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A relação negativa utilizada como modelo é a que une coisa à pessoa. Abarca o
direito real e o pessoal. Liga diretamente as coisas às pessoas, mas não as pessoas entre
si, criando uma solidariedade negativa, pois não apresenta finalidades coletivas nem
contribui para o corpo social, não resultando em colaboração. Ao invés de criar
solidariedade e fortalecer vínculos entre partes de uma sociedade, acaba evidenciando as
barreiras entre elas. Não há, na verdade, solidariedade aqui. Ela “só é possível quando
há outra, de natureza positiva, da qual ela é, ao mesmo tempo, resultante e condição” (p.
116)
O autor mostra dois tipos sociais tendo como base os conceitos de solidariedade
apontados. O primeiro apresenta uma estrutura segmentaria, cuja coesão social se baseia
na semelhança e na qual cada segmento tem seus próprios órgãos que são “protegidos”
de outros segmentos. Quando há uma ruptura desse equilíbrio, as barreiras caem e os
órgãos similares entram em contato. Essa aproximação permite que indivíduos antes
separados pelos segmentos se tornem em massas livres e entrem em contato, se
combinem e troquem entre si. Aqui a competição e complexidade da vida social se
acentuaria, aumentando a luta pela sobrevivência dentro da sociedade. A divisão do
trabalho permite que diferentes, e agora mais números, indivíduos convivam em certa
harmonia
A divisão do trabalho não precede então a vida social, mas deriva dela. “Há uma
vida social fora de toda divisão do trabalho, mas está a supõe” p 254. Aparece a partir
de massas pluricelulares, já dotadas de alguma coesão. As unidades sociais se agrupam
inicialmente pelas semelhanças, para posteriormente se diferenciar. Esse processo é
observado em cada estágio de evolução. Assim, a associação e a cooperação são fatos
distintos, embora o segundo reaja sobre o primeiro e o transforme, mas a dualidade dos
fenômenos não desaparece. A cooperação torna-se não apenas possível, mas necessária.
Assim, também a formação da individualidade moderna não precede a vida social nem a
coloca em risco, uma vez que é fruto desta e lhe é solidaria.
A forma como traz luz para questões sociais por vezes parece gerar divisões
muito delimitadas entre questões sociais e individuais que, ao meu ver, embora acredite
seja um reflexo tentativa de delimitar o objeto da sociologia e legitimá-la enquanto
ciência, são difíceis de serem completamente separadas, como quando trata de
consciência individual e outra coletiva. De alguma forma, provavelmente pela
influencia de um sobre o outro, a reflexão lembra-me da definição de Bourdieu (teórico
da síntese) de habitus, que traz a ideia “interiorização da exterioridade e exteriorização
da interioridade”. Ao mesmo tempo, permite, por exemplo reflexões como a de
diferenciação entre gêneros como resultado de diferentes funções e construções sociais,
desnaturalizando a questão, ou quando trata de como as necessidades ou gosto são
construções sociais.
Por fim, alguns termos, para mim, também não ficam não ficam propriamente
claros ou parecem ser utilizados para abarcar diferentes sentidos, como quando usa
sociedade, me perguntei a que se referia a um pais, a sociedade capitalista, aos povos
europeus ou outros.