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ESCOLA POLITÉCNICA
COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Salvador
2013
RODRIGO SUZANO MAGALHÃES
Salvador
2013
MAGALHÃES, Rodrigo Suzano. Análise e dimensionamento de paredes de reservatórios
circulares protendidos. 116 f. 2013. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso) – Escola
Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.
RESUMO
Esta monografia visa o desenvolvimento de planilhas para o cálculo das armaduras ativas e
passivas, além de fazer verificações das paredes de reservatórios circulares em serviço. Será
retratada toda a base para o entendimento destas ferramentas, pois serão retratados aspectos
sobre: reservatórios circulares, concreto protendido e verificações da segurança em serviço e
na ruptura. No processo de cálculo da protensão deve-se ter bastante cautela nas
determinações das perdas, que são inerentes a essa tecnologia, buscando o melhor
aproveitamento de cada material, com o objetivo de não superdimensionar ou subdimensionar
as estruturas. Para facilitar a análise e o dimensionamento destas, foram utilizadas duas
ferramentas computacionais: Excel e STRAP (software de análise estrutural que utiliza o
método dos elementos finitos). O uso deste último foi essencial para o desenvolvimento dos
cálculos, porque sanou algumas limitações impostas pelas condições de contorno dos
reservatórios circulares, que não poderiam ser simuladas pelo Excel.
Tabela 2.1 – Classes de agressividade ambiental (adaptado da NBR 6118, 2007). ................. 23
Tabela 2.2 – Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto (adaptado
da NBR 6118, 2007). ................................................................................................................ 24
combinação
Hp Altura da parede do reservatório
variáveis
Mr Momento de fissuração
da armadura ativa
dy Parcela infinitesimal da altura do reservatório
seção considerada
fc Resistência à compressão do concreto
h Espessura da parede
k Coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não intencionais do cabo
n Número de cabos
p Pressão hidrostática na parede do reservatório
r Raio interno do cilindro
t Idade fictícia do concreto no instante considerado
∆t ef Período, em dias, durante o qual a temperatura média diária do ambiente, pode ser
admitida constante
∆σ Perda da tensão de protensão por unidade de comprimento
∆σ p,di Perda média de protensão por cabo, devido à deformação imediata do concreto
∆σ p,eq Perdas de tensão por atrito que ocorrem internamente no macaco de protensão
αp Razão entre E p e E c
κ Nível de protensão
µ Valor médio do coeficiente de atrito ao longo do comprimento do cabo
iniciais)
σ sd Tensão de projeto na armadura passiva
ϕ Coeficiente de fluência
Ψ0,ef Fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que podem agir
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 15
1.1 OBJETIVO .................................................................................................... 19
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 19
2.1 RESERVATÓRIOS CIRCULARES ............................................................ 19
2.1.1 Classificação dos reservatórios .................................................................. 19
2.1.2 Recomendações gerais para garantir durabilidade em reservatórios ......... 22
2.1.3 Considerações de carregamentos nas paredes ............................................ 24
2.1.4 Cálculo dos esforços solicitantes nas paredes ............................................ 26
2.1.4.1 Tensões horizontais através dos vasos de pressão em paredes finas (adaptado de
HIBBELER, 2004)............................................................................................................... 26
2.1.4.2 Tensões verticais causadas pela ação do momento fletor............................................. 28
2.2 FUNDAMENTOS DO CONCRETO PROTENDIDO ................................ 29
2.2.1 Conceitos básicos ....................................................................................... 29
2.2.1.1 Protensão ...................................................................................................................... 29
2.2.1.2 Grau de resiliência da protensão ................................................................................... 30
2.2.1.3 Definições segundo a NBR 6118 (2007) ...................................................................... 30
2.2.2 Níveis de protensão .................................................................................... 31
2.2.2.1 Níveis ............................................................................................................................ 32
2.2.2.2 Escolha do nível de protensão, de acordo com as prescrições da NBR 6118 (2007)... 33
2.2.3 Materiais ..................................................................................................... 34
2.2.3.1 Concreto ....................................................................................................................... 35
2.2.3.2 Aço para armadura ativa ............................................................................................... 35
2.2.3.3 Aço para armadura passiva ........................................................................................... 37
2.2.3.4 Bainha ........................................................................................................................... 37
2.2.3.5 Nata de injeção ............................................................................................................. 38
2.2.3.6 Ancoragens ................................................................................................................... 39
2.2.4 Perdas de protensão .................................................................................... 40
2.2.4.1 Perdas imediatas ........................................................................................................... 40
2.2.4.2 Perdas progressivas....................................................................................................... 48
2.2.4.3 Perdas finais de protensão ............................................................................................ 61
2.2.5 Dimensionamento das armaduras ativas .................................................... 63
2.2.5.1 Dimensionamento das armaduras ativas horizontais .................................................... 63
2.2.5.2 Dimensionamento das armaduras ativas verticais ........................................................ 63
2.2.6 Cálculo do alongamento da armadura ativa ............................................... 64
2.3 VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA............................................................ 65
2.3.1 Homogeneização da seção ......................................................................... 66
2.3.2 Combinações das ações (adaptado da NBR 8681, 2003) .......................... 67
2.3.2.1 Combinações de serviço das ações ............................................................................... 67
2.3.2.2 Combinações últimas das ações (NBR 8681, 2003)..................................................... 68
2.3.3 Estados Limites de Serviços (ELS) ............................................................ 70
2.3.3.1 Estado Limite de Descompressão (ELS-D) .................................................................. 71
2.3.3.2 Estado Limite de Formação de Fissuras (ELS-F)......................................................... 71
2.3.3.3 Estado Limite de Compressão Excessiva (ELS-CE) .................................................... 72
2.3.3.4 Estado Limite de Deformações Excessivas (ELS-DEF) .............................................. 73
2.3.4 Estados Limites Últimos (ELU) ................................................................. 73
2.3.4.1 Estado limite último devido às solicitações normais (considerando a ação da flexão) 74
2.3.4.2 Estado limite último devido a solicitações normais (considerando a ação de tração
axial) .................................................................................................................................... 78
3 METODOLOGIA .......................................................................................... 80
1 INTRODUÇÃO
A ideia de protensão já é muito antiga, pois este princípio já era utilizado em objetos simples
como rodas de carroça (Figura 1.1) e barris (Figura 1.2). Apesar disto, a protensão aplicada ao
concreto só foi incrementada nos últimos 100 anos.
No caso das rodas de carroça, o aro de aço, aquecido de tal forma a ter seu diâmetro
aumentado pela dilatação do aço, é então colocado em torno da roda de madeira pré-montada.
Com o resfriamento, o aro de aço tende a voltar a ter seu diâmetro inicial, mas encontrando
oposição da roda de madeira, aplica esforços sobre ela, protendendo-a, solidarizando-a
(HANAI, 2005).
Já com os barris, não se utiliza o aquecimento das cintas metálicas, mas é executada uma
operação mecânica em que elas são forçadas a uma posição correspondente a um diâmetro
maior, ficando assim tracionadas e comprimindo transversalmente os gomos do barril
(HANAI, 2005).
16
• 1855: foi fundada a primeira fábrica de cimento Portland alemã e o francês Lambot
patenteou uma técnica para a fabricação de embarcações de concreto armado;
• 1867: o francês Monier começou a fabricar vasos, tubos, lajes, e pontes utilizando
concreto com armadura de aço. Nessa época as construções em concreto armado eram
desenvolvidas em bases empíricas;
• fim do século 19: seguiram-se várias patentes de métodos de protensão e ensaios, sem
êxito. A protensão se perdia devido à retração e fluência do concreto, desconhecidas
na época;
• 1902: Mörsch desenvolveu a teoria iniciada por Koenen, endossando suas proposições
através de inúmeros ensaios. Os conceitos desenvolvidos por Mörsch constituíram, ao
longo de décadas e em quase todo o mundo, os fundamentos da teoria do concreto
armado, e seus elementos essenciais ainda são válidos;
• 1912: Koenen e Mörsch reconheceram que o efeito de uma protensão reduzida era
perdido com o decorrer do tempo, devido à retração e fluência do concreto;
• 1948: foi feita primeira obra em concreto protendido no Brasil, a ponte do Galeão (Rio
de Janeiro), utilizando o sistema Freyssinet. Para esta obra foi tudo importado da
França: o aço, as ancoragens, os equipamentos e até o projeto;
Após este breve histórico e restringindo o assunto agora para os reservatórios, quanto maiores
às dimensões externas destes, mais significativos serão os esforços que incidem sobre a
estrutura. Logo, serão necessárias maiores áreas de aço e espessuras dos elementos estruturais
para combatê-los.
1.1 OBJETIVO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nesta seção serão abordados alguns aspectos referentes aos reservatórios circulares, concreto
protendido e verificação da segurança.
Serão explanados, em seguida, alguns itens para um melhor entendimento dos reservatórios,
especialmente os circulares.
• Capacidade – pequenos (volume < 500 m3), médios (entre 500 m3 e 5000 m3) e
grandes (volume > 5000 m3);
Por outro lado, a resistência à compressão não é por si só uma medida completa da
durabilidade do concreto, dado que esta depende principalmente das propriedades das
camadas superficiais. A forma e a cura, pelo contrário, assumem uma influência decisiva
sobre a permeabilidade destas camadas.
Concreto Laje 20 25 35 45
armado Viga/Pilar 25 30 40 50
Concreto
Todos 30 35 45 55
protendido
Cobrimento nominal da armadura que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas,
sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de
corrosão fragilizante sob tensão.
onde:
A seguir, serão feitos breves comentários sobre algumas ações que poderão influenciar
significativamente nos esforços das paredes de reservatórios circulares:
• Reações da tampa
25
Em geral, nas tampas de grandes reservatórios são levados em conta: o peso próprio, carga
acidental e variação de temperatura. Sobre os dois primeiros efeitos, não há muita
novidade, entretanto se devem fazer observações importantes em relação ao último.
Normalmente, nos modelos de cálculo de reservatórios, são consideradas variações de
temperatura na faixa dos 15° C, atuando apenas na tampa. Esta é uma ponderação para
que se atinja a situação mais crítica que esta ação pode provocar. Para combatê-la, é
habitual a utilização de um reforço de armadura passiva horizontal na parede, próximo à
tampa.
• Empuxo do solo
Só será levado em conta nos cálculos se o reservatório for, pelo menos, parcialmente
enterrado. Quando é considerado, calcula-se através do produto entre o coeficiente de
empuxo ativo do solo, sua altura e peso específico. É importante ressaltar que este
carregamento não deve ser posto na mesma combinação da pressão hidrostática, visando
uma situação mais crítica para a parede. Portanto, o empuxo de terra deve constar na
combinação da protensão, pois seus efeitos são contrários aos efeitos da água.
• Retração
• Pressão hidrostática
É a grande ação a ser resistida pelos cabos de protensão das paredes dos reservatórios
circulares. Sua determinação é simples, bastando multiplicar o peso específico da água
pela sua altura. Por se tratar de uma pressão e não de uma tensão, não é necessário
nenhum coeficiente para se determinar o empuxo da água, ou seja, as tensões horizontais e
verticais hidrostáticas são iguais.
• Protensão
Nos modelos de cálculo, é a ação mais significativa contrária a água, não devendo entrar
nas combinações junto com a pressão hidrostática, por uma questão de segurança. Neste
26
trabalho será demonstrado como se chega a este valor e o quão importante é este efeito
para as paredes de reservatórios circulares.
• Carregamento extra
Segundo Anchor (1992), deve ser adicionada à pressão hidrostática uma solicitação para
que a parede do reservatório sempre fique comprimida com pelo menos 1 MPa de tensão
horizontal, ou seja, é adicionada à pressão hidrostática uma tensão para aumentar o seu
valor em 1 MPa, em toda a extensão da parede. Com isso, a distribuição do empuxo de
água deixa de ter um formato triangular, tornando-se trapezoidal. Utilizada somente para
os cálculos da armadura ativa horizontal.
2.1.4.1 Tensões horizontais através dos vasos de pressão em paredes finas (adaptado de
HIBBELER, 2004)
Em geral, o vaso de paredes finas é aquele com uma relação raio interno sobre espessura da
parede maior ou igual a 10, ou seja, ⁄ 10. Quando isto ocorre, a distribuição de tensão
na sua espessura não varia significativamente, de modo que a consideremos uniforme ou
constante.
Essas cargas são desenvolvidas pela tensão circunferencial uniforme ( ), que atua sobre toda
a parede do vaso, e pela pressão hidrostática existente ( ). Para o equilíbrio da seção, é
preciso que o somatório das forças horizontais seja nulo, o que é considerado na Equação
(2.1).
2 · 2 · 0 (2.1)
Onde:
(2.2)
Para determinar as tensões máximas geradas pelo momento fletor num reservatório circular,
deve-se seguir o seguinte procedimento:
12
(2.3)
onde:
(2.4)
(2.5)
onde:
Nesta seção serão explanados alguns conceitos necessários para que se entenda o emprego do
concreto protendido nas paredes de reservatórios circulares.
2.2.1.1 Protensão
Este conceito pode ser visualizado em simples atividades do dia-a-dia, como carregar uma fila
de livros empilhados na horizontal, por exemplo. Por serem peças soltas, é necessário que
antes de levantar a pilha seja introduzida uma força horizontal, comprimindo os livros e ao
mesmo tempo mobilizando forças verticais de atrito. Portanto, é indispensável que antes de
carregar a fila de livros, seja mobilizada uma força normal causadora de tensões prévias de
compressão no sistema. Se isto não ocorrer, haverá o aparecimento de uma tensão tracionando
a parte inferior, como uma viga simplesmente apoiada. A força normal aplicada no conjunto
pode ser entendida como uma forma de protensão, com o objetivo de criar tensões prévias
contrárias àquelas prejudiciais ao desejado (Figura 2.6).
Este é um critério não citado em norma, mas é importante que se tenha conhecimento.
Segundo Leonhardt (1983):
• protensão não resiliente: quando a estrutura de concreto for protendida entre dois
encontros rígidos com macacos hidráulicos planos (macacos externos), de modo que o
alongamento elástico que ocorre é exclusivamente o encurtamento do concreto e dos
encontros.
Neste último tipo de protensão perde-se quase que completamente por efeito da retração e
da fluência ou por diminuição da temperatura. Deve-se, por isso, prever uma possibilidade
de protensão posterior.
• armadura passiva: qualquer armadura que não seja usada para produzir forças de
protensão, isto é, que não seja previamente alongada;
• armadura ativa (de protensão): constituída por barra, fios isolados ou cordoalhas,
destinada à produção de forças de protensão, isto é, na qual se aplica um pré-
alongamento inicial;
31
• concreto com armadura ativa pós-tracionada sem aderência (protensão sem aderência):
concreto protendido em que o pré-alongamento da armadura ativa é realizado após o
endurecimento do concreto, sendo utilizados, como apoios, partes do próprio elemento
estrutural, mas não sendo criada aderência com o concreto, ficando a armadura ligada
ao concreto apenas em pontos localizados.
Leonhardt (1983) define o nível de protensão para peças fletidas através da Equação (2.6):
!
"#
$%&,(á*
(2.6)
onde:
• ! é o nível de protensão;
2.2.2.1 Níveis
Considerando a Equação (2.6), pode-se dizer que neste nível de protensão o valor de ! é
ligeiramente inferior a 1.
Segundo Leonhardt (1983), ocorre quando, em estruturas que não possuem vãos livres, a
protensão é utilizada exclusivamente para evitar juntas de dilatação, para a prevenção de
fissuras de separação ou similares. Também é caracterizada quando se empregam cabos de
protensão somente para a diminuição da fissuração ou das deformações, sem serem levados
em conta no cálculo da capacidade resistente.
2.2.2.2 Escolha do nível de protensão, de acordo com as prescrições da NBR 6118 (2007)
Esta escolha está relacionada ao tipo de construção, à agressividade ambiental (Tabela 2.1) e
às exigências relativas à fissuração e às combinações de ações de serviço (Tabela 2.4).
34
Na seção 2.3 serão explanados sobre os tipos de combinações e os estados limites, citados na
Tabela 2.4.
O concreto protendido sem aderência só pode ser empregado em casos especiais e sempre
com protensão completa.
No caso de paredes de reservatórios circulares, deve-se optar por protensão total (ou
protensão completa pela NBR 6118, 2007), pois as fissuras devem ser impedidas de qualquer
modo. Devido ao fato de que neste tipo de obra podem surgir solicitações produzidas por
efeitos de coação, recomenda-se adotar ! - 1. É importante dispor sempre de armadura
passiva, para limitar a fissuração no caso de solicitações excepcionais.
2.2.3 Materiais
2.2.3.1 Concreto
Segundo HANAI (2005), são desejáveis resistências elevadas nos concretos por diversos
aspectos:
• concretos de resistência mais alta também têm módulo de deformação mais elevado, o
que diminui tanto as deformações imediatas como as que ocorrem ao longo do tempo,
provocadas pela fluência do concreto. Isto é importante, devido ao efeito das perdas
progressivas.
Além disso, é fundamental que o concreto tenha boa compacidade e baixa permeabilidade,
para que haja uma proteção eficiente da armadura contra a corrosão. No caso de concreto
protendido, o aço da armadura ativa, solicitado por tensões elevadas, torna-se mais
susceptível a corrosão, sobretudo a chamada “corrosão sob tensão”.
• boa ductilidade, para que não tenham ruptura frágil por danos mecânicos (mossas) ou
por deformações a frio junto às ancoragens;
Os aços para armadura ativa são descritos na NBR 7482 (2008) e NBR 7483 (2008),
apresentando-se da seguinte forma:
• cordoalhas: fios enrolados em forma de hélice, com dois, três ou sete fios (Tabela 2.5).
37
2.2.3.4 Bainha
Para a aderência posterior, a armadura ativa fica alojada dentro de tubos flexíveis (fabricados
com chapas de aço laminadas) onde possa deslizar sem atrito. As bainhas possuem uma
superfície ondulada em hélice para que se possam utilizar luvas rosqueadas nas emendas. As
ondulações transversais servem para enrijecer o material e melhorar a aderência entre o
concreto e a nata de injeção. Na Figura 2.7 observam-se algumas bainhas metálicas circulares.
38
Já para as cordoalhas engraxadas (protensão sem aderência), em que cada uma delas
representa um cabo monocordoalha, são utilizadas bainhas plásticas lisas.
A nata de injeção é constituída de cimento e tem como objetivo proteger a armadura ativa
contra a corrosão e promover a aderência posterior da armadura ativa com o concreto. Ela é
parte fundamental das estruturas de concreto protendido com aderência posterior. Para que
haja uma boa injeção é importante que a nata possua as seguintes características:
• baixa retração;
• boa estabilidade;
• ausência de agentes agressivos; um exemplo disso é que nem o cimento nem o aditivo
deve conter cloro, para evitar a corrosão sob tensão.
39
Na Figura 2.8 pode-se notar a presença do purgador, local por onde a nata é injetada na
bainha.
2.2.3.6 Ancoragens
Os dispositivos de fixação nos extremos do cabo são chamados de ancoragens. Estas podem
ser ativas (Figura 2.9), quando permitem a operação de protensão, e passivas (Figura 2.8),
quando são fixas.
O projeto deve prever a queda da força de protensão em relação ao valor inicial aplicado pelo
aparelho tensor, ocorridas antes da transferência da protensão ao concreto (no caso das perdas
imediatas de pré-tração), durante essa transferência (perdas imediatas) e ao longo do tempo
(perdas progressivas).
No caso da pós-tração as perdas imediatas são devidas a: atrito ao longo do cabo, deformação
imediata do concreto, deslizamento da armadura na ancoragem e acomodação dos
dispositivos de ancoragem.
Nas peças pós-tracionadas, a armadura ativa ao ser posta em tensão pelo macaco sofre um
alongamento gradativo que varia de zero ao valor final. Em consequência, como a bainha
apresenta quase sempre desenvolvimento curvo e sinuosidades involuntárias, surge o
41
inevitável atrito entre o aço de protensão e a bainha (Figura 2.10). As perdas por atrito ao
longo do cabo podem ser quantificadas através das forças de inflexão e do coeficiente de
atrito (µ). Este fenômeno é mais significativo nos trechos curvos, em razão das elevadas
pressões de contato que surgem no desvio da trajetória dos cabos.
Pode haver atrito também nos trechos virtualmente retilíneos, em consequência de ondulações
parasitas (Figura 2.11), que podem ocorrer devido a: rigidez insuficiente da bainha, defeitos
de montagem da armadura de protensão, insuficiência dos pontos de amarração dos cabos e
empuxo de concreto durante a concretagem (VERÍSSIMO E CÉSAR JR, 1998).
A partir da Figura 2.12, pode-se deduzir que o valor de /0 a ser considerado no cálculo das
perdas por atrito será a metade do comprimento do cabo para situações com 2 ancoragens
ativas e o comprimento total para apenas 1 ativa.
De acordo com a NBR 6118 (2007), nas peças pré-tracionadas só existem perdas por atrito
nos pontos de desvio da armadura poligonal antes da aplicação da protensão ao concreto. A
correspondente variação da força na armadura de protensão deve ser determinada
experimentalmente em função do tipo de aparelho de desvio empregado. Nas peças pós-
tracionadas a perda por atrito pode ser determinada pela Equação (2.7).
43
onde:
Este valor aumenta com a presença de óxido de ferro, seja nas cordoalhas ou na parede da
bainha (RUDLOFF, 1998).
Na falta de dados experimentais o coeficiente de atrito pode ser estimado como segue (Tabela
2.6) ou aumentado em 0,10 se os elementos de uma bainha forem protendidos
individualmente;
/0
; α:
<
(2.8)
onde:
A partir do momento que já se tem o valor da perda de força de protensão por atrito ao longo
dos cabos, fica fácil determinar a perda de tensão correspondente, de acordo com a Equação
(2.9):
∆1*
∆ &,0
=&
(2.9)
onde:
?&
?
α& (2.11)
sendo:
onde:
1 E13&F G E $ 3& G
D
&
=
(2.13)
com:
J 1
Δ I K L&
&,"2
2J & (2.14)
onde:
• n é o número de cabos.
47
As perdas de tensão por atrito que ocorrem internamente no macaco de protensão (Δ &,#M )
PN · ?&
Δ 2 · Δ · /N 2·Δ ·O
&,0
Δ
(2.15)
onde:
Δ1* ⁄=&
Δ
/0
(2.16)
São aquelas que ocorrem ao longo do tempo e estão relacionadas com as características físico-
químicas do concreto. As perdas progressivas que devem ser consideradas no cálculo das
estruturas de concreto protendido são por: relaxação do aço, fluência e retração do concreto.
Pode ser chamada também de fluência do aço e é causada porque a armadura de protensão, ao
ser mantida com comprimento constante e estirada, sofre um alívio de tensões ao longo do
tempo.
Segundo a NBR 6118 (2007), a relaxação de fios e cordoalhas, após 1000 h a 20°C (Ψ RRR ) e
para tensões variando de 0,5 .& , (resistência característica à tração do aço de armadura ativa)
a 0,8 .& , , obtida em ensaios descritos na NBR 7484 (2009), não deve ultrapassar os valores
dados nas NBR 7482 (2008) e NBR 7483 (2008), respectivamente.
Para efeito de projeto, os valores de Ψ RRR da Tabela 2.9 podem ser adotados.
49
STU
Cordoalhas Fios
Barras
RN RB RN RB
0,5 fptk 0 0 0 0 0
0,6 fptk 3,5 1,3 2,5 1,0 1,5
0,7 fptk 7,0 2,5 5,0 2,0 4,0
0,8 fptk 12,0 3,5 8,5 3,0 7,0
onde:
V VR
R, Y
Ψ V, VR Ψ RRR I K
41,67
(2.17)
onde:
[ &,N& EV\ , VR G
Ψ V, VR (2.18)
&2
onde:
Para tensões inferiores a 0,5 .& , , admite-se que não haja perda de tensão por relaxação.
Para tensões intermediárias, entre os valores fixados na Tabela 2.9, pode ser feita interpolação
linear.
Para tensões superiores a 0,8 .& , , na falta de dados experimentais, permite-se a extrapolação
a partir dos valores da Tabela 2.9.
Pode-se considerar que para o tempo infinito o valor de ΨEV\ , VR G é dado por Ψ V] , VR ^
2,5 Ψ RRR .
A deformação por fluência do concreto (ε ) compõe-se de duas partes, uma rápida e outra
0
lenta. A deformação rápida ε ) é irreversível e ocorre durante as primeiras 24 h após a
aplicação da carga que a originou. A deformação lenta é por sua vez composta por duas outras
parcelas: a deformação lenta irreversível (ε \) e a deformação lenta reversível (ε " ).
_ _ 0 D_ \ D_ " (2.19)
_ , ` _ D_ _ 1Da (2.20)
51
a a0 D a\ D a" (2.21)
onde:
. VR
a0 0,8 I1 K
. V]
(2.22)
Para o cálculo dos efeitos da fluência, quando as tensões no concreto são as de serviço,
admitem-se as seguintes hipóteses:
_ V _ VR · a V VR D ; _ VR · a V VR (2.23)
2c
52
• VR e V.
_ V, VR _ D_ D_ f g · a V, VR
0 " \
?
(2.24)
onde:
A idade a considerar é a idade fictícia Eα. ∆V#\ G, em dias, quando o endurecimento se faz à
temperatura ambiente de 20°C e, nos demais casos, quando não houver cura a vapor, a idade a
considerar é a idade fictícia dada por:
54
k2 D 10
V L; · ∆V#\,2
30 (2.26)
2
onde:
. VR 9VR VR D 42
. V] 9VR D 40 VR D 61
(2.27)
a\] a · aF (2.28)
onde:
oqr sot
Fluência Retração
ϕop
u
n%
Umidade
Ambiente Abatimento (cm)
0-4 5-9 10 - 15 0-4 5- 9 10 - 15
Na água - 0,6 0,8 1,0 1,0 1,0 1,0 30,0
Em ambiente
muito úmido
90 1,0 1,3 1,6 -1,0 -1,3 -1,6 5,0
imediatamente
acima da água
Ao ar livre,
70 1,5 2,0 2,5 -2,5 -3,2 -4,0 1,5
em geral
Em ambiente
40 2,3 3,0 3,8 -4,0 -5,2 -6,5 1,0
ϕop r, rv q, qwvn para abatimentos no intervalo de 5 cm a 9 cm e n x yq%.
seco
Os valores de ϕop e sot para n x yq% e abatimento entre 0 cm e 4 cm são 25% menores e
2=
‚·
\2
ƒ0N
(2.29)
42 D
aF
\2
20 D
(2.30)
\2
onde:
• ƒ0N é a parte do perímetro externo da seção transversal da peça em contato com o ar;
VF D = · V D „
i\ V
VF D … · V D †
(2.31)
VR F D = · VR D „
i\ VR
VR F D … · VR D †
(2.32)
onde:
= 42 \2 350 F
\2 D 588 \2 D 113 (2.33)
„ 768 \2 3060 F
\2 D 3234 \2 23 (2.34)
… 200 \2 D 13 F
\2 D 1090 \2 D 183 (2.35)
† 7579 \2 31916 F
\2 D 35343 \2 D 1931 (2.36)
• ϕ"∞ é o valor final do coeficiente de deformação lenta reversível que é considerado igual a
0,4;
V VR D 20
i" V
V VR D 70
(2.37)
Após a determinação de todos os parâmetros citados nesta seção, é possível calcular as perdas
de tensão por fluência do concreto (∆ &,\‡ ), através da Equação abaixo:
onde:
Quanto mais eficiente for a cura do concreto, menor será a retração e,consequentemente, a
perda proveniente de seu acontecimento.
_ V, VR _ ] i V i VR (2.39)
onde:
59
_ ] _ · _F (2.40)
33 D 2 \2
_F
20,8 D 3 \2
(2.41)
F
{ } D={ } D„{ }
i V RR RR
F
RR
F
{ ˆ
} D={ ˆ
} D„{ ˆ
}
i VR RR RR
F
RR
onde:
= 40 (2.44)
61
„ 116 \2 282 F
\2 D 220 \2 4,8 (2.45)
† 75 \2 D 585 F
\2 D 496 \2 6,8 (2.47)
? 169 ‰
\2 D 88 \2 D 584 F
\2 39 \2 D 0,8 (2.48)
Após a determinação de todos os parâmetros citados nesta seção, é possível calcular as perdas
de tensão por retração do concreto (∆ &,N# ), através da Equação (2.49):
A adição pura e simples das diversas perdas de protensão conduz a resultados muito
imprecisos e maiores do que os reais, uma vez que existem interações entre os diversos efeitos
causadores das perdas, produzindo reduções no efeito das perdas progressivas, como será
visto posteriormente.
Além das interações, que acabaram de ser citadas, há outro fator de grande relevância no
cálculo das perdas finais de protensão: a escolha da região mais crítica na armadura ativa. Isto
ocorre, porque ∆ &,0 e∆ &,0 não possuem seus maiores valores em locais semelhantes nos
cabos de protensão. As perdas por acomodação das ancoragens são mais significativas na
região das ancoragens ativas, diferente do efeito do atrito ao longo do cabo. Deste modo,
deve-se considerar nos cálculos a existência de ∆ &,0 ou apenas ∆ &,0 , nunca as duas
atuando em conjunto.
Finalmente, após todas essas considerações feitas nesta seção, é conveniente determinar duas
formulações para as perdas finais de protensão (∆ &, ` ). A Equação (2.50) pode ser utilizada
quando as perdas na região da ancoragem ativa forem superiores ao efeito do atrito ao longo
do cabo, já a (2.51) deve ser empregada em caso contrário.
∆ D ∆ &,N# D ∆
D
&,\‡ &,N&
1.25
(2.50)
63
∆ D ∆ &,N# D ∆
D
&,\‡ &,N&
1.25
(2.51)
É importante ressaltar que não é obrigatória a inclusão de ∆ &,#M nas equações (2.50) e (2.51),
como já foi explicado anteriormente.
Após o cálculo das perdas finais de protensão, já é possível dimensionar as armaduras ativas.
A seguir, será explicado este processo tanto para a protensão horizontal, como para a vertical.
Com os valores da força de protensão após a ocorrência de todas as perdas progressivas (1] ) e
o carregamento hidrostático calculados, basta determinar a quantidade de cordoalhas a serem
utilizadas por ancoragem para se chegar ao espaçamento entre as bainhas (forma de cálculo
semelhante à do concreto armado).
É importante que seja considerado um espaçamento de influência para cada cabo (como se
houvesse uma linha imaginária entre estes), onde ao longo de toda esta região o valor da
protensão é considerado constante.
Para o cálculo de _&b , basta adicionar à deformação da armadura ativa (_& ) uma deformação
igual à sofrida pelo concreto, em função da tensão de compressão no centro de gravidade da
armadura de protensão, o que é representado pela Equação (2.52).
Š &Š 1 1
_& ·L ·Š &Š ·L ·
? ?& & ?& & & (2.52)
Portanto,
onde:
onde:
1b
_&b
=& · ?&
(2.55)
∆‹ _&b · ‹ (2.56)
onde:
Muitas vezes os alongamentos medidos em obra podem ser menores do que os teóricos. Uma
possível causa para isso está relacionada a uma falha na determinação das perdas de
protensão, pois podem ter sido subestimadas nos cálculos. O fato merece atenção a fim de que
a estrutura não fique com falta de protensão.
A princípio, na análise estrutural de uma peça composta por mais de um material, com
propriedades físicas diferentes, deve ser realizada uma compatibilização dos elementos
constituintes. Logo, no caso de paredes de reservatórios em concreto protendidos, pode-se
converter a armadura ativa numa porção equivalente de concreto, como é representado na
Equação (2.57):
onde:
Na falta de valores mais precisos, a NBR 6118 (2007) recomenda que se adote L& 15, no
caso de carregamentos frequentes ou quase permanentes, e L& 10, para carregamentos
raros. Esta Norma não sugere valor de L& para os estados limites de serviço.
67
Nestas combinações, todas as ações variáveis são consideradas com seus valores quase
permanentes ΨF •Ž, :
( b
onde:
Nestas combinações, a ação variável principal •Ž é tomada com seu valor frequente Ψ •Ž ,,
e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores quase permanentes ΨF •Ž, :
68
( b
onde:
Nestas combinações, a ação variável principal •Ž é tomada com seu valor característico •Ž ,,
e todas as demais ações variáveis são tomadas com seus valores frequentes Ψ •Ž, :
( b
( b
onde:
( b
onde:
• ΨR,#\ é o fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que podem
agir concomitantemente com a ação principal •Ž ,, , durante a situação transitória;esse
fator é igual a ΨR adotado nas combinações normais, salvo quando •Ž ,, tiver um
70
tempo de atuação muito pequeno, caso em que ΨR,#\ pode ser tomado com o
correspondente ΨF .
( b
onde:
Estados que, por sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos estruturais que não
respeitam as condições especificadas para o uso normal da construção, ou que são indícios de
comprometimento da durabilidade da estrutura (NBR 8681, 2003).
As verificações de estados limites de serviço devem ser feitas no estádio I ou II, conforme o
caso. Os limites impostos referem-se à segurança relativa à formação ou abertura de fissuras,
flechas excessivas e compressão excessiva (VERÍSSIMO et al, 1999).
Estado no qual em um ou mais pontos da seção transversal a tensão normal é nula, não
havendo tração no restante da seção. Essa verificação pode ser feita calculando-se a máxima
tensão de tração do concreto no estádio I (concreto não fissurado e comportamento elástico
linear dos materiais) (NBR 6118, 2007).
O termo “descompressão” é devido ao fato de que uma ação externa elimina a compressão
previamente instaurada pelas armaduras ativas, na seção transversal do elemento protendido.
Estado em que se inicia a formação de fissuras. Assim como no caso anterior, esse estado
limite pode ser calculado a partir da máxima tensão de tração do concreto no estádio I.
F™
. , . ,,2b\ 0,7 Œ 0,3 Œ . , (2.64)
onde:
L ·. , ·
N (2.65)
onde:
Por isso é conveniente que no estado de serviço as tensões de compressão no concreto fiquem
limitadas a um valor convencional, da ordem de 60% da resistência característica (HANAI,
2005).
A NBR 6118 (2007) admite uma verificação simplificada do estado limite último, no ato de
protensão, em que o limite de compressão é fixado em 0,7. ,‘ (70% da resistência
característica à compressão aos j dias de idade). Enfatiza-se, no entanto, que se trata de
verificação do estado limite último, que toma valores de esforços e tensões no estádio I, como
se fosse em serviço (HANAI, 2005).
Paredes de reservatórios não devem apresentar fissuras, sendo que estas podem ser associadas
à deformação excessiva desse elemento estrutural. Logo, é preciso que haja uma análise muito
cautelosa da protensão, pois, um equívoco na sua determinação pode ter como consequência o
desenvolvimento de deformações excessivas.
Estados que, pela sua simples ocorrência, determinam a paralisação, no todo ou em parte, do
uso da construção (NBR 8681, 2003).
74
2.3.4.1 Estado limite último devido às solicitações normais (considerando a ação da flexão)
A seguir serão descritas as etapas do procedimento de cálculo das armaduras passivas, quando
a seção é submetida à atuação do momento fletor:
/
_ 1%
/
(2.66)
{1 /™ }
_ _ /™
(2.67)
"š
{ }
*
onde:
• em seguida, deve ser definida a força resultante de compressão no concreto (< " );
‚& · .&
?& · _& x .&›"
,
&"
‚
(2.71)
76
.›,
? · _ x .›"
"
‚
(2.72)
onde:
• após a etapa anterior, basta comparar a área de aço encontrada no gráfico da Figura
2.17 com o valor mínimo para a seção, como mostrado adiante;
78
onde:
2.3.4.2 Estado limite último devido a solicitações normais (considerando a ação de tração
axial)
A seguir serão descritas as etapas do procedimento de cálculo das armaduras passivas, quando
a seção é submetida à atuação da tração axial:
• o valor encontrado será a força a ser absorvida pela armadura passiva, que será
utilizada na Equação (2.77) para calcular = ,b# :
79
1N
= ,b#
.›"
(2.77)
onde:
• finalmente, é só verificar se o valor de = ,b# é superior ou não a = ,(íb , como foi feito
na seção anterior.
80
3 METODOLOGIA
• altura máxima de solo (medida a partir da face inferior da laje de fundo) = 300 cm;
• altura mínima de solo (medida a partir da face inferior da laje de fundo) = 120 cm;
• . , = 35 MPa;
A protensão horizontal foi projetada para 2 ancoragens ativas (com nichos a cada 90°), já na
vertical foram utilizadas ancoragens ativas (nichos sobre a parede) e passivas (em laço), até
porque, do ponto de vista construtivo, seria difícil ancorar ativamente na base do reservatório.
A bainha adotada foi do tipo MT (Figura 2.9), pois é utilizada para peças com baixa
espessura. A protensão foi aderente, com cabos pós-tracionados e cordoalhas do tipo CP 190
RB.
Inicialmente, foram informadas as dimensões dos elementos estruturais, sendo que a laje de
fundo, parede e tampa consistiram em malhas de elementos, diferentes dos pilares que foram
definidos como barras. Simulou-se a ligação rotulada entre a laje superior e parede, através da
utilização de rótulas nesta ligação. A Figura 3.3 mostra o modelo do STRAP.
Neste modelo foram postos três condições de contorno na laje de fundo (restrições nas
direções X, Y e XY no plano), apenas para estabilizar a estrutura e não ocorrer problemas de
83
singularidade. Além disto, também foi levado em conta um coeficiente de reação vertical
igual a 40000 KN/m³ sob o fundo do reservatório, devido ao tipo de solo do local.
4 ANÁLISE E RESULTADOS
Este item será voltado apenas para a determinação da quantidade dos cabos horizontais.
A Tabela 4.2 retrata o cálculo do esforço horizontal de tração provocado pela água.
Para determinar a tração provocada pela água na parede foi utilizado o método dos vasos de
pressão em paredes finas. Outra ponderação importante é que foi considerado o efeito de uma
força extra, que aumenta a tensão gerada pela água na parede em 1 MPa. Esta foi apenas uma
85
A Tabela 4.3 representa as considerações feitas acerca das características das cordoalhas.
Na Tabela 4.4 é representado o cálculo das perdas por atrito ao longo do cabo.
Nestas perdas foi considerado que houve atrito entre cordoalhas e bainhas metálicas
galvanizadas (¤ 0.20) e uso de bainha chata, com 4 cordoalhas e execução normal (9
2.5 · 104 ). O percentual de perdas corresponde a razão entre a tensão de ruptura mínima
86
Esta opção foi escolhida devido a maior agilidade e facilidade no processo executivo, apesar
das perdas por atrito ao longo do cabo serem maiores.
A Tabela 4.5 retrata as ponderações feitas sobre as perdas por acomodação das ancoragens.
Como as ancoragens utilizadas foram do tipo MT, considerou-se um deslocamento das cunhas
de 6 mm. As tensões de 1340 MPa e 1194,2 MPa correspondem aos valores no cabo,
87
causados por essa perda, a uma distância de 8,02 m da ancoragem e no extremo do cabo,
respectivamente. A Figura 4.2 ilustra o que acabou de ser citado.
1600.0
1485.8 1485.8
1400.0 1340 1340
1200.0 1194
1000.0 1194 1014.7
800.0
600.0 Perda por Atrito
400.0
200.0 Encunhamento
0.0
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00
A Tabela 4.6 indica o que foi considerado sobre as perdas no equipamento de protensão.
Esta perda foi levada em conta apenas por uma questão de segurança, pois, como já foi
explanado, este efeito é corrigido no macaco hidráulico.
A Tabela 4.7 ilustra as ponderações sobre as perdas por encurtamento elástico do concreto.
88
No cálculo da tensão no concreto, realizou-se a razão entre a força total requerida na base do
tanque e a área da seção (em 1 m de altura). Para convertê-la em tensão na armadura ativa,
bastou multiplicá-la por L& . Assim como os percentuais das próximas perdas de protensão
horizontal a serem mostradas, desconsiderou-se o efeito do encunhamento, pois a perda por
atrito foi mais significativa.
A Tabela 4.8 elucida a determinação das perdas por relaxação das armaduras ativas.
A perda Ψ RRR (Tabela 2.9) resultou de uma interpolação entre os valores de &2 .
∆σ [N/mm²] 23.63
∆σ [%] 2.33%
Como pode ser observado acima, considerou-se um período de 50 anos no qual a temperatura
média do ambiente é constante (50 · 365 18250). Outro fator de destaque, é que mesmo
com uma face da parede exposta ao ar, levou-se em conta que a seção se encontrava
submersa. As demais variáveis acima são parâmetros e podem ser mais bem esclarecidos na
NBR 6118 (2007).
Na Tabela 4.10 pode-se visualizar como se determinaram as perdas por retração do concreto.
90
Esta perda normalmente é pouco significativa, sendo que para o reservatório em questão foi
de 1,22%. Pode-se comprovar isto na Tabela 4.11, onde há um resumo com todas as perdas
horizontais.
Nas perdas imediatas não foi acrescentado o efeito do encunhamento, pois é menor do que o
atrito ao longo do cabo. Já no cálculo da força e tensão final nos cabos, seguiu-se exatamente
o que é explicado na seção 2.2.4.3.
Para determinar a força de protensão de cálculo, multiplicou-se a força final nos cabos por ‚ ,
pois esta constante deve entrar apenas no dimensionamento da armadura ativa (inclusive nas
perdas), sendo que já havia sido utilizada para reduzir a resistência à ruptura dos cabos
anteriormente.
Pode-se observar abaixo a planilha utilizada para calcular o arranjo dos cabos horizontais.
6.00
Carregamento
5.00 250.00
Protensão
4.00
3.00
2.00
1.00
1033.3
0.00
0.0 500.0 1000.0 1500.0 2000.0
Como o gráfico das forças nos cabos está todo à direita, conclui-se que a distribuição da
armadura ativa atende a solicitação gerada pela água, ou seja, os cabos estão distribuídos
corretamente.
Os dados a seguir serão voltados para o cálculo das perdas de protensão e dimensionamento
das armaduras ativas verticais.
A Tabela 4.15 representa as considerações feitas acerca das características das cordoalhas.
Podem ser utilizadas as mesmas ponderações feitas para a protensão horizontal, referentes às
características das cordoalhas.
Na Tabela 4.16 é representado o cálculo das perdas por atrito ao longo do cabo.
Para ¤ e 9 foram feitas as mesmas considerações das perdas por atrito calculadas
anteriormente. Pode-se destacar o comprimento com atrito, que foi igual a altura do
reservatório (os cabos são retos e desenvolvem-se ao longo da parede).
A Tabela 4.17 retrata as ponderações feitas sobre as perdas por acomodação das ancoragens.
94
Como as ancoragens utilizadas na protensão vertical também foram do tipo MT, considerou-
se um deslocamento das cunhas de 6 mm. As tensões de 1420,1 MPa e 1354,4 MPa
correspondem aos valores causados por essa perda a uma distância de 17,81 m da ancoragem
ativa (ponto fora do cabo) e atuando sobre esta, respectivamente. A Figura 4.4 ilustra o efeito
das perdas por atrito e por encunhamento no cabo.
1500.0
1480.0
1485.8
1460.0 1465.5
1440.0 Perda por Atrito
1420.0
1400.0 Encunhamento
1380.0
1360.0 1354
1340.0
0.00 0.20 0.40 0.60 0.80 1.00
Na Tabela 4.18 indica o que foi considerado sobre as perdas no equipamento de protensão.
95
Esta perda foi levada em conta apenas por uma questão de segurança, pois, como já se
mostrou antes, este efeito é corrigido no macaco hidráulico.
A Tabela 4.19 ilustra as ponderações sobre as perdas por encurtamento elástico do concreto.
O valor da tensão no concreto neste cálculo correspondeu ao provocado pela flexão, explicado
anteriormente. Para convertê-la em tensão na armadura ativa, bastou multiplicá-la por L& .
Assim como os percentuais das próximas perdas de protensão vertical a serem mostradas,
desconsiderou-se a perda por atrito ao longo do cabo, pois o encunhamento foi mais
significativo.
A Tabela 4.20 elucida a determinação das perdas por relaxação das armaduras ativas.
Como o valor de &2 foi superior a 0,8.& , , extrapolaram-se os valores da tabela para chegar a
Ψ RRR .
Nas perdas por fluência do concreto todas as constantes foram definidas na determinação da
protensão horizontal. A diferença está no valor final da perda, porque este depende da tensão
na armadura ativa gerada pelo carregamento externo (distintas para as duas direções).
Na Tabela 4.22 pode-se visualizar como se determinaram as perdas por retração do concreto.
O valor das perdas por retração nas armaduras ativas horizontais e verticais é o mesmo, a
única diferença está no percentual que cada uma representa.
Ao contrário da protensão horizontal, neste caso a perda desconsiderada foi o atrito ao longo
do cabo, devido à sua menor significância, quando comparado ao efeito do encunhamento. No
cálculo da força e tensão final nos cabos, seguiu-se exatamente o que é explicado na seção
2.2.4.3.
Pode-se observar na Tabela 4.25 a planilha utilizada para calcular o arranjo dos cabos
verticais.
98
Para encontrar a tensão no concreto realizou-se a razão entre a força por cabo (produto da
quantidade de cordoalhas e sua força final) e a área da seção, considerando 1 m de
comprimento. Na determinação da quantidade de cabos no tanque foi levado em conta o
perímetro do tanque no eixo da parede, já que a excentricidade dos cabos verticais é nula.
Na seção 2.3.3 recomenda-se que, em casos de protensão completa, seja verificada a formação
de fissuras e descompressão. Todavia, pode-se considerar que esta foi levada em conta na
determinação da quantidade de cabos (feito anteriormente) e a formação de fissuras não deve
ser verificada, pois a estrutura trabalha toda comprimida no ELS.
Em seguida, serão retratadas as verificações feitas para o concreto nas duas direções da
protensão.
A Tabela 4.27 elucida como foi verificada a compressão excessiva para a protensão vertical.
¥& 5,50
0,022
250 250
(4.1)
onde:
Já a deformação real utilizada, foi o maior valor encontrado no STRAP para a parede do
reservatório. Como esta é inferior a limite, a situação está “OK”.
Nesta planilha foi considerada a armadura ativa calculada na seção 4.2 atuando em conjunto
com a passiva.
A Tabela 4.29 mostra a determinação das forças de protensão por trecho de parede.
101
Inicialmente, determinaram-se os trechos cobertos pela ação de cada cabo, ou seja, foram
definidos os níveis de início e fim de cada espaçamento de influência, sendo que a ação da
protensão foi considerada constante ao longo de cada trecho coberto. As outras informações
utilizadas foram retiradas da planilha de dimensionamento da armadura ativa pelo ELS.
Em cada trecho de influência dos cabos, foi determinado o esforço resultante da subtração
entre a força hidrostática solicitante (majorada para o ELU) e o esforço de protensão. Este
resultado corresponde à solicitação que deverá ser combatida pela armadura passiva. Deve-se
destacar a não utilização da força extra da água considerada no cálculo da armadura ativa
horizontal.
Como, neste cálculo, o efeito dos esforços externos foi muito reduzido pela ação da protensão,
já era de se esperar que a armadura passiva necessária fosse a mínima.
Foram estimados valores para /™ com o objetivo de chegar à área de aço necessária e
4.5 e Figura 4.6. Utilizou-se /™ igual a 0,10, 0,30 e 0,50, como pode ser visto na Tabela 4.32
momento fletor resistente para a seção (Tabela 4.33), além de construir os gráficos da Figura
Tabela de resumo
x/d As [cm²] Mrd [KN.cm]
0.10 -27.74 -4354.78
0.30 -12.65 6283.54
0.50 2.44 14895.50
Mrd x As
20000.00
15000.00
10000.00
5000.00
0.00
-30.00 -25.00 -20.00 -15.00 -10.00 -5.00 0.00 5.00
-5000.00
-10000.00
x/d x As
0.60
0.50
0.40
0.30
0.20
0.10
0.00
-30.00 -25.00 -20.00 -15.00 -10.00 -5.00 0.00 5.00
4.5 para descobrir o valor de /™ . Em seguida utiliza-se este valor no gráfico da Figura 4.6
É necessário entrar com o valor do momento fletor solicitante de projeto no gráfico da Figura
para encontrar a área de aço necessária da seção. A Tabela 4.34 foi desenvolvida para
automatizar a retirada de valores dos gráficos e chegar a um arranjo final das armaduras.
Assim como na direção horizontal, a armadura passiva corresponde ao seu valor mínimo, pois
a protensão reduziu bastante o efeito dos esforços externos.
106
5 CONCLUSÕES
A utilização do Excel como uma ferramenta para o auxílio nos cálculos foi relevante, porque
possibilitou o uso de análises gráficas e tornou o cálculo estrutural das paredes de
reservatórios circulares protendidas mais eficiente, reduzindo consideravelmente o tempo
gasto, quando calculado manualmente. Entretanto, não foi possível avaliar a ligação parede -
laje e a interação solo - estrutura no Excel. Para sanar esta limitação, utilizou-se o STRAP.
6 TRABALHOS FUTUROS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HIBBELER, R. C., Resistência dos Materiais. 5ª Ed. São Paulo, Editora Pearson Prentice
Hall, 2004.
109
OLX. www.cidadesaopaulo.olx.com.br/roda-de-carroca-restaurada-e-envernizada-10-pecas-
iid-433120402. Acesso em 03/07/13.
TECBARRAGEM. <www.tecbarragem.com.br/site/galeria-os-obrasusuais-silos.html>
Acesso em 11/06/2013.