabela 26: Resultados presumidos de Fenóis Totais (mg GAE/g amostra úmida),
DPPH-Trolox , TEAC e ORAC (µmol TE/g amostra úmida) das formulações frescas e
liofilizadas.
140
• Efeito da Liofilização no Teor de Compostos Bioativos
141
amostras fresca e liofilizada.
Avaliando-se os resultados para o método TEAC após a liofilização,
observou-se um aumento em relação às amostras frescas, com resultados de 0,85
± 0,03 e 0,71 ± 0,01 ìmol TE/g amostra úmida, respectivamente para as BMFHs
(1) e (2). O mesmo comportamento foi observado nos extratos aquosos de
banana, limão, maçã, pera e para o extrato etanólico de limão. Comportamento
contrário, com uma diminuição significativa do valor de TEAC foi obtido em 75%
das amostras testadas, para extratos aquosos e etanólicos das amostras laranja,
manga, couve, couve-flor, hortelã e repolho e nos extratos etanólicos de banana,
maçã, pera.
Nora (2012) obteve maiores valores nos métodos antioxidantes para
amostras liofilizadas de Araçá Vermelho (TEAC e DPPH) e Guabiju (DPPH)
quando comparadas às amostras frescas e não houve diferença para o método
TEAC entre as amostras de Guabiju fresca e liofilizada. Sugeriu, assim, que este
aumento após a liofilização esteja relacionado à facilidade do contato com o
solvente durante a extração.
Guiné et al. (2011) obteve, em seu trabalho com liofilização de pepino, ligeira
redução dos resultados obtidos para o método TEAC, e a atribuiu a outros
compostos com atividade antioxidante que não os compostos fenólicos, já que não
observou variação nas concentrações de Fenóis Totais, quando comparadas as
amostras frescas e liofilizadas.
Avaliando o efeito da liofilização nos resultados de ORAC, são obtidos
comportamentos diferentes entre as amostras estudadas. Na BMFH (1) a
liofilização aumentou significativamente o valor de ORAC (10,39 ± 1,62 ìmol TE/g
amostra úmida), quando comparada com a sua forma fresca (6,55 ± 0,32 ìmol
TE/g amostra úmida). Um aumento do potencial, entre 1,17 e 2,04 vezes, também
foi observado nos extratos aquosos de banana, maçã e couve e dos extratos
etanólicos de laranja. Para a mostra BMFH (2) observou-se um comportamento
contrário, onde o maior valor foi obtido na sua forma fresca (10,53 ± 0,99 ìmol
TE/g amostra úmida), o que também ocorreu para 60% das amostras de frutas e
142
hortaliças testadas. Não houve diferenças significativas para os extratos aquosos
de limão e couve-flor e para os extratos etanólicos de manga e pera.
Os resultados obtidos neste estudo para o efeito da liofilização nos teores de
fenólicos totais e atividade antioxidante de frutas, hortaliças e das BMFHs
formulados, estão de acordo com as conclusões obtidas por Shofian et al. (2011).
A partir do seu estudo, Shofian afirma que a liofilização afeta significativamente a
composição de alguns outros componentes antioxidantes e atividade antioxidante
das frutas tropicais estudadas, apesar de ter obtido retenção da quantidade
máxima da ocorrência natural de ácido ascórbico.
143
de acetona. O etanol é outro bom solvente para extração de polifenóis e é seguro
para consumo humano (METIVIER et al., 1980; SHI et al., 2005).
Pérez-Jimenez et al. (2008) ressaltam que, para a eficiência do processo de
extração, deve-se utilizar uma extração exaustiva, utilizando-se soluções de
solventes aquosos, com diferentes polaridades, de modo a extrair compostos com
diferentes estruturas químicas.
Normalmente, o procedimento de extração é sequencial e sistematicamente
liberta os compostos fenólicos de suas respectivas formas. Quando falamos de
ácidos fenólicos (ácidos livres ou ligados), o primeiro passo do processo envolve
tipicamente a utilização de um solvente orgânico aquoso, para extrair os ácidos
fenólicos solúveis/extraíveis (livres, ésteres solúveis, solúveis e glicosídeos)
(ESCARPA et al. , 2002; MATTILA & KUMPULAINEN, 2002; RUSSELL et al.,
2009).
Entre estes, a extração assistida por ultrassom é uma alternativa de baixo
custo, simples e eficiente entre as técnicas de extração convencionais (JING et al.,
2008). Este método descreve um procedimento para extração de compostos
orgânicos não-voláteis e semivoláteis, garantindo um contato íntimo da matriz da
amostra com o solvente de extração. Ultrassom é frequentemente usado para
melhorar a extração de lípidos, proteínas e compostos fenólicos de plantas (IGNAT
et al., 2011).
A variabilidade no teor total de fenólicos em diferentes extratos poderia ser o
resultado da solubilidade variável dos compostos fenólicos; esta variação na
solubilidade pode ser acionada pela polaridade do solvente (MARINOVA &
YANISHLIEVA, 1997). Materiais de plantas podem conter compostos fenólicos
variando de substâncias simples (por exemplo, ácidos fenólicos, antocianinas) à
altamente polimerizadas (por exemplo, taninos) em diferentes quantidades. Além
disso, compostos fenólicos também podem ser associados com outros
componentes da planta, tais como carboidratos e proteínas. Portanto, não há
nenhum procedimento de extração universal adequado para extração de todos os
compostos fenólicos de plantas. Os solventes, tais como metanol, etanol, acetona,
144
acetato de etila, e suas combinações têm sido utilizados para a extração de fenóis
a partir de materiais vegetais, frequentemente com diferentes proporções de água
(DAI & MUMPER, 2010).
Outro fator a ser considerado segundo Madsen et al. (1997) é o substrato
utilizado: antioxidantes polares são mais ativos em lipídios puros enquanto os
apolares em substratos polares. É o chamado “paradoxo polar” que confirma os
achados para tocoferóis e ácido ascórbico como antioxidante.
Na avaliação da influência do solvente utilizado na extração em relação ao
resultado de DPPH-Trolox, pode-se observar que não houve diferença significativa
entre os extratos aquosos e etanólicos das amostras frescas de Limão Tahiti,
maçã, Manga Palmer, Couve-flor e Repolho branco e das amostras liofilizadas de
manga Palmer. Maiores valores significativos foram encontrados para os extratos
aquosos das amostras frescas e liofilizadas de banana (respectivamente 0,346 ±
0,045 e 0,067 ± 0,001 ìmol TE/g amostra úmida), laranja (1,060 ± 0,091 e 0,521 ±
0,010), couve (3,072 ± 0,120 e 0,122 ± 0,010) e hortelã (2,534 ± 0,484 e 0,145 ±
0,010) e para o extrato etanólico da pera fresca (0,307 ± 0,029), e entre as
amostras liofilizadas foram encontrados os maiores valores para os extratos
aquosos de limão (0,107 ± 0,007) e pera (0,026 ± 0,001) e para os etanólicos de
maçã (0,160 ± 0,011), couve-flor (0,022 ± 0,002) e repolho (0,018 ± 0,000).
Anwar et al. (2013), tabém obteve resultados da atividade sequestradora de
radicais DPPH variando consideravelmente em relação os solventes de extração
estudados para a amostra de couve-flor.
Koksal & Gulcin (2008) e Llorach et al. (2003), compararam os solventes
etanol e água na extração de antioxidantes de couve-flor. Nos dois casos, o etanol
foi superior à água na extração do conteúdo de compostos fenólicos totais. Jaiwal
et al. (2012) também obtiveram melhores resultados na extração etanólica,
quando comparada à aquosa, ao quantificar compostos fenólicos e atividade
antioxidante (DPPH) presentes na casca de Diospyros melanoxylon Roxb.
Resultados diferentes foram obtidos por Jardini & Mancini Filho (2007) ao
avaliarem a atividade antioxidante dos extratos etéreo, alcoólico e aquoso obtidos
145
da polpa e das sementes da romã (Punica granatum, L.), obtendo os melhores
resultados para os extratos aquosos.
Para avaliar a influência do tipo de solvente na extração dos compostos
bioativos em relação ao ensaio de TEAC, compararam-se as formas frescas e as
formas liofilizadas entre cada solvente. A extração aquosa foi mais efetiva para as
amostras frescas e liofilizadas de banana e repolho e amostras liofilizadas de
maçã, pera, couve e couve-flor. Para as amostras frescas e liofilizadas de limão,
manga e hortelã, e para as amostras frescas de maçã, pera e couve-flor, a
extração etanólica obteve melhores resultados. Não houve diferença
estatisticamente significativa entre as extrações para as amostras frescas ou
liofilizadas de laranja Pera.
Diferentemente do que foi observado para algumas amostras deste estudo,
Vizzotto & Pereira (2011) relataram que a água pura como solvente extrator de
amora-preta não foi tão eficiente quando os demais solventes testados. De acordo
com Chirinos et al. (2007), o uso de água pura resulta em extratos com alta
impureza (ácidos orgânicos, açúcares, proteínas solúveis), podendo interferir na
quantificação destes compostos.
Avaliando os resultados obtidos por Chipault et al. (1956), pode-se observar
que também foi obtida uma variação da eficácia em função do solvente usado para
preparar os extratos antioxidantes.
A água, considerada o solvente universal, em combinação com outros
solventes orgânicos contribui para criar um meio moderadamente polar, o que
favorece a extração de polifenóis (LAPORNIK et al., 2005; LIYANA-PATHIRANA &
SHAHIDI, 2005b).
Anwar et al. (2013), com base nas tendências de seu estudo, sugeriram que
solventes orgânicos de base aquosa são superiores na recuperação de um
rendimento mais elevado de extração de componentes antioxidantes de couve-flor
e, portanto, pode ser considerado em estudos futuros de extração. No entanto, é
importante salientar que o rendimento de extração ótimo não pode traduzir a maior
atividade antioxidante; os solventes de base aquosa podem apenas solubilizar
146
uma maior gama de compostos, alguns dos quais podem ter pouca ou nenhuma
atividade antioxidante.
Analisando a influência do tipo de solvente na extração dos compostos
bioativos para a análise de ORAC, observa-se que 65% das amostras estudadas
obtiveram maiores valores (p<0,05) nos extratos etanólicos. Apenas para as
amostras frescas e liofilizadas de manga, não houve diferenças significativas entre
os solventes utilizados na extração. Já para as amostras frescas e liofilizadas de
limão e as amostras liofilizadas de couve e couve-flor, os maiores resultados foram
encontrados para os extratos aquosos.
Gonçalves et al. (2011) concluíram, através da avaliação dos resultados
obtidos no seu estudo, que a atividade antioxidante detectada por sistemas
complexos, tais como materiais vegetais, pode ser causada por várias classes de
componentes, pois existem outras famílias de substâncias presentes nos extratos
de interesse além dos compostos fenólicos (polares) que contribuem para a
eliminação de radicais livres (tais como terpenoides, carotenoides, tocoferóis,
entre outros) que estão influenciando na atividade antioxidante; e também pelo
sinergismo e interações entre eles a partir da mistura complexa, resultando em
uma atividade antioxidante dependente da composição do extrato.
Alguns estudos mostraram que o metanol e etanol foram os melhores
solventes de extração de compostos fenólicos a partir de materiais de plantas do
que solventes menos polares como acetona e hexano (ZARENA & SANKAR,
2009; MOHSEN & AMMAR, 2009).
De acordo com outro estudo, um solvente menos polar, tal como a acetona,
pode extrair mais compostos fenólicos das flores do que solventes mais polares,
como o metanol e água. Estas diferenças podem dever-se aos tipos de compostos
fenólicos em materiais vegetais. Em geral, um bom equilíbrio da polaridade, é
necessário na extração de compostos fenólicos de origem vegetal (LIU et al.,
2009; HORAX et al., 2010).
De acordo com os resultados obtidos em seu estudo, Stankovic et al. (2012)
afirmam que os compostos fenólicos de extratos dependem da parte da planta
147
utilizada na experiência e os solventes utilizados para a extração, e não apenas na
concentração de compostos fenólicos, mas também as propriedades destes
compostos contribuem para as atividades de diferentes extratos.
148
diferenciado, com a redução nos valores após a digestão, ocorreu para as duas
amostras no método DPPH-Trolox (redução entre 15 e 30 vezes) e na amostra
BMFH (2) no método TEAC (em média 70 vezes).
Akillioglu & Karakaya (2010) também concluíram, através de seus resultados,
que a digestão faz fenólicos ligados serem transformados em formas livres. Seus
dados foram semelhantes aos encontrados neste estudo para o método TEAC,
onde foram obtidas atividades antioxidantes de frações dialisáveis contra radical
ABTS´ monstrando-se entre 2,84 e 6,19 vezes maiores do que as de BMFHs
antes da digestão. Atividades antioxidantes dos extratos aquosos de frações não
dialisáveis (retidas) contra radical ABTS´ também foram encontradas como sendo
maiores do que aquelas das BMFHs antes da digestão (p<0,05). Extratos
metanólicos das frações não-dialisáveis das amostras apresentaram efeito
inibitório sobre radicais ABTS´ variando entre 24,97 e 86,05%.
Reduções significativas dos valores de DPPH (1,61-2,09 vezes), após o
processo de digestão in vitro, também foram obtidos por Akillioglu & Karakaya
(2010). Saura-Calixto et al. (2007) relataram que cerca de 66% dos polifenóis em
leguminosas pertencem à fração insolúvel não-digerível. Eles propuseram que,
polifenóis associados à fração solúvel não digerível não passam através da
barreira intestinal. No entanto, eles podem ter algum efeito antioxidante do
intestino delgado porque eles são solúveis no meio digestivo. Além disso, os
polifenóis associados com a fração insolúvel não digerível não podem passar
através da barreira intestinal e eles podem atingir o cólon, onde podem ser
fermentados pela microflora colônica, exercendo assim sua atividade antioxidante
após a fermentação colônica.
Liyana-Pathirana & Shahidi (2005a) avaliaram o efeito de condições
simuladas de pH gástricos no conteúdo de fenóis totais e atividade antioxidante de
trigo mole e duro. O conteúdo de fenóis totais foi aumentado em 3,5-5,3 vezes
para o trigo mole e entre 2,4-5,1 vezes para o trigo duro. Uma das explicações foi
relacionada com condições gástricas que podem influenciar a composições
fenólicas desde que fenólicos são comumente esterificados a açúcares ou ácidos.
149
A condição gástrica simulada resultou em um aumento dramático na capacidade
antioxidante em equivalente Trolox do trigo, que foi de 2,5 e 4 vezes maior para o
trigo mole e duro, respectivamente.
Comparando-se os maiores valores encontrados para a quantificação de
fenólicos totais e antioxidante obtidos por Müller et al. (2010) em amostras de
smoothies, observa-se que as amostras digeridas de BMFH (1) e (2)
apresentaram resultados até 11 vezes maiores no método TEAC, 26 vezes para
Fenóis Totais e até 63 vezes maiores do que os encontrados para o método
ORAC, demonstrando assim o aumento da biodisponibilidade dos compostos
fenólicos e antioxidantes.
Digestão parece ser um fator importante para potencializar a atividade
antioxidante. Isto pode ser devido ao aumento na solubilidade de polifenóis e
digestão de proteínas e de amido, que podem levar à libertação de polifenóis,
devido às condições ácidas do estômago e da hidrólise enzimática no duodeno
(AKILLIOGLU & KARAKAYA, 2010). Explicação semelhante foi relatada noutro
local, indicando que a digestão gastrointestinal in vitro causou o aumento da
capacidade antioxidante de alimentos à base de grãos de cereais integrais devido
a possível libertação de polifenóis após a digestão de proteínas e de amido
(PEREZ-JIMENEZ & SAURA-CALIXTO, 2005).
Comparações das atividades antioxidantes antes e depois dos processos de
digestão in vitro revelaram que a digestão pareceu ser um fator importante para
potencializar a atividade antioxidante das amostras estudadas. A atividade
antioxidante dos retidos, que representa a fração não dialisável, mostra que a
digestão no estômago causou o aumento na atividade antioxidante em relação às
amostras não digeridas (AKILLIOGLU & KARAKAYA, 2010).
150
os vários mecanismos antioxidantes que podem ocorrer, bem como a diversidade
de compostos bioativos. A literatura descreve vários métodos antioxidantes, cada
um com um princípio distinto que utilizam radicais livres e/ou padrões diversos.
Dessa forma, os estudos que visam avaliar propriedades antioxidantes de extratos
vegetais utilizam mais de uma metodologia para inferir, com maior segurança, se
os extratos analisados poderão apresentar também alguma atividade em combater
os radicais livres formados no interior do organismo humano. Entre as
metodologias que têm sido utilizadas, destacam-se as que utilizam os radicais
livres sintéticos DPPH e ABTS´, pela facilidade de execução e pela boa correlação
com as demais metodologias antioxidantes (SOUSA et al., 2011).
Vários autores têm demonstrado de forma conclusiva que existe uma forte
relação positiva entre o teor de fenólicos totais e a capacidade antioxidante de
frutas e hortaliças, enquanto que outros autores não têm evidenciado esta
correlação (MELO et al., 2008).
As relações entre Fenóis Totais e Potencial Antioxidante (DPPH-Trolox,
TEAC e ORAC) das BMFHs (1) e (2), nas formas fresca e liofilizada, encontram-se
na Tabela 27 e dos extratos aquosos e etanólicos, nas formas fresca e liofilizada,
das frutas e hortaliças estudadas, na Tabela 28.
AMOSTRAS
COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO (r)
Frescas Liofilizadas
151
Tabela 28: Coeficiente de correlação (r) obtido entre Fenóis Totais e potencial antioxidante (DPPH-
Trolox, TEAC e ORAC) dos extratos aquosos e etanólicos, nas formas fresca e liofilizada, das
amostras de frutas e hortaliças estudadas.
AMOSTRAS
152
Analisando a Tabela 28, observa-se uma boa correlação para os extratos
aquosos das amostras frescas, e também para as relações TEAC versus ORAC
dos extratos aquoso e etanólico das amostras liofilizadas, extratos etanólicos na
relação Fenóis Totais versus TEAC e extrato etanólico da amostra fresca na
DPPH-Trolox versus ORAC.
Alguns estudos têm demonstrado uma correlação linear entre o teor de
fenólicos totais e a atividade antioxidante por ORAC em frutas e vegetais (WANG
et al., 1996; CAO et al., 1996; PRIOR et al., 1998; WANG & LIN, 2000; WU et al.,
2004), mas Fenóis Totais e atividade antioxidante não estão correlacionados em
todos os tipos de alimentos (WU et al., 2004).
Anwar et al. (2013), obtiveram uma forte correlação quando relacionaram o
conteúdo de Fenóis Totais e a percentagem de inibição do ácido linoleico, para
todos os 12 extratos de couve-flor (variando o método de secagem e solvente de
extração), indicando que o conteúdo de Fenóis Totais também é, neste caso, um
indicador útil da atividade antioxidante. Llorach et al. (2003) relataram resultados
semelhantes para o seu estudo com extração de couve-flor a base de etanol e de
água. Curiosamente, Koksal & Gulcin (2008) relataram que o conteúdo de Fenóis
Totais e atividade antioxidante (ensaio de DPPH) dos extratos etanólicos de
couve-flor não se correlacionou fortemente.
Mahattanatawee et al. (2006), afirma em seu estudo com frutas tropicais, que
houve correlação significativa (r = 0,96) para ambos (ORAC e DPPH) entre a
atividade antioxidante e Fenóis Totais, sugerindo que os compostos fenólicos
provavelmente contribuíram de forma significativa para a atividade antioxidante em
extratos de frutas.
Vedana et al. (2008) encontraram uma correlação positiva para a atividade
antioxidante de extratos aquosos e hidroalcoólicos de uvas, da cultivar Isabel,
quando avaliados pelos métodos do DPPH e TEAC. Entretanto, essa regra não é
geral para todos os antioxidantes, pois Villaño et al. (2006), constataram que os
ácidos fenólicos siríngico, vanílico e p-cumárico, e a procianidina B3 não reagem
com o radical ABTS´, entretanto, apresentam elevada atividade antioxidante pelo
153
método DPPH.
Floegel et al. (2011), ao avaliarem o potencial antioxidante de 18 frutas, 13
legumes e 19 bebidas consumidas nos Estados Unidos, constataram que a
capacidade antioxidante detectada pelo ABTS´ foi significativamente maior para os
frutos, legumes e bebidas em comparação com o ensaio DPPH. Segundo os
autores, os antioxidantes hidrofílicos e de alta pigmentação foram melhor refletidos
pelo ensaio TEAC, sugerindo que este método pode ser mais útil do que o método
de DPPH para a detecção da capacidade antioxidante em uma variedade de
alimentos.
Leong e Shui (2002), ao correlacionarem a capacidade antioxidante de frutas
comercializadas em Singapura pelos ensaios TEAC e DPPH, reportaram uma boa
correlação (r = 0.9045) entre a atividade antirradical livre em apenas 11 das 27
frutas analisadas.
Já Thaipong et al. (2006), ao analisarem a atividade antioxidante de extratos
metanólicos de goiaba pelos ensaios TEAC e DPPH, encontraram correlação
significativa (r = 0,85) entre estes dois métodos.
154
(i)
(ii)
155
(iii)
(iv)
156
(v)
Figura 34: Resultado para: (i) Doxorrubicina; (ii) BMFH (1); (iii) BMFH (2); (iv) BMFH (1) digerida;
(v) BMFH (2) digerida, no Teste Antiproliferativo.
Legenda: U251 (glioma, SNC); MCF-7 (mama); NCI-ADR/RES (ovário, com fenótipo de resistência
a múltiplas drogas); 786-0 (rim); NCI-H460 (pulmão, tipo não pequenas células); OVCAR-3
(ovário); HT29 (cólon); HaCaT (queratinócito humano, célula normal imortalizada).
Tabela 29: Resultado de GI50 no ensaio Antiproliferativo para as amostras de bebida analisadas.
GI50 (µg/mL)
Amostra
2 M a 7 4 o h Q
Legenda: Linhagens celulares humanas - 2 = U251 (glioma, SNC); m = MCF-7 (mama); a = NCI-ADR/RES
(ovário, com fenótipo de resistência a múltiplas drogas); 7 = 786-0 (rim); 4 = NCI-H460 (pulmão, tipo não
pequenas células); o = OVCAR-3 (ovário); h = HT29 (cólon); q = HaCaT (queratinócito humano, célula normal
imortalizada).
157
As amostras foram consideradas ativas, com potencial Antiproliferativo,
quando a Inibição do crescimento foi maior que 50% e de forma dose dependente,
preferencialmente com seletividade para os tipos celulares. Este comportamento
foi observado para a Doxorrubicina, a qual apresentou efeito citostático e citocida,
como pode ser visto na Figura 34. Além da inibição de crescimento acima de 50%
de todas as linhagens avaliadas, esta inibição ocorreu de forma dose dependente,
ou seja, apresentou diferentes comportamentos em relação à variação das
concentrações de amostra.
As BMFHs (1) e (2), digeridas ou não, foram avaliadas quanto ao potencial
anticâncer em culturas de células tumorais humanas. Como pode ser observado
na Tabela 29, a BMFH (1) apresentou efeito citostático apenas para a linhagem de
cólon (HT29), com valor de GI50 de 44,6 µg/mL, e o BMFH (2) para as linhagens
de ovário (NCI-ADR/RES), com resultados de GI50 de 42 µg/mL.
Os resultados obtidos sugerem uma atividade citostática muito fraca, sendo
que as amostras são praticamente inativas para atividade antiproliferativa. O fato
das amostras não terem apresentado resultados tão promissores como
quimioterápicos não impede que eles possam ter um maior potencial na
quimioprevenção do câncer, atuando nas etapas de iniciação e promoção,
avaliando essas bebidas através de modelos de carcinogênese.
As BMFHs (1) e (2), antes e após a digestão in vitro, foram testadas quanto à
capacidade antiproliferativa e antioxidante celular (CAA) frente às células de
hepatócitos humanos (HepG2).
Inicialmente foi realizado o teste de citotoxicidade para diferentes
concentrações de amostra, entre 5 e 100 µg/mL para as BMFHs (1) e (2) antes da
digestão, entre 8 e 1511 µg/mL para a BMFH (1) após a digestão e entre 7 e 1431
µg/mL BMFH (2) após a digestão, e as concentrações não citotóxicas foram
utilizadas nos ensaios Antiproliferativo e CAA.
158
Para as amostras testadas, concentrações acima de 250 e de 130 µg/mL se
mostraram citotóxicas, respectivamente para as amostras não digeridas das
BMFHs (1) e (2), ou seja, houve diminuição da absorção acima de 10% quando
comparado ao controle. Entre as concentrações testadas da amostra digerida de
BMFH (1), não foi observada citotoxicidade, já para a amostra digerida da BMFH
(2), foram citotóxicas as concentrações acima de 358 µg/mL. Portanto, o teste
antiproliferativo e a atividade antioxidante celular (CAA) foram realizados
utilizando-se as concentrações das amostras nas quais não foram observadas a
citotoxidade.
As atividades antiproliferativas da BMFH (1) digerida, BMFH (2) e BMFH (2)
digerida não foram determinadas, pois a inibição do crescimento foi menor que
50% nas doses avaliadas, e por este motivo, não foi possível calcular o IC50
destas amostras. O gráfico de Crescimento Celular vs Concentração da BMFH (1)
(Figura 35) e os resultados de IC50 (Tabela 30), obtidos através dos resultados
das análises de proliferação celular (HepG2), são apresentados a seguir.
Figura 35: Resultado do ensaio de proliferação celular (HepG2) para a BMFH (1).
159
Tabela 30: Resultados de IC50 para os ensaios de proliferação celular (HepG2).
IC50
AMOSTRA
(µg/mL amostra úmida)
4.1.13 CAA
O ensaio CAA foi realizado para concentrações das amostras que não
apresentaram citotoxicidade, como descrito no item 4.2.10.2 da metodologia.
Assim, para as amostras não digeridas de BMFH (1) e (2), o ensaio de CAA foi
realizado para concentrações menores que 0,25 e 0,13 mg/mL, respectivamente.
Já para as BMFHs (1) e (2) após a digestão in vitro, realizou-se o ensaio de CAA,
respectivamente para as concentrações abaixo de 1,511 e 0,358 mg/mL.
Para os cálculos da fluorescência no ensaio CAA, construiu-se um gráfico
relacionando o decaimento da fluorescência versus tempo, para cada
concentração do padrão Quercetina (Figura 36).
160
Figura 36: Curvas de diferentes concentrações do padrão Quercetina, no ensaio
antioxidante celular.
161
amostra úmida (Tabela 31).
Para comparar a qualidade antioxidante em relação aos compostos fenólicos
das BMFHs, digeridas ou não, os valores de CAA foram expressos como µmol
QE/µmol GAE e demonstrados na Tabela 31.
(i) (ii)
(iii) (iv)
Figura 38: Curvas de concentração (mg/mL) no ensaio antioxidante celular para as amostras (i)
BMFH (1); (ii) BMFH (2); (iii) BMFH (1) Digerida e (iv) BMFH (2) Digerida.
162
Tabela 31: Resultados para os ensaios de CAA e da qualidade antioxidante celular.
Os valores referem-se à média de três determinações ± desvio padrão. Análise estatística pelo método Tukey,
com p<0,05. Letras minúsculas foram usadas comparação vertical dos resultados das amostras estudadas.
163
nectarina e rabanete sem lavagem, e cereja e pera após lavagem com PBS, mas
é maior que apenas 8 frutas sem lavagem, 11 hortaliças sem lavagem com PBS e
todas as hortaliças com lavagem.
A qualidade antioxidante da BMFH (1) apresentou-se muito maior (1,80 µmol
QE/µmol GAE) do que da sua forma digerida (0,05 µmol QE/µmol GAE) e do que
a BMFH (2) digerida ou não, respectivamente 0,02 e 0,03 µmol QE/µmol GAE.
É interessante apontar que, apesar de os maiores valores terem sido obtidos
por ambas BMFHs digeridas nos conteúdos de fenóis totais e ORAC, e pela
BMFH (1) digerida na análise de TEAC, os resultados de CAA e qualidade de CAA
foram significativamente maiores na amostra não digerida de BMFH (1), quando
comparada à amostra digerida e às amostras de BMFH (2) digerida ou não. Estes
resultados são parcialmente similares apenas aos obtidos no resultado de DPPH-
Trolox, no qual a BMFH (1) não digerida obteve maiores valores que as BMFHs
digeridas.
A análise de atividade antioxidante celular (CAA) vem sendo considerada
como a análise biologicamente mais relevante na medida de atividade antioxidante
de alimentos quando comparada a ensaios químicos comuns de atividade
antioxidante, pois é responsável por alguns aspectos da absorção, metabolismo e
localização dos compostos antioxidantes nas células. A digestão in vitro
combinada com a CAA pode ser usada para obter mais informações fisiológicas
nos efeitos dos compostos bioativos de alimentos na saúde (WOLFE & LIU, 2007;
FALLER et al., 2012).
164
determinadas; avaliaram-se as bebidas formuladas como ingestão diária de frutas
e hortaliças, que também foram comparadas a bebidas semelhantes encontradas
no mercado nacional e internacional; realizou-se a quantificação dos compostos
fenólicos e a identificação dos flavonoides; avaliaram-se as bebidas e seus
componentes individuais (frutas e hortaliças) quanto aos efeitos da liofilização, do
tipo de solvente utilizado na extração dos compostos antioxidantes, e da digestão
in vitro; determinaram-se os índices da capacidade antioxidante in vitro e também
foram avaliadas a citotoxicidade e suas atividades antiproliferativas em células
humanas.
Na determinação da composição centesimal, a BMFH (1) obteve os maiores
valores para todas as análises, exceto para o teor de fibra alimentar, em relação a
BMFH (2). Destacam-se os baixos valores calóricos das BMFHs, 8 e 9% do valor
diário recomendado, respectivamente para as BMFHs (1) e (2), e pelo alto
conteúdo de fibra alimentar pois suprem 21 e 25%, respectivamente para as
BMFHs (1) e (2), do valor diário em uma porção de 300 mL.
Na composição vitamínica, observou-se que, exceto pela vitamina B2 e pela
vitamina C, que não foi detectada, todas as vitaminas analisadas apresentaram
valores maiores na amostra para a BMFH (1). Deve ser dado destaque à
concentração de vitamina A nas duas BMFHs, suprindo 39 e 14% do valor diário
recomendado, respectivamente para as BMFHs (1) e (2).
Pode-se observar também que, na composição mineral, exceto para o sódio
e zinco, todos os minerais analisados foram obtidos em maior quantidade pela
BMFH (1). O zinco não apresentou diferenças estatisticamente significativas entre
as BMFHs (1) e (2). Deve ser dado ainda destaque para o manganês com
concentrações de 24 e 17% do valor diário recomendado, respectivamente para
as BMFHs (1) e (2), e para o magnésio com 16 e 12% do valor diário,
respectivamente para as BMFHs (1) e (2), tornando a BMFH (1) em fonte de
magnésio e manganês e a BMFH (2) em fonte de manganês.
As BMFHs (1) e (2) foram avaliadas em relação ao equivalente de porções
de frutas e hortaliças supridas no valor diário recomendado de nutrientes, através
165
da comparação das informações nutricionais de uma porção de 300 mL destas
bebidas com as informações nutricionais de 1 a 4 porções de frutas e hortaliças.
As BMFHs apresentaram menores quantidades apenas para os conteúdos de
magnésio e de vitaminas B6 e C, e não foram diferentes significativamente na
quantidade de vitamina B2, quando comparadas a uma porção de banana.
Obtiveram quantidade de fibras equivalentes a 3 porções de vegetais (maçã, pera
e couve), e maior do que 2 porções (banana e repolho). Em relação aos lipídios,
manganês, fósforo e zinco, são equivalentes de 2 a 3 porções, e em relação a
carboidratos, cálcio, ferro, potássio e cobre, equivalentes de 2 a 4 porções de
vegetais.
As informações nutricionais das BMFHs (1) e (2) também foram comparadas
a 17 bebidas mistas de frutas e hortaliças, de coloração verde, comercializadas no
Brasil e/ou no exterior. O valor energético, conteúdo de carboidratos, gorduras,
fibras, cálcio e potássio das BMFHs (1) e (2) são maiores do que a maioria das
bebidas comerciais analisadas, e menores em conteúdo de sódio, proteínas e
vitaminas A e C.
Na caracterização físico-química não houve diferenças significativas para o
pH, lembrando que o baixo pH contribui para uma melhor conservação das
BMFHs. A % de acidez titulável e sacarose foram maiores na BMFH (1), o ratio e
frutose foram maiores na BMFH (2) e não houve diferenças estatisticamente
significativas para ºBrix e glicose. Para ambas, BMFH (1) e (2), as maiores
concentrações de mono- e dissacarídeos se deram para a sacarose, frutose e por
último a glicose.
Na avaliação da cor, não houve diferenças estatisticamente significativas em
relação à luminosidade, mas a BMFH (1) apresentou tonalidades mais tendentes
ao verde e ao amarelo. A coloração mais tendente ao verde da BMFH (1) pode ser
justificada por uma maior concentração de clorofilas total, a e b.
Para a caracterização dos nutracêuticos, a maior concentração de β-
caroteno, obtida pelo BMFH (1), pode justificar a maior tonalidade tendente ao
amarelo, quando comparado com a BMFH (2). Os teores de flavonoides totais e
166
fibras solúveis também foram maiores na BMFH (1), enquanto que para o teor de
fibras insolúveis foi maior para a BMFH (2). Não houve diferenças estatisticamente
significativas entre o conteúdo de pectina das duas bebidas, BMFHs (1) e (2).
Foram identificados fruto- e malto oligossacarídeos nas duas BMFHs, sendo que o
primeiro foi obtido em maior quantidade na BMFH (1) e o último na BMFH (2).
A identificação dos flavonoides não glicosilados foi realizada antes e após a
digestão in vitro das BMFHs (1) e (2). Ambas as BMFHs, antes da digestão,
apresentam 6 dos 17 padrões de flavonoides empregados, mas se diferem com a
presença de pelargonidina e (-) epicatequina-3-galato na BMFH (1) e de (-)
epigalocatequina, isoramnetina e quercetina, pela BMFH (2).
O processamento e armazenamento podem ter afetado a composição de
flavonoides de frutas e hortaliças frescas, comprovadas pela perda de compostos
após o processamento (tais como homogeneização, congelamento e liofilização)
das BMFHs (1) e (2), como ocorreu para 7 flavonoides na BMFH (1) e 8 na BMFH
(2), e pela produção de outros compostos, como ocorreu com o (-) epicatequina-3-
galato na BMFH (1). O efeito da digestão in vitro também pôde ser avaliado
através da composição de flavonoides das BMFHs (1) e (2) antes e após a
digestão, onde observou-se a perda de 5 compostos na BMFH (1) e de 6 na
BMFH (2) após a digestão in vitro.
Foram quantificados os Fenóis Totais e a capacidade antioxidante (DPPH-
Trolox, TEAC e ORAC) das BMFHs (1) e (2), antes e após a digestão in vitro, e de
seus componentes individuais (frutas e hortaliças), além do efeito da liofilização e
do solvente usado na extração.
Observou-se que, no geral, alguns dos resultados obtidos nas análises de
quantificação de fenólicos totais e determinação da capacidade antioxidante
diferiram dos obtidos na literatura. Essas variações encontradas podem ser
causadas por vários fatores como o tipo de solo, fertilizantes utilizados, época e
local de plantio, estocagem, comercialização, variedade da espécie vegetal em
estudo, dentre outros.
Através da análise de Fenóis Totais para as amostras de frutas e hortaliças
167
demonstraram-se os maiores valores, entre as amostras frescas, para couve e,
entre as amostras liofilizadas, para a hortelã. Entre as BMFHs, obteve-se maior
teor de fenóis totais para a amostra digerida de BMFH (1), quando comparadas às
amostras frescas ou liofilizadas, digeridas ou não.
Para o DPPH-trolox, entre as BMFHs os maiores resultados foram obtidos
pela amostra digerida de BMFH (1), e entre as frutas e hortaliças, pelo extrato
aquoso de couve fresca. Na análise de TEAC, a amostra com o resultado de maior
valor foi a BMFH (1) digerida, entre as BMFHs, e o extrato aquoso de hortelã
fresco, entre os vegetais. Já na análise de ORAC, os maiores resultados foram
obtidos pela BMFH (2) digerida e extrato aquoso de hortelã fresco,
respectivamente para as comparações entre as BMFHs e entre as frutas e
hortaliças.
Foi comprovado que o processamento, o método de conservação e a
liofilização podem ser responsáveis pelo aumento ou diminuição do conteúdo de
fenólicos totais e da atividade antioxidante e que a eficiência da extração é
dependente das condições do processo e da matriz testada.
Através dos resultados obtidos pelas análises de capacidade antioxidante in
vitro e na identificação dos flavonoides, observa-se a perda e produção de novos
compostos durante a digestão in vitro, aumentando ou diminuindo os resultados
das análises realizadas. O aumento da atividade antioxidante e do conteúdo de
fenólicos totais após a digestão pode ser justificado pela potencialização destes
devido ao aumento da solubilidade de polifenóis e digestão de proteínas e de
amido, que podem levar a liberação de polifenóis.
Através da avaliação da atividade antiproliferativa pelos métodos de
sulforrodamina B e com a HepG2, sugere-se uma atividade citostática muito fraca,
sendo que as BMFHs são praticamente inativas para atividade antiproliferativa. Na
análise da Atividade Antioxidante Celular (CAA), com a célula tumoral HepG2, o
maior resultado foi encontrado na amostra BMFH (2) antes da digestão, como foi
observado apenas na análise de ORAC.
168
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES
169
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
170
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2004.
203
ANEXO
204
Tabela 5: Composições Centesimal, Mineral e Vitamínica dos vegetais estudados (resultados em 100g amostra úmida) (Adaptada de
TACO, 2011 e USDA, 2012).
FRUTAS HORTALIÇAS
ENSAIOS
Banana Laranja Limão Maçã Manga Pera Couve- Couve Repolho
Hortelã
Nanica Pera Tahiti Fuji Palmer Williams flor Manteiga branco
Umidade e Voláteis (g) 73,8 91,3 87,4 84,3 79,7 85 92,8 90,9 78,7* 94,7
COMPOSIÇÃO
CENTESIMAL
Manganês (mg) 0,14 0,03 0,07 0,03 0,1 0,04 0,16 1,02 1176* 0,13
MINERAL
Vitamina A (UI) 64* 200* Tr 54* 1082* 25* 0* 9990* 4248* 98*
VITAMÍNICA
*Valores retirados da base de dados da USDA (2012), por estarem em falta na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Legenda: Tr =
Traços
205
Tabela 6: Composições de Flavonoides dos vegetais estudados (resultados em mg/100g amostra úmida) (Adaptada de USDA, 2011).
FRUTAS HORTALIÇAS
FLAVONOIDES
Bananas Laranja* Limão* Maçã Fuji** Mangas Pera Couve-flor Couve Hortelã Repolho
Antocianidinas
Cianidina - - - 0,65 0,1 12,18 - - - -
Delfinidina 7,39 - - 0,01 0,02 - - - - -
Pelargonidina - - - 0,01 0,02 - - - - -
Flavanóis
(+) Catequina 6,1 - - 0,75 1,72 0,27 - - - -
(-) Epicatequina 0,02 - - 5,55 - 3,76 - - - -
(-) Epicatequina-3-galato - - - - - 0,02 - - - -
(-) Epigalocatequina - - - 1,14 - 0,59 - - - -
(-) Epigalocatequina-3-galato - - - 1,93 - 0,17 - - - -
Flavanonas
Eriodictiol - 0,17 4,88 - - - - - 30,92 -
Hesperetina - 20,39 14,47 - - - - - 9,52 -
Naringenina - 3,27 1,38 - - - - - - -
Flavonas
Apigenina - - - - 0,01 - 0,08 - 8,71 0,08
Luteolina - - - 0,01 0,02 - 0,1 - 11,33 0,1
Flavonóis
Canferol 0,11 - - - 0,05 - 0,18 46,8 - 0,18
Isoramnetina - - - - - 0,3 - 23,6 - -
Miricetina 0,01 0,05 0,37 0,01 0,06 - - - - -
Quercetina 0,06 0,25 2,19 2,35 - 4,24 0,28 22,58 - 0,28
*Suco das frutas **Frutas com casca
206