Você está na página 1de 176

Beleza

e cuidados
pessoais

DECO PROTESTE DIGITAL


INSTRUÇÕES DE NAVEGAÇÃO

ÍNDICE GERAL

A ÍNDICE REMISSIVO

VER A PÁGINA VER A PÁGINA


ANTERIOR SEGUINTE
www.deco.proteste.pt/guiaspraticos

BELEZA E CUIDADOS PESSOAIS

Título do original: Beauté, mode d’emploi


© 2000, Association des Consommateurs Test-Achats S.C., Bruxelas

Texto e revisão técnica: Susana Santos


Coordenação editorial e redação: Carla Oliveira Esteves
Projeto gráfico: Alexandra Lemos
Paginação: José Domingues
Capa: Blueants Design Unipessoal, Lda.
Fotografia da capa: Corbis
Fotografias: Joana Saramago (página 54), João Cardoso Ribeiro (página 113)
e Thinkstock photos
Infografias: Anyforms Design (páginas 85, 101, 111, 115 e 116),
José Domingues (página 141), Nuno Semedo (página 135),
OCU (páginas 41, 46 e 164) e Tânia Quental (página 163)
Formato digital: Alda Mota e Isabel Espírito Santo

Diretora e editora de publicações: Cláudia Maia


Responsável pela edição: João Mendes

© 2002, 2013 DECO PROTESTE, Editores, Lda.


Todos os direitos reservados por:
DECO PROTESTE, Editores, Lda.
Av. Eng. Arantes e Oliveira, 13, 1.º
1900-221 LISBOA
Tel.: 218 410 800
Correio eletrónico: guias@deco.proteste.pt

1.ª edição: setembro de 2002


2.ª edição (revista e atualizada): agosto de 2013
Versão digital: dezembro de 2018

Depósito legal n.º 359112/13


ISBN 978-989-737-017-5

Impressão:
Agir
Rua Particular, Edifício Agir
Quinta de Santa Rosa
2680-458 Camarate

Esta edição respeita as normas


do novo Acordo Ortográfico.

Esta publicação, no seu todo ou em parte,


não pode ser reproduzida nem transmitida
por qualquer forma ou processo, eletrónico,
mecânico ou fotográfico, incluindo fotocópia,
xerocópia ou gravação, sem autorização prévia
e escrita da editora.
Beleza
e cuidados
pessoais
A

Prefácio
A indústria cosmética anuncia avanços científicos sensacionais e
­princípios ativos milagrosos, mas essas “maravilhas” resultam mesmo?
Se  as promessas dos fabricantes fossem verdadeiras, ninguém teria
rugas, celulite, pelos indesejáveis ou falta de cabelo. A verdade é que
não bastam os cosméticos para nos mantermos jovens, atraentes, com
a pele de um bebé e o cabelo de uma estrela de cinema. Não há nada
como seguir uma dieta equilibrada, beber 1,5 litros de água por dia,
dormir bem e fazer exercício para exibir um visual saudável. Alguns
produtos ajudam a alcançar este objetivo; outros, nem por isso.

Estudos realizados por algumas associações europeias de consumido-


res concluíram que os preços de venda dos cosméticos podem atingir
20  vezes o custo real do produto. Através dos resultados dos t­estes
­efetuados, sabemos que os mais caros não são, necessariamente,
os melhores.

Este guia é o nosso contributo para esclarecer ideias erradas sobre


­cuidados de beleza. Além de mostrarmos que produtos, tratamentos
e  cuidados são inúteis, explicamos qual o modo correto de tratar do
corpo, dos pés à ponta dos cabelos. Por exemplo, ensinamos a verificar se
a pele é seca, mista ou oleosa, um conhecimento essencial para lhe pres-
tar os cuidados adequados. Saberá ainda como lidar com um cabelo com
caspa e aprenderá a reconhecer quais os estabelecimentos mais seguros
para fazer uma tatuagem ou um pírcingue, entre muitos outros assuntos.

Apesar da segurança e da tolerabilidade da maioria dos produtos cosmé-


ticos e de higiene corporal, nalguns casos podem ocorrer efeitos adver-
sos ou alergias. Beleza e cuidados pessoais dá conselhos para evitar estas
situações e indica como reportar os efeitos indesejáveis às entidades
competentes.

Em suma, este livro põe a nu os gastos inúteis, tendo em conta não só


os custos dos vários produtos, como a eficácia da sua ação e o perigo que
alguns podem representar para a sua saúde.
A

Índice

Capítulo 1 Tipos de pele . . . . . . . . . . . . . . . 41


Problemas de pele mais comuns . . . . 44
Beleza e estilo de vida
Higiene da pele . . . . . . . . . . . 50
A alimentação . . . . . . . . . . . . 11 Sem dúvidas na hora de escolher . . . . 50
O tabaco e o álcool . . . . . . . . . 12 Higiene íntima . . . . . . . . . . . . 52
Consequências do tabagismo . . . . . . 12 Pensos e tampões . . . . . . . . . . . . . 53
Efeitos adversos do consumo
de álcool . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
O sono . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
Capítulo 4
Cuidar do rosto
O exercício físico . . . . . . . . . . 17
Limpar . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Hidratar . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Capítulo 2 Cremes hidratantes . . . . . . . . . . . 58
Produtos cosméticos:
lei e publicidade Cuidar dos lábios . . . . . . . . . . 62
Hidratante labial . . . . . . . . . . . . . 62
O que são cosméticos? . . . . . . . 23 Maquilhar . . . . . . . . . . . . . . . 63
O rótulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
O corretor e a base (em pó ou fluida) . . 63
Durabilidade e conservação . . . . . . . 27
Sombra, delineador de olhos e máscara
Os cosméticos e as alergias . . . 28 para pestanas . . . . . . . . . . . . . 65
Dermatite de contacto . . . . . . . . . . 29 O blush . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
O batom . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Segurança dos cosméticos . . . . 31
Desmaquilhar . . . . . . . . . . . . 68
A publicidade . . . . . . . . . . . . . 33 Leite de limpeza . . . . . . . . . . . . . 68
A relação preço/qualidade . . . . . . . . 34 Tónicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Os cosméticos naturais: Sabonetes (líquidos ou em barra) . . . . 69
muito marketing, pouco conteúdo . 34 Toalhitas desmaquilhantes . . . . . . . 69
Cuidados específicos
para homem . . . . . . . . . . . . . 70
Capítulo 3
Produtos para barbear . . . . . . . . . . 70
A pele e a higiene Loções para depois de barbear . . . . . 71
A pele . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Tratamentos antirrugas . . . . . 72
A estrutura da pele . . . . . . . . . . . . 39 Cremes antirrugas . . . . . . . . . . . . 73
A

Peeling . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Capítulo 6
Injeções de colagénio . . . . . . . . . . . 74 Boca e dentes sãos
Botox . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Laser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 Os dentes . . . . . . . . . . . . . . . 107
Lifting facial . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Problemas mais comuns . . . . . . . . 108
Os olhos . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Prevenção de problemas
Problemas oculares comuns . . . . . . . 77 dentários . . . . . . . . . . . . . . . .112
Cuidar dos olhos . . . . . . . . . . . . . 77
Higiene dos dentes . . . . . . . . 115
A escovagem . . . . . . . . . . . . . . .115
Branqueamento dos dentes . . . . . . 119
Capítulo 5
Cuidar do cabelo A boca e o hálito . . . . . . . . . . 119
Higiene oral infantil . . . . . . . . . . .120
Lavar o cabelo . . . . . . . . . . . . 86 Dentes desalinhados . . . . . . . 122
O champô . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
O amaciador . . . . . . . . . . . . . . . 88
As máscaras . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Capítulo 7
Secar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 Cuidar do corpo
Modelar . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Odor corporal . . . . . . . . . . . . 125
Alisadores . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Antitranspirantes
As lacas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
e desodorizantes . . . . . . . . . . . . 126
Géis e espumas . . . . . . . . . . . . . . 92
Hidratação corporal . . . . . . . 128
Pintar . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
Loções corporais . . . . . . . . . . . . .128
Cuidados a ter . . . . . . . . . . . . . . . 93
Evitar as estrias . . . . . . . . . . . . . 129
Tintas com ou sem amoníaco? . . . . . 94
Adeus, pelos! . . . . . . . . . . . . 130
Os problemas mais comuns . . . 96
Cortar os pelos com... . . . . . . . . . .130
Pontas espigadas . . . . . . . . . . . . . 97 Arrancar o mal pela raiz... . . . . . . . .132
Cabelo oleoso . . . . . . . . . . . . . . . 97 Livrar-se dos pelos para sempre... . . . 134
Cabelo seco . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Caspa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Os seios . . . . . . . . . . . . . . . . 138
Cremes para os seios . . . . . . . . . . .138
Queda de cabelo . . . . . . . . . . 100
Aparelhos . . . . . . . . . . . . . . . . .139
Tratamentos sem resultados . . . . . .102 Cirurgia estética . . . . . . . . . . . . .139
Tratamentos com efeitos
demonstrados . . . . . . . . . . . . .103 Guerra à celulite . . . . . . . . . . 142
Medicamentos . . . . . . . . . . . . . .104 Tratamentos . . . . . . . . . . . . . . .143
A

Tratamentos termais . . . . . . . 145 Capítulo 8


Hidromassagem . . . . . . . . . . . . .145 Mãos e pés impecáveis
Sauna . . . . . . . . . . . . . . . . . . .146
Banho turco . . . . . . . . . . . . . . . 147 As mãos . . . . . . . . . . . . . . . . 161
Lamas e banhos termais . . . . . . . . 147 Cremes para as mãos . . . . . . . . . . 161
Higiene das mãos . . . . . . . . . . . . 162
Apanhar sol . . . . . . . . . . . . . 148
As unhas . . . . . . . . . . . . . . . 164
Riscos do sol . . . . . . . . . . . . . . .149
Pintar as unhas . . . . . . . . . . . . . 165
Proteção solar . . . . . . . . . . . . . . 150 Aplicar o verniz . . . . . . . . . . . . . 166
Bronzear sem sol . . . . . . . . . . . . .153
Os pés . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
Modificações corporais . . . . . 155 Os problemas mais comuns . . . . . . 169
Tatuagens . . . . . . . . . . . . . . . . 155
As pernas e as varizes . . . . . . 171
Pírcingues . . . . . . . . . . . . . . . . 157

Índice remissivo 173


Capítulo 1

Beleza
e estilo de vida
A Beleza e estilo de vida

A aparência física é muito importante para o bem-estar e autoestima de


cada um e para o relacionamento com os outros. As sociedades moder-
nas impõem-nos determinados padrões de imagem, sem os quais dificil-
mente nos sentiremos reconhecidos e aceites. Seja no emprego, em even-
tos sociais ou até mesmo no contacto com os mais próximos, a nossa ima-
gem é um bem que devemos preservar. Sem descurar outros fatores tão
ou mais importantes, o certo é que vivemos num meio em que o aspeto
visual serve para nos sentirmos integrados e bem connosco próprios.

A beleza, tal como a saúde, depende em grande parte da higiene


­pessoal. O primeiro passo para um bom cuidado pessoal passa por
um tratamento adequado da pele, o maior órgão do nosso corpo, que
atua como barreira protetora contra agressões exteriores. Um estilo de
vida saudável é fundamental para conseguir um corpo são e c­ uidado.
Falamos de uma alimentação adequada, algum exercício físico e do
abandono de hábitos nocivos. Desde que apropriados, os produtos cos-
méticos e alguns tratamentos podem contribuir para melhorar o seu
aspeto geral.

A alimentação
A beleza vem de dentro! Para conseguir e manter um corpo harmonioso
e uma ótima forma física, é necessário comer e beber bem. Nem muito
nem pouco, respeitando o equilíbrio dos nutrientes e tendo em conta
que há necessidade de comer mais ou menos de acordo com o grau de
atividade. Assim, uma alimentação saudável e equilibrada deve conter:
– o pequeno-almoço. À noite, opte por uma alimentação mais ligeira,
para não perturbar o sono;
– fruta. Recomenda-se três a cinco porções por dia. Também as horta-
liças e os legumes devem fazer parte da sua alimentação (três a cinco
porções por dia);
– produtos lácteos meio-gordos ou magros, já que a menor gordura não
afeta os valores de cálcio;
– água (1,5 litros por dia, no mínimo). Prefira-a aos refrigerantes e bebi-
das alcoólicas;
– grelhados e cozidos. Evite os produtos pré-preparados e processados.
O consumo excessivo destes alimentos pode contribuir para o aumento
de peso.

11
A Beleza e cuidados pessoais

Guarde os doces e salgados para ocasiões especiais. A Organização


Mundial da Saúde (OMS) recomenda cinco gramas de sal por dia.

Este assunto é abordado com mais pormenor nos nossos guias Conhecer
os alimentos, Emagrecer e O essencial sobre alimentação saudável.

O tabaco e o álcool
O consumo excessivo de álcool e o tabagismo prejudicam gravemente
a saúde. Apesar disso, muitas pessoas não dão a devida importância a este
fator. Se for o seu caso, tome nota de algumas boas razões para o fazer.

Consequências do tabagismo
O consumo de tabaco é uma das principais causas evitáveis de doença,
incapacidade e morte, a nível mundial. As consequências do seu con-
sumo estão bem estabelecidas para um grande número de doenças,
com particular destaque para o cancro em diferentes localizações, para
as patologias dos aparelhos respiratório e cardiovascular e para os efei-
tos na saúde reprodutiva. A Organização Mundial da Saúde considera
a dependência de tabaco uma doença crónica.

A dependência do tabaco é um fenómeno complexo que resulta da inte-


ração de vários fatores, mas a principal causa é a presença de nicotina.
Trata-se de uma substância psicoativa com elevada capacidade para
induzir dependência física e psicológica, por processos semelhantes aos
da heroína ou da cocaína.

Os fumadores têm uma esperança média de vida inferior à dos não-


-fumadores. O tabaco é o principal responsável pelo cancro do pulmão,
da laringe e do esófago, por enfisema pulmonar, por bronquite crónica
e por diversas afeções cardiovasculares. O risco de acidente vascular
cerebral (AVC) também aumenta nos fumadores, proporcionalmente
ao número de cigarros fumados por dia. As mulheres fumadoras, com
mais de 35 anos, e que tomam a pílula contracetiva combinada apresen-
tam um risco aumentado de doença cardiovascular.

O tabaco contribui ainda para o aumento da acidez no estômago, que


pode causar refluxo gastroesofágico (azia) e favorecer o desenvolvimento

12
A Beleza e estilo de vida

de úlceras. Inflamação das gengivas, problemas de visão, como dege-


neração macular e cataratas, mau hálito, amarelecimento dos dentes
e unhas, rugas e envelhecimento prematuro são outras manifestações
frequentes.

Fumar não só prejudica a sua saúde como a dos que o rodeiam. O fumo
passivo, de acordo com a OMS, contribui para 600 mil mortes prematu-
ras por ano. Nos adultos, a maioria destas é causada por doença isqué-
mica cardíaca (63 por cento). Nas crianças, a causa principal é a infeção
respiratória do trato inferior (27 por cento). As crianças e os bebés que
crescem em casas onde se fuma têm mais risco de desenvolverem infe-
ções respiratórias e do ouvido. Além disso, as crianças aprendem por
imitação, pelo que não fumar pode funcionar como um bom exemplo e
contribuir para que, no futuro, não adotem hábitos tabágicos.

Deixar de fumar traz benefícios imediatos a médio/longo prazo, senão


vejamos:
– 20 minutos depois, o ritmo cardíaco e a tensão baixam;
– após 12 horas, o nível de monóxido de carbono no sangue regressa aos
valores normais;
– duas semanas a três meses depois, o risco de ocorrência de enfarte
do miocárdio desce e a função pulmonar aumenta;
– um a nove meses depois, a ocorrência de tosse e dispneia diminui,
assim como o risco de infeção pulmonar;
– um ano depois, o risco de doença cardíaca coronária reduz-se para
metade;
– após cinco anos, o risco de cancro da boca, garganta, esófago e bexiga
diminui para metade. O risco de acidente vascular cerebral iguala
o de um não-fumador;
– dez anos depois, o risco de cancro do pulmão é cerca de metade
do de um fumador;
– 15 anos depois, o risco de doença cardíaca coronária é igual ao de um
não-fumador.

Efeitos adversos do consumo de álcool


A longo prazo, o abuso do álcool provoca doenças como cirrose, h
­ epatite
crónica, cancro do fígado e do esófago, hipertensão e outros proble-
mas cardíacos, pancreatite e, ainda, perturbações mentais e do sistema
nervoso, como perda de memória, depressão e demência. O consumo

13
A Beleza e cuidados pessoais

RENUNCIAR AOS MAUS HÁBITOS

Deixar de fumar... semana. Se,  depois de retirar o


A motivação é uma condição imprescindí- emplastro, ficar com a pele vermelha
vel para iniciar o processo. Não existe uma e irritada, e isso se mantiver durante
forma ideal para deixar de fumar. A maio- mais de um dia, é aconselhável con-
ria dos fumadores prefere o corte radi- sultar o médico. Em caso de insónia
cal, isto é, deixar de fumar no dia D, sem persistente, não utilize os adesivos
reduzir progressivamente o consumo. durante a noite.
Há,  no  entanto, algumas medidas que • Quando a terapêutica de substituição
poderão ajudar no processo de mudança. de  nicotina não se adequa às neces-
Se for difícil deixar de fumar sozinho, sidades do fumador, o médico pode
poderá recorrer a ajuda profissional. optar por medicamentos sujeitos
• O Serviço Nacional de Saúde disponibi- a  receita médica que tornam o pro-
liza em diferentes hospitais e centros de cesso de ­cessação tabágica mais fácil.
saúde a consulta de cessação tabágica. O bupropiom, um antidepressivo, reduz
Esta deve integrar vários profissionais, os sintomas de abstinência e a vontade
entre os quais nutricionistas e psicólo- compulsiva de fumar, mas pode cau-
gos, e está isenta de taxas moderado- sar insónias e secura da boca. A vare-
ras. Saiba onde existe através do Portal niclina atenua a urgência em fumar,
do SNS (www.sns.gov.pt). o mal-estar e a sensação de satisfação
• A utilização de terapêuticas de subs- associada ao fumo. Náuseas, dores de
tituição de nicotina (TSN) dependerá cabeça, insónias e pesadelos são rea-
do  grau de dependência, sendo que ções adversas comuns.
fuma­ d ores com consumos médios • O apoio psicológico isolado ou con-
superiores a dez cigarros por dia jugado com medicamentos também
devem ser encorajados a utilizá-las. produz efeito. Pode conseguir algum
Atualmente, existem as seguintes: apoio a este nível através da linha SNS
ɟɟ gomas e pastilhas. São usadas 24 (808 24 24 24). Existem ainda plata-
quando surge o desejo de fumar formas de ajuda online.
um cigarro. Deve utilizá-las na dose • Outros métodos, como a hipnose,
recomendada e ir diminuindo o con- a acupuntura e os produtos para aplicar
sumo ao longo de três ou quatro no filtro do cigarro (que alegam reduzir
meses. Evite os alimentos e bebi- a quantidade de nicotina e alcatrão),
das ácidas nos 15 minutos antes não têm eficácia comprovada.
de as utilizar, já que estes diminuem
a absorção da nicotina; ... e de beber em excesso
ɟɟ sistemas transdérmicos. Libertam Se sofre de alcoolismo e não consegue
nicotina de forma contínua, sendo resolver sozinho este problema, poderá
esta absorvida através da pele, recorrer aos Alcoólicos Anónimos, que
inibindo a vontade de fumar. São organizam diversas reuniões com o obje-
aplicados diariamente numa zona tivo de reabilitar pessoas alcoólicas. Pode
da  pele limpa, seca e sem pelos. obter mais informação através do con-
Não  convém voltar a aplicar no tacto telefónico 217 162 969 ou no sítio
mesmo sítio antes de passar uma http://www.aaportugal.org/

14
A Beleza e estilo de vida

de álcool está igualmente na origem de um elevado número de a­ cidentes


de viação. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, Portugal
é um dos países com maior número de acidentes na estrada que ­envolvem
álcool. A partir do limite legal de 0,5 gramas de álcool por litro de san-
gue, o risco de envolvimento em acidentes aumenta consideravelmente.
Segundo a Polícia, o consumo desta substância está também relacio-
nado com muitas situações de violência. No total, calcula-se que os
problemas decorrentes do consumo inadequado de álcool possam estar
na origem de cerca de 20 mortes por dia.

O stresse intenso e crónico, o excesso de atividade mental e os proble-


mas emocionais, cada vez mais frequentes, podem ser em grande parte
responsáveis pelo surgimento do alcoolismo. Um alcoólico consome
álcool em excesso e depende desta substância, o que lhe causa perturba-
ções mentais, da saúde física, da relação com os outros e do seu compor-
tamento social e económico.

O álcool provoca desequilíbrios alimentares. O excesso de calorias


­alcoólicas contribui para aumentar o peso. Por reduzir o apetite, o álcool
leva à supressão de outras fontes de alimentação que trazem nutrientes
necessários.

COMPARAR BEBIDAS

Os homens, em geral, não devem inge- lhante à de uma dose de whisky, com três
rir mais de 40 gramas de álcool por dia, centilitros. Um copo de dez centilitros de
ou três imperiais. As mulheres não devem vinho de 12% vol. de álcool, e um cálice
exceder 24 gramas diários (duas impe- de vinho do Porto com 20% de vol. de
riais). Um copo de cerveja de 25 centili- álcool (6,5 centilitros) têm a mesma quan-
tros tem uma quantidade de álcool seme- tidade de álcool da cerveja.

O sono
Os seres humanos precisam de dormir para manterem a sua atividade
quotidiana normal. As perturbações do sono podem provocar dificulda-
des de concentração, baixo rendimento e problemas psicológicos.

Dormir é a melhor forma de recuperar de um estado de fadiga, seja de ori-


gem nervosa ou muscular. Nenhum tónico, estimulante ou revigorante

15
A Beleza e cuidados pessoais

substitui os benefícios do sono natural. Para uma boa qualidade de vida


e menos sonolência durante o dia, os adultos devem dormir entre sete
e oito horas. No entanto, as necessidades variam consoante as pessoas.
Ainda assim, está provado que quem dorme habitualmente menos
de seis ou mais de oito horas tem uma taxa de mortalidade mais elevada
do que quem dorme entre sete e oito horas.

A necessidade de dormir vai diminuindo com a idade: os lactentes dor-


mem cerca de 16 horas e as crianças entre os dez e os 12 anos apenas
dez. Alguns estudos demonstram que as mulheres padecem de mais
perturbações do sono do que os homens, o que se acentua com a idade.
Seja como for, se se levantar fresco e bem-disposto, isso quer dizer que
dormiu o suficiente.

Um ritmo de vida normal, com algum exercício físico regular, é essen-


cial para ter uma boa noite de sono. Conheça o seu ritmo e tipo de sono
(é  uma pessoa noctívaga ou madrugadora?) e respeite-o na medida
do possível. Evite bebidas com cafeína (café, chá e bebidas de cola), sobre­
tudo nas seis horas antes de ir dormir. Não fume, especialmente antes
de ir para a cama, e evite bebidas alcoólicas, bem como refeições pesadas
ao serão. O sono é uma rotina, por isso não tente forçá-lo. Relaxe e evite
olhar para o relógio. Se não consegue adormecer, levante-se e procure
fazer uma atividade relaxante, como ler, até que o sono chegue.

Se as insónias persistirem, apesar de seguir estes conselhos, procure


a causa do problema. Preocupações, angústia, tensão e nervosismo
são alguns dos fatores psíquicos suscetíveis de provocar insónias.
Tratando-se de um sintoma de uma doença, será necessário tratá-la.
Causas físicas, como a dor, por exemplo, também podem acordá-lo
durante a noite. Na maioria dos casos pode ser conveniente consultar
o  médico. Alguns hospitais dispõem de consultas especializadas do
sono, onde poderá fazer um diagnóstico mais exato do seu problema
através de uma polissonografia (exame de monitorização do sono).

Não acredite em produtos milagrosos contra as insónias e não tome


medicamentos sem indicação médica. Só deve recorrer a medicamen-
tos indutores do sono em casos de insónia associada a fatores tran-
sitórios (luto, divórcio, stresse, trauma emocional, mudança impor-
tante de hábitos, uma viagem, entre outros). Mesmo nestas ­situações,
cabe ao seu médico receitar o tipo mais adequado. Os indutores

16
A Beleza e estilo de vida

do sono não devem ser tomados durante mais do que alguns dias (duas


semanas, no máximo) e apenas nas doses mínimas necessárias para
fazerem efeito. Se a insónia se tornar crónica, e nem os medicamentos
funcionarem, será melhor suprimi-los de forma gradual, sob indica-
ção médica; e fazer um cuidadoso estudo do seu caso para encontrar
outras soluções.

CONDIÇÕES PARA DORMIR BEM

Atividades como ver televisão, jogar no – ser confortável, repousante e acolhedor;


computador ou estudar na cama não – estar bem arejado, na penumbra
devem ser feitas no quarto. Não tome e isolado de ruído exterior;
chá, café ou outros estimulantes antes – manter uma temperatura amena (22ºC
de ir para a cama e adormeça com o estô­ a 23ºC). Os cobertores e edredões
mago pouco cheio, mas sem ter sensa- devem proporcionar conforto;
ção de fome. Deite-se apenas quando – ter uma cama confor tável, firme
o sono bater à porta. O quarto deve: e espaçosa.

O exercício físico

O desenvolvimento físico está a par do intelectual para um equilíbrio


global do indivíduo. A prática regular de atividade física de intensi-
dade moderada ou elevada é benéfica em qualquer idade ou condição
de saúde. Está comprovado que:
– promove o bem-estar físico e mental;
– favorece o bom desenvolvimento dos ossos, músculos e ligamentos;
– ajuda a controlar o peso;
– contribui para uma melhor gestão do stresse;
– melhora a autoestima, sobretudo, em crianças e adolescentes;
– ajuda a prevenir ou controlar comportamentos de risco, como fumar,
ingerir bebidas alcoólicas, consumir drogas, entre outros.

O exercício diminui o risco de sofrer de alguns problemas de saúde. Pelo


contrário, a falta de movimento e a preguiça física restringem a ativi-
dade do coração, que assegura a circulação sanguínea e o transporte
do oxigénio. Além disso, os músculos perdem elasticidade e juventude.
O aumento da frequência das doenças cardiovasculares e do aparelho loco-
motor pode ser uma motivação para alterar os seus hábitos sedentários.

17
A Beleza e cuidados pessoais

Se tem mais de 35 anos ou um estilo de vida sedentário evite começar por


atividades muito intensas e exigentes. Além de arriscar contrair lesões,
terá maiores probabilidades de desistir rapidamente. É preferível come-
çar por exercícios moderados, como andar de bicicleta ou nadar, e com
uma frequência regular. Caso tenha problemas de saúde, ­aconselhe-se
com o seu médico sobre a atividade física mais adequada ou eventuais
esforços contraindicados.

Não comece uma atividade desportiva por obrigação, submetendo-


-se a uma disciplina férrea. Pelo contrário, deve escolher uma que lhe
agrade e realizá-la por puro prazer, praticando-a regularmente, mas
sem esforço. Para cumprir o objetivo, o exercício físico deve ser prati-
cado num ambiente apropriado e de forma gradual. Assim, tente fazê-lo
ao ar livre ou num local bem arejado, se possível com uma janela aberta.
Vá  aquecendo os músculos pouco a pouco, comece por movimentos
fáceis e vá acelerando sem forçar demasiado. Descanse entre os movi-
mentos e não esqueça os exercícios respiratórios. Ainda que não possa
ir a um ginásio, faça diariamente em casa alguns movimentos simples
de ginástica ou de ioga.

O exercício contribui para um relaxamento físico e nervoso, permitindo


compensar, em certa medida, a sobrecarga e o stresse característicos
do modo de vida atual. Um programa regular que possa ser seguido pela
maioria das pessoas deve inspirar-se em cinco princípios elementares:
–  bastam 30 minutos de atividade física diária moderada, seguidos
ou acumulados, em períodos de dez minutos;
– os exercícios podem ser simples, não requerendo equipamento ou apa-
relhos especiais;
–  qualquer tipo de exercício pode considerar-se satisfatório se puser
em movimento os principais grupos musculares, como acontece com
a maioria dos desportos mais praticados (marcha, natação, ginástica,
ténis, bicicleta...) e com algumas atividades de lazer (a jardinagem, por
exemplo);
– os exercícios devem ser adaptados aos gostos de cada um, para serem
praticados com prazer e não como uma tarefa pesada;
– a intensidade dos exercícios deve ser adequada às aptidões de cada
um, e ir aumentando, gradualmente, à medida que a condição física vai
melhorando.

18
A Beleza e estilo de vida

BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA

Os benefícios variam com a atividade alongamentos ou praticar tai chi e/ou


física. Os exercícios de resistência, como ioga. Os exercícios de força, como levan-
andar, nadar, jogar ténis ou dançar, bene- tar pesos, fazer flexões ou abdominais,
ficiam o coração, os pulmões e o sistema ajudam a fortalecer os músculos e os
circulatório. Para aumentar a flexibilidade ossos e a manter uma boa postura.
dos músculos e articulações, pode fazer

EXERCÍCIOS SIMPLES QUE PODE FAZER EM CASA

Antes de começar a praticar exercício, todos os dias a série de exercícios que


não se esqueça de fazer alguns alonga- apresentamos, já contribui para a sua
mentos para preparar o corpo. Se fizer saúde.

Para adelgaçar as ancas e as coxas

Para aumentar a flexibilidade da coluna vertebral e do pescoço

19
A Beleza e cuidados pessoais

Para não ganhar barriga

Para relaxar as costas

20
Capítulo 2

Produtos cosméticos:
lei e publicidade
A Produtos cosméticos: lei e publicidade

Normalmente, associamos a palavra “cosméticos” a maquilhagem ou


a perfumes. Porém, os produtos de higiene pessoal, como os dentí-
fricos, os champôs ou os sabonetes, também são cosméticos. Estes
bens de consumo cumprem uma função essencial na vida de todos,
pois, devido ao seu papel na higiene corporal, contribuem para
a manutenção da saúde. Regra geral, os consumidores consideram-
-nos seguros.

Os produtos cosméticos são diferentes dos medicamentos, porque não


corrigem ou modificam funções fisiológicas. Apenas mantêm em bom
estado os tecidos onde se aplicam. Por esta razão, não podem alegar
qualquer tipo de propriedades terapêuticas.

O que são cosméticos?


Legalmente, os produtos cosméticos e de higiene corporal (PCHC) são
qualquer substância ou mistura para usar nas diversas partes super-
ficiais do corpo humano, com a finalidade, exclusiva ou principal,
de as limpar, perfumar, proteger, manter em bom estado, modificar
o seu aspeto ou de corrigir odores. Entende-se por partes superficiais
a epiderme, as unhas, os lábios, os órgãos genitais externos, os dentes,
as mucosas bucais e os sistemas piloso e capilar.

Os produtos destinados a serem ingeridos, inalados, injetados ou implan-


tados não são considerados cosméticos.

A lei estabelece que um cosmético não deve penetrar além da epiderme


(veja Epiderme, a partir da página 39). As substâncias que chegam até à
derme (veja Derme, a partir da página 40) ou que se destinam a serem
ingeridas passam à categoria de medicamentos. Isto parece estar em
contradição com os mais recentes desenvolvimentos de formulações
de  produtos cosméticos que alegam atuar sobre o funcionamento
do organismo (eficácia biológica). De facto, verifica-se o constante apare-
cimento de substâncias destinadas a atuar em profundidade, por exem-
plo na luta contra o envelhecimento cutâneo.

Certos produtos estão no limite da definição de cosmético. É necessá-


rio ter em conta o produto em si e a sua apresentação e função para o

23
A Beleza e cuidados pessoais

classificar corretamente. Por exemplo, os destinados à higiene vaginal


não são considerados cosméticos, porque a sua definição exclui a mucosa
vaginal. Pelo contrário, os para a higiene íntima são cosméticos, pois
entram em contacto com os órgãos genitais externos. Outro exemplo
é a “tatuagem” temporária lavável (desenhos que depois de humedeci-
dos são aplicados na pele), que pode ser registada como cosmético ou
como brinquedo. Dependendo do registo, tem de cumprir a legislação
aplicável. Em qualquer dos casos, a segurança está assegurada desde que
o produto seja utilizado como é suposto.

EXEMPLOS DE PRODUTOS COSMÉTICOS

Contactamos diariamente com vários pro- noite, loções corporais, entre outros);
dutos cosméticos. Eis alguns exemplos: – cremes antirrugas;
– dentífricos; – tintas para o cabelo;
– protetores solares; – maquilhagem (rímel, sombras para os
– champôs; olhos, base, verniz para as unhas, entre
– desodorizantes; outros);
– sabonetes e géis de duche; –  cremes depilatórios e ceras, entre
– cremes hidratantes (cremes de dia e de outros produtos para fazer depilação.

O rótulo
O rótulo é o cartão-de-visita de um produto, por isso deve fornecer
a informação necessária a um consumo responsável. De acordo com a lei,
as menções obrigatórias na rotulagem de cosméticos são:
– identificação e função (se esta última não for clara);
– lista de ingredientes;
– data de durabilidade mínima, quando esta for inferior a 30 meses.
Para  produtos cosméticos cuja validade é superior a 30 meses, basta
a  indicação do Período Após Abertura (PAO) (veja Durabilidade
e Conservação, na página 27);
– precauções especiais de utilização;
–  quantidade no momento do acondicionamento, indicada em peso
ou volume;
– número de lote de fabrico;
– nome e endereço completo ou sede social do fabricante ou do respon-
sável pela comercialização.

24
A Produtos cosméticos: lei e publicidade

Quando as embalagens são pequenas, pode não ser


possível inserir precauções especiais de utilização na
rotulagem ou outra informação importante. Nestes
casos, as mesmas podem constar no folheto infor-
mativo, desde que este seja anunciado na emba-
lagem, ou através de uma indicação abreviada em
língua portuguesa ou utilizando o símbolo ao lado.

A lista de ingredientes
Os ingredientes utilizados na formulação dos produtos cosméti-
cos devem ser apresentados em conformidade com a Nomenclatura
Internacional de Ingredientes Cosméticos (INCI) e em ordem decres-
cente de quantidade. Os ingredientes presentes numa concentração
inferior a um por cento podem surgir de forma aleatória depois de todos
os outros que se encontram em quantidades superiores a um por cento.
Por fim, indicam-se os corantes.

Apesar destas regras, as listas ainda apresentam muitos “mistérios”.


Por exemplo, é permitido que as palavras “perfume” ou “aroma” desig-
nem genericamente os compostos odoríficos e aromáticos presentes
no produto. Deste modo, centenas de substâncias não são identifi-
cadas. Além disso, a composição é apresentada de forma qualitativa
e não quantitativa, portanto, não indica a proporção ou a quantidade
de cada ingrediente presente. Há também o problema do segredo
comercial, o qual possibilita que, quando justificado, o fabricante soli-
cite e obtenha a confidencialidade comercial relativamente a um ou
mais ingredientes. Nestas situações, os ingredientes surgem na forma
de um código.

Por vezes, os produtos contêm substâncias que são permitidas ape-


nas em determinadas concentrações e, para as quais, têm de incluir
no rótulo advertências específicas. Por exemplo, os protetores solares
que ­contenham oxibenzona como filtro solar devem ter a indicação
“contém o­ xibenzona”. A presença de ácido bórico, comum em alguns
produtos para a higiene bucal ou em talco, exige as menções: “não uti-
lizar em peles feridas ou irritadas”; “não utilizar em crianças com idade
inferior a três anos” e “evitar a inalação”. Tratando-se de sulfonato
de zinco, utilizado em alguns desodorizantes, antitranspirantes e loções
adstringentes, deve indicar-se “evitar qualquer contacto com os olhos”.

25
A Beleza e cuidados pessoais

Também existe uma lista de substâncias proibidas que inclui centenas


de entradas. A título de exemplo, nomeamos o arsénio, o benzeno, o
cloreto de etilo, o mercúrio e a nicotina. É possível que ao longo dos
anos outras sejam adicionadas, depois de descoberto o seu potencial
perigo.

Potenciais alergénios devem estar no rótulo


Há milhares de substâncias capazes de desencadear reações alérgicas
em pessoas suscetíveis, mas a diretiva comunitária 2003/15 restringe-as
a uma lista com 26 nomes. Destacamos os perfumes e as fragrâncias por
causarem alergias com mais frequência. A presença de uma substância
potencialmente alergénica tem de ser mencionada no rótulo sempre que
está presente numa proporção:
–  superior a 0,001 por cento em produtos que ficam na pele, como
­cremes ou maquilhagem;
–  superior a 0,01 por cento em produtos que são enxaguados, como
sabonetes e champô.

Na prática, o consumidor não tem informações transparentes sobre


o  que está a usar, porque, quando os ingredientes alergénicos estão
presentes abaixo desses limites, o fabricante não tem de os identifi-
car no rótulo. Apesar de se tratar de quantidades muito pequenas, se a
pessoa for alérgica a esse componente, poderá desenvolver uma reação
alérgica. Mais transparência sobre esta matéria permitiria um melhor
diagnóstico nos casos de eczema de contacto, por exemplo.

ALERGIAS “PERFUMADAS”

As alergias da pele causadas por cosméti- como outros princípios sintéticos, como
cos devem-se, principalmente, aos perfu- o  geraniol, o citronelol, o álcool anisílico
mes, fragrâncias conservantes e corantes e o limoneno. Os corantes, como a hidro-
que entram na composição de alguns pro- quinona, podem também ser alergénicos.
dutos. Tal com já foi referido, existe uma Pode consultar mais informação no
listagem com as 26 fragrâncias que mais nosso sítio na Internet (www.deco.
frequentemente são responsáveis por p r o t e s t e . p t / s a u d e /d o e n c a s /d o s -
causar alergias. Dela fazem parte algumas sies/alergias-como-tratar-e-prevenir/
essências naturais como a citronela, assim cosmeticos-que-causam-reacao)

26
A Produtos cosméticos: lei e publicidade

Durabilidade e conservação
A data de durabilidade mínima de um produto cosmético e de higiene
corporal é aquela até à qual este conserva as suas funções iniciais,
desde que tenha sido conservado e utilizado em condições apropriadas.
É obrigatório indicá-la em produtos cuja durabilidade mínima é inferior
a 30 meses. Esta informação é dada na embalagem através da indicação
“A utilizar de preferência antes do final de...”, seguida da própria data,
pela ordem do dia (caso seja possível), mês e ano.

Quando a data de durabilidade é superior a 30 meses, é obrigatório infor-


mar o período após abertura (PAO), representado pelo símbolo de um
boião aberto, seguido do número de meses, como pode ver na imagem
mais abaixo. No entanto, este símbolo não é necessário em cosméticos
que se esgotam numa única utilização (unidose); que são imunes ao con-
tacto com o ambiente exterior; ou que não apresentam qualquer risco de
deterioração capaz de prejudicar os consumidores (por exemplo, sprays).

Não é uma data de validade. Apenas


garante que se o produto for utilizado
dentro dos meses indicados, depois de
aberto não irá produzir efeitos adversos.

Cabe à Comissão Europeia elaborar diretrizes para que o PAO seja apli-
cado de forma uniforme e para garantir a livre circulação de produtos
no mercado comunitário. A responsabilidade de determinar o período
de deterioração do produto após a abertura e os riscos associados está
a cargo de quem o coloca no mercado.

Na verdade, o PAO não é prático. De forma a respeitar o tempo indicado,


o consumidor tem de se recordar da primeira vez que utilizou o produto
ou anotar a data com um marcador permanente ou colocar uma etiqueta.
Dado o grande número de cosméticos utilizados por dia, é complicado esta-
belecer a data até quando podem ser utilizados. Idealmente, os cosméticos
deveriam apresentar as duas informações: o prazo de validade e o PAO.
Além disso, o PAO não garante a qualidade do produto se este estiver, por
exemplo, há cinco anos nas prateleiras de um supermercado. Com a data
de validade, sabe-se exatamente quando não pode ser utilizado.

27
A Beleza e cuidados pessoais

Caso o rótulo de um cosmético não contenha conselhos gerais para


a sua preservação adequada ou para minimizar os riscos de contamina-
ção, siga as nossas dicas:
– lave as mãos antes de aplicar um creme;
– mantenha os produtos nas embalagens originais;
– abra a embalagem apenas quando estiver a usar o cosmético e feche-a
de seguida;
–  se adicionar água para aumentar a quantidade de produto ou
para o tornar menos denso, deve utilizá-lo rapidamente para evitar
a contaminação;
– sempre que possível, escolha a apresentação em bisnaga em vez de em
boião, porque quanto menor a abertura, menor a superfície de contacto
e mais difícil a contaminação;
– os produtos disponíveis na forma de sprays pressurizados são mais
duradouros, porque o risco de contaminação é menor. Como o conteúdo
é expelido, não contacta com as mãos;
–  ao empurrar a escova de um rímel ou de um delineador para den-
tro e para fora, introduz ar na embalagem. Assim, favorece a oxidação
e degrada o produto;
– mantenha limpos todos os acessórios que entram em contacto com
a maquilhagem, tais como pincéis, esponjas, espátulas, entre outros.
Lave-os com alguma periodicidade com água e sabão e deixe-os secar
por completo antes de voltar a usar;
–  guarde os cosméticos em lugar fresco, seco e ao abrigo da luz.
Se ocorrer alguma alteração de coloração ou de cheiro, deixe de utili-
zar o produto.

Os cosméticos e as alergias
Como vimos no título Lista de ingredientes, certas substâncias utilizadas
nos cosméticos podem atuar como antigénios, ou seja, provocar reações
alérgicas. Falamos, por exemplo, de perfumes e de conservantes.

Todas as pessoas podem, a qualquer momento, desenvolver uma sensi-


bilidade particular a uma substância específica. Porém, alguns de nós
têm uma predisposição genética para desenvolver reações face a aler-
génios comuns, como o pólen, o pó, os pelos de animais, entre outros.
Esses indivíduos denominam-se atópicos.

28
A Produtos cosméticos: lei e publicidade

Quem tem uma pele irritável ou frágil é mais suscetível de sofrer


uma reação adversa associada ao uso de um determinado pro-
duto. No entanto, também pode produzir-se um efeito de “fadiga”,
mesmo com um produto que sempre se usou sem problemas. É por
isso  que, por vezes, os dermatologistas aconselham a mudar de
produto.

A reação indesejável mais frequente após a utilização de cosméti-


cos é a dermatite de contacto. Além desta, podem surgir outros tipos
de efeitos indesejáveis, tais como edema, reações anafiláticas ou tóxicas
e urticária. Convém, por isso, estar atento e tentar identificar rapida-
mente a origem dos sintomas.

Se um produto cosmético e de higiene corporal lhe provocar uma reação


anormal na pele:
– coloque a parte afetada sob um jato de água fria;
– aplique compressas de água fria para aliviar a comichão;
– evite coçar;
–  consulte o dermatologista e leve o produto que suspeita estar na
­origem da alergia. Deste modo, o médico pode identificar o alergénio,
evitando que o episódio se repita com outros produtos;
– use apenas os medicamentos receitados pelo seu médico.

Quando ocorre um efeito indesejável após


a utilização de um produto cosmético ou de MUITO IMPORTANTE!
higiene corporal, o consumidor deve notifi- Nunca aplique um pro-
car o Infarmed, através do sistema de cosme- duto cosmético em pele
tovigilância. Saiba mais sobre este assunto doente ou com lesões.
em Segurança dos cosméticos, na página 31.

Dermatite de contacto
Trata-se de uma inflamação causada pelo contacto com uma deter-
minada substância. Caracteriza-se, numa fase inicial, pela presença
de vermelhidão e escamação da pele, acompanhadas por um líquido
(pus). Mais tarde, a pele pode ganhar crostas secas e ficar mais espessa.
Este  espessamento deve-se ao coçar crónico e compulsivo de quem
padece desta doença. Comichão intensa localizada e a existência
de um limite bem definido nas lesões também indicam uma possível
dermatite alérgica. Os sintomas de vermelhidão, comichão e inchaço

29
A Beleza e cuidados pessoais

ficam, normalmente, confinados à área que contactou com o alergénio


(substância que provoca a reação).

Quando se suprime a substância que provoca a reação, a vermelhi-


dão costuma desaparecer em poucos dias. As bolhas podem ficar com
líquido (pus) e formar crostas, que secam rapidamente. A escamação,
a  comichão e o espessamento temporário da pele podem durar dias
ou semanas.

Se suspeita que sofre desta doença, o primeiro passo é evitar o contacto


com a substância responsável. Depois, é importante controlar a vontade
de coçar a pele, para evitar o agravamento das lesões. Além destas medi-
das básicas, é sempre aconselhável ir ao dermatologista para confirmar
o diagnóstico e receber o tratamento mais adequado para o seu caso.

Qualquer substância presente na composição de um cosmético pode ser


responsável pelo surgimento de uma reação alérgica. No entanto, nes-
tes produtos, os principais alergénios e res-
ponsáveis pelas reações são os perfumes
A ROUPA É INOFENSIVA? e os conservantes.

A resposta correta é “nem Durante o fabrico da roupa, tanto as fibras


sempre”! Não é esperado que
uma peça de vestuário seja naturais como as sintéticas sofrem vários
agressiva para a pele e pro- processos de tratamento. Na fábrica, mais
voque alergias ou irritações, de uma centena de corantes são aplicados
no entanto, estas situações
para tingir os tecidos. Outras substâncias,
podem ocorrer!
como, por exemplo, o formaldeído, são adi-
cionadas para o tecido se tornar mais
­f lexível e não se amarrotar. Muitas destas
substâncias são nefastas para a saúde, podendo desencadear alergias
e  irritações na pele. A maioria delas não chega ao consumidor final,
salvo quando existem resíduos devido a uma eliminação deficiente.

Para evitar reações alérgicas, siga os nossos conselhos:


– lave a roupa antes de a vestir pela primeira vez. Desta forma, elimi-
nará uma boa parte das substâncias químicas;
– aquando da lavagem, prefira detergentes sem perfume e evite amacia-
dores, ricos em perfume e alergénios;
– prefira peças de algodão e de cores claras, pois contêm menos quími-
cos e corantes;

30
A Produtos cosméticos: lei e publicidade

– em caso de limpeza a seco, procure deixar a roupa no exterior ou numa


divisão bem arejada antes de usar novamente a roupa ou de a guardar
no armário;
– na compra, prefira peças com um rótulo ecológico, menos nocivas para
a saúde e para o ambiente. Abaixo encontra os símbolos que garantem
estas qualidades.

Este é o Rótulo Ecológico Europeu e está nos


produtos menos prejudiciais para o ambiente
durante o seu ciclo de vida.

Roupa com algodão cem por cento orgânico,


sem pesticidas nem substâncias prejudiciais
para o ambiente.

Esta etiqueta garante que a roupa está isenta


de produtos químicos nocivos.

Segurança dos cosméticos


Apesar da segurança e tolerabilidade da maioria dos produtos cosmé-
ticos e de higiene corporal, podem ocorrer efeitos adversos. O número
de ocorrências é muito baixo, mas estas podem estar subestimadas por-
que é prática comum recorrer-se ao autodiagnóstico e a automedicação
perante reações leves relacionadas com a pele.

A falta de dados sobre o tipo, número e gravidade de reações adversas


a cosméticos pode dever-se ao desconhecimento do público em geral

31
A Beleza e cuidados pessoais

sobre a forma de comunicar estas situações. Em Portugal, existe um


sistema de monitorização dos efeitos indesejáveis resultantes da utiliza-
ção de produtos cosméticos e de higiene corporal que se encontrem no
mercado, chamado Cosmetovigilância.

Qualquer consumidor pode notificar um efeito indesejável ­através


de uma ficha no portal do Infarmed. Pouco divulgada, esta ­ferramenta
não é fácil de encontrar nem de preencher. Para proceder à notifica­
ção, descarregue a ficha de notificação disponível no nosso sítio
na Internet (www.deco.proteste.pt/saude/beleza-cuidados-pele/
noticias/cosmeticos-informe-o-infarmed-dos-efeitos-indesejaveis) e
siga as nossas dicas de preenchimento:
– indique o máximo de informação possível;
– o “notificador” é a pessoa que denuncia o efeito indesejável. Pode não
ser a que sofreu o efeito. É essencial indicar um contacto para, em caso
de dúvida ou necessidade de mais informação, o Infarmed poder chegar
até si;
– o “utilizador” é a pessoa que sofreu o efeito indesejável;
– na “identificação do produto”, não se esqueça de colocar o nome exata-
mente como está na embalagem e o número do lote;
– descreva os sintomas de forma clara e simples, como no exemplo;
– qualquer informação que ache relevante deve ser colocada no espaço
“comentários”.

Para notificar um efeito indesejável, visite o nosso


portal, descarregue a ficha e envie
para pchc@infarmed.pt

32
A Produtos cosméticos: lei e publicidade

A publicidade

O grande objetivo da publicidade é dar a conhecer os produtos e promo-


ver as vendas, fazendo-nos acreditar na mensagem que veicula. Muitas
vezes, parte de ideias falsas ou não fundamentadas cientificamente,
mas convincentes para o consumidor.

A lei estabelece que as mensagens transmitidas nos rótulos, nos folhetos


e na publicidade a cosméticos não podem induzir o consumidor em erro
sobre as suas características. Também não podem atribuir qualidades
ou propriedades que os produtos cosméticos não têm. Por exemplo, não
podem alegar indicações terapêuticas ou atividade biocida (capacidade
para eliminar ou travar o crescimento de micro-organismos). É ainda
proibido atribuir ao cosmético uma denominação que possa causar con-
fusão com medicamentos ou produtos farmacêuticos. Portanto, os cos-
méticos não podem utilizar expressões como “degrada gorduras”, “efeito
drenante”, “tratamento da celulite”, “estimula o crescimento do cabelo”
ou “cicatrizante”. Infelizmente, a teoria e a prática estão muito distantes.

É comum lermos “produto dermatologicamente testado” num rótulo


de  um cosmético. Isto significa apenas que o mesmo foi submetido
a  testes na pele. Como não existe um método de base reconhecido
e obrigatório a todos os fabricantes e por desconhecermos em que parâ-
metros são realizados cada um dos testes, estes acabam por não ter
valor. “Hipoalergénico” é outra alegação frequente, mas não significa

EFICÁCIA COMPROVADA POR QUEM?

Muitas vezes, a publicidade garante que assegurar “eficácia comprovada” porque


a eficácia do cosmético foi provada. Nessa esta tem de ser demonstrada.
frase, costuma haver um asterisco que Uma mensagem de publicidade pode ser
remete para um texto microscópico onde considerada enganosa quando a docu-
se “lê” algo como “teste de autoavaliação mentação que deveria comprovar a efi-
realizado por dez mulheres, durante uma cácia do produto é insuficiente, porque:
semana”. Na verdade, não nos parece – vem de laboratórios de pesquisa inter-
uma grande garantia porque os resulta- nos, sem garantias de imparcialidade;
dos finais são baseados em avaliações – os testes foram realizados num pequeno
subjetivas realizadas pelas pessoas número de pessoas, por um período limi-
submetidas ao teste. É insuficiente para tado de tempo.

33
A Beleza e cuidados pessoais

que o produto seja seguro para toda a gente. Não existe nenhuma defi-
nição legal e clara para este termo, nem estão decretados que critérios
têm de cumprir para o alegar.

A relação preço/qualidade
A embalagem serve para atrair potenciais compradores. Quanto mais
luxuoso for o aspeto do artigo, independentemente do conteúdo, quanto
mais atrativo for o seu design, mais seduzirá o consumidor e melhor
se venderá.

Estudos realizados por algumas associações europeias de consumido-


res concluíram que os preços de venda podem atingir 20 vezes o custo
real do produto. Além disso, através dos resultados dos testes efetuados,
sabemos que os mais caros não são, necessariamente, os melhores.

Os preços exorbitantes estão relacionados com a ideia de luxo que


envolve os cosméticos. Caro ainda é sinónimo de boa qualidade para
os potenciais utilizadores destes produtos. Da mesma forma, os fabri-
cantes consideram que vender barato pode prejudicar a credibilidade
de um cosmético. Saiba que muitas marcas caras são produzidas por
grandes fabricantes que são também os donos de outras mais baratas.
Por isso, muitas vezes podem estar a oferecer-lhe os mesmos cosméticos
com embalagens e preços diferentes.

Os cosméticos naturais:
muito marketing, pouco conteúdo
Nomes que lembram a Natureza, embalagens verdes, ilustrações de flo-
res ou de árvores e supostos selos de certificação são a receita para
o sucesso dos cosméticos ditos naturais.

Graças a estes truques publicitários, o consumidor pode ser levado


a  considerar um produto à base de ingredientes naturais como mais
seguro e compatível com a pele e a atribuir-lhe propriedades especiais
ou até um menor impacto ambiental. Em muitos casos, trata-se apenas

34
A Produtos cosméticos: lei e publicidade

de marketing. Nem são constituídos em exclusivo por ingredientes natu-


rais, nem foram certificados por nenhuma entidade.

A maioria destes cosméticos não é totalmente composta por substân-


cias naturais. Alguns apresentam uma maioria de ingredientes natu-
rais; outros contêm a mesma quantidade de elementos naturais e de sin-
téticos; noutros, os sintéticos estão em superioridade e os poucos com-
ponentes naturais têm uma fraca concentração. A presença de extratos
de plantas na composição de um cosmético não é suficiente para o con-
siderar um produto natural. Para o ser, todos os ingredientes devem ter
origem vegetal. No entanto, a legislação atual não exige aos fabricantes
uma percentagem mínima de ingredientes naturais para que possam
anunciar-se como produto natural.

Em segundo lugar, um produto natural pode causar alergia ou ser tão


tóxico como um sintético. Há várias essências naturais compostas por
substâncias irritantes e cujo uso poderia causar dermatite de contacto.
São os casos do aloé, do dente-de-leão, da bergamota, da alcachofra,
da citronela, da lavanda, da madeira de cedro, entre outros.

O selo de certificação não é uma garantia de qualidade. Apenas atesta


que o produto cumpre as exigências do organismo certificador. A maio-
ria destes selos é atribuída por entidades independentes. Cada entidade
tem as suas regras, ou seja, não há um conjunto de exigências a cumprir,
estabelecidas pela legislação.

Por último, embora estejam provados os benefícios de certos ingredien-


tes naturais, como, por exemplo, do aloé vera, os de outros são sustenta-
dos por estudos pouco credíveis.

Não se deixe seduzir pelo “verde”


Não há legislação que impeça os fabricantes de anunciarem uma compo-
sição totalmente natural mesmo que os produtos tenham uma maioria
de substâncias sintéticas. O facto de uma loja se dizer natural não deve
ser encarado como garantia.

Ler com atenção a lista de ingredientes é a melhor forma de descodificar


as mensagens publicitárias. Quanto mais nomes em latim, mais pro-
dutos naturais. Se estiverem no topo da lista, maior é a concentração.

35
A Beleza e cuidados pessoais

Alguns nomes que não estão em latim correspondem a ingredientes


úteis. Os mais comuns são o tocoferol (vitamina E), o pantenol (vita-
mina B5), o dióxido de titânio (filtro solar) e os glicosídeos (agentes
de limpeza de origem natural).

Um produto natural deve ter quantidades reduzidas de conservantes,


como os parabenos. Uma pequena dose de etil ou metil parabeno pode
ser admissível. Já outros são dispensáveis. É o caso dos que se seguem:
– BHT;
– BHA;
– triclosan (antimicrobianos);
– DMDM hydantoin;
– imidazolidinyl urea;
– diazolidinyl urea e sodium hydroxymethylglycinate (podem libertar
formaldeído);
– petrolatum e paraffinum liquidum (derivados do petróleo);
– silicones (dimethicone, ethyl trisiloxane);
– polietilenoglicóis (PEG-8, PEG-100, etc.);
– corantes;
– perfumes químicos.

CAÇADORES DE MITOS

• Natural, biológico e orgânico não reme- • Podem ainda apresentar um prazo


tem para a mesma realidade. Um ingre- de  validade inferior, pela ausência
diente natural pode ser proveniente de conservantes. A probabilidade de
da agricultura convencional. Já os orgâ- contaminação microbiológica é, pois,
nicos ou biológicos devem ser originá- superior.
rios apenas da agricultura biológica. • Ao nível da tolerância na pele, subs-
Ao contrário do que acontece com os tâncias naturais não são sinónimo
produtos alimentares, não há legislação de segurança e podem provocar alergias
para determinar as características de em alguns indivíduos. Muitos ingredien-
um cosmético “natural” ou “biológico”. tes identificados como alergénicos são
• Os produtos naturais nem sempre são de origem natural.
tão agradáveis de aplicar nem têm um
perfume atrativo.

36
Capítulo 3

A pele e a higiene
A A pele e a higiene

A pele

A pele é o maior órgão do nosso corpo. Tem a missão de proteger o orga-


nismo e de regular a temperatura corporal através da transpiração.
É complexa e heterogénea e apresenta uma estrutura própria em cama-
das interdependentes. Anatomicamente, a pele está estratificada em
três camadas distintas, mas que trabalham em conjunto.

Muitos fabricantes de produtos de higiene e de cosméticos usam o des-


conhecimento geral do público sobre o funcionamento da pele para
venderem as suas marcas. Por este motivo, de seguida apresentamos
os dados importantes sobre a pele e os elementos que a compõem.

A estrutura da pele

Epiderme

Constitui a camada mais superficial da pele. Funciona como uma bar-


reira, e a sua principal função é proteger o organismo das agressões
externas. Esta camada de pele é muito fina, mas a sua espessura média
de 0,1 milímetros varia de acordo com a parte do corpo: a zona mais
fina encontra-se nas pálpebras (0,04 milímetros) e a mais espessa nas
palmas das mãos e nas plantas dos pés (1,6 milímetros).

A epiderme também se divide em várias camadas. A mais externa


chama-se camada córnea e as restantes designam-se por estrato granu-
loso, estrato espinhoso e camada basal. Esta última separa a epiderme
da derme. É lá que se encontram os melanócitos, as células que sinteti-
zam o pigmento que confere cor à nossa pele, ou seja, a melanina.

MELANINA É O ESCUDO PROTETOR

A melanina é a substância responsável tom avermelhado. Se a exposição solar


pela pigmentação da pele. A sua função continuar, dentro de alguns dias, dá-se
é proteger-nos dos raios ultravioletas. a produção de melanina e, consequen-
Depois da exposição à luz solar, a mela- temente, um fenómeno conhecido como
nina oxida, levando a pele a ganhar um “bronzeado”.

39
A Beleza e cuidados pessoais

As células da epiderme têm um ciclo de vida de 20 a 30 dias, uma vez


que esta camada está num processo contínuo de renovação. As células
são formadas, exercem a sua função, morrem e são removidas.

Derme
A derme está solidamente unida à epiderme e serve-lhe de suporte.
Nesta camada encontram-se folículos pilosos (estruturas responsá-
veis pela formação do pelo), vasos sanguíneos, terminações nervosas
­(responsáveis pela sensibilidade) e as glândulas sudoríparas e as sebá-
ceas, muito importantes para o bom funcionamento do corpo.

As glândulas sudoríparas produzem o suor. Existem três a quatro


milhões de glândulas sudoríparas, distribuídas pelas diferentes partes
do corpo. A maior concentração está nas solas dos pés (cerca de 600 por
centímetro quadrado), nas palmas das mãos, no pescoço e no rosto,
especialmente na testa. As glândulas sebáceas estão associadas ao folí-
culo piloso e são responsáveis pela formação de uma substância gorda,
conhecida por sebo.

O suor remove água, sais minerais e ureia e elimina parte das toxinas
do organismo. Ao evaporar-se, contribui ainda para regular a tempe-
ratura do corpo. O sebo mantém o brilho, a elasticidade e a suavidade
da pele. Também é bacteriostático, ou seja, impede a entrada das bacté-
rias. Por último, é o veículo dos odores que permitem distinguir as pes-
soas umas das outras. Graças a ele, o recém-nascido reconhece o odor
da mãe e o cão reconhece o do dono.

Na derme encontramos também tecido conjuntivo, constituído prin­


cipalmente por fibras colagénias e elásticas. Este é responsável pelas
propriedades de elasticidade e distensibilidade da pele. Ao longo
dos anos, estas fibras perdem as suas propriedades e diminuem de número,
causando parte dos efeitos do envelhecimento, como a flacidez e a for-
mação de rugas.

Hipoderme
Trata-se de uma camada adiposa sobre a qual assenta a derme, sendo
a sua espessura variável nas diferentes partes do corpo. A existên-
cia de células adiposas (adipósitos) torna este tecido muito propício

40
A A pele e a higiene

a pequenas transformações, que são um problema para a estética.


Falamos de celulite.

A hipoderme atua como amortecedor e protege os tecidos e os órgãos


internos das pancadas e pressões exteriores, além de servir de isolador
térmico e de reserva de calorias.

Estrutura da pele

Pelo

Epiderme Folículo
pilossebáceo
(formado pela glândula
Derme sebácea e pelo folículo
piloso)

Glândula sebácea
Hipoderme Bulbo piloso
Glândula
sudorípara

Tipos de pele
A pele classifica-se em quatro tipos, de acordo com a produção gorda
(sebo) das glândulas sebáceas: normal, oleosa, seca e mista. A pele sensí-
vel (tendência para ficar irritada) é um tipo adicional. Esta classificação
aplica-se principalmente à pele do rosto, porque é aquela que mais está
exposta, para além da das mãos. Portanto, é a que melhor reflete o seu
estado tendo em conta a idade e a saúde. Na prática, existem infinitas
variedades de textura da pele, hidratação, grãos, entre outros aspetos;
logo, há muitos outros tipos de pele.

Para saber qual é o seu tipo de pele pode fazer um teste simples: deite-se
com a cara limpa e não aplique nenhum produto. De manhã, quando
se levantar, observe-se ao espelho. Se a sua pele tende a brilhar e o toque
for oleoso, a sua pele é oleosa. Se isso só se notar nalgumas zonas (nariz,
testa e queixo), então é mista.

41
A Beleza e cuidados pessoais

Para ter a certeza, coloque um lenço de papel limpo sobre o rosto.


Nas zonas em que a sua pele for oleosa, o papel ficará manchado, como
se tivesse estado em contacto com gordura. Se o papel ficar comple-
tamente limpo, a sua pele é seca. Uma pele normal apresentará uma
ligeira oleosidade.

De seguida, apresentamos as características dos cinco tipos mais


comuns. Pode ainda consultar o quadro da página 44.

Pele normal
Quando está nas condições ideais, a pele é considerada normal. Falamos
da pele de um bebé ou de uma criança saudável e que ainda não atingiu
a puberdade. Os poros estão fechados, a textura é fina e mate, o toque
suave e o tecido flexível e elástico. A pele respira normalmente e não
elimina demasiada gordura.

A partir da puberdade, a pele sofre várias modificações por causa das


alterações nas hormonas sexuais, que são normais nesta fase. Essas hor-
monas contribuem para manter a flexibilidade da pele e o seu aspeto.
Além disso, as hormonas masculinas (androgénios) aumentam a sua
espessura e ativam a produção de gorduras. As hormonas femininas
(estrogénios) fazem o contrário: diminuem a espessura da pele e redu-
zem a atividade das glândulas sebáceas. A proporção destas hormonas
varia de indivíduo para indivíduo, embora o androgénio predomine nos
homens e o estrogénio nas mulheres. Daí que exista uma grande varie-
dade de peles mais ou menos normais.

Uma pele saudável depende, para além de um bom funcionamento


das hormonas, de uma correta alimentação e de um estilo de vida
saudável.

Pele oleosa
A pele está coberta por uma película fina de gordura (sebo) que a protege
e a mantém elástica. O metabolismo das glândulas sebáceas que produ-
zem esta película é regulado pelos androgénios, ou seja, pelas hormonas
sexuais masculinas que surgem, em ambos os sexos, durante a puber-
dade. Por este motivo, é comum ter a pele oleosa durante a adolescência
ou sofrer de acne juvenil.

42
A A pele e a higiene

Se o problema de excesso de gordura persistir depois dos 20 ou 25 anos,


deve-se consultar um dermatologista. De um modo geral, uma pele com
tendência a oleosa tem poros mais dilatados e a sua espessura é maior.
Se tiver seborreia (secreção sebácea excessiva), talvez seja conveniente
reduzir a quantidade de gorduras e açúcares que se come.

Pele seca
Uma pele seca tem um teor em água inferior ao habitual. Na maioria
dos casos, está apenas ligeiramente desidratada. A água torna a pele fle-
xível, e as matérias gordas, segregadas pelas glândulas sebáceas, impe-
dem a sua evaporação. O surgimento da pele seca depende de vários
fatores, nomeadamente:
– ambientais, como a exposição excessiva ao sol ou a atmosfera dema-
siado seca criada pelos aparelhos de ar condicionado. Ambas as situa-
ções levam à evaporação da água;
– comportamentais, como o uso excessivo de sabonetes, de detergentes
ou de produtos que contenham álcool. Todos eliminam a gordura.

O sebo, odiado por quem tem pele oleosa, na verdade tem a função
de  impedir que a água se evapore da epiderme. A secura que a pele
apresenta é consequência, geralmente, de uma baixa produção de sebo
ou de uma hidratação deficiente. Ambos contribuem para que a pele
perca elasticidade, logo aumentam o risco de surgirem rugas de expres-
são mais marcadas.

Pele mista
Este tipo de pele é bastante vulgar, especialmente em pessoas ori-
ginárias de países mediterrâneos. A pele mista é caracterizada por
uma produção abundante de sebo na zona T (testa, nariz e queixo).
Simultaneamente, o resto do rosto apresenta pele normal ou com ten-
dência a seca.

Pele sensível
Não existe consenso relativamente à definição de pele sensível.
Por  norma, é um termo usado para descrever a condição da pele de
determinadas pessoas que apresentam tendência para desenvolver
vermelhidões, ardor ou comichão como resposta a elementos externos

43
A Beleza e cuidados pessoais

ou internos. Por exemplo, uma pele com rosácea é muito reativa e pode
ser considerada sensível.

Esta sensibilidade deve-se a uma hiper-reatividade do sistema micro-


circulatório e a uma hiper-reatividade irritativa e alergénica devido
a causas específicas de ordem externa e interna. O calor, o frio, o vento,
as  radiações ultravioletas (UV) são exemplos de fatores externos.
As razões hormonais, digestivas e emocionais representam os fatores
internos. Os produtos cosméticos que alegam ser para peles sensíveis,
por vezes, não especificam para que tipos de pele sensível estão indica-
dos (para rosácea ou acne, por exemplo).

QUAL É O MEU TIPO DE PELE?


Tipos de pele Características
Não apresenta nem aspeto gorduroso nem seco.
Normal
É suave e firme ao tato.
Apresenta brilho oleoso devido ao excesso de sebo.
Oleosa
Possível presença de pontos negros ou de comedões.
Apresenta sensação de repuxamento após contacto com
Seca a água. É baça, tem tendência a desenvolver rídulas
(ou rugas de expressão) e a descamar.
Tendência a apresentar na zona frontal e no queixo (zona T)
uma produção excessiva de sebo, enquanto o resto
Mista
do rosto se mantém normal ou mesmo com pele tendente
à secura.
Tende a desenvolver vermelhidões com prurido ou picadas,
Sensível
especialmente após a aplicação dum novo produto.

Problemas de pele mais comuns


As situações descritas anteriormente são consideradas normais, ou
seja, nenhum tipo de pele, mesmo a oleosa, é sinal de doença. Uma
pele saudável pode apresentar pontos negros ou uma acne ligeira.
Normalmente, ambas são bastante simples de eliminar. Convém estar
atento às várias manifestações da pele para detetar a tempo complica-
ções mais graves.

Conheça algumas condições e doenças que podem necessitar da ajuda


de cremes, loções ou cosméticos específicos para serem resolvidos.

44
A A pele e a higiene

Comedões

A gordura produzida pelas glândulas sebáceas atinge a superfície da pele


através do folículo piloso. No entanto, pode acontecer que o poro esteja
obstruído, total ou parcialmente, impedindo o sebo de sair para o exte-
rior. Isto deve-se a um processo chamado queratinização, que consiste
na acumulação e endurecimento das células mortas da parede interna
do folículo. Assim se forma o comedão. Quando a obstrução é apenas
parcial, toma a designação de comedão aberto, mais conhecido como
ponto negro. Esta cor provém da oxidação da gordura retida no poro.
Se a obstrução for total, a gordura permanece sob a pele, dando origem
a um comedão fechado ou ponto branco.

Tentar espremer os pontos negros é desaconselhável, porque pode dei-


xar cicatrizes. Se quiser espremer um ponto negro particularmente feio,
comece por lavar a cara com água morna, para dilatar os poros. Lave bem
as mãos e as unhas e pressione ligeiramente até extrair o comedão com-
pletamente. Se for preciso apertar muito, o melhor é desistir, pois o dano
produzido pode ser maior. Em nenhum caso se deve tentar espremer
os comedões fechados (pontos brancos) para evitar agravar a inflama-
ção e lesionar a pele. Quando apertados, tornam-se cada vez maiores ou
transformam-se em quistos, aumentando o risco de cicatrizes perma-
nentes. Não use maquilhagem corretiva para cobrir os comedões. Para
ocasiões especiais, prefira maquilhagem de base aquosa em vez de oleosa.

Se o comedão ficar inflamado devido à presença da bactéria Staphylococcus


aureus, pode converter-se num furúnculo. Também pode infetar
como consequência da presença de outra bactéria implicada na acne,
a Propionibacterium acnes. Para prevenir a infeção deverá ter uma higiene
cuidada e evitar a manipulação das lesões.

Em todos os casos descritos (comedões, quistos ou furúnculos),


é recomendado visitar um dermatologista se o problema persistir ou se
se agravar.

Acne
A puberdade, como referimos, é a fase da vida em que a atividade
­hormonal é mais intensa, e as consequências são visíveis nos jovens,
que sofrem transformações radicais. As hormonas também estimulam

45
A Beleza e cuidados pessoais

as glândulas sebáceas, que ficam mais ativas e levam ao aparecimento,


em muitos casos, de pele mais oleosa.

Os processos biológicos que provocam a acne ainda não são bem conheci-
dos. Certo é que a hiperatividade das glândulas sebáceas (particularmente
numerosas no couro cabeludo e na pele do rosto, do peito e das costas) favo-
rece o seu aparecimento. Em geral, a acne desaparece espontaneamente,
no final da adolescência. Nesta fase da vida, sofrer de acne é difícil do
ponto de vista emocional e psicológico, uma vez que afeta o aspeto físico.

A acne é considerada um processo sequencial, onde estão envolvidos


três fatores: aumento da produção sebácea; obstrução do canal do folí-
culo piloso que drena o sebo, como resultado da ação dos androgénios
e uma infeção pela bactéria Propionibacterium acnes. Veja a figura abaixo.

Como se forma a acne?


O nosso corpo está O excesso de sebo As bactérias que se
coberto de pelos. Cada um e de células mortas pode encontram habitualmente
deles insere-se num folículo obstruir o poro. Desta em cada folículo
piloso, ao qual se associa forma, a gordura não é alimentam-se de sebo.
uma glândula sebácea. removida e acumula-se. Se há sebo em demasia,
Esta produz sebo para as bactérias multiplicam­
conservar a suavidade da ‑se e provocam inflação
pele e do pelo. e/ou infeção.

Epiderme Poro obstruído Pápula

Glândula Sebo
sebácea Pus
e células
mortas
Folículo
piloso

Derme

Tudo isto conduz à formação das lesões inflamatórias características da


acne. Existem, no entanto, outros fatores que influenciam o seu apare-
cimento ou agravamento:
– a hereditariedade;

46
A A pele e a higiene

– algumas desordens hormonais;


– ciclo menstrual. Cerca de 70 por cento das mulheres notam que a acne
piora alguns dias antes da menstruação;
– alguns medicamentos, entre os quais os iodetos, os brometos que se
encontram nos antitússicos, as pomadas com corticosteroides, os andro-
génios, os anabolizantes e algumas pílulas contracetivas com um teor
elevado de hormonas masculinas;
– determinados cosméticos, como, por exemplo, os cremes gordos,
os sabonetes e os cremes para barbear que contenham desinfetantes
irritantes, como o hexaclorofeno;
– humidade ou calor excessivos, provocando uma transpiração
abundante;
– irritações locais ou mesmo o roçar da roupa.

CAÇADORES DE MITOS

O chocolate provoca acne Espremer espinhas ajuda


Nenhum estudo mostrou que tipo Só favorece a ocorrência de infeções
de comida melhora ou piora a acne. e marcas na pele, em particular quando
Idealmente, a dieta deve ser variada, sem se trata de acne inflamada.
abusar de açúcares e de gorduras. É pos-
sível que algumas pessoas reajam a cer- O stresse não influencia
tos alimentos, como aos enchidos, ao O corpo humano produz adrenalina
chocolate ou às gorduras, mas isso não em resposta ao stresse, a qual leva
acontece com toda a gente. Se pensa ao aumento da produção de sebo que,
que este pode ser o seu caso, o melhor consequentemente, agrava o problema.
é moderar o consumo do alimento em
questão e observar a reação da sua pele. É contagiosa
As bactérias responsáveis pela acne
A acne aumenta com a falta de higiene encontram-se naturalmente em todas
Não! Por vezes as pessoas com acne as peles. Não é, portanto, uma doença
lavam demasiado a cara com sabonetes contagiosa.
muito agressivos, o que piora a situação.
Deve optar por sabonetes suaves, mas- Apanhar sol é bom
sajando suavemente o rosto. Seque com N ã o  e s t á  c o m p rova d o  q u e  te n h a
uma toalha macia. Não lave o rosto mais um efeito be néf ico sobre a acne.
de duas vezes por dia. Uma pequena quantidade de exposição
ao sol pode melhorar um pouco a situa­
Ter relações sexuais resolve ção, mas o que faz é apenas esconder
o problema a acne. A exposição excessiva pode ser
Não existe nenhuma evidência científica prejudicial.
que o confirme.

47
A Beleza e cuidados pessoais

Tratar a acne

Pode obter uma melhoria se lavar a pele afetada com água morna, duas
vezes por dia, usando uma esponja ou luva de banho macias e um sabo-
nete suave ligeiramente ácido (pH de 5 a 7). Depois, seque bem a pele,
sem esfregar, exercendo ligeiras pressões sobre o rosto. Os sabonetes
antibacterianos, as loções tónicas e os leites de limpeza podem ser úteis;
no entanto, o melhor é seguir as sugestões do dermatologista.

Para a acne ligeira, podem ser usados os cosméticos específicos dispo-


níveis no mercado, mas apenas para melhorar a aparência das lesões.
Nos casos ligeiros a moderados, usam-se, normalmente, medicamentos
tópicos, como cremes e géis, que devem ser adaptados ao tipo de pele.
Para a pele oleosa, a escolha recai sobre géis ou soluções, que não são
gordurosos e têm um efeito de secagem. Se a pele for seca, o mais ade-
quado são os cremes e as loções. Alguns destes medicamentos exigem
receita médica. Podem ser eficazes, mas também apresentam efeitos
secundários. Dependendo da substância utilizada e da sensibilidade
da pele, estes medicamentos podem causar irritação, descamação e ver-
melhidão, entre outros.

A acne moderada a grave, em geral, é tratada com ajuda de ­comprimidos.


Os antibióticos, por exemplo, são eficazes em lesões com e sem infla-
mação. Os efeitos secundários destes tratamentos variam consoante
a substância usada, podendo causar manchas nos dentes, aumento
da  sensibilidade da pele ao sol ou até reduzir a eficácia da pílula.
Os  contracetivos orais com ciproterona podem ser usados no trata-
mento deste problema.

Os medicamentos destinados a diminuir a produção de sebo e a dimen-


são das glândulas sebáceas, como a isotretinoína, também devem
ser  receitados criteriosamente, já que podem afetar a atividade das
­enzimas do fígado, aumentar o nível de colesterol e piorar a depressão.
A isotretinoína é sobretudo perigosa para as grávidas, já que pode pro-
vocar malformações graves no feto. Por isso, antes de iniciar o trata-
mento, convém certificar-se de que não está grávida. Além deste cui-
dado, é preciso adotar um meio de contraceção eficaz, pelo menos, até
seis meses depois de terminar o tratamento.

48
A A pele e a higiene

Rosácea

Esta doença caracteriza-se pelo aparecimento repentino e fugaz de ver-


melhidões no rosto, mais concretamente nas faces, no queixo, na testa
e no nariz, devido à dilatação dos vasos sanguíneos. Progressivamente,
a vermelhidão vai-se mantendo durante mais tempo e, numa fase poste-
rior, os vasos sanguíneos ficam dilatados de forma permanente (telan-
giectasias). Num estado mais avançado, é possível que surjam pequenas
protuberâncias avermelhadas que, por vezes, se enchem de pus ou for-
mam quistos e podem deixar cicatrizes.

A rosácea não representa nenhum perigo para a saúde, mas pode ser
inestética. Não se conhecem bem as suas causas, embora se suponha
haver uma predisposição genética, porque é frequente que atinja vários
membros de uma mesma família. Surge principalmente entre os 30
e os 50 anos, sendo mais frequente nas mulheres, embora as formas
mais graves ocorram nos homens.

Sabe-se que alguns fatores podem agravar os sintomas, principalmente


o enrubescimento da cara, embora a sua ação seja diferente de pessoa
para pessoa. Os mais conhecidos são o álcool, as bebidas muito quentes,
o tabaco, as refeições muito pesadas e condimentadas, o vento, a expo-
sição ao sol e as mudanças bruscas de temperatura. Se sofre de rosácea,
observe quais destes fatores o afetam e tente evitá-los. Poderá assim
obter alguma melhoria.

A rosácea nem sempre requer tratamento médico. Em muitos casos,


agir sobre os fatores agravantes pode ser suficiente. Opte por utilizar

SARDAS E SINAIS

Muitas pessoas têm manchas na pele concentração de melanina e não têm


que, por vezes, podem causar alguma tendência para uma evolução maligna.
inquietação. As sardas, por exemplo, Contudo, alguns podem transformar-se
são simplesmente o reflexo da fragi- em melanomas.
lidade da pele face à exposição solar Consulte o seu médico se notar que
e são sempre benignas. Quanto aos a aparência de um sinal se modificou
sinais, na sua maioria são normais (saliente ou bordo irregular) ou se lhe
e não devem causar nenhuma preocu- causa algum mal-estar. Veja também
pação: representam apenas uma maior Apanhar sol, na página 148.

49
A Beleza e cuidados pessoais

protetor solar, produtos de limpeza suaves (preferencialmente sem


sabão) e cremes hidratantes não gordurosos e sem perfume. Sempre
que surgirem saliências no rosto ou dor e inchaço nos olhos, não deixe
de consultar o médico. O tratamento a aplicar poderá consistir na admi-
nistração de medicamentos, mas por vezes também é possível recorrer
à cirurgia ou aos raios laser para tentar eliminar os vasos sanguíneos
que ficam dilatados.

Higiene da pele
A higiene é essencial para a pele e para a saúde. Por um lado, a pele
está em constante processo de renovação. As células da camada super-
ficial decompõem-se e caem e se estes detritos não forem removidos
regularmente formam, juntamente com o suor e a poeira, uma barreira.
Isto dificulta a excreção de matérias tóxicas e perturba o equilíbrio res-
piratório da pele. Por outro lado, o suor causa o característico mau odor
corporal, razão mais do que suficiente para nos esmerarmos na higiene
diária. A falta de asseio torna-nos ainda mais vulneráveis às infeções
da pele (fungos, entre outros).

Uma boa higiene deve incluir um banho ou duche diário. O chuveiro


usa menos água e faz uma massagem revigorante para a pele. O duche
ou o banho de imersão deve durar, no máximo, entre dez e 15 minutos.
A temperatura ideal da água é entre 30ºC e 38ºC. Se for superior a este
intervalo, poderá ficar com a pele desidratada, uma vez que as substân-
cias naturais que a mantêm hidratada são eliminadas. Enxague abun-
dantemente para eliminar vestígios de sabonete ou de gel de banho
que poderão causar uma irritação da pele. Seque todas as partes do corpo,
especialmente aquelas onde a pele forma pregas e entre os dedos dos pés.

Para manter a pele hidratada, utilize um creme ou uma loção cor­


poral. Estes produtos criam uma camada protetora que ajuda a reter
a humidade.

Sem dúvidas na hora de escolher


A água, apesar de benéfica e estimulante, não é suficiente para ­assegurar
a higiene da pele, ou seja, para remover a sujidade e as células mortas.

50
A A pele e a higiene

Para isso é necessário um produto emulsionante/desengordurante.


A  tarefa de escolher um produto não é fácil, tendo em conta que os
fabricantes apresentam diferentes características, benefícios, perfumes,
cores, consistências, ingredientes, entre outros.

Sabonetes
Existem vários tipos de sabonetes, mas, geralmente, todos contêm
mais de 80 por cento de matérias gordas naturais, as quais reagem com
uma substância alcalina (como o hidróxido de sódio ou de potássio).
­Esta reação é conhecida por saponificação. Por regra, os sabonetes são
constituídos por uma mistura de óleo de coco com gorduras animais.
Os restantes componentes são adicionados principalmente por razões
publicitárias. Por exemplo, perfume para mascarar o odor das subs-
tâncias gordas utilizadas. Há outras características que variam, como
o aspeto, a cor, a untuosidade e a formação de espuma. Na prática, não
existem diferenças sensíveis entre as marcas: são todas satisfatórias
e  adequadas a todas as peles normais, independentemente do preço.

Gel de duche
É um produto de higiene recente e conquistou a preferência dos con-
sumidores, porque tem uma grande vantagem em relação ao sabonete:
uma maior suavidade depois do banho. Os géis de duche removem
a sujidade, mas retiram também parte da película hidrolipídica prote-
tora da pele (fica por cima da epiderme e é formada por gordura e suor).
Assim, a pele fica desidratada e desprotegida. Para compensar, os fabri-
cantes apostam numa composição enriquecida com vitaminas, agentes
hidratantes, extratos naturais, entre outros.

Os géis de duche podem ter outras denominações nos frascos.


­Por exemplo, “leite” ou “gel de banho”. Na verdade, ao usá-los no banho
de imersão, poderá ficar desapontado, dado que têm poucos agentes
de formação de espuma. Assim, na banheira, a tendência será para gas-
tar mais produto. Por isso, se quiser utilizar o seu gel de duche num
banho de espuma terá de gastar mais do que o habitual.

Na sua maioria, os géis de duche não aumentam a hidratação da pele,


apenas a impedem de secar. Se quiser uma pele realmente hidratada,
utilize creme hidratante ou uma loção depois do banho.

51
A Beleza e cuidados pessoais

ATENÇÃO AOS RÓTULOS!

Muitas vezes, os sabotes e os géis os fabricantes e por se desconhecerem


de  duche indicam ter um “pH neutro”. em que parâmetros são realizados cada
No entanto, alguns fabricantes não dizem um dos testes, estes acabam por não ter
se se referem ao pH da pele (de 5,5) valor.
se ao químico (de 7). Procure sempre um Apesar de muitos rótulos não alertarem
produto que tenha o mesmo pH da pele. para o facto, a verdade é que muitos
Quando o fabricante alega que o produto sabonetes e géis de duche provocam
foi dermatologicamente testado signi- irritação ocular. Por isso, tenha cuidado
fica apenas que foi submetido a testes ao  utilizá-los na cara. Quando comprar
na pele. Como não existe um método de este tipo de produto, verifique se existe
base reconhecido e obrigatório a todos algum elemento ao qual é alérgico.

Em muitas embalagens de gel de duche e de sabonete encontramos


a  denominação “antissético” ou “antibacteriano”. O objetivo destes
­produtos é destruir as bactérias, os fungos e os vírus que se encon-
tram à superfície do nosso corpo. Na maioria dos casos, esta flora não
é nociva. Pelo contrário, protege o nosso organismo contra a invasão
de bactérias que podem estar na origem de doenças. Portanto, o uso
repetido de produtos antisséticos pode perturbar a flora bacteriana
­normal da nossa pele, abrindo caminho para os germes responsáveis por
determinadas doenças. Por isso, o melhor é não abusar destes produtos.

Higiene íntima
Uma higiene adequada é a melhor forma de evitar desconforto, irritação,
vermelhidão e infeções. A ligação entre a vulva e a vagina e entre esta
e o útero faz com que seja necessária uma limpeza cuidadosa de forma
a proteger todo o trato genital. Eis os nossos conselhos para uma boa
higiene íntima:
– lavagem diária com água e um sabonete suave. Um sabonete ligei-
ramente ácido evita alterações das condições fisiológicas desta zona
da pele, que é particularmente sensível. O pH do produto escolhido deve
ser aproximadamente 5;
– os produtos de higiene íntima são desnecessários. Podem não ser
nocivos quando usados de vez em quando, mas não devem fazer parte
da higiene diária;

52
A A pele e a higiene

– na casa de banho, o correto é limpar-se de frente para trás, para evitar
a migração de bactérias fecais para a vagina. O mesmo se aplica durante
a lavagem;
– dê particular atenção à limpeza íntima durante a menstruação
e a gravidez;
– evitar calças e cuecas muito justas e preferir roupa interior de algodão.

Os banhos de espuma, desodorizantes, papel higiénico perfumado,


alguns detergentes e amaciadores para a roupa contêm substâncias irri-
tantes que podem causar alergias genitais.

Pensos e tampões
Para absorver o fluxo de sangue durante a menstruação pode-se usar
absorventes externos, como os pensos higiénicos, que se colocam
na  roupa interior por meio de uma tira adesiva, ou internos, como
os tampões.

Quem opta por usar tampões deve ter o cuidado de os trocar de quatro
em quatro horas e de escolher aqueles com o menor grau de absorção
adequado ao fluxo menstrual.

O uso de tampões tem sido associado ao aumento do risco da sín-


droma de choque tóxico (SCT). No entanto, as causas reais da doença
ainda  não foram identificadas, até porque há casos de crianças
e de homens afetados por esta síndroma. O certo é que algumas inves-
tigações mostram que quanto maior o grau de absorção do tampão,
maior o risco de contração da doença e vice-versa. Por este motivo,
todas as marcas de tampões incluem um folheto informativo que
menciona a doença.

A SCT é muito rara, mas potencialmente fatal. As bactérias na sua


­origem, as Staphylococcus aureus, produzem toxinas que causam uma
forma de envenenamento do sangue. Trata-se de uma doença perigosa,
principalmente porque é difícil diagnosticá-la, pois os primeiros sinto-
mas são semelhantes aos da gripe. Em quase metade dos casos, a SCT
afetou as mulheres durante o período menstrual.

Quanto aos pensos diários, saiba que não são essenciais para a higiene
íntima diária da mulher. Na verdade, impedem ou pelo menos dificultam

53
A Beleza e cuidados pessoais

a transpiração, o que contribui para o aumento da humidade na área


genital. Estas condições criam o ambiente ideal para o desenvolvimento
de bactérias.

COPO MENSTRUAL EXIGE CUIDADOS DE HIGIENE REDOBRADOS

Este reservatório maleável em silicone


pretende ser uma alternativa aos pen-
sos higiénicos e aos tampões. Alega ser
mais económico e ecológico, uma vez
que dura vários anos. Pode ser usado
durante quatro a oito horas e depois
lavado e reutilizado.
Antes de cada utilização, o dispositivo tem
de ser lavado e esterilizado. Uma higiene
deficiente do produto pode facilitar infe-
ções vaginais e urinárias. Por outro lado,
muitas mulheres não se adaptam à sua
aplicação e remoção.
Do ponto de vista económico e ao fim
de um ano, a utilização de pensos higié-
nicos continua a ser mais barata do que
a de copos menstruais, mesmo que não
se usem os pensos diários com este dis-
positivo. Só compensa se puder usar por
mais de 18 meses.

54
Capítulo 4

Cuidar do rosto
A Cuidar do rosto

Usar cosméticos específicos para o rosto não é um capricho de beleza,


mas sim um gesto importante para a manutenção da pele. Os ­cremes
ajudam a protegê-la da agressão de agentes externos, como o pó, o vento,
a poluição e o sol, e, eventualmente, dão-lhe uma forma mais c­ ompacta
e leve. Fornecem-lhe ainda substâncias gordas e água superficial, além
de retardarem a formação de rugas. De um modo geral, dão à pele
um aspeto mais saudável.

Diariamente, somos bombardeados com publicidade sobre os mil


e  um  passos para cuidar do rosto. Do leite de limpeza, ao hidrante,
passando pelo tónico, pelo sérum ou pelas máscaras especializadas,
a oferta é imensa. Ter um rosto liso, firme, luminoso e resplandecente
é o desejo de muitos de nós, mas que produtos são realmente necessá-
rios para obter esse resultado? Descubra a resposta neste capítulo.

Limpar
O melhor cuidado para o rosto é lavá-lo de manhã e à noite com água
morna e um sabonete suave. Não se deixe atrair pelos sabonetes deno-
minados “medicinais”, “bactericidas” ou “antiacne”, porque a sua eficá-
cia não está demonstrada. Nalguns casos, podem mesmo provocar irri-
tações e alergias. Alguns perfumes usados nos sabonetes também são
capazes de causar reações alérgicas.

Apesar deste princípio geral de limpeza do rosto, cada tipo de pele exige
alguns ajustes nos cuidados. Quem tem uma pele oleosa deve evitar lim-
par o rosto com demasiada frequência ou com tónicos que contenham
álcool. Os sabonetes e os produtos à base de substâncias ligeiramente
adstringentes, como pepino ou tília, são os mais adequados. Quem tem
pele mista deve seguir os cuidados indicados para a pele oleosa.

Os sabonetes à base de glicerina são bem tolerados por peles secas.


A água muito calcária é inimiga da pele seca. Por isso, deve ser evitada,
se possível. É importante secar bem o rosto após a limpeza, porque
a humidade residual pode produzir uma descamação da pele.

A pele sensível é muito propensa a irritações, pelo que usar sabão é desa-
conselhável. É preferível um leite de limpeza para peles sensíveis, que

57
A Beleza e cuidados pessoais

não seja adstringente ou tonificante, mas neutro. Este convém ser espa-
lhado suavemente com as mãos. No final, o rosto deve ser limpo com
papel absorvente ou discos de limpeza e enxaguado com água. Este tra-
tamento é muito delicado e adequado a todos os tipos de pele, mas o­  pro-
duto tem de ser mantido em boas condições. Para evitar as contamina-
ções bacterianas, use-o com as mãos limpas e guarde-o bem fechado.

Ainda no passo “limpeza”, saiba que é imprescindível remover a maqui-


lhagem antes de se deitar, porque esta tapa os poros da pele, logo, impede-
-os de segregar o sebo. Se os poros ficam fechados por causa da maquilha-
gem, podem ocorrer situações de acne (veja Acne, na página 45) ou surgi-
rem comedões (veja Comedões, na página 45). Veja ainda Desmaquilhar,
na página 68.

Hidratar
Após limpar a pele, deve aplicar um creme no rosto, exceto quando
existem irritações, feridas ou outras alterações. Quase todos os cremes
e loções são compostos por emulsões de óleo em água. É por isso que são
absorvidos rapidamente, não mancham e proporcionam uma sensação
de frescura. Para verificar este dado, confirme a lista de ingredientes.

Para quem tem a pele seca, este passo é fundamental porque o creme
cobre a epiderme com uma fina camada gordurosa, impedindo a rápida
evaporação da água. As pessoas com pele oleosa ou mista devem evitar
cremes muito gordos e, por vezes, é preferível deixar a epiderme respirar
livremente.

Para uma pele sensível é importante uma hidratação diária, para evi-
tar uma possível desidratação superficial exagerada. Os produtos mais
adequados para este tipo de pele são os que não contêm ingredientes
irritantes ou alergénicos, como perfumes, corantes, entre outros.

Cremes hidratantes
A capacidade de hidratar a pele “em profundidade” que vários pro-
dutos alegam é um mero golpe publicitário. Os cremes hidratantes
não ­fornecem água à pele. As características anatómicas e fisiológicas

58
A Cuidar do rosto

da pele não permitem que a água atra-


vesse a epiderme a partir do exterior, O QUE É UM CREME?
atingindo a derme. A água fica nas
Trata-se de uma emulsão à  base
primeiras camadas celulares da epi- de óleo e água, e pode ser de dois
derme, a camada córnea. A camada tipos. Se misturarmos uma pequena
córnea é, em certa medida, respon- quantidade de óleo numa grande
sável pelo aspeto da pele. Ela é com- ­q uantidade de água, obtemos
cremes ou loções hidratantes
posta por células mortas que nos pro- (emulsões de óleo em água). Uma
tegem do contacto exterior. Quando pequena quantidade de água em
a pele adquire um aspeto áspero, enru- óleo proporciona um creme gordo
(emulsão de água em óleo). A maio-
gado ou estragado, é possível “encher”
ria dos cremes pertence ao primeiro
essas células (as células córneas ficam tipo. De uma forma geral, contêm:
inchadas) fornecendo-lhes regular- – entre 35 e 60 por cento de água;
mente uma quantidade de água sufi- – matéria gorda;
– emulsionantes, isto é, ­moléculas
ciente. Um bom creme pode hidratar que asseguram a estabilidade
a epiderme durante algumas horas. da emulsão (permitem que o óleo
e a água não se separem);
– conservantes antimicrobianos;
Cremes de dia – perfumes;
–  uma ou duas substâncias con-
Os cremes de dia protegem a pele sideradas “ativas”, às quais se
de agressões externas e suportam atribuem propriedades benéficas
a maquilhagem. Devem deixar a pele para a pele, muitas vezes sem
nenhum fundamento científico.
com aspeto liso e acetinado. Os leites/loções contêm entre 78
e 90 por cento de água. São sua-
É importante a presença de subs- ves e refrescantes, mas têm pouco
tâncias hidratantes (humectantes), efeito protetor.

as  quais têm a intensão de aumen-


tar a capacidade da camada córnea
em reter a água. Falamos de substân-
cias como ureia, aminoácidos, glicerol, glicerina, propilenoglicol, sorbi-
tol, entre outros. As substâncias emolientes, como a lanolina, deixam
uma película gordurosa na pele, através da qual a evaporação de água
diminui e, portanto, o teor de humidade aumenta.

Não se deve negligenciar a contribuição das chamadas substâncias


“ativas” presentes neste tipo de cremes. Por exemplo, a presença de fil-
tros ultravioletas (indicada pela sigla SPF) que confiram um fator
de proteção é importante para proteger a pele da exposição diária
ao sol, inclusive em dias nublados, como no inverno, e para evitar
o envelhecimento.

59
A Beleza e cuidados pessoais

BB creams

A abreviatura “BB” vem das expressões inglesas blemish balm e beauty


balm. Blemish diz respeito às manchas e/ou imperfeições da pele que este
produto pretende cobrir. Balm quer dizer “bálsamo” e transmite a ideia
do cuidado proporcionado pelo mesmo.

Este tipo de creme apresenta-se como multifuncional: cobre imperfei-


ções, poros, manchas e brilhos; hidrata, funciona como antirrugas, pro-
tege do sol e substitui a base de maquilhagem. Alguns destes produtos
chegam a alegar dez efeitos sobre a pele!

A maioria dos cremes BB têm fator de proteção solar que, normalmente,


varia entre 15 e 25 (proteção média). Outros têm 30 (proteção alta).
O consumidor deve ter em atenção que este tipo de creme apenas pro-
tege contra os raios UVB (veja Proteção solar, na página 150). Além disso,
esta proteção é limitada, uma vez que estes produtos são utilizados uma
vez por dia. Para manter a proteção solar, deveria aplicar várias vezes
o produto em questão.

Como podem funcionar como base de maquilhagem, o mesmo creme


BB está disponível em dois ou três tons. Um mais claro, um i­ ntermédio
e outro mais escuro, que se devem adaptar aos diferentes tons de pele.
Outros apenas têm um tom que, supostamente, serve para todos
os tipos de pele. Os cremes BB oferecem menos cobertura que as bases
de maquilhagem, mas se pretende um acabamento natural e ligeiro
estes produtos podem valer a pena. Se pretende mais cobertura, por
exemplo, para tapar cicatrizes ou manchas, é mais aconselhado utilizar
um corretor. Na sua composição, encontramos um a cinco por cento de
pigmentos, enquanto as bases contêm 12 a 20 por cento.

De acordo com a sua formulação e teor em pó (óxido de zinco, talco,


sílica, entre outros), ao nível de hidratação não são os cremes mais ade-
quados para peles secas. Na verdade, são mais recomendados para peles
oleosas ou mistas. Alguns cremes BB aconselham o uso de um creme
hidratante antes. É uma solução a considerar por quem tem pele seca.
Embora alguns aleguem hidratação por 24 horas, um estudo a loções
corporais, publicado pela Teste Saúde, no final de 2012, mostra que são
poucos os produtos que mantém a hidratação por esse tempo. É pouco
realista colocar esta alegação.

60
A Cuidar do rosto

Cremes de noite

Os cremes de noite são, habitualmente mais gordos que os cremes de dia;


no entanto, no essencial trata-se do mesmo produto. A distinção é feita,
sobretudo, por razões comerciais, diversificando a gama de produtos.

Por norma, trata-se de emulsões de água em óleo (veja O que é um creme?


na página 59) e cobrem a pele com uma película impermeável que impede
a evaporação da água. Assim, estes cremes funcionam como prevenção,
uma vez que são eficazes para limitar a perda de humidade da pele que
provoca uma perda de elasticidade e o aparecimento de rugas.

Máscaras
De acordo com a sua finalidade, podem distinguir-se vários tipos
de máscaras: as que têm um efeito de peeling, ou seja, removem as células
mortas da camada superficial; as adstringentes, que fecham os poros;
e as emolientes, que limpam e suavizam. As máscaras podem ser:
– em creme. Não solidificam e são removidas com água;
– dissecantes. Ficam duras e também são removidas com água;
– peel off. Uma vez aplicadas, formam uma película elástica, quase invi-
sível, que se tira passado um certo tempo;
– em espuma. Dizem penetrar na pele, mas são só hidratantes.

A máscara dificulta a respiração normal da pele, porque forma uma pelí-


cula que impede a evaporação da água. Isto faz com que a taxa de humi-
dade da pele aumente, assim como a sua temperatura, o que provoca
uma maior afluência de sangue. Quando se remove a máscara, a pele
fica um pouco “inchada” e ligeiramente rosada, o que atenua as rugas...
durante algumas horas. Em pouco tempo, a pele volta ao que era.

A eficácia destas máscaras é, portanto, bastante limitada e de curta


duração. Devido ao seu efeito desengordurante, só são aconselháveis
para as peles oleosas. Os produtos à base de argila (muito utilizados
como um ingrediente de base em máscaras suaves) são apropriados
apenas para a pele oleosa e são totalmente impróprios para doentes
com rosácea, por exemplo, porque secam demasiado a pele e aumentam
o fluxo de sangue, agravando o problema. Para peles secas é melhor
utilizar máscaras cremosas ou, na melhor das hipóteses, de gelatina
(feita a partir de algas, mucilagens ou resinas sintéticas).

61
A Beleza e cuidados pessoais

MÁSCARA CASEIRA

Quer ter uma pele mais compacta e lisa? durante dez minutos. Quando tiver endu-
Se a sua pele não é especialmente seca, recido, lave o rosto com água. Vai parecer
pode conseguir este resultado em casa que a pele está mais flexível, compacta
rapidamente e com baixo custo. Para tal, e firme. É verdade que o efeito dura ape-
basta pegar num ovo e separar a clara nas algumas horas, mas é o que ocorre
da gema. Bata a clara como se fosse com as máscaras comerciais.
fazer uma omeleta e aplique no rosto

Cuidar dos lábios


A pele dos lábios é muito fina comparada com a da face. Para que tenha
uma noção mais aproximada desta diferença, saiba que a dos lábios tem
três a cinco camadas de célula, enquanto a da face conta com 16 cama-
das. Por este motivo, os lábios são mais vulneráveis a fatores como o ar
seco, o frio e o vento. A consequência é terem tendência a ficar secos.

Para não ficar com os lábios gretados ou com cieiro, siga estes conselhos:
– antes de sair para o exterior, aplique um hidratante labial. Reaplique
frequentemente, enquanto se mantiver ao ar livre;
– evite lamber os lábios. A saliva dá a sensação de hidratação, mas, rapi-
damente evapora, agravando a sensação de secura. Se tende a lamber
várias vezes os lábios, evite a utilização de hidratantes labiais com sabor;
– defenda-se do contacto com substâncias irritantes ou alergénios, tais
como perfumes ou corantes, em cosméticos;
– respire pelo nariz. Respirar pela boca pode secar mais os lábios.

Hidratante labial
Para prevenir o cieiro, aplique, com regularidade, um hidratante labial.
Um batom em stick ou um bálsamo em bisnaga são preferíveis aos pro-
dutos em boião, porque a aplicação com os dedos aumenta a probabi-
lidade de contaminação. Cada pessoa deve ter o seu próprio batom.
Sempre que os lábios tiverem alguma doença, como herpes labial, o uso
do batom é desaconselhado.

Na escolha de um hidratante labial procure substâncias como ceras (cera


alba, candelilla cera, cera microcristalina ou hidrogenated beeswax)

62
A Cuidar do rosto

ou manteigas (karité, cacau). Trata-se de bons hidratantes e conferem


a proteção adequada. Os óleos têm uma função idêntica à das ceras,
mas são menos eficazes contra a secura. Em geral, os hidratantes labiais
incluem elementos naturais, como os óleos de rícino (Ricinus communis
castor oil), de jojoba (Simmondsia chinensis) e de amêndoa (Prunus dulcis).

Quem passa muito tempo na rua, deve optar por produtos com fator
de proteção solar (normalmente 15 ou 25).

Maquilhar
Os rituais de beleza são pessoais e intransmissíveis. Cada pessoa terá
os seus. Há quem não consiga sair de casa sem maquilhagem e considere
esse gesto um prazer. Outros, pelo contrário, garantem não ter paciên-
cia para aplicar rímel, batom ou base depois de limpar e hidratar a pele
do rosto. Por isso, saem de casa de “cara lavada”.

Se não dispensa a maquilhagem, é importante conhecer os fatores a ter


em conta na escolha. Ceras, óleos, emolientes e corantes são as substân-
cias comuns a quase todos estes produtos, variando apenas as quantida-
des. Para além desta característica geral, há aspetos específicos de cada
tipo de produto que deve avaliar.

O corretor e a base (em pó ou fluida)


O primeiro passo da maquilhagem é cobrir imperfeições concretas
ou neutralizar tonalidades descompensadas. Essa é a função do corre-
tor. A base serve para uniformizar o tom da pele e é o segundo passo.
Normalmente, a base tem um tom mais carregado do que o da pessoa,
mas dá um aspeto mais “saudável”.

Os corretores são compostos, principalmente, por dióxido de titânio,


talco, caulino e pigmentos. Apresentam-se na forma de emulsões,
mas também se podem encontrar em stick. As bases contêm pigmen-
tos, cuja concentração varia de acordo com a forma que apresentam:
em pó, em pó compacto ou fluidas. O pigmento branco é constituído
por ­dióxido de titânio. Dentro dos pigmentos coloridos, os mais usados
são o óxido de ferro vermelho, o óxido de ferro amarelo e óxido de ferro

63
A Beleza e cuidados pessoais

magnetite, cuja mistura permite obter diferentes tonalidades de bege.


Quanto maior a concentração de pigmento, mais opaco é o produto
e maior é o poder de cobertura.

As bases em pó são mais fáceis de aplicar e têm a função de matizar,


unificar e fixar a maquilhagem. São compostas, principalmente, por
talco, caulino, carbonato de cálcio e óxido de zinco. Também apresen-
tam substâncias que permitem uma melhor aplicação e dão mais leveza
(como a mica e o óxido de titânio); vários pigmentos, similares aos
descritos anteriormente, assim como substâncias antioxidantes, con-
servantes, dispersantes, hidratantes, entre outras. Nos pós compactos
existe uma maior concentração e variedade de pigmentos, mas a com-
posição é semelhante aos pós. Na sua composição apresentam talcos
e pós de nylon, óxidos metálicos e um agente gorduroso (como o óleo
de silicone), que permite que o pó não fique solto e confere uma maior
resistência à agua quando o produto é aplicado no rosto.

As bases fluidas são, geralmente, emulsões do tipo óleo em água, que


contêm pigmentos em pequena quantidade e servem para uniformi-
zar e dar um tom natural à pele. As matérias gordas utilizadas podem
ser de  origem sintética, tais como as derivadas de hidrocarbonetos
de petróleo (vaselina), ou animal (lanolina ou estearina). A maioria das
bases fluidas é demasiado alcalina. Ora, a nossa pele tem pH ácido (5,5).
Quanto mais perto do pH da pele for o produto, menos agressivo é para
a mesma. Os dermatologistas desaconselham o uso das bases fluidas,
sobretudo em pessoas com problemas de pele, tais como dermatites,
acne ou outras seborreias. Neste último caso, é possível que os prepara-
dos à base de óleo em água agravem a seborreia.

Se forem aplicadas diretamente no rosto, as bases de diversas cores


e  “para todos os tipos de pele” podem secar tanto uma pele tenden-
cialmente seca como uma sã e normal. Os corantes, os conservantes
e  os  corpos gordos, sobretudo a lanolina, podem provocar o apareci-
mento de eczemas. Embora isso seja raro, os perfumes utilizados podem
dar origem a casos de fotossensibilidade.

A escolha entre um tipo de base e outro depende da cor pretendida,


mas também deve ter em conta a consistência e a percentagem de gor-
dura do produto. É preciso ainda pensar no tipo de pele e na estação
do ano (se está frio ou calor). Se optar por bases fluidas, prefira as que

64
A Cuidar do rosto

têm indicação do tipo de pele, pois podem ser desaconselhadas para


as peles oleosas ou mistas. Se tem este tipo de pele, opte por bases flui-
das “oil free”. É importante ter em conta que o excesso de maquilhagem
pode deixar a pele ainda mais oleosa.

CORRETORES

Como o nome indica, este produto corrige – o bege dá volume, por exemplo, a uma
imperfeições da pele e ajuda a disfarçar olheira bastante funda;
olheiras. De acordo com a cor que apre- – o laranja neutraliza as manchas casta-
senta, tem uma função diferente. Assim: nhas e as olheiras com muito volume, os
– o verde é usado para neutralizar a ver- papos e as zonas escuras;
melhidão, em certas zonas do rosto; –  o lilás é usado para disfarçar tons de
– o amarelo disfarça as manchas lilases; pele amarelos.

Sombra, delineador de olhos


e máscara para pestanas
As sombras de olhos mais utilizadas são as em pó, embora também
existam em creme, em emulsões líquidas ou mesmo na forma de lápis.
São  compostas por uma mistura de talco com pigmentos, estearato
de magnésio ou zinco. A adição de caulino ao produto ajuda a absorver
a oleosidade da pele, além de garantir uma maior duração do mesmo.
O acabamento da sombra pode ser mate (se tiver dióxido de titânio),
perolado, (se tiver oxicloreto de bismuto ou partículas de mica) ou metá-
lico (se forem adicionados metais em pó).

As sombras em creme são aplicadas com os dedos, pelo que deve lavar
sempre as mãos antes para diminuir as hipóteses de contaminação. Este
tipo de base é recomendado para peles secas e envelhecidas. As sombras
em líquido, que se apresentam em frasquinhos, são mais indicadas para
peles oleosas, porque secam rapidamente e asseguram uma duração
mais longa. Escolher entre as sombras em pó, em creme ou líquidas tam-
bém deve ter em conta a forma de aplicação e a aparência pretendida.

Os delineadores de olhos ou eyeliners apresentam-se em lápis ou em líquido.


Os lápis são compostos por ceras solidificantes minerais, animais ou sin-
téticas, óleos e pigmentos. Os delineadores líquidos contêm pigmentos
e agentes filmógenos (que permitem a formação de uma película), entre

65
A Beleza e cuidados pessoais

outros ingredientes. De forma a evitar possíveis reações, utilize o delinea-


dor de olhos na parte exterior do olho. Desaconselhamos o seu uso quando
a pessoa tem alguma afeção ocular, como, por exemplo, conjuntivite.

As máscaras para pestanas ou rímel apresentam-se sob a forma líquida


ou de emulsão cremosa. Os rímeis líquidos podem ser soluções aquo-
sas ou hidroalcoólicas de resinas e contêm uma goma espessante, para
além dos pigmentos. As emulsões cremosas são as mais utilizadas
­atualmente. Na sua composição encontram-se tensioativos, espessantes
como as gomas que promovem o volume, polímeros que proporcionam
uma maior rigidez às pestanas, ceras naturais ou sintéticas, derivados
dos silicones, solventes e conservantes. Empurrar a escova de um rímel
ou de um delineador para dentro e para fora introduz ar na embalagem.
Assim, favorece a oxidação e degrada o produto.

Todos os produtos para maquilhar os olhos podem provocar reações


cutâneas indesejáveis. Caso estas ocorram, suspenda imediatamente
o uso do produto. Se os sintomas não desaparecerem, contacte um
médico. Qualquer efeito indesejado devido ao uso de cosméticos deve
ser notificado ao sistema de cosmetovigilância (veja a página 32).

Qualquer ingrediente presente nestes produtos pode causar ­alergias,


mas muitas das reações adversas devem-se ao uso abusivo da maquilhagem,

MAQUILHAGEM DEFINITIVA: PONDERE BEM

A maquilhagem definitiva ou micropig- a maquilhagem definitiva, considere os


mentação é uma técnica semelhante benefícios e as possíveis complicações.
à  utilizada nas tatuagens. A diferença Embora possa economizar tempo e ener-
reside no  facto de ser aplicada apenas gia todas as manhãs, a verdade é que
nas camadas superficiais da pele. O pig- a maquilhagem definitiva está associada a
mento é infiltrado ao nível da derme e da alguns problemas médicos. Há casos de
epiderme, permitindo que o resultado falta de desinfeção dos instrumentos e de
possa durar muitos anos. Esta técnica higiene, o que aumenta o risco de trans-
é usada, principalmente, no contorno missão de doenças infecciosas, como
de olhos e lábios e no preenchimento dos a hepatite. As reações alérgicas podem
lábios e sobrancelhas. Pode também ser ser evitadas através de testes de ensaio.
um recurso eficaz como complemento Como a remoção deste tipo de maquilha-
de cirurgias plásticas. Por exemplo, na gem pode ser difícil, é importante ponde-
redefinição da a­ réola mamilar e na corre- rar se quer de facto usar para sempre, por
ção de cicatrizes. Antes de avançar para exemplo, uma linha delineada nos olhos.

66
A Cuidar do rosto

bem como à sua aplicação incorreta. O mau hábito de não desmaquilhar


o rosto ou de o fazer de forma incorreta ou incompleta contribui para
o surgimento de efeitos indesejáveis.

O blush
O blush serve para modelar os traços do rosto ou dar-lhes maior esplen-
dor. Normalmente, apresenta-se na forma de pó compacto e varia entre
os rosas, os vermelhos, os ocres e os castanhos. Se o seu objetivo é modelar
o rosto, recorra aos tons ocres e castanhos. Trace, então, uma larga pin-
celada para dar profundidade à zona. Para valorizar e dar à pele um tom
mais quente, utilizam-se os blushs dentro da gama dos rosas e vermelhos.

O batom
Os batons são compostos por óleos, gorduras, ceras, corantes, antio-
xidantes e, na maioria dos casos, perfumes. Ingredientes hidratantes
também podem entrar na composição dos batons. É o caso da man-
teiga de karité ou dos silicones. Cada uma destas substâncias cumpre
uma função. Os óleos minerais ou vegetais (cera de abelha, manteiga de
cacau, entre outros) servem, sobretudo, para tornar os lábios brilhan-
tes. Para que o produto tenha uma boa consistência e seja fácil de apli-
car, é necessária uma mistura de gorduras. As ceras dão ao batom o seu
aspeto sólido. Os antioxidantes impedem a deterioração das gorduras.
Os perfumes disfarçam o cheiro das gorduras. Os hidratantes reduzem
o atrito, facilitando a aplicação do produto.

A maioria destas substâncias é inofensiva, mas há exceções. Os perfumes


(bálsamo do peru, musgo e outros ingredientes cuja menção é obrigatória
no rótulo) são a principal causa de irritações. Os conservantes e os coran-
tes (eosina e fluoresceína, por exemplo) podem provocar alergias, irrita-
ções ou fotossensibilização, assim como a desidratação dos lábios, mesmo
que o batom seja muito gordo. As reações alérgicas mais comuns são
a dermatite de contacto, a fotodermatite (inflamação da pele que ocorre
após utilização do produto e exposição ao sol), lábios doridos e urticária.

A existência da sigla CI (Colour Index) no rótulo de um produto cos­mético,


seguida por cinco ou seis algarismos, indica que o mesmo contém coran-
tes. Como os batons podem ser colocados no mercado com cores dife-
rentes, o rótulo dirá apenas “pode conter corantes” ou o símbolo “+/-”.

67
A Beleza e cuidados pessoais

COMO ESCOLHER?

O batom tem de ser macio para se aplicar a qualidade. Portanto, pagar mais não
com facilidade e não pode alterar-se, nem é uma garantia de qualidade.
sequer depois de usado. A embalagem Se a pessoa sabe que é alérgica a deter-
deve fechar bem, por isso verifique na loja minadas substâncias, deve verificar sem-
se o batom está intacto e se o seu meca- pre a composição antes de comprar um
nismo funciona. As embalagens embru- batom. Se, ainda assim, notar qualquer
lhadas em celofane dão maiores garantias reação adversa, mude de marca e noti-
de estarem intactas. Para ver se gosta da fique a ocorrência ao Infarmed. O batom
cor, experimente o batom de demonstra- não se deve partir, amolecer, nem ser
ção nas costas da mão. Os preços variam sensível à humidade. Se sofrer alterações,
muito e não estão sempre de acordo com o melhor é deitá-lo fora.

Desmaquilhar

Limpar o rosto antes de dormir é uma boa prática para remover vestígios
de maquilhagem e, eventualmente, alguma sujidade por causa da expo-
sição do rosto ao ar e à poluição. Como referimos no título Limpar, água
e sabonete suave são uma opção bem tolerada.

Em paralelo, existem vários produtos de limpeza do rosto, também con-


siderados como desmaquilhantes. Conheça-os de seguida.

Leite de limpeza
Os leites desmaquilhantes ou de limpeza são constituídos, preferencial-
mente, por emulsões de óleo em água. Ou seja, têm, ao mesmo tempo,
a capacidade de absorver as sujidades gordurosas e aquelas que se dis-
solvem em água. Estes produtos são bastante bem tolerados pela pele.
Asseguram a limpeza e conseguem retirar a maquilhagem sem causar
irritação. Se os utilizar apenas como desmaquilhante, lave o rosto com
água após a sua aplicação.

Recomendamos que não use estes leites com muita frequência, já que
alguns podem alterar o equilíbrio da pele. Se utilizar o leite de limpeza
à noite, uma repetição de manhã poderá ser excessiva e provocar secura
da pele. De manhã basta um enxaguamento com água.

68
A Cuidar do rosto

Tónicos
Muitos fabricantes de cosméticos levam a crer que uma limpeza do rosto
completa deve ser acompanhada por um tónico, principalmente se falar-
mos de uma pele oleosa. No entanto, este produto não é essencial para
uma boa limpeza do rosto. Após a utilização do desmaquilhante, ter-
mine a limpeza com água. O papel dos tónicos é recompactar a pele
que tenha sido dilatada durante a limpeza. Ora, lavar o rosto com água
e sabão suave também fecha os poros.

Alguns tónicos apresentam álcool na sua formulação, tornando-os


muito agressivos, especialmente para peles sensíveis.

Sabonetes (líquidos ou em barra)


Para lavar o rosto não são necessários sabonetes específicos, basta
utilizar um sabão neutro. Existem também sabonetes “sem sabão”.
Normalmente, são ricos em componentes hidratantes, portanto menos
agressivos. No entanto, são mais caros, pelo que convém avaliar se real-
mente precisa deles e limitar o seu uso ao rosto.

O sabão não é eficaz para a remoção de maquilhagem, sobretudo se tiver


de remover lápis de olhos e rímel à prova de água. Para esse efeito, opte
por produtos desmaquilhantes específicos.

Toalhitas desmaquilhantes
As toalhitas desmaquilhantes são uma solução mais rápida do que
os produtos anteriores. Assim, num único gesto pode remover a maqui-
lhagem deixando a pele fresca, limpa, tonificada e lisa. Existem para
os diferentes tipos de pele.

A maioria delas contém água, emulsionantes (como o PPG, PEG),


­substâncias hidratantes (glicerina, propilenoglicol ou ácido hialuró-
nico), componentes vegetais (como calêndula ou aloé), perfumes, con-
servantes, espessantes (cloreto de sódio, EDTA dissódico) e substâncias
que reduzem a eletricidade estática (pantenol). Portanto, os ingredien-
tes são os mesmos dos produtos de limpeza líquidos, mas a sua propor-
ção é diferente. Apesar de mais práticos e fáceis de usar, os toalhetes
são mais caros e aumentam a produção de resíduos.

69
A Beleza e cuidados pessoais

Cuidados específicos para homem

Os cosméticos para homens são um segmento de mercado em cresci-


mento. As empresas têm criado linhas completas de produtos masculi-
nos, compostas por esfoliantes, hidratantes, cremes antirrugas, entre
outros. Os produtos para a barba continuam a ser os mais vendidos.

A pele dos homens é mais espessa e mais gorda do que a das m ­ ulheres,
mas os cuidados do rosto são os mesmos que os indicados anteriormente.
Só há uma rotina diária que lhes é exclusiva: barbear. Mais  abaixo,
explicamos o que precisa de saber sobre isso.

Produtos para barbear


Muitos homens continuam fiéis à lâmina de barbear. Esta escolha
implica o uso de creme, de espuma ou de gel de barbear. A função destes
produtos é eliminar a película de gordura que cobre os pelos. Uma vez
desprotegido, o pelo molha-se, incha e amolece, não apresentando resis-
tência à lâmina. A espuma de barbear também impede a evaporação
da água e o endurecimento do pelo.

Um bom produto para barbear faz espuma rapidamente, e esta man-


tém os pelos húmidos durante toda a operação, sem irritar a pele. No
caso das peles oleosas, os produtos para barbear em gel são os mais
indicados. Basicamente, contêm sabão numa solução aquosa com uma
série de aditivos destinados a favorecer um barbear suave, como glice-
rina, ­glicoetileno, sorbitol (humectante) e lanolina (emoliente). A maté-
ria gorda presente pode ser de origem vegetal (óleo de coco) ou animal
(sebo). Alguns também incorporam agentes desinfetantes, tais como
o triclosan, mas desaconselhamos o seu uso.

Por regra, não existem diferenças significativas entre produtos equiva-


lentes das várias marcas, e a sua eficácia também é idêntica. Quanto à
forma de apresentação do produto, as opiniões divergem. Segundo os
utilizadores, a vantagem do pincel é o efeito emoliente da massagem,
ou seja, amolece os pelos e proporciona melhores resultados, em parti-
cular quando se tem uma barba rija e cerrada. O pincel também evita
que se ensaboem as mãos para aplicar o creme ou a espuma na cara.

70
A Cuidar do rosto

Os adeptos dos aerossóis dizem que este é um sistema mais rápido,


­porque não é necessário lavar o pincel e não se perde tempo a ensaboar
a cara. É uma questão de gosto, embora os sprays impliquem maior des-
perdício, pois é comum obter uma dose de espuma superior à necessária.

Loções para depois de barbear


A água fria é uma excelente loção para depois de fazer a barba. Refresca,
descongestiona e está ao alcance de todas as bolsas.

Os after-shave clássicos fecham os poros e limpam a epiderme. Contêm


álcool (etanol entre 45º e 65º), um agente humidificante, perfume
e água. Estes produtos secam rapidamente e não têm um efeito dura-
douro (aroma, frescura). Para peles mais sensíveis, que não suportam
a ação agressiva do álcool, é aconselhável o uso de loções sem álcool
e mais gordas, como os bálsamos. Trata-se de emulsões de óleo em água,
indicadas para peles que ficam irritadas após o barbear. Os bálsamos
são compostos por substâncias hidratantes, tais como o bisabolol.

Os casos de alergias relacionados com after-shave são raros. Contudo,


o álcool que contêm pode causar irritação, sendo contraindicados tanto
para peles secas como oleosas. Outro efeito indesejável é a fotossensibi-
lidade devido à presença de perfumes e posterior exposição ao sol (raios
ultravioletas).

LÂMINA OU MÁQUINA DE BARBEAR

As lâminas permitem obter um barbear Embora não sejam tão eficazes, as máqui-
mais perfeito do que o proporcionado nas de barbear cumprem a sua função de
pelas máquinas, mas também têm incon- forma satisfatória. Além disso, dispensam
venientes. Por exemplo, o processo é mais o ritual do ensaboamento, e o processo
longo e trabalhoso. Primeiro, é necessá- é mais rápido. Há muitos modelos, mas
rio lavar o rosto com água morna para a principal diferença é o sistema de bar-
abrir os poros (ou faça-o após o duche). bear que pode ser de lâminas de vibração
Em seguida, tem de aplicar sabão ou ou de cabeças de corte. A escolha deve
espuma (ou creme, gel, entre outros) ser feita por cada um, de acordo com
para levantar o pelo. Finalmente, passa- a conveniência e conforto para a pele.
-se a lâmina com cuidado. Existe sempre Alguns modelos tanto podem ser ligados à
o risco de pequenos cortes, o que não corrente como funcionar com uma bateria,
acontece com a máquina de barbear. o que é mais confortável quando vai viajar.

71
A Beleza e cuidados pessoais

Tratamentos antirrugas

O envelhecimento é um fenómeno fisiológico natural, inevitável e irre-


versível. Não há nenhum cosmético que possa deter este processo.

A pele, com o passar do tempo, envelhece e começa a regenerar-se


mais  devagar, tornando-se propensa à secura e ao prurido. A pessoa
nota que:
– a cútis amarelece ligeiramente ou torna-se mais translúcida;
– a derme fica mais fina;
– a gordura diminui, logo a pele fica mais seca;
– há uma diminuição da elasticidade;
– surgem rugas;
– aparecem manchas escuras, sobretudo nas mãos.

Mais profundamente na derme, verifica-se que a rede de colagénio (res-


ponsável por manter a elasticidade e a distensibilidade da pele) perde
espessura e densidade. As fibras elásticas fragmentam-se e a elas-
tina degrada-se. O número de melanócitos ativos diminui, e mesmo
os outros apresentam uma atividade variável, dando origem ao apareci-
mento de zonas pigmentares anormais.

Para além da idade da pessoa, existem outros aspetos que intervêm


no envelhecimento, tais como fatores genéticos e metabólicos. A própria
radiação ultravioleta desempenha um papel primordial. Falamos, por
exemplo, da quantidade de radiação ultravioleta recebida (fotoenvelhe-
cimento). As pessoas que, ao longo da vida, estiveram mais expostas
ao sol, ao vento, ao calor, à chuva ou ao frio têm uma pele mais enve-
lhecida nas partes do corpo que normalmente não estão cobertas pela
roupa, como o rosto e as mãos.
GESTOS QUE RESULTAM
A manutenção de uma pele saudável
depende ainda do estado de saúde Para retardar, na medida do possí-
e da boa forma física, mas também das vel, os efeitos naturais e inevitáveis
condições em que se vive e do modo do envelhecimento da pele, não
abuse do sol e use sempre prote-
de vida. A hereditariedade influencia tores solares. Proteja-se do vento,
o aparecimento mais ou menos pre- que seca a pele, e adote hábitos de
coce dos sinais de envelhecimento. vida saudáveis.

72
A Cuidar do rosto

Cremes antirrugas
Nenhum creme, loção, sérum ou qualquer outro cosmético pode rever-
ter ou prevenir o envelhecimento da pele.

Nos últimos anos, têm sido desenvolvidos muitos cremes à base de


­alfa-hidroxiácidos (AHA). Alguns dos AHA mais conhecidos são
o ácido láctico, o ácido tartárico (proveniente das uvas), o ácido málico
­(extraído das maçãs), o ácido cítrico e o ácido glicólico, entre outros.
Estas substâncias são publicitadas como capazes de regenerar a pele
envelhecida, promovendo a remoção das células cutâneas de forma mais
lenta. No entanto, os produtos com estas substâncias apenas esfoliam
a superfície da pele, fazendo com que as rugas pareçam menos acen-
tuadas. Basicamente, melhoram a textura, o brilho e a firmeza da pele.
Os AHA podem aumentar a sensibilidade da pele ao sol, contribuindo
para o risco de queimaduras solares. Assim, deve usar um protetor solar
ou limitar a sua exposição ao sol quando usa estes produtos.

Peeling
O peeling químico consiste em remover as células mortas da epiderme
e é um procedimento realizado por um médico (dermatologista). Alguns
cosméticos, como os esfoliantes, desempenham uma função idêntica,
mas através de um processo físico (grânulos de diversas substâncias).

Os peelings químicos podem ser superficiais, médios e profundos.


Os  resultados são mais visíveis quanto mais profundos, assim como
aumentam também os riscos e o desconforto durante e pós-procedi-
mento. As técnicas que atingem as camadas mais superficiais têm
o objetivo de dar à pele um aspeto jovem, agradável e liso. Contudo,
estas técnicas não removem completamente as rugas. Os métodos que
atingem as camadas mais profundas da pele removem as rugas, nomea-
damente as que se localizam ao redor dos lábios.

Tenha em mente que os resultados do peeling químico não são perma-


nentes. À medida que vai envelhecendo, surgirão novas rugas. Os danos
causados pelo sol também podem inverter os resultados e provocar
alterações na sua cor de pele. Os efeitos podem durar entre dois e dez
anos, dependendo das características da pele e do estilo de vida de cada
pessoa.

73
A Beleza e cuidados pessoais

Injeções de colagénio
As injeções de colagénio repõem o colagénio natural da pele, reforçando
a sua beleza natural, uma vez que a estrutura de suporte é restaurada.
No entanto, o seu efeito é provisório, pelo que, decorridos alguns meses,
há que repetir o tratamento e expor-se, novamente, aos riscos que daí
advêm (como inflamações, por exemplo).

Esta necessidade de manutenção aumenta substancialmente o custo


do tratamento. O recurso a esta solução só é possível para quem não
seja alérgico ao colagénio, o que terá de ser confirmado previamente
por um médico. Esta técnica só deve ser aplicada por verdadeiros
especialistas.

Botox
As injeções de toxina botulínica, mais conhecida por botox, reduzem
as rugas. Os resultados são temporários (duram três a quatro meses),
mas o procedimento é rápido e não é necessário tempo de recuperação.

A toxina botulínica é produzida pela bactéria Clostridium botulinum.


Quando uma pequena quantidade de toxina é injetada no músculo, esta
bloqueia os sinais do nervo e diz ao músculo para contrair. O efeito é que
enfraquece ou paralisa temporariamente os músculos faciais e suaviza
ou elimina rugas na pele por alguns meses.

Para manter os efeitos, terá de repetir as injeções várias vezes durante


o ano. Uma única injeção pode parecer barato, mas o custo de repetidas
injeções faz crescer a despesa rapidamente.

Laser
Num instituto de beleza, o laser consiste num raio luminoso de fraca
potência. Supostamente, em contacto com a pele, este raio provoca
uma regeneração da epiderme. Segundo alguns dermatologistas, o laser
utilizado nessas condições poderia provocar, na melhor das hipóteses,
um aquecimento subcutâneo e um inchaço local que atenuaria as rugas
durante um breve período de tempo. O tratamento é indolor... exceto
para o bolso.

74
A Cuidar do rosto

De acordo com a comissão europeia especializada nestas matérias,


“a utilização do laser frio de fraca intensidade nos institutos de beleza
só apresenta riscos para a retina” e “não existe nenhuma prova obje-
tiva de que estes lasers, cuja potência varia entre um e seis miliwatts
(mW), tenha efeitos sobre a pele”. Portanto, há um risco para os olhos,
obrigando ao uso de óculos durante a aplicação, e a sua eficácia não
está demonstrada.

Os lasers mais potentes são obrigatoriamente manipulados por


médicos. Com maior eficácia do que os anteriores, estes tratamentos
são também mais dolorosos e deixam a pele vermelha, como se fosse
uma queimadura, sendo necessário protegê-la do sol. É o caso, por
exemplo, do ressurfacing com laser de dióxido de carbono. Esta técnica
elimina, progressivamente, as camadas superficiais da pele, alisando-a.
­É aplicada sob anestesia local e não obriga a internamento, embora as
crostas que surgem na zona tratada só desapareçam depois de algumas
semanas. Após a cicatrização completa da área tratada, a pele perma-
nece vermelha durante cerca de um mês.

Lifting facial
É um procedimento cirúrgico efetuado sob anestesia geral, através
do  qual se procura esticar a pele do rosto e/ou do pescoço, e elimi-
nar a que está em excesso. A sua eficácia depende, entre outros fato-
res, da idade, das características hereditárias, da estrutura óssea e das
características da pele. Os efeitos podem durar cinco a dez anos, sendo
mais ­duradouros quando a intervenção é feita entre os 45 e os 55 anos.

Trata-se de uma técnica de aplicação demorada (por vezes, são n


­ ecessárias
várias operações) e bastante dispendiosa. Também a recuperação
após a intervenção pode demorar algumas semanas. Até lá, a pele
fica vermelha, inchada e rígida, sendo necessário protegê-la do sol.
Embora isso seja pouco frequente, existe o risco de lesão do nervo
facial, levando à sua paralisia. Hematomas indolores na face tam-
bém são possíveis. As cicatrizes, localizadas no couro cabeludo e nas
linhas de dobra natural do rosto, podem demorar um ano a desapare-
cer. Em certos casos é suficiente uma pequena intervenção numa zona
específica do rosto. Em torno dos olhos ou dos lábios, por exemplo.

75
A Beleza e cuidados pessoais

Os olhos

Os olhos funcionam como máquinas fotográficas. A pupila dilata


ou  contrai com a menor ou maior quantidade de luz, à semelhança
do obturador.

A luz penetra no olho, atravessando a córnea (veja a figura abaixo),


e transporta consigo a imagem do exterior. Devido à sua forma curva,
a córnea desempenha o papel da lente convexa que no aparelho fotográ-
fico agrupa os raios de luz. O cristalino, cuja função é idêntica à da obje-
tiva da câmara fotográfica, pode modificar a sua curvatura, consoante
a distância a que se encontra o objeto que estamos a observar. Assim,
permite focar as imagens até que fiquem nítidas. Esta acomodação do
cristalino, mais sensível quando se trata de um objeto próximo, requer
um esforço importante dos músculos ciliares que o sustêm, pelo que
olhar ao perto durante muito tempo (por exemplo, em frente ao compu-
tador) pode provocar fadiga ocular.

A íris é a parte colorida. Ao centro encontra-se a pupila (ou menina do


olho), através da qual a luz entra até à retina. Equivalente ao diafragma
da máquina fotográfica, a íris reage à intensidade da luz, fechando
ou abrindo, para impedir que um excesso de luz danifique a retina.
Por  último, a retina recebe as ondas luminosas e transforma-as em
impulsos nervosos, que são enviados ao cérebro.

Anatomia do olho

Pálpebra
Conjuntiva
Córnea
Cristalino
Íris
Corpo ciliar
Episclera
A luz passa pelo cristalino e atinge a retina,
onde é convertida em sinais nervosos, enviados
para o cérebro sob a forma de imagens.
Composto por água e proteínas, o cristalino
deve manter-se transparente.

76
A Cuidar do rosto

Problemas oculares comuns


Os problemas visuais mais frequentes são os defeitos refrativos. Estes
dizem respeito a um conjunto de alterações em que há uma focagem
inadequada das imagens na retina. São, na grande maioria, corrigidos
com óculos ou com lentes de contacto. Em casos mais raros, a cirurgia
poderá ser uma opção.

A miopia é uma situação em que a imagem se forma antes de chegar


à  retina, perdendo nitidez, e traduz-se por uma dificuldade de visão
ao longe. Um olho míope é normalmente maior que o normal e é mais
propenso a algumas doenças (por exemplo, a glaucoma), pelo que carece
de uma atenção especial por parte do médico.

A hipermetropia afeta, sobretudo, a visão ao perto e a leitura. Quem tem


hipermetropia sente fadiga ocular e até dores de cabeça com o trabalho
mais minucioso ou com a leitura. A culpa é da exigência aumentada de
focagem para a qual os olhos são solicitados. Um olho hipermetrope
é, por regra, mais pequeno que o normal.

O astigmatismo deve-se, na maior parte dos casos, a uma curvatura


irregular da córnea, mas também do cristalino ou do conjunto do globo
ocular. Impede uma visão nítida ao longe e ao perto.

O envelhecimento afeta a capacidade de focagem: o cristalino vai per-


dendo flexibilidade e a capacidade de acomodação, o que dá origem
à presbiopia. Surge, principalmente, a partir dos 40 anos e traduz-se por
dificuldade de visão ao perto. Os sintomas são a tendência de afastar os
objetos para melhor os percecionar, visão desfocada a normal distância
de leitura e tensão ocular ou dores de cabeça depois de executar tarefas
de pormenor.

Cuidar dos olhos


A pele é muito fina na zona dos olhos, o que a torna mais frágil, sobre-
tudo no caso das pessoas com a pele clara. Nesta área existe pouco
colagénio, pelo que a pele é menos elástica. Por ser rica em vasos
­linfáticos, retém a água muito facilmente e é propensa a inchaços.
As bolsas (papos) que se formam por debaixo dos olhos, as olheiras e

77
A Beleza e cuidados pessoais

OLHOS VERMELHOS E TERÇOLHOS

Por vezes, surgem manchas vermelhas ros na rua. Como a conjuntivite pode
ou pequenos vasos sanguíneos dilata- ser infecciosa, limpe os olhos com com-
dos na parte branca do olho, associados pressas de água morna e evite coçá-los.
a vermelhidão e a inflamação das pálpe- Lave as mãos com frequência e substi-
bras. Na ausência de dor ou de proble- tua as fronhas e toalhas diariamente. Se
mas de visão, é possível que seja uma o problema não se resolver em 48 horas,
pequena hemorragia benigna passageira deve ir ao médico. Nunca utilize gotas
ou uma inflamação que desaparecerá por sua iniciativa, pois os riscos de rea-
espontaneamente, sem deixar rasto. Em ção alérgica ou de outras complicações
todo o caso, se tiver estes sintomas vá de são muito elevados. Até que o problema
imediato ao médico, já que pode tratar- se resolva, não aplique cosméticos em
-se de um problema mais grave, havendo redor dos olhos nem use lentes de con-
o risco de sofrer uma lesão permanente. tacto. Aliás, os cosméticos e os produ-
A conjuntivite é a causa mais frequente tos de limpeza das lentes são algumas
da vermelhidão dos olhos. Trata-se das causas possíveis da conjuntivite.
de uma inflamação da membrana que Os hordéolos ou terçolhos são peque-
envolve exteriormente o globo ocu- nos furúnculos que se formam nas pál-
lar, provocando um inchaço e, nalguns pebras, geralmente provocados por
casos, sensação de ardor. A produção um estafilococo, um tipo de bactéria
de secreções (amareladas na conjunti- e, como tal, são contagiosos. Por isso,
vite bacteriana) e de lágrimas também evite utilizar as toalhas da pessoa afe-
é muito frequente. Nestes casos, pode tada. Sobretudo, nunca aperte o ter-
aplicar soro fisiológico para aliviar a sen- çolho. Caso o problema se mantenha
sação de ardor nos olhos. Quando pos- durante mais de 48 horas, consulte um
sível, não saia de casa durante as primei- oftalmologista para se certificar de que
ras horas da manhã e use óculos escu- não se trata de outra afeção mais grave.

os inchaços podem ser mais do que um sinal de uma noite mal ­dormida
e requerer a atenção de um médico. Tratando-se de um inchaço
­passageiro, aplique compressas de água fria, mas nunca use tónicos
que contenham álcool.

Creme de contorno dos olhos

Como a pele nesta zona é muito fina e se desidrata muito facilmente,


criaram-se cremes que deveriam ser mais ricos e facilmente absorvi-
dos. Na realidade, um bom creme nutritivo (geralmente, os cremes
de noite são mais ricos) pode servir perfeitamente também para esta
zona, sem que seja necessário recorrer a um produto específico. Tenha
cuidado aquando da sua aplicação para que o produto não entre nos
olhos.

78
A Cuidar do rosto

Cuidados com o sol

A exposição ao sol pode levar a desconforto e a danos não só na pele,


mas também nos olhos. Em condições normais, a luz do Sol não é preju-
dicial. Os olhos protegem-se de forma automática, contraindo as pupi-
las ou, se a luz for muito forte, fechando as pálpebras.

A radiação solar excessiva aumenta o risco de desenvolver cataratas


e  pode provocar fotoqueratite (queimadura reversível da córnea que
provoca perda temporária de visão). Os óculos de sol ajudam a proteger
os olhos e aumentam a perceção visual.

Embora os óculos de sol sejam aconselháveis quando a luz é demasiado


intensa, o seu uso excessivo pode levar a uma certa perda da capacidade
de adaptação à luz. Além disso, se os olhos se habituam a ambientes
com fraca luminosidade, o seu cansaço aumentará quando estiverem
submetidos a uma luz forte.

Os riscos da radiação solar


O Sol emite vários tipos de raios (ultravioletas, infravermelhos, entre
outros), que se diferenciam pelo seu comprimento de onda, medido
em nanómetros. Os efeitos sobre a pele e os olhos dependem precisa-
mente do comprimento de onda: quanto menor o comprimento de onda,
mais agressivos são os raios.

Os raios ultravioletas (UV) são retidos pelo cristalino, não atingindo


a retina. É por isso que o olho não se apercebe deles. Os raios mais curtos
e perigosos, designados por UVC, são absorvidos pelo ozono na atmos-
fera. A grandes altitudes ou sobre superfícies claras (mar, neve, areia),
os reflexos dos raios UVA e UVB podem causar conjuntivites e inflama-
ções da córnea. Em qualquer outra situação, o sol pode provocar irrita-
ções ou queimaduras e agredir a vista. Apresentamos de seguida alguns
dos efeitos nocivos da radiação nos olhos.

■■ Fadiga. O contínuo piscar a que um olho desprotegido é obrigado para


filtrar a luz solar envolve uma elevada atividade muscular. Em virtude
disso, ao final do dia, a pessoa pode sentir os olhos cansados ou dor
de cabeça.

79
A Beleza e cuidados pessoais

■■ Inflamação. Em situações em que a luz é muito intensa (por exemplo,


na neve, que reflete a luz) os olhos são expostos a uma grande quanti-
dade de raios UV. A consequência da exposição prolongada à luz forte
é a inflamação da córnea, ou seja, queratite (fotoqueratite). Os sintomas
surgem entre oito e 24 horas após a exposição e, geralmente, desapare-
cem um ou dois dias depois. Por regra, sente-se dor nos olhos, que se
tornam lacrimejantes e sensíveis à luz, e a visão pode ser ligeiramente
nebulosa.

■■ Cataratas. A exposição ao sol, especialmente aos raios UVB, favorece


o aparecimento de cataratas. Esta doença degenerativa traduz-se por
uma opacidade (névoa) no cristalino do olho, que dificulta a visão.
A  catarata pode ser removida cirurgicamente, e uma lente artificial
ou outros meios de correção ótica permitem restaurar a visão.

■■ Degenerescência macular. Os raios UVA bem como a luz azul (do espec-
tro visível) são fatores de risco para o surgimento da degenerescência
macular. Isto porque facilitam a degeneração da mácula, as moléculas
de uma pequena área localizada atrás da retina, causando uma diminui-
ção acentuada de visão em pessoas com mais de 60 anos. Além do sol,
há outros fatores que contribuem para a ocorrência desse problema,
como o envelhecimento.

Escolher óculos de sol


Os óculos de sol devem filtrar uma boa parte da luz e cobrir os dife-
rentes tipos de radiação, pelo que devem indicar proteção UV entre 99
e cem por cento.

Nas lentes, a escala de cores oscila entre zero e quatro, mas a última
categoria não é adequada para a condução. Regra geral, recomenda-se
uma categoria de coloração entre dois e três para o dia-a-dia. Prefira
cinzento ou castanho (âmbar). A coloração deve proporcionar conforto.
Se for demasiado escura, altera as cores naturais dos objetos e a acui-
dade visual. Há dois grandes grupos de lentes para óculos de sol:
– as orgânicas ou de plástico têm a vantagem de ser leves e difíceis de
partir, mas riscam-se com facilidade. Assim, é necessário protegê-las
sempre com um estojo e ter cuidados suplementares na sua manutenção;
– as de vidro resistem melhor aos riscos e ao efeito dos agentes quí-
micos, mas requerem um tratamento adequado para assegurar uma

80
A Cuidar do rosto

maior resistência. A sua superfície permite acabamentos antirreflexo


e ­antirriscos que melhoram a qualidade.

É preciso também determinar qual o melhor filtro para a luz sem que
a  visão seja comprometida. As lentes fotocromáticas são vidros aos
quais se incorporam sais de prata, permitindo que o vidro fique mais
claro ou escureça, em função da intensidade da luz. A desvantagem é
que a mudança de cor demora algum tempo, às vezes alguns minutos,
o que pode dificultar a visão em caso de mudança brusca de luz – por
­exemplo, ao entrar de automóvel num túnel. Outra desvantagem a con-
siderar é que o efeito diminui se o utilizador estiver por detrás de um
vidro ou de um para-brisas Além disso, são sensíveis às alterações tér-
micas e perdem parcialmente a eficácia quando a temperatura é elevada.
Não são aconselhadas em situações de exposição solar prolongada.

O vidro polarizado atua como as persianas de lâminas, que só deixam


passar uma luz segmentada em linhas paralelas. As lentes polarizadas
são especialmente eficazes contra os reflexos (sobre a água, os faróis,
entre outros), mas podem apresentar alguns problemas por detrás
de um para-brisas. Para verificar o efeito de polarização, pegue em dois

GUIA DE COMPRA

Independentemente do gosto pessoal, rença de cor entre as lentes.


existem alguns aspetos essenciais a serem Escolha lentes de cor cinza ou castanho
seguidos na aquisição de um bom par de e rejeite cores demasiado claras, uma vez
óculos de sol. que não protegem os olhos e distorcem
As superfícies interior e exterior da lente as cores.
devem ser perfeitamente paralelas, para A lente tem de ser suficientemente
evitar qualquer deformação da imagem. grande de forma a garantir uma proteção
Uma maneira de detetar possíveis dis- adequada.
torções é pegar nos óculos com o braço Os filtros protetores das lentes variam de
esticado e tentar ver uma linha reta através zero, o que menos protege, a 4, a lente
das lentes (por exemplo, o caixilho de uma mais escura. Para a proteção solar ade-
porta). Desloque os óculos lentamente ao quada não pode escolher óculos de filtro
longo desta linha. Se detetar alguma ondu- com menos de 3, a menos que seja para
lação ou outro tipo de variações, exclua uso estritamente urbano.
esses óculos do seu leque de opções. As armações convém serem sólidas,
As lentes devem ter uma cor uniforme. confortáveis e bem adaptadas ao rosto.
Assim, ao colocá-las sobre uma superfí- As hastes não devem interferir na visão
cie branca não deve notar nenhuma dife- lateral (por exemplo, devido à sua largura).

81
A Beleza e cuidados pessoais

pares de óculos e sobreponha as lentes, de modo que formem um ângulo


de 90º. Se as lentes forem polarizadas, a sobreposição impedirá comple-
tamente a passagem da luz.

Por último, as lentes espelhadas, que tantas vezes se veem nas pis-
tas de  esqui, apresentam uma fina lâmina prateada que é colada
sobre a superfície da lente, o que reflete uma boa parte dos raios sola-
res. Portanto, estes óculos devem ser cuidadosamente protegidos
de ­pancadas e riscos. São bastante sensíveis e, em muitos casos, dema-
siado escuros para a condução.

82
Capítulo 5

Cuidar do cabelo
A Cuidar do cabelo

Cada um de nós tem entre cem e 150 mil cabelos. Estes nascem dentro
de minúsculas estruturas em forma de saco, chamadas folículos pilo-
sos. Cada cabelo conta com um invólucro exterior, ou cutícula, e uma
zona interior designada por córtex. Na parte central do córtex situa-
-se a medula. A raiz dos cabelos está solidamente implantada no couro
cabeludo, de modo a assimilar os nutrientes fornecidos pelos minúscu-
los vasos sanguíneos que o irrigam. Ao nível do couro cabeludo, a pele
é mais espessa e as glândulas sebáceas são mais numerosas.

É na raiz que ocorre o crescimento do cabelo: as células r­ eproduzem-se,


morrem e endurecem, formando um cilindro que é continuamente
empurrado para o exterior. A este cilindro, a parte visível do cabelo,
chama-se haste ou fio. Junto à raiz, uma pequena glândula sebácea
segrega uma substância gorda, o sebo, que cobre o cabelo, protegendo-o
e dando-lhe suavidade.

Todas as manhãs, encontra cabelos na almofada ou na escova? É normal.


O ciclo de vida dos cabelos passa por três fases. Enquanto uns nascem,
outros estão a crescer e outros morrem para dar lugar a novos, como explica
a figura abaixo. Cada folículo piloso segue o seu próprio ritmo neste ciclo.
Como os folículos pilosos não são renovados ao longo da vida, ­qualquer
lesão na cabeça que implique a morte destas estruturas (por  exem-
plo, um corte) significa a perda irreversível de cabelo na área atingida.

Fase de crescimento Fase de transição A morte anunciada


(anagénese) (catagénese) (telogénese)
Numa cabeleira saudável, O folículo piloso deixa Neste período de três ou
80 a 90 por cento dos cabelos repentinamente de produzir quatro meses, o cabelo morre.
estão a crescer. Ao longo deste fibras capilares e o cabelo Em geral, dez a 20 por cento
período, que dura entre três para de crescer nesta dos cabelos encontram-se nesta
e seis anos, os cabelos crescem, curta fase de duas a três fase. Os novos, em anagénese,
em média, 1,27 centímetros semanas, antes de dar lugar empurram os velhos.
por mês. à telogénese. Começa então um novo ciclo.

85
A Beleza e cuidados pessoais

O cabelo cresce mais rapidamente nos homens do que nas mulheres,


e a sua fase de maior crescimento situa-se entre os 15 e os 30 anos. Não se
sabe, exatamente, a que mecanismos obedecem o crescimento e a queda
do cabelo, mas as hormonas sexuais têm um papel importante em todo
o processo. Aliás, a calvície é um fenómeno quase exclusivamente mas-
culino, embora também possa afetar as mulheres (veja Queda de cabelo,
na página 100), sobretudo a partir da menopausa ou quando, devido
a uma doença, tenham desenvolvido mais hormonas masculinas.

Ao contrário do que muitas vezes se ouve dizer, cortar o cabelo mais


vezes não leva a que cresça mais depressa e forte.

Lavar o cabelo
A higiene é o primeiro e o mais importante passo para manter o cabelo
bonito. É recomendável lavá-lo duas vezes por semana, mas, se quiser,
até pode fazê-lo todos os dias, com um champô para lavagens frequen-
tes, que tem a particularidade de ter pouco detergente. Não convém
é esfregá-lo vigorosamente durante a lavagem ou quando está a secá-lo
com a toalha.

Independentemente do seu tipo de cabelo, utilize um champô com deter-


gente suave. Depois de aplicar um pouco deste produto, massaje suave-
mente o couro cabeludo com as pontas dos dedos, enxaguando até o remo-
ver totalmente. Repita a operação, se achar necessário. Massajar com ges-
tos circulares torna a lavagem mais eficaz, pois os cabelos entram todos
em contacto com o champô. A água morna ou fria é preferível à quente,
pois, além de facilitar o ato de pentear, diminui a eletricidade estática.

Após a lavagem, seque o cabelo suavemente, com uma toalha e, de pre-


ferência, deixe-o acabar de secar ao ar. O cabelo húmido é particular-
mente sensível, pelo que não convém penteá-lo com uma escova ou com
um pente. O melhor é ajeitá-lo com os dedos, escovando-o apenas
quando já estiver seco (ou quase).

Escove e desembarace bem o cabelo de manhã e à noite, com uma escova


limpa. Independentemente do material e da textura da sua escova,
o importante é que o faça com suavidade.

86
A Cuidar do cabelo

O champô
A principal função do champô é a limpeza do couro cabeludo e dos cabelos,
deixando-os suaves, flexíveis, brilhantes e fáceis de pentear. Estas carac-
terísticas dependem dos componentes do champô. Embora, por norma,
todos os champôs cumpram bem a tarefa de lavar o cabelo e o couro
cabeludo, os resultados são desiguais quanto às restantes características.

Escolha o champô em função dos resultados que pretende obter e da expe-


riência com a sua utilização. Verifique no rótulo qual é a composição.
Os produtos mais baratos contêm, por vezes, uma solução muito con-
centrada de detergente, certamente mais económica, mas também mais
agressiva para o cabelo. Se tiver betaína, por exemplo, é um champô suave.

Do mais caro ao mais barato, todos apresentam uma concentração de


água entre os 70 e os 90 por cento. Uma vez que a água sozinha não
é suficiente para lavar, os champôs têm agentes tensioativos, ou seja,
detergentes, cuja função é desengordurar e limpar o cabelo e o couro
cabeludo. Do ponto de vista químico, estes detergentes podem ser:
– aniónicos. Produzem uma grande quantidade de espuma, são muito
eficazes e menos sensíveis à dureza da água. A sua desvantagem
é o pobre efeito cosmético;
– catiónicos. São menos eficazes e usam-se em sabonetes desinfetantes,
porque têm ação bactericida. Porém, são mais irritantes;
– não iónicos. Contam com bastante poder detergente e pouca capaci-
dade de fazer espuma;
– anfotéricos. São pouco sensíveis à dureza da água e muito compatí-
veis com a pele, daí a sua utilização em produtos de lavagem infantis.
As betaínas são um exemplo.

Além dos componentes que referimos, o champô conta com perfume


e com agentes:
– hidratantes, para compensar a ação mais ou menos agressiva do deter-
gente e restituir ao cabelo a sua película protetora;
–  amaciadores (por exemplo, poliquarténios), que, tal como o nome
indica, amaciam o cabelo, tornando-o mais fácil de pentear;
– dispersantes, como o ácido cítrico, o ácido tartárico e o ácido etile-
nodiamino tetra-acético (EDTA), utilizados para fazer face ao calcário
da água, que deixa o cabelo baço;
– conservantes e, por vezes, até corantes.

87
A Beleza e cuidados pessoais

Há também uma grande variedade de elementos adicionais, tais como


plantas diversas, vitaminas e proteínas. Estes, por norma, encontram-
-se em concentração tão baixa que podem não ser eficazes. Os champôs
de uso frequente têm uma fórmula semelhante à dos infantis, mais deli-
cada e menos agressiva.

O amaciador
O amaciador pode ser benéfico para cabelos secos, estragados, com-
pridos ou difíceis de pentear, porque os torna mais brilhantes e fáceis
de  pentear. Estes produtos modificam temporariamente a estrutura
da queratina e, embora não solucionem os problemas que enunciámos,
ajudam a disfarçá-los.

Depois de lavar com champô e de passar o cabelo por água abun-


dante, escorra um pouco. Aplique o amaciador nas pontas do cabelo e
deixe ficar dois a três minutos. Se preferir, pode passar um pente de
dentes largos, mas o ideal será não pentear o cabelo molhado porque
está mais frágil e cai mais facilmente. De seguida, enxague bem e
seque como de costume.

O uso de amaciadores é desaconselhável para as pessoas que têm


o cabelo muito oleoso. Se lava o cabelo com muita frequência, reduza
o  uso do amaciador pois, com o tempo, há o risco de o produto se
­acumular no cabelo e piorar o seu aspeto (ficar mais pesado, sem graça).

As máscaras
Os raios ultravioletas, o cloro e o sal atacam o cabelo, tornando-o menos
brilhante, mais seco e com tendência para apresentar as pontas espiga-
das. O cabelo, em particular o pintado, enfraquece ao sol.

As máscaras podem ser úteis, se aplicadas ocasionalmente. Neste caso,


o tempo de contacto permite aos ingredientes exercer a sua função.
Certifique-se de que contêm substâncias hidratantes e emolientes, como
glicerina ou compostos de glicol, óleo de jojoba e manteiga de  karité
(butyrospermum parkii). Pelo contrário, as máscaras com derivados
de petróleo (petrolatum e paraffinum liquidum) ou silicone (dimethicone
ou cyclopentasyloxane) devem ser evitadas, pois prejudicam o ambiente
e podem tornar o cabelo oleoso.

88
A Cuidar do cabelo

Secar

Primeiro, seca-se o cabelo com uma toalha, fazendo pressão e nunca


friccionando. Depois, o melhor é deixá-lo secar ao ar. Muitas vezes
isso não é possível por causa do frio, da disponibilidade de tempo
ou do comprimento do cabelo. Nestes casos, é necessário recorrer
ao secador.

Quando utiliza o secador, mantenha-o a uma temperatura média,


uma vez que o ar muito quente pode desidratar ou eletrizar o cabelo.
A temperatura ideal é de cerca de 75ºC, e o secador deve estar a uma dis-
tância de dez centímetros do cabelo. Os aparelhos mais fortes têm de ser
usados mais longe, porque aquecem mais, o que pode tornar a secagem
desconfortável. Por outro lado, se o secador tem um jato de ar fraco, terá
de o aproximar mais do cabelo para obter resultados, o que pode resul-
tar em queimaduras. O ideal é usar um aparelho com um bom fluxo
de ar, mas que permita selecionar uma temperatura menos quente.

Quando for comprar um secador, não se deixe enganar pelos acessórios


que, na maioria dos casos, são inúteis. O que procura é um aparelho que
seque de forma eficaz, que tenha a potência adequada, que seja cómodo
e seguro. Os mais interessantes são os que permitem a  regulação
da temperatura, independentemente do fluxo de ar. Também podem
ser bons os que permitem a secagem com ar frio ou desmontar a traseira
de forma a facilitar a limpeza.

UTILIZE BEM O SECADOR

• Não pegue no secador com as mãos às crianças nessas condições, aca-


molhadas nem com os pés sobre um badas de sair do banho ou enroladas
tapete húmido. Nunca o use perto numa simples toalha.
de uma bacia ou banheira cheias de Usar o secador com ar muito quente
água, nem de recipientes que possam estraga o cabelo, que só suporta tempera-
entornar-se. turas muito altas enquanto está molhado.
• Antes de secar o cabelo, enxugue-se Reduza a temperatura ao longo da seca-
bem, vista-se e calce-se. Nunca use o gem e tente manter o aparelho mais longe
secador quando estiver descalço, des- possível do cabelo (no mínimo a dez
pido ou molhado, nem seque o cabelo centímetros).

89
A Beleza e cuidados pessoais

Relativamente aos secadores com emissão de iões, que de acordo com


os fabricantes eliminam a eletricidade estática e tornam o cabelo mais
suave, os testes com consumidores dizem o contrário. De acordo com
estes, os utilizadores não notam que facilite o penteado ou dê mais brilho.

Modelar

Alisadores

Os alisadores permitem domar madeixas rebeldes ou dar movimento,


consoante a utilização. De acordo com os nossos testes, a maioria dos
alisadores estica bem o cabelo. Deixa-o brilhante, sedoso e bem pen-
teado durante todo o dia, na generalidade dos casos. O seu uso exige
alguns cuidados, sob a pena de danificar ou queimar o cabelo.

Seque e penteie bem o cabelo para eliminar os nós. Adeque a tempera-


tura do alisador ao tipo de cabelo. Com uma mola, levante toda a parte
de cima do cabelo, e deixe soltos só os fios junto à nuca. Trabalhe o cabelo

ALISAMENTO JAPONÊS: VALE A PENA?

O alisamento japonês é um tratamento do seu cabelo e aguarde uns dias pelo


capilar que tem como principal função efeito. Assim, pode verificar se deve
alisar o cabelo por um grande período ou não realizar este tratamento.
de tempo. Este tratamento é conside-
rado “permanente”, uma vez que exige E a escova progressiva?
fazer uma manutenção a cada quatro a Este método de alisamento do cabelo
seis meses, porque o cabelo cresce com nasceu no Brasil e dura cerca de dois
o aspeto original. O processo combina o meses. É indicado para pessoas com
tratamento químico com um recondiciona- cabelo encaracolado ou ondulado, que
mento térmico a alta temperatura e demora não usem tratamentos químicos. Muitas
quatro a seis horas. Este tratamento não é vezes, este tratamento utiliza ácido fór-
indicado para cabelos muito secos, cres- mico ou formol, o que pode causar
pos, descoloridos ou com permanentes, forte irritação nos olhos e na garganta.
uma vez que altera a sua estrutura. Tal  como com o alisamento japonês,
Se optar por esta técnica, peça ao cabe- peça para testar primeiro e ver se gosta
leireiro um teste a uns fios da parte de trás do resultado.

90
A Cuidar do cabelo

de baixo para cima e da raiz para a extremidade. Alise pequenas madei-


xas de cada vez, para obter melhores resultados (não deverá exceder
o comprimento das placas). Comprima as madeixas entre as placas, sem
fazer demasiada pressão com a mão. Faça deslizar o aparelho da raiz
para as pontas a uma velocidade regular e sem parar. Cada passagem
não deverá demorar mais de dois segundos no total, para não correr
o risco de queimar o cabelo. Se necessário, repita a operação.

Nunca aplique o alisador em cabelos molhados ou húmidos para não


ficarem queimados ou danificados. Afaste o aparelho da água. Regule
o alisador para:
– 120°C a 160°C, para cabelos finos e frágeis;
– 160°C a 180°C, para cabelos normais ou pintados;
– 180°C a 200°C, para cabelos fortes, espessos e rebeldes.

As lacas
As lacas são aplicadas na forma de aerossóis e formam uma película
plástica transparente em torno dos folículos pilosos. Uma laca deve
fixar o movimento do cabelo, respeitando a sua suavidade, sem o dei-
xar pegajoso ou rígido. Deve manter-se, mesmo que se penteie o cabelo,
mas ser facilmente removível com um champô. Trata-se de qualidades
contraditórias e, assim, difíceis de juntar num produto.

As lacas são obtidas a partir de resinas artificiais (polímeros), diluídas


num solvente a que se acrescenta perfume. Na publicidade é possível
encontram alegações como “vida e suavidade para o seu cabelo” ou que
o produto é “vitaminado”. No entanto, são promessas vãs. As lacas
são polímeros, como o nylon, e não possuem nenhuma propriedade
terapêutica.

Em qualquer caso, a laca deve aplicar-se longe dos olhos, a uma distância
de 30 centímetros da cabeça e sem demasiada frequência. Deste modo,
não prejudicará os seus cabelos. Ainda que a laca seja inofensiva, é bom
não esquecer que contém um gás de propulsão inflamável. Portanto,
respeite as instruções indicadas na embalagem.

As lacas que mantêm melhor o penteado são também as que menos


­conferem o aspeto suave e natural que argumentam. Por esse motivo,
estão a ser substituídas, cada vez mais, pelo gel e pela espuma.

91
A Beleza e cuidados pessoais

Géis e espumas
O gel é uma solução hidroalcoólica que contém uma resina. Uma vez
aplicado sobre o cabelo húmido, consegue que o cabelo se mantenha
penteado e não modifique a sua disposição. As espumas são usadas
sobretudo para dar volume ao cabelo e para fixar a ondulação. Tanto
os géis como as espumas contêm uma composição semelhante à das
lacas, logo também têm polímeros sintéticos para conseguir a fixação.

A diferença entre os três produtos reside numa questão de hábito


e de conforto. O gel e a espuma são aplicados com a mão, ao contrário
da laca, portanto podem ser colocados apenas nos locais onde fazem
falta. O ideal é espalhar bem o produto nas mãos e passá-las sobre
o cabelo molhado para que fique bem distribuído.

Pintar
A cor natural dos cabelos deve-se à maior ou menor concentração
­de  pigmentos de melanina. Esta pode ser alterada graças às tintas
utiliza­das tanto em cabeleireiros como em casa.

Inicialmente, as tintas foram criadas para cobrir os cabelos brancos,


mas hoje em dia são utilizadas por pessoas de todas a idades que que-
rem mudar a aparência do seu cabelo. A coloração artificial provoca
a oxidação dos pigmentos de melanina, dando lugar ao aparecimento
de novos pigmentos de cor, insolúveis na água.

Quando se pretende mudar de um tom natural escuro para um tom mais


claro, é necessário proceder a uma descoloração prévia. Este procedimento
também é usado para aclarar os pelos em zonas que não vale a pena depi-
lar. A descoloração é o resultado da ação de um peróxido (água oxigenada
de três a seis volumes) num meio alcalino (normalmente amoníaco em
solução). Trata-se de produtos muito ativos, que danificam o cabelo, além
de serem muito irritantes para os olhos e para a pele. Os danos capila-
res são irreversíveis, ainda que, felizmente, o cabelo continue a crescer.

As tintas do cabelo podem ser divididas em temporárias, semiper-


manentes e permanentes. As primeiras reavivam a cor natural dando

92
A Cuidar do cabelo

reflexos. A coloração deposita-se à superfície da cutícula do cabelo


e é removida pelas lavagens sucessivas. Apresentam-se frequentemente
como champôs colorantes, loções ou espumas para aplicar depois do
champô. As  tintas semipermanentes utilizam pequenas moléculas
corantes que penetram na camada superficial do cabelo (cutícula).
São mais indicadas para reforçar a cor natural do que para fazer uma
mudança radical. Podem cobrir alguns cabelos brancos, mas desapa-
recem progressivamente em seis a oito semanas. As tintas permanen-
tes são as mais utilizadas e permitem mudar completamente o tom
do cabelo, tornando-o mais claro ou mais escuro. A cor resiste bem às
lavagens e a outros fatores externos, tais como a fricção e a luz solar.
Estas podem ser divididas em coloração capilar oxidativa e coloração
capilar não oxidativa (ou progressiva).

A ação das tintas oxidativas é baseada na oxidação dos pigmentos dos


cabelos e na sua transformação em pigmentos de cor diferente, não solú-
veis em água. O peróxido de hidrogénio e o amoníaco criam o ambiente
adequado para que os pigmentos penetrem no interior do cabelo.

As colorações progressivas utilizam pigmentos metálicos como sais


de chumbo, bismuto ou prata. As partículas metálicas interagem com
os resíduos de cisteína presentes na queratina e acumulam-se nos fios
de cabelo, mudando gradualmente a cor.

Cuidados a ter
Antes de optar pela coloração olhe-se bem ao espelho e observe o bri-
lho natural e a suavidade do seu cabelo. De certeza que quer mudar
de aspeto?

Se já decidiu pintar o cabelo em casa, tenha um pouco de paciência e res-


peite as regras de utilização. Se retirar o produto antes do tempo indi-
cado, por exemplo, é possível que fique com alguns cabelos meio pinta-
dos. O resultado pode não ser visível antes de terminar completamente
a operação. Não confie demasiado nas amostras de cores, até porque
estas são realizadas em cabelos inicialmente brancos.

Antes de começar, vista uma roupa velha ou proteja-se com uma toa-
lha. Basta um salpico de tinta para manchar irremediavelmente a roupa.
Depois de aplicar o produto, de enxaguar muito bem e de secar o cabelo,

93
A Beleza e cuidados pessoais

já não existe o risco de manchar a roupa. Use luvas para aplicar o pro-
duto, pois as tintas podem irritar ou tingir as suas mãos. Tenha cuidado
com os salpicos. Se, acidentalmente, lhe entrar produto para os olhos,
lave com muita água (não utilize colírio). Se a irritação não passar,
consulte o médico ou dirija-se às urgências. Use um creme gordo para
­proteger a pele em volta do couro cabeludo.

Remova o produto, enxaguando abundantemente. Seque bem a cabeça


e, se chover, proteja-a bem, para evitar que a chuva dissolva a tinta.
Quando terminar, deite fora o que restar do produto. Depois de mistu-
radas, as tintas perdem as suas propriedades em poucos dias, pelo que
não poderá guardar o excedente para utilizar mais tarde.

Não utilize a tinta para pintar as pestanas ou as sobrancelhas, já que


estes produtos não se destinam a estar em contacto com os olhos, nem
adicione outro tipo de misturas aos produtos da embalagem (poderá
obter reações químicas perigosas).

TESTE ANTES DE PINTAR

Algumas tintas contêm substâncias da orelha, deixando secar sem lavar.


irritantes, que podem causar alergias Se nas 48 horas seguintes não houver
e outras reações adversas. Antes de alterações na pele, pode avançar. Siga
aplicar a coloração no cabelo, teste: as instruções do folheto na preparação
coloque um pouco do produto atrás da tinta.

Tintas com ou sem amoníaco?


A presença de amoníaco entre os ingredientes é indicada pelo nome hidró-
xido de amónio. Este serve para criar um ambiente alcalino (pH de nove
a 11), de modo que a estrutura do cabelo seja alterada. A escolha do amo-
níaco deve-se principalmente a este ser um forte agente alcalino, para
além de muito solúvel, de forma que atinge o cabelo em profundidade.
Também é volátil e não deixa resíduos após aplicação, para além de obter
as mesmas reações independentemente do tipo de cabelo.

Pela lei, a presença de amoníaco deve ser refletida no rótulo apenas


quando a sua concentração é superior a dois por cento. Entre as precau-
ções de uso e advertências poderá encontrar a frase “contém amoníaco”.

94
A Cuidar do cabelo

A exposição ao amoníaco, no caso das tintas de cabelo, ocorre por ina-


lação. Pode produzir irritação das vias respiratórias ou por contacto
ou provocar queimaduras e ulcerações, sem efeitos sistémicos especí-
ficos. Existe um maior risco no caso de trabalhadores, como os cabe-
leireiros, uma vez que estão expostos durante todo o dia em proporção
superior à utilizada num único tratamento.

A preocupação devido ao uso de amoníaco levou ao surgimento no mer-


cado de várias tintas com a alegação “sem amoníaco”. Este ingrediente
pode ser substituído por outras substâncias alcalinas com a mesma
função, menos agressivas, mas também menos eficazes. Estas tintas
permanentes têm um princípio de funcionamento semelhante às das
tintas com amoníaco. Simplesmente substituem este ingrediente por
outro similar, que, por ser menos forte, necessita de concentrações mais
elevadas de corante ou maior tempo de aplicação (logo, de exposição)
ou oferece menos opções de cor.

Atualmente, os principais problemas de seguranças associados à uti-


lização de tintas de cabelo estão relacionados com a sensibilidade
a certos componentes, como aos corantes, por exemplo. Estes podem
ter uma ação irritante para os olhos e para a pele. Outro risco envol-
vido é de desencadear reações alérgicas (dermatite de contacto), devido,
principalmente, a substâncias como a parafenilenodiamina e similares.
O  melhor é testar sempre com uma pequena quantidade de produto
para verificar possíveis reações alérgicas.

Tintas “verdes”
As tintas vegetais podem ser consideradas semipermanentes ou per-
manentes. Este tipo de coloração não se baseia em corantes químicos
que  interagem com o cabelo, mas sim nas propriedades de algumas
plantas. A gama de cores é mais limitada. A tinta vegetal mais difundida
é a hena, que permite pintar o cabelo de preto ou de vermelho. Também
se pode utilizar a camomila para aclarar ou a casca verde da noz para
obter o castanho-escuro.

Não deve considerar as tintas vegetais mais seguras que as químicas.


As  tintas vegetais não excluem a possibilidade de reações alérgicas
em  quem tenha predisposição, por exemplo, para a alergia ao pólen,
a  plantas ou ao pó, embora esta informação não conste no rótulo.

95
A Beleza e cuidados pessoais

Uma mulher em cada 300 tem uma reação alérgica à hena. As reações


alérgicas podem piorar com a exposição ao sol.

Por vezes, é adicionada parafenilenodiamina às tintas vegetais, o que


diminui o tempo de fixação e aumenta o brilho. A parafenilenodiamina
aumenta a probabilidade de dermatite de contacto. Por isso, confirme
bem os ingredientes do produto, de forma a ter a certeza de que é cem
por cento natural.

PINTAR O CABELO DURANTE A GRAVIDEZ

Alguns estudos, embora com limitações, – cumpra, cuidadosamente, as instruções


mostraram que é seguro pintar o cabelo do produto;
durante a gravidez. Embora existam outros –  use luvas quando aplicar a tinta no
que mostrem que elevadas doses dos cabelo;
químicos presentes nas tintas de cabelo – deixe a tinta no cabelo durante o tempo
podem causar danos, essas quantidades mínimo indicado;
são enormes em comparação com as usa- – faça o procedimento numa divisão bem
das por uma mulher ao colorir o cabelo. ventilada.
As tintas de hena também são seguras.
Muitas mulheres optam por pintar É importante ter em conta que durante
o cabelo após as primeiras 12 semanas a gravidez o cabelo pode mudar. Por
de gestação, quando o risco de as subs- exemplo, pode reagir de forma dife-
tâncias químicas prejudicarem o bebé rente à coloração habitual ou tornar-
é menor. Se optar por pintar o cabelo -se mais ou menos absorvente, crespo
enquanto está grávida, tenha precauções: ou imprevisível.

Os problemas mais comuns


Tal como acontece com a pele, o aspeto do cabelo depende do estado
de  saúde do indivíduo, da sua higiene e da alimentação. Um cabelo
­saudável é suave ao tato e sedoso, tem um crescimento regular e é difícil
de arrancar.

Às vezes não é preciso muito para perturbar o equilíbrio, bastando alguns


dias com uma dieta desequilibrada ou uma lavagem excessiva. As cau-
sas que podem ser responsáveis por um cabelo “sem vida” são variadas:
– secar, escovar e pentear estragam a cutícula;
– as lavagens frequentes secam, por eliminação excessiva das gorduras
naturais protetoras;

96
A Cuidar do cabelo

– o álcool dos produtos de pentear seca e fragiliza;


–  as radiações ultravioletas, a água e o cloro das piscinas, seguidos
de lavagens e secagens drásticas com secador com ar muito quente;
– colorações e descolorações que penetram no interior o cabelo e as per-
manentes e desfrisagens que fragilizam a estrutura capilar por uma
alteração do pH.

A seguir, encontra os problemas mais comuns e os tratamentos possíveis.

Pontas espigadas
Não é um sintoma de doença do cabelo, mas sim a consequência do seu
envelhecimento. Algumas pessoas passam horas a manipular o cabelo,
a fim de remover as pontas espigadas, chegando a usar remédios casei-
ros de eficácia questionável. A única solução para evitar a formação das
pontas espigadas é cortá-las com frequência.

Quanto aos produtos que alegam combater as pontas espigadas, deve-


riam apresentar no rótulo a informação a explicar como foi avaliada
essa propriedade. O típico teste realizado é a autoavaliação, um método
pouco credível. Este tipo de produtos, normalmente, cuida da estética
do cabelo, mas não resolve o problema. Apenas reveste o cabelo com
uma película, fazendo com que as pontas abertas fiquem juntas.

Cabelo oleoso
O excesso de sebo no couro cabeludo é sempre encarado como um pro-
blema, embora não possa ser considerado uma doença. A seborreia
do couro cabeludo pode ser uma característica pessoal, tal como ter
o cabelo ondulado ou liso, ou consequência de um tratamento desade-
quado. Algumas medidas simples beneficiam um cabelo oleoso:
– não escovar ou pentear com muito força ou com muita frequência;
– não massajar o couro cabeludo, principalmente quando molhado;
– não lavar o cabelo com muita frequência, porque pode obter o efeito
oposto, ou seja, o aumento da produção de sebo.

Os champôs para cabelos oleosos não produzem efeitos especiais


nem resolvem definitivamente o problema, embora o seu uso regular
consiga, nalguns casos, melhorar o aspeto do cabelo. Normalmente,
estes produtos devem ser suaves, com uma boa capacidade de

97
A Beleza e cuidados pessoais

limpeza e propriedades de acondicionamento mínimo. Para tratamen-


tos ­específicos não deve aconselhar-se com o cabeleireiro, mas sim com
o dermatologista.

Champô antisseborreico
É elaborado à base de sulfureto de selénio. Também pode ter
na sua composição argila, ictiol, vitamina B e resorcina. Ainda que
seja vendido nas farmácias sem receita médica, não convém utilizá-
-lo se não for aconselhado pelo médico, porque o uso c­ ontinuado
de sulfureto de selénio pode causar queda do cabelo e reações
de hipersensibilidade.

Cabelo seco
O sol, o vento e as poeiras suspensas no ar poluído das grandes cida-
des, conjugados com um ambiente húmido, podem ressequir o cabelo.
Os cabelos claros são mais vulneráveis a estas agressões do que os escu-
ros, mais ricos em melanina. Em muitos casos, o cabelo torna-se seco
e quebradiço devido ao uso de champôs e loções que destroem a fina
camada de gordura que cobre o cabelo e o protege contra a desidratação.
Práticas agressivas, como as permanentes e colorações, também secam
o cabelo.

Se o seu cabelo está frequentemente sem vigor e quebradiço, o melhor


é ir ao médico, pois a produção insuficiente de sebo também pode ser
manifestação de um problema endócrino.

Caspa
A descamação da pele da cabeça é um incómodo bastante comum,
mas a sua origem é, por vezes, difícil de explicar. O couro cabeludo, tal
como a pele, tem um ciclo de renovação de células, que, neste caso, dura
20 a 30 dias. A descamação tanto pode decorrer normalmente, como
sofrer processos acelerados que levam à formação de caspa com inú-
meras películas mais ou menos espalhadas e visíveis. Este fenómeno
é desagradável.

Quando a caspa se deve a pele seca (caspa seca), apenas provoca desca-
mação, enquanto a caspa seborreica está associada a excesso de sebo.

98
A Cuidar do cabelo

Se o cabelo não é lavado ou penteado com uma frequência mínima,


a gordura acumula-se e a pele não se renova. Pelo contrário, o excesso
de  lavagens e a utilização de champôs muito agressivos pode irritar
a pele e piorar a situação.

A caspa também pode estar relacionada com um fungo chamado


Pityrosporum ovale. Embora este fungo viva no couro cabeludo da maioria
dos adultos sem causar problemas, por vezes cresce mais e leva ao sur-
gimento da caspa. Não se sabe o que causa um crescimento ­excessivo
do Pityrosporum ovale.

Em muitos casos, uma boa higiene é suficiente para a manter num


limite aceitável. O mesmo ocorre se fizer uma alimentação equilibrada
e/ou se evitar situações de stresse, físico ou mental. Se a caspa aumen-
tar, deverá consultar um dermatologista, uma vez que poderá ser neces-
sária a utilização de champôs antifúngicos.

Champô anticaspa
O champô ideal para combater a caspa deve ser suave, para ser usado
com frequência, e eficaz. Por isso, estes produtos têm tensioativos
e ingredientes ativos na sua composição. Os primeiros eliminam a caspa
sem irritar o couro cabeludo. Os segundos lutam contra o desenvol-
vimento de microrganismos e a descamação e regulam a oleosidade.
Além destas características, o champô anticaspa deve produzir alguma
espuma para remover bem a sujidade. Mas mais espuma não significa
mais eficácia.

As substâncias mais utilizadas na composição dos champôs anticaspa


são o piritionato de zinco, a piroctona olamina, o sulfureto de selénio,
o ácido salicílico ou a resorcina. De acordo com um estudo publicado
em maio de 2010 pela revista Proteste, os produtos de supermercado
são tão eficazes como os da farmácia. Além disso, todos os produtos
testados resolvem o problema: os mais rápidos levam duas semanas e os
mais lentos o dobro.

Em casos pouco graves e temporários, o melhor será lavar o cabelo


com maior frequência com um champô suave. Se o problema persistir,
vá ao médico. Este poderá optar pela utilização de champôs antifúngi-
cos, por exemplo com cetoconazol.

99
A Beleza e cuidados pessoais

Queda de cabelo

Todos os dias perdemos várias dezenas de cabelos, mas, em simultâ-


neo, ganhamos outros tantos. Em determinados momentos da vida,
este equilíbrio é interrompido e ocorre uma queda anormal de cabelo.
A este fenómeno chama-se “alopecia”. A queda de cabelo tem diferentes
causas, características e durações.

A alopecia pós-parto pode afetar as mulheres nos dois ou três meses após
o parto. É um fenómeno temporário, e o crescimento do cabelo retoma
a normalidade em poucos meses. A alopecia ocasional é igualmente
temporária. Ocorre, por exemplo, poucos meses depois de uma doença
grave que tenha provocado febres prolongadas, após algumas perturba-
ções hormonais ou depois de certos tratamentos, como a quimiotera-
pia. Neste último caso, o cabelo volta a nascer assim que se ­interrompe
o tratamento. Para suavizar o impacto no aspeto físico, os pacien-
tes podem cortar o cabelo muito curto, e usar lenços ou uma peruca.

A alopecia seborreica é causada pela produção excessiva de sebo, em con-


sequência de um desregulamento hormonal ou de diversas circunstân-
cias ligadas ao modo de vida, como o stresse muito intenso, um choque
emocional, entre outros. É uma situação reversível e a queda diminui
quando as causas desaparecem.

A alopecia areata é a súbita perda de cabelo só em determinadas


zonas, geralmente em placas redondas ou ovaladas (peladas). Muito
­raramente afeta outras áreas do corpo ou provoca a perda total de
todos os pelos. As causas deste tipo de queda de cabelo são desconhe-
cidas, mas o  ­sistema imunitário pode estar na origem do problema.
A  alopecia areata pode ocorrer após um evento importante na vida,
como uma doença, gravidez ou trauma. Em geral, resolve-se, de forma
natural, após alguns meses. Caso contrário, aconselhamos uma con-
sulta no dermatologista.

A alopecia androgénica ou calvície é um processo irreversível, e os cabelos


perdidos não voltam a crescer. Atinge cerca de metade dos homens adul-
tos e é causada sobretudo por fatores hereditários e hormonais. A queda
começa pelas têmporas (1) e vai atingindo a parte superior do crânio (2).
Alastra pelo resto do crânio deixando apenas alguns cabelos nas zonas

100
A Cuidar do cabelo

laterais e junto à nuca (3). A alopecia androgénica também pode afetar


as mulheres, em geral, após a menopausa, mas em menor proporção.
Manifesta-se tipicamente através de uma queda de cabelo difusa, mais
evidente na coroa. Geralmente é acompanhada por uma diminuição pro-
gressiva da espessura do cabelo e de um aumento da produção de sebo.

A maioria dos calvos encara este acontecimento com naturalidade, mas


é uma situação que interfere com a autoestima de algumas pessoas,
causando-lhes angústia e depressão. Certas empresas de cosmética
e de farmacêutica aproveitam esta fragilidade psicológica para vender
produtos que alegam travar a queda ou até fazer crescer cabelo novo.
Estas promessas são, quase sempre, infundadas. Saiba que existem dois
fármacos aprovados para este tipo de calvície, com os princípios ativos
minoxidil e finasterida.

Contra a alopecia androgénica não há grandes soluções. Não existe


nenhum tratamento eficaz, nem sequer forma de a prevenir. No entanto,
há determinados fatores capazes de promover o seu desenvolvimento,
como a produção excessiva de sebo e a existência de eczemas ou de pru-
rido no couro cabeludo. Nestes casos, convém consultar o médico,
de  modo a resolver o problema através de champôs especiais ou de
outros tratamentos dermatológicos.

QUANDO PROCURAR O MÉDICO?

Marque uma consulta com o médico – perda de uma madeixa regularmente;


de  família ou com um dermatologista – a queda ser acompanhada de d ­ or, comi-
em caso de: chão e irritação do couro cabeludo;
– perda exagerada de cabelo na adoles- – pilosidade facial anormal, acne e ciclos
cência ou antes da puberdade; menstruais irregulares nas mulheres;
– a queda ser abundante (excede os cem – perda repentina sob a forma de pelada.
cabelos por dia);

101
A Beleza e cuidados pessoais

Os tratamentos existentes permitem apenas retardar a queda do cabelo


e/ou conservar o existente, mas não farão crescer novos fios. As loções,
pomadas, cremes, tónicos, dietas especiais, massagens e outros trata-
mentos feitos em clínicas especializadas são completamente ineficazes.
Quando muito, pode acontecer que a cura espontânea de uma alopecia
temporária (não confundir com calvície) coincida com o uso de um pro-
duto especial.

Tratamentos sem resultados

Suplementos alimentares

A carência em zinco, ferro ou cálcio pode afetar o cabelo, mas deverá


fazer uma avaliação médica para saber se precisa de reforço vitamínico.
Os suplementos alimentares que alegam combater a queda, compos-
tos por vitaminas e minerais, são desnecessários se seguir uma dieta
equilibrada. Além disso, não têm eficácia comprovada. Em excesso,
podem causar danos e interagir com medicamentos. A presumida eficá-
cia de extratos botânicos, como os derivados do chá verde e a levedura
de cerveja, não é apoiada por evidências científicas.

Novas técnicas
Todos os dias há novas técnicas que prometem combater a calví-
cie, como  a ozonoterapia, o laser ou a estimulação mecânica através
de massagem. Embora inofensivos, só conseguem melhorar a aparência
do cabelo.

Cosméticos
Champôs, loções, ampolas... Há uma enorme variedade de cosméti-
cos que alegam resolver o problema de alopecia androgénica, prevenir
a  queda do cabelo ou favorecer o seu crescimento. Na generalidade
dos casos, os seus efeitos nunca foram inequivocamente demonstra-
dos. A estratégia publicitária para estes produtos baseia-se, sobretudo,
em dois argumentos muito contestáveis. O primeiro é o de que “esti-
mulam a circulação sanguínea” . Ora, não está demonstrado que uma
boa circulação sanguínea estimule o crescimento do cabelo. O segundo
é o de que “alimentam a raiz do cabelo”. O cabelo não cai porque a raiz

102
A Cuidar do cabelo

é fraca ou porque está desnutrido. É verdade que a subnutrição grave


pode levar à perda de cabelo, mas não há qualquer evidência que com-
prove a existência de uma dieta especial para manter o cabelo. Além
disso, a raiz do cabelo não se “alimenta” a partir do exterior, mas sim
a partir dos vasos capilares.

Os champôs antiqueda também não têm qualquer efeito contra a queda


do cabelo. Não se justifica pagar mais, só para lavar a cabeça. Nenhum
produto cosmético é capaz de fazer com que o cabelo volte a crescer
numa pessoa calva, inclusive aqueles que se apresentam num tom sério
e que mencionam as mais avançadas pesquisas científicas.

Tratamentos com efeitos demonstrados

Transplante capilar

O transplante capilar dá bons resultados na maioria dos casos. Consiste


em retirar pequenos pedaços do couro cabeludo de trás e da parte
de  lado da cabeça, implantando-os na zona calva. Geralmente, são
necessárias duas a quatro sessões para reencontrar uma densidade acei-
tável. No entanto, e como qualquer cirurgia, tem riscos de complicações
pós-operatórias, como dor, hemorragias e infeções.

Os transplantes, enxertos ou extensões são métodos efetivos, mas a um


preço, normalmente, muito elevado e, por vezes com resultados dece-
cionantes e pouco estéticos. Nos últimos anos, algumas técnicas têm
sido aperfeiçoadas, como os microtransplantes capilares, o que permite
obter resultados mais naturais e satisfatórios.

Perucas
As perucas são uma solução imediata, sem dor e sem riscos, mas sua
fixação não é totalmente segura. Se forem de cabelo natural, duram
cerca de um ano e suportam penteados. As sintéticas, mais baratas, são
sensíveis ao calor, mas não perdem a cor com o sol. Não permitem alte-
rações de penteado. Qualquer tipo de peruca pode deslocar-se durante o
sono, em caso de transpiração abundante, por exemplo.

103
A Beleza e cuidados pessoais

Medicamentos
Apenas a loção de minoxidil e os comprimidos de finasterida mostraram
alguma eficácia em estudos clínicos. Porém, os resultados são escassos,
e o tratamento deve ser seguido sem interrupção durante toda a vida.
Ambos os produtos não estão isentos de efeitos secundários.

O minoxidil é, até ao momento, a única substância de aplicação tópica


que demonstrou ter algum efeito para a alopecia androgénica em estudos
clínicos. Originalmente concebido para tratar a tensão alta, ­verificou-se,
por acaso, que este princípio ativo estimulava o crescimento capilar
­nalguns pacientes. Vendido em loção, deve ser aplicado no couro cabe-
ludo duas vezes por dia, durante alguns meses. A sua eficácia é maior
para tratar áreas pequenas (cinco a dez centímetros) e em perdas de
cabelo recentes (menos de cinco anos). Os benefícios, quando existem,
começam a ser visíveis ao fim de quatro a seis meses. Os ­cabelos novos
nascem, em geral, mais finos e menos densos. Para que se mantenham,
é necessário aplicar a loção durante toda a vida, o que sai caro. Fale com
o médico antes de usar este produto, pois o minoxidil tem algumas con-
traindicações e pode gerar efeitos secundários, como dores de cabeça,
irritação ou alergia e, nalguns casos, irregularidades cardíacas.

Os comprimidos de um grama de finasterida, substância ativa usada


para tratar a hipertrofia benigna da próstata, podem ter alguma eficá-
cia no tratamento de alopecia androgénica nos homens. Este fármaco
inibe a produção da enzima 5 alfa-redutase, prejudicial para os folículos
pilosos. Contudo, nalguns casos, pode causar disfunção erétil e altera-
ções da libido. Nas mulheres, este tratamento não é indicado, pois não
há resultados comprovados e tem efeitos adversos como malformações
no feto. Este tratamento é de prescrição médica obrigatória.

104
Capítulo 6

Boca e dentes sãos


A Boca e dentes sãos

Ter um sorriso bonito aumenta as nossas capacidades individuais


e a autoestima; logo, melhora a qualidade de vida. Portanto, o bem-estar
geral de cada um de nós também depende da saúde oral.

As doenças orais podem causar dor e desconforto e têm impacto sobre


a sua saúde geral. Mais de 50 por cento da população da Europa sofre
de algum tipo de doença das gengivas. Estas e outras patologias orais
podem ser prevenidas através de uma dieta saudável, da higiene oral
diária e de consultas regulares no dentista.

Os dentes
A principal função dos dentes é mastigar os alimentos, para que possam
ser engolidos e digeridos.

Oito incisivos, quatro caninos, oito pré-molares e 12 molares consti-


tuem a dentadura de um adulto. São 32 dentes, repartidos de forma
perfeitamente simétrica, ou seja, 16 por maxilar. Os últimos mola-
res nascem entre os 18 e os 22 anos, ou ainda mais tarde, conforme
os indivíduos, e são conhecidos por dentes do siso. Algumas pessoas
não os têm.

Os dentes têm diferentes partes (veja a figura da página seguinte).


A coroa é a sua área visível e conta com três tecidos: o esmalte, a den-
tina (ou marfim) e a polpa. O esmalte é o tecido vivo mineralizado
mais duro do corpo humano. Envolve e protege o dente, dando-lhe
um aspeto brilhante. A dentina corresponde a um tecido calcificado,
semelhante ao osso, que constitui a maior parte do dente. A polpa,
situada no interior da dentina, é irrigada por vasos sanguíneos e con-
tém nervos que permitem a perceção do frio, do calor, da dor, entre
outros.

O colo faz a ligação entre a coroa e a raiz. Situa-se à altura da gengiva


e, normalmente, está protegido por ela. A este nível, o revestimento
do esmalte é muito fino e particularmente frágil. A raiz é a parte que
está envolvida pelo osso e a gengiva e é composta pela polpa, a dentina
e o cemento (osso que rodeia a raiz e mantém o dente preso à cavidade
ou alvéolo.

107
A Beleza e cuidados pessoais

A composição do dente

Esmalte
Coroa Dentina ou marfim
Polpa
Gengiva

Cemento
Raiz Osso

Nervos e vasos sanguíneos

Problemas mais comuns


As cáries dentárias, as doenças das gengivas (doenças periodontais)
e  o  cancro oral são as três principais patologias que afetam a boca
e os dentes. Apesar de nos últimos 20 anos a saúde oral das crianças
e dos jovens portugueses ter melhorado visivelmente, estas afeções con-
tinuam a ser muito frequentes. Cerca de 49 por cento das crianças por-
tuguesas com seis anos têm cáries, número que aumenta para os 72 por
cento quando atingem os 15 anos. Além disso, uma elevada percenta-
gem dos adultos sofre de gengivite.

Cáries
A cárie dentária afeta cerca de 90 por cento da população. Esta infeção
caracteriza-se pela formação de cavidades num ou mais dentes, seguida
da sua destruição progressiva. É causada, sobretudo, pela placa bacte-
riana e pela ação de algumas bactérias, nomeadamente o Streptococcus
mutans. A presença dessas bactérias na boca, associada a uma alimenta-
ção inadequada e a uma higiene oral deficiente, facilita o aparecimento
de cáries. Alguns açúcares são fermentados pelas bactérias dando ori-
gem a ácidos que provocam a dissolução mineral dos dentes e, conse-
quentemente, o aparecimento das cavidades.

O processo de cárie é, geralmente, lento. O início é marcado pelo


aparecimento de uma mancha branca na superfície do esmalte que,
ao progredir, leva à formação de uma pequena cavidade. Através desta,

108
A Boca e dentes sãos

as bactérias atingem, com rapidez, a dentina. Como se trata de um


tecido menos duro do que o esmalte, é dissolvido mais facilmente
pelos ácidos produzidos pelas bactérias. Durante as fases iniciais da
doença (cavidades pequenas) não são detetados sintomas significati-
vos. Nas fases mais avançadas (cavidades mais profundas), a pessoa
pode sentir desconforto, com aumento de sensibilidade e mau hálito.
Nas situações mais complicadas, sente-se dor na presença de diferen-
tes tipos de estímulos (quente, frio ou doce) ou espontaneamente e de
forma intensa.

Além das diferenças de resistência do esmalte, certas doenças pre-


dispõem à cárie. É o caso da paralisia cerebral, da síndroma de Down
ou de transtornos endócrinos como a diabetes.

Evolução de uma cárie

A cárie numa fase A cárie começa a afetar A cárie alcança a polpa,


inicial, atingindo apenas também a dentina. destruindo uma parte
o esmalte. considerável do dente.

Placa bacteriana e tártaro


A placa bacteriana consiste num aglomerado de bactérias envoltas
numa substância gelatinosa. Forma-se a partir de uma fina película
de saliva que adere ao esmalte e se combina com os resíduos de ali-
mentos existentes na boca, especialmente com os açúcares. Estes são
transformados em ácidos, devido à ação de algumas enzimas de ori-
gem microbiana. Se os dentes não forem bem lavados, estes ácidos
atacam o esmalte e desmineralizam-no, lentamente, provocando
cáries. Além disso, a placa bacteriana calcifica e transforma-se num
depósito de tártaro. Uma vez instalado, só pode ser eliminado pelo
dentista.

109
A Beleza e cuidados pessoais

A placa bacteriana pode danificar os tecidos que rodeiam e sustêm


o dente, como o ligamento periodontal, a gengiva e o osso. Nesses casos,
há o risco de o dente cair.

FATORES QUE FAVORECEM O APARECIMENTO DE CÁRIES

Algumas pessoas são mais sensíveis que fermentam no interior da boca, bai-
às cáries e às gengivites do que outras. xando o pH e favorecendo a ação des-
Embora não se conheçam muito bem truidora das bactérias. Pelo contrário,
todas as causas, é sabido que uma das os alimentos ricos em cálcio e fósforo
razões é a escassa produção de saliva. (o leite e a maioria dos queijos) impedem
Também não existem dúvidas sobre a o aumento da acidez e estimulam a pro-
importância de uma boa alimentação, dução de saliva. Os produtos que con-
do equilíbrio dos sais minerais e de uma têm xilitol (um adoçante) também têm um
higiene minuciosa. efeito benéfico na prevenção das cáries.
As pessoas que salivam muito são mais Vários estudos demonstraram que o abuso
resistentes às cáries, porque a saliva evita do tabaco não só mancha os dentes e
a formação de meios ácidos. É por isso altera a sua cor, como favorece a inflama-
que, quando não é possível lavar os den- ção das gengivas e aumenta a probabili-
tes após as refeições, pode protegê-los, dade de os dentes caírem.
aumentando o fluxo de saliva, se masti- O nosso estado de saúde também con-
gar uma pastilha sem açúcar. Além disso, diciona a saúde da boca. Assim, algumas
quanto mais mineralizado for o esmalte, carências de vitaminas ou de sais mine-
mais resistirá às cáries. A utilização de um rais, como a de vitamina C (escorbuto),
dentífrico com flúor reforça a camada a diabetes e determinadas doenças
de esmalte. do sangue contribuem para a deteriora-
Quanto à alimentação, reduza o consumo ção dentária. O mesmo acontece com
de hidratos de carbono e de açúcares, o aleitamento.

Gengivite e periodontite

A gengivite é uma inflamação das gengivas, causada pela acumulação


de placa bacteriana. Uma higiene oral deficiente pode ser a causa, uma
vez que a escovagem diária dos dentes remove a placa. No entanto,
existem outras: genética, doenças que diminuem o sistema imunitário,
medicamentos e alterações hormonais (como na gravidez, por exemplo).
A gengivite simples limita-se a uma inflamação do tecido da gengiva,
que fica avermelhada e, por vezes, sangra um pouco. Numa fase inicial,
pode regredir com uma higiene oral adequada.

Se os sintomas forem ignorados, a placa bacteriana forma uma camada


dura, devido à ação dos sais calcários da saliva, e dá origem ao tártaro.

110
A Boca e dentes sãos

Este sedimento também irrita as gengivas e favorece a proliferação


de  germes infecciosos. Da inflamação benigna (gengivite), passamos
a uma complicação mais grave: a periodontite. Se não se tratar o pro-
blema, os danos atingem rapidamente os alvéolos em que o dente
se insere. Em seguida, os tecidos da gengiva deterioram-se e ­separam-se
do dente. A  infeção avança até formar bolsas periodontais cada vez
mais profundas, que vão destruindo, a pouco e pouco, o cemento até
que o dente acaba por cair.

A eliminação da placa bacteriana através de uma higiene oral correta


é  a  melhor forma de prevenir e combater uma gengivite. Enquanto
a gengivite tem solução, a periodontite é irreversível e requer a interven-
ção de um dentista. O tratamento passa, sobretudo, pela remoção da
placa bacteriana e do tártaro e pelo controlo da destruição dos tecidos.

Sinais de gengivite e de periodontite

Esmalte Dentina
Gengiva saudável
Polpa
Para mantê-la em bom estado,
Ligamento Gengiva escove os dentes duas vezes
periodontal por dia. Use fio dentário
diariamente e vá ao dentista
Osso alveolar todos os anos.

Placa
dentária Inflamação Gengivite
localizada A placa bacteriana e o tártaro
da gengiva
acumulam-se entre o dente e a
gengiva. Podem provocar uma
inflamação.

Periodontite
Bolsa Uma gengivite não tratada pode
periodontal
Destruição levar à formação de bolsas entre os
dos tecidos dentes e a gengiva, que acumulam
de suporte placa bacteriana e tártaro. Estes
do dente
destroem os tecidos de suporte.

111
A Beleza e cuidados pessoais

Sensibilidade dentária

A dor causada pelo desgaste de qualquer superfície do dente ou do tecido


gengival chama-se sensibilidade dentária. Geralmente, surge quando
se consomem alimentos ou bebidas quentes ou frios.

Nos adultos, a sua causa mais comum é a exposição de raízes den-


tárias devido à recessão gengival. As raízes não estão cobertas por
esmalte e, por isso, centenas de canalículos dentinários que comu-
nicam com o  nervo do dente (polpa) estão expostos. Uma escova-
gem ­e xcessivamente forte, a utilização de escovas de dentes duras,
a  ingestão f­requente de bebidas gaseificadas, a existência de uma
prótese removível desajustada podem conduzir à abrasão (desgaste da
­superfície dentária).

A manutenção de uma higiene oral regular contribui para a prevenção


ou redução da sensibilidade oral. Poderá ter de optar pela utilização
de pastas de dentes ricas em flúor e pouco abrasivas.

Prevenção de problemas dentários


A eliminação da placa bacteriana, através de uma lavagem dos dentes
correta e regular, é a melhor forma de prevenir e de combater as afe-
ções da boca e dos dentes referidas anteriormente. As visitas regulares
ao dentista (pelo menos uma vez por ano) são úteis para a sua dete-
ção precoce, o que é muito importante para que a infeção não chegue
a  ­agravar-se. A placa dentária e os açúcares dão origem à formação
de ácidos, provocando afeções dentárias.

O flúor
O flúor desempenha um papel importante na saúde dentária, particu-
larmente na prevenção das cáries. Aliás, é o único agente preventivo
com eficácia comprovada. A eficácia dos dentífricos com flúor tam-
bém está demonstrada. A sua ação é benéfica, apesar de estarem pouco
tempo em contacto com os dentes.

O flúor atua sobre a saliva, inibindo ou reduzindo as reações quí-


micas, o que limita a formação de ácidos agressivos para o esmalte.

112
A Boca e dentes sãos

A sua presença torna a multiplicação bacteriana mais lenta. Portanto,


o flúor é um agente preventivo das cáries porque atua em duas frentes.
Primeiro, limita a formação de ácidos agressivos para o esmalte. Depois,
deposita-se no dente durante o seu desenvolvimento e ajuda a endure-
cer o esmalte (tanto nos que se estão a formar como nos permanentes).

Alguns alimentos são ricos em flúor. É o caso da carne e dos laticí-


nios, sobretudo o queijo, dos peixes de mar e dos crustáceos. O milho,
o trigo, os produtos hortícolas e a fruta contêm vestígios de flúor.
Um litro de chá proporciona 0,3 a 0,5 miligramas de iões fluorados.
As necessidades diárias de um adulto são de, aproximadamente,
um miligrama.

O flúor, como qualquer outra substância química, pode ser tóxico se for
ingerido em excesso. Não é o caso das doses habitualmente prescritas,
que também não provocam efeitos adversos nem alergias. No entanto,
o flúor pode ser nocivo para quem sofre de problemas renais graves.
Em doses demasiado elevadas, consegue deteriorar o esmalte dos den-
tes e causar problemas no aparelho digestivo, no sistema nervoso, nos
ossos e no sangue.

Se engolirem flúor em excesso, as crianças podem ficar com manchas


brancas nos dentes. Por isso, convém colocar pouca pasta na escova
(veja a figura abaixo e Higiene oral infantil, na página 120) e acompanhar
de perto a lavagem, para evitar que engulam a pasta em vez de a deita-
rem fora.

113
A Beleza e cuidados pessoais

Selante de fissuras

Os selantes de fissuras são uma das formas mais eficazes de prevenir


as cáries nos dentes que apresentam sulcos ou fissuras. Reduzem a inci-
dência de cáries até 80 por cento, e a sua eficácia é tanto maior quanto
mais cedo forem aplicados.

Esta técnica consiste em proteger as irregularidades dos dentes contra


a penetração de bactérias responsáveis pelas cáries, cobrindo-as com
uma resina sintética não tóxica. É preciso ter em conta que a película
protetora pode descolar-se com o tempo, sendo necessário que o ­dentista
a verifique periodicamente. A reaplicação está indicada caso se verifique
perda parcial ou total do selante.

A ida ao dentista
Um controlo regular é indispensável para prevenir as gengivites e as cáries.
As crianças devem ir ao dentista de seis em seis meses, a  partir do
momento em que tenham a primeira dentição completa; os  ­adultos,
pelo menos, uma vez por ano. Faça-o mesmo que não tenha sintomas,
pois detetar eventuais problemas numa fase inicial pode permitir-lhe
solucioná-los de forma mais simples.

Seguir estas recomendações nem sempre é fácil. Em Portugal, não exis-


tem muitas alternativas às consultas privadas, e estas não são, pro-
priamente, baratas. Num inquérito realizado pela Teste Saúde em
2011, quase metade dos inquiridos revelou evitar a visita ao dentista,
na maioria dos casos, por razões económicas. Para diminuir a incidên-
cia e a prevalência das doenças orais, o Programa Nacional de Promoção
de Saúde Oral fornece cheques-dentista que permitem o acesso a cui-
dados de medicina dentária. Só têm direito a estes cheques as crianças
e jovens (até aos 15 anos), as mulheres grávidas, os idosos (se usufruí-
rem do complemento solidário para idosos) e os doentes com a infeção
VIH/Sida.

Para usufruir dos cheques-dentista, a pessoa deve dirigir-se ao centro


de saúde. Depois, os utentes que beneficiem do programa podem esco-
lher onde efetuar a sua consulta, desde que faça parte da lista nacional
de médicos aderentes.

114
A Boca e dentes sãos

Higiene dos dentes

A higiene não é suficiente para prevenir todos os males, mas é uma


condição necessária para manter os dentes em bom estado. Lave-os,
no mínimo, duas vezes por dia. Uma terá de ser, obrigatoriamente, antes
de deitar. O melhor é escovar os dentes logo a seguir a cada refeição.
Escove bem os dentes em todas as direções, sem esquecer as gengivas
e a língua, onde também se acumulam bactérias. Use fio dentário entre
os dentes para eliminar os resíduos de alimentos que poderiam servir
de base à formação da placa dentária.

A escovagem
Tente escovar os dentes imediatamente após as refeições, durante dois
minutos, e utilizar uma escova de tamanho adequado. Normalmente,
as escovas dentárias devem ter uma cabeça pequena e serem macias,
para evitar lesões nos dentes e nas gengivas. Deve escovar em vários
sentidos e em todas as faces do dente, sem esquecer as gengivas (veja a
figura abaixo).

Dentes limpos em cinco passos

1. Coloque a escova na 2. Comece pela parte exterior 4. Coloque a escova na


horizontal, ligeiramente dos dentes e depois escove a vertical para melhor lavar a
inclinada em relação à parte interior. parte interior dos dentes da
gengiva (com um ângulo 3. Escove a parte superior frente, em cima e em baixo, e
de 45º), e faça movimentos dos dentes com movimentos faça movimentos circulares.
circulares. de vaivém. 5. Não se esqueça de
esfregar a língua.

Aproveite a sua próxima visita ao dentista para falar sobre a maneira


de escovar os dentes. Ele lhe dirá se sua técnica é adequada para a anatomia

115
A Beleza e cuidados pessoais

da sua boca e lhe explicará como melhorá-la. Faça o mesmo com os seus
filhos.

O fio dentário
A escova não é suficiente para limpar os espaços entre os dentes, onde
podem acumular-se resíduos de alimentos e formar-se cáries. Utilize
diariamente fio ou fita dentária para retirar restos alimentares e bacté-
rias dos espaços que existem entre os dentes e entre estes e as gengivas.
O seu uso deve ser executado antes da escovagem (veja a figura abaixo),
para que a ação protetora do dentífrico seja mais prolongada. Também
encontrará à venda nas farmácias palitos dentais ou escovinhas espe-
ciais para limpar o espaço entre os dentes.

Como usar o fio dentário?

Corte 45 a 50 centímetros Introduza o fio dentário


de fio dentário e enrole nas suavemente entre cada
extremidades dos dedos do dente até à gengiva. Quando
meio e segure com o polegar. chegar à gengiva, curve o fio
em “C”. Retire o fio com um
movimento oscilante. Limpe
todos os espaços entre os
dentes, incluindo os de trás.

Como escolher a escova de dentes?


Indispensável na higiene dentária, uma boa escova de dentes deve
ter uma cabeça pequena e as cerdas compactas e bem arredondadas.
Os critérios mais importantes são o grau de dureza e o arredondamento
das cerdas.

Opte por uma escova de dureza média. Se tiver dentes ou gengivas


sensíveis, a suave é mais indicada. A eficácia de uma escova depende,

116
A Boca e dentes sãos

em grande parte, da quantidade de cerdas. Prefira as de materiais sin-


téticos às naturais (que cada vez se usam menos), já que têm as pontas
mais arredondadas. Além disso, as fibras naturais têm uma parte oca
onde podem alojar-se bactérias.

A escovagem deve ser efetuada com uma escova em bom estado, ou seja,
que não tenha as cerdas achatadas ou inclinadas. Recomenda-se a subs-
tituição da escova de dentes de três em três meses. Porém, o tempo
de vida de duas escovas idênticas pode variar consideravelmente con-
soante a técnica, a duração e a frequência das escovagens. Quando as
cerdas começarem a ficar inclinadas e afastadas umas das outras, está
na altura de substituir a escova.

Quando comparamos as escovas de dentes elétricas com as tradi-


cionais, não são encontradas diferenças significativas, desde que
seja usada uma boa técnica de escovagem. Daí os modelos elétricos
serem mais indicados para quem não consegue executar os movi-
mentos de lavagem corretos. É o caso de quem tem menor mobili-
dade nas mãos, como alguns idosos ou crianças. Portanto, quando
corretamente utilizadas, podem considerar-se instrumentos úteis
de higiene oral.

O dentífrico
A escovagem liberta os dentes dos resíduos de comida que vão dando
lugar à formação do tártaro. Além do mais, ao realizarmos esta tarefa
estamos a massajar as gengivas, o que ativa a circulação do sangue
e torna os nossos dentes mais resistentes. Portanto, o objetivo da esco-
vagem é duplo: limpar o esmalte, sem o riscar, e massajar as gengivas,
sem as maltratar. Usar dentífrico facilita e melhora a ação mecânica
da escova, além de refrescar momentaneamente o hálito.

A composição dos dentífricos não é idêntica em todas as marcas.


Embora os ingredientes sejam mais ou menos os mesmos, são usados
em proporções diferentes. No entanto, é importante utilizar sempre
um dentífrico com mil a 1500 partes por milhão (ppm) de flúor.

Assim, as pastas são constituídas por:


–  20 a 60 por cento de substâncias abrasivas que limpam os dentes
e  lhes dão um aspeto polido. Embora sejam essenciais para remover

117
A Beleza e cuidados pessoais

a placa bacteriana, se forem em quantidade excessiva podem danificar


o esmalte dos dentes ou provocar problemas nas gengivas;
–  20 a 30 por cento de água, utilizada para dissolver os demais
com­ponentes;
– 20 a 30 por cento de substâncias que mantêm a taxa de humidade
e evitam o endurecimento da pasta. Além disso, contribuem para que
o dentífrico se conserve em bom estado e tenha um sabor agradável;
– um a três por cento de detergente, que limpa e produz espuma durante
a lavagem;
– 0,5 a dois por cento de aglutinantes e de espessantes. Ligam os diver-
sos componentes da pasta, tornando-a mais viscosa. Dão ao dentífrico
a consistência adequada, permitindo que saia da embalagem e se man-
tenha na escova;
–  0,5 a um por cento de substâncias que conferem um sabor e odor
agradáveis.

Alguns fabricantes juntam outros componentes aos seus produtos den-


tífricos, para que tenham uma ação específica. É o caso, por exemplo,
dos chamados agentes anticárie (flúor) e dos branqueadores. Alguns
dentífricos contêm substâncias que aumentam a eficácia antiplaca
da  escovagem dos dentes. Entre as substâncias de eficácia reconhe-
cida encontra-se o antibacteriano triclosan, às vezes combinado com
o ­antitártaro citrato de zinco.

A clorohexidina é o antibacteriano mais eficaz contra a placa bacte-


riana, já que ao ser absorvido pelas mucosas tem um efeito que dura
entre oito e 12 horas. Porém, não é recomendável para uma utilização
prolongada. Com a continuação, provoca o escurecimento dos dentes
e altera o equilíbrio do ambiente normal da boca, pelo que só deve
ser utilizada em casos muito específicos. O uso de um antissético tão
forte como a clorohexidina, sem indicação do dentista, é desaconse-
lhável, sobretudo no caso das grávidas ou das mulheres que estão
a amamentar.

Os agentes anticárie, como o próprio nome indica, ajudam a prevenir


a cárie. O flúor impede a dissolução do esmalte devida à ação dos áci-
dos que se desenvolvem a partir da placa dentária. Este componente
é essencial em qualquer dentífrico, porque se incorpora nos dentes, tor-
nando o esmalte mais duro e, consequentemente, os dentes mais resis-
tentes. No caso dos adultos, a melhor forma de fornecer flúor aos dentes

118
A Boca e dentes sãos

é escová-los, pelo menos, três vezes por dia, com um dentífrico que con-
tenha flúor numa proporção entre 1000 e 1500 ppm. As pastas que não
contêm flúor não devem ser usadas de forma sistemática.

Branqueamento dos dentes


Em geral, pode usar-se qualquer pasta de dentes, desde que tenha flúor.
Muitas vezes, a comida, o café, o tabaco, entre outros fatores, mancham
o esmalte dos dentes, tornando-os difíceis de limpar. Por isso, algumas
pastas dentífricas utilizam como principal argumento de venda a sua
capacidade para remover manchas. De facto, os dentífricos branque-
adores removem melhor as manchas do que as pastas correntes, mas
alguns são muito abrasivos, pelo que podem desgastar os dentes e cau-
sar problemas nas gengivas. Os melhores produtos são aqueles que
apresentam um bom nível de eficácia e baixa abrasividade, podendo ser
usados regularmente.

A pigmentação interna pode ser tratada através de técnicas de bran-


queamento, de restaurações estéticas ou através de prótese fixa (coroas
ou facetas). Qualquer um destes tratamentos é seguro e eficaz, mas
é o seu dentista quem lhe vai recomendar qual o mais apropriado para
si, tendo em conta o estado dos seus dentes e os resultados que deseja
obter.

A boca e o hálito
O mau hálito (halitose) não escolhe sexo ou idades e não deve ser inter-
pretado apenas como falta de higiene. Apesar de a sua principal causa
ser a escassa higiene oral, também pode dever-se a doenças dos dentes
e das gengivas ou até mesmo problemas mais graves, como uma infeção
respiratória crónica, doenças de estômago ou secura da boca. A halitose
poderá ser provocada por desidratação, febre, determinados medica-
mentos ou problemas nas glândulas que segregam a saliva, cuja secreção
tem uma função de limpeza. Falar e comer favorecem a secreção, o que
pode explicar o mau hálito matinal.

Se sofre de mau hálito e o seu dentista não lhe encontrar nenhum pro-
blema nos dentes ou na boca, deverá consultar um médico de clínica

119
A Beleza e cuidados pessoais

geral para identificar a origem do problema. Entretanto, poderá tentar


melhorar a situação, pedindo ao seu dentista que lhe indique um eli-
xir dental adequado e escovando cuidadosamente a língua quando lava
os dentes. No entanto, saiba que não existem rebuçados, aerossóis, pas-
tilhas ou dentífricos capazes de neutralizar o mau hálito. O máximo
que podem fazer é substituir um odor por outro enquanto estiverem
na boca.

Tratando-se de um problema da boca, é possível que o dentista reco-


mende uma higiene oral personalizada e específica. Por exemplo, lim-
peza das próteses, dos espaços entre os dentes, escovagem da língua,
uso de colutórios, entre outros. Seja qual for a causa, o importante é que
o problema pode ser resolvido, identificando a sua origem e aplicando
o tratamento correspondente.

Higiene oral infantil


A higiene oral começa logo após a erupção do primeiro dente do bebé.
Deve ser executada pelo menos duas vezes por dia, sendo uma delas,
obrigatoriamente, antes de deitar. A capacidade da criança para fazer
a sua própria higiene oral muda ao longo do seu crescimento.

■■ Dos zero aos três anos, a escovagem é realizada pelos pais a partir
da erupção do primeiro dente, duas vezes ao dia (uma obrigatoriamente
ao deitar). Para tal, utilizam uma gaze, uma dedeira ou uma escova
macia de tamanho adequado.

■■ Dos três aos seis anos, a escovagem é feita, progressivamente, pela


criança, devidamente supervisionada e auxiliada, duas vezes ao dia
(uma das quais obrigatoriamente ao deitar). Nesta fase, usa-se uma
escova macia de tamanho adequado. A quantidade de dentífrico fluo-
retado (mil a 1500 ppm) deverá ser semelhante ao tamanho da unha
do dedo mindinho da criança.

■■ Depois dos seis anos, a escovagem cabe à criança, devidamente super-


visionada e auxiliada caso não possua destreza manual suficiente, duas
vezes ao dia (uma das quais obrigatoriamente ao deitar). A escova deve
ser macia ou, em alternativa, média. A quantidade de dentífrico fluore-
tado (1000-1500 ppm) deverá ser do tamanho de uma pequena ervilha
ou até um centímetro de dentífrico.

120
A Boca e dentes sãos

A criança tem de ser ensinada a não engolir a pasta. Deve-se levá-la


ao dentista de seis em seis meses, a partir do momento em que tenha
a primeira dentição completa (por volta dos três anos).

A prevenção e os cuidados fazem baixar significativamente a percen-


tagem de crianças com cáries. Ao contrário do que se poderá pensar,
as cáries dos dentes de leite devem ser tratadas. Se não o forem, podem
ter repercussões no dente definitivo, que já se encontra em formação.

O problema mais frequente nas crianças é a malformação dos maxi­


lares e a má colocação de alguns dentes. Nestes casos, é indispensável
o uso de um aparelho corretor para prevenir o aparecimento de cáries
ou de problemas de oclusão (desajuste da dentadura ao fechar a boca)
(veja Dentes desalinhados, na página seguinte). Este último problema
pode provocar dores no maxilar e/ou na nuca, dores de cabeça, entre
outros.

Deixar a criança adormecer com o biberão cheio de leite na boca é pés-


simo para os dentes. Enquanto a criança dorme, pode formar-se uma
bolsa de líquido açucarado por baixo dos lábios, que se transforma num
meio ideal para o desenvolvimento dos microrganismos responsáveis
pela cárie dentária.

Não dê guloseimas às crianças fora das refeições. Quando não conse-


guir evitá-lo, peça-lhes para bochecharem com água, depois de come-
rem o doce. Desta forma, é possível eliminar uma boa parte dos açúca-
res e proteger os dentes das bactérias.

DEVE ADMINISTRAR-SE FLÚOR ÀS CRIANÇAS?

A administração de flúor às crianças recomendados só serão administrados


tem sido alvo de controvérsia. Face à após os três anos e a crianças de alto
evidência disponível, e de acordo com risco à cárie dentária. Nesta situação,
as recomendações da Direção-Geral os comprimidos devem ser dissolvidos
da Saúde, é dada prioridade às apli- na boca, lentamente, preferencialmente
cações tópicas sob a forma de den- antes de deitar. As ações de educação
tífricos administrados na escovagem para a saúde devem, prioritariamente,
dos dentes desde a sua erupção. Os promover a escovagem dos dentes com
comprimidos e gotas anteriormente dentífrico fluoretado.

121
A Beleza e cuidados pessoais

Dentes desalinhados

O alinhamento harmonioso dos dentes, lábios e dos maxilares favorece


o sorriso. Os dentes direitos são mais fáceis de limpar, com vantagens
para a sua saúde e a das gengivas. Além disso, trincam e mastigam
melhor e permitem articular as palavras com maior clareza. Não há
limite de idade para endireitar os dentes, mas, com o avançar dos anos,
pode ser mais demorado. O ideal é aplicar o aparelho após a erupção dos
dentes definitivos, entre os nove e os 12 anos. Os problemas esqueléti-
cos, como a necessidade de alargar o palato, requerem intervenção até
aos sete ou oito anos. Existem diferentes tipos de aparelhos dentários

■■ O aparelho fixo é composto por braquetes, que se colam aos dentes,


e arames, responsáveis pela força que os movimenta para a posição cor-
reta. Apesar de ser o mais dispendioso, é mais eficaz, por estar sempre
colocado. No entanto, é difícil de limpar e impõe restrições alimentares.
Na falta de uma boa higiene pode favorecer o surgimento de lesões.

■■ O aparelho removível dispõe de uma superfície que encaixa na arcada


e arames sobre os dentes. A força para a correção é regulada por um
parafuso. Estes aparelhos são pouco eficazes em adultos e têm maior
probabilidade de perda ou de fratura. Por vezes, contêm resinas alergé-
nicas. Permitem uma higiene mais profunda.

■■ Depois de obter o alinhamento desejado, o aparelho de correção é subs-


tituído pelo de contenção. Pode ser fixo ou removível, mas o segundo
é  o mais comum. Quase invisível, pode ser usado apenas durante
a noite e é indispensável para prevenir a regressão do tratamento.

Se está decidido a alinhar os dentes, consulte um profissional q­ ualificado.


Qualquer dentista pode efetuar o tratamento, mas um especialista em
ortodontia dá mais garantias. No sítio da Sociedade Portuguesa de
Ortopedia Dento-Facial (www.spodf.pt), encontra uma lista de profis-
sionais por região. Boas e más experiências de amigos e conhecidos
podem ajudar na seleção. Peça um orçamento para o tratamento com-
pleto, se possível em vários locais. Certifique-se de que inclui todas
as parcelas: primeiras consultas, radiografias, moldes, consultas men-
sais e aparelhos de correção e de contenção. Se algo correr mal, além de
usar o livro de reclamações, contacte a Ordem dos Médicos Dentistas.

122
Capítulo 7

Cuidar do corpo
A Cuidar do corpo

Valorize o seu corpo e cuide-se da cabeça aos pés. Neste capítulo encon-
tra informação sobre os cuidados complementares à higiene da pele.

Odor corporal
A transpiração desempenha um papel importante na saúde. Entre as
suas principais funções estão o equilíbrio do nível de sais no orga-
nismo e a regulação da temperatura corporal. As glândulas sudoríparas
tornam-se mais ativas e intensificam a transpiração perante o calor,
o esforço, a emoção, a tensão nervosa, algumas bebidas alcoólicas e ali-
mentos muito condimentados.

Existem dois tipos de glândulas sudoríparas: as écrinas e as apócrinas.


As primeiras eliminam o suor sob a forma de gotículas inodoras de um
líquido claro e salgado, composto essencialmente por água, mas tam-
bém por sais minerais, ureia e lactatos. As apócrinas só se desenvol-
vem a partir da puberdade e estão localizadas nas axilas, em redor dos
mamilos e na zona genital. As glândulas apócrinas são particularmente
sensíveis à estimulação de origem emocional ou hormonal. O suor não
tem odor quando é segregado. No entanto, é rico em substâncias que
as  bactérias atacam e metabolizam. Por essa razão, quando suamos,
sente-se um cheiro característico.

Respeitar as regras elementares de higiene é a melhor prevenção contra


o odor corporal. A água e o sabonete são um tratamento rápido, sim-
ples e, na maioria dos casos, suficiente. No entanto, o cheiro também
pode persistir apesar de uma boa higiene. Algumas pessoas sofrem

SUOR COM COR

O suor é incolor, mas por vezes t­orna-se O tipo de pele influencia a trans­
amarelo ou negro. Este fenómeno chama- piração?
-se cromidrose e deve-se à ação de certas Não parece existir nenhuma relação entre
bactérias ou à ingestão de medicamentos o tipo de pele e a quantidade de suor
ou de produtos de radiologia (por exem- produzida. No caso das peles oleosas,
plo, produtos de contraste). Em casos o suor junta-se à gordura e torna-se mais
raros, a coloração é causada pelo stresse visível.
ou por outros transtornos emocionais.

125
A Beleza e cuidados pessoais

de hiperidrose, uma doença rara em que se transpira de forma exces-


siva. Só o médico pode confirmar uma alteração cutânea ou glandular
e prescrever um tratamento adequado. Igualmente raros são os casos
de anidrose, ou seja, de pessoas que não transpiram. As suas causas
podem ser muito diversas e trata-se de um problema grave, porque
impede a  regulação térmica do corpo. Mais uma vez, o acompanha-
mento médico é indispensável.

Antitranspirantes e desodorizantes
Lavar-se regularmente é a melhor maneira de remover as bactérias res-
ponsáveis pelo mau odor do suor. Quando for realmente necessário,
há três tipos de produtos que disfarçam o odor corporal: os antitrans-
pirantes, os antisséticos e os absorventes. Estes últimos correspondem
a desodorizante. Muitas vezes, as palavras “desodorizante” e “antitrans-
pirante” são usadas como sinónimos, mas definem produtos com fun-
ções e modos de atuação diferentes. Os antitranspirantes bloqueiam
a saída do suor. Os desodorizantes evitam o odor corporal, impedindo
o desenvolvimento das bactérias responsáveis pelo mesmo.

Os antitranspirantes são compostos por uma substância adstringente


que obstrui parcialmente as glândulas sudoríparas e diminui a secreção
de suor. As principais substâncias antitranspirantes são os sais de alu-
mínio e de zircónio. Estes bloqueiam os canais das glândulas sudorí-
paras, proporcionando uma sensação de pele seca. Podem, no entanto,
causar irritação a pessoas mais sensíveis. São recomendados para quem
transpira muito, mas, primeiro, é importante despistar se não se trata
de uma situação patológica.

Os antisséticos impedem o crescimento das bactérias e a formação


de  odores desagradáveis causados por estes micro-organismos. São
compostos por substâncias bactericidas e antimicrobianas (como
o octoxiglicerina) e por bacteriostáticos (como o fenoxietanol, o far-
nesol e o álcool etílico). Muitas vezes, o álcool etílico provoca irrita-
ção ou dermatite alérgica, portanto, não é adequado para peles sensí-
veis. Os bactericidas podem causar desequilíbrio da flora bacteriana.
Também existem antisséticos que utilizam substâncias que bloqueiam
a atividade das enzimas utilizadas pelas bactérias para degradar os
componentes do suor, tais como o citrato de trietilo. Este modo de ação
respeita a pele, mas tem uma eficácia bastante limitada para esconder

126
A Cuidar do corpo

o odor. O mercado conta ainda com antisséticos com uma substância


antitranspirante.

Os absorventes absorvem o odor e o suor. São compostos principalmente


por talco para absorver o suor já formado. Nem sempre são capazes de
eliminar o odor. Além disso, o aroma do talco é forte e não é agradável
para muitas pessoas.

Independentemente do tipo de produto escolhido, verifique a denomi-


nação e as propriedades que apresenta. A maioria dos desodorizantes
e dos antitranspirantes contém álcool, o que pode produzir uma sen-
sação de ardor e irritações na pele acabada de lavar com água muito
quente ou recém-depilada. Para as pessoas com pele muito sensível,
existem produtos sem álcool e sem perfume (limoneno, geraniol, entre
outros). Uma alternativa simples e económica é utilizar pó de talco.

Quando usar antitranspirante ou desodorizante?


É indispensável ter em conta que os desodorizantes são indicados para
um uso diário, enquanto os antitranspirantes devem ser reservados
para ocasiões especiais, porque é importante manter um certo grau
de transpiração.

Estes produtos têm de ser aplicados sobre a pele seca e sem irritação.
Por exemplo, depois da depilação deve-se esperar algum tempo até apli-
car um desodorizante ou um antitranspirante, para não irritar a pele.
Limite o uso a uma aplicação por dia. Mude de vez em quando de tipo
e de marca de desodorizante. Usar o mesmo ao longo do tempo pode
modificar a microflora da pele e criar resistências, tornando-se ineficaz.
Se usar um antitranspirante com alumínio, lembre-se de se lavar para

MEDIDAS CONTRA O SUOR

Use roupas leves e largas, de preferência o  suor e  evitar a proliferação de bacté-


de algodão, linho ou seda, pois absor- rias. Após o banho, seque bem as axilas.
vem melhor a humidade do que os teci- O  pó de talco ajuda a remover a humi-
dos sintéticos. Evite sapatos com mate- dade. A depilação é uma boa forma de
riais plásticos. Lave-se com frequência reduzir maus odores causados pela inte-
e use um desodorizante para eliminar ração das bactérias alojadas nos pelos.

127
A Beleza e cuidados pessoais

remover o produto, antes de ir dormir. Os poros não devem ficar obs-


truídos demasiado tempo.

As crianças não precisam de desodorizante até entrarem na puberdade.

Hidratação corporal
A pele é sujeita, diariamente, a agressões. As condições atmosféricas
(frio, calor, vento, pouca humidade), banhos frequentes, alterações
hormonais, fatores genéticos e o envelhecimento podem desidratá-la e
provocar uma sensação de secura. Em condições normais, a pele con-
tém cerca de 70 por cento de água. Dez a 15 por cento desta água está
na camada córnea, a mais exterior da epiderme. Fala-se de pele seca
quando a percentagem de água existente na camada córnea fica abaixo
dos dez por cento e ocorre perda da gordura superficial ou dos óleos
protetores. Nestes casos, torna-se áspera, perde elasticidade e pode ficar
irritada e provocar comichão.

Aplicar uma loção corporal ajuda a diminuir o desconforto e previne


o  aparecimento de lesões e de fissuras naquele que é considerado
o maior órgão do corpo humano.

Loções corporais
As loções corporais hidratam e funcionam como uma barreira para pre-
venir a perda de água. No geral, são compostas por substâncias:
–  emolientes, à base de óleos e de gorduras, que criam uma camada
protetora;
– hidratantes, que permitem manter a água na pele;
– excipientes, como perfumes e conservantes.

Na sua base, pode estar ainda água ou óleo. Algumas fórmulas incluem
extratos de plantas e de vitaminas, conhecidas pelas suas capacida-
des reparadoras, mas de eficácia por comprovar, por falta de provas
científicas.

De acordo com os nossos estudos, a maioria das loções corporais é efi-


caz, aumentando em pelo menos 20 por cento a hidratação da pele.

128
A Cuidar do corpo

PREVENIR A PELE SECA

Cada pessoa tem um tipo de pele. Umas • Use um agente de limpeza suave,
sentem necessidade de a hidratar com como um gel de duche sem sabão.
mais frequência do que outras. As loções Não recorra a produtos com pro-
são uma boa ajuda e podem ser aplica- priedades  antibacterianas, sabone-
das sempre que necessário. tes perfumados ou substâncias que
• Tome banho com água morna. A água contenham álcool, como os desinfe-
quente é eficaz a remover a gordura, mas tantes de mãos. Uma boa alternativa
também elimina as substâncias natu- aos produtos com sabão é o glicerol
rais da pele, que a mantêm hidratada. ou glicerina. Os sabonetes com gli-
• Limite o tempo de duche. Cinco a cerina oferecem uma ação emoliente
10 minutos no banho ajudam a hidratar e hidratante.
a pele; mais do que isso, tem o efeito • Depois do duche, não se esqueça do
oposto. Evite tomar mais de um banho creme. Cria uma camada protetora que
por dia. ajuda a reter a humidade.

Os efeitos notam-se, sobretudo, uma hora após a aplicação e passados


15 dias de uso regular. O nosso teste demonstra que nem tudo o que
estes produtos alegam corresponde à verdade. Por exemplo, a garantia
“24 horas de hidratação” não corresponde à realidade.

Uma vez que os resultados são satisfatórios para a maioria destes pro-
dutos, a escolha poderá ser feita tendo em conta a consistência ou a tex-
tura, por exemplo. Os produtos mais gordos não são aconselhados
se pretende vestir-se logo após a aplicação.

Evitar as estrias
As estrias são lesões longas, lineares e, geralmente, paralelas. Resultam
da rotura das fibras de colagénio e de elastina da pele. São produzidas
quando ocorre uma tensão excessiva da pele, ou seja, perante uma varia-
ção de peso, uma dieta ou durante a gravidez. O ideal é evitar, dentro
do possível, os fatores de risco.

Neste momento, a única coisa que parece ter algum efeito é a hidratação
e a massagem aquando da aplicação do creme. Este ato parece melho-
rar parcialmente o aspeto externo da pele com estrias. Certos cremes,
como os que contêm retinóides, podem ter algum efeito preventivo, mas
não podem ser usados durante a gravidez, devido ao risco de produzir

129
A Beleza e cuidados pessoais

malformações no feto. Produtos com extrato de centelha asiática mos-


traram, em estudos de pequena dimensão, serem eficazes na prevenção
das estrias na gravidez. No entanto, são necessários mais estudos para
demonstrar a eficácia destes tratamentos.

As estrias podem ser tratadas com diferentes tipos de lasers. Alguns


deles conseguem melhorar, parcialmente, o seu aspeto, mas não elimi-
nam totalmente a estria. Há outros tratamentos para o problema, como
a microdermoabrasão, a aplicação de rolos com pequenas agulhas sobre
a pele (skinroller ou dermaroller) e a radiofrequência. A microdermoabra-
são provoca uma regeneração e uma melhoria na textura da pele e, con-
sequentemente, do aspeto das estrias. Porém, são necessários mais
estudos sobre a sua eficácia. Não há estudos sobre a aplicação de rolos
com pequenas agulhas. A radiofrequência melhora o aspeto das estrias,
mas não consegue eliminá-las.

Adeus, pelos!
A maioria das mulheres declarou guerra aos pelos há muito tempo
e cada vez mais homens se juntam a esta batalha. Lâmina, pinça, cera,
creme depilatório são algumas soluções temporárias. A guerra só parece
ter fim com os métodos chamados “definitivos”.

Cortar os pelos com...


É comum pensar-se que cortar os pelos faz com que estes cresçam mais
grossos e densos. Os estudos não confirmam esta ideia. No seu processo
normal de crescimento, os pelos são mais grossos junto à raiz e vão-
-se tornando mais finos até à ponta. É por isso que quando recome-
çam a crescer parece que engrossaram. Em relação à quantidade, um
pelo só pode crescer onde exista um folículo piloso e a depilação não
aumenta o número de folículos.

... lâmina
As lâminas e as máquinas elétricas que cortam os pelos são um sis-
tema simples e rápido. Algumas foram especificamente pensadas para
a depilação feminina. Embora as lâminas possam cortar a pele, se forem

130
A Cuidar do corpo

manuseadas com cuidado não existe risco. Antes de as usar, convém


molhar a pele: os pelos ficam mais macios e, por isso, mais fáceis de
cortar. Regra geral, as máquinas elétricas funcionam melhor quando os
pelos não estão muito compridos.

As lâminas nas versões “para ela” apresentam, geralmente, pequenas


abas de borrachas e uma fina camada de uma substância emoliente,
que tem um efeito relaxante. As abas servem para esticar a pele
antes da passagem da lâmina. Para fazer a depilação por este método
é necessário utilizar um gel com a mesma função do utilizado para
barbear pelos homens: molhar e levantar o pelo de forma a facilitar
o seu corte.

As máquinas elétricas são semelhantes às máquinas de barbear.


Simplesmente, a sua forma e cor foi adaptada para agradar às mulheres.
Permitem uma depilação rápida e indolor.

... creme, gel ou espuma depilatória


O princípio básico dos cremes e das espumas depilatórias é o mesmo
das lâminas, ainda que o mecanismo seja diferente. O pelo é cortado,
neste caso devido a uma reação química.

Os cremes depilatórios contêm um derivado alcalino do ácido tioglicó-


lico, capaz de soltar o pelo. A raiz permanece na pele e, por isso, a depila-
ção dura tanto como se fosse feita com uma lâmina. No entanto, o creme
penetra ligeiramente nos poros, deixando a pele macia. Aplique o creme
uniformemente na superfície a depilar. Pode fazê-lo com a espátula que
normalmente vem incluída na embalagem. Depois de cinco a dez minu-
tos, de acordo com a informação indicada no rótulo, remova o creme com
a espátula e, posteriormente, com água quente. Nunca deixe o creme
atuar durante mais tempo do que o necessário, para diminuir o risco de
irritações da pele.

Nenhum creme depilatório é capaz de diminuir e muito menos


parar o crescimento do pelo. Uma vez que se trata de produtos que
contêm substâncias químicas, é aconselhável experimentá-los,
previamente, numa pequena área da pele. Em geral, estes cremes
não devem ser utilizados quando a pele está irritada ou em caso
de inflamação.

131
A Beleza e cuidados pessoais

Arrancar o mal pela raiz...


Uma depilação que arranque os pelos pode durar algumas semanas,
mas tudo depende da velocidade de crescimento do pelo de cada pessoa.
As diversas técnicas possíveis variam quanto à eficácia e à facilidade
de utilização.

... com pinça


As pinças arrancam o pelo pela raiz. Passado algum tempo, o pelo volta
a crescer, mas é um método mais duradouro do que cortar. Não existem
riscos ou contraindicações para a utilização de pinças.

É impensável fazer a depilação nas pernas com uma pinça. Seria uma
operação muito demorada e dolorosa. Trata-se de uma ferramenta
útil para depilar áreas limitadas, como por exemplo, as sobrancelhas.
O seu uso é muito simples. Prende-se o pelo que se pretende arrancar
com a pinça e puxa-se.

Uma alternativa mais rápida que a pinça para remover os pelos do rosto
é a depilação com fio.

... com cera


A depilação com cera é bastante eficaz, sendo que existem dois tipos,
a quente e a fria.

A cera quente é uma mistura de resina e de cera de abelha, com ou


sem perfume. Primeiro é aquecida em banho-maria, no micro-ondas
ou num aparelho próprio. Depois, é aplicada sobre a pele a depilar com
a ajuda de  uma espátula. Quando a cera começar a endurecer, ainda
antes de arrefecer por completo, puxe-a com um movimento contrário
ao sentido do pelo, arrancando também a raiz. Podem ser necessárias
várias aplicações até remover todos os pelos. Nestes casos, tenha muito
­cuidado com a temperatura da cera, pois a pele está mais sensível.

Com a cera quente obtêm-se resultados bastante duradouros


(até 20 dias) porque o calor da cera abre os poros, facilitando a extração
dos pelos. No entanto, a cera quente não é aconselhável para as mulhe-
res que tenham uma pele muito sensível ou problemas de circulação.

132
A Cuidar do corpo

Evite ainda usá-la nas axilas, já que esta zona contém numerosas glân-
dulas apócrinas e gânglios axilares. Além disso, é mais sensível, pelo
que o calor e o puxão da cera podem causar dor. O principal risco da cera
quente são as queimaduras.

A cera fria atua sobre o mesmo princípio mecânico, mas a sua compo-
sição e consistência é diferente. Está pronta a usar e existe em tiras
de plástico ou bandas de papel impregnadas de cera, de diferentes
tamanhos, consoante as partes do corpo a depilar. Estas bandas
são ligeiramente aquecidas entre as mãos antes de aplicadas sobre
a pele. A mesma tira pode ser utilizada várias vezes. Outra opção são
as embalagens de cera em plástico, que basta colocar debaixo de uma
torneira de água quente, para facilitar a sua aplicação. Neste caso,
a cera é removida com tiras de tecido. Este método dá menos traba-
lho do que a cera quente, mas é menos eficaz e mais irritante para
a pele. Ainda assim, os resultados da depilação podem durar algumas
semanas.

A principal desvantagem destes métodos é que tem de aguardar que


o pelo cresça pelo menos quatro a cinco milímetros para os poder utili-
zar. Por outro lado, o pelo enfraquece e a quantidade de pelos nas áreas
depiladas diminui. Retirar a cera, quente ou fria, pode ser doloroso,
principalmente nas primeiras vezes. Se se trata de uma dor suportável
ou não, cabe a cada um decidir, fazendo o teste.

Em áreas particularmente sensíveis, como o buço ou as virilhas, após


a depilação com cera é normal que a pele fique vermelha. No entanto,
este efeito é temporário. Geralmente, depois da depilação feita em cen-
tros de beleza, são aplicados óleos e emulsões calmantes que ajudam
a fechar os poros e acalmam ao mesmo tempo a vermelhidão.

... com depiladora elétrica


As depiladoras elétricas prendem os pelos entre discos ou uma espi-
ral, puxando até os extrair pela raiz. Em geral, são aparelhos rela-
tivamente eficazes, fáceis de utilizar e que não necessitam de uma
manutenção complicada. O principal inconveniente é que algumas
pessoas consideram este processo bastante doloroso. Naturalmente,
a dor também varia, dependendo do número de pelos e da sensibili-
dade de cada um.

133
A Beleza e cuidados pessoais

Alguns aparelhos permitem mudar a cabeça e colocar uma de corte.


Esta é uma boa opção para quem pretenda arrancar os pelos, por exemplo
nas pernas, e cortar em áreas mais sensíveis, como as virilhas e axilas.

Livrar-se dos pelos para sempre...

... com eletrólise

Este método é praticado, sobretudo, nos institutos de beleza, embora


também existam aparelhos que permitem fazê-lo em casa. Esta téc­
nica de depilação definitiva consiste na destruição do folículo piloso,
introduzindo-lhe uma agulha muito fina que transmite uma corrente
elétrica de baixa intensidade. Para que resulte, a agulha tem de acertar
no sítio exato, o que nem sempre acontece. Após a descarga elétrica,
o pelo é removido com uma pinça e não volta a crescer.

Uma vez que os pelos são removidos um a um, esta técnica é mais utili-
zada em pequenas superfícies, como a parte superior do lábio (buço) ou
o queixo. Para zonas maiores, a eletrólise torna-se muito cara e demo-
rada. Até o pelo desaparecer definitivamente, costumam ser necessárias
quatro ou cinco sessões.

É um tratamento dispendioso, embora o preço dependa do tamanho da


área a depilar e das pilosidades. Uma pequena zona pode custar milha-
res de euros. Peça sempre uma estimativa do custo antes de iniciar
o tratamento.

... com laser


O laser é uma técnica recente e cara para a remoção permanente dos
pelos. O seu objetivo é destruir a raiz do pelo (veja a figura na página
seguinte), através de um feixe de luz, sem danificar os tecidos envolventes.

Atualmente, é o método de depilação permanente mais eficaz, embora


o seu sucesso varie de acordo com o tipo de pelos e do laser utilizado.
Na verdade, é mais correto falar em redução permanente, porque, após
meia dúzia de sessões, mesmo que preencha os requisitos ideais e tenha
usado o laser adequado, pode continuar com alguns pelos. Apesar de
não ser definitivo, o resultado pode durar anos.

134
A Cuidar do corpo

Se for corretamente utilizada, é uma técnica pouco dolorosa. A pele pode


ficar avermelhada e com sensação de queimadura solar. Dois sintomas
que, em geral, desaparecem em poucas horas. Eventuais manchas que
surjam na pele deverão desaparecer numa ou duas semanas. Se tal não
suceder, recomenda-se uma consulta médica.

Como atua o laser?


Na fase de crescimento, o pelo ainda não se libertou da raiz. Esta é a altura ideal para
iniciar o tratamento a laser, porque há uma concentração maior de melanina.

Cortar com lâmina Aplicar o laser Sem novos pelos


O objetivo é alargar Os pelos destruídos Na raiz exterminada
a ponta do pelo, para caem até duas semanas não nascem novos pelos.
que receba um maior após a sessão. Os pelos Estes só aparecem nas
feixe de laser. Assim, mais velhos só voltam áreas do corpo que
o laser será mais bem a surgir ao fim de seis renovaram o crescimento
absorvido pela melanina, a oito semanas. do pelo.
destruindo as células
da raiz.

Esta técnica exige também alguns cuidados prévios. Não se pode arran-
car os pelos no mês anterior, para que os folículos estejam intactos e os
pelos na fase ativa de crescimento. Não deve bronzear-se ou alourar
os pelos, já que a eficácia do laser é superior em peles claras e com pelos
escuros.

Qualquer zona do corpo pode ser depilada a laser. Estima-se que em


cada sessão haja uma redução permanente de 20 a 30 por cento dos
pelos na zona tratada. Esta percentagem depende da área do corpo e da
quantidade de pelos em crescimento ativo ou na fase de crescimento
(fase anagénica inicial). Os mais novos ou mais velhos, libertos da raiz,

135
A Beleza e cuidados pessoais

voltam a surgir. O intervalo entre cada sessão varia entre seis e oito
semanas.

O ritmo das visitas ao instituto de beleza abranda à medida que os pelos


diminuem, pois estes enfraquecem e demoram mais a crescer. O rosto
é a zona que exige mais manutenção, sobretudo, o queixo, que está muito
dependente do funcionamento hormonal. Por esta razão, é importante
controlar eventuais perturbações hormonais antes de iniciar a depila-
ção a laser.

Existem diferentes tipos de lasers e de outras fontes de luz. Cada um tem


as suas características próprias e é mais adequado para determinado
tipo de pele e de pelos. As peles claras estão em vantagem em quase
todos os métodos, desde que os pelos sejam escuros. As morenas correm
maior risco de queimaduras. De seguida, apresentamos os diferentes
métodos.

■■ Laser de Rubi. Emite uma luz vermelha no comprimento de onda de 694


nanómetros (nm). Pessoas com pele clara e pelo escuro são boas candi-
datas a este laser.

■■ Laser de Alexandrite, com comprimento de onda de 755 nanómetros.


Eficácia até 56 por cento, na primeira sessão; até 95 por cento, após
várias sessões. Indicado para pele muito clara e pelos escuros. Também
pode ser usado em pessoas com pele escura, devido ao maior compri-
mento de onda. Indicado para qualquer zona do corpo.

■■ Laser de diodo de longo pulso, com comprimento de onda entre 800


e 1000 nanómetros. Eficácia até 34 por cento, na primeira sessão; até
84  por cento, após várias sessões. Trata-se do método mais versátil,
pois demonstra sucesso em vários tipos de pele. No entanto, há casos
de complicações, como eritema reticular, um tipo de lesão vascular.

■■ Laser de Neodímio (Nd) YAG de longo pulso, com comprimento


de onda de 1064 nanómetros. Eficácia de 27 por cento a 53 por cento,
consoante o número de sessões. Indicado, sobretudo, para peles mais
escuras, embora estas possam recorrer a outras técnicas, desde que
o pulso do aparelho seja adequado ao tom de pele. Pode ser muito
doloroso.

136
A Cuidar do corpo

■■ Luzes Intensas Pulsadas (IPL), com um comprimento de onda de 550


a 1200 nanómetros. Não são propriamente um laser, mas revelam uma
eficácia até 80 por cento após três a cinco sessões. Adapta-se a todos
os tipos de pele e de pelos, mas é um método que resulta menos em peles
escuras. É menos doloroso do que os outros métodos apresentados.
É aconselhável para áreas grandes no corpo, pois os aparelhos são mais
largos do que noutros sistemas.

Podemos concluir que o comprimento de onda é muito importante para


escolher o método mais adequado para si. Quanto mais escura a pele,
maior o comprimento de onda tem de ser, uma vez que a absorção de luz
pela melanina é menor, diminuindo o risco de ocorrer dano.

A depilação a laser não é aconselhada nos casos em que:


– se prevê que o método não vai ser eficaz;
– o padrão de crescimento do pelo ainda esta por definir, como acontece
nas pessoas muito jovens;
– a mulher está grávida ou a amamentar;
– a pessoa tem febre ou sofre de alguma infeção;
– existem doença de pele, herpes ou acne severo ou ainda varizes, dia-
betes ou epilepsia;
–  se tomam medicamentos que podem causar reações adversas por
exposição à luz ou alterações no crescimento do pelo. Falamos de anti-
bióticos, anti-inflamatórios, anti-histamínicos, diuréticos, ansiolíti-
cos, antidepressivos, medicamentos oncológicos e alguns tratamen-
tos hormonais ou dermatológicos, como por exemplo a isotretinoína
(para o acne).

A ESCOLHA DO LOCAL

Antes de escolher um centro de depila- –  dar conselhos para antes e depois


ção, deve avaliar o profissionalismo do da depilação. Por exemplo, falar-lhe da
estabelecimento. Um centro de boa qua- importância da hidratação ou da neces-
lidade terá de: sidade de evitar o sol;
–  investigar a sua história médica, para –  entregar-lhe um consentimento infor-
estar por dentro da sua condição geral de mado para assinar, explicando também
saúde e saber se toma medicação regular; em que consiste o tratamento;
– examinar o seu tipo de pele e pelo e dar- – fornecer-lhe óculos de proteção durante
-lhe a possibilidade de fazer uma sessão as sessões.
de teste para ver como reage;

137
A Beleza e cuidados pessoais

Os seios

Os seios sempre foram considerados um símbolo de feminilidade,


mas os ideais têm mudado com a época, consoante os ditames da moda
e da publicidade. Por isso, esta parte do corpo também não escapa
ao mercado cosmético, que nos oferece diversos métodos de embeleza-
mento dos seios. Os especialistas são unânimes em afirmar que não
existem produtos, aparelhos ou técnicas (como banhos frios ou quentes)
que proporcionem resultados notórios e estáveis.

Se, mesmo assim, experimentar produtos ou aparelhos que anunciem


dar firmeza e/ou aumentar os seios, lembre-se de que o volume desta
parte do corpo depende da atividade das duas hormonas femininas mais
importantes: os estrogénios e a progesterona. É por isso que, por exem-
plo, algumas mulheres sentem um ligeiro aumento do peito na semana
anterior à menstruação. Ou seja, eventuais resultados aparentes des-
tes produtos podem dever-se apenas ao momento do ciclo menstrual
em que a mulher se encontra.

Cremes para os seios


Depois dos 30 anos, é normal que os seios comecem a perder fir-
meza. Existem diversos cremes que anunciam ter efeitos na firmeza
e no volume dos seios. Só um produto com hormonas poderia ser eficaz,
mas é proibido utilizá-las nos produtos cosméticos. Perante este cená-
rio, só há duas possibilidades:
– as empresas infringem a lei, utilizando hormonas nos seus cremes.
Se encontrar algum produto que as contenha, saiba que é totalmente
desaconselhável utilizá-lo sem acompanhamento médico, já que
as hormonas são medicamentos a que não se deve recorrer de forma
aleatória;
–  estes produtos “milagrosos” não contêm hormonas e, portanto,
são ineficazes.

Nunca é demais insistir que apenas os médicos têm competência para


recomendar produtos com hormonas. Há que ter em conta que estas
substâncias não só afetam o peito, como todos os órgãos relacionados
com a reprodução. O risco de efeitos adversos exige um rigoroso acom-
panhamento médico. Entre outros riscos, podem ocorrer hemorragias

138
A Cuidar do corpo

do útero, períodos menstruais irregulares e dolorosos e uma inibição


da ovulação. Além disto, as hormonas são totalmente contraindicadas
nalguns tipos de cancro da mama e do útero, que podem estar em desen-
volvimento sem que a pessoa afetada tenha conhecimento. E nem sem-
pre estes tratamentos proporcionam resultados seguros (e muito menos
duradouros).

Quanto às pomadas sem hormonas, saiba que estas só podem atuar


na superfície da pele e no tecido conjuntivo que sustém o peito. Por isso,
não se pode esperar que alterem o volume ou a firmeza dos seios,
tal como um creme para o rosto não modifica a forma da cara.

Aparelhos
Aplicar duches de água fria, diariamente, nos seios pode ter um ligeiro
efeito refirmante, que se perde logo que se deixa de o fazer. Alguns fabri-
cantes apresentam dispositivos com um recipiente que se coloca sobre
o peito e é ligado à torneira de água fria, através de um tubo de borra-
cha. No interior do recipiente, uma espécie de chuveiros giratórios vão
dando um duche ao peito. Os resultados obtidos são idênticos aos de um
simples duche de água fria, pelo que pode prescindir destes aparelhos
caros.

Os dispositivos para massagem são pequenos aparelhos que funcionam


a pilhas e se aplicam ou fixam sobre os seios. Têm várias apresentações,
mas os resultados obtidos são similares, ou seja, inexistentes, mesmo
após várias semanas de utilização. Além do mais, é muito desagradável
usá-los.

Cirurgia estética
Pode recorrer-se à cirurgia estética, tanto para ter seios maiores como
mais pequenos. É também a única forma de corrigir uma assimetria
demasiado acentuada, levantar os seios descaídos ou implantar um novo
seio depois de uma mastectomia.

As técnicas diferem consoante o objetivo que se pretende atingir. Antes


de fazer esta opção, lembre-se de que todas as intervenções cirúrgicas
comportam riscos. Escolha um cirurgião competente e uma clínica com
instalações adequadas.

139
A Beleza e cuidados pessoais

Redução mamária

A mamoplastia de redução é uma intervenção cirúrgica que consiste na


redução do volume das mamas e na modificação da forma das mesmas.
A operação é feita sob anestesia geral. O cirurgião abre o seio, retira
o excesso de tecido mamário e, por fim, sutura em dois ou três locais.
A  forma e o tamanho das cicatrizes variam com as técnicas usadas,
mas podem ser grandes e visíveis. Além disso, é necessário encontrar
uma posição adequada para os mamilos, pois o peito tem outro tama-
nho. Estes não podem ficar nem demasiado altos nem demasiado bai-
xos. Sobretudo, têm de se apresentar simétricos, algo que nem sempre
é fácil. Se for necessário enxertar os mamilos, a amamentação torna-se
impossível.

Implantes mamários
O aumento mamário por razões estéticas é a causa mais frequente para a
colocação de implantes. A reconstrução da mama após uma ­mastectomia
é outra das situações onde se recorre a esta técnica. Trata-se de situações
complexas, onde a técnica mais indicada deverá ter em conta diversos
fatores.

De uma forma geral, os implantes são constituídos por um invólucro


de silicone de textura lisa ou texturada, preenchido com diferentes tipos
de substâncias. Os produtos habitualmente utilizados para o seu preen-
chimento são o gel de silicone (com diferentes consistências), soluções
salinas (sal e água em concentrações semelhantes às existentes no orga-
nismo) ou o hidrogel (um gel à base de água, açúcar e sal). Observe na
figura da página seguinte, onde são colocados os implantes mamários.

Antes de tomar qualquer decisão quanto à cirurgia, deve equacionar


o motivo pelo qual pretende colocar os implantes mamários e refletir
sobre o que espera obter com a cirurgia. É importante que esteja cons-
ciente da necessidade de um acompanhamento a longo prazo e, eventu-
almente, de outras cirurgias. Deverá, ainda, ter consciência de que mui-
tas das alterações verificadas após a colocação de implantes mamários
são irreversíveis e que se optar por retirar mais tarde o implante pode
ficar com alterações residuais como ptose (mamas descaídas de forma
acentuada), perda de volume mamário ou outras modificações.

140
A Cuidar do corpo

Onde se coloca o implante mamário?

Implante subglandular Implante submuscular

Este implante é inserido sobre É parcialmente inserido entre


os músculos do peito. o músculo peitoral maior e o músculo
peitoral menor.

Músculo peitoral maior

Músculo peitoral menor

Implante

O profissional mais apto e indicado para lhe prestar informação e escla-


recer as dúvidas é o médico devidamente habilitado (especialidade
de Cirurgia Plástica Reconstrutiva e Estética).

IMPLANTE E MAMOGRAFIA

Todos os implantes mamários interferem cação de implantes mamários por baixo


com a capacidade dos raios X em dete- do músculo (veja a figura acima, à direita)
tar sinais precoces de cancro da mama, torna mais fácil a obtenção de imagens
quer por bloquearem os raios X, quer por mamográficas do que sobre o músculo
comprimirem o tecido mamário. A colo- (figura da esquerda).

141
A Beleza e cuidados pessoais

Os riscos da redução e/ ou do aumento

Como qualquer cirurgia, as operações de aumento e de redução dos seios


não estão isentas de risco e podem surgir alguns problemas:
– rejeição dos implantes e, com maior frequência, abcessos;
– diminuição da sensibilidade do mamilo;
– formação de queloides, ou seja, de cicatrizes muito inestéticas.

Esta intervenção nunca deve ser realizada em adolescentes, já que os


riscos são maiores antes de terminado o processo de crescimento.

Em paralelo, é preciso ter em mente que nem sempre os resultados


­correspondem às expectativas. Até à data, não se conseguiu demons-
trar a existência de uma relação entre a colocação de próteses e o cancro
da mama.

Guerra à celulite
A celulite afeta cerca de 90 por cento das mulheres. Caracteriza-se por
um conjunto de alterações do tecido subcutâneo. Surgem covinhas
ou depressões na pele e pequenos nódulos na região pélvica, membros
inferiores e abdómen. No fundo, a pele adquire um aspeto ondulado,
também conhecido por “casca de laranja”. A celulite pode surgir em dife-
rentes partes do corpo, mas, geralmente, localiza-se nas ancas e coxas,
no abdómen, nos joelhos, nas pernas e nos braços.

Ainda não são claros quais os mecanismos que levam ao surgimento


da inestética celulite. Certo é que as alterações no tecido gorduroso
sob a pele, em conjunto com variações na microcirculação e com
o consequente aumento do tecido fibroso, influenciam o processo.

Também se sabe que há outros aspetos que contribuem para o apa-


recimento da pele “casca de laranja”. Falamos de fatores hereditários,
de uma alimentação desequilibrada, da toma da pílula ­contracetiva,
do stresse, do sedentarismo e do tabaco, mas também de causas
hormonais. As hormonas, em especial as sexuais, têm capacidade
para intervir no metabolismo lipídico e na distribuição da gordura
no organismo.

142
A Cuidar do corpo

Tratamentos
Para vencer a guerra contra a celulite é preciso munir-se com as armas
certas. Apresentamos algumas técnicas de seguida. Deve ficar claro
que para obter resultados a pessoa deve estar o mais próximo possível
do seu peso ideal.

A celulite e a presença de gordura localizada, apesar de serem problemas


diferentes, podem, por vezes, ser tratadas com as mesmas técnicas.

Perda de peso
A perda de peso pode contribuir para a melhoria da celulite, especial-
mente quando esta está muito acentuada. No entanto, não existe uma
relação direta entre a obesidade e a celulite. Há pessoas que perdem
peso e veem a sua celulite piorar.

Endermologia
É uma técnica que combina massagem e sucção. É efetuada com um apa-
relho que produz uma intensa massagem do tecido adiposo, por meio
de rolos, e recorre à sucção da superfície da pele. Existe alguma evidên-
cia de que este método melhora a celulite.

Lipoaspiração
A lipoaspiração é a aspiração cirúrgica de gordura localizada
no  plano  subcutâneo. É introduzida cirurgicamente uma cânula
no  interior da gordura, e aspira-se a mesma. Esta técnica é mais
focada na  redução da gordura, e não tanto da celulite, sendo limi-
tada a melhoria que se observa na superfície da pele. É um procedi-
mento cirúrgico e, como tal, a decisão de o fazer não deve ser tomada
de ânimo leve.

Radiofrequência
A radiofrequência (unipolar ou bipolar) é uma técnica que, segundo
alguns estudos, pode ser eficaz no rejuvenescimento do tecido por
produzir um aquecimento profundo da pele e da gordura subcutâ-
nea. Através do calor gerado por esta técnica, estimula-se a produção

143
A Beleza e cuidados pessoais

de  colagénio graças a um tipo de células chamadas “fibroblastos”.


Ao apertar a pele, consegue-se reduzir o aspeto nodular causado pela
celulite. Não se demonstrou ainda que a radiofrequência diminua
a gordura.

Mesoterapia
Este tratamento consiste na aplicação de múltiplas injeções intercutâ-
neas de substâncias capazes de dissolver a gordura, tais como metil-
xantinas (cafeína, aminofilina ou teofilina), hormonas, enzimas, ácido
desoxicólico, extratos de plantas, vitaminas e minerais. De todas
estas substâncias, apenas a fosfatidilcolina demonstrou de uma forma
­consistente que pode dissolver a gordura.

A mesoterapia não está isenta de efeitos secundários, tais como infla-


mação local, hematoma, infeção, urticária e aparência da superfície
da pele irregular. A sua eficácia no combate à celulite é muito reduzida,
de acordo com os estudos feitos.

Cavitação
A cavitação (formação de microbolhas por variação de pressão) c­ onsiste
na aplicação de ultrassons para atuar sobre a gordura. Os ultrassons
conseguem obter mudanças de pressão e de temperatura do líquido
intersticial do tecido gordo. O efeito térmico produzido por esta téc-
nica rompe a estrutura interna do tecido gordo e  divide-o em par-
tículas mais pequenas sem danificar os tecidos circundantes. Estas
microbolhas têm um efeito de sucção que destrói as células de gor-
dura. Estas são, depois, libertadas através do sistema urinário.

Carboxiterapia
Também chamada “terapia de dióxido de carbono” (CO2), envolve a apli-
cação de CO2 para fins médicos. Esta aplicação é feita com microagulhas,
tal como na mesoterapia. O CO2 é um gás que tem um efeito vasodilata-
dor, favorecendo a microcirculação e, portanto, a eliminação de celulite.
Entre os efeitos secundários possíveis incluem-se vermelhidão, inchaço
e hematomas nas áreas tratadas. Existe pouca evidência científica da
sua eficácia.

144
A Cuidar do corpo

Lipólise a laser

Consiste na introdução de uma fibra de laser na área de gordura


a ser tratada. É uma técnica mais usada na redução da gordura, mos-
trando poucos efeitos sobre a celulite. Existem lasers que são aplicados
externamente.

Criolipólise
É uma técnica recente cuja finalidade é reduzir a gordura em zonas
localizadas. O dispositivo arrefece a área de tratamento durante uma
a duas horas a uma temperatura de 3ºC a 6ºC. Este arrefecimento pro-
voca a morte celular das células gordas (adipócitos). O seu efeito sobre
a celulite ainda não é conhecido.

Quando há muitos tratamentos para o mesmo problema é porque nenhum


deles se demonstrou superior ou se afirmou como um claro benefício em
relação aos outros. A ausência de métodos objetivos para medir as melho-
rias dificulta o estabelecimento de conclusões sobre a eficácia dos diferen-
tes métodos. Idealmente, para obter melhores resultados, todas as técni-
cas deveriam ser associadas a drenagem linfática, de preferência, manual.

Tratamentos termais
Os tratamentos baseados na ação da água são utilizados para reduzir
a inflamação das pernas, a tensão, o stresse ou para melhorar o aspeto
da pele. Vejamos as aplicações de cada um deles.

Hidromassagem
Consiste num banho com múltiplos jatos de água finos, combinados com
jatos de ar. Deste modo, obtém-se uma vigorosa massagem subaquática.
Dependendo da banheira, a intensidade e a direção dos jatos podem ser
ajustadas. A água da banheira encontra-se, geralmente, a uma tempera-
tura de 37ºC a 38ºC.

O fluxo de água leva à compressão e à descompressão dos tecidos, o que


ativa a circulação linfática. A massagem feita desta forma estimula

145
A Beleza e cuidados pessoais

a diurese e, portanto, ajuda o organismo a livrar-se do excesso de água.


Por isso, está indicada, por exemplo, para quem tem problemas de infla-
mação nas pernas e nos tornozelos. Também pode ser útil para aliviar
a tensão e o stresse.

Contraindicações e precauções
Um banho numa banheira de hidromassagem pode provocar uma
diminuição da pressão arterial. Se sofre de pressão arterial baixa, deve
consultar um médico antes de fazer hidromassagem. Não prolongue
a estada na água por mais de 15 ou 20 minutos, de forma a não se sentir
demasiado “mole”. Ao sair, deite-se por dez minutos.

Sauna
Normalmente, é feita em cabines aquecidas com ar quente e seco,
com bancada de madeira. A sauna encontra-se entre os 60ºC e os 80ºC.
Como o ar quente sobe, quanto mais alta está a bancada, mais calor faz.

Permaneça entre dez e 15 minutos na sauna, mas em caso de mal-


-estar saia imediatamente. Depois de sair, tome um duche de água fria
ou  morna, começando por refrescar os pés, subindo, gradualmente,
até à cabeça, para dar tempo de regular a temperatura do corpo. Saia
do duche, seque o corpo e repouse cerca de dez minutos antes de entrar
novamente para a sauna ou se vestir. Enquanto estiver na sauna, respire
pela boca para não secar em demasia as fossas nasais.

A alternância entre calor (que provoca vasodilatação) e frio (que pro-


voca vasoconstrição) é uma ótima ginástica vascular. A sauna tem
um efeito relaxante, e existe alguma evidência científica de que pode
melhorar a função pulmonar em pacientes com doença pulmonar cró-
nica e aliviar a dor em doentes com doença reumática. No entanto, são
necessários mais estudos para estabelecer a relevância clínica destes
resultados.

Contraindicações e precauções
A sauna não é recomendada para quem sofre de tensão alta ou baixa,
bem como de doenças cardíacas ou que tenha pacemakers, porque requer
muito esforço para o coração. O calor pode criar uma descompensação a

146
A Cuidar do corpo

quem sofre de doenças metabólicas, como a diabetes ou hipertiroidismo.


É melhor evitar a sauna se tem problemas renais, devido ao aumento
da circulação sanguínea.

Nunca deve fazer sauna depois de almoço ou se consumiu álcool.


Depois da sauna é aconselhável restabelecer os líquidos, bebendo água
ou sumos de fruta à temperatura ambiente.

Banho turco
O banho turco é realizado numa sala revestida a azulejos ou mármore,
com bancos do mesmo material colocados na parede. A temperatura no
interior é, geralmente, de 40ºC a 46ºC, com uma humidade de quase
cem por cento. Tal como na sauna, há alternância entre curtas estadas
no banho turco com banho de água fria.

O banho turco estimula a transpiração, o que permite desintoxicar


a pele. Esta parece mais lisa, limpa e desengordurada. O banho turco
também funciona como relaxante muscular. O calor, tal como já foi
referido, diminui a pressão arterial. A alternância entre calor e frio esti-
mula a circulação venosa nas pernas.

Contraindicações e precauções
O banho turco é desaconselhado para quem sofre de pressão arterial
baixa. Também deve ser evitado por quem tem problemas de coração,
uma vez que submete este órgão a um esforço notável.

É importante proteger o corpo com uma toalha e usar chinelos. Não con-


vém permanecer mais de 20 a 25 minutos no banho turco e, no fim,
deve-se tomar um banho frio.

Lamas e banhos termais


A utilização terapêutica das águas minerais naturais para tratar, pre-
venir e reabilitar vários tipos de doenças é designada por “crenotera-
pia”. Cada  tipo de água tem diferentes qualidades e quantidades de
minerais que, de acordo com a sua proporção, produzem uma resposta
diferente no organismo. Por exemplo, o ferro e o arsénio têm um efeito
restaurador; os sais de bromo são sedativos e o enxofre tem um efeito

147
A Beleza e cuidados pessoais

anti-infamatório. A água térmica tem numerosas propriedades e usa-se


na ­hidromassagem, potenciando os seus efeitos.

As lamas, também chamadas “peloides”, designam um produto natu-


ral formado por uma mistura de água mineral (termal) ou do mar com
material orgânico (como a turfa) e inorgânico (como a argila), que são
aplicados topicamente. Os banhos termais e as lamas são cada vez
mais utilizados para fins cosméticos. Entre as propriedades das lamas
está a de melhorar o estado da pele acneica, seborreica ou gordurosa.
A lama tem uma ação levemente anti-inflamatória e descongestionante.
Após o uso de lamas, é aconselhável limpar a área com água fresca.

Contraindicações e precauções
Para algumas pessoas não é aconselhável fazer determinados trata-
mentos termais. Tudo dependerá da metodologia utilizada e do tipo de
água, bem como da doença ou da fase em que esta se encontra. Por isso,
é importante fazer uma avaliação clínica da pessoa que deseja realizar
este tipo de tratamentos.

Apanhar sol
O espectro solar contém uma grande variedade de radiações. Entre
elas, contam-se a luz visível, os raios infravermelhos (responsáveis pelo
efeito calorífico) e os raios ultravioletas (UVA, UVB, UVC).

O calor e a luz do Sol têm um efeito positivo sobre o comportamento


humano, contribuindo para o bem-estar físico e psicológico. O calor
transmitido pelos raios infravermelhos melhora a circulação sanguí-
nea e o funcionamento dos músculos e das articulações. Os raios ultra-
violetas favorecem a formação de melanina, o pigmento que dá a cor
bronzeada à pele. Quanto mais melanina a pele produz, mais protegida
fica contra os próprios raios ultravioletas, em especial contra os UVA.
No entanto, em caso de exposição prolongada, esta proteção está longe
de ser suficiente. Os UVB são essenciais para certas funções fisiológi-
cas, como, por exemplo, a síntese da vitamina D, indispensável para
a absorção e o metabolismo do cálcio alimentar, logo, para a formação
dos ossos e dos dentes.

148
A Cuidar do corpo

Riscos do sol
O sol traz benefícios, mas é preciso igualmente estar a par dos seus
malefícios. Sabia que se a totalidade das radiações solares atingisse
a Terra, seria impossível qualquer forma de vida como a conhecemos?

DETEÇÃO PRECOCE DO MELANOMA

Tal como já foi referido no capítulo 3, na ou se lhe causar algum mal-estar.
página 49, alguns sinais podem transfor- Para facilitar o autoexame e saber com
mar-se em melanomas. Este tipo de can- o que deve preocupar-se e quando con-
cro é extremamente agressivo, mas, se sultar o médico, lembre-se da regra do
for detetado e tratado numa fase precoce, ABCDE: assimetria, bordo, cor, diâmetro
é completamente curável. Por isso, é con- e evolução são as características a ter
veniente observar, com regularidade, a em conta quando se observa um sinal
sua pele e consultar o médico se verificar cutâneo. O quadro que se segue resume
que o aspeto de um sinal se modifica as características do melanoma.

Assimetria Não é igual dos dois lados.

Os bordos são irregulares, mal definidos,


Bordo parecendo borrados ou irregulares. O pigmento
pode espalhar-se para a pele circundante.

A cor é desigual ou irregular. O sinal escurece


Cor ou perde cor ou fica com vários tons (vermelho,
azul, rosa, púrpura ou cinzento).

Diâmetro Tem um diâmetro superior a seis milímetros.

Evolução no tamanho, volume ou aspeto, com


Evolução
superfície escamosa ou crosta.

Além da regra ABCDE, devem ser con- sentadas no quadro não significa que
siderados sintomas como dor, prurido apresente este tipo de tumor. Em caso
(comichão), ulceração e sangramento. de dúvida, deve sempre consultar
Apresentar uma das alterações apre- um dermatologista.

149
A Beleza e cuidados pessoais

Dos raios ultravioletas, apenas os UVA e uma pequena parte dos UVB
chegam à superfície da Terra. A camada de ozono protege-nos dos res-
tantes, mas está já demasiado fina em diversos locais, devido à poluição.
Isto traz graves riscos para todos os seres vivos.

Os raios UVA atravessam a atmosfera, mesmo quando o céu está


nublado, e constituem 98 por cento dos raios ultravioletas que atin-
gem a terra. São capazes de penetrar profundamente na pele, atingindo
a derme. Durante muito tempo, pensou-se que os raios UVA eram ino-
fensivos. No entanto, são responsáveis pelo envelhecimento precoce
e por danos celulares que aumentam o risco de cancro cutâneo.

Os raios UVB provocam eritema solar (o popular escaldão), cujos sinto-


mas são a vermelhidão da pele, dor e queimaduras. Para além do mal-
-estar passageiro, existem efeitos a longo prazo, como o aumento do risco
de cancro da pele, sobretudo se as queimaduras ocorrerem na infância
ou na juventude. Além disso, os raios UVB aceleram o processo de enve-
lhecimento da pele. Estes raios bronzeiam de forma mais lenta, mas
mais durável, do que os UVA.

Os raios infravermelhos transmitem calor e são os responsáveis pela


sensação de bem-estar proporcionada pelo sol. Mas, ao mesmo tempo,
secam a pele e desidratam o organismo. Se submetermos o nosso corpo
a uma intensa exposição solar, a sua capacidade de regulação térmica
pode ser ultrapassada. Neste caso, fala-se em insolação. Este risco
é maior nas crianças, pois o seu sistema de regulação térmica ainda não
está suficientemente desenvolvido. Daí que seja necessário controlar
a exposição ao sol e beber muita água.

Proteção solar
A rapidez com que os efeitos adversos do sol se fazem sentir depende,
por exemplo, da duração da exposição aos raios solares e das circuns-
tâncias que influenciam a intensidade das radiações: hora do dia,
estação do ano, localização em relação ao Equador (latitude), altitude
e condições meteorológicas (vento, nuvens, entre outros). Os raios
UV são particularmente intensos nas montanhas, por exemplo.
Convém ainda não esquecer que as superfícies que refletem os raios
solares, como a neve, a areia e a água, também aumentam a intensi-
dade da exposição.

150
A Cuidar do corpo

A sensibilidade pessoal, determinada geneticamente, também influen-


cia a rapidez com que os efeitos adversos do sol se fazem sentir. Esta varia
consoante a cor da pele, dos olhos e dos cabelos. Segundo a capacidade
de proteção contra os raios UV, distinguem-se seis fotótipos. O tipo I
corresponde aos indivíduos de pele e olhos claros, que se queimam, sem
nunca se bronzearem, ao passo que ao tipo VI correspondem os que
se bronzeiam e nunca se queimam. Em Portugal, o tipo III é o mais
frequente, pois existem bastantes falsos morenos, com olhos e cabelos
castanhos, mas pele clara.

Risco elevado entre as 11h00 e as 17h00


Evite a exposição ao sol entre as 11h00 e as 17h00. Se possível, ­recolha-se
em casa. À sombra do chapéu na praia não está a salvo da luz refletida.
A luz do Sol reflete na areia atingindo a pele.

Tenha em atenção o reflexo dos raios solares na neve (50 a 80 por cento),
na areia da praia (de 15 a 25 por cento), na água em movimento (20 por
cento), na água estagnada (dez por cento) e na relva (cinco por cento).
Estar à sombra de uma chapéu de sol ou de um toldo não é suficiente
para evitar os escaldões.

Use óculos de sol, chapéu e roupa


Use óculos de sol com filtros UVB e UVA e um chapéu, se possível,
de aba larga. Além da cabeça, este abriga os olhos, os ouvidos, a cara
e o pescoço. Na escolha do vestuário, tenha em conta o controlo da
temperatura corporal e a proteção contra radiações. O algodão simples
ou com mistura de poliéster funciona em ambas. As cores escuras,
­apesar de mais quentes, protegem melhor a pele dos raios ultravioletas.

Não se esqueça do protetor solar


Os protetores solares devem oferecer proteção contra os raios UVA
e UVB e fazê-lo com base em filtros químicos, que absorvem a radiação,
e filtros físicos, que funcionam como barreira de proteção que reflete
e dispersa a luz solar. É importante realçar que os protetores solares
são úteis para proteger a pele, mas o facto de os usar não significa que
pode estar ao sol todo o tempo que queira, sobretudo nas horas mais
quentes. Os protetores solares podem apresentar-se sobre a forma de:

151
A Beleza e cuidados pessoais

–  leites ou loções. Fáceis de aplicar, mas evaporam-se rapidamente,


o que exige uma aplicação mais frequente;
– cremes. Geralmente, são mais gordurosos e espessos do que os lei-
tes solares. Por serem mais difíceis de aplicar sobre grandes superfícies,
como as pernas, são mais indicados para o rosto e o pescoço;
– óleos. Úteis para evitar a desidratação da pele, mas menos eficazes
para filtrar os raios solares. Geralmente têm um fator de proteção baixo;
– sticks. Têm um fator de proteção elevado e são adequados para áreas
como o nariz, os lábios e as orelhas. Os lábios não se bronzeiam, mas
podem queimar-se. Ao escolher um protetor para esta zona do corpo
opte por um que proteja contra os raios UVA e UVB;
– aerossóis ou sprays. Também são eficazes e permitem uma aplicação
conveniente em grandes áreas ou naquelas com muitos pelos.

A escolha do protetor baseia-se, sobretudo, no fator de proteção solar


(FPS), que indica a capacidade do produto para filtrar os raios ultravio-
letas do tipo B (UVB). Escolha um índice de proteção adaptado ao seu
tipo de pele. A Organização Mundial da Saúde recomenda, no mínimo,
o  fator 30 (proteção elevada). Este fator impede a entrada de 97 por
cento da radiação na pele. O segundo critério a considerar é a defesa
contra a radiação ultravioleta do tipo A.

Os produtos que ostentam a sigla UVA devem oferecer proteção


­correspondente em, pelo menos, um terço do FPS anunciado, segundo
a recomendação da União Europeia.

POSSO USAR O PROTETOR SOLAR DO ANO ANTERIOR?

A maioria dos protetores solares indica ano para o outro se o produto for con-
o  Período Após Abertura (PAO), que, servado num local seco e com pouca
normalmente, corresponde a 12 meses. luz (a casa de banho não é recomen-
Por isso, convém registar a data de aber- dável). Caso o produto lhe pareça em
tura na embalagem. É necessário, con- boas condições, experimente-o num
tudo, certificar-se de que o produto man- dia de sol e vigie a pele após a apli-
tém o cheiro e a consistência originais. cação. Se  começar a ficar vermelha
Se apresentar um odor anormal ou uma rapidamente, é sinal de que o protetor
consistência heterogénea, não o use. perdeu eficácia de forma significativa,
Um estudo de uma associação de pelo que é melhor comprar um novo.
consumidores francesa revelou que o Pode usar o antigo para hidratar a pele,
fator de proteção se mantém de um por exemplo, depois da praia.

152
A Cuidar do corpo

Para que o produto seja eficaz, tem de ser aplicado cerca de vinte a trinta
minutos antes da exposição ao sol. Por isso, o melhor é colocá-lo antes de
sair de casa. Se for para a praia ou permanecer ao ar livre, renove a cada
duas horas e após cada banho. Se transpirou muito, também deve voltar
a aplicar o protetor. Espalhe o produto com abundância.

Os dias nublados não dispensam proteção, porque 40 a 60 por centro da


radiação ultravioleta atravessa as nuvens e chega à terra. Não esqueça
nenhuma zona exposta ao sol, incluindo a planta dos pés, as orelhas
e o couro cabeludo, se tiver algumas zona a descoberto.

Bronzear sem sol


Há meios artificiais para manter a pele bronzeada. Os cremes e leites
autobronzeadores permitem obter uma cor castanho-alaranjada e não
causam problemas de saúde. Já os riscos da radiação artificial dos solá-
rios não justificam a sua utilização só para fins estéticos.

Solários
O solário não prepara a pele para a praia. O bronze obtido com as ­sessões
protege tanto como um creme solar com fator 2 ou 3, insuficiente até
para peles negras. Se o seu objetivo é ganhar a cor que não consegue na
praia e mantê-la todo o ano, avalie se está disposto a arriscar o envelhe-
cimento precoce da pele, o aparecimento de rugas e a perda de elastici-
dade. Além disso, a exposição às luzes ultravioletas do solário favorece
o desenvolvimento de cancro cutâneo.

Numa sessão de 15 a 30 minutos, a pele recebe a mesma quantidade


de radiação ultravioleta perigosa de um dia na praia. Os aparelhos bron-
zeadores emitem, sobretudo, radiação ultravioleta A (UVA). Esta provoca
um bronzeado rápido, mas passageiro. A radiação UVB emitida é menor,
mas tem uma intensidade cerca de três vezes superior à do sol, pois,
regra geral, está à distância de 30 centímetros da pele. Os UVB permitem
um bronzeado mais prolongado, porque penetram superficialmente e esti-
mulam a produção de melanina, protetora da pele. Porém, são responsá-
veis pelas queimaduras solares e pelo aparecimento de lesões cancerosas.

O solário é proibido a grávidas, a menores de 18 anos e a pessoas


com  sinais de insolação. Também não deve frequentar se tiver pele

153
A Beleza e cuidados pessoais

muito branca e sensível, muitos sinais ou tomar medicamentos, como


antibióticos e antidepressivos. Estes alertas e as regras para uma uti-
lização segura devem constar da declaração de consentimento a assi-
nar. A lei determina ainda o registo do tipo de pele ou fotótipo e tempo
de exposição recomendado, na ficha de cliente.

Em síntese, estes aparelhos não são recomendáveis. Se, apesar de tudo,


achar que vale a pena arriscar, tenha alguns cuidados:
–  se estiver a tomar medicamentos ou sofrer de alguma doença,
consulte o seu médico. É totalmente desaconselhado ir ao solário
se sofrer ou tiver sofrido de uma doença de pele causada pela luz
solar, se tomar medicamentos que possam aumentar a sua sensibili-
dade ao sol (antibióticos e antidepressivos) ou se tiver as suas defesas
diminuídas;
– remova os vestígios de maquilhagem, perfume ou outros cosméticos;
–  não coloque protetor solar ou bronzeador. Apenas use protetor
labial;
–  utilize óculos especiais. No caso dos homens, proteção para os
genitais;
– respeite um intervalo de 48 horas entre as duas primeiras sessões;
– não se exponha diretamente ao sol e ao solário no mesmo dia.

Leites e cremes bronzeadores


Ao contrário da exposição ao sol, os bronzeadores não interferem com
a produção de melanina, substância que dá cor dourada ou acastanhada
produzida pela pele para se proteger. De um modo geral, estes produ-
tos contêm dihidroxiacetona (DHA) que, ao combinar-se com outras
presentes na pele, provoca a ilusão de bronzeado. A intensidade da cor
depende da quantidade de DHA presente no produto, do tipo de pele
de cada um e do seu tom natural. Caso tenha uma pele muito branca,
por exemplo, pode ficar com um tom alaranjado.

Deve ter alguns cuidados ao aplicar os bronzeadores. Espalhe o pro-


duto uniformemente por todo o corpo, embora em menor quantidade
nas zonas onde a pele é mais espessa (cotovelos e joelhos). Lembre-se
de que estes produtos não lhe dão um bronzeado natural. A pele escu-
rece, mas fica tão sensível ao sol como se estivesse branca. Por isso,
quando for à praia, utilize um protetor adequado ao seu tom de pele
natural.

154
A Cuidar do corpo

Se preza o seu bronzeado e não consegue ir à praia com a frequên-


cia que desejaria, é preferível optar por estes produtos do que pelas
­sessões de solário, já que, ao contrário das lâmpadas, não são perigo-
sos para a pele.

Modificações corporais
Moda, necessidade de marcar um estilo, desejo de gravar algo impor-
tante ou o simples prazer de ornamentar o corpo levam cada vez mais
pessoas de todas as idades a recorrer aos pírcingues e às tatuagens.
Ambas as intervenções podem ter implicações graves na saúde, sobre-
tudo em caso de más práticas. Apesar dos riscos, a atividade não está
regulamentada em Portugal. Apenas estão definidos os materiais a usar
nos pírcingues: aço cirúrgico, ouro e titânio.

Tatuagens
A tatuagem é uma marca ou um desenho permanente feito na pele
através da injeção intradérmica de pigmentos. O tatuador utiliza uma
máquina de tatuar que funciona da mesma forma que uma máquina
de costura, com uma ou mais agulhas, que perfuram a pele repetida-
mente. Em cada furo, a agulha insere pequenas gotas de tinta. Durante
o processo pode ocorrer algum sangramento, bem como dor (que pode
ser ligeira a muito significativa).

Antes de fazer a tatuagem


A tatuagem é permanente, por isso convém ponderar bem antes
de a fazer. Visite vários estúdios de tatuagens antes de optar por um,
de forma a assegurar-se de que as regras fundamentais de higiene são
respeitadas. Certifique-se de que:
– a sala de espera é separada da sala onde se realizam as tatuagens;
–  o tatuador usa sempre luvas de látex e agulhas descartáveis (uso
único). Confira que abre o material à sua frente;
– os instrumentos de trabalho são esterilizados antes de serem usados
num novo cliente;
– as cores usadas não são tóxicas e estéreis e encontram-se em recipien-
tes de uso único.

155
A Beleza e cuidados pessoais

Sinta-se livre para pedir explicações sobre todas as suas dúvidas. Se não
estiver convencido ou se algumas das regras básicas não são respeita-
das, opte por outro estabelecimento.

TATUAGEM DE HENA

A hena negra, pigmento usado no dese- na indústria têxtil. A sensibilização induzida


nho de tatuagens temporárias, pode pro- pela PPD tem caráter irreversível e pode
vocar graves danos à saúde. conduzir a uma polissensibilização, nomea-
A cor habitual do pigmento de hena varia damente a borracha, a tintas do vestuário
entre o castanho e o alaranjado, sendo o e capilares. Isto pode afetar, no futuro, a
negro mais apreciado. No entanto, as que vida quotidiana e profissional, quer na uti-
ostentam a cor negra são realizadas com lização de materiais em borracha e ves-
hena misturada com uma substância tuário com cor quer no exercício de cer-
química proibida (parafenilenodiamina tas profissões como a de cabeleireiro.
ou  PPD), utilizada para acentuar a cor As dermatites de contacto podem surgir
negra e prolongar o efeito. A PPD é uma limitadas à zona tatuada, em redor da
substância autorizada na composição de mesma ou por todo o corpo. Estas rea-
produtos cosméticos, mas apenas permi- ções podem ser violentas, necessitando
tida nas tintas capilares (até um máximo de intervenção médica urgente ou mesmo
seis por cento), sendo igualmente utilizada hospitalização.

Tatuagem bem tratada


Depois de fazer a tatuagem, a pele da zona afetada pode ficar averme-
lhada e inchar. Se tudo correr bem, o efeito passa espontaneamente.
O tempo de cicatrização depende da pessoa e do tamanho da tatuagem.
Em geral, são necessárias duas semanas. Deve:
– manter a película, no mínimo, durante cinco horas. Depois de a reti-
rar, deixe a zona a descoberto;
–  lavar a ferida duas ou três vezes por dia com água e sabão neutro
(por exemplo, sabonete de glicerina) e secar com papel absorvente
(sem esfregar);
– aplicar sobre a tatuagem um cicatrizante como a vaselina ou o ­dexpantenol,
depois de a lavar;
– evitar a exposição solar ou o solário;
–  usar roupa leve e relativamente larga. Se tatuou as pernas, deixe
de lado as meias;
– proteger a área da tatuagem com película e deixar ao ar depois, se tra-
balha num local “sujo” (construção ou local onde haja muito pó).

156
A Cuidar do corpo

Pelo contrário, não deve:


–  tocar, esfregar ou raspar a área. Se formar crosta, não a arranque.
Se o fizer, além de interromper a cicatrização, corre o risco de danificar
a tatuagem ou de esta infetar;
– tomar banho no mar ou na piscina;
– fazer sauna.

Eliminar tatuagens
Existem métodos que permitem eliminar as tatuagens, no entanto
não se deve depositar demasiada confiança neles. Se acha que um dia
se poderá arrepender da tatuagem que está prestes a fazer, talvez seja
melhor desistir ou optar por algo mais pequeno e discreto.

A cirurgia plástica é um dos métodos de remoção de tatuagens.


A pele coberta pelo desenho é removida com um bisturi e, depois,
­suturam-se os bordos da ferida. A cicatriz que se forma é, por norma,
maior do que a área afetada, pelo que não é aconselhado para tatua-
gens muito grandes. O laser monocromático é o sistema de remoção
mais eficaz. Este laser emite uma luz que atua apenas sobre uma cor
da tatuagem. Basicamente, desintegra a tinta em pequeníssimas par-
tículas que são movidas para fora através da formação de uma crosta
ou estas são eliminadas pelo organismo graças ao sistema linfático.
Se a tatuagem têm várias cores, a aplicação desta técnica pode ser
demorada e cara, porque entre cada sessão deve haver um intervalo
de um a dois meses.

O laser de dióxido de carbono apaga a tatuagem, mas deixa cicatriz.


Não é adequado a esta situação e por isso não é recomendado.

Pírcingues
O pírcingue consiste em furar uma parte do corpo, introduzindo uma
peça de metal. Tradicionalmente, realizava-se nas meninas que fura-
vam as orelhas para colocar brincos. Hoje em dia são efetuados em dife-
rentes partes do corpo: nariz, língua, bochecha, mamilos, entre outros.
Se pretende fazer um pírcingue, deve seguir todas as recomendações
que apresentamos antes para as tatuagens. É essencial que todo o mate-
rial utilizado esteja esterilizado e seja descartável.

157
A Beleza e cuidados pessoais

Limpar pírcingues

As perfurações demoram entre um e seis meses a cicatrizar, depen-


dendo da zona onde são aplicadas e do organismo de cada um. As muco-
sas exigem mais tempo. Durante o período de cicatrização:
–  limpe o pírcingue com soro fisiológico. Não utilize álcool ou água
oxigenada. Lave as mãos com água e sabão antes desta operação.
Não toque no brinco fora dos períodos de limpeza, para limitar o risco
de inflamações;
– limite a maquilhagem, em caso de pírcingues faciais, nas orelhas, nas
sobrancelhas ou no nariz;
– não beba álcool, nem coma alimentos picantes, se aplicou um brinco
na boca. Evite mascar pastilhas elásticas e limpe a área depois de comer,
beber ou fumar.

Os pírcingues genitais devem ser lavados, pelo menos, três vezes ao dia
durante um a três meses, de forma a evitar irritações. Durante o tempo
de cicatrização, não é recomendado ter relações sexuais, incluindo sexo
oral. A aplicação de brincos na genitália masculina pode levar ao sur-
gimento de uretrite e de prostatite. Os pírcingues nos mamilos podem
resultar, embora seja raro, num aumento da secreção da hormona
prolactina.

RISCOS

Quem sofre de doenças de pele, como o material não estiver bem esterilizado e
a psoríase, ou de alergias a pigmentos da o espaço ou o profissional não respeita-
tinta, ao metal das agulhas ou ao níquel rem rigorosas condições de higiene. Há
dos brincos, não deve fazer tatuagens ou ainda o risco de cicatrizes indesejáveis
pírcingues. As tatuagens estão interditas e de hemorragias.
a hemofílicos e a epiléticos. Os pírcingues No caso dos pírcingues, se o profissional
não são recomendados em caso de der- não tiver conhecimentos mínimos de ana-
matite, de tendência para cicatrizes de tomia, pode fazer um furo no local errado,
relevo, de herpes, de verrugas e de infe- atingir nervos relevantes e ­causar trauma-
ções na pele que possam alastrar a zona tismos graves. Os brincos na boca podem
perfurada. interferir na alimentação. Dificuldades em
Aplicar um brinco ou uma tatuagem mastigar, dentes partidos, alteração na
pode resultar, por exemplo, em infeções produção de saliva, perda do paladar
cutâneas ou numa alergia. Mais preocu- e inchaço na língua são algumas conse-
pante é a possibilidade de contaminação quências possíveis.
por VIH/sida e por hepatite (B e C), se

158
Capítulo 8

Mãos e pés
impecáveis
A Mãos e pés impecáveis

As mãos

Tal como o rosto, as mãos estão muito expostas às agressões externas.


Fatores ambientais como o frio, o vento ou o ar quente contribuem para
a desidratação e a secura da pele das mãos. O contacto frequente com
a água e os detergentes seca a pele e destrói a camada de gordura que
protege a epiderme. Algumas medidas podem proteger as mãos:
– evite lavar as mãos com demasiada frequência, exceto em casos espe-
ciais. Após a lavagem, enxugue-as bem;
– use luvas enquanto executa as tarefas domésticas. Isto ajuda a preser-
var a pele, protegendo-a do contacto com a água e com produtos agressi-
vos. Reduz o risco de partir as unhas;
– proteja as mãos com luvas no inverno, quando a temperatura diminui.
O frio reduz o fluxo sanguíneo e danifica a superfície da pele;
– aplique protetor solar nas mãos quando fizer atividades no exterior.
Os raios UV aceleram o envelhecimento da pele e promovem o apareci-
mento de manchas;
– tenha sempre um creme para as mãos por perto, por exemplo nos locais
onde costuma molhá-las, como a cozinha e a casa de banho. Além de ser
agradável, o creme tem um efeito protetor. Para que as mãos não fiquem
gordurosas, aplique pouco creme de cada vez.

Cremes para as mãos


A pele das mãos é muito vulnerável, não só pela sua exposição a fatores
ambientais, mas também pelo facto de conter poucas glândulas sebá-
ceas. Assim, a produção de sebo é mais reduzida e a pele está menos
protegida.

Ao longo do tempo, a pele fica desidratada e deixa de ser suave e sedosa.


Rachas e fendas aparecem, um pequeno inconveniente que pode piorar
rapidamente. Para os evitar, utilize um bom creme hidratante que for-
neça humidade à pele e evite a evaporação de água. Estes cremes são
compostos por água e:
– matéria gorda (lanolina, vaselina, óleos vegetais, silicones). Serve para
deixar uma película gordurosa na pele, através da qual a evaporação
de água diminui e, portanto, o teor de humidade aumenta;
– substâncias hidratantes (hidroxiácidos, aminoácidos). Estas aumen-
tam a capacidade da camada córnea em reter a água;

161
A Beleza e cuidados pessoais

– outros componentes, tais como extratos de plantas e algumas vitami-


nas. O efeito destes ingredientes ainda não foi comprovado;
– conservantes e perfumes.

As análises feitas a cremes para as mãos mostram que, por norma,


a qualidade destes produtos é boa. Cumprem a sua função ao hidra-
tarem e manterem o teor de humidade da epiderme durante algum
tempo e, em termos de eficácia, não há grandes diferenças entre
os diferentes produtos comercializados. Estes cremes devem ter uma
textura suficientemente fluida para se espalhar bem, mas que não
deixe a pele gordurosa ou pegajosa. Além disso, devem ter uma fra-
grância agradável. Uma vez que estas características são um pouco
subjetivas, experimente o produto antes de o comprar (o que nem
sempre é possível).

Não se esqueça de renovar a sua aplicação várias vezes, de forma a man-


ter as mãos hidratadas.

Higiene das mãos


Lavar bem as mãos é vital para uma higiene adequada e para uma vida
saudável. As figuras na página seguinte mostram-lhe como deve fazer.

Face aos sabonetes clássicos, os líquidos são mais práticos e higiénicos,


já que o produto em si não está em contacto direto com o ar, sujidades
e  vários utilizadores. Além disso, secam menos a pele. As soluções à
base de álcool só devem ser usadas quando não há alternativa. Não eli-
minam a sujidade, secam a pele e podem torná-la sensível e irritada.
Além disso, apenas desativam eventuais microrganismos por um curto
período de tempo.

De acordo com um estudo publicado na Proteste, em 2012, os sabone-


tes líquidos lavam razoavelmente bem as mãos e são eficazes a remover
maus odores. Alguns incluem substâncias hidratantes, como aloé vera,
ácido láctico, óleo de amêndoa e proteínas de leite.

Os sabonetes para as mãos devem ter uma acidez próxima da pele,


com  um pH entre 5 e 6. Os fabricantes usam, por vezes, expressões
como “pH neutro” para referir que é igual ao da pele, mas, na verdade,
são ligeiramente ácidos, como convém.

162
A Mãos e pés impecáveis

Lavar as mãos em seis movimentos

Passe as mãos e os Aplique sabão para Esfregue as palmas


pulsos por água (não cobrir todas as das mãos uma
precisa de ser quente). superfícies das mãos. na outra e entre
os dedos.

Lave agora o dorso Com movimentos Esfregue os dedos


da mão e os dedos. circulares, esfregue da mão direita sobre
Coloque a palma o polegar direito a palma esquerda,
da mão direita no encaixado na mão e vice-versa, com
dorso da esquerda esquerda e vice-versa. movimentos circulares.
com os dedos Remova bem
entrelaçados o sabonete e seque
e vice-versa. as mãos.

Alguns sabonetes líquidos incluem ingredientes irritantes e alergé-


nicos em excesso, tais como perfumes. O limoneno, o linalol e o amil
­cinamal, além de prejudiciais para o meio aquático, são agressivos para
a pele e perigosos em caso de ingestão. Os perfumes têm a sua utilidade.
Provavelmente, sem eles, os utilizadores tenderiam a usar uma maior
quantidade de sabonete para sentir as mãos lavadas. Tal aumentaria
a poluição ambiental e, claro, a despesa. Opte pelos que apresentam
menor impacto ambiental. Os corantes, por sua vez, não têm utilidade
e não se degradam em contacto com o ambiente.

A embalagem tem um impacto ambiental importante, pela quantidade


de plástico de que é composta. Escolha as que disponibilizam recargas.
São 25 por cento mais baratas, em média, por litro, além de que poupa

163
A Beleza e cuidados pessoais

o ambiente. As em saco de plástico são melhores do que as iguais à ori-


ginal, mas não têm o doseador.

SABONETE EM INOX: VALE A PENA?

Estes sabonetes alegam eliminar com- ao material de que é feito (aço inoxidá-
pletamente os cheiros intensos a peixe, a vel). Esfregar as mãos com água teria
alho e a cebola. No entanto, os resultados o mesmo efeito. Os sabonetes líquidos
de um estudo publicado na Proteste, em revelaram ser mais eficazes, devido aos
2012, mostram que a eficácia é moderada agentes de lavagem e aos perfumes que
e que diminuição dos odores não se deve ajudam a mascarar os cheiros.

As unhas
As unhas são lâminas constituídas, essencialmente, por queratina que
recobrem a última falange dos dedos, protegendo-os. São formadas por
quatro camadas: a matriz ungueal, o leito ungueal, a prega ungueal pro-
ximal e o hiponiquium (parte livre que cortamos e limamos). Observe
a figura abaixo.

Composição da unha

Prato ungueal
Lúnula
Cutícula

Matriz
Prega ungueal
Falange (osso)

A aparência rosada das unhas deve-se à sua transparência que permite


ver a derme. As unhas, como a pele, estão cobertas por uma fina camada
de gordura que lhes dá brilho. É necessário respeitar esta película

164
A Mãos e pés impecáveis

superficial, assim como a hidratação da queratina, de que é constituída


a unha propriamente dita. A água, alguns sabões (alcalinos) e os deter-
gentes estragam a pele e as unhas. É por isso que convém protegê-las
do contacto com substâncias agressivas, usando luvas e creme para
as  mãos. O uso excessivo de luvas de borracha (que não permitem
a transpiração adequada) pode promover o crescimento de fungos.

Corte as unhas periodicamente e lime-as sempre no mesmo sentido, para


não as lascar. As limas de cartão são preferíveis às de metal. Ao arran-
jar as mãos, não corte nem arranque as peles. Limite-se a empurrar
um pouco a cutícula, com cuidado para não atingir a raiz da unha.

As manchas brancas nas unhas podem dever-se a pequenas agressões


repetidas na sua base ou ao uso de vernizes. Nestes casos, desapare-
cem quando é eliminada a causa. Se o problema persistir ou se agravar,
consulte um médico para detetar eventuais fungos ou outras doenças.
Tratando-se de um fungo, além de esbranquiçadas, as unhas ficam
­grossas e com tendência para se partirem e despegarem.

CURIOSIDADES SOBRE AS UNHAS

A espessura das unhas varia de 0,5 a 0,75 O  seu crescimento também é maior
milímetros. As das mãos crescem cerca durante o dia e nas pessoas do sexo
de 0,1 milímetros por dia, enquanto as masculino, sendo também influenciado
dos pés crescem a um ritmo mais lento. por doenças sistémicas e fatores locais.
As unhas crescem mais rapidamente O hábito de roer as unhas (onicofagia) pode
na infância do que na idade adulta, mais provocar infeções nos lábios, nas cutícu-
no verão do que no inverno e duas vezes las ou nos tecidos que rodeiam as unhas.
mais rápido nos pés do que nas mãos. Também pode causar feridas dolorosas.

Pintar as unhas
O verniz proporciona à unha um brilho homogéneo e é composto por
resinas, plastificantes, solventes e, ocasionalmente, substâncias que
produzem um efeito nacarado e/ou agentes espessantes. Há três tipos
de verniz:
– transparentes. Não contêm corantes ou têm apenas corantes ligeiros,
ou seja, só acentuam um pouco a cor rosada da unha;

165
A Beleza e cuidados pessoais

– opacos. A maioria são deste tipo e existem em todas as cores e tons;


– nacarados. Dão um brilho perolado à unha ao aumentarem a reflexão
da luz. Contêm extratos naturais, obtidos a partir de escamas de peixe
(cristais de guanina), ou sintéticos, tais como a mica. Existem numa
vasta gama de cores.

Existe a ideia generalizada de que o verniz enfraquece as unhas e de que


o seu uso deve ser reduzido ao máximo. No entanto, parece que o ver-
niz das unhas as protege da desidratação. Segundo alguns autores,
a camada de verniz, que não deixa passar o ar, não prejudica as unhas.
Pelo contrário, serve para as proteger da desidratação contínua a que
são submetidas todos os dias. No entanto, alguns estudos médicos cha-
mam a atenção para o facto de haver mais infeções na base das unhas
das pessoas que usam verniz. Isto poderá resultar de uma acumulação
de humidade nas unhas, por estarem cobertas por uma capa impermeá-
vel de esmalte que impede a evaporação.

A presença de resinas e de nitrocelulose nos vernizes pode provocar rea-


ções alérgicas como a dermatite de contacto, no entanto, é uma possibi-
lidade muito rara. Geralmente, estas reações não se localizam nas mãos,
mas sim noutras zonas onde se toca com os dedos, como o rosto.

Na verdade, são as substâncias utilizadas para remover o verniz


que podem danificar a unha. Por exemplo, é possível que a acetona dani-
fique a superfície da unha, tornando-a mais frágil e quebradiça. Os dis-
solventes oleosos, menos agressivos, são melhores para remover o verniz.

Aplicar o verniz
O verniz das unhas parte-se e lasca com facilidade durante as tare-
fas domésticas, mas isso também pode dever-se a uma má aplicação.
Assim, antes de pintar as unhas, elimine o resto de verniz anterior com
um produto à base de acetatos. Comece por uma pincelada longa, na zona
central da base das unhas até à ponta, e espalhe bem o verniz. Se  a
camada for demasiado espessa, saltará mais depressa. Ao fazer a aplica-
ção, tente que o verniz não entre em contacto com a pele. Não está pro-
vado que uma camada de base para unhas dê melhores resultados do que
aplicar o verniz diretamente, ainda que possa ser útil quando a unha
tem muitas estrias. Dar duas camadas de verniz também não garante
melhores resultados.

166
A Mãos e pés impecáveis

Não toque nas unhas até que estejam bem secas. Caso contrário, irá
estragar a pintura, sujar os dedos e as outras superfícies onde tocar.
Aliás, esta é uma das principais causas das reações alérgicas. Estas são
mais raras quando o verniz está bem seco.

Para que o verniz se mantenha em boas condições e não seque no frasco,


evite sujar o gargalo e feche-o bem depois de cada utilização. Guarde-o
num local fresco e seco.

GELINHO vs. UNHAS DE GEL

O gelinho é um verniz feito à base de gel, Se deseja ter as mãos com um aspeto cui-
com uma durabilidade superior à dos dado por mais tempo, as unhas de gel são
convencionais. Apesar de o verniz de o método mais adequado. A aplicação
gel ter um aspeto semelhante ao normal, desta técnica pode durar até duas horas
requer uma aplicação mais cuidada e pro- e a sua manutenção acontece a cada três
fissional, com recurso a um forno catalisa- semanas, período que varia consoante
dor com raios UV. a rapidez de crescimento da unha.
Para remover o gelinho, é necessário A remoção total das unhas de gel deve ser
envolver as pontas dos dedos em algo- feita exclusivamente por profissionais, que
dão embebido num removedor próprio, terão de recorrer ao aparelho UV, a brocas
com o  auxílio de papel de alumínio. e a limas.
O removedor aquece e dissolve o verniz, Estas duas técnicas podem enfraquecer
que acabará por sair facilmente. as unhas.

Os pés

Os pés são uma parte do corpo que, geralmente, não é considerada


atraente e à qual se dedica menos atenção. No entanto, com a chegada
do verão, o uso de chinelos de dedo e de sandálias recorda-nos que eles
existem e precipitamo-nos para tratamentos e pedicures com o objetivo
de melhorar o seu aspeto.

Temos de cuidar da higiene dos pés durante todo o ano. Até porque
a sola dos pés é a parte do corpo com a maior percentagem de glândulas
sudoríparas (cerca de 600 por centímetro quadrado). Fechados nos sapa-
tos, com pouca circulação de ar, é normal que os pés suem, daí que seja
exigida a lavagem frequente e o tratamento ocasional para os manter
em boas condições.

167
A Beleza e cuidados pessoais

Água e sabão neutro e, eventualmente, a utilização de pó talco no final


da lavagem é tudo o que necessita para a limpeza. É importante secá-
-los muito bem, em particular entre os dedos. As unhas devem ser
cortadas com regularidade. Para evitar situações de unhas encrava-
das, deve fazer um corte reto e limar as pontas (veja a figura abaixo).
Não retire as peles, porque estas protegem-nos contra micro-organis-
mos responsáveis por infeções. Caso tenha uma unha encravada que
penetre na pele e infete deve ir a um podologista ou a um dermatolo-
gista. Quem tem problemas especiais de transpiração não deve usar
meias e sapatos feitos de materiais sintéticos: algodão e couro são os
materiais mais desejáveis.

Unhas em linha reta

Existe uma vasta gama de aerossóis ou sprays que reivindicam a capaci-


dade de combater o odor. Se a higiene for cuidada e evitar substâncias
sintéticas em contacto com os pés, não é necessário utilizá-los, porque,
entre outras coisas, não combatem o problema. Vão apenas encobri-lo.
Para além da higiene diária, tenha mais alguns cuidados:
–  não partilhe com ninguém toalhas ou quaisquer outros objetos
de higiene pessoal, porque os fungos transmitem-se com muita facilidade;
– evite usar vários dias seguidos o mesmo par de sapatos. Descalce-se
quando chegar a casa, para que a humidade dos sapatos seque e os seus
pés possam respirar;
–  use sempre meias de algodão ou de lã e mude-as todos os dias.
Evite as meias de tecidos sintéticos e os sapatos de borracha, sobretudo
se transpira muito;
–  sempre que o tempo o permita, use sandálias ou outro calçado
que assegure uma melhor ventilação do pé;
– na piscina, na sauna ou nos ginásios, por exemplo, evite andar des-
calço, para limitar o risco de contaminação. Use sandálias de plástico
ou chinelos.

168
A Mãos e pés impecáveis

PEDICURE COM PEIXES

A pedicure com peixes é um tratamento O tanque e a água devem ser limpos


realizado com peixes-garra. Estes remo- regularmente. Todos os clientes têm
vem as células mortas presentes, dei- de  lavar os pés antes de os colocar na
xando exposta a nova pele. O consumi- água. Este tipo de pedicure não é indi-
dor mergulha os pés num tanque de água cado para quem:
onde se encontram os peixes e eles fazem – tem problemas de hemorragias ou toma
todo o trabalho de pedicure. anticoagulantes;
Esta prática pode envolver alguns riscos, –  apresenta feridas, pequenos cortes,
não pelos peixes (não têm dentes, pelo escoriações, queimaduras, psoríase,
que é muito raro causarem danos), mas eczema ou dermatite nas zonas a tratar;
pelo uso e manutenção das instalações. –  tem diabetes ou alguma doença que
Devem ser respeitadas certas medidas de comprometa o seu sistema imunitário.
segurança e de saúde, começando com Apesar de o risco ser baixo, a utiliza-
uma equipa treinada para informar sobre ção desta técnica pode fazer com que
os potenciais riscos e para examinar a o cliente contraia doenças de pele como,
pele dos pés e pernas dos utilizadores. por exemplo, pé-de-atleta. Também
Isto tem de ser feito antes e depois do tra- podem ser transmitidas doenças pelo
tamento, para evitar o risco de infeção. sangue, tais como hepatite B ou C ou VIH.

Os problemas mais comuns


Apresentamos, de seguida, alguns dos problemas mais comuns que afe-
tam os pés, assim como as soluções para os tratar.

Calos e calosidades
O contacto constante com o sapato ou a compressão causada por calçado
demasiado apertado ou com saltos muito altos pode causar o endureci-
mento da pele, formam-se calosidades. É mais frequente na planta dos pés
e nos calcanhares, mas também sobre as articulações ou entre os dedos.
Na ausência de um tratamento adequado, estas formações endurecem
e pressionam a camada interna da pele, provocando dor e inflamações.

A melhor maneira de evitar estes problemas é usar calçado confortável,


que não seja demasiado largo nem apertado. Uma vez instalado o mal,
as calosidades podem tratar-se esfregando com uma escova dura ou
pedra-pomes, depois de um banho de água quente. Provavelmente, será
necessário efetuar esta operação vários dias seguidos. Se os calos forem

169
A Beleza e cuidados pessoais

muito dolorosos, consulte um podologista. Nunca tente cortar os calos,


pois apenas iria piorar o mal. Os calicidas devem ser usados com cui-
dado e apenas sobre o calo, pois contêm componentes que podem causar
irritações na pele circundante. De qualquer forma, é mais seguro con-
sultar um podologista regularmente, uma vez que ele irá eliminar o calo
de forma mais delicada e segura.

CARACTERÍSTICAS DE UM BOM SAPATO

• A parte da frente do sapato deve ter material sintético, porque o couro é


um reforço, para que não se deforme escorregadio.
e proteja os pés de eventuais panca- • O tacão não pode exceder os três
das. Os dedos têm de ter espaço sufi- a  cinco centímetros. A parte média
ciente para se movimentarem bem. da sola deve ser rígida o suficiente para
• Um bom sapato dobra na zona das arti- proteger o arco do pé.
culações dos dedos. Para isso, a parte • Couro ou camurça são os materiais
dianteira tem de ser flexível. ideais para a palmilha e o corpo do
• A biqueira do sapato convém ser larga, sapato, pois permitem a eliminação
para que os dedos tenham espaço, do suor. O forro, se o tiver, convém ser
e  um pouco levantada, para facilitar permeável ao suor.
o movimento do pé ao dar um passo. • Um contraforte sólido garante um bom
• A sola deve estar bem cosida ou apoio ao calcanhar.
colada. É preferível que seja de • As costuras devem ser estanques.

Verrugas e pé-de-atleta
São ambas afeções contagiosas que, por norma, se contraem em locais
públicos onde se anda descalço, como, por exemplo, em piscinas.

As verrugas são causadas por vírus. Embora não evoluam para proble-
mas de saúde mais graves, em geral são incomodativas e inestéticas,
podendo mesmo ser dolorosas. Surgem com maior frequência na planta
do pé, nas zonas sujeitas a maior pressão. Embora as verrugas possam
desaparecer espontaneamente, nalguns casos é necessária a intervenção
de um médico. Convém consultar o médico sempre que a verruga não
desapareça ao fim de seis meses, mude de cor ou de tamanho, sangre
ou provoque comichão e, ainda, se a pessoa tiver as defesas diminuídas
(por estar doente, por exemplo).

O pé-de-atleta é uma micose, ou seja, uma infeção originada por fungos


que se desenvolvem em locais quentes e húmidos, como os balneários

170
A Mãos e pés impecáveis

e as piscinas. A pele fica avermelhada e espessa, começa a descamar


e provoca comichão. Por vezes, aparecem bolhas e, nos casos mais gra-
ves, as unhas podem tornar-se opacas, amarelecerem e engrossarem.
Se contrair pé-de-atleta, recorra a um médico para que este aconselhe
um produto específico para combater os fungos. O tratamento pode
prolongar-se por alguns meses.

A melhor prevenção é usar sempre chinelos no ginásio, na piscina,


em vestiários e nos chuveiros. Depois de tomar banho, tenha o cuidado
de se secar bem.

As pernas e as varizes
A sensação anormal de peso nas pernas, acompanhada de inchaço,
­costuma ser sinal de problemas da circulação sanguínea. As varizes
podem surgir em qualquer zona do corpo, embora sejam mais comuns
nas pernas. De início, manifestam-se por uma cor vermelho-azulada
na pele. Com o evoluir do processo, tornam-se visíveis à superfície.
É comum a pessoa sentir dores, inchaço, sensação de peso nas pernas
e formigueiro ou cãibras, em particular durante a noite.

São vários os fatores que podem estar na origem das varizes:


– predisposição hereditária;
– gravidez (devido ao desenvolvimento do útero, às alterações hormo-
nais e ao aumento do volume sanguíneo que lhe estão associados);
– as hormonas presentes na pílula contracetiva e na terapia hormonal
de substituição. Sabe-se que dilatam as veias, embora não esteja ­provado
que causem varizes;
– permanecer de pé durante a maior parte do dia, o que é comum em
diversas profissões (professores, cabeleireiros, empregados de balcão,
entre outros);
–  o envelhecimento. Este é responsável pelo enfraquecimento e pela
perda de elasticidade das paredes das veias, tendo estas tendência para
dilatar;
– o calor localizado, seja sob a forma de banhos de água muito quente,
banhos de sol, lareiras ou aquecedores que incidam diretamente nas per-
nas. Este tipo de calor favorece a dilatação das veias.

171
A Beleza e cuidados pessoais

As varizes não têm uma solução definitiva. Os tratamentos existen-


tes melhoram os sintomas, retardam o aparecimento de novas varizes
e previnem complicações de saúde. Para ter todas as armas do seu lado,
convém manter o peso em níveis ideais e praticar exercício físico regular-
mente. Descansar com as pernas elevadas, ao nível do coração, ­permite
que o sangue suba mais facilmente. Se passa muito tempo de pé e/ou já
tem varizes, é aconselhável usar meias de compressão. Estas não tratam
o problema, mas aliviam o incómodo causado pela dor e pelo inchaço.
Existem três níveis de compressão. O primeiro destina-se a sintomas
ligeiros e usa-se como prevenção. A compressão média (classe 2) é útil
para pessoas que já apresentem varizes, dores e inchaço nas pernas.
A compressão forte (classe 3) aplica-se quando existe uma insuficiência
venosa grave. Fale com o seu médico para saber qual o nível de compres-
são mais adequado ao seu caso.

Os cremes e géis dão uma sensação de frescura e ajudam a aliviar o ardor


e o mal-estar, mas nada mais. Existem ainda fármacos em comprimi-
dos e suplementos alimentares, por exemplo, à base de flavonoides.
Alguns  estudos sugerem que podem melhorar as queixas associadas
ao inchaço, mas a sua eficácia não esta provada. Nos casos mais graves,
recorre-se à cirurgia.

172
Índice remissivo

Índice remissivo

Cavitação������������������������������������������������������144
A Celulite������������������������������������������������� 142-145
Acne������������������������������������44-48, 58, 64, 137
Cirurgia estética��������������������������������� 139-142
After-shave������������������������������������������������������71
Champ������������������������������������� 86-88, 98-99
Álcool��������������������������������12-15, 49, 147, 158
anticaspa ����������������������������������������������������99
Alisador����������������������������������������������������90-91
antifungíco. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Alergénios�����������������������������������26, 28-30, 62
antiqueda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Alergia ��������������������������� 26, 28-30, 35-36, 57,
antisseborreico������������������������������������������98
��������������������������� 66-67, 71, 94-95, 113, 158
para cabelos oleosos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Alimentação ���������� 11, 42, 99, 108, 110, 142
Alisamento japonês��������������������������������������90 Comedões ����������������������������������������������� 45, 58
Amaciador������������������������������������������������������88 Copo menstrual ��������������������������������������������54
Antiacne����������������������������������������������������������57 Corretor����������������������������������������������������63-65
Antiestrias����������������������������������������������������129 Cosméticos ���������������������� 23-36, 70, 102-103
Antirrugas����������������������������������������� 60, 72-73 Cosméticos naturais��������������������������������34-36
Antitranspirantes������������������������������� 126-127 Cosmetovigilância ���������������������������29, 32, 66
Creme
antirrugas ������������������������������������������� 60, 73
B bronzeador������������������������������������������������154
Banho������������������������������������50, 128-129, 171 de contorno dos olhos������������������������������78
termal����������������������������������������������� 147-148 de dia ����������������������������������������������������������59
turco����������������������������������������������������������147 de noite ������������������������������������������������������61
Barbear������������������������������������������������������70-71 depilatório������������������������������������������������131
Base ��������������������������������������������������� 60, 63-65 hidratante ��������������������������������������������������58
Batom������������������������������������������� 62-63, 67-68 para as mãos ��������������������������������������������161
BB creams��������������������������������������������������������60 para os seios���������������������������������������������138
Blush����������������������������������������������������������������67 Criolipólise ��������������������������������������������������145
Botox ��������������������������������������������������������������74
Branqueamento dos dentes ����������������������119
D
Delineador de olhos��������������������������������65-66
C Dentes ������������������������������������������������� 107-122
Cabelo������������������������������������������������������85-104 Dentes desalinhados ����������������������������������122
branco����������������������������������������������������92-94 Dentífrico �����������������������������������112, 117-121
com caspa����������������������������������������������98-99 Dentista��������������������107, 109, 111-112, 114,
oleoso��������������������������������������������� 88, 97-98 ����������������������������������������������������������� 118-122
pintado��������������������������������������������������92-94 Depilação��������������������������������������������� 130-137
seco������������������������������������������������������� 88, 98 com cera����������������������������������������������������132
Calos����������������������������������������������������� 169-170 com creme, gel ou espuma���������������������131
Calosidades��������������������������������������������������169 com depiladora elétrica ��������������������������133
Calvície�������������������������������������������86, 100-104 com eletrólise ������������������������������������������134
Cárie����������������������������������������������������� 108-121 com lâmina ����������������������������������������������130
Carboxiterapia����������������������������������������������144 com laser ����������������������������������������� 134-137

173
Beleza e cuidados pessoais

Dermatite de contacto��������������������29, 35, 67, L


������������������������������������������������������� 95-96, 166 Laca�����������������������������������������������������������������91
Dermatologicamente testado��������������� 33, 52 Lamas termais������������������������������������� 147-148
Derme ����������������40, 46, 59, 66, 72, 150, 164 Lâmina de barbear����������������������������������������70
Desmaquilhar������������������������������������������68-69 Laser�����������������������������������������74-75, 134-137
Desodorizantes����������������������������������� 126-128 de Alexandrite������������������������������������������136
de díodo de longo pulso��������������������������136
de Neodímio ��������������������������������������������136
E de Rubi������������������������������������������������������136
Epiderme����������������������� 39-41, 46, 58-59, 66, Leite
���������������������������������������� 71, 73-74, 161-162 bronzeador��������������������������������������� 154-155
Endermologia����������������������������������������������143 de limpeza������������������������������������������� 57, 68
Escova progressiva����������������������������������������90 Lifting facial����������������������������������������������������75
Espuma Lipoaspiração ����������������������������������������������143
para cabelo��������������������������������������������������92 Lipólise a laser����������������������������������������������145
para barba ��������������������������������������������������70 Loção corporal������������������������������������ 128-129
Exercício físico �������������������������11, 16-20, 172 Luzes Intensas Pulsadas ����������������������������137
Eyeliner������������������������ veja Delineador de olhos
M
F Mãos����������������������������������������������������� 161-163
Fio dentário���������������������������������111, 115-116 Maquilhagem definitiva ������������������������������66
Flúor��������������������������� 110, 112-113, 117-121 Máquina de barbear��������������������������������������71
Máscara����������������������������������������������������61-62
para cabelo��������������������������������������������������88
G para pestanas����������������������������������������65-66
Gel Mau hálito�����������������������������������109, 119-120
Melanina����������������� 39, 49, 92, 98, 135, 137,
de duche������������������������������������������������51-52
���������������������������������������������������148, 153-154
para cabelo��������������������������������������������������92
Melanoma���������������������������������������������49, 149
Gelinho���������������������������������������������������������167
Mesoterapia��������������������������������������������������144
Gengivite����������������������������108, 110-111, 114
Micose ����������������������������������������������������������170

H O
Hálito������������������������������������13, 117, 119-120 Óculos de sol����������������������������������� 79-82, 151
Halitose��������������������������������������������������������119 Olhos vermelhos��������������������������������������������78
Hidromassagem��������������������������������� 145-146
Hiperidrose��������������������������������������������������126
Hipoalergénico����������������������������������������������33 P
Hipoderme ����������������������������������������������40-41 PAO������������������������� veja Período Após Abertura
Pé-de-atleta����������������������������������������� 169-171
Pedicure��������������������������������������������������������169
I Peeling��������������������������������������������������������������73
Implante mamário����������������������������� 140-141 Pele
Injeções de colagénio������������������������������������74 mista���������������������������� 41-44, 57-58, 60, 65

174
Índice remissivo

normal��������������������������������������������������42-44 Sol�������������������������������������� 47, 79-82, 148-153


oleosa��������������������42-44, 48, 57-58, 61, 69 Solário ������������������������������������������������� 153-156
seca��������������������� 43-44, 57-58, 69, 98, 128
Sombra de olhos��������������������������������������������65
sensível������������������������������������������� 41, 43-44
Pelos�����������������������������������������������70, 130-137 Sono����������������������������������������������������������15-17
Pensos ������������������������������������������������������53-54 Stresse �����������������������15-18, 47, 99-100, 125,
Período Após Abertura ���������������� 24, 27, 152 ���������������������������������������������������142, 145-146
Periodontite����������������������������������������� 110-111 Suor ���������������������������������� 40, 50-51, 126-128
Peruca���������������������������������������������������100, 103
Pés��������������������������������������������������������� 167-171
Pinça��������������������������������������������130, 132, 134
Pintar o cabelo ����������������������������������������92-96
T
Pírcingue �������������������������������������155, 157-158 Tabaco ���������������������12-13, 49, 110, 119, 142
Placa bacteriana �������������������������108-112, 118 Tabagismo������������������������������������������������12-13
Pontas espigadas������������������������������������� 88, 97 Tampões����������������������������������������������������53-54
Protetor solar ����������������������73, 151-154, 161 Tártaro�����������������������������������������109-111, 117
Publicidade �������������������������������33-36, 91, 138
Tatuagem������������������������������������������������������156
Tatuagem de hena ��������������������������������������156
Q Terçolhos��������������������������������������������������������78
Queda de cabelo��������������������������������� 100-104 Tinta
com amoníaco��������������������������������������94-95
R para cabelo��������������������������������������������92-96
Radiação solar������������������������������������������79-82 verde������������������������������������������������������95-96
Radiofrequência�������������������������130, 143-144 sem amoníaco��������������������������������������94-95
Raios ultravioletas ��������������������������39, 79, 88,
���������������������������������������������������148, 150-151 Toalhitas desmaquilhantes��������������������������69
Redução mamária����������������������������������������140 Tónico���������������������������������������������� 57, 69, 102
Rímel�����������������������veja Máscara para pestanas Transpiração��������������������������������������� 125-128
Rosácea ���������������������������������������������44, 49, 61 Transplante capilar��������������������������������������103
Rótulo���������������������24-28, 31, 33, 52, 67, 131
Tratamentos termais�������������������������145, 148

S
Sabonete ������� 48, 51-52, 57, 68-69, 162-164 U
Sabonete de inox ����������������������������������������164 Unhas�������������������������������������������164-168, 170
Sardas��������������������������������������������������������������49 Unhas de gel ������������������������������������������������167
Sauna����������������������������������146-147, 157, 168
Secador de cabelo������������������������������������������89
Seios����������������������������������������������������� 138-142 V
Selante de fissuras��������������������������������������114
Varizes�����������������������������������������137, 171-172
Sensibilidade dentária��������������������������������112
Sérum��������������������������������������������������������������73 Verniz das unhas ������������������������������� 165-167
Sinais �������������������������������49, 72, 74, 149, 154 Verrugas�����������������������������������������������158, 170

175
Saiba os benefícios das escolhas
que faz para as suas refeições.
Também em formato digital.

Descubra todo o catálogo em

www.deco.proteste.pt/guiaspraticos

Você também pode gostar