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AULAS-Introdução, Sentido e Formação Da Constituição
AULAS-Introdução, Sentido e Formação Da Constituição
DIREITO CONSTITUCIONAL
(Texto de apoio)
Parte-1
I. CONSIDERAÇÕES GERAIS
O direito constitucional é o cerne do direito público interno, uma vez que tem por
objecto a organização fundamental do Estado, designadamente estruturar o Estado,
donde deriva a subordinação dos ramos de direito público (Direito Administrativo,
Direito Penal, Direito Fiscal, Direito Aduaneiro, Direito Financeiro, Direitos
Processuais, etc) a si.
É o fundamento do direito privado, pois é o direito constitucional que define as bases
da organização económica e social do Estado, que constituem o alicerce do direito
privado (Direito Civil, Direito Comercial, Direito das Obrigações, Direito da Família,
Direito do Trabalho, Direito das Sucessões, etc).
1
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: preliminares. O Estado e os sistemas
constitucionais. Tomo I, 6ª edição, Coimbra Editora, 1997, pp.14.
2
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de direito constitucional, 28ª edição, Editora Saraiva, 2002,
pp. 17.
3
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de direito constitucional, 28ª edição, Editora Saraiva, 2002,
pp. 11.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
“Sendo lei fundamental, a lei das leis, a Constituição é a expressão imediata dos
valores jurídicos básicos acolhidos ou dominantes na comunidade politica, a sede da
ideia de Direito nela triunfante, o quadro de referência do poder político que se
pretende ao serviço desta ideia, o instrumento último de reivindicação de segurança
dos cidadãos frente ao poder. E, radica na soberania do Estado, torna-se também ponte
entre a sua ordem interna e a ordem internacional5”.
1. Sentido da constituição
Qualquer tipo de Estado e em qualquer época histórica em que este, assenta em regras
fundamentais próprias, isto é, envolve a institucionalização jurídica do poder.
Entretanto, só no século XVIII é que a Constituição começou a ser concebida como o
conjunto de regras que definem as relações do poder político e o estatuto de governantes
e governados: era o surgimento do constitucionalismo moderno6.
4
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.67.
5
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.67.
6
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
Constituições nominais: não conseguem limitar o poder político, pelo que ficam sem
realidade existencial10.
7
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de direito constitucional, 28ª edição, Editora Saraiva, 2002,
pp. 13.
8
FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de direito constitucional, 28ª edição, Editora Saraiva, 2002,
pp. 13.
9
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.23.
10
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.23.
11
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.23-24.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
12
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.26.
13
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.28.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
2. A FORMAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
Por conseguinte, há-de haver sempre uma entidade responsável pelo rompimento com a
ordem preexistente, e decide pela elaboração de uma Constituição formal que reflicta a
14
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.12.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
nova era, podendo ser ela mesma a elaborar a nova Constituição, ou designar uma
assembleia para o fazer. Tal entidade poderá ser força social, política, movimento
militar, etc. por exemplo, o caso moçambicano foi Movimento de Libertação de
Moçambique que liderou a libertação de Moçambique do julgo colonial e elaborou e
decretou a primeira Constituição de Moçambique independente em 1975.
A nova Constituição é concebida tendo em conta a ideia que o grupo que liderou o
corte com a ordem anterior, tem sobre o direito.
(I) A formação de um Estado ex novo: nos casos em que nasce um novo Estado,
nomeadamente por desmembramento, sucessão de Estado e agregação com
outros Estados;
(II) A restauração: nos casos em que um Estado volta a surgir depois do seu
eventual desaparecimento. Pode-se falar também dos casos em que se liberta de
uma ocupação estrangeira do seu território;
(III) A transformação da estrutura de um Estado: nos casos em que se verifica a
modificação da soberania, por exemplo quando um Estado passa a ser um
protectorado, ou passa a pertencer uma confederação ou sai da mesma. Uma vez
que há continuidade do Estado, o que a nível jurídico é que a nova Constituição
vai reflectir aspectos que justificaram a transformação da soberania ou do
território;
(IV) A mudança de um regime político: verifica-se apenas uma sucessão de regimes
políticos, sem alterar o Estado. Há substituição da ideia do Direito, que pode
consistir em:
15
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.76.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
(i) Formação duma Constituição nova, que traduz de forma directa e imediata o
exercício da soberania;
(ii) Heteroconstituição: nos casos em que o novo Estado ou o Estado restaurado
ou transformado assume uma constituição produzida por um outro Estado,
como é o caso de Canadá, Nova Zelândia, Austrália, Jamaica e Maurícia que
assumiram as Constituições aprovadas pelo parlamento Britânico;
(iii) Novação: nos casos em que o Estado restaurado ou transformado assume a
sua Constituição anterior ao facto que originou a transformação ou a
restauração.
16
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.80-81.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
b) A transição constitucional
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MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.87.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
Uma vez formada a ideia de direito, ou seja exercido o poder constituinte material,
segue-se o acto constituinte stricto sensu, que consiste na decretação da Constituição
formal, que no fundo trata-se de formalização da Constituição material.
Assim o poder constituinte não pode conceber uma Constituição formal que preveja, por
exemplo a escravatura, a desigualdade entre os seres humanos, sob pena dessa
Constituição ser inválida e ilegítima.
18
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.107.
19
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.107-108.
Justino Felizberto Justino, 2021- UniZambeze
Limites heterónomos de Direito interno: fazem parte desses limites, as regras sobre a
união federativa, por exemplo, uma vez que os Estados federados devem respeitar as
razões da sua existência como federados e o Estado federal deve vincular com as razoes
da sua criação.
20
MIRANDA, Jorge. Manual de direito constitucional: constituição e inconstitucionalidade. Tomo II, 3ª
edição, Coimbra Editora, 1996, pp.108.