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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA
COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

RODRIGO SUZANO MAGALHÃES

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE PAREDES DE


RESERVATÓRIOS CIRCULARES PROTENDIDOS:
PROTENDIDOS ESTUDO
DE CASO

Salvador
2013
RODRIGO SUZANO MAGALHÃES

ANÁLISE E DIMENSIONAMENTO DE PAREDES DE


RESERVATÓRIOS CIRCULARES PROTENDIDOS: ESTUDO
DE CASO

Monografia apresentada ao Curso de graduação


em Engenharia Civil, Escola Politécnica,
Universidade Federal da Bahia, como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Daniel de Souza Machado

Salvador
2013
MAGALHÃES, Rodrigo Suzano. Análise e dimensionamento de paredes de reservatórios
circulares protendidos. 116 f. 2013. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso) – Escola
Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

RESUMO

Esta monografia visa o desenvolvimento de planilhas para o cálculo das armaduras ativas e
passivas, além de fazer verificações das paredes de reservatórios circulares em serviço. Será
retratada toda a base para o entendimento destas ferramentas, pois serão retratados aspectos
sobre: reservatórios circulares, concreto protendido e verificações da segurança em serviço e
na ruptura. No processo de cálculo da protensão deve-se ter bastante cautela nas
determinações das perdas, que são inerentes a essa tecnologia, buscando o melhor
aproveitamento de cada material, com o objetivo de não superdimensionar ou subdimensionar
as estruturas. Para facilitar a análise e o dimensionamento destas, foram utilizadas duas
ferramentas computacionais: Excel e STRAP (software de análise estrutural que utiliza o
método dos elementos finitos). O uso deste último foi essencial para o desenvolvimento dos
cálculos, porque sanou algumas limitações impostas pelas condições de contorno dos
reservatórios circulares, que não poderiam ser simuladas pelo Excel.

Palavras-chave: reservatórios circulares, verificações da segurança, protensão, ferramentas


computacionais.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Roda de carroça (www.cidadesaopaulo.olx.com.br). .......................................... 15


Figura 1.2 – Barril de madeira (www.alecrimdocampo.com.br).............................................. 16
Figura 1.3 – Ponte protendida em balanços sucessivos (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998a).18
Figura 2.1 – Reservatório protendido parcialmente enterrado em Penafiel, Portugal
(FERREIRA, 2008). ................................................................................................................. 20
Figura 2.2 – Exemplo de um reservatório metálico apoiado (FERREIRA, 2008). .................. 20
Figura 2.3 – Reservatório elevado em Orebro, Suécia (FERREIRA, 2008). ........................... 21
Figura 2.4 – Execução de um reservatório protendido (www.tecbarragem.com.br)................ 22
Figura 2.5 – Diagrama de corpo livre para forças circunferenciais (adaptado de HIBBELER,
2004). ........................................................................................................................................ 27
Figura 2.6 – Fila horizontal de livros (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998).............................. 29
Figura 2.7 – Bainhas circulares (www.prepron.com.br). ......................................................... 38
Figura 2.8 – Exemplo de ancoragem passiva em laço (Protende, 2008). ................................. 39
Figura 2.9 – Exemplo de ancoragem ativa recomendada para lajes (Protende, 2008). ............ 39
Figura 2.10 – Perdas por atrito nos cabos (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998). ...................... 41
Figura 2.11 – Ondulações parasitas (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998). ............................... 41
Figura 2.12 – Força de protensão devido às perdas por atrito (adaptado de VERÍSSIMO E
CÉSAR JR, 1998). .................................................................................................................... 42
Figura 2.13 – Variação da deformação lenta e irreversível (NBR 6118, 2007). ...................... 53
Figura 2.14 – Variação de βf (NBR 6118, 2007)...................................................................... 56
Figura 2.15 – Variação tempo de βs (NBR 6118, 2007). ......................................................... 60
Figura 2.16 – Indicação das distâncias numa seção transversal de elemento protendido
(adaptado de FRANÇA E ISHITANI, 2001). .......................................................................... 75
Figura 2.17 – Gráfico para a determinação da área de aço em função da flexão (adaptado de
FRANÇA E ISHITANI, 2001). ................................................................................................ 77
Figura 3.1 – Planta do reservatório calculado. ......................................................................... 81
Figura 3.2 – Corte do reservatório calculado. .......................................................................... 81
Figura 3.3 – Geometria do reservatório elaborada no STRAP. ................................................ 82
Figura 4.1 – Hipóteses de protensão horizontal. ...................................................................... 86
Figura 4.2 – Tensões nos cabos após as perdas por atrito e acomodação das ancoragens na
protensão horizontal. ................................................................................................................ 87
Figura 4.3 – Comparação entre as forças de protensão e o carregamento hidrostático. ........... 92
Figura 4.4 – Tensões após as perdas por atrito e acomodação das ancoragens na protensão
vertical. ..................................................................................................................................... 94
Figura 4.5 – Gráficos para dimensionamento da armadura passiva (momento resistente de
projeto x área de aço necessária). ........................................................................................... 104
Figura 4.6 – Gráficos para dimensionamento da armadura passiva (x/d x área de aço
necessária). ............................................................................................................................. 105
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Classes de agressividade ambiental (adaptado da NBR 6118, 2007). ................. 23
Tabela 2.2 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto (adaptado
da NBR 6118, 2007). ................................................................................................................ 24

para ∆c = 10 mm (adaptado da NBR 6118, 2007).................................................................... 24


Tabela 2.3 – Correspondência entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal

Tabela 2.4 – Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura,


em função das classes de agressividade ambiental (adaptado da NBR 6118, 2007)................ 34
Tabela 2.5 – Características de cordoalhas com 7 fios (Protende, 2008). ................................ 37
Tabela 2.6 – Valores do coeficiente de atrito (adaptado de NBR 6118, 2007, e Protende,
2008). ........................................................................................................................................ 43
Tabela 2.7 – Valores dos desvios construtivos (adaptado de Protende, 2008). ........................ 44
Tabela 2.8 – Valores do escorregamento das ancoragens (adaptado de Protende, 2008). ....... 48
Tabela 2.9 – Valores de Ψ1000, em porcentagem (adaptado da NBR 6118, 2007). .................. 49
Tabela 2.10 – Valores da fluência e da retração em função da velocidade de endurecimento do
cimento (adaptado da NBR 6118, 2007). ................................................................................. 54
Tabela 2.11 – Valores numéricos usuais para a determinação da fluência e da retração
(adaptado da NBR 6118, 2007). ............................................................................................... 55
Tabela 2.12 – Coeficiente γp (adaptado da NBR 8681, 2003). ................................................. 65
Tabela 2.13 – Estados limites de serviço a considerar (adaptado de VERÍSSIMO et al, 1999).
.................................................................................................................................................. 71
Tabela 2.14 – Valores de γs (adaptado da NBR 6118, 2007). .................................................. 76
Tabela 2.15 – Taxas mínimas de armadura de flexão para seção retangular por classe de
concreto (adaptado da NBR 6118, 2007). ................................................................................ 78
Tabela 4.1 – Características geométricas e dos materiais. ....................................................... 84
Tabela 4.2 – Dados relativos à pressão da água. ...................................................................... 84
Tabela 4.3 – Características das cordoalhas horizontais. ......................................................... 85
Tabela 4.4 – Perdas por atrito ao longo dos cabos horizontais................................................. 85
Tabela 4.5 – Perdas por acomodação das ancoragens na protensão horizontal. ...................... 86
Tabela 4.6 – Perdas no equipamento de protensão nos cabos horizontais. .............................. 87
Tabela 4.7 – Perdas por encurtamento elástico do concreto na protensão horizontal. ............. 88
Tabela 4.8 – Perdas por relaxação do aço na protensão horizontal. ......................................... 88
Tabela 4.9 – Perdas por fluência do concreto na protensão horizontal. ................................... 89
Tabela 4.10 – Perdas por retração do concreto na protensão horizontal. ................................. 90
Tabela 4.11 – Resumo das perdas de protensão horizontal. ..................................................... 90
Tabela 4.12 – Alongamento teórico dos cabos horizontais. ..................................................... 91
Tabela 4.13 – Arranjo dos cabos horizontais. .......................................................................... 91
Tabela 4.14 – Esforços solicitantes verticais. ........................................................................... 92
Tabela 4.15 – Características das cordoalhas verticais............................................................. 93
Tabela 4.16 – Perdas por atrito ao longo dos cabos verticais. .................................................. 93
Tabela 4.17 – Perdas por acomodação das ancoragens na protensão vertical. ......................... 94
Tabela 4.18 – Perdas no equipamento de protensão nos cabos verticais. ................................ 95
Tabela 4.19 – Perdas por encurtamento elástico do concreto na protensão vertical. ............... 95
Tabela 4.20 – Perdas por relaxação do aço na protensão vertical. ........................................... 95
Tabela 4.21 – Perdas por fluência do concreto na protensão vertical. ..................................... 96
Tabela 4.22 – Perdas por retração do concreto na protensão vertical. ..................................... 96
Tabela 4.23 – Resumo das perdas de protensão vertical. ......................................................... 97
Tabela 4.24 – Alongamento teórico dos cabos verticais. ......................................................... 97
Tabela 4.25 – Arranjo dos cabos verticais. ............................................................................... 98
Tabela 4.26 – Verificação da compressão excessiva devido aos cabos horizontais................. 99
Tabela 4.27 – Verificação da compressão excessiva devido aos cabos verticais. .................... 99
Tabela 4.28 – Verificação da deformação excessiva devido aos cabos verticais. .................. 100
Tabela 4.29 – Forças de protensão por trecho. ....................................................................... 101
Tabela 4.30 – Força resultante por trecho. ............................................................................. 101
Tabela 4.31 – Determinação da armadura passiva horizontal. ............................................... 102
Tabela 4.32 – Hipóteses para o cálculo da armadura passiva vertical. .................................. 103
Tabela 4.33 – Resumo dos parâmetros obtidos através das hipóteses.................................... 104
Tabela 4.34 – Verificação de x/d e arranjo da armadura passiva. .......................................... 105
LISTA DE SÍMBOLOS

LETRAS ROMANAS MAIÚSCULAS

Ac Área da seção transversal de concreto

Ac ,eq Área da seção transversal de concreto equivalente

Ap Área da seção transversal do cabo de protensão

As , mín Área de aço mínima da armadura passiva

As ,nec Área de aço da armadura passiva necessária

Ec Módulo de deformação elástica secante do concreto

Ep Módulo de deformação elástica do aço de protensão (≈ 195000 MPa)

Es Módulo de deformação elástica do aço da armadura passiva (≈ 210000 MPa)

Fd Valor de cálculo das ações para combinações últimas

Fd ,uti Valor de cálculo das ações para combinações de utilização

FG ,k Valor característico das ações permanentes

FQ ,exc Valor da ação transitória excepcional

FQ ,k Valor característico das ações variáveis

FQ1 Ação variável considerada como principal para a combinação

FQ1,k Valor característico da ação variável considerada como principal para a

combinação
Hp Altura da parede do reservatório

Ic Momento de inércia da seção transversal de concreto

L Comprimento do cabo correspondente ao alongamento que está sendo calculado


M des Momento de descompressão

Mg Momento fletor proveniente das cargas mobilizadas pela protensão

M g + p ,máx Momento máximo proveniente das combinações entre as cargas permanentes e

variáveis
Mr Momento de fissuração

M rd Momento resistente de projeto


Ms Momento fletor solicitante no sentido vertical da parede

M sd Momento solicitante de projeto

P Força de protensão inicial, considerando as perdas iniciais


Ρd Força de protensão de cálculo

Ρi Força máxima aplicada à armadura de protensão pelo equipamento de tração

Ρn Força de neutralização da protensão

Ρr Força resultante absorvida pela armadura passiva

Ρx Força resultante após a perda por atrito ao longo do cabo

Ρ∞ Força de protensão após a ocorrência de todas as perdas progressivas


R Raio de cálculo do reservatório (considerando o eixo da parede)
Rcd Força resultante de compressão no concreto

R pd Força resultante de tração na armadura ativa

T Temperatura média diária do ambiente, em graus Celsius

U% Umidade relativa do ambiente


W Módulo de rigidez à flexão

LETRAS ROMANAS MINÚSCULAS

bw Largura da seção considerada

d Altura útil da seção


dp Distância da face comprimida do elemento sujeito à flexão ao centro de gravidade

da armadura ativa
dy Parcela infinitesimal da altura do reservatório

ep Posição do centro de gravidade (C.G.) do cabo em relação ao C.G. da peça na

seção considerada
fc Resistência à compressão do concreto

f ck Resistência característica à compressão do concreto

f ckj Resistência característica à compressão do concreto aos dias de idade

f ctk Resistência característica do concreto a tração


f ctk ,inf Resistência característica inferior do concreto à tração

f ptk Resistência característica à tração do aço de armadura ativa

f pyd Resistência de projeto ao escoamento do aço da armadura ativa

h Espessura da parede

h fic Espessura fictícia da peça

k Coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não intencionais do cabo
n Número de cabos
p Pressão hidrostática na parede do reservatório
r Raio interno do cilindro
t Idade fictícia do concreto no instante considerado

t0 Idade fictícia do concreto no instante em que o efeito da retração na peça começa


a ser considerado
t∞ Tempo infinito

u ar Parte do perímetro externo da seção transversal da peça em contato com o ar

wk Abertura característica de fissuras na superfície do concreto

x Profundidade da linha neutra


xa Comprimento com atrito

xr Comprimento de influência das perdas por acomodação das ancoragens

yt Distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada

LETRAS GREGAS MAIÚSCULAS

∆c Tolerância de execução para o cobrimento


∆L Pré-alongamento do cabo
∆Px Perda de tração por atrito no cabo na seção de abscissa xa

∆t ef Período, em dias, durante o qual a temperatura média diária do ambiente, pode ser

admitida constante
∆σ Perda da tensão de protensão por unidade de comprimento

∆σ p,ac Perda de tensão por acomodação dos dispositivos de ancoragem


∆σ p,at Perda de tensão por atrito ao longo do cabo

∆σ p,di Perda média de protensão por cabo, devido à deformação imediata do concreto

∆σ p,eq Perdas de tensão por atrito que ocorrem internamente no macaco de protensão

∆σ p, fl Perdas de tensão por fluência do concreto

∆σ p,re Perdas de tensão por retração do concreto

∆σ p,rp Perda de tensão por relaxação pura

∆σ p,tot Perdas finais de protensão

LETRAS GREGAS MINÚSCULAS

α Coeficiente dependente da velocidade de endurecimento do cimento


αθ Ângulos de desvio previstos, no trecho compreendido entre as abscissas 0 e xa

αp Razão entre E p e E c

αt Fator que correlaciona, aproximadamente, a resistência à tração na flexão com a


resistência a tração direta
βd Coeficiente relativo à deformação lenta reversível

βf Coeficiente relativo à deformação lenta irreversível, função da idade do concreto

βs Coeficiente relativo à retração

γ Coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente

γg Coeficiente de ponderação para as ações permanentes

γp Coeficiente de ponderação das cargas oriundas da protensão

γq Coeficiente de ponderação para as ações variáveis

γs Coeficiente de ponderação da resistência do aço

δr Valor dos deslocamentos das cunhas

ε 1s Coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente e da consistência do


concreto
ε 2s Coeficiente dependente da espessura fictícia da peça

εc Deformação específica do concreto


ε c,tot Deformação específica do concreto total

ε cc Deformação por fluência do concreto

ε cca Deformação por fluência do concreto rápida

ε ccd Deformação por fluência do concreto lenta e reversível

ε ccf Deformação por fluência do concreto lenta e irreversível

ε cs Valor da retração no instante considerado

ε cs∞ Valor final da retração

εp Deformação específica da armadura ativa

ε pn Deformação na armadura ativa decorrente da força de neutralização da protensão

ε pt Deformação total da armadura ativa

εs Deformação específica do aço da armadura passiva

κ Nível de protensão
µ Valor médio do coeficiente de atrito ao longo do comprimento do cabo

ρ mín Taxa geométrica mínima de armadura passiva

σ1 Tensão circunferencial uniforme na parede

σc Tensão de compressão no concreto

σ cp Tensão de compressão no concreto no centro de gravidade da armadura ativa

σM Tensão de tração devido ao momento fletor

σp Tensão no aço de protensão

σ pd Tensão de projeto na armadura de protensão

σ pi Tensão na armadura de protensão no instante do seu estiramento (após perdas

iniciais)
σ sd Tensão de projeto na armadura passiva

ϕ Coeficiente de fluência

ϕ1c Coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente e da consistência do


concreto
ϕ 2c Coeficiente dependente da espessura fictícia da peça

ϕa Coeficiente de deformação rápida


ϕd Coeficiente de deformação lenta reversível

ϕ d∞ Valor final do coeficiente de deformação lenta reversível

ϕf Coeficiente de deformação lenta irreversível

ϕ f∞ Valor final do coeficiente de deformação lenta irreversível

Ψ Valor da relaxação de fios e cordoalhas para tempos diferentes de 1000 h

Ψ0 Fator de combinação para ações variáveis diretas no ELU

Ψ0,ef Fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que podem agir

concomitantemente com a ação principal, durante a situação transitória


Ψ1 Fator de redução de combinações para as ações variáveis no ELS

Ψ2 Fator de redução de combinações para as ações variáveis no ELS


Ψ1000 Relaxação de fios e cordoalhas, após 1000 h a 20°C
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 15
1.1 OBJETIVO .................................................................................................... 19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 19
2.1 RESERVATÓRIOS CIRCULARES ............................................................ 19
2.1.1 Classificação dos reservatórios .................................................................. 19
2.1.2 Recomendações gerais para garantir durabilidade em reservatórios ......... 22
2.1.3 Considerações de carregamentos nas paredes ............................................ 24
2.1.4 Cálculo dos esforços solicitantes nas paredes ............................................ 26
2.1.4.1 Tensões horizontais através dos vasos de pressão em paredes finas (adaptado de
HIBBELER, 2004)............................................................................................................... 26
2.1.4.2 Tensões verticais causadas pela ação do momento fletor............................................. 28
2.2 FUNDAMENTOS DO CONCRETO PROTENDIDO ................................ 29
2.2.1 Conceitos básicos ....................................................................................... 29
2.2.1.1 Protensão ...................................................................................................................... 29
2.2.1.2 Grau de resiliência da protensão ................................................................................... 30
2.2.1.3 Definições segundo a NBR 6118 (2007) ...................................................................... 30
2.2.2 Níveis de protensão .................................................................................... 31
2.2.2.1 Níveis ............................................................................................................................ 32
2.2.2.2 Escolha do nível de protensão, de acordo com as prescrições da NBR 6118 (2007)... 33
2.2.3 Materiais ..................................................................................................... 34
2.2.3.1 Concreto ....................................................................................................................... 35
2.2.3.2 Aço para armadura ativa ............................................................................................... 35
2.2.3.3 Aço para armadura passiva ........................................................................................... 37
2.2.3.4 Bainha ........................................................................................................................... 37
2.2.3.5 Nata de injeção ............................................................................................................. 38
2.2.3.6 Ancoragens ................................................................................................................... 39
2.2.4 Perdas de protensão .................................................................................... 40
2.2.4.1 Perdas imediatas ........................................................................................................... 40
2.2.4.2 Perdas progressivas....................................................................................................... 48
2.2.4.3 Perdas finais de protensão ............................................................................................ 61
2.2.5 Dimensionamento das armaduras ativas .................................................... 63
2.2.5.1 Dimensionamento das armaduras ativas horizontais .................................................... 63
2.2.5.2 Dimensionamento das armaduras ativas verticais ........................................................ 63
2.2.6 Cálculo do alongamento da armadura ativa ............................................... 64
2.3 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA............................................................ 65
2.3.1 Homogeneização da seção ......................................................................... 66
2.3.2 Combinações das ações (adaptado da NBR 8681, 2003) .......................... 67
2.3.2.1 Combinações de serviço das ações ............................................................................... 67
2.3.2.2 Combinações últimas das ações (NBR 8681, 2003)..................................................... 68
2.3.3 Estados Limites de Serviços (ELS) ............................................................ 70
2.3.3.1 Estado Limite de Descompressão (ELS-D) .................................................................. 71
2.3.3.2 Estado Limite de Formação de Fissuras (ELS-F)......................................................... 71
2.3.3.3 Estado Limite de Compressão Excessiva (ELS-CE) .................................................... 72
2.3.3.4 Estado Limite de Deformações Excessivas (ELS-DEF) .............................................. 73
2.3.4 Estados Limites Últimos (ELU) ................................................................. 73
2.3.4.1 Estado limite último devido às solicitações normais (considerando a ação da flexão) 74
2.3.4.2 Estado limite último devido a solicitações normais (considerando a ação de tração
axial) .................................................................................................................................... 78

3 METODOLOGIA .......................................................................................... 80

4 ANÁLISE E RESULTADOS ........................................................................ 83


4.1 DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE CABOS ................................ 83
4.1.1 Protensão horizontal ................................................................................... 84
4.1.2 Protensão vertical ....................................................................................... 92
4.2 VERIFICAÇÕES DO CONCRETO NO ELS .............................................. 98
4.2.1 Protensão horizontal ................................................................................... 98
4.2.2 Protensão vertical ....................................................................................... 99
4.3 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA PASSIVA E ATIVA PELO
ELU ............................................................................................................... 100
4.3.1 Direção horizontal .................................................................................... 100
4.3.2 Direção vertical ........................................................................................ 102

5 CONCLUSÕES ............................................................................................ 106

6 TRABALHOS FUTUROS........................................................................... 107


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 108
ANEXO A – TABELAS DA NBR 8681 (2003) ............................................. 110
ANEXO B – DESENHOS DO PROJETO ESTRUTURAL ....................... 113
15

1 INTRODUÇÃO

A ideia de protensão já é muito antiga, pois este princípio já era utilizado em objetos simples
como rodas de carroça (Figura 1.1) e barris (Figura 1.2). Apesar disto, a protensão aplicada ao
concreto só foi incrementada nos últimos 100 anos.

No caso das rodas de carroça, o aro de aço, aquecido de tal forma a ter seu diâmetro
aumentado pela dilatação do aço, é então colocado em torno da roda de madeira pré-montada.
Com o resfriamento, o aro de aço tende a voltar a ter seu diâmetro inicial, mas encontrando
oposição da roda de madeira, aplica esforços sobre ela, protendendo-a, solidarizando-a
(HANAI, 2005).

Figura 1.1 – Roda de carroça (www.cidadesaopaulo.olx.com.br).

Já com os barris, não se utiliza o aquecimento das cintas metálicas, mas é executada uma
operação mecânica em que elas são forçadas a uma posição correspondente a um diâmetro
maior, ficando assim tracionadas e comprimindo transversalmente os gomos do barril
(HANAI, 2005).
16

Figura 1.2 – Barril de madeira (www.alecrimdocampo.com.br).

Será retratado um breve histórico do concreto armado e protendido (adaptado de


VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998a):

• 1824: criação do cimento Portland;

• meados do século 19: já se conhecia mundialmente a possibilidade de reforçar


elementos de concreto através de armaduras de aço;

• 1855: foi fundada a primeira fábrica de cimento Portland alemã e o francês Lambot
patenteou uma técnica para a fabricação de embarcações de concreto armado;

• 1867: o francês Monier começou a fabricar vasos, tubos, lajes, e pontes utilizando
concreto com armadura de aço. Nessa época as construções em concreto armado eram
desenvolvidas em bases empíricas;

• 1877: o americano Hyatt reconheceu claramente o efeito da aderência entre o concreto


e a armadura, após executar vários ensaios com construções de concreto. A partir de
então se passou a colocar a armadura apenas do lado tracionado das peças;

• 1886: foi anunciada a primeira proposição de pré-tensionar o concreto pelo americano


P. H. Jackson. No mesmo ano o alemão Matthias Koenen desenvolveu um método de
dimensionamento empírico para alguns tipos de construção de concreto armado,
baseado em resultados de ensaios segundo o sistema Monier;
17

• fim do século 19: seguiram-se várias patentes de métodos de protensão e ensaios, sem
êxito. A protensão se perdia devido à retração e fluência do concreto, desconhecidas
na época;

• 1902: Mörsch desenvolveu a teoria iniciada por Koenen, endossando suas proposições
através de inúmeros ensaios. Os conceitos desenvolvidos por Mörsch constituíram, ao
longo de décadas e em quase todo o mundo, os fundamentos da teoria do concreto
armado, e seus elementos essenciais ainda são válidos;

• 1912: Koenen e Mörsch reconheceram que o efeito de uma protensão reduzida era
perdido com o decorrer do tempo, devido à retração e fluência do concreto;

• 1919: K. Wettstein fabricou, na Alemanha, painéis de concreto, protendidos com


cordas de aço para piano (possuem alta resistência);

• 1923: o americano R. H. Dill reconheceu que se deveriam utilizar fios de alta


resistência sob elevadas tensões para superar as perdas de protensão;

• 1924: o francês Eugene Freyssinet já havia empregado a protensão para reduzir o


alongamento de tirantes em galpões com grandes vãos;

• 1928: Freyssinet apresentou o primeiro trabalho consistente sobre concreto


protendido, reconhecendo a importância da protensão da armadura em obras nas
construções civis. Ele se tornou uma das pessoas mais importantes no
desenvolvimento da tecnologia do concreto protendido;

• 1948: foi feita primeira obra em concreto protendido no Brasil, a ponte do Galeão (Rio
de Janeiro), utilizando o sistema Freyssinet. Para esta obra foi tudo importado da
França: o aço, as ancoragens, os equipamentos e até o projeto;

• 1949: o desenvolvimento do concreto protendido se acelerou;

• 1950: realizou-se em Paris a primeira conferência sobre concreto protendido, surgiu a


FIP (Federation Internationale de La Precontrainte), Finster Walder executou a
primeira ponte em balanços sucessivos (exemplo na Figura 1.3) e nesta época
surgiram as cordoalhas de fios. O sistema de colocar os cabos de protensão em
18

bainhas, no interior da seção transversal de concreto, tendo a aderência fornecida por


meio da injeção de uma argamassa, se impôs definitivamente;

Figura 1.3 – Ponte protendida em balanços sucessivos


(VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998a).

• 1952: a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira iniciou a fabricação do aço de


protensão no Brasil;

• 1953: foi publicada a DIN 4227, norma alemã de concreto protendido;

• 1956: a partir deste ano seguiu-se um aumento da capacidade das unidades de


protensão e a racionalização dos métodos construtivos, principalmente na construção
de pontes;

• década de 1970: consagrou-se a preferência por cabos protendidos internos,


constituídos por cordoalhas ancoradas individualmente por meio de cunhas. Este
sistema tornou-se o mais competitivo por permitir a construção de cabos de grande
capacidade, com protensão da ordem de 200 tf a 600 tf;

• 1978: o Comité Euro-Internacional Du Betón (Comitê Euro-Internacional do


Concreto) publicou o código modelo para estruturas de concreto armado e concreto
protendido. Muitas entidades de normalização em vários países utilizam este
documento com base para a elaboração de suas normas técnicas.
19

Após este breve histórico e restringindo o assunto agora para os reservatórios, quanto maiores
às dimensões externas destes, mais significativos serão os esforços que incidem sobre a
estrutura. Logo, serão necessárias maiores áreas de aço e espessuras dos elementos estruturais
para combatê-los.

Considerando a utilização do tradicional método do concreto armado, os gastos com concreto


e aço podem inviabilizar uma construção de reservatórios de grandes dimensões, devido às
grandes solicitações às quais a estrutura estará submetida. Contudo, se a técnica do concreto
protendido for empregada, a quantidade utilizada destes materiais será menor, pois haverá a
adição de armaduras ativas, que têm maior capacidade de resistir à tração do que as passivas
(usadas no concreto armado), possibilitando uma diminuição na espessura dos elementos
estruturais.

1.1 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é desenvolver um projeto estrutural de um reservatório circular


protendido.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Nesta seção serão abordados alguns aspectos referentes aos reservatórios circulares, concreto
protendido e verificação da segurança.

2.1 RESERVATÓRIOS CIRCULARES

Serão explanados, em seguida, alguns itens para um melhor entendimento dos reservatórios,
especialmente os circulares.

2.1.1 Classificação dos reservatórios

Segundo Ferreira (2008), os reservatórios podem ser classificados de acordo com:


20

• Função – distribuição ou equilíbrio, regularização de bombeamento, reserva para


combate a incêndio e armazenamento de líquidos diversos;

• Implantação – enterrados, semi-enterrados (Figura 2.1), apoiados (Figura 2.2) e


elevados ou torres de pressão (Figura 2.3);

Figura 2.1 – Reservatório protendido parcialmente enterrado em


Penafiel, Portugal (FERREIRA, 2008).

Figura 2.2 – Exemplo de um reservatório metálico apoiado


(FERREIRA, 2008).
21

Figura 2.3 – Reservatório elevado em Orebro, Suécia


(FERREIRA, 2008).

• Capacidade – pequenos (volume < 500 m3), médios (entre 500 m3 e 5000 m3) e
grandes (volume > 5000 m3);

• Forma da secção – quadrados, retangulares, circulares e de secção qualquer variável;

• Complexidade da construção – simples (não compartimentados), compartimentados,


sobrepostos e sobrepostos e compartimentados;

• Natureza do líquido armazenado – água, vinho, cerveja, hidrocarbonetos, esgoto, entre


outros;

• Modo de encerramento – não cobertos e cobertos;

• Material constituinte – concreto armado, concreto protendido (Figura 2.4) e aço


(metálicos) (Figura 2.2).
22

Figura 2.4 – Execução de um reservatório protendido


(www.tecbarragem.com.br).

2.1.2 Recomendações gerais para garantir durabilidade em reservatórios

Segundo Ferreira (2008), o tempo de vida de um reservatório depende da durabilidade dos


seus componentes. Se a estrutura for dimensionada convenientemente, executada com
materiais de qualidade e por mão-de-obra especializada, deverá desempenhar eficientemente a
função para a qual foi projetada durante 40 a 60 anos. Deve-se notar que alguns elementos,
como as juntas de dilatação, poderão ter que ser substituídos ou reparados durante esse
período de tempo.

No que diz respeito à manutenção, a estrutura deve ser inspecionada regularmente. O


projetista deve fornecer ao usuário da obra um documento em que estão listados os itens que
devem ser examinados durante as observações e a frequência com que tais observações serão
realizadas (“check-list”). Deste modo, deve ser observado o estado do concreto, verificando se
existe fendilhamento, orifícios ou deterioração das paredes ou do fundo. O aparecimento de
manchas de ferrugem será motivo de alerta, pois geralmente indicia corrosão das armaduras.

Um fator que dá maior garantia de durabilidade de um reservatório é a utilização de concreto


de baixa permeabilidade. Além de ser necessário para a realização de uma estrutura estanque,
permite que sejam aumentadas as resistências aos ataques químicos e à erosão das paredes,
possibilitando uma melhor proteção das armaduras. A obtenção de um concreto com estas
23

características revela-se de vital importância e passa pela escolha do tipo de cimento, da


relação água/cimento, da granulometria dos agregados, aplicação de aditivos e controle das
condições da forma e cura. Também é necessária a realização de um bom adensamento, no
momento da concretagem, para evitar a segregação.

Por outro lado, a resistência à compressão não é por si só uma medida completa da
durabilidade do concreto, dado que esta depende principalmente das propriedades das
camadas superficiais. A forma e a cura, pelo contrário, assumem uma influência decisiva
sobre a permeabilidade destas camadas.

A consideração dos valores de cobrimento mínimo, qualidade do concreto e relação


água/cimento em massa são fatores relevantes para garantir a durabilidade do reservatório. A
NBR 6118 (2007) sugere esses valores em função da classe de agressividade ambiental
(Tabela 2.1, Tabela 2.2 e Tabela 2.3):

Tabela 2.1 – Classes de agressividade ambiental (adaptado da


NBR 6118, 2007).
Classe de Classificação geral do Risco de deterioração
agressividade Agressividade tipo de ambiente de para efeito da
ambiental projeto estrutura
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana Pequeno
Marinha
III Forte Grande
Industrial
Industrial
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
24

Tabela 2.2 – Correspondência entre classe de agressividade e


qualidade do concreto (adaptado da NBR 6118, 2007).
Classe de agressividade ambiental
Concreto Tipo
I II III IV
Relação CA ≤ 0,65 ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,45
água/cimento
em massa CP ≤ 0,60 ≤ 0,55 ≤ 0,50 ≤ 0,45
Classe de CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40
concreto CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40
CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado
CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido

ambiental e cobrimento nominal para ∆c = 10 mm (adaptado da


Tabela 2.3 – Correspondência entre classe de agressividade

NBR 6118, 2007).


Classe de agressividade ambiental
Componente
Tipo de
ou I II III IV
estrutura
elemen o
Cobrimento nominal (mm)

Concreto Laje 20 25 35 45
armado Viga/Pilar 25 30 40 50
Concreto
Todos 30 35 45 55
protendido
Cobrimento nominal da armadura que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas,
sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de
corrosão fragilizante sob tensão.

onde:

• ∆ é a tolerância de execução para o cobrimento.

2.1.3 Considerações de carregamentos nas paredes

A seguir, serão feitos breves comentários sobre algumas ações que poderão influenciar
significativamente nos esforços das paredes de reservatórios circulares:

• Reações da tampa
25

Em geral, nas tampas de grandes reservatórios são levados em conta: o peso próprio, carga
acidental e variação de temperatura. Sobre os dois primeiros efeitos, não há muita
novidade, entretanto se devem fazer observações importantes em relação ao último.
Normalmente, nos modelos de cálculo de reservatórios, são consideradas variações de
temperatura na faixa dos 15° C, atuando apenas na tampa. Esta é uma ponderação para
que se atinja a situação mais crítica que esta ação pode provocar. Para combatê-la, é
habitual a utilização de um reforço de armadura passiva horizontal na parede, próximo à
tampa.

• Empuxo do solo

Só será levado em conta nos cálculos se o reservatório for, pelo menos, parcialmente
enterrado. Quando é considerado, calcula-se através do produto entre o coeficiente de
empuxo ativo do solo, sua altura e peso específico. É importante ressaltar que este
carregamento não deve ser posto na mesma combinação da pressão hidrostática, visando
uma situação mais crítica para a parede. Portanto, o empuxo de terra deve constar na
combinação da protensão, pois seus efeitos são contrários aos efeitos da água.

• Retração

Habitualmente, é considerada como uma variação de temperatura de -25° C atuando


apenas na parede (situação mais delicada para o reservatório). Contudo, a retração é
considerada como uma perda de protensão, ou seja, quem combate a tração horizontal que
este carregamento gera, em paredes de concreto protendido, é a armadura ativa.

• Pressão hidrostática

É a grande ação a ser resistida pelos cabos de protensão das paredes dos reservatórios
circulares. Sua determinação é simples, bastando multiplicar o peso específico da água
pela sua altura. Por se tratar de uma pressão e não de uma tensão, não é necessário
nenhum coeficiente para se determinar o empuxo da água, ou seja, as tensões horizontais e
verticais hidrostáticas são iguais.

• Protensão

Nos modelos de cálculo, é a ação mais significativa contrária a água, não devendo entrar
nas combinações junto com a pressão hidrostática, por uma questão de segurança. Neste
26

trabalho será demonstrado como se chega a este valor e o quão importante é este efeito
para as paredes de reservatórios circulares.

• Carregamento extra

Segundo Anchor (1992), deve ser adicionada à pressão hidrostática uma solicitação para
que a parede do reservatório sempre fique comprimida com pelo menos 1 MPa de tensão
horizontal, ou seja, é adicionada à pressão hidrostática uma tensão para aumentar o seu
valor em 1 MPa, em toda a extensão da parede. Com isso, a distribuição do empuxo de
água deixa de ter um formato triangular, tornando-se trapezoidal. Utilizada somente para
os cálculos da armadura ativa horizontal.

2.1.4 Cálculo dos esforços solicitantes nas paredes

Quando se faz o dimensionamento das paredes de reservatórios retangulares, consideram-se


como principais esforços os momentos fletores, tanto no sentido vertical quanto no horizontal.
Já para os circulares, a análise na vertical é semelhante, contudo na horizontal o efeito da
flexão é desprezível. Logo, deve-se considerar neste sentido o efeito do esforço normal,
proveniente da pressão hidrostática, que é determinado através do método dos vasos de
pressão em paredes finas.

A seguir, serão retratados os cálculos das tensões horizontais e verticais na parede de um


reservatório circular.

2.1.4.1 Tensões horizontais através dos vasos de pressão em paredes finas (adaptado de
HIBBELER, 2004)

Em geral, o vaso de paredes finas é aquele com uma relação raio interno sobre espessura da
parede maior ou igual a 10, ou seja, ⁄ 10. Quando isto ocorre, a distribuição de tensão
na sua espessura não varia significativamente, de modo que a consideremos uniforme ou
constante.

Para determinar a tensão circunferencial, deve-se considerar o diagrama de corpo livre da


Figura 2.5.
27

Figura 2.5 – Diagrama de corpo livre para forças circunferenciais


(adaptado de HIBBELER, 2004).

Essas cargas são desenvolvidas pela tensão circunferencial uniforme ( ), que atua sobre toda
a parede do vaso, e pela pressão hidrostática existente ( ). Para o equilíbrio da seção, é
preciso que o somatório das forças horizontais seja nulo, o que é considerado na Equação
(2.1).

2 · 2 · 0 (2.1)

Onde:

• é a parcela infinitesimal da altura do reservatório.

Dividindo os dois lados da Equação (2.1) por 2 , chegamos a:

(2.2)

Com isso, já é possível determinar a tensão horizontal de tração, gerada na parede de um


reservatório circular, proveniente da pressão hidrostática.
28

2.1.4.2 Tensões verticais causadas pela ação do momento fletor

Para determinar as tensões máximas geradas pelo momento fletor num reservatório circular,
deve-se seguir o seguinte procedimento:

• Calcula-se o momento gerado pelas ações externas;

• Define-se o momento de inércia da seção transversal de concreto ( ). Para as


retangulares:

12
(2.3)

onde:

− é a largura da seção considerada.

• Determina-se a distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada ( );

• Calcula-se W (módulo de rigidez à flexão):

(2.4)

• Agora, já é possível determinar a tensão de tração devido ao momento fletor ( ):

(2.5)

onde:

− é o momento fletor solicitante no sentido vertical da parede.


29

2.2 FUNDAMENTOS DO CONCRETO PROTENDIDO

2.2.1 Conceitos básicos

Nesta seção serão explanados alguns conceitos necessários para que se entenda o emprego do
concreto protendido nas paredes de reservatórios circulares.

2.2.1.1 Protensão

A protensão é um artifício que consiste em introduzir numa estrutura um estado prévio de


tensões capaz de melhorar sua resistência ou seu comportamento, sob diversas condições de
carga (Pfeil, 1983).

Este conceito pode ser visualizado em simples atividades do dia-a-dia, como carregar uma fila
de livros empilhados na horizontal, por exemplo. Por serem peças soltas, é necessário que
antes de levantar a pilha seja introduzida uma força horizontal, comprimindo os livros e ao
mesmo tempo mobilizando forças verticais de atrito. Portanto, é indispensável que antes de
carregar a fila de livros, seja mobilizada uma força normal causadora de tensões prévias de
compressão no sistema. Se isto não ocorrer, haverá o aparecimento de uma tensão tracionando
a parte inferior, como uma viga simplesmente apoiada. A força normal aplicada no conjunto
pode ser entendida como uma forma de protensão, com o objetivo de criar tensões prévias
contrárias àquelas prejudiciais ao desejado (Figura 2.6).

Figura 2.6 – Fila horizontal de livros (VERÍSSIMO E CÉSAR


JR, 1998).

Para o caso de paredes de reservatórios circulares, podem haver cabos horizontais de


protensão (para resistir às forças de tração) e verticais (para opor-se a flexão).
30

2.2.1.2 Grau de resiliência da protensão

Este é um critério não citado em norma, mas é importante que se tenha conhecimento.
Segundo Leonhardt (1983):

• protensão de elevada resiliência: quando for utilizado um aço para protensão de


resistência muito elevada, com grande alongamento (alongamento elástico) de tal
modo que a perda da força de protensão devida a retração e a fluência permaneça
pequena;

• protensão de baixa resiliência: quando o aço de protensão for de resistência moderada


(podem ocorrer grandes perdas de protensão);

• protensão não resiliente: quando a estrutura de concreto for protendida entre dois
encontros rígidos com macacos hidráulicos planos (macacos externos), de modo que o
alongamento elástico que ocorre é exclusivamente o encurtamento do concreto e dos
encontros.

Neste último tipo de protensão perde-se quase que completamente por efeito da retração e
da fluência ou por diminuição da temperatura. Deve-se, por isso, prever uma possibilidade
de protensão posterior.

2.2.1.3 Definições segundo a NBR 6118 (2007)

• elementos de concreto protendido: aqueles nos quais parte das armaduras é


previamente alongada por equipamentos especiais de protensão com a finalidade de,
em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os deslocamentos da
estrutura e propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta resistência no estado
limite último (ELU);

• armadura passiva: qualquer armadura que não seja usada para produzir forças de
protensão, isto é, que não seja previamente alongada;

• armadura ativa (de protensão): constituída por barra, fios isolados ou cordoalhas,
destinada à produção de forças de protensão, isto é, na qual se aplica um pré-
alongamento inicial;
31

• concreto com armadura ativa pré-tracionada (protensão com aderência inicial):


concreto protendido em que o pré-alongamento da armadura ativa é feito utilizando-se
apoios independentes do elemento estrutural, antes do lançamento do concreto, sendo
a ligação da armadura de protensão com os referidos apoios desfeita após o
endurecimento do concreto; a ancoragem no concreto realiza-se só por aderência;

• concreto com armadura ativa pós-tracionada (protensão com aderência posterior):


concreto protendido em que o pré-alongamento da armadura ativa é realizado após o
endurecimento do concreto, sendo utilizadas, como apoios, partes do próprio elemento
estrutural, criando posteriormente aderência com o concreto de modo permanente,
através da injeção das bainhas;

• concreto com armadura ativa pós-tracionada sem aderência (protensão sem aderência):
concreto protendido em que o pré-alongamento da armadura ativa é realizado após o
endurecimento do concreto, sendo utilizados, como apoios, partes do próprio elemento
estrutural, mas não sendo criada aderência com o concreto, ficando a armadura ligada
ao concreto apenas em pontos localizados.

2.2.2 Níveis de protensão

Leonhardt (1983) define o nível de protensão para peças fletidas através da Equação (2.6):

!
"#

$%&,(á*
(2.6)

onde:

• ! é o nível de protensão;

• "# é o momento de descompressão;

• $%&,(á* é o momento máximo proveniente das combinações entre as cargas


permanentes e variáveis.
32

Esta formulação cabe perfeitamente à análise da protensão no sentido vertical, em paredes de


reservatórios circulares. Entretanto, tratando-se da outra direção, é melhor que sejam
consideradas tensões, ao invés de momentos, devido à diferente análise estrutural que deve ser
realizada nos 2 sentidos. Isto não muda significativamente o conceito de níveis de protensão
proposto por Leonhardt.

2.2.2.1 Níveis

A NBR 6118 (2007) preconiza o concreto protendido em 3 níveis: protensão completa,


limitada e parcial. Porém, Leonhardt considera, além destes, a protensão moderada e a total,
sem levar em conta a completa. A seguir, será retratado cada nível.

2.2.2.1.1 Protensão completa

Existe protensão completa quando se verificam as duas condições seguintes:

• para as combinações frequentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o estado


limite de descompressão;

• para as combinações raras de ações, quando previstas no projeto, é respeitado o estado


limite de formação de fissuras.

Considerando a Equação (2.6), pode-se dizer que neste nível de protensão o valor de ! é
ligeiramente inferior a 1.

2.2.2.1.2 Protensão limitada

Existe protensão limitada quando se verificam as duas condições seguintes:

• para as combinações quase permanentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o


estado limite de descompressão;

• para as combinações frequentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o estado


limite de formação de fissuras.
33

2.2.2.1.3 Protensão parcial

Existe protensão parcial quando se verificam as duas condições seguintes:

• para as combinações quase permanentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o


estado limite de descompressão (esta condição não é mais exigida, mas pode ser
eventualmente considerada como uma condição complementar de projeto);

• para as combinações frequentes de ações, previstas no projeto, é respeitado o estado


limite de abertura de fissuras, com +, ≤ 0,2 mm (abertura característica de fissuras na
superfície do concreto).

2.2.2.1.4 Protensão total

Este nível é semelhante à protensão completa. Porém, a grande diferença é que ! 1.

2.2.2.1.5 Protensão moderada

Segundo Leonhardt (1983), ocorre quando, em estruturas que não possuem vãos livres, a
protensão é utilizada exclusivamente para evitar juntas de dilatação, para a prevenção de
fissuras de separação ou similares. Também é caracterizada quando se empregam cabos de
protensão somente para a diminuição da fissuração ou das deformações, sem serem levados
em conta no cálculo da capacidade resistente.

2.2.2.2 Escolha do nível de protensão, de acordo com as prescrições da NBR 6118 (2007)

Esta escolha está relacionada ao tipo de construção, à agressividade ambiental (Tabela 2.1) e
às exigências relativas à fissuração e às combinações de ações de serviço (Tabela 2.4).
34

Tabela 2.4 – Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração


e à proteção da armadura, em função das classes de agressividade
ambiental (adaptado da NBR 6118, 2007).
Classe de
Exigências Combinação de
Tipo de concreto agressividade
relativas à ações em serviço a
estrutural ambiental (CAA) e
fissuração utilizar
tipo de protensão
ELS-W +, ≤ 0,2
Concreto protendido Pré-tração com CAA
Combinação
nível 1 (protensão I ou pós-tração com
mm frequente
parcial) CAA I e II
Verificar as duas condições abaixo
Concreto protendido Pré-tração com CAA Combinação
nível 2 (protensão II ou pós-tração com ELS-F
frequente
limitada) CAA III e IV Combinação quase
ELS-D
permanente
Verificar as duas condições abaixo
Concreto protendido
Pré-tração com CAA ELS-F Combinação rara
nível 3 (protensão
III e IV Combinação
completa)
ELS-D
frequente

Na seção 2.3 serão explanados sobre os tipos de combinações e os estados limites, citados na
Tabela 2.4.

O concreto protendido sem aderência só pode ser empregado em casos especiais e sempre
com protensão completa.

No caso de paredes de reservatórios circulares, deve-se optar por protensão total (ou
protensão completa pela NBR 6118, 2007), pois as fissuras devem ser impedidas de qualquer
modo. Devido ao fato de que neste tipo de obra podem surgir solicitações produzidas por
efeitos de coação, recomenda-se adotar ! - 1. É importante dispor sempre de armadura
passiva, para limitar a fissuração no caso de solicitações excepcionais.

2.2.3 Materiais

Serão retratados a seguir os materiais relevantes utilizados em concreto protendido.


35

2.2.3.1 Concreto

O concreto protendido exige materiais de maior qualidade do que a tradicional técnica do


concreto armado. Por ser utilizada normalmente em estruturas com maiores tensões, essa
técnica requer a utilização de concretos mais resistentes. Prova disso é quando comparamos a
resistência característica à compressão do concreto (. , ) empregado nas duas tecnologias,
pois para o concreto protendido este valor situa-se entre 30 e 40 MPa, já no concreto armado,
20 e 30 MPa. Há casos que são exceções, porque há projetistas que adotam resistências
superiores a 50 MPa, tanto para concreto protendido como para armado (visando uma maior
durabilidade).

Segundo HANAI (2005), são desejáveis resistências elevadas nos concretos por diversos
aspectos:

• a introdução da força de protensão pode causar solicitações prévias muito elevadas,


frequentemente mais altas que as correspondentes a uma situação de serviço;

• o emprego de concreto e aços de alta resistência permite a redução em geral das


dimensões das peças;

• concretos de resistência mais alta também têm módulo de deformação mais elevado, o
que diminui tanto as deformações imediatas como as que ocorrem ao longo do tempo,
provocadas pela fluência do concreto. Isto é importante, devido ao efeito das perdas
progressivas.

Além disso, é fundamental que o concreto tenha boa compacidade e baixa permeabilidade,
para que haja uma proteção eficiente da armadura contra a corrosão. No caso de concreto
protendido, o aço da armadura ativa, solicitado por tensões elevadas, torna-se mais
susceptível a corrosão, sobretudo a chamada “corrosão sob tensão”.

2.2.3.2 Aço para armadura ativa

Exigências relativas aos aços de protensão, segundo Leonhardt (1983):

• resistência elevada, para que a perda de protensão devido à retração, fluência do


concreto ou a relaxação do aço seja pequena;
36

• boa ductilidade, para que não tenham ruptura frágil por danos mecânicos (mossas) ou
por deformações a frio junto às ancoragens;

• pequena sensibilidade a corrosão, especialmente a corrosão sob tensão;

• tolerâncias pequenas em relação aos valores da seção transversal, para facilitar o


controle da protensão, tendo em vista que os alongamentos dos cabos são medidos e
comparados com os valores previamente calculados, os quais são, por sua vez,
calculados a partir dos valores nominais das seções transversais;

• comprimentos de fabricação grandes para evitar emendas e perdas de material em


peças longas;

• para o caso de protensão em bancada e ancoragem por aderência, devem ser


estabelecidas as condições prévias para a consideração de um resistência de aderência
elevada.

Os aços para armadura ativa são descritos na NBR 7482 (2008) e NBR 7483 (2008),
apresentando-se da seguinte forma:

• barras superiores a 12 mm de aço-liga de alta resistência, laminadas a quente e


possuem comprimento limitado;

• fios trefilados de aço-carbono, fornecidos em bobinas ou rolos e com diâmetros entre


3 e 8 mm;

• cordoalhas: fios enrolados em forma de hélice, com dois, três ou sete fios (Tabela 2.5).
37

Tabela 2.5 – Características de cordoalhas com 7 fios (Protende,


2008).

2.2.3.3 Aço para armadura passiva

É o mesmo utilizado no concreto armado.

2.2.3.4 Bainha

Para a aderência posterior, a armadura ativa fica alojada dentro de tubos flexíveis (fabricados
com chapas de aço laminadas) onde possa deslizar sem atrito. As bainhas possuem uma
superfície ondulada em hélice para que se possam utilizar luvas rosqueadas nas emendas. As
ondulações transversais servem para enrijecer o material e melhorar a aderência entre o
concreto e a nata de injeção. Na Figura 2.7 observam-se algumas bainhas metálicas circulares.
38

Figura 2.7 – Bainhas circulares (www.prepron.com.br).

Já para as cordoalhas engraxadas (protensão sem aderência), em que cada uma delas
representa um cabo monocordoalha, são utilizadas bainhas plásticas lisas.

No caso de reservatórios circulares protendidos, as armaduras ficam envolvidas por bainhas


achatadas (Figura 2.9), devido às pequenas espessuras dos elementos estruturais.

2.2.3.5 Nata de injeção

A nata de injeção é constituída de cimento e tem como objetivo proteger a armadura ativa
contra a corrosão e promover a aderência posterior da armadura ativa com o concreto. Ela é
parte fundamental das estruturas de concreto protendido com aderência posterior. Para que
haja uma boa injeção é importante que a nata possua as seguintes características:

• pouca absorção capilar;

• resistência mecânica suficiente;

• baixa retração;

• boa estabilidade;

• boa fluidez, a qual deve ser mantida até a conclusão da injeção;

• ausência de agentes agressivos; um exemplo disso é que nem o cimento nem o aditivo
deve conter cloro, para evitar a corrosão sob tensão.
39

Na Figura 2.8 pode-se notar a presença do purgador, local por onde a nata é injetada na
bainha.

Figura 2.8 – Exemplo de ancoragem passiva em laço (Protende,


2008).

2.2.3.6 Ancoragens

Os dispositivos de fixação nos extremos do cabo são chamados de ancoragens. Estas podem
ser ativas (Figura 2.9), quando permitem a operação de protensão, e passivas (Figura 2.8),
quando são fixas.

Figura 2.9 – Exemplo de ancoragem ativa recomendada para


lajes (Protende, 2008).

É importante ressaltar, que no caso de protensão vertical na parede de reservatórios circulares


apoiados, só é possível a utilização de uma ancoragem ativa e outra passiva, pois só é possível
aplicar a força de protensão no extremo superior dos cabos.
40

2.2.4 Perdas de protensão

O projeto deve prever a queda da força de protensão em relação ao valor inicial aplicado pelo
aparelho tensor, ocorridas antes da transferência da protensão ao concreto (no caso das perdas
imediatas de pré-tração), durante essa transferência (perdas imediatas) e ao longo do tempo
(perdas progressivas).

Sob condições normais, as perdas tendem a se estabilizar em um período de 2 a 3 anos. A


partir desse período estas são consideradas desprezíveis. Raramente se justifica a
determinação das perdas de protensão com grande acurácia. Uma precisão de ±10% é
suficiente para a maioria das aplicações. A resistência última de uma peça de concreto
protendido é pouco afetada pela força de protensão inicial. Há que se considerar também que
a probabilidade do carregamento de projeto ocorrer com seu valor total é pequena, além dos
coeficientes de segurança embutidos no processo de dimensionamento. Esses fatores indicam
claramente que uma peça de concreto protendido é capaz de tolerar pequenas variações de
força de protensão (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998).

2.2.4.1 Perdas imediatas

A variação da força de protensão em elementos estruturais com pré-tração, por ocasião da


aplicação da protensão ao concreto e em razão do seu encurtamento, deve ser calculada em
regime elástico, considerando-se a deformação da seção homogeneizada. O módulo de
elasticidade do concreto a considerar é o correspondente à data de protensão, corrigido, se
houver cura térmica (NBR 6118, 2007).

No caso da pós-tração as perdas imediatas são devidas a: atrito ao longo do cabo, deformação
imediata do concreto, deslizamento da armadura na ancoragem e acomodação dos
dispositivos de ancoragem.

2.2.4.1.1 Perdas por atrito ao longo do cabo

Nas peças pós-tracionadas, a armadura ativa ao ser posta em tensão pelo macaco sofre um
alongamento gradativo que varia de zero ao valor final. Em consequência, como a bainha
apresenta quase sempre desenvolvimento curvo e sinuosidades involuntárias, surge o
41

inevitável atrito entre o aço de protensão e a bainha (Figura 2.10). As perdas por atrito ao
longo do cabo podem ser quantificadas através das forças de inflexão e do coeficiente de
atrito (µ). Este fenômeno é mais significativo nos trechos curvos, em razão das elevadas
pressões de contato que surgem no desvio da trajetória dos cabos.

Figura 2.10 – Perdas por atrito nos cabos (VERÍSSIMO E


CÉSAR JR, 1998).

Pode haver atrito também nos trechos virtualmente retilíneos, em consequência de ondulações
parasitas (Figura 2.11), que podem ocorrer devido a: rigidez insuficiente da bainha, defeitos
de montagem da armadura de protensão, insuficiência dos pontos de amarração dos cabos e
empuxo de concreto durante a concretagem (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998).

Figura 2.11 – Ondulações parasitas (VERÍSSIMO E CÉSAR JR,


1998).

Podem-se atenuar as perdas por atrito, utilizando-se alguns artifícios na aplicação da


protensão. O método mais comum consiste em aplicar a força de protensão a partir dos 2
extremos do cabo. Neste caso, as ancoragens em ambas as extremidades são ativas. A força
no cabo cai linearmente a partir do ponto de sua aplicação. A Figura 2.12 representa a
42

variação da força em função da distância /0 , sendo: 12 a força máxima aplicada à armadura de


protensão pelo equipamento de tração, ∆1* a perda de tração por atrito no cabo na seção de
abscissa /0 (comprimento com atrito) e 1* a força resultante após a perda por atrito ao longo
do cabo.

Figura 2.12 – Força de protensão devido às perdas por atrito


(adaptado de VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998).

A partir da Figura 2.12, pode-se deduzir que o valor de /0 a ser considerado no cálculo das
perdas por atrito será a metade do comprimento do cabo para situações com 2 ancoragens
ativas e o comprimento total para apenas 1 ativa.

De acordo com a NBR 6118 (2007), nas peças pré-tracionadas só existem perdas por atrito
nos pontos de desvio da armadura poligonal antes da aplicação da protensão ao concreto. A
correspondente variação da força na armadura de protensão deve ser determinada
experimentalmente em função do tipo de aparelho de desvio empregado. Nas peças pós-
tracionadas a perda por atrito pode ser determinada pela Equação (2.7).
43

∆1* 12 1 3 4 µ∑α6 %,.*8 (2.7)

onde:

• µ é o valor médio do coeficiente de atrito ao longo do comprimento do cabo, embora


na realidade seja variável, dependendo do alongamento de protensão;

Este valor aumenta com a presença de óxido de ferro, seja nas cordoalhas ou na parede da
bainha (RUDLOFF, 1998).

Na falta de dados experimentais o coeficiente de atrito pode ser estimado como segue (Tabela
2.6) ou aumentado em 0,10 se os elementos de uma bainha forem protendidos
individualmente;

Tabela 2.6 – Valores do coeficiente de atrito (adaptado de NBR


6118, 2007, e Protende, 2008).
Atrito entre: µ)
Coeficiente de atrito (µ
Cabo e concreto sem bainha 0,50
Barras ou fios com mossas ou saliências e bainha metálica 0,30
Cordoalha/fio e bainha metálica comum 0,24
Cordoalha/fio e bainha metálica galvanizada 0,20
Cordoalha/fio e bainha de polietileno (HDPE) 0,12 a 0,15
Fios lisos paralelos ou trancados e bainha metalica lubrificada 0,10
Cordoalhas engraxadas e encapadas individualmente em HDPE 0,06 a 0,08
Cordoalha e bainha de polipropileno lubrificada 0,05

• 9 é o coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não intencionais do


cabo (Tabela 2.7). Na falta de dados experimentais pode ser adotado o valor 0,01µ
(1/m);
44

Tabela 2.7 – Valores dos desvios construtivos (adaptado de


Protende, 2008).
Tipo de estrutura Execução esmerada Execução normal
2 cordoalhas 4 cordoalhas 2 cordoalhas 4 cordoalhas
Laje (bainha chata)
2 x 10-3 1,5 x 10-3 3 x 10-3 2,5 x 10-3
Viga (bainha circular) 1,5 x 10-3 1,5 x 10-3

• ∑ α: é a soma dos ângulos de desvio previstos, no trecho compreendido entre as


abscissas 0 e /0 ;

Para cabos horizontais de paredes de reservatórios circulares, este valor corresponde a


Equação (2.8), já para os verticais esta incógnita é nula.

/0
; α:
<
(2.8)

onde:

• < é o raio de cálculo do reservatório (considerando o eixo da parede).

A partir do momento que já se tem o valor da perda de força de protensão por atrito ao longo
dos cabos, fica fácil determinar a perda de tensão correspondente, de acordo com a Equação
(2.9):

∆1*
∆ &,0
=&
(2.9)

• ∆ &,0 é a perda de tensão por atrito ao longo do cabo;

• =& é a área da seção transversal do cabo de protensão.


45

2.2.4.1.2 Deformação imediata do concreto

Nas peças pré-tracionadas há uma queda de tensão na armadura antes da aplicação da


protensão ao concreto. A diferença da força de tração na armadura, que não é propriamente
uma perda de protensão, deve ser calculada em regime elástico, considerando-se a
deformação da seção homogeneizada. A perda de tensão para este caso será:

∆σ&,"2 α& · σ & (2.10)

onde:

?&
?
α& (2.11)

sendo:

• ∆ &,"2 é a perda média de protensão por cabo, devido à deformação imediata do


concreto;

• ?& é o módulo de deformação elástica do aço de protensão (≈195000 MPa);

• ? é o módulo de deformação elástica secante do concreto, segundo a Equação (2.12);

? 0,85 · 5600C. , (2.12)

onde:

• & é a tensão no concreto no centro de gravidade da armadura ativa, devido aos


efeitos da protensão e das cargas mobilizadas por ela no ato da protensão, em geral
cargas permanentes;
46

1 E13&F G E $ 3& G
D
&
=
(2.13)

com:

• 3& é a posição do centro de gravidade (C.G.) do cabo em relação ao C.G. da peça na


seção considerada;

• = é a área da seção transversal de concreto;

• 1 é a força de protensão inicial, considerando as perdas iniciais;

• $ é o momento fletor proveniente das cargas mobilizadas pela protensão.

Já no concreto de protensão com aderência posterior, o macaco apoia-se em parte da própria


peça a ser protendida. Portanto, à medida que se traciona a armadura, está se comprimindo o
concreto, não havendo queda de tensão por deformação imediata do concreto, quando se tem
apenas um cabo de protensão. Quando se tem mais de um cabo, se estes forem tracionados um
de cada vez, como é usual, a deformação no concreto provocada pelo cabo que está sendo
tracionado acarreta perda de tensão nos cabos já ancorados. Neste caso deve-se calcular um
valor médio ou então sobretensionar os cabos de modo que após todas as operações de
distensão, todos eles fiquem com a mesma força de protensão, o que, entretanto, não é muito
prático, porque dificultam as operações de tração dos cabos (HANAI, 2005).

A perda média de protensão pode ser calculada pela expressão:

J 1
Δ I K L&
&,"2
2J & (2.14)

onde:

• n é o número de cabos.
47

2.2.4.1.3 Perdas no equipamento de protensão

As perdas de tensão por atrito que ocorrem internamente no macaco de protensão (Δ &,#M )

podem ser avaliadas em torno de 2% a 4% do esforço da protensão, a depender do sistema


utilizado. Entretanto, esta perda não é considerada por todos os projetistas, pois habitualmente
as empresas já utilizam correções nos próprios macacos hidráulicos.

2.2.4.1.4 Acomodação dos dispositivos de ancoragem

Dependendo do dispositivo de ancoragem utilizado, no momento da liberação dos cabos dos


macacos e consequentemente transferência dos esforços de protensão para a peça de concreto,
ocorre uma acomodação da ancoragem. Os deslocamentos que ocorrem originam as chamadas
perdas nas ancoragens. Essas perdas são mais significativas nos sistemas que utilizam cunhas
sendo, inclusive, usual o termo “perda por encunhamento”. A cunha sempre penetra na
ancoragem quando entra em carga. Em outros sistemas, a transferência do esforço se faz sem
perda de alongamento do cabo (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998).

Para determinar essa perda de tensão, utiliza-se a Equação (2.15):

PN · ?&
Δ 2 · Δ · /N 2·Δ ·O
&,0
Δ
(2.15)

onde:

• Δ &,0 é a perda de tensão por acomodação dos dispositivos de ancoragem;

• /N é o comprimento de influência das perdas por acomodação das ancoragens;

• PN é o valor dos deslocamentos das cunhas (Tabela 2.8);


48

Tabela 2.8 – Valores do escorregamento das ancoragens


(adaptado de Protende, 2008).
Tipo da ancoragem ativa Deslocamento (mm)
PTC 2 a 4,5
MT E MTAI 6

• Δ é a perda de tensão por unidade de comprimento, determinada a partir da Equação


(2.16):

Δ1* ⁄=&
Δ
/0
(2.16)

2.2.4.2 Perdas progressivas

São aquelas que ocorrem ao longo do tempo e estão relacionadas com as características físico-
químicas do concreto. As perdas progressivas que devem ser consideradas no cálculo das
estruturas de concreto protendido são por: relaxação do aço, fluência e retração do concreto.

2.2.4.2.1 Relaxação do aço

Pode ser chamada também de fluência do aço e é causada porque a armadura de protensão, ao
ser mantida com comprimento constante e estirada, sofre um alívio de tensões ao longo do
tempo.

Segundo a NBR 6118 (2007), a relaxação de fios e cordoalhas, após 1000 h a 20°C (Ψ RRR ) e
para tensões variando de 0,5 .& , (resistência característica à tração do aço de armadura ativa)
a 0,8 .& , , obtida em ensaios descritos na NBR 7484 (2009), não deve ultrapassar os valores
dados nas NBR 7482 (2008) e NBR 7483 (2008), respectivamente.

Para efeito de projeto, os valores de Ψ RRR da Tabela 2.9 podem ser adotados.
49

Tabela 2.9 – Valores de Ψ1000, em porcentagem (adaptado da


NBR 6118, 2007).

STU
Cordoalhas Fios
Barras
RN RB RN RB
0,5 fptk 0 0 0 0 0
0,6 fptk 3,5 1,3 2,5 1,0 1,5
0,7 fptk 7,0 2,5 5,0 2,0 4,0
0,8 fptk 12,0 3,5 8,5 3,0 7,0

onde:

• &2 é a tensão na armadura de protensão no instante do seu estiramento (após perdas


iniciais);

• RN significa relaxação normal da armadura ativa;

• RB significa relaxação baixa da armadura ativa.

Os valores correspondentes a tempos diferentes de 1000 h, sempre a 20ºC, podem ser


determinados a partir da seguinte expressão, onde o tempo deve ser expresso em dias:

V VR
R, Y
Ψ V, VR Ψ RRR I K
41,67
(2.17)

onde:

• Ψ é o valor da relaxação de fios e cordoalhas para tempos diferentes de 1000 h;

• V é a idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias;

• VR é a idade fictícia do concreto no instante em que o efeito da retração na peça


começa a ser considerado, em dias.

A intensidade da relaxação do aço deve ser determinada pelo coeficiente Ψ t, t R calculado


pela Equação (2.18):
50

[ &,N& EV\ , VR G
Ψ V, VR (2.18)
&2

onde:

• [ &,N& V, VR é a perda de tensão por relaxação pura desde o instante VR do estiramento


da armadura até o instante V considerado.

Para tensões inferiores a 0,5 .& , , admite-se que não haja perda de tensão por relaxação.

Para tensões intermediárias, entre os valores fixados na Tabela 2.9, pode ser feita interpolação
linear.

Para tensões superiores a 0,8 .& , , na falta de dados experimentais, permite-se a extrapolação
a partir dos valores da Tabela 2.9.

Pode-se considerar que para o tempo infinito o valor de ΨEV\ , VR G é dado por Ψ V] , VR ^
2,5 Ψ RRR .

2.2.4.2.2 Fluência do concreto

A deformação por fluência do concreto (ε ) compõe-se de duas partes, uma rápida e outra

0
lenta. A deformação rápida ε ) é irreversível e ocorre durante as primeiras 24 h após a
aplicação da carga que a originou. A deformação lenta é por sua vez composta por duas outras
parcelas: a deformação lenta irreversível (ε \) e a deformação lenta reversível (ε " ).

_ _ 0 D_ \ D_ " (2.19)

_ , ` _ D_ _ 1Da (2.20)
51

a a0 D a\ D a" (2.21)

onde:

• _ é a deformação específica do concreto;

• _ , ` é a deformação específica do concreto total;

• a0 é o coeficiente de deformação rápida, calculado pela Equação (2.22);

. VR
a0 0,8 I1 K
. V]
(2.22)

• ϕ" é o coeficiente de deformação lenta reversível;

• ϕ\ é o coeficiente de deformação lenta irreversível;

• V] significa tempo infinito.

Para o cálculo dos efeitos da fluência, quando as tensões no concreto são as de serviço,
admitem-se as seguintes hipóteses:

a) a deformação por fluência ε varia linearmente com a tensão aplicada;

b) para acréscimos de tensão aplicados em instantes distintos, os respectivos efeitos de


fluência se superpõem;

_ V _ VR · a V VR D ; _ VR · a V VR (2.23)
2c
52

c) a deformação rápida produz deformações constantes ao longo do tempo; os valores do


coeficiente ϕ0 são função da relação entre a resistência do concreto no momento da
aplicação da carga e a sua resistência final;

d) o coeficiente de deformação lenta reversível ϕ" depende apenas da duração do


carregamento; o seu valor final e o seu desenvolvimento ao longo do tempo são
independentes da idade do concreto no momento da aplicação da carga;

e) o coeficiente de deformação lenta irreversível ϕ\ depende de:

• umidade relativa do ambiente (d%);

• consistência do concreto no lançamento;

• espessura fictícia da peça ( \2 );

• VR e V.

f) para o mesmo concreto, as curvas de deformação lenta irreversível em função do


tempo,correspondentes a diferentes idades do concreto no momento do carregamento,
são obtidas, umas em relação às outras, por deslocamento paralelo ao eixo das
deformações, conforme a Figura 2.13.
53

Figura 2.13 – Variação da deformação lenta e irreversível


(NBR 6118, 2007).

No instante V a deformação devida à fluência é dada por:

_ V, VR _ D_ D_ f g · a V, VR
0 " \
?
(2.24)

onde:

• é a tensão de compressão no concreto;

• ? é calculado considerando 28 dias após a concretagem.

O coeficiente de fluência a V, VR , válido também para a tração, é dado por:

a V, VR a0 D a\] hi\ V i\ VR j D a"] · i" (2.25)

A idade a considerar é a idade fictícia Eα. ∆V#\ G, em dias, quando o endurecimento se faz à
temperatura ambiente de 20°C e, nos demais casos, quando não houver cura a vapor, a idade a
considerar é a idade fictícia dada por:
54

k2 D 10
V L; · ∆V#\,2
30 (2.26)
2

onde:

• α é o coeficiente dependente da velocidade de endurecimento do cimento; na falta de


dados experimentais permite-se o emprego dos valores constantes da Tabela 2.10;

• k é a temperatura média diária do ambiente, em graus Celsius;

• ∆V#\ é o período, em dias, durante o qual a temperatura média diária do ambiente, T,


pode ser admitida constante.

Tabela 2.10 – Valores da fluência e da retração em função da


velocidade de endurecimento do cimento (adaptado da NBR
6118, 2007).
α
Cimento Portland (CP)
Fluência Retração
De endurecimento lento (CP III e CP IV, todas as classes de
1
resistência)
De endurecimento normal (CP I e CP II, todas as classes de 1
2
resistência)
De endurecimento rápido (CP V-ARI) 3
Onde:
CP I e CP I-S – Cimento Portland comum;
CP II-E, CP II-F e CP II-Z – Cimento Portland composto;
CP III - Cimento Portland de alto forno
CP IV - Cimento Portland pozolânico
CP V-ARI - Cimento Portland de alta resistência inicial
RS - Cimento Portland resistente a sulfatos (propriedade específica de alguns dos tipos de
cimento citados).

• . VR ⁄. V] é a função do crescimento da resistência do concreto com a idade,


definida pela Equação (2.27);
55

. VR 9VR VR D 42
. V] 9VR D 40 VR D 61
(2.27)

• ϕ\] é o valor final do coeficiente de deformação lenta irreversível, determinado a


partir da Equação (2.28);

a\] a · aF (2.28)

onde:

• ϕ é o coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente d% e da consistência


do concreto, dado pela Tabela 2.11;

Tabela 2.11 – Valores numéricos usuais para a determinação da


fluência e da retração (adaptado da NBR 6118, 2007).

oqr sot
Fluência Retração
ϕop
u
n%
Umidade
Ambiente Abatimento (cm)
0-4 5-9 10 - 15 0-4 5- 9 10 - 15
Na água - 0,6 0,8 1,0 1,0 1,0 1,0 30,0
Em ambiente
muito úmido
90 1,0 1,3 1,6 -1,0 -1,3 -1,6 5,0
imediatamente
acima da água
Ao ar livre,
70 1,5 2,0 2,5 -2,5 -3,2 -4,0 1,5
em geral
Em ambiente
40 2,3 3,0 3,8 -4,0 -5,2 -6,5 1,0
ϕop r, rv q, qwvn para abatimentos no intervalo de 5 cm a 9 cm e n x yq%.
seco

oqr sot z, oz {r|r} D ovyq para abatimentos de 5 cm a 9 cm e n x yq%.


n n~

Os valores de ϕop e sot para n x yq% e abatimento entre 0 cm e 4 cm são 25% menores e

u o D •€T •, | D q, on para n x yq%.


para abatimentos entre 10 cm e 15 cm são 25% maiores.

• ϕF é o coeficiente dependente de \2 (em cm) da peça;


56

2=
‚·
\2
ƒ0N
(2.29)

42 D
aF
\2
20 D
(2.30)
\2

onde:

• γ é o coeficiente dependente de d% (Tabela 2.11);

• ƒ0N é a parte do perímetro externo da seção transversal da peça em contato com o ar;

• i\ (V) ou i\ (VR ) é o coeficiente relativo à deformação lenta irreversível, função da


idade do concreto (ver Figura 2.14);

Figura 2.14 – Variação de βf (NBR 6118, 2007).


57

VF D = · V D „
i\ V
VF D … · V D †
(2.31)

VR F D = · VR D „
i\ VR
VR F D … · VR D †
(2.32)

onde:

= 42 \2 350 F
\2 D 588 \2 D 113 (2.33)

„ 768 \2 3060 F
\2 D 3234 \2 23 (2.34)

… 200 \2 D 13 F
\2 D 1090 \2 D 183 (2.35)

† 7579 \2 31916 F
\2 D 35343 \2 D 1931 (2.36)

Para valores de \2 fora do intervalo (0,05 x \2 x 1,6), adotam-se os extremos


correspondentes;

• ϕ"∞ é o valor final do coeficiente de deformação lenta reversível que é considerado igual a
0,4;

• β" V é o coeficiente relativo à deformação lenta reversível função do tempo (V – VR )


decorrido após o carregamento.
58

V VR D 20
i" V
V VR D 70
(2.37)

Após a determinação de todos os parâmetros citados nesta seção, é possível calcular as perdas
de tensão por fluência do concreto (∆ &,\‡ ), através da Equação abaixo:

∆ &,\‡ & · a V, VR (2.38)

onde:

• & é a tensão no aço de protensão.

2.2.4.2.3 Retração do concreto

Quanto mais eficiente for a cura do concreto, menor será a retração e,consequentemente, a
perda proveniente de seu acontecimento.

Seu valor depende da:

a) umidade relativa do ambiente;

b) consistência do concreto no lançamento;

c) espessura fictícia da peça.

Segue o método de cálculo do valor da retração (NBR 6118, 2007).

Entre os instantes VR e V a retração é dada por:

_ V, VR _ ] i V i VR (2.39)

onde:
59

• _ é o valor da retração no instante considerado;

• ε ∞ é o valor final da retração, dado pela Equação (2.40);

_ ] _ · _F (2.40)

• ε é o coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente e da consistência do


concreto (Tabela 2.11);

• εF é o coeficiente dependente da espessura fictícia da peça, de acordo com a Equação


(2.41);

33 D 2 \2
_F
20,8 D 3 \2
(2.41)

A Equação (2.41) é utilizada com \2 em cm.

• β V ou β VR é o coeficiente relativo à retração, no instante V ou VR (ver Figura 2.15


e equações a seguir):
60

Figura 2.15 – Variação tempo de β s (NBR 6118, 2007).

F
{ } D={ } D„{ }
i V RR RR
F
RR

{ } D…{ } D†{ }D?


(2.42)
RR RR RR

F
{ ˆ
} D={ ˆ
} D„{ ˆ
}
i VR RR RR
F
RR

{ } D…{ } D†{ }D?


(2.43)
ˆ ˆ ˆ
RR RR RR

onde:

= 40 (2.44)
61

„ 116 \2 282 F
\2 D 220 \2 4,8 (2.45)

… 2,5 \2 8,8 \2 D 40,7 (2.46)

† 75 \2 D 585 F
\2 D 496 \2 6,8 (2.47)

? 169 ‰
\2 D 88 \2 D 584 F
\2 39 \2 D 0,8 (2.48)

Para valores de fora do intervalo (0,05 x \2 x 1,6), adotam-se os extremos


correspondentes.

Após a determinação de todos os parâmetros citados nesta seção, é possível calcular as perdas
de tensão por retração do concreto (∆ &,N# ), através da Equação (2.49):

∆ &,N# _ · ?& (2.49)

2.2.4.3 Perdas finais de protensão

A adição pura e simples das diversas perdas de protensão conduz a resultados muito
imprecisos e maiores do que os reais, uma vez que existem interações entre os diversos efeitos
causadores das perdas, produzindo reduções no efeito das perdas progressivas, como será
visto posteriormente.

A fluência e a retração do concreto produzem uma redução no comprimento do cabo


ancorado, o que determina uma perda de tensão de protensão. Esta, por sua vez, causa uma
62

redução na tensão do concreto ao nível do cabo, reduzindo o efeito da deformação lenta.


Logo, segundo Pfeil (1983), a interação entre os dois tipos de perdas em questão provoca uma
redução de cerca 20% em cada.

A interação da relaxação do aço com a fluência do concreto também é bastante significativa


no cálculo das perdas finais de protensão. Isto ocorre, porque a ancoragem dos cabos de
protensão das vigas não é fixa, uma vez que a viga encurta sob o efeito da fluência do
concreto, diminuindo a tensão do aço e provocando uma redução na perda por relaxação pura.
Portanto, não é coerente a utilização do valor integral deste efeito, o que leva a se utilizar uma
perda por relaxação relativa. Segundo Pfeil (1983), esta perda corresponde a um valor entre
70% e 80% do valor da relaxação pura. Por segurança, o percentual considerado neste
trabalho o maior.

Além das interações, que acabaram de ser citadas, há outro fator de grande relevância no
cálculo das perdas finais de protensão: a escolha da região mais crítica na armadura ativa. Isto
ocorre, porque ∆ &,0 e∆ &,0 não possuem seus maiores valores em locais semelhantes nos
cabos de protensão. As perdas por acomodação das ancoragens são mais significativas na
região das ancoragens ativas, diferente do efeito do atrito ao longo do cabo. Deste modo,
deve-se considerar nos cálculos a existência de ∆ &,0 ou apenas ∆ &,0 , nunca as duas
atuando em conjunto.

Finalmente, após todas essas considerações feitas nesta seção, é conveniente determinar duas
formulações para as perdas finais de protensão (∆ &, ` ). A Equação (2.50) pode ser utilizada
quando as perdas na região da ancoragem ativa forem superiores ao efeito do atrito ao longo
do cabo, já a (2.51) deve ser empregada em caso contrário.

∆ &, ` ∆ &,0 D∆ &,#M D∆ &,"2

∆ D ∆ &,N# D ∆
D
&,\‡ &,N&
1.25
(2.50)
63

∆ &, ` ∆ &,0 D∆ &,#M D∆ &,"2

∆ D ∆ &,N# D ∆
D
&,\‡ &,N&
1.25
(2.51)

É importante ressaltar que não é obrigatória a inclusão de ∆ &,#M nas equações (2.50) e (2.51),
como já foi explicado anteriormente.

2.2.5 Dimensionamento das armaduras ativas

Após o cálculo das perdas finais de protensão, já é possível dimensionar as armaduras ativas.
A seguir, será explicado este processo tanto para a protensão horizontal, como para a vertical.

2.2.5.1 Dimensionamento das armaduras ativas horizontais

Com os valores da força de protensão após a ocorrência de todas as perdas progressivas (1] ) e
o carregamento hidrostático calculados, basta determinar a quantidade de cordoalhas a serem
utilizadas por ancoragem para se chegar ao espaçamento entre as bainhas (forma de cálculo
semelhante à do concreto armado).

É importante que seja considerado um espaçamento de influência para cada cabo (como se
houvesse uma linha imaginária entre estes), onde ao longo de toda esta região o valor da
protensão é considerado constante.

2.2.5.2 Dimensionamento das armaduras ativas verticais

Após encontrar 1] e escolher a quantidade de cordoalhas, deve-se encontrar a quantidade de


cabos por metro, através da determinação das tensões provocadas pela ação externa e pela
protensão. Só que para isso, é necessário converter este efeito em uma tensão no concreto por
metro, ou seja, considerando uma seção transversal com 1 m de largura. Com isso, encontra-
se o espaçamento entre os cabos também de maneira análoga à do concreto armado.
64

2.2.6 Cálculo do alongamento da armadura ativa

Considerando que é aplicada uma força externa, denominada de descompressão ou


neutralização (ver seção 2.3.3.1), numa peça sujeita apenas à ação da protensão, a tensão no
concreto na fibra correspondente ao centro de gravidade da armadura é anulada. A
deformação na armadura ativa decorrente da força de neutralização da protensão (1b ) é
designada por _&b e representa a deformação do pré-alongamento desta armadura.

Para o cálculo de _&b , basta adicionar à deformação da armadura ativa (_& ) uma deformação
igual à sofrida pelo concreto, em função da tensão de compressão no centro de gravidade da
armadura de protensão, o que é representado pela Equação (2.52).

Š &Š 1 1
_& ·L ·Š &Š ·L ·
? ?& & ?& & & (2.52)

Portanto,

1b 1" D L& · =& · Š &Š 1" L& · =& · & (2.53)

onde:

• 1" é a força de protensão de cálculo, determinada pela Equação (2.54):

1" 1] · ‚& (2.54)

onde:

• ‚& é o coeficiente de ponderação das cargas oriundas da protensão (Tabela 2.12).


65

Tabela 2.12 – Coeficiente γp (adaptado da NBR 8681, 2003).


Ação da protensão
Combinações de ações
Efeito desfavorável Efeito favorável
Normais 1,2 0,9
Especiais ou de construção 1,2 0,9
Excepcionais 1,2 0,9

Agora, só falta determinar a deformação na armadura ativa decorrente da força de


neutralização, pela Equação (2.55), e o valor do pré-alongamento do cabo, através da Equação
(2.56):

1b
_&b
=& · ?&
(2.55)

∆‹ _&b · ‹ (2.56)

onde:

• ∆‹ é o valor do pré-alongamento do cabo;

• ‹ é comprimento do cabo correspondente ao alongamento que está sendo calculado.

Muitas vezes os alongamentos medidos em obra podem ser menores do que os teóricos. Uma
possível causa para isso está relacionada a uma falha na determinação das perdas de
protensão, pois podem ter sido subestimadas nos cálculos. O fato merece atenção a fim de que
a estrutura não fique com falta de protensão.

2.3 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA

Em seguida, serão retratados aspectos referentes à verificação da segurança.


66

2.3.1 Homogeneização da seção

A princípio, na análise estrutural de uma peça composta por mais de um material, com
propriedades físicas diferentes, deve ser realizada uma compatibilização dos elementos
constituintes. Logo, no caso de paredes de reservatórios em concreto protendidos, pode-se
converter a armadura ativa numa porção equivalente de concreto, como é representado na
Equação (2.57):

= ,#M = ΠL& (2.57)

onde:

• = ,#M é a área da seção transversal de concreto equivalente.

Como L& - 1, em geral, haverá um aumento da seção transversal da parede. Se a armadura


ativa é excêntrica, o baricentro da seção equivalente será deslocado para coincidir com o desta
armadura, reduzindo as tensões geradas por momento fletor (principalmente no sentido
vertical da parede).

Portanto, a utilização da homogeneização da seção conduz a resultados mais precisos.


Entretanto, o uso das propriedades originais da parede do reservatório é aceitável, apesar de
conservador, pois o aumento da seção é, normalmente, pouco significativo.

Na falta de valores mais precisos, a NBR 6118 (2007) recomenda que se adote L& 15, no
caso de carregamentos frequentes ou quase permanentes, e L& 10, para carregamentos
raros. Esta Norma não sugere valor de L& para os estados limites de serviço.
67

2.3.2 Combinações das ações (adaptado da NBR 8681, 2003)

2.3.2.1 Combinações de serviço das ações

Nas combinações de utilização são consideradas todas as ações permanentes, inclusive as


deformações impostas permanentes e as ações variáveis correspondentes a cada um dos tipos
de combinações.

2.3.2.1.1 Combinações quase permanentes de serviço

Nestas combinações, todas as ações variáveis são consideradas com seus valores quase
permanentes ΨF •Ž, :

( b

•",• 2 ; ••2,, D ; ΨF‘ •Ž‘,, (2.58)


2c ‘c

onde:

• F“,”•– é o valor de cálculo das ações para combinações de utilização;

• ••,, é o valor característico das ações permanentes;

• •Ž,, é o valor característico das ações variáveis;

• ΨF é o fator de redução de combinações para as ações variáveis no ELS, definido na


Tabela 6 da NBR 8681 (2003) e mostrado no Anexo A do trabalho.

2.3.2.1.2 Combinações frequentes de serviço

Nestas combinações, a ação variável principal •Ž é tomada com seu valor frequente Ψ •Ž ,,

e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores quase permanentes ΨF •Ž, :
68

( b

•",• 2 ; ••2,, D Ψ •Ž ,, D ; ΨF‘ •Ž‘,, (2.59)


2c ‘cF

onde:

• •Ž ,, é o valor característico da ação variável considerada como principal para a


combinação;

• Ψ é o fator de redução de combinações para as ações variáveis no ELS, definido na


Tabela 6 da NBR 8681 (2003) e mostrado no Anexo A do trabalho.

2.3.2.1.3 Combinações raras de serviço

Nestas combinações, a ação variável principal •Ž é tomada com seu valor característico •Ž ,,

e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores frequentes Ψ •Ž, :

( b

•",• 2 ; ••2,, D •Ž ,, D ; Ψ ‘ •Ž‘,, (2.60)


2c ‘cF

2.3.2.2 Combinações últimas das ações (NBR 8681, 2003)

2.3.2.2.1 Combinações últimas normais

As combinações últimas normais são dadas pela Equação (2.61):


69

( b

•" ; ‚$2 ••2,, D ‚M —•Ž ,, D ; ΨR‘ •Ž‘,, ˜ (2.61)


2c ‘cF

onde:

• •" é o valor de cálculo das ações para combinações últimas;

• ‚$ é o coeficiente de ponderação para as ações permanentes, definido nas Tabelas 1, 2


e 3 da NBR 8681 (2003) e mostrado no Anexo A do trabalho;

• ‚M é o coeficiente de ponderação para as ações variáveis, definido nas Tabelas 4 e 5 da


NBR 8681 (2003) e mostrado no Anexo A do trabalho;

• ΨR é o fator de combinação para ações variáveis diretas no ELU, definido na Tabela 6


da NBR 8681 (2003) e mostrado no Anexo A do trabalho.

2.3.2.2.2 Combinações últimas especiais ou de construção

As combinações últimas especiais ou de construção são dadas pela expressão (2.62):

( b

•" ; ‚$2 ••2,, D ‚M —•Ž ,, D ; ΨR‘,#\ •Ž‘,, ˜ (2.62)


2c ‘cF

onde:

• ΨR,#\ é o fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que podem
agir concomitantemente com a ação principal •Ž ,, , durante a situação transitória;esse
fator é igual a ΨR adotado nas combinações normais, salvo quando •Ž ,, tiver um
70

tempo de atuação muito pequeno, caso em que ΨR,#\ pode ser tomado com o
correspondente ΨF .

2.3.2.2.3 Combinações últimas excepcionais

As combinações últimas excepcionais são dadas pela Equação (2.63):

( b

•" ; ‚$2 ••2,, D •Ž,#* D ‚M ; ΨR‘,#\ •Ž‘,, (2.63)


2c ‘c

onde:

• •Ž,#* é o valor da ação transitória excepcional.

2.3.3 Estados Limites de Serviços (ELS)

Estados que, por sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos estruturais que não
respeitam as condições especificadas para o uso normal da construção, ou que são indícios de
comprometimento da durabilidade da estrutura (NBR 8681, 2003).

Para o dimensionamento em concreto protendido podem-se considerar os estados limites de


serviço e em seguida os estados limites últimos (como será feito neste trabalho), ou vice-
versa, diferente do dimensionamento em estruturas de concreto armado.

As verificações de estados limites de serviço devem ser feitas no estádio I ou II, conforme o
caso. Os limites impostos referem-se à segurança relativa à formação ou abertura de fissuras,
flechas excessivas e compressão excessiva (VERÍSSIMO et al, 1999).

Como, normalmente, a protensão em paredes de reservatórios é completa, não será discorrido


sobre o estado limite de abertura de fissuras (observar a Tabela 2.13).
71

Tabela 2.13 – Estados limites de serviço a considerar (adaptado


de VERÍSSIMO et al, 1999).
Combinações Combinações
Tipo de protensão Combinações raras
quase-permanentes frequentes
Formação de
Completa Descompressão Descompressão
fissuras
Formação de
Limitada Descompressão
fissuras
Parcial Descompressão Abertura de fissuras

2.3.3.1 Estado Limite de Descompressão (ELS-D)

Estado no qual em um ou mais pontos da seção transversal a tensão normal é nula, não
havendo tração no restante da seção. Essa verificação pode ser feita calculando-se a máxima
tensão de tração do concreto no estádio I (concreto não fissurado e comportamento elástico
linear dos materiais) (NBR 6118, 2007).

O termo “descompressão” é devido ao fato de que uma ação externa elimina a compressão
previamente instaurada pelas armaduras ativas, na seção transversal do elemento protendido.

2.3.3.2 Estado Limite de Formação de Fissuras (ELS-F)

Estado em que se inicia a formação de fissuras. Assim como no caso anterior, esse estado
limite pode ser calculado a partir da máxima tensão de tração do concreto no estádio I.

No sentido horizontal da parede de um reservatório circular, admite-se que este é atingido


quando a tensão de tração máxima na seção transversal for igual . , (resistência
característica do concreto à tração).
72

F™
. , . ,,2b\ 0,7 Π0,3 Π. , (2.64)

onde:

• . ,,2b\ é a resistência característica inferior do concreto à tração.

Já no sentido vertical da parede, haverá a formação de fissuras se o momento fletor causado


pela carga hidrostática for superior a N (momento de fissuração). Esta incógnita é
determinada a partir da Equação abaixo:

L ·. , ·
N (2.65)

onde:

• L é o fator que correlaciona, aproximadamente, a resistência à tração na flexão com a


resistência a tração direta (para seções retangulares L 1,5).

2.3.3.3 Estado Limite de Compressão Excessiva (ELS-CE)

Estado em que as tensões de compressão atingem o limite convencional estabelecido. Usual


no caso do concreto protendido na ocasião da aplicação da protensão (NBR 6118, 2007).

Quando o concreto é submetido a tensões de compressão elevadas, superiores a 50% da sua


resistência, o processo de microfissuração interna por compressão, que já vinha ocorrendo de
forma discreta, torna-se mais acentuado. Este processo de danificação progressiva
corresponde ao crescimento de microfissuras a partir de falhas pré-deformadas na pasta de
cimento endurecida e na sua interface com os agregados. Ele é responsável, basicamente, pelo
comportamento não-linear do concreto e pelo efeito Rüsch, quando a microfissuração fica
instável para tensões no concreto mantidas acima 70% de sua resistência (HANAI, 2005).
73

Por isso é conveniente que no estado de serviço as tensões de compressão no concreto fiquem
limitadas a um valor convencional, da ordem de 60% da resistência característica (HANAI,
2005).

A NBR 6118 (2007) admite uma verificação simplificada do estado limite último, no ato de
protensão, em que o limite de compressão é fixado em 0,7. ,‘ (70% da resistência
característica à compressão aos j dias de idade). Enfatiza-se, no entanto, que se trata de
verificação do estado limite último, que toma valores de esforços e tensões no estádio I, como
se fosse em serviço (HANAI, 2005).

Por ser um efeito considerado no ato da protensão, devem-se desconsiderar as perdas no


cálculo deste ELS.

2.3.3.4 Estado Limite de Deformações Excessivas (ELS-DEF)

Estado em que as deformações atingem os limites estabelecidos para a utilização normal,


dados na Tabela 13.2 da NBR 6118 (2007).

Usualmente, a verificação das deformações em peças de concreto armado é feita através do


cálculo da flecha elástica instantânea, provocada pelas ações atuantes. Resultados práticos têm
demonstrado que este procedimento conduz a valores bem inferiores aos reais. Após a
aplicação do carregamento, com o decorrer do tempo, a deformação lenta produz um aumento
na deformação da peça que pode chegar a valores três vezes maiores do que os iniciais
(VERÍSSIMO et al, 1999).

Paredes de reservatórios não devem apresentar fissuras, sendo que estas podem ser associadas
à deformação excessiva desse elemento estrutural. Logo, é preciso que haja uma análise muito
cautelosa da protensão, pois, um equívoco na sua determinação pode ter como consequência o
desenvolvimento de deformações excessivas.

2.3.4 Estados Limites Últimos (ELU)

Estados que, pela sua simples ocorrência, determinam a paralisação, no todo ou em parte, do
uso da construção (NBR 8681, 2003).
74

2.3.4.1 Estado limite último devido às solicitações normais (considerando a ação da flexão)

A seguir serão descritas as etapas do procedimento de cálculo das armaduras passivas, quando
a seção é submetida à atuação do momento fletor:

• define-se o valor de cálculo da protensão para o ELS;

• calcula-se o pré-alongamento (representado anteriormente);

• determina-se o momento fletor de cálculo atuante na seção, através da combinação dos


carregamentos no ELU;

• arbitram-se valores de /⁄ , onde:

− / é a profundidade da linha neutra;

− é a altura útil da seção;

• calculam-se as deformações específicas do concreto, da armadura passiva (_ ) e ativa


(_& ), além da sua deformação total (_& ), através das Equações (2.66), (2.67), (2.68) e
(2.69), respectivamente:

/
_ 1%
/
(2.66)

{1 /™ }
_ _ /™
(2.67)


{ }
*

_& _ "/ "



(2.68)
75

onde:

− & é distância da face comprimida do elemento sujeito à flexão ao centro de


gravidade da armadura ativa (representada na Figura 2.16);

Figura 2.16 – Indicação das distâncias numa seção transversal de


elemento protendido (adaptado de FRANÇA E ISHITANI, 2001).

_& _& D _&b (2.69)

• em seguida, deve ser definida a força resultante de compressão no concreto (< " );

< " 0,85 · . " · · 0,8 · / (2.70)

• calcula-se a tensão de projeto na armadura de protensão ( &" ) e na passiva ( " ),

como mostrado a seguir;

‚& · .&
?& · _& x .&›"
,
&"

(2.71)
76

.›,
? · _ x .›"
"

(2.72)

onde:

− .&›" é a resistência de projeto ao escoamento do aço da armadura ativa;

− ‚ é o coeficiente de ponderação da resistência do aço (Tabela 2.14);

Tabela 2.14 – Valores de γs (adaptado da NBR 6118, 2007).


Aço
Combinações
ut
Normais 1,15
Especiais ou de construção 1,15
Excepcionais 1,00

− ? é o módulo de deformação elástica do aço da armadura passiva (^210000


MPa);

• determina-se a força resultante de tração na armadura ativa (<&" ):

<&" &" · =& (2.73)

• com isso, já é possível determinar a área de aço da armadura passiva necessária


(= ,b# ) através da Equação (2.74), considerando que no numerador consta a força que
será absorvida por esta armação:

< " <&"


= ,b# (2.74)
"
77

• com as variáveis que já foram definidas é possível calcular o momento resistente de


projeto ( N" ), ponderando que será feito o produto de cada resultante pela sua
distância ao centro de gravidade da seção:

< f 0,4/g D ·= f g D <&" f g


N" "
2 "
2 &
2
(2.75)

• em sequência, basta seguir o mesmo procedimento para outros valores de /⁄ , traçar


um gráfico, como o mostrado abaixo, e entrar com o valor do momento solicitante de
projeto ( ") para determinar a área de aço necessária;

Figura 2.17 – Gráfico para a determinação da área de aço em


função da flexão (adaptado de FRANÇA E ISHITANI, 2001).

• após a etapa anterior, basta comparar a área de aço encontrada no gráfico da Figura
2.17 com o valor mínimo para a seção, como mostrado adiante;
78

Tabela 2.15 – Taxas mínimas de armadura de flexão para seção


retangular por classe de concreto (adaptado da NBR 6118, 2007).
Valores de œ•íŸ ( t,•íŸ ⁄ p ) por ¡p¢ (MPa)
%
20 25 30 35 40 45 50
0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288

= ,(íb £(íb · = (2.76)

onde:

− = ,(íb é a área de aço mínima da armadura passiva;

− £(íb é a taxa geométrica mínima de armadura passiva.

2.3.4.2 Estado limite último devido a solicitações normais (considerando a ação de tração
axial)

A seguir serão descritas as etapas do procedimento de cálculo das armaduras passivas, quando
a seção é submetida à atuação da tração axial:

• define-se o valor de cálculo da protensão para o ELU;

• calcula-se o pré-alongamento (representado anteriormente);

• determina-se a tração axial de cálculo existente na seção, através da combinação dos


carregamentos no ELU, indicando o quanto a força gerada pelo empuxo de água
excede o esforço de protensão atuante por metro;

• o valor encontrado será a força a ser absorvida pela armadura passiva, que será
utilizada na Equação (2.77) para calcular = ,b# :
79

1N
= ,b#
.›"
(2.77)

onde:

− 1N é a força resultante absorvida pela armadura passiva;

• finalmente, é só verificar se o valor de = ,b# é superior ou não a = ,(íb , como foi feito
na seção anterior.
80

3 METODOLOGIA

Desenvolveram-se planilhas em Excel para verificar a parede do reservatório pelo ELU e


ELS. Este possui alturas variáveis de paredes e pilares, além de ser parcialmente enterrado.

Algumas informações importantes sobre o projeto estão apresentadas a seguir:

• espessura da parede = 25 cm;

• espessura do fundo = 20 cm;

• espessura da tampa = 20 cm;

• diâmetro externo = 3300 cm;

• altura máxima da parede = 700 cm;

• altura mínima da parede = 550 cm;

• solo composto predominantemente por argila úmida;

• altura máxima de solo (medida a partir da face inferior da laje de fundo) = 300 cm;

• altura mínima de solo (medida a partir da face inferior da laje de fundo) = 120 cm;

• lâmina de água 25 cm abaixo da face superior da parede;

• . , = 35 MPa;

• laje superior apoiada em neoprenes sobre as paredes.

O reservatório possui 45 pilares internos, com 30 cm x 30 cm, distribuídos simetricamente.


Estes possuem capitéis e sapatas unidas às lajes inferiores.

Na Figura 3.1 e Figura 3.2 é mostrada a planta e um corte da estrutura, respectivamente. Já no


Anexo B são mostrados outros desenhos retirados do projeto estrutural.
81

Figura 3.1 – Planta do reservatório calculado.

Figura 3.2 – Corte do reservatório calculado.


82

A protensão horizontal foi projetada para 2 ancoragens ativas (com nichos a cada 90°), já na
vertical foram utilizadas ancoragens ativas (nichos sobre a parede) e passivas (em laço), até
porque, do ponto de vista construtivo, seria difícil ancorar ativamente na base do reservatório.
A bainha adotada foi do tipo MT (Figura 2.9), pois é utilizada para peças com baixa
espessura. A protensão foi aderente, com cabos pós-tracionados e cordoalhas do tipo CP 190
RB.

A modelagem da estrutura foi elaborada no STRAP 2009, que é um programa de análise


estrutural baseada no método dos elementos finitos. Foram considerados 3300 cm de diâmetro
e 737 cm de altura.

Inicialmente, foram informadas as dimensões dos elementos estruturais, sendo que a laje de
fundo, parede e tampa consistiram em malhas de elementos, diferentes dos pilares que foram
definidos como barras. Simulou-se a ligação rotulada entre a laje superior e parede, através da
utilização de rótulas nesta ligação. A Figura 3.3 mostra o modelo do STRAP.

Figura 3.3 – Geometria do reservatório elaborada no STRAP.

Neste modelo foram postos três condições de contorno na laje de fundo (restrições nas
direções X, Y e XY no plano), apenas para estabilizar a estrutura e não ocorrer problemas de
83

singularidade. Além disto, também foi levado em conta um coeficiente de reação vertical
igual a 40000 KN/m³ sob o fundo do reservatório, devido ao tipo de solo do local.

Foram considerados os seguintes carregamentos atuando no reservatório:

• peso próprio dos elementos;

• empuxo de terra, considerando um peso específico do solo de 18 KN/m³ e ângulo de


atrito de 30°;

• empuxo de água nas paredes e pressão hidrostática no fundo, para o reservatório


completamente cheio;

• retração de -25°C atuando somente nas paredes;

• variação de temperatura de 15°C na tampa do reservatório;

• protensão igual a carga hidrostática na parede, porém em sentido contrário;

• carga acidental de 3 KN/m² sobre a tampa.

4 ANÁLISE E RESULTADOS

Desenvolveram-se planilhas para o cálculo estrutural do reservatório com os objetivos de:


determinar a quantidade de cabos, verificar o concreto no ELS e dimensionar a armadura
passiva e ativa pelo ELU. As células coloridas representam os dados de entrada.

4.1 DETERMINAÇÃO DA QUANTIDADE DE CABOS

Na Tabela 4.1 são exibidas as características geométricas do reservatório e dos materiais


(armadura ativa e concreto).
84

Tabela 4.1 – Características geométricas e dos materiais.


1 - Características geométricas
Diâmetro interno do tanque [m] 32.50
Altura da parede [m] 5.50
Espessura da parede do tanque [m] 0.250
Altura com água [m] 4.82

2 - Características dos materiais


fck na idade da protensão[Mpa] 35
Módulo de Elasticidade do aço arm ativa Ep [MPa] 195000
Módulo de Elasticidade do concreto Ec [MPa] 28161
Razão entre módulos ap = Ep/Ec 6.92

As características acima foram baseadas no projeto hidráulico e arquitetônico. Foi utilizado


concreto com . , de 35 MPa devido a Classe de Agressividade Ambiental III, adotada no
projeto (observar Tabela 2.2).

4.1.1 Protensão horizontal

Este item será voltado apenas para a determinação da quantidade dos cabos horizontais.

A Tabela 4.2 retrata o cálculo do esforço horizontal de tração provocado pela água.

Tabela 4.2 – Dados relativos à pressão da água.


3 - Pressão da água
Máxima pressão da água [kN/m²] 48.20
Máxima tração circunferencial da água [kN/m] 783.25
Força extra [kN/m] 250.00
Força total requerida na base do tanque [kN/m] 1033.25
Força total requerida na topo do tanque [kN/m] 250.00

Para determinar a tração provocada pela água na parede foi utilizado o método dos vasos de
pressão em paredes finas. Outra ponderação importante é que foi considerado o efeito de uma
força extra, que aumenta a tensão gerada pela água na parede em 1 MPa. Esta foi apenas uma
85

medida de segurança, ou seja, a intenção é que sempre as paredes estejam comprimidas em


pelo menos 1 MPa.

A Tabela 4.3 representa as considerações feitas acerca das características das cordoalhas.

Tabela 4.3 – Características das cordoalhas horizontais.


4 - Característica das cordoalhas
Tipo de cordoalha CP 190 RB ø 15.2
Ø da cordoalha [mm] 15.2
Área Nominal do aço Ap [mm²] 140.00
Carga de ruptura mínima Fptk [kN] 265.80
Tensão de ruptura mínima fptk [N/mm²] 1898.6
Carga de ruptura mínima Fpi [kN] 208
Tensão de ruptura mínima σpi [N/mm²] 1485.8

Utilizou-se o tipo CP 190 RB Ø 15,2 para reduzir a quantidade de cabos e acessórios


correspondentes, bem como agilizar a execução da protensão. Além disso, optou-se por aços
de baixa relaxação, porque estes possuem melhores características elásticas do que os de
relaxação normal.

Na Tabela 4.4 é representado o cálculo das perdas por atrito ao longo do cabo.

Tabela 4.4 – Perdas por atrito ao longo dos cabos horizontais.


5 - PERDAS IMEDIATAS
5.1 - Perdas de protensão por atrito
Coeficiente de atrito µ 0.20
Coeficiente k 2.5E-03
Opção de protensão 1 1
Comprimento com atrito x [m] 25.9
Raio de cálculo do tanque [m] 16.38
Somatório de deflexões ϕ [rad] 1.583
Fator (µϕ + kx) 0.381
Px = Po. e^[-(µϕ + kx)] [kN] 142.06
Tensão de ruptura mínima σpi após perda [N/mm²] 1014.7
Perdas (%) 31.71%

Nestas perdas foi considerado que houve atrito entre cordoalhas e bainhas metálicas
galvanizadas (¤ 0.20) e uso de bainha chata, com 4 cordoalhas e execução normal (9
2.5 · 104 ). O percentual de perdas corresponde a razão entre a tensão de ruptura mínima
86

após a perda e a tensão de ruptura de projeto. A opção de protensão está diretamente


relacionada com o comprimento com atrito. A escolha pela de número 1 indica que os cabos
serão ancorados a cada 180° no reservatório, como está representado na Figura 4.1.

Figura 4.1 – Hipóteses de protensão horizontal.

Esta opção foi escolhida devido a maior agilidade e facilidade no processo executivo, apesar
das perdas por atrito ao longo do cabo serem maiores.

A Tabela 4.5 retrata as ponderações feitas sobre as perdas por acomodação das ancoragens.

Tabela 4.5 – Perdas por acomodação das ancoragens na protensão


horizontal.

5.2 - Perdas por acomodação das cunhas na ancoragem


MT e MTAI: 6mm / PTC: 2 a 4,5mm [mm] 6.0
∆σ [N/mm²] / m 18.177
xr [m] comprimento de influência das perdas 8.02
∆σ [N/mm²] 291.7
σ [N/mm²] 1340.0
σ [N/mm²] 1194.2
∆σ [%] 19.63%

Como as ancoragens utilizadas foram do tipo MT, considerou-se um deslocamento das cunhas
de 6 mm. As tensões de 1340 MPa e 1194,2 MPa correspondem aos valores no cabo,
87

causados por essa perda, a uma distância de 8,02 m da ancoragem e no extremo do cabo,
respectivamente. A Figura 4.2 ilustra o que acabou de ser citado.

1600.0
1485.8 1485.8
1400.0 1340 1340
1200.0 1194
1000.0 1194 1014.7
800.0
600.0 Perda por Atrito
400.0
200.0 Encunhamento
0.0
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00

Figura 4.2 – Tensões nos cabos após as perdas por atrito e


acomodação das ancoragens na protensão horizontal.

A Tabela 4.6 indica o que foi considerado sobre as perdas no equipamento de protensão.

Tabela 4.6 – Perdas no equipamento de protensão nos cabos


horizontais.

5.3 - Perdas por atrito no conjunto (Ancoragem - macaco - bomba)


Inserir o valor da perda Considera nos cálculos 2.50%

Esta perda foi levada em conta apenas por uma questão de segurança, pois, como já foi
explanado, este efeito é corrigido no macaco hidráulico.

A Tabela 4.7 ilustra as ponderações sobre as perdas por encurtamento elástico do concreto.
88

Tabela 4.7 – Perdas por encurtamento elástico do concreto na


protensão horizontal.
5.4 - Perdas por encurtamento elástico do concreto
Número estimado de cabos a serem protendidos 50
Área de concreto [mm²] 250000
Tensão no concreto [N/mm²] 4.13
Tensão no aço de protensão [N/mm²] 28.62
∆σ [N/mm²] 14.02
∆σ [%] 1.38%

No cálculo da tensão no concreto, realizou-se a razão entre a força total requerida na base do
tanque e a área da seção (em 1 m de altura). Para convertê-la em tensão na armadura ativa,
bastou multiplicá-la por L& . Assim como os percentuais das próximas perdas de protensão
horizontal a serem mostradas, desconsiderou-se o efeito do encunhamento, pois a perda por
atrito foi mais significativa.

A Tabela 4.8 elucida a determinação das perdas por relaxação das armaduras ativas.

Tabela 4.8 – Perdas por relaxação do aço na protensão horizontal.


6 - PERDAS PROGRESSIVAS
6.1 Perdas por relaxação do aço ("fluência do aço")
σ após perdas imediatas / σ inicial 0.66
Perda para 1000 horas Ψ1000 2.00%
‘Perda para o tempo infinito 4.99%

A perda Ψ RRR (Tabela 2.9) resultou de uma interpolação entre os valores de &2 .

A Tabela 4.9 retrata o cálculo das perdas por fluência do concreto.


89

Tabela 4.9 – Perdas por fluência do concreto na protensão


horizontal.
6.2 Perdas por fluência
to [dias] 28
t ∞ [dias] 18250
T [°] 20
α 1
t [dias] 18250
fc (to) / fc (t∞) 1.00
Coeficiente de fluência rápida φ a 0.001

Umidade [%] Na água 70


Abatimento (Slump) 1
ϕ1c 0.6
Área de concreto da seção Ac [m²] 1.38
Perímetro da seção em contato com o ar: U ar [m] 5.50
Coef. γ que depende de U% (Tab. 2 NBR 7197) 30.00
hfic = γ 2 Ac / u 15.00
ϕ2c 1.01
Coeficiente de deformação lenta irreversível ϕ f ∞ 0.61

Coeficiente de deformação lenta reversível ϕ d ∞ 0.4


βf to 0.26
βf t 0.96
βd 1.00
ϕ (t, to) 0.83

∆σ [N/mm²] 23.63
∆σ [%] 2.33%

Como pode ser observado acima, considerou-se um período de 50 anos no qual a temperatura
média do ambiente é constante (50 · 365 18250). Outro fator de destaque, é que mesmo
com uma face da parede exposta ao ar, levou-se em conta que a seção se encontrava
submersa. As demais variáveis acima são parâmetros e podem ser mais bem esclarecidos na
NBR 6118 (2007).

Na Tabela 4.10 pode-se visualizar como se determinaram as perdas por retração do concreto.
90

Tabela 4.10 – Perdas por retração do concreto na protensão


horizontal.
6.3 Perdas por retração do concreto
ε1s*10^4 1.00
ε2s 0.67
εcs∞ 6.71E-05
βs t 0.97
βs to 0.0252
εcs 6.33E-05
∆σ [N/mm²] 12.35
∆σ [%] 1.22%

Esta perda normalmente é pouco significativa, sendo que para o reservatório em questão foi
de 1,22%. Pode-se comprovar isto na Tabela 4.11, onde há um resumo com todas as perdas
horizontais.

Tabela 4.11 – Resumo das perdas de protensão horizontal.


RESUMO DAS PERDAS
Atrito 31.71%
Encunhamento 19.63%
Atrito no conjunto 2.50%
Encurtamento 1.38%
Perdas imediatas 35.59%
Relaxação 4.99%
Fluência 2.33%
Retração 1.22%
Perdas progressivas 8.54%
TOTAL 42.42%

Força final nas cordoalhas [kN] 126.8


Tensão final nas cordoalhas [N/mm²] 906.0

Nas perdas imediatas não foi acrescentado o efeito do encunhamento, pois é menor do que o
atrito ao longo do cabo. Já no cálculo da força e tensão final nos cabos, seguiu-se exatamente
o que é explicado na seção 2.2.4.3.

Na Tabela 4.12 é retratado o cálculo do alongamento teórico.


91

Tabela 4.12 – Alongamento teórico dos cabos horizontais.


7 - Alongamento teórico
Força de protensão de cálculo [KN] 145.87
Força de neutralização da protensão [KN] 149.88
Deformação na armadura ativa 0.55%
Valor do alongamento [cm] 28.46

Para determinar a força de protensão de cálculo, multiplicou-se a força final nos cabos por ‚ ,
pois esta constante deve entrar apenas no dimensionamento da armadura ativa (inclusive nas
perdas), sendo que já havia sido utilizada para reduzir a resistência à ruptura dos cabos
anteriormente.

Pode-se observar abaixo a planilha utilizada para calcular o arranjo dos cabos horizontais.

Tabela 4.13 – Arranjo dos cabos horizontais.


Num Ca bo es p [m] Nível [m] Quant Cord Força kN Es p Infl uênci a kN/m
Cabo 1 0.25 0.25 4 507.4 0.475 1068
Cabo 2 0.45 0.70 4 507.4 0.5 1015
Cabo 3 0.55 1.25 4 507.4 0.575 882
Cabo 4 0.60 1.85 4 507.4 0.65 781
Cabo 5 0.70 2.55 4 507.4 0.75 677
Cabo 6 0.80 3.35 4 507.4 0.9 564
Cabo 7 1.00 4.35 4 507.4 1.075 472
Bordo Livre 1.15 5.50 0 0.0 1.15 0

Na determinação dos espaçamentos entre os cabos pode-se destacar: a escolha de 4 cordoalhas


por bainha (quantidade mínima para 15,2 mm em ancoragens do tipo MT) e o cálculo da força
(kN/m) gerada por cada cabo, onde foi feito o produto entre a quantidade de cordoalhas e a
força final em cada uma e, em seguida, dividiu-se pelo espaçamento de influência
(considerou-se uma linha imaginária entre os cabos, exatamente no meio). A Figura 4.3 ilustra
uma comparação da força de protensão com o carregamento hidrostático, através de um
gráfico altura x força.
92

6.00

Carregamento
5.00 250.00
Protensão

4.00

3.00

2.00

1.00

1033.3
0.00
0.0 500.0 1000.0 1500.0 2000.0

Figura 4.3 – Comparação entre as forças de protensão e o


carregamento hidrostático.

Como o gráfico das forças nos cabos está todo à direita, conclui-se que a distribuição da
armadura ativa atende a solicitação gerada pela água, ou seja, os cabos estão distribuídos
corretamente.

4.1.2 Protensão vertical

Os dados a seguir serão voltados para o cálculo das perdas de protensão e dimensionamento
das armaduras ativas verticais.

A Tabela 4.14 explana a determinação dos esforços solicitantes verticais.

Tabela 4.14 – Esforços solicitantes verticais.


1 - Esforços solicitantes verticais
Mk [kN.m] 50.00
W [m³] faixa de 1 metro de parede 0.01042
σ [kN/m²] 4800
93

O valor do momento fletor característico foi retirado do STRAP, considerando a atuação em


conjunto da protensão e empuxo do solo, visto que este efeito é mais significativo do que o da
carga hidrostática. Para achar a tensão levou-se em conta uma altura de parede de 1 m
(cálculo de ).

A Tabela 4.15 representa as considerações feitas acerca das características das cordoalhas.

Tabela 4.15 – Características das cordoalhas verticais.


2 - Característica das cordoalhas
Tipo de cordoalha CP 190 RB ø 15.2
Ø da cordoalha [mm] 15.2
Área Nominal do aço Ap [mm²] 140.00
Carga de ruptura mínima Fptk [kN] 265.80
Tensão de ruptura mínima fptk [N/mm²] 1898.6
Carga de ruptura mínima Fpi [kN] 208
Tensão de ruptura mínima σpi [N/mm²] 1485.8

Podem ser utilizadas as mesmas ponderações feitas para a protensão horizontal, referentes às
características das cordoalhas.

Na Tabela 4.16 é representado o cálculo das perdas por atrito ao longo do cabo.

Tabela 4.16 – Perdas por atrito ao longo dos cabos verticais.


3 - PERDAS IMEDIATAS
3.1 - Perdas de protensão por atrito (cabo reto)
Coeficiente de atrito µ 0.20
Coeficiente k 2.5E-03
Comprimento com atrito x [m] = Altura do tanque 5.5
Fator (kx) 0.014
Px = Po. e^(-kx) [kN] 205.18
Tensão de ruptura mínima σpi após perda [N/mm²] 1465.5
Perdas (%) 1.37%

Para ¤ e 9 foram feitas as mesmas considerações das perdas por atrito calculadas
anteriormente. Pode-se destacar o comprimento com atrito, que foi igual a altura do
reservatório (os cabos são retos e desenvolvem-se ao longo da parede).

A Tabela 4.17 retrata as ponderações feitas sobre as perdas por acomodação das ancoragens.
94

Tabela 4.17 – Perdas por acomodação das ancoragens na


protensão vertical.
3.2 - Perdas por acomodação das cunhas na ancoragem
MT e MTAI: 6mm / PTC: 2 a 4,5mm [mm] 6.0
∆σ [N/mm²] / m 3.689
xr [m] comprimento de influência das perdas 17.81
∆σ [N/mm²] 131.4
σ [N/mm²] 1354.4
σ [N/mm²] 1420.1
∆σ [%] 8.84%

Como as ancoragens utilizadas na protensão vertical também foram do tipo MT, considerou-
se um deslocamento das cunhas de 6 mm. As tensões de 1420,1 MPa e 1354,4 MPa
correspondem aos valores causados por essa perda a uma distância de 17,81 m da ancoragem
ativa (ponto fora do cabo) e atuando sobre esta, respectivamente. A Figura 4.4 ilustra o efeito
das perdas por atrito e por encunhamento no cabo.

1500.0
1480.0
1485.8
1460.0 1465.5
1440.0 Perda por Atrito
1420.0
1400.0 Encunhamento
1380.0
1360.0 1354

1340.0
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00

Figura 4.4 – Tensões após as perdas por atrito e acomodação das


ancoragens na protensão vertical.

Na Tabela 4.18 indica o que foi considerado sobre as perdas no equipamento de protensão.
95

Tabela 4.18 – Perdas no equipamento de protensão nos cabos


verticais.

3.3 - Perdas por atrito no conjunto (Ancoragem - macaco - bomba)


Inserir o valor da perda Considera nos cálculos 2.5%

Esta perda foi levada em conta apenas por uma questão de segurança, pois, como já se
mostrou antes, este efeito é corrigido no macaco hidráulico.

A Tabela 4.19 ilustra as ponderações sobre as perdas por encurtamento elástico do concreto.

Tabela 4.19 – Perdas por encurtamento elástico do concreto na


protensão vertical.
3.4 - Perdas por encurtamento elástico do concreto
Número estimado de cabos a serem protendidos 50
Área de concreto [mm²] 250000
Tensão no concreto [N/mm²] 4.80
Tensão no aço de protensão [N/mm²] 33.24
∆σ [N/mm²] 16.29
∆σ [%] 1.20%

O valor da tensão no concreto neste cálculo correspondeu ao provocado pela flexão, explicado
anteriormente. Para convertê-la em tensão na armadura ativa, bastou multiplicá-la por L& .
Assim como os percentuais das próximas perdas de protensão vertical a serem mostradas,
desconsiderou-se a perda por atrito ao longo do cabo, pois o encunhamento foi mais
significativo.

A Tabela 4.20 elucida a determinação das perdas por relaxação das armaduras ativas.

Tabela 4.20 – Perdas por relaxação do aço na protensão


vertical.
4 - PERDAS PROGRESSIVAS
4.1 Perdas por relaxação do aço ("fluência do aço")
σ após perdas imediatas / σ inicial 0.88
Perda para 1000 horas Ψ1000 4.08%
Perda para o tempo infinito 10.19%
96

Como o valor de &2 foi superior a 0,8.& , , extrapolaram-se os valores da tabela para chegar a
Ψ RRR .

A Tabela 4.21 retrata o cálculo das perdas por fluência do concreto.

Tabela 4.21 – Perdas por fluência do concreto na protensão


vertical.
4.2 Perdas por fluência
∆σ [N/mm²] 27.45
∆σ [%] 2.03%

Nas perdas por fluência do concreto todas as constantes foram definidas na determinação da
protensão horizontal. A diferença está no valor final da perda, porque este depende da tensão
na armadura ativa gerada pelo carregamento externo (distintas para as duas direções).

Na Tabela 4.22 pode-se visualizar como se determinaram as perdas por retração do concreto.

Tabela 4.22 – Perdas por retração do concreto na protensão


vertical.
4.3 Perdas por retração do concreto
∆σ [%] 0.91%

O valor das perdas por retração nas armaduras ativas horizontais e verticais é o mesmo, a
única diferença está no percentual que cada uma representa.

A Tabela 4.23 mostra um resumo com todas as perdas verticais.


97

Tabela 4.23 – Resumo das perdas de protensão vertical.


RESUMO DAS PERDAS
Atrito 1.37%
Encunhamento 8.84%
Atrito no conjunto 2.50%
Encurtamento 1.20%
Perdas imediatas 12.55%
Relaxação 10.19%
Fluência 2.03%
Retração 0.91%
Perdas progressivas 13.13%
TOTAL 23.17%

Força final nas cordoalhas [kN] 162.7


Tensão final nas cordoalhas [N/mm²] 1162.0

Ao contrário da protensão horizontal, neste caso a perda desconsiderada foi o atrito ao longo
do cabo, devido à sua menor significância, quando comparado ao efeito do encunhamento. No
cálculo da força e tensão final nos cabos, seguiu-se exatamente o que é explicado na seção
2.2.4.3.

Na Tabela 4.24 é retratado o cálculo do alongamento teórico.

Tabela 4.24 – Alongamento teórico dos cabos verticais.


5. Alongamento teórico
Força de protensão de cálculo [KN] 187.09
Força de neutralização da protensão [KN] 191.74
Deformação na armadura ativa 0.70%
Valor do alongamento [cm] 3.86

O alongamento teórico foi determinado de modo semelhante ao das armaduras ativas


horizontais, porém como as perdas na protensão vertical são menores, ou seja, os cabos
estarão sujeitos a maiores tensões, o valor da deformação sobre estes serão superiores.

Pode-se observar na Tabela 4.25 a planilha utilizada para calcular o arranjo dos cabos
verticais.
98

Tabela 4.25 – Arranjo dos cabos verticais.


6. Arranjo dos cabos
Quantidade de cordoalhas por cabo 4
Força por cabo [kN] 650.7
Tensão no cabo [N/mm²] 4648.1
Tensão no concreto [N/mm²] 2.60
Quantidade de cabos por metro 1.84
Espaçamento entre os cabos [cm] 54.2
Quantidade de cabos no tanque 190

Para encontrar a tensão no concreto realizou-se a razão entre a força por cabo (produto da
quantidade de cordoalhas e sua força final) e a área da seção, considerando 1 m de
comprimento. Na determinação da quantidade de cabos no tanque foi levado em conta o
perímetro do tanque no eixo da parede, já que a excentricidade dos cabos verticais é nula.

4.2 VERIFICAÇÕES DO CONCRETO NO ELS

Na seção 2.3.3 recomenda-se que, em casos de protensão completa, seja verificada a formação
de fissuras e descompressão. Todavia, pode-se considerar que esta foi levada em conta na
determinação da quantidade de cabos (feito anteriormente) e a formação de fissuras não deve
ser verificada, pois a estrutura trabalha toda comprimida no ELS.

Em seguida, serão retratadas as verificações feitas para o concreto nas duas direções da
protensão.

4.2.1 Protensão horizontal

Nesta direção, a única verificação necessária é a compressão excessiva (Tabela 4.26).


99

Tabela 4.26 – Verificação da compressão excessiva devido aos


cabos horizontais.
Compressão excessiva
Idade na ocasião da protensão [dias] 14.00
s 0.38
fck,j 29.90
Tensão limite de compressão [KN/m²] 17941.59
Tensão de compressão no concreto [KN/m²] 9848.59
Situação OK

A tensão limite de compressão considerada foi de 60% do . , e a atuante correspondeu à


razão da tensão de ruptura (para 4 cabos) pela área de influência do cabo inferior. Como a 2ª
foi menor do que a 1ª, a situação está “OK”.

4.2.2 Protensão vertical

A Tabela 4.27 elucida como foi verificada a compressão excessiva para a protensão vertical.

Tabela 4.27 – Verificação da compressão excessiva devido aos


cabos verticais.
Compressão excessiva
Tensão limite de compressão [KN/m²] 17941.59
Tensão de compressão no concreto [KN/m²] 8626.65
Situação OK

A compressão excessiva para a direções vertical e horizontal foram analisadas de modo


similar, sendo explicada anteriormente.

Em seguida, na Tabela 4.28, é verificada a deformação excessiva.


100

Tabela 4.28 – Verificação da deformação excessiva devido aos


cabos verticais.
Deformação excessiva
Comprimento considerado [m] 5.50
Deformação limite [m] 0.022
Deformação real [m] 0.005
Situação OK

A deformação limite foi calculada através da Equação (4.1):

¥& 5,50
0,022
250 250
(4.1)

onde:

• ¥& é a altura da parede do reservatório.

Já a deformação real utilizada, foi o maior valor encontrado no STRAP para a parede do
reservatório. Como esta é inferior a limite, a situação está “OK”.

4.3 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA PASSIVA E ATIVA PELO


ELU

Nesta planilha foi considerada a armadura ativa calculada na seção 4.2 atuando em conjunto
com a passiva.

4.3.1 Direção horizontal

A Tabela 4.29 mostra a determinação das forças de protensão por trecho de parede.
101

Tabela 4.29 – Forças de protensão por trecho.


DADOS DA PROTENSÃO
Num Cabo Nível [m] Trecho coberto [m] kN/m
Cabo 1 0.25 0.00 0.48 1068
Cabo 2 0.70 0.48 0.98 1015
Cabo 3 1.25 0.98 1.55 882
Cabo 4 1.85 1.55 2.20 781
Cabo 5 2.55 2.20 2.95 677
Cabo 6 3.35 2.95 3.85 564
Cabo 7 4.35 3.85 4.93 472
Bordo Livre 5.50 4.93 5.50 0

Inicialmente, determinaram-se os trechos cobertos pela ação de cada cabo, ou seja, foram
definidos os níveis de início e fim de cada espaçamento de influência, sendo que a ação da
protensão foi considerada constante ao longo de cada trecho coberto. As outras informações
utilizadas foram retiradas da planilha de dimensionamento da armadura ativa pelo ELS.

A Tabela 4.30 ilustra a força resultante por trecho de parede.

Tabela 4.30 – Força resultante por trecho.


DADOS DO CARREGAMENTO
Trecho [m] Pk [kN/m] Pd [kN/m] Pd-Pp [kN/m]
0.00 0.48 783.25 1096.55 28.39
0.48 0.98 706.06 988.49 -26.26
0.98 1.55 624.81 874.74 -7.66
1.55 2.20 531.38 743.93 -36.65
2.20 2.95 425.75 596.05 -80.45
2.95 3.85 303.88 425.43 -138.33
3.85 4.93 157.63 220.68 -251.30
4.93 5.50 0.00 0.00 0.00

Em cada trecho de influência dos cabos, foi determinado o esforço resultante da subtração
entre a força hidrostática solicitante (majorada para o ELU) e o esforço de protensão. Este
resultado corresponde à solicitação que deverá ser combatida pela armadura passiva. Deve-se
destacar a não utilização da força extra da água considerada no cálculo da armadura ativa
horizontal.

Na Tabela 4.31 visualiza-se a determinação da armadura passiva horizontal.


102

Tabela 4.31 – Determinação da armadura passiva horizontal.


DADOS DA ARMADURA PASSIVA
Trecho coberto [m] As,nec [cm²/m] ρmín [%] As,mín [cm²/m] As,adot [cm²/m] φ Arranjo
0.00 0.48 0.65 5.03 8.0 ø8 c.10
0.48 0.98 0.00 5.03 8.0 ø8 c.10
0.98 1.55 0.00 5.03 8.0 ø8 c.10
1.55 2.20 0.00 5.03 8.0 ø8 c.10
0.20 5.03
2.20 2.95 0.00 5.03 8.0 ø8 c.10
2.95 3.85 0.00 5.03 8.0 ø8 c.10
3.85 4.93 0.00 5.03 8.0 ø8 c.10
4.93 5.50 0.00 5.03 8.0 ø8 c.10

Como, neste cálculo, o efeito dos esforços externos foi muito reduzido pela ação da protensão,
já era de se esperar que a armadura passiva necessária fosse a mínima.

4.3.2 Direção vertical

Na determinação da armadura passiva vertical foram seguidas as recomendações da seção


2.3.4.1.
103

Tabela 4.32 – Hipóteses para o cálculo da armadura passiva


vertical.
a) Hipótese 1 b) Hipótese 2 c) Hipótese 3
Características geométricas Características geométricas Características geométricas
x/d 0.10 x/d 0.30 x/d 0.50
bw [cm] 100.00 bw [cm] 100.00 bw [cm] 100.00
h [cm] 25.00 h [cm] 25.00 h [cm] 25.00
cobrim. [cm] 4.50 cobrim. [cm] 4.50 cobrim. [cm] 4.50
ep [cm] 0.00 ep [cm] 0.00 ep [cm] 0.00
d [cm] 19.30 d [cm] 19.30 d [cm] 19.30
dp [cm] 12.50 dp [cm] 12.50 dp [cm] 12.50
x [cm] 1.93 x [cm] 5.79 x [cm] 9.65

Características dos materiais Características dos materiais Características dos materiais


ø [mm] 8.00 ø [mm] 8.00 ø [mm] 8.00
Ap [cm²] 10.36 Ap [cm²] 10.36 Ap [cm²] 10.36
fyd [KN/cm²] 43.48 fyd [KN/cm²] 43.48 fyd [KN/cm²] 43.48
fck [KN/cm²] 3.50 fck [KN/cm²] 3.50 fck [KN/cm²] 3.50
fcd [KN/cm²] 2.50 fcd [KN/cm²] 2.50 fcd [KN/cm²] 2.50
fptk [KN/cm²] 189.86 fptk [KN/cm²] 189.86 fptk [KN/cm²] 189.86
fpyd [KN/cm²] 148.58 fpyd [KN/cm²] 148.58 fpyd [KN/cm²] 148.58
Es [KN/cm²] 21000.00 Es [KN/cm²] 21000.00 Es [KN/cm²] 21000.00
Ep [KN/cm²] 19500.00 Ep [KN/cm²] 19500.00 Ep [KN/cm²] 19500.00

Valores dos deslocamentos Valores dos deslocamentos Valores dos deslocamentos


ε c [%] -0.111 εc [%] -0.429 εc [%] -1.000
ε s [%] 1.000 εs [%] 1.000 εs [%] 1.000
∆εp [%] 0.609 ∆ε p [%] 0.497 ∆εp [%] 0.295
εpré [%] 0.700 ε pré [%] 0.700 εpré [%] 0.700
ε p [%] 1.309 εp [%] 1.197 εp [%] 0.996

Determinação da As e Mrd Determinação da As e Mrd Determinação da As e Mrd


σpd [KN/cm²] 148.58 σpd [KN/cm²] 148.58 σpd [KN/cm²] 148.58
Rcd [KN] 328.10 Rcd [KN] 984.30 Rcd [KN] 1640.50
Rpd [KN] 1538.95 Rpd [KN] 1538.95 Rpd [KN] 1538.95
As [cm²] -27.85 As [cm²] -12.76 As [cm²] 2.34
Mrd [KN.cm] -4385.83 Mrd [KN.cm] 6252.48 Mrd [KN.cm] 14864.45

Foram estimados valores para /™ com o objetivo de chegar à área de aço necessária e

4.5 e Figura 4.6. Utilizou-se /™ igual a 0,10, 0,30 e 0,50, como pode ser visto na Tabela 4.32
momento fletor resistente para a seção (Tabela 4.33), além de construir os gráficos da Figura

a), b) e c), respectivamente.


104

Tabela 4.33 – Resumo dos parâmetros obtidos através das


hipóteses.

Tabela de resumo
x/d As [cm²] Mrd [KN.cm]
0.10 -27.74 -4354.78
0.30 -12.65 6283.54
0.50 2.44 14895.50

Mrd x As
20000.00

15000.00

10000.00

5000.00

0.00
-30.00 -25.00 -20.00 -15.00 -10.00 -5.00 0.00 5.00
-5000.00

-10000.00

Figura 4.5 – Gráficos para dimensionamento da armadura


passiva (momento resistente de projeto x área de aço necessária).
105

x/d x As
0.60

0.50

0.40

0.30

0.20

0.10

0.00
-30.00 -25.00 -20.00 -15.00 -10.00 -5.00 0.00 5.00

Figura 4.6 – Gráficos para dimensionamento da armadura


passiva (x/d x área de aço necessária).

4.5 para descobrir o valor de /™ . Em seguida utiliza-se este valor no gráfico da Figura 4.6
É necessário entrar com o valor do momento fletor solicitante de projeto no gráfico da Figura

para encontrar a área de aço necessária da seção. A Tabela 4.34 foi desenvolvida para
automatizar a retirada de valores dos gráficos e chegar a um arranjo final das armaduras.

Tabela 4.34 – Verificação de x/d e arranjo da armadura passiva.

Verificação da seção e arranjo


Msd [KN.cm] 6500.00
As,nec [cm²/m] -12.27
As,mín [cm²/m] 5.03
As,adot [cm²/m] 5.03
x/d (lim) 0.50
x/d 0.31
Arranjo ø8 c.10

Assim como na direção horizontal, a armadura passiva corresponde ao seu valor mínimo, pois
a protensão reduziu bastante o efeito dos esforços externos.
106

5 CONCLUSÕES

Comparando os resultados obtidos pelas planilhas com os encontrados manualmente, pode-se


afirmar que esses foram validados, pois atendem todas as verificações e dimensionamentos de
forma eficiente, tanto para o sentido vertical, quanto para o horizontal da parede.

A utilização do Excel como uma ferramenta para o auxílio nos cálculos foi relevante, porque
possibilitou o uso de análises gráficas e tornou o cálculo estrutural das paredes de
reservatórios circulares protendidas mais eficiente, reduzindo consideravelmente o tempo
gasto, quando calculado manualmente. Entretanto, não foi possível avaliar a ligação parede -
laje e a interação solo - estrutura no Excel. Para sanar esta limitação, utilizou-se o STRAP.

A consideração da força extra de 1MPa foi providencial no cálculo estrutural dos


reservatórios, pois garante estanqueidade nestas peças. Além disso, o aspecto linear do
carregamento hidrostático permite que os espaçamentos entre os cabos aumentem de baixo
para cima.

Apesar de todas as facilidades oferecidas pelo Excel e STRAP, é necessário bastante


conhecimento técnico para modelar a estrutura, determinar os dados de entrada e interpretar
os resultados obtidos nos dois softwares.
107

6 TRABALHOS FUTUROS

A seguir, têm-se duas sugestões para trabalhos futuros.

1. Verificar a interação solo-estrutura na laje de fundo de reservatórios circulares.

2. Avaliar lajes de grandes vãos protendidas para reservatórios circulares.


108

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7483


(2008) – Cordoalhas de aço para estruturas de concreto protendido - Especificação. Rio
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ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7484


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de ensaio de relaxação isotérmica. Rio de Janeiro/RJ. 2009.

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Protendido – Estados limites. Viçosa, 1999. Departamento de Engenharia Civil,
Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 1999.
110

ANEXO A – TABELAS DA NBR 8681 (2003)


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113

ANEXO B – DESENHOS DO PROJETO ESTRUTURAL


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