1- Elabore uma reflexão sobre as bases sócio-históricas de constituição da ética.

Por intermédio do livro Ética e Serviço Social Fundamento ontológico da Maria Lucia
Silva Barroco, percebe-se que com o desenvolvimento do ser social e suas novas formas de
sobrevivência, faz-se necessário valores éticos, onde esse último vai se autoconstruindo junto
com a autoconstrução do desenvolvimento do ser social. A ética se estrutura tanto a partir das
atividades humanas do cotidiano, quanto da práxis, que amplia as capacidades facultativas
humanas do indivíduo, contudo, isso não significa dizer que todas as pessoas são motivadas a
agir eticamente em todas as suas ações.
Logo no início do capítulo 1, a autora desenvolve seu pensamento, e elucida a relação
do ser humano com a natureza, e como “[..] o homem rompe com o padrão de intercâmbio
imediato e instintivo estabelecido com a natureza”(p.19). Esse momento de transição do ser
humano como um animal, e que vai se transformando e ganhando características e novos
objetivos, que o permite ser um ser social e o diferencia dos demais, é chamado por
Lukács(ANO) como Saltos Ontológicos.
Enquanto os animais, constroem seus ninhos, buscam seus alimentos, criam seus
casulos e colmeias de maneira instintiva e por sobrevivência, o ser humano passa a ter uma
relação distinta com relação ao trabalho. O homem passa a trabalhar não mais como uma
atividade vital, e produz, livre, mesmo sem a necessidade fisiológica, como diz Marx:
“Decerto, o animal também produz. Constrói para si um ninho,
habitações, como as abelhas, os castores, formigas etc. Contudo, produz o
que necessita imediatamente para si ou para sua cria; produz
unilateralmente, enquanto que o homem produz universalmente; produz
apenas sob a dominação da necessidade física imediata, enquanto que o
homem produz mesmo livre da necessidade física e só produz
verdadeiramente na liberdade da mesma [...]” (Marx)

Aqui, a autora demonstra, através da sua leitura de Marx e Lukács, como o trabalho
insere-se no desenvolvimento do ser social, e como o mesmo faz com que, homens e
mulheres busquem novas necessidades.
O rompimento do intercâmbio entre homem e natureza, ligado a inserção do trabalho
na centralidade das relações humanas, a ética surge como nova possibilidade de
desenvolvimento do ser social. Homens e mulheres começam a ter consciência da sua
condição como ser humano, da sua raça, da sua classe, e como esses, só se constituem como
tais na relação um com o outro.
Essa consciência adquirida pelos seres humanos faz com que eles percebam como
algumas coisas são mais favoráveis para eles do que outras, cria-se alternativas, o que a
Barroco chama de gênese da liberdade. A autora enfatiza como esse é um fato importante: “ a
liberdade não é apenas um valor ou um estado de perfeição absoluta, mas uma capacidade
historicamente desenvolvida e inseparável da atividade que a objetiva” (pág. 26). Por possuir
escolhas, homens e mulheres passam a avaliar objetos e situações como úteis ou não. Como
por exemplo na história do caçador, que ao encontrar alimento, ele tem a possibilidade de
escolher se usufrui sozinho da caça, ou se leva para alimentar toda a comunidade. Com a
possibilidade de alternativas abre espaço para promoção dos valores éticos.
Com o surgimento de alternativas, surge na humanidade o que a autora chama de
valoração, e como as alternativas são escolhidas de acordo com sua utilidade social:“São
avaliados em função do trabalho, das necessidades sociais, ou seja, suas propriedades naturais
só tem valor para o homem na relação estabelecida com suas necessidades”. (pág 26)
Em Marx, a liberdade tem a ver com a “possibilidade de fazer escolhas”, o autor
mostra como o capitalismo derruba essa liberdade, quando são tiradas das pessoas a sua
possibilidade de alternativas concretas e escolher dentre elas. O capitalismo não deixa uma
pessoa escolher quantas horas ela pode trabalhar por dia, ou se ela realmente quer trabalhar.
A autora também fala sobre como a ética é algo que não se ambienta somente a um
indivíduo. A ética se objetiva de forma socialmente determinada, e de acordo com as
comunidades e culturas distintas.