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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) FEDERAL DA ___ VARA DA

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO - CAPITAL

“Se toda a humanidade tivesse apenas uma opinião, e apenas uma


pessoa, fosse de opinião contrária, a humanidade não seria mais justa
silenciando aquela pessoa, do que ela, se tivesse este poder, seria justa
em silenciar a humanidade. Era uma opinião, uma posse pessoal, sem
valor, exceto para seu proprietário.

(...)

“Mas o peculiar, o mal de silenciar a expressão de uma opinião, é que se


está roubando a raça humana, a posteridade, bem como a geração
existente, aqueles que discordam da opinião e ainda mais do que
aqueles que a detêm. Se a opinião for certa, eles são privados da
oportunidade de trocar o erro pela verdade: Se errado, eles perdem, o
que é quase tão grande benefício, a percepção mais clara e a impressão
mais viva da verdade, produzida pela colisão com o erro.” John Stuart
Mill, “On Liberty”: 1859

EURIALE DE PAULA GALVÃO, brasileiro, separado judicialmente,


advogado, portador do RG: 5.587.472, inscrito no CPF/MF; 796.100.138-
72, residente e domiciliado na Rua: Aviador Marques de Pinedo Nº 5-55,
Jd. América, CEP: 17017-460, na cidade de Bauru/SP, por intermédio de
seu advogado e bastante procurador (procuração em anexo) ao final
subscrito, vem a honrosa presença deste insigne juízo, propor a presente
AÇÃO DE CONHECIMENTO CONDENATÓRIA em desfavor de FACEBOOK
SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA., pessoa jurídica de direito privado
inscrita no CNPJ (MF) sob o nº.: 13.347.016/0001-17, sediada a rua
Leopoldo Couto de Magalhães Junior, 700, 5º andar, Itaim Bibi, CEP:
04.542-000, no município de São Paulo-SP., pelos relevantes fatos,
motivos e direitos que passa a expor.

SÍNTESE DA SITUAÇÃO FÁTICA

É inegável que os esforços empenhados por John Napier, passando por


Babbage e Ada Lovelace, atravessando a Teoria da Troca de Pacotes de
Kleinrock, até a criação da estrutura de base da internet da ARPANET,
foram fundamentais para a construção do mundo em que vivemos.
Ao que parece, o que eram apenas registros teóricos de Licklider ao
abordar a possibilidade de uma “Rede Galáctica” num futuro próximo
eram muito mais que uma verdade: uma profecia.

O início da era da computação que caminhou paralela e conjuntamente a


criação da internet, inaugurou a chamada Era da Informação que
atualmente vivemos.

Desde a abertura das redes internas das universidades para o mundo, a


evolução tomou proporções inimagináveis e vem mudando a cada dia.

No mundo da internet, não há barreiras evolutivas.

A primeira versão da World Wide Web já é ultrapassada. Já não são mais


os indivíduos apenas que buscam por informações.

Na Web 2.0, mundo em que vivemos hoje, as informações buscam as


pessoas. Há até quem se arrisque em afirmar que a inteligência artificial
consubstanciada na possibilidade de compreensão de máquinas e a
semântica da rede já apontem a direção para uma nova web: a Web 3.0.

Com efeito, nota-se que a ideia antes abstrata da “Rede Galáctica”, hoje,
já não é apenas um vislumbre, mas uma realidade presente que impõe
discussões sobre novos direitos e deveres, exigindo-se ainda a avaliação
dos institutos já existentes.

Sobretudo em nossa Era, qual seja, a “Era da Sociedade Digital”, traz


consigo a ideia de uma sociedade de serviços, em que “a posse da
informação prevalece sobre a posse de bens de produção”, como ensina
PATRÍCIA PECK PINHEIRO (PINHEIRO, Patricia Peck. Direito Digital, 5º ed.,
rev. atual. e ampl. De acordo com as Leis n. 12.735 e 12.737 de 2012 - São
Paulo: Saraiva, 2013. p. 85.), com o acerto que lhe é peculiar.

Abertas tais considerações, oportuno destacar a importância e relevância


das intituladas redes sociais no meio social atual.

Sobretudo a rede requerida, que detém o monopólio de informações de


bilhões de usuários mundo afora, é classificada, conforme norma
regulamentadora de seu próprio país (Seção 230 da CDA – em anexo),
como um “Fórum Público Neutro”.

Diga-se de passagem, fato alias público e notório, que se trata do “Fórum”


de maior expressão no cenário mundial, revelada assim a potencialidade
de suas condutas perante a sociedade.

Contudo, não tão neutro, nem tão pouco caminhado de forma lícita, como
deveria, como se verá ao longo deste feito, sendo, justamente nesse
contexto que se apresenta os objetos que serão discutidos na presente
ação.

Oportuno ainda esclarecer que a rede social Facebook também é


proprietária dos serviços denominados: Whatsapp, Messenger, Twitter e o
Instagram, inclusive integrando-os a sua plataforma.

A grosso modo, uma rede social pode ser concebida como uma espécie de
reunião de indivíduos ou entes que, por um determinado meio, se unem
para uma determinada finalidade.

Com vistas a limitação do objeto da presente ação, destaca-se que a


requerida é uma espécie de rede social que se utiliza do meio internet
para reunir pessoas que tem por finalidade de base, a conexão, interação
e a criação de relacionamentos entre os usuários que a compõe.

Neste contexto, a requerida, enquanto rede social online, destina-se a


promover a conexão, interação e relacionamentos entre pessoas físicas
(ou seja, indivíduos em si considerados) entre si, e destes, para com
pessoas jurídicas (tais como instituições, organizações, associações,
partidos) e outros entes diversos (tais como artistas, personalidades, etc.).

Com efeito, tem como característica comum, entre os usuários


ingressantes, a livre abertura, observadas as regras de seus Termos e
Condições de Uso e seus Adendos, e a ausência de hierarquia entre os que
a ela aderem, bem como desta, perante os usuários, exceto as previstas
nestes mesmos Termos.

Com efeito, tratando-se de atividade fornecida no mercado de consumo,


que inclusive possui exploração financeira, revelando a modalidade de
serviço de suas atividades.

Conforme os Termos e Condições de Uso da própria rede social em


comento, tais serviços são disponibilizados de duas formas, a saber: Os
serviços de “Perfil Pessoal” e os “Serviços de Páginas”.

O primeiro, como o próprio nome já diz, destina-se a criação de uma


identidade virtual do indivíduo em si, individualizado. A grosso modo: é o
ente pessoa física ou indivíduo em si considerado, isoladamente.

Já a segunda (Página) é destinada a criação de uma espécie de perfil que


não seja de um indivíduo em si, mas de um “Negócio ou Marca” ou ainda
de uma “Comunidade ou Figura Pública”, englobando aqui, todos aqueles
que não sejam indivíduos isolados, indicando a princípio uma ideia de
pessoa jurídica de fato (não necessariamente irregular ou ilegal Ex.:
Personalidade ou pessoa famosa) ou de direito.
Vale ainda esclarecer que o interessado pode contratar os Serviços de
Página, a partir dela própria, ou por meio de um Perfil Pessoal, tornando-
se o que a rede intitula de “Administrador da Página”.

Tratemos de alguns números e estatísticas da rede.

Em matéria publicada na revista virtual Olhar Digital, ainda em


2016, Olivalves, o há época Diretor de Parcerias para mídia na
América Latina da requerida, divulgou o “Brasil tem mais de 102
milhões de usuários brasileiros ativos mensalmente. E esses
usuários assistem a um total de mais de 100 milhões de horas de
vídeo por dia na plataforma.” Que firmou ainda que o Brasil “se
destaca absurdamente” em transmitir e assistir a vídeos. Embora
ele não divulgue números, ele afirma que a noite da votação do
impeachment na Câmara dos Deputados (em 17 de abril) marcou
um recorde no Facebook com relação ao número de vídeos
postados por usuários na rede social.

Já a revista Exame indicou, ainda em 2013, que a rede social possuía


“cerca de 54,2 milhões de páginas ”.

Ainda a revista digital TechTudo, informa que o público brasileiro gasta


mais “mais de 9 horas usando a internet”; desse total “mais 3 horas
passadas na internet são para acessar as redes sociais” e “62% da nossa
população esta conectada através das rede sociais ”
Com efeito, inegável o impacto e sobretudo a amplitude que a rede social
atinge perante o público brasileiro, espalhado pelo país e pelo mundo.

Pena que a notabilidade revelada nas estatísticas e os números da


empresa requerida acompanhem o mesmo volume de abusos e violações
de direitos de seus usuários que, dia após dia, vem sendo vilipendiados
pela rede social.

O fato é que, já há algum tempo, fundamentando a legalidade de sua


conduta no Contrato de Adesão denominado “Termos e Condições de
Uso”, a rede social requerida vem aplicando graves penalidades aos seus
usuários.

Utilizando-se dos subterfúgios do princípio pacta sunt servanda, aliado a


falta de transparência na execução de seu contrato, de teor, aliás deveras
subjetivo, sem aviso prévio, e violando o Contraditório e Ampla Defesa,
sobretudo porque as penas são aplicadas de imediato, e apenas depois é
dada oportunidade de defesa, a rede social vem penalizando os usuários
com bloqueios parciais e temporários ou mesmo o banimento
permanente de suas contas de Perfis Pessoais e contas de Páginas, o que
vem causando muito mais do que um enorme celeuma, mas graves
prejuízos de ordem moral e material aos mesmos, que, a propósito, são
consumidores de seus serviços, como se verá mais adiante em tópico
próprio.
E o pior: a conduta lesiva, não se resume apenas a ocorrência que
inundou os noticiários da que noticiaram que a rede “baniu cerca de 196
páginas e 87 perfis” - Revista Veja - mas vem acontecendo há muitos
anos, chegando, apenas agora, em seu auge.

Inobstante, importante ainda consignar que considerando o inegável


poder de audiência e influência das redes sociais, é imprescindível a
garantia de condições mínimas de igualdade, de liberdade de expressão e
de pensamento de todos os cidadãos, enfim, da totalidade dos usuários,
enquanto partes da mesma rede social, e inclusive consumidores de seus
serviços.

Com efeito, considerando a posição autoritária da rede e, sobretudo aos


inúmeros dispositivos legais que a mesma vêm vilipendiando, que vão
desde o Pacto de São José da Costa Rica e a Constituição Federal,
passando pelo Código do Consumidor, pelo Marco Civil da Internet e até
mesmo atingindo indiretamente a Lei Eleitoral, de rigor a propositura da
presente, para fim de salvaguardar legitima proteção ao patrimônio
público e social, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência
e ainda a direitos humanos consubstanciados na liberdade de expressão e
pensamento, entre outros, como se verá a seguir.

PREAMBULARMENTE DA ISENÇÃO DAS CUSTAS


Inobstante a obrigatoriedade imposta pelo Código de Processo Civil e
respectivo Provimento deste insigne Tribunal no que diz respeito ao
recolhimento das custas e despesas processuais, é de se notar que a
presente ação não remonta ação ordinária comum, mas ação
especialíssima, regulamentada por lei própria, qual seja: a Lei Federal nº.:
7.347, de 24 de julho de 1985 – que regulamenta a Ação Civil Publica.

Portanto, recorre a autora ao disposto no art. 18 da menciona lex: Art. 18


- Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em
honorários de advogado, custas e despesas processuais. (Redação dada
pela Lei nº 8.078, de 1990)

Com a certeza de que a presente esta absolutamente distante de qualquer


má-fé da autora, sobretudo pelo amplo e farto conjunto probatório e
teses de direito ora apresentados, cumpre a autora pugnar pela isenção
do recolhimento de custas e despesas processuais, conforme dispositivo
retro mencionado.

É o que se requer preambularmente.

DA JURISDIÇÃO E DA COMPETÊNCIA DESTE JUÍZO


Estabelece o art. 109 da CF/88 a competência da Justiça Federal:

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:

I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública


federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou
oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as
sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado


estrangeiro ou organismo internacional;

V - As causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste


artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

Fato é que o presente feito enquadra-se nas hipóteses previstas nos


incisos I, III e V acima transcritos, eis que, há interesse da União (inciso I)
por força de lei que regulamenta as atividades da requerida; o objeto
(conduta da rede) da presente evidencia violação de Tratado Internacional
das quais o país é signatário (inciso III); e ainda incide na violação de
direitos humanos (inciso V), sobretudo os relacionados à liberdade de
expressão e livre manifestação do pensamento.

No que diz respeito ao interesse da União, vale salientar que o §3º6 do


art. 10 do Marco Civil da Internet, determina que referida norma deva ser
objeto de regulamentação.
6 Art. 10. A guarda e a disponibilização dos registros de conexão e de
acesso a aplicações de internet de que trata esta Lei, bem como de dados
pessoais e do conteúdo de comunicações privadas, devem atender à
preservação da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem das
partes direta ou indiretamente envolvidas.

§ 3º Os provedores de conexão e de aplicações de internet deverão


prestar, na forma da regulamentação, informações que permitam a
verificação quanto ao cumprimento da legislação brasileira referente à
coleta, à guarda, ao armazenamento ou ao tratamento de dados, bem
como quanto ao respeito à privacidade e ao sigilo de comunicações.

Por força deste comando normativo, sobreveio Decreto Regulatório nº.:


8.771/2016, que por sua vez, estabeleceu a Agência Nacional de
Telecomunicações - ANATEL – observadas as diretrizes do Comitê Gestor
de Internet do Brasil – CGI-Br – a competência para regulação, fiscalização
e apuração de infrações dos provedores de aplicações da internet.
Estabeleceu ainda a Secretaria Nacional do Consumidor, a competência
para fiscalização e na apuração de infrações, nos termos do CDC., senão
confira-se:

Art. 5º - Os requisitos técnicos indispensáveis à prestação adequada de


serviços e aplicações devem ser observados pelo responsável de
atividades de transmissão, de comutação ou de roteamento, no âmbito de
sua respectiva rede, e têm como objetivo manter sua estabilidade,
segurança, integridade e funcionalidade.

§ 2º A Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel atuará na


fiscalização e na apuração de infrações quanto aos requisitos técnicos
elencados neste artigo, consideradas as diretrizes estabelecidas pelo
Comitê Gestor da Internet - CGIbr.

Art. 17. A Anatel atuará na regulação, na fiscalização e na apuração de


infrações, nos termos da Lei no 9.472, de 16 de julho de 1997.

Art. 18. A Secretaria Nacional do Consumidor atuará na fiscalização e na


apuração de infrações, nos termos da Lei no 8.078, de 11 de setembro de
1990.

Ademais, acrescente-se ao interesse da União a competência concorrente

estipulada pelo Marco Civil da Internet, para o trato de questões que


envolvem o objeto da presente:

Art. 24. Constituem diretrizes para a atuação da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios no desenvolvimento da internet no
Brasil:
I - estabelecimento de mecanismos de governança multiparticipativa,
transparente, colaborativa e democrática, com a participação do governo,
do setor empresarial, da sociedade civil e da comunidade acadêmica;

II - promoção da racionalização da gestão, expansão e uso da internet,


com participação do Comitê Gestor da internet no Brasil;

VII - otimização da infraestrutura das redes e estímulo à implantação


de centros de armazenamento, gerenciamento e disseminação de dados
no País, promovendo a qualidade técnica, a inovação e a difusão das
aplicações de internet, sem prejuízo à abertura, à neutralidade e à
natureza participativa;

VIII - desenvolvimento de ações e programas de capacitação para uso


da internet;

IX - promoção da cultura e da cidadania; e

X - prestação de serviços públicos de atendimento ao cidadão de


forma integrada, eficiente, simplificada e por múltiplos canais de acesso,
inclusive remotos.
Art. 27. As iniciativas públicas de fomento à cultura digital e de promoção
da internet como ferramenta social devem:

III - fomentar a produção e circulação de conteúdo nacional.

Art. 28. O Estado deve, periodicamente, formular e fomentar estudos,


bem como fixar metas, estratégias, planos e cronogramas, referentes ao
uso e desenvolvimento da internet no País.

Neste contexto, as vistas das competências atribuídas pelas normas


específicas que regulamentam a matéria não deixam sombras de dúvidas
sobre o interesse da União para atuar no presente feito, sobretudo se
considerarmos que as atividades da requeridas afetam milhões de
consumidores distribuídos por todo país, como se verá adiante.

No que diz respeito a matéria, cumpre consignar que a conduta da


requerida consistente no controle de conteúdo, e aplicação de
penalidades aos consumidores, reflete de forma direta direitos previstos
em Tratado Internacional, qual seja, a Convenção Americana de Direito
Humanos, ou Pacto de São José da Costa Rica, promulgado pelo Decreto
nº.: 678/92, sobremaneira, no que diz respeito à liberdade de expressão à
livre manifestação do pensamento:

Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão


1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento e de
expressão. Esse direito compreende a liberdade de buscar, receber e
difundir informações e idéias de toda natureza, sem consideração de
fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou
artística, ou por qualquer outro processo de sua escolha.

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode


estar sujeito a censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que
devem ser expressamente fixadas pela lei e ser necessárias para
assegurar:

a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais pessoas; ou

b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde


ou da moral públicas.

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias ou meios


indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de
papel de imprensa, de freqüências radioelétricas ou de equipamentos e
aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros
meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de idéias e
opiniões.
Ademais, oportuno destacar a liberdade de expressão e a livre
manifestação do pensamento, tratam-se de espécies de direitos humanos,
reforçando a competência exclusiva da Justiça Federal para processar e
julgar a presente.

Superada a questão pertinente a jurisdição (Estadual ou Federal),


oportuno trazer a baila alguns importantes esclarecimentos acerca da
competência funcional e territorial deste insigne juízo.

O art. 2º da Lei de Ação civil Publica estabelece que:

Art. 2º As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do local onde
ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar e
julgar a causa.

No caso dos autos, é impossível a identificação do local do dano.

Tal fato se mostra evidente se verificado quando, como e onde o dano


ocorre.

Ora, o consumidor recebe (toma ciência dele) o “dano”, no momento em


que tenta acessar a rede e recebe um informe da requerida, de que fora
penalizado com o bloqueio ou banimento da rede.
Tal situação pode ocorrer em qualquer lugar inclusive fora do país.

A título de exemplo: um consumidor pode ser domiciliado na Capital de


São Paulo, mas “receber” o dano (bloqueio ou banimento) em uma
viagem a Capital carioca.

Nessa situação, poder-ser-ia, recorrer o consumidor ao foro de seu


domicilio, como prevê a Cártula Consumerista.

Mas o caso dos autos abrange questão que envolve direitos coletivos,
pulverizados, por todo país.

Resta a indagação: qual seria a competência territorial funcional mais


adequada?

Poderiam as partes eleger qualquer juízo aleatoriamente?

Obviamente não, eis que a competência funcional é matéria de ordem


pública, portanto absoluta.

Contudo, particularmente no caso dos autos e, sobretudo, a míngua de


norma que regulamente a competência funcional quando impossível à
identificação do local do dano a jurisprudência pátria recomenda
determinados critérios objetivos, conforme cada caso.

A jurisprudência firme quanto a questão da competência funcional


estipulada pela Lei da ACP, orienta no sentido de que o juízo deverá
identificar quais os motivos que levam a obrigatoriedade de observação
da competência funcional.

Assim, elegem de forma uníssona que a competência funcional é definida


de modo a observar: a) comodidade da prestação jurisdicional, b) a
facilidade de acesso a justiça e a c) a proximidade física do juízo as partes
(sobretudo a vítima) e as provas, especialmente no que diz respeito as
micro sistema processual das ações coletivas tal como a presente.

Nesse mesmo sentido, vale reprisar o julgamento do STJ acerca desta


matéria, em caso análogo:

“Em síntese, qualquer que seja o sentido que se queira dar à expressão
“competência funcional” prevista no art. 2º, da Lei 7.347/1985, mister
preservar a vocação pragmática do dispositivo: o foro do local do dano é
uma regra de eficiência, eficácia e comodidade da prestação
jurisdicional, que visa a facilitar e otimizar o acesso à justiça, sobretudo
pela proximidade física entre juiz, vítima, bem jurídico afetado e prova. E
se é assim, a competência posta nesses termos é de ordem pública e
haverá de ser absoluta – inderrogável e improrrogável pela vontade das
partes.” (STJ, Resp. 1.057.878, Min. Herman Benjamin, Dje 21/08/2009)
Atento as peculiaridades do caso em epígrafe, sobretudo a
impossibilidade absoluta da identificação do local do dano (pulverizado
por todo país, e de difícil identificação pelo usuário, que mesmo residindo
em determinado local pode ter ciência das penalidades aplicadas pela
rede em qualquer lugar do país ou do mundo, tendo ciência deste, apenas
no momento em que acessa a rede social pela última vez), de rigor a
aplicação de princípios e normas não menos importantes para adequada
definição da presente demanda.

A este despeito, vale ressaltar que o objeto remonta situações e abusos


cometidos em uma relação de consumo, estando assim protegidas pelo
Código do Consumidor. Nesta seara, de rigor reconhecer que a facilitação
do direito de defesa dos consumidores deve ser levada em consideração,
inclusive no tocante a fixação da competência.

Não menos importante, impõe-se ainda a observação


dos direitos constitucionalmente garantidos da requerida, no que diz
respeito ao Contraditório e a Ampla Defesa.

Ora, tanto a Sede da autora, quanto da requerida estão localizadas na


Capital do Estado de São Paulo.

Com efeito, se atentos ao que dispõe o próprio STJ, resta evidente a


eleição de competência funcional no caso dos autos, manifestado pelo
local do dano, resta atendido, eis que, a eleição da Justiça Federal da
Capital, ao nosso ver, parece atender com perfeição todas as previsões
acima.

Estando a autora e a requerida sediadas na mesma localidade (Capital de


São Paulo), preserva-se ao mesmo tempo, a facilitação da defesa da
autora, ao mesmo passo garante adequada defesa da requerida
(contraditório e ampla defesa), já que ambas as partes encontram-se
sediadas na mesma localidade.

Acrescente-se isso a comodidade da prestação jurisdicional deste juízo,


em relação ao foro ora eleito, sobretudo dado a facilidade de acesso físico
deste juízo para com as partes e para com as provas, que se encontram
alojadas na Sede da requerida (representante legal da rede social no
Brasil) localizada neste mesmo Foro.

Com efeito, atendidos todos os requisitos objetivos estipulados para a


definição da competência funcional seguindo os exatos termos do
entendimento do STJ, recorre-se a autora da aplicação do entendimento
igualmente sedimentado pela mesma Corte, autorizando-a a eleger este
juízo como competente, sobremaneira, dada a situação excepcionalíssima
do presente (dano na internet – pulverizado, nacional e de impossível
identificação), descartando-se o deslocamento territorial para o Distrito
Federal, uma vez que tal fato apenas prejudicaria a defesa de ambas as
partes.
Alias, neste mesmo sentido, vale reprisar julgamento recente do STJ a esse

respeito:

STJ - CONFLITO DE COMPETENCIA CC 112235 DF 2010/0091237-1 (STJ)


Data de publicação: 16/02/2011 Ementa: AÇÃO CIVIL PÚBLICA.
POUPANÇA. DANO NACIONAL. FORO COMPETENTE. ART. 93 , INCISO II ,
DO CDC . COMPETÊNCIA CONCORRENTE. CAPITAL DOS ESTADOS OU
DISTRITO FEDERAL. ESCOLHA DO AUTOR. 1. Tratando-se de dano de
âmbito nacional, que atinja consumidores de mais de uma região, a ação
civil pública será de competência de uma das varas do Distrito Federal
ou da Capital de um dos Estados, a escolha do autor. 2. Conflito de
competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da
7ª Vara Cível do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de
Curitiba/PR.

A propósito, vale salientar que a jurisprudência do TRF 3 é uníssona, neste

mesmo sentido, se não confira-se:

TRF-3 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 32760 SP 2002.03.00.032760-3


(TRF-3) Data de publicação: 23/09/2010 Ementa: AGRAVO DE
INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DANO NACIONAL -
COMPETÊNCIA. 1 - Tratando-se de ação civil pública, nos casos de dano
de âmbito nacional, qual a hipótese dos autos, a demanda deve ser
aforada na Capital de quaisquer dos Estados federados ou no Distrito
Federal. 2 - Agravo de instrumento a que se nega provimento.
TRF-3 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 69650 SP 96.03.069650-1 (TRF-3)
Data de publicação: 18/03/2010 Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO -
AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DANO NACIONAL - COMPETÊNCIA. 1 - Não há
exclusividade do foro do Distrito Federal para o julgamento de ação civil
pública de âmbito nacional. Isto porque o referido artigo ao se referir à
Capital do Estado e ao Distrito Federal invoca competências territoriais
concorrentes, devendo ser analisada a questão estando a Capital do
Estado e o Distrito Federal em planos iguais, sem conotação específica
para o Distrito Federal. 2 - Agravo de instrumento a que se nega
provimento. Agravo regimental prejudicado.

TRF-3 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 23224 SP 2005.03.00.023224-1


(TRF-3) Data de publicação: 08/04/2010 Ementa: AGRAVO DE
INSTRUMENTO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DANO NACIONAL -
COMPETÊNCIA. 1 - O art. 93 , II , da Lei 8.078/90 há de ser invocado, por
força do art. 21 da Lei da Ação Civil Pública , de sorte que nos casos de
dano de âmbito nacional, qual a hipótese dos autos, a demanda pode ser
aforada na Capital de quaisquer dos Estados federados, além do Distrito
Federal. 2 - Ainda que localizado no capítulo do CDC relativo à tutela dos
interesses individuais homogêneos, o art. 93 , como regra de
determinação de competência, aplica-se de modo amplo a todas as
ações coletivas para defesa de direitos difusos, coletivos, ou individuais
homogêneos. 3 - Agravo de instrumento a que se nega provimento.

TRF-3 - AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 00238259420134030000 SP (TRF-


3) Data de publicação: 03/10/2016 Ementa: FGTS. REPOSIÇÃO DE
INDICES INFLACIONARIOS. AÇÃO COLETIVA. ENTIDADES SINDICAIS
MUNICIPAIS. DANO NACIONAL. FORO COMPETENTE. ART. 93 , INCISO II ,
DO CDC . COMPETÊNCIA CONCORRENTE. CAPITAL DOS ESTADOS OU
DISTRITO FEDERAL. ESCOLHA DO AUTOR. 1. Considerada a extensão do
dano em tela, de âmbito nacional, posto que o direito discutido -
reposição de índices inflacionários dos depósitos de FGTS - envolve
empresa pública com atuação em todo o território nacional, de rigor a
fixação da competência concorrente, cabendo ao ora agravante propôla
tanto no Distrito Federal quanto em uma das varas de qualquer das
capitais das unidades federativa. 2. Agravo de instrumento a que se dá
provimento.

TJ-DF - Apelacao Civel APC 20130110194748 DF 0005525-


37.2013.8.07.0001 (TJDF) Data de publicação: 26/08/2013 Ementa:
DIREITO CIVIL, PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR - AÇÃO CIVIL
PÚBLICA - EXPURGOS INFLACIONÁRIOS - SENTENÇA GENÉRICA - ANO
NACIONAL - LEGITIMIDADE ATIVA - POUPADORES DO PAÍS
- FORO DE EXECUÇÃO - FACULDADE DO CONSUMIDOR - LOCAL DA
LIQUIDAÇÃO OU DA CONDENAÇÃO. 1. A EFICÁCIA DA SENTENÇA
GENÉRICA PROFERIDA EM AÇÃO COLETIVA É ABSTRAÍDA A PARTIR DA
ANÁLISE DOS LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA COISA JULGADA,
RAZÃO PELA QUAL A LEGITIMIDADE ATIVA PARA PLEITEAR A
LIQUIDAÇÃO E A EXECUÇÃO INDIVIDUAL DO TÍTULO JUDICIAL DECORRE
DA EXTENSÃO DO DANO, ACEPÇÃO OBJETIVA, E DA QUALIDADE DOS
INTERESSES ENVOLVIDOS NA LIDE DEVIDAMENTE ACOBERTADOS PELO
MANTO DA COISA JULGADA, ACEPÇÃO SUBJETIVA. 2. O DANO
RECONHECIDO NO JULGAMENTO DA ACP 1998.01.1.016798-9 TEM
EXTENSÃO NACIONAL, POIS A INCIDÊNCIA DO PREJUÍZO DECORRENTE
DA EDIÇÃO DE LEI NACIONAL NÃO SE LIMITA A UMA UNIDADE DA
FEDERAÇÃO, CIRCUNSTÂNCIA QUE LEGITIMA ATIVAMENTE TODOS OS
POUPADORES DO PAÍS PARA EXECUTAREM A SENTENÇA GENÉRICA NELA
PROFERIDA. 3. O ESPÍRITO DE PROTEÇÃO DAS NORMAS VOLTADAS PARA
A DEFESA DO CONSUMIDOR, AS QUAIS TÊM COMO DIREITOS BÁSICOS
PREMISSAS DESTINADAS À FACILITAÇÃO DO ACESSO À JUSTIÇA E DA
DEFESA DOS DIREITOS VIOLADOS, JUSTIFICA A FACULDADE DE
AJUIZAMENTO DA AÇÃO DE EXECUÇÃO DA SENTENÇA GENÉRICA TANTO
NO FORO DA LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA QUANTO NO DA
CONDENAÇÃO. 4. DEU-SE PROVIMENTO AO RECURSO.

Com efeito, não há margem para impor o ajuizamento da presente junto


ao Distrito Federal, eis que seria deveras prejudicial a ambas as partes e
também a este juízo.

A propósito, em sentido idêntico, ensina o Mestre OLIVEIRA, citando


PEDRO LENZA8:

“Pedro Lenza, questionando a opção legislativa pelo foro do Distrito


Federal no caso de dano nacional, expõe como melhor interpretação,
ressalvada a competência da Justiça Federal, eleitoral e do Trabalho, a
seguinte:

“a) dano de âmbito local – foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o
dano;
b) dano abrangendo mais de uma comarca dentro de um mesmo
Estado – a competência será concorrente, resolvendo-se pelas regras da
prevenção;

c) dano abrangendo dois ou mais Estados – foro da Capital de


qualquer deles, resolvendo-se pela prevenção;

d) dano abrangendo todos os Estados – foro da Capital de qualquer


deles, resolvendo-se pela prevenção”.

Assevera ainda que, a competência do Distrito Federal não deve ser


aceita, ainda que o dano seja de âmbito nacional. Isso porque o elevado
custo para o ajuizamento dessas ações inviabilizaria a tutela dos direitos.
Além disso, argumenta que prestigiar o Distrito Federal por questão de
localização geográfica fere o princípio constitucional da Harmonia
Federativa, obstaculizando o acesso à justiça.”

É o que desde já se requer.

DA LEGITIMIDADE DA AUTORA
Como se verá no decorrer da exordial a presente causa remonta fatos
gravíssimos que refletem diretamente em vários dispositivos de ordem
Constitucional e Infraconstitucional, dentro os quais se destacam:

8 LENZA, Pedro. Teoria geral da ação civil pública. 3. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2008, p. 298.

a) a Liberdade de Expressão e a Livre Manifestação de Pensamento,


vedada censura: consistente no controle e classificação de conteúdo e
banimento de usuários por postagens supostamente indevidas ou
supostas violações dos termos e condições de uso;

b) a violação do Contraditório e Ampla Defesa: aplicando penalidades

aos usuários sem aviso prévio, e sem defesa prévia, que é concedida
apenas após já iniciada a aplicação da penalidade;

c) a violação a Soberania Nacional: eis que os intitulados Termos e


Condições da Rede reconhecem que adotam normas estrangeiras (norte
americanas) e as aplicam no território nacional, mesmo não sendo o Brasil
signatário desta norma;

d) a violação de vários dispositivos do Código do Consumidor:


consistente na falta de transparência e práticas abusivas impostos pelo de
Contrato de Adesão (intitulado Termos e Condições de Uso);
e) a violação de vários dispositivos do Marco Civil da Internet: que não

prevê, em quaisquer de seus artigos qualquer poder a rede social para


promover qualquer espécie de classificação ou controle de conteúdo,
limitando este controle (permanência e remoção) única e exclusivamente
quando houver ordem judicial, e assim observados os estritos limites do
juízo;

f) inúmeros outros dispositivos legais violados, que serão indicados no

decorrer da presente com efeito, dada a breve síntese do teor, que se


confirmará a final leitura da exordial, não resta dúvidas de que a autora
esta perfeitamente legitimada para atuar no polo ativo da presente, ex vi
do art. 5º, inciso I alínea “b” da Lei Federal nº.: 7.347/85 c.c/ art. 81,
incisos II e III, e art. 82, §1º do CDC., in verbis:

Art. 5º - Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:


V - a associação que, concomitantemente:

b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio


público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à
livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou
ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

Art. 81º - A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das


vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:

I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste


código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;

II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos


deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular
grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
contrária por uma relação jurídica base;

III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos


os decorrentes de origem comum.

Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados
concorrentemente:

IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e


que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e
direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear.

§ 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas


ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse
social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela
relevância do bem jurídico a ser protegido.

Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome


próprio e no interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva
de responsabilidade pelos danos individualmente sofridos, de acordo com
o disposto nos artigos seguintes. (Redação dada pela Lei nº 9.008, de
21.3.1995)

Observe-se alias, que também o Marco Civil da Internet autoriza a


propositura de ação de natureza coletiva para a matéria objeto desta, se
não confira-se:

Art. 30. A defesa dos interesses e dos direitos estabelecidos nesta Lei
poderá ser exercida em juízo, individual ou coletivamente, na forma da lei.

No caos dos autos, é evidente o preenchimento dos requisitos acima


indicados, enquanto a parte autora trata-se de Associação constituída há
mais de um ano.

Inobstante as finalidades da mesma não incluírem a defesa do consumidor


expressamente, há que se sobrelevar as demais finalidades da mesma,
indicadas no art. 5º de seu Estatuto, quais sejam:
Com efeito, como se verá no curso da presente, a conduta da requerida
viola a soberania estatal ao impor aplicação de norma estrangeira no país
por meio de seu Contrato de Adesão denominado Termos e Condições de
Uso.

Da mesma forma, os abusos por ela perpetrados violam princípios que


regem a dignidade humana, bem como direitos e garantias individuais e
democráticos, que se amolda com perfeição às finalidades da autora
(inciso V do Estatuto alhures).

De qualquer forma, sobreleve-se o manifesto interesse social evidenciado


pela dimensão ou característica do dano que já está afetando milhares de
usuários consumidores dos serviços disponibilizados pela rede social país
afora, sobretudo ao bloqueio e banimento de suas contas de Perfis
pessoais e Páginas: os primeiros contendo uma história de vida muitas
vezes, tendo extenso rol de amigos, fotos, entre outros; e o segundo, que
pode gerar obtenção de renda.

Acrescente-se a isso a relevância do objeto da presente, quais sejam os


bens jurídicos a serem protegidos, sobretudo, sob os seguintes enfoques:

a) ponto de vista internacional e constitucional: o Pacto de São José da


Costa Rica e a CF/88 que garantem a liberdade de expressão, a livre
manifestação do pensamento, o contraditório e ampla defesa, a
necessária observação do princípio legalidade que estabelece que
ninguém, poderá ser obrigado a fazer ou não fazer, se não em virtude de
lei e a indenização proporcional ao dano;

b) do ponto de vista infraconstitucional: a abusividade das cláusulas


contratuais estipulada em seu Termos e Condições de Uso, a falta de
transparência desde a celebração, seguindo pela execução e final rescisão
do contrato; a violação de normas específicas que regulamentam a
matéria, sobretudo ao Marco Civil da Internet que não prevê qualquer
possibilidade de controle ou classificação de conteúdo, se não em virtude
de decisão judicial; e do NCPC. que impõe a obrigatoriedade de lealdade e
boa-fé processual, o que não vem sendo observado pela rede como se
verá em tópico próprio, entre diversos dispositivos legais.

Oportuno ainda destacar a gama da população de consumidores


atingidos. Conforme as pesquisas acima indicadas, mais de 66% (sessenta
e seis por cento) da população brasileira é usuária da rede requerida,
sendo que, para o público entre 15 a 32 anos, “acessar redes sociais é um
hábito para 90% das pessoas nessa faixa de idade. Apesar de a média de
mídias sociais a que os jovens estão conectados ser sete, as principais são
Facebook, em que 96% possuem perfil, YouTube (79%), Skype (69%),
Google+ (67%), e Twitter (64%) .”

Acrescente-se a isso o impacto que as redes sociais podem causar no seio


da sociedade, sobretudo em relação às eleições que se aproximam,
conforme atesta matéria divulgada pela Folha de São Paulo, ao afirmar
que “As redes podem ser fundamentais para postulantes ao Legislativo,
que costumam ter menos exposição midiática.”, o que, fatalmente,
poderá influenciar o eleitorado de forma positiva ou negativa.

Desta maneira, caso V. Exa. venha a se manifestar no sentido de afastar a

legitimidade da autora pelo não preenchimento do requisito de finalidade,


o que se admite apenas a título de argumentação e pelo amor ao debate,
requer-se a seja reconhecido a legitimidade da autora ante o manifesto
interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou
pela relevância do bem jurídico a ser protegido, previsto no art. 82, inciso
IV parágrafo único do CDC.

DA APLICABILIDADE DO MARCO CIVIL DA INTERNET E DO CÓDIGO DO


CONSUMIDOR

Ab initio, recorre a autora a aplicabilidade plena do Marco Civil da


Internet e por consequência da Cártula Consumerista no presente feito.

Como cediço, o art. 1º da Lei Federal nº.: 9.609/98 – Lei de Software -


conceitua o software como sendo:

“a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem


natural ou codificada, contida em suporte físico de qualquer natureza,
de emprego necessário em máquinas automáticas de tratamento da
informação, dispositivos, instrumentos ou equipamentos periféricos,
baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los funcionar de modo
e para fins determinados.”

Ante a conceituação legal acima indicada, tem-se que o sistema da


requerida, é espécie de software, ou sistema, classificação dada pela lei
em comento, que engloba a denominada aplicação de internet.

A este despeito, o Marco Civil da Internet – Lei Federal nº.: 12.965/14


enquadra a requerida a condição de prestadora de serviços de aplicação,
cujo conceito é disposto no art. 5º, inciso VII da norma em comento:

Art. 5º - Para os efeitos desta Lei, considera-se: VII - aplicações de


internet: o conjunto de funcionalidades que podem ser acessadas por
meio de um terminal conectado à internet; e Não restando dúvidas sobre
a aplicação do Marco Civil da Internet ao caso em tela, igualmente se
conclui que os usuários estão amparados pela proteção legal da Cártula
Consumerista e diversos são os motivos, senão vejamos.

No que diz respeito ao Marco civil da Internet, vale reprisar que a norma

específica em tela reconhece e confere a aplicação do C.D.C. em casos


como o da presente, confira-se:

Art. 7º - O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao


usuário são assegurados os seguintes direitos:
XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas
relações de consumo realizadas na internet.

No que diz respeito à relação de consumo vale trazer a baila algumas


importantes observações, a fim de que não se olvide qualquer arguição de
inaplicabilidade do CDC, se não vejamos.

O codex em comento estabelece:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.

Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas,


ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.

Ora, não restam dúvidas de que os usuários são consumidores finais dos
serviços prestados pela requerida.

Para tanto, celebram o Contrato de Adesão (Termos e Condições de Uso)


que estabelece direitos e obrigações a ambas as partes, cuja discussão e
alteração de clausulas é impossível.

Neste contexto a hipossuficiência dos usuários é identificada desde o


momento da adesão a rede, já que não lhe é permitido discutir ou alterar
qualquer cláusula contratual, se não submeter-se aos seus termos de
forma adesiva / impositiva.

Contudo, como cediço, tanto pelas normas civis quanto pelas normas
consumeristas, tem-se como princípios fundamentais dos contratos, a
boa-fé, o equilíbrio e transparência do mesmo, o que não se verifica na
relação havida entre a requerida e os usuários, como se observa nestes
autos, haja vista que a requerida abusa do seu direito de contratar, desde
o momento da celebração, passando pela execução, até a rescisão do
contrato.

Destarte, indicada a hipossuficiência e vulnerabilidade do usuário,


inegável sua classificação como consumidor, como bem ensina
FILOMENO, em obra criada com GRINOVER:

“O traço marcante da conceituação de consumidor, no nosso entender,


está na perspectiva que se deve adotar, ou seja, no sentido de se o
considerar como hipossuficiente ou vulnerável, não sendo, alias, por
acaso, que o mencionado “movimento consumerista” apareceu no mesmo
tempo que o sindicalista, principalmente a partir da segunda metade do
século XIX em que se reivindicam melhores condições de trabalho e
melhoria da qualidade de vida, e pois, em plena sintonia com o binômio
“poder aquisitivo/aquisição de mais e melhores bens e serviços”
Há ainda que se reconhecer a equiparação da coletividade representada
neste ato pela associação autora, como consumidores, em se tratando de
coletivos, como bem ensina a mesma doutrina, ao analisar o parágrafo
primeiro do art. 2º do CDC., retro transcrito:

“Dessa forma, além dos aspectos já tratados em passos anteriores, o que


se tem em mira no parágrafo único do art. 2º do Código do Consumidor é
a universalidade, conjunto de consumidores de produtos e serviços. Ou
mesmo grupo, classe ou categoria deles, e desde que relacionados a um
determinado produto ou serviço, perspectiva essa extremamente
relevante e realista, porquanto é natural que se previna, por exemplo, o
consumo de produtos ou serviços perigoso ou nocivos, beneficiando-se
assim abstratamente, as referidas universalidades e categorias de
potenciais consumidores. Ou, então, se já provocado dano efetivo pelo
consumo de tais produtos ou serviços, o que se pretende é conferir a
universalidade ou grupo de consumidores, os devidos instrumento jurídico
processuais para que possam obter a justa e mais completa possível
reparação dos responsáveis, circunstâncias tais que serão
pormenorizadamente analisadas a partir do comentário do artigo 8º e
seguintes, do Código, e sobretudo o art. 81 e SS.”

Do mesmo modo, a requerida encontra-se perfeitamente inserida no


conceito de fornecedora, valendo ressaltar que a lei inclui a pessoa
jurídica nacional ou estrangeira privada ou pública, e que a mesma
desenvolve atividade de prestação de serviços, sobretudo os de
publicidade e correlatos, tal como é explorado pela requerida,
adequando-se com perfeição aos ditames estipulados pelo art. 3º do
CDC ., sem maiores celeumas.

Da mesma maneira, vale salientar o preenchimento do requisito serviço. O


§2º do mesmo dispositivo preleciona que:

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,


mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

A este despeito, vale salientar que a adesão, ou seja, o ingresso na rede é

gratuito, contudo a rede explora comercialmente outros subserviços


dentro dela própria.

Em primeiro lugar, vale salientar que a rede é remunerada pela própria

publicidade nela existente.

Ora, como cediço os usuários constantemente recebem anúncios


patrocinados feitos por outros usuários dentro de seus perfis e páginas,
sendo público e notório a remuneração da requerida por este meio.
A rede também é remunerada pelo serviço de impulsionamento que pode
ser destinado a: aumentar o alcance das publicações (postagens),
aumentar a visibilidade da página perante outros usuários, aumentar a
quantidade de curtidas nas páginas, pagando o usuário por curtida que
recebe, entre inúmeras outras formas de renda, sendo esse o meio
empregado para o sucesso financeiro da rede.

Além disso, é remunerada pelos jogos e aplicativos vinculados a rede,


recebendo comissões por publicidade e adesão dos respectivos
desenvolvedores e anunciantes.

Tanto é verdade, pois inclusive, disponibiliza de uma plataforma dentro da

própria rede denominado “Gerenciador de Anúncios” destinado às


campanhas publicitárias, com finalidades, orçamento e alcance pré-
estabelecidos, e que, são cobradas do consumidor de seus serviços.

Ademais a própria rede social, reconhece em seus Termos e Condições de


Uso que sua atividade consiste no oferecimento de produtos e serviços,
como plataformas de comunicação e publicidade, se não, confira-se:

Portanto, não há como se negar a evidente relação de consumo. Ademais,


o fato é que pagando ou não, tem-se uma relação de consumo. Os
usuários pagantes dos anúncios são consumidores diretos, por obviedade.
Já os que não pagam diretamente a rede, trata-se de consumidores
indiretos, pois a rede não deixa de perceber remuneração ainda que
indiretamente, explorando, através da gama de usuários que possui, suas
atividades publicitárias daqueles pagantes.

Tanto é que a todos é comum visualizar “anúncios patrocinados” ao


navegar pela rede, não restando dúvidas sobre a relação de consumo
indiretamente remunerada existente entre as partes.

Aliás, em sentido idêntico, já decidiu o Egrégio Tribunal de Justiça do


Estado do Paraná:

TELECOMUNICAÇÕES. TRATA-SE DE AÇÃO INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS. RECLAMANTE ALEGA, EM SÍNTESE, QUE EM 27.11.2013 FOI
SURPREENDIDO COM A PUBLICAÇÃO INDEVIDA DA SUA IMAGEM, SEM
QUALQUER AUTORIZAÇÃO PRÉVIA, NO APLICATIVO DENOMINADO ?
LULU?. REFERIDO APLICATIVO PERMITE QUE A USUÁRIA, A PARTIR DA
SINCRONIZAÇÃO DE DANOS DO FACEBOOK, AVALIE OU FAÇA UMA
RESENHA DE ALGUM INTEGRANTE DO SEXO MASCULINO QUE SEJA SEU
AMIGO NA REDE SOCIAL, PERMITE TAMBÉM QUE A MESMA VEJA AS
AVALIAÇÕES REALIZADAS POR OUTRAS PESSOAS QUE ESTA NÃO
CONHECE. SENTENÇA PROCEDENTE CONDENOU A RECLAMADA AO
PAGAMENTO DE R$ 2.000,00 A TÍTULO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS. INSURGÊNCIA RECURSAL DA RECLAMADA. RECORRENTE ARGUI,
PRELIMINARMENTE, SUA ILEGITIMIDADE PASSIVA E, NO MÉRITO, QUE
NÃO HOUVE PRÁTICA DE ATO ILÍCITO, HAVENDO ANUÊNCIA DO USUÁRIO
AOS TERMOS E CONDIÇÕES DE USO DO SITE FACEBOOK. PUGNA PELO
AFASTAMENTO DOS DANOS MORAIS OU, SUBSIDIARIAMENTE, PELA
REDUÇÃO DO VALOR INDENIZATÓRIO. NÃO MERECE GUARIDA A ALEGADA
ILEGITIMIDADE PASSIVA DA PARTE, POIS, AO CONTRÁRIO DO QUE
DEFENDE A RECORRENTE, NO CASO EM QUESTÃO ESTAMOS DIANTE DE
UMA TÍPICA RELAÇÃO DE CONSUMO, POIS AS PARTES SE ENQUADRAM
NOS CONCEITOS DE CONSUMIDOR E FORNECEDOR CONSTANTES NOS
ARTIGOS 2º E 3º DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. NESTA SEARA,
NOS TERMOS DO PARÁGRAFO ÚNICO, DO ARTIGO 7º E § 1º, DO ARTIGO
25, DO REFERIDO DIPLOMA LEGAL, O LEGISLADOR ELEGEU A
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA E OBJETIVA ENTRE TODOS OS PARTÍCIPES
DO CICLO DE PRODUÇÃO, DE FORMA QUE O CONSUMIDOR PODE
DEMANDAR CONTRA QUALQUER PESSOA JURÍDICA QUE COLOCA
PRODUTOS E/OU SERVIÇOS NO MERCADO DE CONSUMO. A RECORRENTE,
FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, APESAR DE ALEGAR QUE
PRESTA SERVIÇOS A TÍTULO GRATUITO, AUFERE LUCRO COM A
DISPONIBILIDADE DA REDE SOCIAL, PORTANTO, SUA RESPONSABILIDADE É
PAUTADA NA TEORIA DO RISCO PROVEITO (ART. 927, CC), NA QUAL
TODOS AQUELES QUE SE DEDIQUEM A UMA ATIVIDADE, DEVEM
RESPONSABILIZAR-SE EFETIVAMENTE PELOS DANOS CAUSADOS. AINDA,
DEVE- SE DESTACAR QUE A PLATAFORMA DO APLICATIVO ?LULU?
FUNCIONA DE FORMA INTEGRADA COM A PLATAFORMA DO FACEBOOK,
DE MODO QUE A CESSÃO DE IMAGEM E DADOS PÚBLICOS SEM
AUTORIZAÇÃO EXPRESSA NÃO AFASTA SUA LEGITIMIDADE. PORTANTO,
REJEITO A PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA. NO MÉRITO, NÃO
ASSISTE RAZÃO AO RECORRENTE. É CEDIÇO QUE A EMPRESA RÉ
FACEBOOK SE PRESTA A DISPONIBILIZAR SERVIÇOS NA INTERNET, PARA O
FIM DE CRIAÇÃO DE UMA PÁGINA PESSOAL E, ASSIM, PARA ADERIR AOS
SERVIÇOS O CONSUMIDOR DEVE ANUIR COM OS TERMOS DE
PRIVACIDADE, POIS, CASO CONTRÁRIO NÃO USUFRUÍ DOS MESMOS. NO
ENTANTO, NO MOMENTO DA ADESÃO, NÃO HÁ NENHUMA ADVERTÊNCIA
AO USUÁRIO DOS RISCOS DE UTILIZAÇÃO, INCLUSIVE QUANTO A
POSSIBILIDADE DE COMPARTILHAMENTO DE SEUS DADOS PESSOAIS. E,
MESMO QUE HAJA TAL ADVERTÊNCIA, NÃO SE PODE OLVIDAR DOS
DIREITOS DA PERSONALIDADE DO INDIVÍDUO, SUA HONRA, SUA
INTIMIDADE, SUA INTEGRIDADE PSÍQUICA, SEU BEM ESTAR ÍNTIMO, SUA
MORAL E DIGNIDADE DA PESSOA. NESTE PESAR, A CESSÃO DE
INFORMAÇÕES PESSOAIS PÚBLICAS PELO SITE FACEBOOK DEVE RESPEITAR
OS DIREITOS DA PERSONALIDADE DO USUÁRIO. ADEMAIS, A
PLATAFORMA DO APLICATIVO ?LULU? FUNCIONA DE FORMA INTEGRADA
COM A PLATAFORMA DO FACEBOOK, TANTO É ASSIM QUE OCORREU
ALTERAÇÃO NA POLÍTICA DE USO, DE MODO QUE A CESSÃO DE IMAGEM E
DADOS PÚBLICOS NÃO AFASTA O DEVER DE INDENIZAR, SOBRETUDO
QUANDO EMPREGADO EM APLICATIVO QUE OBTÉM TAIS DADOS DA REDE
SOCIAL SEM NENHUMA AUTORIZAÇÃO EXPRESSA. NO CASO DO
APLICATIVO ?LULU?, A MIGRAÇÃO DOS DADOS PERMITE AVALIAÇÃO DE
CUNHO SEXUAL DO USUÁRIO, ATRIBUINDO- LHE NOTAS, SEM O PRÉVIO
CONSENTIMENTO EXPRESSO, EXTRAPOLA E MUITO A MERA CESSÃO DAS
INFORMAÇÕES PÚBLICAS CONSTANTES DO TERMO DE ADESÃO. RESTA
INQUESTIONÁVEL A OCORRÊNCIA DE TRANSTORNOS AO RECLAMANTE,
QUE VAI ALÉM DE MEROS DISSABORES E ABORRECIMENTOS PELA
CONDUTA DA RÉ, ENSEJANDO, ASSIM, DANOS MORAIS. DESTA FORMA,
NO QUE CONCERNE À FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO POR
DANOS MORAIS, DEVE-SE SEMPRE TER O CUIDADO DE NÃO
PROPORCIONAR, POR UM LADO, UM VALOR QUE PARA O AUTOR SE
TORNE INEXPRESSIVO E, POR OUTRO, QUE SEJA CAUSA DE
ENRIQUECIMENTO INJUSTO, NUNCA SE OLVIDANDO QUE A INDENIZAÇÃO
DO DANO MORAL TEM EFEITO SANCIONATÓRIO AO CAUSADOR DO DANO
E COMPENSATÓRIO À VÍTIMA. NESTA LINHA DE RACIOCÍNIO, ENTENDO
QUE O VALOR FIXADO A TÍTULO DE DANO MORAL DEVE SER MANTIDO EM
R$ 2.000,00 (DOIS MIL REAIS), POIS ASSIM ENCONTRA-SE EM
CONFORMIDADE COM OS PATAMARES FIXADOS EM SITUAÇÕES
ANÁLOGAS JULGADAS POR ESTA TURMA RECURSAL. SENTENÇA MANTIDA
NA ÍNTEGRA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO, SERVINDO A PRESENTE COMO VOTO. CONDENO A
RECORRENTE AO PAGAMENTO DAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS, ESTES QUE ARBITRO EM 20% (VINTE POR CENTO) SOBRE
O VALOR DA CONDENAÇÃO, NOS TERMOS DO ARTIGO 55 DA LEI Nº
9.099/95. DECISÃO UNÂNIME. (TJPR - 1ª Turma Recursal - 0015216-
72.2013.8.16.0018/0 - Maringá - Rel.: Fernando Swain Ganem - - J.
22.06.2015) (TJ-PR - RI: 001521672201381600180 PR 0015216-
72.2013.8.16.0018/0 (Acórdão), Relator: Fernando Swain Ganem, Data de
Julgamento: 22/06/2015, 1ª Turma Recursal, Data de Publicação:
25/06/2015)

Portanto não restam dúvidas sobre a relação de consumo atendendo aos


requisitos dos art. 2º e 3ª do CDC .

É também neste sentido que leciona MARQUES ao esclarecer sobre as


várias formas de “relação de consumo” :
"Mediante remuneração: A expressão utilizada pelo art. 3º do CDC para
incluir todos os serviços de consumo é 'mediante remuneração'. (...)
Parece-me que a opção pela expressão 'remunerado' significa uma
importante abertura para incluir os serviços de consumo remunerados
indiretamente, isto é, quando não é o consumidor individual que paga,
mas a coletividade (facilidade diluída no preço de todos) ou quando ele
paga indiretamente o 'benefício gratuito' que está recebendo. A expressão
'remuneração' permite incluir todos aqueles contratos em que for possível
identificar, no sinalagma escondido (contraprestação escondida), uma
remuneração indireta do serviço de consumo. (...). Remuneração e
gratuidade: Como a oferta e o marketing de atividades de consumo
'gratuitas' estão a aumentar no mercado de consumo brasileiro (...),
importante frisar que o art. 3º, § 2º, do CDC refere-se à remuneração dos
serviços e não a sua gratuidade. 'Remuneração' (direta ou indireta)
significa um ganho direto ou indireto para o fornecedor. 'Gratuidade'
significa que o consumidor não 'paga', logo, não sobre um minus em seu
patrimônio. (...)".

Ademais, ainda que assim não fosse, cabe reprisar que o STJ já analisou a
questão, concluindo com precisão a indiferença sobre o serviço ser
gratuito ou não, haja vista a relação de consumo indireta de provedores,
tal como a requerida, se não vejamos:

“CIVIL E CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO. INCIDÊNCIA


DO CDC. GRATUIDADE DO SERVIÇO. INDIFERENÇA. PROVEDOR DE
PESQUISA. FILTRAGEMPRÉVIA DAS BUSCAS. DESNECESSIDADE. RESTRIÇÃO
DOS RESULTADOS. NÃO-CABIMENTO. CONTEÚDO PÚBLICO.
DIREITO À INFORMAÇÃO. 1. A exploração comercial da Internet
sujeita as relações de consumo daí advindas à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de
o serviço prestado pelo provedor de serviço de Internet ser gratuito não
desvirtua a relação de consumo, pois o termo mediante remuneração,
contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de forma ampla, de
modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. 3. O provedor de pesquisa
é uma espécie do gênero provedor de conteúdo, pois não inclui, hospeda,
organiza ou de qualquer outra forma gerencia as páginas virtuais indicadas
nos resultados disponibilizados, se limitando a indicar links onde podem
ser encontrados os termos ou expressões de busca fornecidos pelo
próprio usuário. 4. A filtragem do conteúdo das pesquisas feitas por cada
usuário não constitui atividade intrínseca ao serviço prestado pelos
provedores de pesquisa, de modo que não se pode reputar defeituoso,
nos termos do art. 14 do CDC, o site que não exerce esse controle sobre os
resultados das buscas. 5. Os provedores de pesquisa realizam suas buscas
dentro de um universo virtual, cujo acesso é público e irrestrito, ou seja,
seu papel se restringe à identificação de páginas na web onde
determinado dado ou informação, ainda que ilícito, estão sendo
livremente veiculados. Dessa forma, ainda que seus mecanismos de busca
facilitem o acesso e a consequente divulgação de páginas cujo conteúdo
seja potencialmente ilegal, fato é que essas páginas são públicas e
compõem a rede mundial de computadores e, por isso aparecem no
resultado dos sites de pesquisa. 6. Os provedores de pesquisa não podem
ser obrigados a eliminar do seu sistema os resultados derivados da busca
de determinado termo ou expressão, tampouco os resultados que
apontem para uma foto ou texto específico, independentemente da
indicação do URL da página onde este estiver inserido. 7. Não se pode, sob
o pretexto de dificultar a propagação de conteúdo ilícito ou ofensivo na
web, reprimir o direito da coletividade à informação. Sopesados os
direitos envolvidos e o risco potencial de violação de cada um deles, o fiel
da balança deve pender para a garantia da liberdade de informação
assegurada pelo art. 220, § 1º, da CF/88, sobretudo considerando que a
Internet representa, hoje, importante veículo de comunicação social de
massa. 8. Preenchidos os requisitos indispensáveis à exclusão, da web, de
uma determinada página virtual, sob a alegação de veicular conteúdo
ilícito ou ofensivo - notadamente a identificação do URL dessa página - a
vítima carecerá de interesse de agir contra o provedor de pesquisa, por
absoluta falta de utilidade da jurisdição. Se a vítima identificou, via URL, o
autor do ato ilícito, não tem motivo para demandar contra aquele que
apenas facilita o acesso a esse ato que até então, se encontra
publicamente disponível na rede para divulgação. 9. Recurso especial
provido. (STJ - REsp: 1316921 RJ 2011/0307909-6, Relator: Ministra
NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento:

26/06/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 29/06/2012)

Com efeito, não restam dúvidas de que, há remuneração, direta ou


indiretamente, estando perfeitamente delineada a relação de consumo
nos exatos termos da norma vigente.

E não havendo dúvidas sobre a Aplicação do CDC, não restam igualmente


dúvidas acerca da aplicação do Marco Civil da Internet, isto porque, o
sistema da requerida pode e deve ser considerado como aplicação de
internet, enquadrando-se na condição de prestadora de serviços de
aplicação, cujo conceito é disposto no art. 5º, inciso VII já reprisado
alhures.

A propósito, em se reconhecendo a aplicação do MCI, de rigor destacar


que referida norma reforça a aplicação do CDC, em situações como o do
presente feito, confira-se:

Art. 7º - O acesso à internet é essencial ao exercício da cidadania, e ao


usuário são assegurados os seguintes direitos:

XIII - aplicação das normas de proteção e defesa do consumidor nas


relações de consumo realizadas na internet.

Com efeito, inarredável a conclusão de que o Código do Consumidor e o


Marco Civil da Internet são normas que devem ser aplicadas ao caso em
comento, situação esta que impõe a autora invocar os princípios da
facilitação da defesa do consumidor, a inversão do ônus da prova, o
reconhecimento de existência de cláusulas abusivas, o retorno ao status
quo ante do serviço interrompido, e as respectivas indenizações pelos
prejuízos de ordem moral e material experimentados pelos consumidores,
entre outros pormenores.

DO MÉRITO PROPRIAMENTE DITO


O objeto da presente demanda consiste basicamente em se reconhecer o
direito dos usuários em ter restabelecidos os seus perfis e/ou páginas
bloqueadas temporariamente ou banidos permanentemente da rede, dos
últimos 5 (cinco) anos, observada regra de prescrição geral do CDC.; a
suspensão da aplicação de penalidades na forma e pelos meios
atualmente empregados; a decretação de nulidade parcial destes mesmo
contratos e adendos a ele vinculados; e abstenção da imposição de
normas estrangeiras no país e consequente alteração para
enquadramento nas normas brasileiras; a condenação da requerida ao
pagamento de indenização pelos danos morais, materiais, perdas e danos,
tais como lucros cessantes, a serem apurados em fase de liquidação de
sentença; entre outros pormenores.

Para tanto, imperioso trazer a baila os fundamentos jurídicos que


embasam tais pretensões, o que o faz, ponto a ponto, nos seguintes
termos.

DOS DIREITOS CONSTITUCIONAIS VIOLADOS – DO CONTROLE E


CLASSIFICAÇÃO DE CONTEÚDO EXERCIDO PELA REDE – ESPÉCIE DE
CENSURA – VIOLAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO – VIOLAÇÃO DA
CF/88 E DO PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA – APLICAÇÃO DE
PENALIDADE SEM CHANCE DE DEFESA OU AVISO PRÉVIO –
CERCEAMENTO DE DEFESA – VIOLAÇÃO DO DEVER DE TRANSPARÊNCIA
DA BOA CONTRATUAL – IMPOSIÇÃO DE CLAUSULAS ABUSIVAS –
CONTRATO REGULADO ATÉ POR NORMAS ESTRANGEIRAS – VIOLAÇÃO
DA SOBERANIA NACIONAL - DONECESSÁRIO RESTABLECIMENTO DO
STATUS QUO ANT DOS PERFIS E PÁGINAS

Não é preciso mais do que uma análise superficial dos fatos acima
articulados devidamente comprovados por meio das provas juntadas a
estes autos para se constatar as várias ilegalidades perpetradas pela
requerida, atravessando desde a violação de normas constitucionais,
passando por Tratado Internacional firmado pelo país, chegando enfim as
de cunho infraconstitucional.

Intitulando-se detentora do poder de polícia e de julgamento, a rede


social monitora os conteúdos postados pelos usuários em seus respectivos
Perfis Pessoais e Páginas.

E ao constatar algo que, supostamente viola seus intitulados Termos e


Condições de Uso, a rede se legitima a aplicar penalidades aos usuários
que vão desde um bloqueio temporário que pode durar de horas a 30
(trinta) dias, até o mais grave, consistente no banimento da conta do
usuário, permanentemente, literalmente expulsando-o da rede.

Olhando a situação superficialmente, dentro de uma visão puramente


contratualista (em que pesem os limites legais impostos a qualquer
espécie de contrato, sobretudo, os celebrados sob a égide de uma relação
de consumo) poder-se-ia admitir, que a requerida estaria legitimada a
aplicar tais penalidades, sobretudo sob o pequeno valor dado a uma rede
social bem como ao que dispõe seus Termos e Condições de Uso.

Ora, trata-se apenas de uma “mera página ou mero perfil”, que pode ser

reconstruída a qualquer tempo. “Não vale nada”.

Contudo, o que muitas vezes não se nota, e que inclusive é a fonte de


remuneração e poderio de praticamente todas as redes sociais, são as
nuances de direito material e imaterial que circundam essa relação
contratual.

Como cediço, a requerida nada mais é que uma rede social que tem como
objetivo principal promover a comunicação, o relacionamento e interação
entres os usuários.

Para tanto disponibiliza de várias ferramentas.

Objetivando manter o convívio saudável entre seus membros, o que de


fato é recomendável, a rede estabelece determinadas regras por meio de
seus Termos e Condições de Uso.

Contudo, sobretudo, falta transparência na execução deste contrato.


Em primeiro lugar: paira sobre ele (o contrato – Termos e Condições de
Uso e seus Adendos) a imposição de norma estrangeira dentro do
território nacional. Tal informação encontra-se disposta nas entrelinhas do
enorme texto dos Termos e Condições, se não vejamos:

Veja-se que a rede social estabelece que as penalidades, em especial, ai


incluídos seus critérios de avaliação e exclusão, são baseados na intitulada
Digital Millenium Copyrigth Act – DMCA, que por seu turno, trata-se de
uma norma americana.

Ora, se explora suas atividades no Brasil, em atenção ao princípio da


territorialidade, e da soberania nacional, é imperioso que adapte seus
contratos à legislação brasileira, o que, claramente, não vem sendo feito.

Ademais, vale salientar que o Brasil não é signatário dessa norma,


inadmitindo-se sua aplicação no país sob pena de grave violação a
soberania estatal, fundamento essencial da República Federativa do Brasil
consoante imposição da Constituição:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I - a soberania;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

I - soberania nacional;

Com efeito, não pode a requerida simplesmente impor aos consumidores


a aplicação de norma estrangeira no país, menos ainda aplicar contra
esses, penalidades potencialmente lesivas como as aqui denunciadas, que
por seu turno, ofendem gravemente os direitos consumeristas e próprios
da nação brasileira, causando inclusive severos prejuízos de ordem moral
e material.

Como dito alhures Exa.: os Perfis Pessoais e Página, não se tratam apenas
de mera imagem virtual banal.

As redes sociais não apenas criaram uma vida virtual, como também,
integraram essa vida virtual a vida real.

Vale lembrar que muitos dos usuários banidos tinham seus históricos de
vida nessas redes. Fotos, vídeos, recordações, pensamentos, ideias, círculo
de amizades, logs e históricos de conversas, contatos pessoais e muitas
vezes profissionais vinculados à rede. Ou seja, tão propriedade imaterial
que inevitavelmente se confundem com a vida real, fundindo-se uma
única coisa. Não há mais distinção de vida virtual e vida real: ambas
pertencem a um único todo, e as ocorrências em quaisquer das esferas
(virtual ou real) podem atingir uma a outra, exatamente como vem
acontecendo.

Tamanho é o acerto desta conclusão, que não são poucas as noticias que
reconhecem que empresas tem consultado a rede social (Facebook) da
pessoa, elegendo a rede como um dos critérios de avaliação da
candidatura do interessado. A revista virtual o Globo atesta que “90% dos
recrutadores olham o perfil de potencial dos candidatos em suas redes
sociais ” assinalando, inclusive que tais empresas inclusive "usam redes
sociais para avaliar perfil de candidatos ".

Com efeito, não há como se admitir uma visão de “pouca valia ou pouca

importância”, seja ao Perfil Pessoal ou Página do usuário, porquanto


remontam bens e direitos imateriais (que podem ser tornar materiais
como se verá adiante) dos consumidores.

Com efeito, ao se bloquear ou mesmo deletar permanentemente tais bens


e direitos, embutidos na forma dos Perfis Pessoais (cujo conteúdo muitas
vezes encontram-se alocados apenas e tão somente na rede e sem
backup), acabam se perdendo em absoluto, gerando grande frustração ao
indivíduo, sobremaneira porque, como dito acima, já não há mais uma
vida virtual e uma vida real: ambas fazem parte de um todo único e
indivisível.
Além do mais, o bloqueio ou mesmo o banimento, causam ainda grande
constrangimento ao indivíduo, que por motivos óbvios é inevitavelmente
questionado pelos demais sobre o porquê de seu banimento da rede,
causando evidente constrangimento.

No caso das Páginas, a situação é ainda mais grave, especialmente porque


estão, em regra, vinculadas diretamente a exploração de imagem de
pessoas, entidades, personalidades, empresas, além da exploração
comum de atividades publicitárias ou comerciais, que inclusive
remuneram o consumidor, que é proprietário ou as administra.

Os Serviços de Páginas consistem na criação de uma identidade virtual


vinculada a um link, denominado ID (identificador único) junto a rede
social, destinado a empresas, personalidades, instituições e órgãos entre
outros, geralmente excluindo-se aquele usuário comum, das quais se
destina os serviços de Perfil Pessoal.

Conforme informações do Suporte da rede, cuja integra segue em anexo


ao presente, a princípio para criação de uma página a rede exige a
atribuição de um nome (que pode ser comercial ou não) a página, duas
imagens (logotipo, fotos do ambiente, dos produtos e serviços
comercializados, clientes, etc), e uma chamada para ação (ou seja, o que a
usuário deseja que as pessoas realizem quando visitarem a página).
Oportuno ainda destacar que a contratação dos Serviços de Páginas
disponibiliza a utilização de várias ferramentas não disponíveis nos
Serviços de Perfil Pessoal, justamente a fim de viabilizar a exploração de
atividades econômicas ou comerciais, sobretudo as de natureza
publicitária.

Acrescente-se a isso que, se famosa a Página, ou seja, se tiver grande


número de seguidores, é possível e viável ainda explorar essa audiência
dentro e fora do Facebook: internamente, através de outras ferramentas
da própria rede que geram renda ao usuário contratante, e externamente,
vinculando ferramentas da própria a rede a outras redes sociais.

A título de exemplo de exploração interna, podemos citar o recurso


Audience Network, interno da própria rede, que possibilita a monetização
da página através da criação de anúncios de sites e aplicativos que serão
exploradas pela própria rede para divulgação de produtos e serviços do
proprietário da página ou de outros usuários, utilizando-se justamente da
ampla audiência oriunda dos seguidores da página do consumidor.

A título de exemplo de exploração externa, podemos citar a utilização da


audiência para potencializar acessos a sites e blogs externos, que devido
ao aumento de tráfego, geram renda aos usuários, por acesso. Ou seja: o
usuário toma um link de um blog (seu ou de terceiro) e o publica na rede
social, que por seu turno, capta o usuário interessado e o remete ao blog
ou site. Essa captação aumenta o tráfego e o usuário recebe uma pequena
comissão por cada acesso no blog ou site. Com efeito, quanto mais cliques
e mais acessos, maior é a monetização. Quanto menos cliques, menos
acessos e menor a monetização.

Nesse contexto é oportuno destacar que milhares de usuários brasileiros


que contrataram os serviços de páginas da rede social, e passaram a
explorá-la através de publicidade, acabaram tendo suas páginas
sumariamente penalizadas.

Inicialmente, lançava-se uma mensagem padrão, informando que o


bloqueio decorria da violação dos Termos e Condições de Uso, contudo,
sem especificar qual prática, postagem, conteúdo, ou conduta do usuário
havia sido o objeto da violação. Veja-se abaixo exemplo de mensagem de
bloqueio temporário de Página:

Ou seja, ao tentar acessar a Página, de forma completamente inadvertida,


o usuário consumidor se depara com essa mensagem, impedindo-o de
postar qualquer conteúdo na mesma. Importante consignar que a
penalidade é aplicada, e somente depois é dado direito de reivindicar
através do recurso intitulado “Apelação”, que comumente sequer é
respondido pela rede social.

Em alguns casos, a rede se limitava a indicar a postagem que teria ferido


supostamente os Termos e Condições, contudo sem indicar minimamente
o porquê que a postagem teria ferido os Termos e Condições, ou o que
exatamente teria sido violado, como se vê noutro exemplo abaixo:

Observe-se Exa., que trata-se apenas da imagem de um cachorro. Nada


mais Francamente Exa., o que teria levado essa imagem a ter violado os
Termos e Condições? Aliás, o que exatamente dos Termos e Condições foi
violado com a imagem? Tal fato nunca é explicado pela rede.

A verdade é que até hoje, os usuários mal sabem o que teria motivado o
bloqueio temporário, a deleção de postagens ou mesmo o banimento, ou
quando são feitas justificativas, o fazem de forma extremamente subjetiva
e nada transparente.

E quando ocorre o banimento, a situação é ainda mais grave, eis que o


usuário apenas tentar acessar sua página recebe uma mensagem padrão
como a indicada abaixo (que é reprisada por e-mail enviado pela rede por
vezes), indicando os mais absurdos motivos, sem, contudo esclarecer
pontualmente os motivos da ocorrência:

Em outras palavras: de forma extremamente subjetiva, a rede social elege


critérios mais subjetivos ainda e decide por livre e espontânea vontade, a
permanência ou não do usuário na rede, pior, sem dar mínima chance de
defesa antes da aplicação da penalidade.

Tal situação revela a falta de transparência na execução do contrato,


sobretudo em sua forma de rescisão, não levando em conta o patrimônio
imaterial e material conquistado pela parte que contratou os serviços de
Páginas, além do flagrante abuso, dada a hipossuficiência do consumidor
para resolver questão.

Acrescente-se ainda inobservação mínima dos princípios do contraditório


e da ampla defesa, de modo ao menos dar a chance do usuário de se
defender ou corrigir a situação antes de ser-lhe aplicada tão brutal
penalidade.

Vale salientar que uma gama imensa de páginas vem sendo banidas pela
rede já há anos, o que vem se intensificando dia após dias, como atestam
amplamente a mídia em geral, conforme matéria e depoimento da própria
rede acostados em anexo a presente.

O fato é que a conduta manifestamente lesiva tem se intensificado,


sobretudo e curiosamente, próximo as eleições brasileiras e ou
americanas.

Prova disso é o fato público e notório amplamente divulgado pela mídia


onde a rede, alegando ter essa nova gama de usuários divulgando “fake
news” ou notícias falsas, resolveu do dia para a noite, simplesmente banir
milhares de usuários espalhados país afora.
Por outro lado, se intitulado detentora de um poder absoluto, pouca ou
nenhuma informação adicional prestou a rede, se não limitar ao
argumento de que os penalizados violaram os Termos e Condições da
Rede, sem especificar, objetivamente, qual o conteúdo teria sido objeto
das intituladas “notícias falsas”.

A mídia inclusive se posicionou de mais variada forma, alguns apoiando a


iniciativa, outros abominando a conduta.

Contudo, o que se nota é que a falta de transparência e prova dos


motivos, e sobretudo, a ausência de coesão de argumentos para a
conduta da rede, evidenciam o flagrante controle de conteúdo, de forma a
indicar a censura, o que não se pode admitir.

Da mesma maneira, a rede começou ainda a proceder com o bloqueio e


banimento de Perfis Pessoais, cuja justificativa vem se tornado cada vez
mais reduzida e abusiva, como se vê nas mensagens de bloqueio:

Em situação mais recente, a rede limitou a justificar o banimento a


seguinte mensagem:

Ou seja, a requerida é possivelmente a única empresa privada em


funcionamento no país que age como quer, rescinde como quer, controla
conteúdo como quer, prejudicando milhares de pessoas saindo na maioria
das vezes ilesa.

A propósito da censura, vale trazer a baila o fato de que a requerida, ao


agir desta forma, ou seja, controlando conteúdo, pratica censura.

No diz respeito à CF/88, socorre-se a autora na qualidade de


representante legitimada dos lesados, ao direito indelével de manifestar-
se, de forma livre, bem como da sua liberdade de expressar sua atividade
intelectual, artística e de comunicação, independentemente de censura ou
licença conforme garante o art. 5º, incisos IV, IX c.c/ art. 220 caput e §1º e
2º da Carta Magna, abaixo colacionados:

Art. 5º (...)

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de


comunicação, independentemente de censura ou licença;

Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a


informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão
qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à
plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de
comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e


artística.

No que diz respeito ao anonimato, é evidente que nem mesmo sob o


argumento de tratar-se de uma conta “fake” ou “falsa”, indicando o
usuário falso, seria possível a aplicação de uma penalidade, sobretudo
porque o mesmo sempre será identificável através de seu Internet
Protocol – ou IP, que trata-se do “endereço de protocolo de internet
(endereço IP): o código atribuído a um terminal de uma rede para permitir
sua identificação, definido segundo parâmetros internacionais” (art. 4º
inciso III do MCI);

Com efeito, não há que se falar em anonimato, mesmo daquele usuário


que possui conta de personagem, ou ente que não seja ele próprio,
porquanto plenamente identificável sua origem e identidade através do IP
indicada a única vedação do ordenamento, faz-se oportuno destacar
alguns pontos.
Em primeiro lugar, vale destacar que o objeto da presente, no que diz
respeito ao restabelecimento das páginas e perfis bloqueados e banidos,
bem como ao pedido de suspensão de aplicação dessas penalidades, não
exime quaisquer dos consumidores a responderem por eventuais
responsabilidades perante quem de direito, por ventura, cause lesão ou
ameaça, inclusive perante a requerida, que, em caso venha a sofrer algum
prejuízo em decorrência de alguma postagem ou seu conteúdo por
quaisquer de seus usuários, poderá acioná-lo em regresso, conforme
previsto em lei, detendo inclusive o monopólio tecnológico para
identificação do mesmo.

Ademais, no Brasil, seguindo o exemplo da norma brasileira, inclusive dá


blindagem a requerida para se eximir de conteúdos publicados por
terceiros, conforme preleciona o artigo 19 do MCI:

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a


censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado
por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências
para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente,
ressalvadas as disposições legais em contrário.
Para tanto, baste que a requerida, caso acionada, cumpra as ordens
judiciais, observada ainda sua limitação técnica, para se eximir da
responsabilidade de fatos ocasionados por terceiros.

Por outro lado, por certo que a doutrina e a jurisprudência são uníssonas
no sentido de que nenhuma garantia ou preceito fundamental garantido
pela CF/88 é absolutamente plena, eis que, em determinadas hipóteses,
tais direitos podem e devem ser relativizados.

Tanto que até mesmo a liberdade de ir e vir, um dos bens humanos


supremos conferidos no país, pode ser relativizada por meio da prisão,
observadas as exceções legais extremas, tal como a condenação criminal
transitada em julgado, ou a prisão do devedor de alimentos, entre outras
hipóteses extremas autorizadas por lei, desde que atendidos os requisitos
legais.

Contudo, não se pode perder de vista a natureza excepcional deste direito


(liberdade de expressão), e a gravidade da situação ora em embate.

Primeiramente vale salientar que a liberdade de expressão é a mãe de


todos os direitos; sem ela, suprime-se até mesmo a possibilidade de que
novos direitos surjam acompanhando a evolução do pensamento humano,
ou de que os já existentes, mudem, revoguem-se, melhorem, enfim,
evoluam.
Tanto é assim, que todos os direitos hoje salvaguardados por lei, e pelas
constituições mundo afora surgiram do debate e do confronto de ideias e
pensamentos.

Ademais, é oportuno destacar que, se nem mesmo o Estado possui o


monopólio da informação, sendo inclusive expressamente vedado
controlar conteúdos de publicações, como pode a requerida fazê-lo,
enquanto mera empresa privada?

Ora Exa., a manifestação do pensamento e da expressão é livre e deve ser

plena, resguardadas as indenizações pelos excessos, a serem fixadas


exclusivamente pelo Juiz Estado e não por quem quer que seja, que não o
Judiciário.

Neste contexto, vale reprisar quer é evidente que eventuais problemas


decorrentes de excessos podem ser objeto das respectivas indenizações
posteriores, ou mesmo culminar na obrigação de retirar os conteúdos do
ar, contudo, desde que devidamente analisado por um juiz competente a
tanto. Saliente-se ainda a possibilidade inconteste de eventual ação de
regresso entre outros instrumentos jurídicos uteis a coibir os abusos, que
não a supressão da liberdade de expressar-se imposta a milhares de
consumidores país afora, injusta e abusivamente.
Contudo, não se pode admitir que a requerida, erguendo o suposto
estandarte do “bom senso supremo”, tomando o papel de Estado-Juiz e
Estado Polícia, resolva o que pode ou não ficar disponível na internet;
menos ainda, que se lhe permita controlar o conteúdo do que é vinculado
na rede, sob pena de autorizar a censura, coisa que, nem mesmo no
regime militar mais severo, foi feito, mas que vem sendo feito e reiterado
pela requerida, que dia após dia tem se tornado detentora de um dos
maiores monopólios de dados pessoais das pessoas do mundo.

Pior ainda porque agora age em flagrante censura, ao controlar os


conteúdos de forma sistemática, e pior, sem nenhum critério como se
verá mais adiante.

Ora, qualquer censor da requerida (pasme em pleno Estado democrático


de Direito ter de utilizar desta expressão) por entender que uma
postagem não lhe agrada e simplesmente aplicar uma pena ao autor
baseada em controle de conteúdo?

Quais são os critérios utilizados? Porque foram aplicados?

Ademais, é oportuno dizer que a conduta da requerida ora indicada


nesses autos, não limita apenas ao Brasil, e vem sendo questiona por
dezenas de autoridades mundo afora.
O escândalo do vazamento de dados coletados pela Cambridge Analytica
por intermédio do Facebook, que tomou conta dos noticiários do mundo
todo, trouxe a tona uma realidade que há tempos vem sendo denunciada
paulatinamente há tempos.

Tamanha foi a repercussão que o CEO da rede, Mark Zuckerberg, foi


intimado a prestar esclarecimentos em audiência pública realizada junto
ao Congresso Norte Americano, realizada no último dia 11/04/2018, que
levou cerca de 5 (cinco) horas de duração.

Em relação ao que foi disposto no depoimento, vale-se a autora, trazer ao


conhecimento deste juízo alguns fatos pertinentes ao objeto da presente
ação, pelo que sintetizou em tradução parte do depoimento pertinente a
ação em comento.

TRECHO DO DEPOIMENTO DE MARK INQUIRIDO PELO SENADOR TED


CRUZ:

TED CRUZ: “Deixe-me fazer a pergunta novamente: O Facebook se


considera um fórum público neutro? Os representantes de sua empresa
deram respostas contraditórias sobre isso. A sua empresa, é uma empresa
parcial, ou um fórum público imparcial que permite a todos
opinar?”MARK ZUCKERBERG: “Senador, aqui está o que pensamos sobre
isso. Eu não acredito que... Há certos conteúdos que com certeza não
permitimos, ok? Hum... Discurso de ódio, conteúdo terrorista, nudez ou
qualquer outra coisa que faça as pessoas se sentirem inseguras na
comunidade. A partir dessa perspectiva é o que geralmente tentamos nos
referir ao que fazemos, como uma plataforma que...”

TED CRUZ: “Sr. Zuckerberg, deixe-me tentar de novo, pois o tempo é


curto. É apenas uma pergunta simples. De acordo com a Seção 230 do
CDA, sua empresa é um fórum público neutro. Você considera sua
empresa um fórum público neutro? Você por exemplo, se identifica com
algum discurso político, o que, é claro, é um direito seu, sob a Primeira
Emenda”.

MARK ZUCKERBERG: “Bem Senador, nosso objetivo certamente não é se


envolver em discurso político. Eu não estou muito familiarizado com a
linguagem jurídica da lei específica que você mencionou, então eu teria
que lê-la com mais atenção depois. Estou apenas tentando explicar o quão
amplamente penso sobre isso.”

TED CRUZ: Sr. Zuckerberg, direi que há muitos norte-americanos que, em


minha opinião, estão profundamente preocupados com o fato de o
Facebook e outras empresa de tecnologia estarem engajadas em um
padrão generalizado de preconceito e censura política. Houve inúmeros
casos com o Facebook. Em maio de 2016 o site Gizmodo informou havia
proposital e rotineiramente suprimido notícias conservadoras de
“trendind news”, incluindo notícia sobre a CPAC incluindo notícias sobre
Mitt Rolmney, incluindo notícias sobre os supostos escândalo IRS de Lois
Lerner, incluindo história sobre Gleen Beck. Além disso foi relatado
também que o Facebook baniu a página Chick-fil-a Appreciation Day,
bloqueou um post de uma repórter da Fox News, bloqueou mais de vinte
e quatro páginas católicas, e bloqueou, mais recentemente, a página
Trump Supporters Diamond and Silks, com 1,2 milhões de seguidores
depois de determinar que seu conteúdo e marca eram prejudiciais a
comunidade. Para muitos americanos, isso parece ser um padrão
difundido de preconceito político. Você concorda com essa avaliação?

MARK ZUCKERBERG: Senador, deixe-me dizer algumas coisas sobre isso.


Primeiro, eu entendo de onde vem essa preocupação, porque o Facebook,
junto com outras indústrias de tecnologia, estão localizadas em Silicon
Valley, que é um lugar extremamente de esquerda e isso é realmente uma
preocupação que eu tenho e que venho tentando erradicar dentro da
empresa que é ter a certeza de que não temos nenhum viés tendencioso
no trabalho que fazemos. E eu acho que é uma preocupação justa que as
pessoas se perguntam agora.”

TED CRUZ: Deixe-me fazer essa pergunta: Você está ciente de algum
anúncio ou página que foi removido da organização abortista Planned
Parenthood?

MARK ZUCKERBERG: Senador, eu não estou, mas, deixe-me dizer...

TED CRUZ: Ou do site Moveon.org?


MARK ZUCKERBERG: Desculpa?

TED CRUZ: Algum anúncio removido do site esquerdista Moveon.org?

MARK ZUCKERBERG: Eu não estou especificamente ciente disso...

TED CRUZ: Ou de qualquer candidato democrata a presidência?

MARK ZUCKERBERG: Eu não estou especificamente ciente... Quero dizer,


não tenho certeza.

TED CRUZ: Em seu testemunho você disse que tem quinze a vinte mil
pessoas trabalhando em revisão em segurança e revisão de conteúdo.
Você conhece a orientação política dessas quinze a vinte mil pessoas
envolvidas na revisão de conteúdo?

MARK ZUCKERBERG: Não Senador. Geralmente não perguntamos as


pessoas sobre sua orientação política quando elas ingressam na empresa.

TED CRUZ: Então, como CEO da empresa, você já contratou ou demitiu


alguma pessoa com base nas posições políticas dela ou mesmo candidatos
que elas apoiam?
MARK ZUCKERBERG: Não.

TED CRUZ: Porque Palmer Lucker foi demitido?

MARK ZUCKERBERG: É um assunto pessoal específico que parece


inadequado falar aqui.

TED CRUZ: Você acabou de fazer uma representação específica de que não
tomou decisões com base em opiniões políticas.

MARK ZUCKERBERG: Bem, posso garantir que não foi por causa de uma
visão política.

TED CRUZ: Você sabe quantas ou se alguma dessas quinze a vinte mil
pessoas envolvidas em revisão de conteúdo já apoiou financeiramente um
candidato republicano?

MARK ZUCKERBERG: Senador, eu não sei.

TED CRUZ: Em seu testemunho você diz: “Não basta conectar as pessoas,
temos que garantir que essas conexões sejam positivas”. Você também
disse: “Temos que ter a certeza de que as pessoas não estão usando suas
vozes pera prejudicar outras ou para disseminar falsas informações.
Temos a responsabilidade de não apenas construir ferramentas, mas de
garantir que essas ferramentas sejam usadas para o bem”. Sr. Zuckerberg,
você acha que é sua responsabilidade avaliar os usuários, sejam eles bons
ou positivos, ou aqueles que aquelas quinze a vinte mil pessoas
consideram inaceitáveis ou deploráveis?

MARK ZUCKERBERG: Senador, você está me perguntando a minha posição


pessoal?

TED CRUZ: Facebook.

MARK ZUCKERBERG: Acho que há uma série de coisas que todos nos
concordamos que são claramente ruins. Interferência estrangeira em
nossas eleições, terrorismo, autoagressão...

TED CRUZ: E quanto a censura?

MARK ZUCKERBERG: Bem, acho que provavelmente concordaria que


devemos remover propaganda terrorista do serviço. Então com isso eu
concordo. Eu acho que isso é claramente uma atividade ruim que nós
queremos combater e estamos orgulhosos de quão bem lidamos com isso.
Agora, o que posso dizer e quero dizer antes de acabar aqui, é que estou
muito comprometido em garantir que o Facebook seja uma plataforma
para todas as ideias. Esse é o principio fundador muito importante do que
fazemos. Estamos orgulhosos do discurso e das diferentes ideias que as
pessoas podem compartilhar usando o serviço e isso é algo que, enquanto
eu estiver comandando a empresa, vou me comprometer a garantir que
esse seja o caso. – grifos nossos

Disponível a versão traduzida em 11/04/2018 nos links abaixo:

YOUTUBE: https://www.youtube.com/watch?v=TZpAyi1nA4s
FACEBOOK:https://www.facebook.com/TradutoresLiberais/videos/20959
04000685970/?
hc_ref=ARSDNha_jzB9fr5wbUV0NzS4EVFW1ET7Oc4uIKjhyg__klPSKh84Xm
kAH6YdsYtAtQQ Exa., pede-se especial atenção aos pontos grifados acima.

Em primeiro lugar, veja-se que o Senador Norte Americano relata bizarra

situação de seleção de conteúdo, indicando haver um “padrão


generalizado de preconceito e censura política”.

O Exmo. Senador norte americano também denuncia (assim como ocorreu

neste feito) o banimento e bloqueio de várias páginas, embora, nos EUA,


inclusive indicando pormenorizadamente as páginas que sofreram
sanções com base na seleção de conteúdo realizada pela rede de forma
ilegal e parcial da rede, e o detrimento destas frente a outras páginas que
subiram no ranking de publicidade; páginas estas que continham viés
político inverso, denotando aos olhos do mundo, a nítida preferência e
determinados conteúdo.

Em resposta Zuckerberg confirma a ocorrência, reconhecendo que o


intitulado Silicon Valley ou simplesmente, Vale do Silício, onde está
sediada a empresa , em suas próprias palavras: “é um lugar extremamente
de esquerda”.

Veja-se, que muito embora afirme o CEO da rede que tenta “combater tal

prática”, o que se vê na prática é outra realidade, que a propósito está


afetando páginas e perfis de milhares de consumidores, em todo mundo,
inclusive no Brasil.

Note-se ainda que em momento algum, o CEO contestou as penalidades


ocorridas com as páginas tidas como conteúdo conservador ou “de
direita”, ao mesmo passo em que afirma não saber se o mesmo teria
ocorrido com as páginas “de esquerda”.

Ou seja, não nega a aplicação de penalidades a determinadas páginas pré


selecionadas, mas nega ciência de penalidades a outras de viés inverso,
revelando a nítida diferença de tratamento entre os tipos de conteúdo,
que a propósito, não se referem a terrorismo, nudez entre outros.

E tanto é verdade que nem mesmo em inúmeros processos que tramitam


perante a rede no Brasil (em anexo) a rede se ocupou em comprovar ou
sequer indicar qual(is) postagem(s) teriam sido objeto da suposta violação
dos intitulados Termos e Condições de Uso (Contrato de Adesão).

Afinal, quais são os critérios adotados pela rede para retirada de


conteúdo?

Porque há diferenciação de tratamento?

Para se ter uma ideia Exa., a página intitulada “Quebrando o Tabu,


publicou um post no dia 17/04/2018 indicando um site que vendia
maconha, o que ao menos em tese, indica possível prática de crime de
apologia ou incitação ao crime (uso, compra ou venda de drogas), como se
vê do print abaixo, se não confira-se:

LINK DE ACESSO:
https://www.facebook.com/quebrandootabu/posts/1879630555426656

Como é possível a rede permitir uma situação dessas Exa. ao mesmo passo
em que deleta centenas de milhares de outros usuários cujas postagens
sequer constituem qualquer ilícito?

Ora, não há como se admitir que uma Página com tal conteúdo não sofra
qualquer sanção por parte da rede, enquanto milhares de outros
consumidores tenha que passar por um calvário para reaver suas páginas
e perfis que, aliás, ao contrário da indicada acima, jamais agiram de forma
ilícita, mas mesmo assim foram punidos veementemente com o bloqueio
e banimento na rede.

Oportuno ainda salientar que o Senador norte americano ainda pontua a


prepotência da rede ao se intitular detentora do controle de conteúdo, ao
questionar o CEO: “Sr. Zuckerberg, você acha que é sua responsabilidade
avaliar os usuários, sejam eles bons ou positivos, ou aqueles que aquelas
quinze a vinte mil pessoas consideram inaceitáveis ou deploráveis?”;
questionamento este respondido pelo CEO em confirmação a existência
de controle de conteúdo: “Acho que há uma série de coisas que todos nós
concordamos que são claramente ruins. Interferência estrangeira em
nossas eleições, terrorismo, autoagressão...”

Ora, como já depreende de Nossa CF/88 e do Marco Civil da Internet, se


nem mesmo o Estado pode controlar os conteúdos e informações, não
será nem nunca o foi permitido a uma empresa privada fazê-lo, cabendo a
quem de direito, que detenha legitimidade para tanto, socorre-se das vias
judiciais por eventuais lesões decorrentes de condutas abusivas, falsas,
inexatas ou prejudiciais a vítima/ofendido.

Sob este aspecto, o fato é que não se pode permitir que o Facebook,
valendo-se de detentor do estandarte do bom senso determine e
selecione conteúdos que devam ou não permanecerem veiculados,
violando, por outro lado direitos consumeristas e de outra espécie.
Aqui, a propósito, a parte autora socorre-se a aplicação do Direito
Comparado, haja vista a míngua de legislação especifica no Brasil, sobre a
natureza jurídica da rede social. Embora trate-se de uma empresa privada,
certo é que, em seu país de origem foi O Facebook foi reconhecido por lei,
tratar-se de um “fórum público neutro” (Seção 230 do CDA – norma norte
americana), conforme esclarece o Exmo. Senador TED CRUZ: “De acordo
com a Seção 230 do CDA, sua empresa é um fórum público neutro.”

Em resposta ao questionamento, Zuckerbeg não respondeu ao


questionamento, e apenas se esquivou afirmando: “Bem Senador, nosso
objetivo certamente não é se envolver em discurso político. Eu não estou
muito familiarizado com a linguagem jurídica da lei específica que você
mencionou, então eu teria que lê-la com mais atenção depois. Estou
apenas tentando explicar o quão amplamente penso sobre isso.”

Enfim Exa., fato é que, no Brasil o controle de conteúdo é vedado por


força da vedação a censura. Fato é que CF/88 reconhece a liberdade de
expressão como princípio fundamental, ao passo em que o Marco Civil da
Internet, ao regularizar tal situação, reafirma a vedação a censura,
limitando as hipóteses de retirada de conteúdo da rede exclusivamente
mediante ordem judicial, e ainda assim, nos limites e observados os
requisitos específicos previstos nos art. 19 do MCI.

E não para por ai.


O Senador americano indica ainda e o CEO da rede confessa a existência
de censores, são contratados pelo próprio Facebook para realizarem o
trabalho de monitoramento de conteúdos, se não veja-se: “Em seu
testemunho você disse que tem quinze a vinte mil pessoas trabalhando
em revisão de segurança e revisão de conteúdo. Você conhece a
orientação política dessas quinze a vinte mil pessoas envolvidas na revisão
de conteúdo?”

Se nos permite dizer, nem na época da ditadura brasileira, quica nem


mesmo Hitler conseguiu tamanha façanha de controle de informações e
conteúdos!

A rede confessa pública e mundialmente que possui equipe de censores


que não apenas analisam conteúdo, mas os permitem bloquear, banir ou
mesmo deletar usuários aleatoriamente, com base em seus próprios
critérios e orientações pessoais, sejam elas religiosas, políticas,
humorísticas, empresarial, financeira, ou qualquer outro conteúdo que
entendam, os censores, não devesse estar na rede.

A situação é muito grave Exa., mas muito grave mesmo, beirando as raias
de uma DITADURA DIGITAL que irrompe completamente todos os
princípios e normas do ordenamento jurídico nacional.
A este despeito, vale socorrer-se da melhor jurisprudência acerca dos
limites da liberdade de expressão.

O STF reconheceu em caso análogo, que A LIBERDADE DE EXPRESSÃO NÃO


PODE SER LIMITADA A CONTROLE OU SUBMETIDA A AUTORIZAÇÃO
PRÉVIA, sob pena de violação a própria CF/88. Aliás, em questão
semelhante já decidiu o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, se não confira-se
da ADI 4815 – Ação Direta de Inconstitucionalidade (DOC. 11) abaixo
reproduzida:

STF AFASTA EXIGÊNCIA PRÉVIA DE AUTORIZAÇÃO PARA BIOGRAFIAS Por


unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou procedente a
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4815 e declarou inexigível a
autorização prévia para a publicação de biografias. Seguindo o voto da
relatora, ministra Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação conforme a
Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em
consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença de pessoa biografada,
relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus
familiares, em caso de pessoas falecidas). Na ADI 4815, a Associação
Nacional dos Editores de Livros (ANEL) sustentava que os artigos 20 e 21
do Código Civil conteriam regras incompatíveis com a liberdade de
expressão e de informação. O tema foi objeto de audiência pública
convocada pela relatora em novembro de 2013, com a participação de 17
expositores.

Confira, abaixo, os principais pontos dos votos proferidos.


Relatora A ministra Cármen Lúcia destacou que a Constituição prevê, nos
casos de violação da privacidade, da intimidade, da honra e da imagem, a
reparação indenizatória, e proíbe “toda e qualquer censura de natureza
política, ideológica e artística”. Assim, uma regra infraconstitucional (o
Código Civil) não pode abolir o direito de expressão e criação de obras
literárias. “Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua
circulação, calando-se a palavra e amordaçando a história que se
consegue cumprir a Constituição”, afirmou. “A norma infraconstitucional
não pode amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições ao
exercício de liberdades”.

Ministro Luís Roberto Barroso

O ministro destacou que o caso envolve uma tensão entre a liberdade de


expressão e o direito à informação, de um lado, e os direitos da
personalidade (privacidade, imagem e honra), do outro – e, no caso, o
Código Civil ponderou essa tensão em desfavor da liberdade de expressão,
que tem posição preferencial dentro do sistema constitucional. Essa
posição decorre tanto do texto constitucional como pelo histórico
brasileiro de censura a jornais, revistas e obras artísticas, que perdurou
até a última ditadura militar. Barroso ressaltou, porém, que os direitos do
biografado não ficarão desprotegidos: qualquer sanção pelo uso abusivo
da liberdade de expressão deverá dar preferência aos mecanismos de
reparação a posteriori, como a retificação, o direito de resposta, a
indenização e até mesmo, em último caso, a responsabilização penal. (Leia
a íntegra do voto do ministro Luís Roberto Barroso.)

Ministra Rosa Weber


A ministra Rosa Weber manifestou seu entendimento de que controlar as
biografias implica tentar controlar ou apagar a história, e a autorização
prévia constitui uma forma de censura, incompatível com o estado
democrático de direito. “A biografia é sempre uma versão, e sobre uma
vida pode haver várias versões”, afirmou, citando depoimento da
audiência pública sobre o tema.

Ministro Luiz Fux

O ministro destacou que a notoriedade do biografado é adquirida pela


comunhão de sentimentos públicos de admiração e enaltecimento do
trabalho, constituindo um fato histórico que revela a importância de
informar e ser informado. Em seu entendimento, são poucas as pessoas
biografadas, e, na medida em que cresce a notoriedade, reduz-se a esfera
da privacidade da pessoa. No caso das biografias, é necessária uma
proteção intensa à liberdade de informação, como direito fundamental.

Ministro Dias Toffoli

Para o ministro, obrigar uma pessoa a obter previamente autorização para


lançar uma obra pode levar à obstrução de estudo e análise de História. “A
Corte está afastando a ideia de censura, que, no Estado Democrático de
Direito, é inaceitável”, afirmou. O ministro ponderou, no entanto, que a
decisão tomada no julgamento não autoriza o pleno uso da imagem das
pessoas de maneira absoluta por quem quer que seja. “Há a possibilidade,
sim, de intervenção judicial no que diz respeito aos abusos, às inverdades
manifestas, aos prejuízos que ocorram a uma dada pessoa”, assinalou.

Ministro Gilmar Mendes


Segundo o ministro, fazer com que a publicação de biografia dependa de
prévia autorização traz sério dano para a liberdade de comunicação. Ele
destacou também a necessidade de se assentar, caso o biografado
entenda que seus direitos foram violados publicação de obra não
autorizadas, a reparação poderá ser efetivada de outras formas além da
indenização, tais como a publicação de ressalva ou nova edição com
correção.

Ministro Marco Aurélio

O ministro destacou que há, nas gerações atuais, interesse na preservação


da memória do país. “E biografia, em última análise, quer dizer memória”,
assinalou. “Biografia, independentemente de autorização, é memória do
país. É algo que direciona a busca de dias melhores nessa sofrida
República”, afirmou. Por fim, o ministro salientou que, havendo conflito
entre o interesse individual e o coletivo, deve-se dar primazia ao segundo.

Ministro Celso de Mello

O decano do STF afirmou que a garantia fundamental da liberdade de


expressão é um direito contra majoritário, ou seja, o fato de uma ideia ser
considerada errada por particulares ou pelas autoridades públicas não é
argumento bastante para que sua veiculação seja condicionada à prévia
autorização. O ministro assinalou que a Constituição Federal veda
qualquer censura de natureza política, ideológica ou artística. Mas
ressaltou que a incitação ao ódio público contra qualquer pessoa, grupo
social ou confessional não está protegida pela cláusula constitucional que
assegura a liberdade de expressão. “Não devemos retroceder nesse
processo de conquista das liberdades democráticas.

O peso da censura, ninguém o suporta”, afirmou o ministro.


Ministro Ricardo Lewandowski

O presidente do STF afirmou que o Tribunal vive um momento histórico ao


reafirmar a tese de que não é possível que haja censura ou se exija
autorização prévia para a produção e publicação de biografias. O ministro
observou que a regra estabelecida com o julgamento é de que a censura
prévia está afastada, com plena liberdade de expressão artística,
científica, histórica e literária, desde que não se ofendam os direitos
constitucionais dos biografados ” – grifo nosso.

Vale ainda reprisar um trecho da matéria abaixo que relata em apertada


síntese outro julgado do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL na Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 130) ao analisar a
Inconstitucionalidade da Lei de Impressa (5.250, de 9 de fevereiro de
1967) que limitava a liberdade de expressão, reconheceu como regra, a
necessidade de liberdade de expressão plena, e em caso de abusos,
limitada a posterior responsabilização de eventuais transgressores que
incorram em abuso, se não confira-se:

“O acórdão do julgamento que derrubou a Lei de Imprensa, em abril deste


ano, foi publicado nesta sexta-feira (6/11), no Diário de Justiça. No
julgamento da Argüição de Descumprimento de preceito fundamental
(ADPF 130), a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal
entendeu que a Lei 5.250/67 (Lei de Imprensa) não foi recepcionada pela
Constituição de 1988.
No acórdão, os ministros destacam que é preciso assegurar
primeiramente a “livre” e “plena” manifestação do pensamento, da
criação e da informação para, somente depois, cobrar do ofensor eventual
desrespeito a direitos constitucionais alheios, “ainda que também
densificadores da personalidade humana”.

A corte registra também que, em se tratando de agente público, ainda que


injustamente ofendido em sua honra e imagem, ‘subjaz à indenização uma
imperiosa cláusula de modicidade. Isto porque todo agente público está
sob permanente vigília da cidadania. E quando o agente estatal não prima
por todas as aparências de legalidade e legitimidade no seu atuar oficial,
atrai contra si mais fortes suspeitas de um comportamento antijurídico
francamente sindicável pelos cidadãos”. Ou seja, para os ministros a
crítica jornalística sobre esses agentes não é suscetível de censura, mas
não está livre de reparação por danos morais."

Ainda no acórdão, os ministros destacam os efeitos jurídicos da decisão e


reforçam que o direito de resposta, para replicar ou de retificar matéria
publicada por parte daquele que se vê ofendido, está previsto na
Constituição.

(...) ”

Portanto não restam dúvidas de que a conduta da requerida é gravíssima,


e viola não apenas direitos individuais dos consumidores, mas também
coloca em risco o próprio Estado Democrático de Direito Brasileiro,
enquanto detentora do monopólio de informações na rede tanto quanto o
Google, e mais ainda, severa influenciadora e formadora de opiniões, já
que pode direcionar os conteúdos através do impulsionamento das
publicações e derrubada de alcance, conforme seus próprios interesses.

E tão grave é a situação, que por obvio, e infelizmente, não é apenas a


ordem constitucional que está ameaçada aqui, mas também Tratado
Internacional das quais o Brasil é signatário.

Como cediço o Decreto nº.: 678 de 6 novembro de 1992 promulga a


Convenção Americana sobre Direitos Humanos, de 22 de novembro de
1969, também conhecido como Pacto de São José da Costa Rica.

Nesta toada vale salientar que a norma em questão recepcionada pelo


ordenamento jurídico vigente impõe o dever de obediência a liberdade de
expressão reconhecendo o status constitucional da mesma enquanto
parte de direito humano fundamental, indelével e cuja normativa deve ser
seguida a risca.

A este despeito, vale trazer a baila o dispositivo do mesmo que reforça o


direito a liberdade de expressão plena, in verbis:

Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão

1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento e de


expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar, receber e difundir
informações e idéias de qualquer natureza, sem considerações de
fronteiras, verbalmente ou por escrito, ou em forma impressa ou artística,
ou por qualquer meio de sua escolha.

Veja-se a propósito, que o Pacto veda expressamente a censura,


resguardando apenas e tão somente o direito do ofendido em
responsabilizar o ofensor, nos termos da lei.

No Brasil, através da retirada de conteúdo, retratação e indenizações a


título de danos morais ou materiais.

O Pacto ainda atribui, exclusivamente ao Estado-Juiz a proceder dentro


das excepcionalidades previstas no Pacto, contudo, não autorizando, nem
legitimando qualquer que seja ao exercício arbitrário das próprias razoes a
fazê-lo, se não confira-se:

2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não pode estar


sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades ulteriores, que devem
ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias para
assegurar:

a) o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas;

b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, ou da saúde


ou da moral públicas.
Reconhece ainda de forma clara e concisa e impossibilidade de limitação
de seu exercício, através de controle privado ou estatal, seja qual for o
meio, o que inclui a internet e a plataforma da requerida, se não confira-
se:

3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias e meios


indiretos, tais como o abuso de controles oficiais ou particulares de papel
de imprensa, de frequências radioelétricas ou de equipamentos e
aparelhos usados na difusão de informação, nem por quaisquer outros
meios destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias e
opiniões.

Por outro lado, limita o exercício da liberdade de expressão, autorizando,


excepcionalmente a censura, na hipótese exclusiva de regular o acesso de
menores a espetáculos que possam se mostrar inadequados a faixa etária:

4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura prévia, com


o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, para proteção moral da
infância e da adolescência, sem prejuízo do disposto no inciso 2.

E ao final, determina que, a lei do país regulamente, outras hipóteses


excepcionais, que, no Brasil, submetem-se, necessariamente, ao crivo da
apreciação do Judiciário, por força do sistema jurídico processual e de
direito material vigente, se não confira-se:
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, bem como
toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso que constitua
incitamento à discriminação, à hostilidade, ao crime ou à violência.

De qualquer maneira, o que se nota é que, o Pacto em questão não


apenas veda a prática das condutas que vem sendo adotadas pela
requerida, como também estabelece os limites da exceção a aplicação da
liberdade da expressão e de censura, atribuindo a competência a lei do
país, definir os limites do que pode ou não ser controlado ou censurado.

E no caso do Brasil, não há em verdade nenhuma norma que possibilite ou


autorize a requerida a proceder da forma temerária e ilegal que vem
agindo. Ao contrário disso, limita o exercício do poder de julgamento,
única e exclusivamente ao Poder Judiciário.

Tanto é verdade que o Marco Civil da Internet, lei especifica que


regulamenta as atividades da requerida e as relações entre ela e os
consumidores, inclusive reconhecendo aplicação do CDC., como dito
alhures, me nenhum momento autoriza a requerida a agir da forma como
o vem fazendo, não concedendo a mesma nenhum poder para tanto.
Ao contrário disso, o instituo reafirma a garantia da liberdade de
expressão de forma plena, remetendo a necessária observação da CF/88,
que se limita a vedar o anonimato, se não confira-se:

Art. 3º - A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes


princípios:

I - garantia da liberdade de expressão, comunicação e manifestação de


pensamento, nos termos da Constituição Federal;

Em outras apalavras: em nenhum momento referida norma impõe


qualquer possibilidade de escolha dos provedores de aplicações tal como
a requerida a controlarem o conteúdo do que é lançado na internet.

Mais especificamente, analisando a norma em comento, nota-se inclusive


que o legislador conferiu competência exclusiva ao Judiciário, a apreciação
de tomada de medidas extremas, como a retirada de conteúdo, como se
vê das duas únicas duas hipóteses de ocorrência, como previsto em seu
art. 19 e 20, a saber:

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a


censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado
por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências
para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente,
ressalvadas as disposições legais em contrário.

Art. 20. Sempre que tiver informações de contato do usuário diretamente


responsável pelo conteúdo a que se refere o art. 19, caberá ao provedor
de aplicações de internet comunicar-lhe os motivos e informações
relativos à indisponibilização de conteúdo, com informações que
permitam o contraditório e a ampla defesa em juízo, salvo expressa
previsão legal ou expressa determinação judicial fundamentada em
contrário.

A despeito destes dispositivos, vale tecer importantes comentários. Como


se vê, no artigo 19 o legislador não conferiu poder discricionário ao
provedor de aplicações da internet para escolher o que vai ou não ser
mantido publicado, ou mesmo retirar conteúdos ilícitos ou não da
internet.

O que o dispositivo em verdade estipula é a possibilidade de exclusão da


responsabilidade do provedor por atos de terceiros, APENAS, quando o
mesmo atender a ordens judiciais. NADA MAIS!

Passemos a um exemplo de aplicação do artigo em comento:


Exemplo: “João” ajuíza ação contra a rede social para que retire uma
publicação de terceiro que está prejudicando sua imagem. O juízo
determina retirada e o provedor assim atende. Pois bem. Nesta situação,
aplica-se o artigo 19, isentando a responsabilidade do provedor por dois
motivos: porque atendeu a ordem judicial prontamente e porque a
publicação in casu refere-se à publicação feita na rede por terceiro.

Esta é a única situação que confere poder discricionário ao provedor, a fim


de que possa o mesmo evitar ter de assumir uma responsabilidade de
eventual reparo dos danos causados em solidariedade, por atos de
terceiros.

Contudo, de extrema importância salientar que mesmo nesta hipótese


extrema, a lei não autoriza, em hipótese alguma, a retirada de todo e
qualquer conteúdo e menos ainda por mera liberalidade da provedora (tal
como a requerida).

Veja-se, aliás, que a lei não prevê sequer a possibilidade de retirada de


conteúdo ilícito, ou mesmo de controle de conteúdo das publicações!

E de fato, nem poderia, caso contrário, estaríamos diante de censura, que


é justamente um dos objetos a serem analisados nestes autos.
Ao contrário disso, a lei em comento (MARCO CIVIL DA INTERNET)
conferiu ao PODER JUDICIÁRIO fazê-lo através de ordem judicial, emanada
pelo juízo ao provedor. Tanta verdade que a letra da lei é clara ao destacar
que a penalidade da solidariedade ao provedor, caso ele NÃO ATENDA
ORDEM JUDICIAL QUE DETERMINE A RETIRADA DO CONTEUDO.

Reprise-se Exa.: não foi conferido qualquer poder discricionário a


requerida nem a qualquer outro órgão para fazê-lo (CONTROLAR
CONTEÚDO OU EXCLUIR CONTEÚDO), exceto no caso de ordem judicial; e
de fato nem poderia, caso contrário estaria o legislador a colaborar com a
censura, permitindo que as empresas privadas controlem conteúdos
publicados.

Tanto verdade que o §2º do art. 19 preleciona que “A aplicação do


disposto neste artigo para infrações a direitos de autor ou a direitos
conexos depende de previsão legal específica, que deverá respeitar a
liberdade de expressão e demais garantias previstas no art. 5º da
Constituição Federal.”

Já no que diz respeito ao artigo 20 vem justamente regulamentar o que


dispõe o art. 19 reto explicado, igualmente, NÃO CONFERINDO
QUALQUER PODER DISCRICIONÁRIO A REQUERIDA, mas apenas
POSSIBILITANDO que, naquela hipótese (QUANDO HOUVER ORDEM
JUDICIAL) que o provedor comunique o usuário (terceiro mencionado no
art. 19) os motivos e informações da indisponibilização de conteúdo das
quais o juízo determinou a retirada.

Tanto verdade que o artigo é claro ao dizer: “caberá ao provedor de


aplicações de internet comunicar-lhe os motivos e informações relativos à
indisponibilização de conteúdo, com informações que permitam o
contraditório e a ampla defesa em juízo, salvo expressa previsão legal ou
expressa determinação judicial fundamentada em contrário.”

Ou seja, o dispositivo limita a ação do provedor para, apenas e tão


somente, comunicar ao usuário a decisão judicial, como motivo que
fundou a retirada do conteúdo por ele alocado na internet. NADA MAIS!
Destarte, nota-se com clareza solar que em nenhum momento e durante
toda a leitura do Marco Civil da Internet, foi conferido qualquer poder a
requerida ou a qualquer provedor de internet, o direito de escolher o que
vai ou não ficar disponível na rede.

Em complemento, vale ainda destacar que até mesmo do ponto de vista


eleitoral, a censura é vedada, valendo salientar que, inclusive a lei eleitoral
confere competência exclusiva aos Poder Judiciário, precipuamente aos
Juízes Eleitorais designados pelo Tribunal Eleitoral, para exercer o Poder
de Polícia que a rede está tomando para si, se não confira-se:

“Art. 41. A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não


poderá ser objeto de multa nem cerceada sob alegação do exercício do
poder de polícia ou de violação de postura municipal, casos em que se
deve proceder na forma prevista no art. 40.

§ 1º O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos


juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais
Eleitorais.

§ 2º O poder de polícia se restringe às providências necessárias para inibir


práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos programas a
serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet.” (NR)

“Art. 57-D. É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato


durante a campanha eleitoral, por meio da rede mundial de
computadores - internet, assegurado o direito de resposta, nos termos
das alíneas a, b e c do inciso IV do § 3o do art. 58 e do 58-A, e por outros
meios de comunicação interpessoal mediante mensagem eletrônica.

Enfim, a análise detida de todos os dispositivos específicos que


regulamentam a liberdade de expressão não contemplam nem conferem
a requerida qualquer liberalidade para definir o que pode ou não ser
veiculado na rede, sendo o conteúdo ilícito ou não, independentemente
de suposto cumprimento ou descumprimento de suas regras internas
(Termos e Condições de Uso e Adendos); até porque, em todos os casos,
ou seja, tanto Marco Civil, quanto pela Lei Eleitoral, a competência para
tanto cabe única e exclusivamente ao PODER JUDICIÁRIO.

Reforce-se Exa., que não se está aqui a pretender uma imunização plena
dos usuários para publiquem toda e qualquer coisa, mesmo de ordem
ilícita, fomentando ilicitudes ou crimes.

O que se pretende acima de tudo é conceder o equilíbrio necessário entre


os consumidores e a requerida, de forma que a mesma cumpra
rigorosamente a lei, e se abstenha de impor regras abusivas ou agir com
poderes que não detém e cuja lei inclusive veda o exercício como dito
alhures.

Contudo, ainda que se veja o Contrato intitulado de Termos e Condições


de Uso como “plenamente licito”, o que não se admite, e aqui se coloca
apenas a título de argumentação, há que se anotar que a falta de
notificação prévia antes de aplicar qualquer sanção, viola o DEVER DE
TRANSPARÊNCIA, o EQUILÍBRIO CONTRATUAL e a BOA-FÉ OBJETIVA DO
CONTRATO operados em favor dos consumidores, especialmente se nos
atermos que são penalidades são manifesta e potencialmente ofensivas e
já lhes gerou graves prejuízos de ordem moral e material.

A este despeito vale trazer a baila alguns dos dispositivos consumeristas

violados pela conduta da requerida:


Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e


serviços, com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os
riscos que apresentem; (Redação dada pela Lei nº 12.741, de 2012)
Vigência

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam


prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos
supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;

Ora, a rede não da informação adequada e transparente. Os Termos e


Condições de Uso são confusos, subjetivos, e aplicados de forma aleatória
de forma diversa a cada consumidor, violando o princípio básico da
isonomia.

Além do mais, uma vez que as penalidades impõem como regra danos de
natureza diversa, resta demonstrado o abuso comercial e imposição de
meios coercitivos e desleais no fornecimento do serviço.
Por derradeiro, saliente-se a constante alteração dos termos e condições
de uso e seus adendos que sofrem mudanças constantes, indicando
absoluta carência de segurança jurídica mínima em favor dos
consumidores.

Enfim, o que se vê Exa. existe um verdadeiro arcabouço de ilegalidades


que acabaram culminando em severos prejuízos a milhares de
consumidores, das quais muitas vezes, perdem até o mesmo o
rendimento obtido pela exploração da publicidade de páginas e perfis,
sem contar com o patrimônio imaterial disponibilizado por eles na rede.

DA ILEGALIDADE DOS TERMOS E CONSIDÇÕES DE USOP E ADENDOS - DOS


MOTIVOS QUE LEVAM A APLICAÇÃO DAS PENALIDADES – CRITÉRIOS
SUBJETIVOS – AUSÊNCIA DE CLAREZA – VIOLAÇÃO DO DEVER DE
TRANSPARÊNCIA – ABSUVIDADADE – VIOLAÇÃO DO EQUILÍBRIO
CONTRATUAL

Quando não há míngua de informações acerca dos motivos que levaram a


aplicação das penalidades perante os consumidores, quando a requerida
opta por apresentar alguma justificativa, a mesma fundamenta sua atitude
em argumentos subjetivos, sem perder de vista o fato de que, mesmo
quando informado o motivo, não se indica qual postagem ou conduta do
consumidor, especificamente teria levado ao bloqueio, revelando o
cerceamento de defesa absoluto dos usuários.
A propósito, vale trazer à baila o rol comum de “justificativas, ou motivos”
apresentados raramente pela rede que ensejariam a aplicação das
penalidades, ora denunciadas.

Os Termos e Condições de Uso da rede reportam a questão relacionada a


subespécie de contrato ou adendo denominado “Padrões da
Comunidade”, estipulando como motivos ou fundamentos que ensejam a
aplicação das penalidade aos usuários, dividindo-os em categorias como
se vê abaixo (íntegra em anexo):

I – Comportamento violento e criminoso a) Violência plausível

b) Organizações e indivíduos perigosos

c) Promoção ou divulgação de crimes

d) Coordenação de danos reais

e) Produtos controlados

II – Segurança

a) Automutilação e suicídio

b) Nudez infantil e exploração sexual de crianças

c) Exploração sexual de adultos

d) Bullying
e) Assédio

f) Violações de privacidade e direito de privacidade e imagem

III – Conteúdo questionável a) Discurso de ódio

b) Violência e conteúdo explícito

c) Nudez adulta e atividades sexuais

d) Conteúdo cruel e insensível

IV – Integridade e autenticidade a) Spam

b) Representação falsa

c) Notícias falsas

d) Perfil memorial

V- Com respeito a propriedade intelectual a) Propriedade intelectual

VI – Solicitações relativas a conteúdo a) Solicitações de usuários

b) Proteção adicionais de menores

A bem dizer, basta uma análise perfunctória dos itens acima para se
constatar

que praticamente tudo e qualquer coisa é motivo para rede aplicar as


penalidades, independentemente dos direitos adquiridos pelos
consumidores quando do ingresso e progresso na rede.
Buscando supostamente dar mais transparência a rede ainda tenta
conceituar cada um desses itens, mas o que se nota na realidade é
justamente o que foi dito acima: a subjetividade só aumenta, autorizando
a rede a controlar de forma praticamente absoluta tudo que se posta,
falando miseravelmente eis que os critérios eleitos são extremamente
subjetivos.

Por certo que alguns sob um olhar jurídico, alguns itens iriam de encontro
aos anseios da lei, como a título de exemplo, a proteção dos menores de
idade. Contudo, todos os demais, revelam subjetividade completamente
incompatível com os princípios consumeristas mínimos.

A título de exemplo, veja-se os critérios de avaliação de alguns iten a item:

Comportamento violento e criminoso: Violência plausível: para a rede,


levando em conta a “linguagem, a situação e os detalhes para distinguir
declarações casuais de conteúdo que constitua ameaça real à segurança
pública ou pessoal” a rede está legitimada a avaliar um conteúdo e
penalizar o usuário.

Questiona-se: Quem realiza essa análise? Partindo da ideia de que o que


pode ser violento para um e não para outro, como a rede social pode
garantir a imparcialidade de seus analistas de conteúdo, ou, melhor
dizendo, censores? Como e quem garante isso? O que, na definição da
rede pode constituir uma ameaça real à segurança pública ou das
pessoas?
Quais são os critérios objetivos de eleição desses parâmetros?

Organizações e indivíduos perigosos: para a rede, será removido conteúdo


de pessoas perigosas subentendidas como as que pratiquem atividade
terrorista, ódio organizado, assassinos em série, tráfico humano ou
violência organizada ou atividade criminosa.

Ora, os censores da rede têm condições de avaliar quem é perigoso ou


não? Como é feita essa análise? Como pode um censor classificar alguém
como terrorista, assassino em série? No que consiste o ódio organizado? A
rede é pessoa jurídica privada é competente de imputar a outrem crime
de tráfico de pessoas ou atividade criminosa e aplicar penalidade contra o
mesmo?

Promoção ou divulgação de crimes: a rede diz não permitir a descrição de


atividades criminosas ou a confissão de crimes cometidos por uma pessoa
ou associados a ela, mas permitir que as pessoas debatam ou defendam a
legalidade de atividades criminosas, bem como abordem o assunto de
modo retórico ou satírico seria autorizado.

Na prática não é o que se tem visto Exa., pois a critério de qualquer


censor, um perfil ou página pode ser bloqueado ou banido sob esse
fundamento, simplesmente por entender o censor que o indivíduo incidira
nessa situação, conforme seus próprios critérios pessoais. Afinal, como se
avalia esse item especificamente?

Coordenação de danos reais: aqui se intitulando porta voz da tentativa de


acabar com atividades criminosas futuras (pasme), com a intenção de
causar danos a pessoas, empresas ou animais, a rede se legitima a punir
um usuário, ainda que crime nenhum ele tenha cometido.

Ora, pode a rede entender que uma pessoa é criminosa, intitulá-la como
tal e bani-la da rede? Onde estão o in dubio pro réu, o devido processo
legal, o contraditório, a ampla defesa, etc.?

Produtos controlados: neste ponto, a requerida, objetivando incentivar a


“segurança e a conformidade com as restrições legais” comuns, diz,
proibir que os usuários tentem comprar, vender ou negociar drogas não
medicinais, medicamentos e maconha, proibindo ainda venda, doação,
permuta e transferência entre particulares de armas de fogo, inclusive
peças de armas e munição, entre outros.

Ora, tal critério da rede se mostra bastante confuso, eis que há inclusive
uma página ativa na rede e de altíssima audiência, denominada
Quebrando o Tabu, que de forma clara estimula o uso e compra de
maconha, como já dito alhures.

No item segurança a situação não se mostra melhor.


Automutilação e suicídio: a requerida se coloca na posição de defensora
de políticas anti suicido e automutilação, mas na prática não é o que se vê.

O vídeo a seguir demonstra claramente a existência do conteúdo postado


desde o dia 31/05/2016, permanecendo na rede desde então sem
qualquer problema, mesmo indicando violação em tese de seus termos e
condições, senão confira-se:

https://www.facebook.com/VideosLocochonesYBizarros/videos/10444792
52303077

A rede ainda se diz porta voz da “proteção as crianças e adolescentes”,


mas ao mesmo tempo permite que paginas que ridicularizem crianças e
adolescentes permaneçam ativas, se não confira-se:
https://www.facebook.com/somoschildfree/?ref=br_rs

No método de busca, é possível inclusive verificar que há milhares de


páginas com conteúdos semelhantes:
https://www.facebook.com/search/top/?q=child
%20free&ref=eyJzaWQiOiIwLjE
NzU0NDc3MTE0NjQwNTU1IiwicXMiOiJKVFZDSlRJeVkyaHBiR1FsTWpCbWN
tVmxKVEl5SlRWRSIsI
md2IjoiYmVlMDlmOTNmYTczMmNmYTU5YTFjYjZkOWY0NTBkMzg5MjQyN
GU0OSIsImVudF9pZH
MiOltdLCJic2lkIjoiYTg1MzJlNDllZmY5MzNlNjg5NTFhM2U4NzNmNDMyMG
MiLCJwcmVsb2FkZWRf
ZW50aXR5X2lkcyI6bnVsbCwicHJlbG9hZGVkX2VudGl0eV90eXBlIjpudWxsLC
JyZWYiOiJicl90ZiIsImNz
aWQiOm51bGwsImhpZ2hfY29uZmlkZW5jZV9hcmd1bWVudCI6bnVsbH0

Bullying, Assédio e violações de privacidade e direitos de imagem: a rede


ainda diz que pode avaliar e punir usuários que publiquem conteúdos
correlacionados a essas matérias, mas não indica claramente quais são os
critérios de avaliação para tanto.

Conteúdo questionável: Aqui, encontra-se o potencialmente maior


estrago da rede, que a habilita a fazer praticamente tudo, se não confira-
se os motivos que podem ensejar a aplicação de penalidades em aviso
prévio.

Discurso de ódio: aqui os critérios da rede seriam: um ataque direto a


pessoas com base no que chamamos de características protegidas: raça,
etnia, nacionalidade, filiação religiosa, orientação sexual, sexo, gênero,
identidade de gênero e doença ou deficiência grave.

Contudo, na prática não é que se vê, ressaltando que já houve banimento,


como colacionado acima, sob esse fundamento, e a imagem era de um
cachorro apenas. Ora, qual seria o discurso de ódio postar uma imagem de
um cachorro Exa.?
A rede ainda admite a aplicação de penalidades por uso de palavras ou
termos que poderiam violar nossos padrões são usados de maneira
autorreferente ou para fortalecer uma causa.

Mas afinal, quais seriam essas palavras, e como pode o usuário descobrir
quais palavras são objetos de penalidade, se não quando recebe a
penalidade, pois essa é aplicada de imediato, e apenas depois informado
ao usuário?

Violência e conteúdo explícito e Nudez adulta e atividades sexuais: a rede


diz não autorizar conteúdo sexual ou nudez adulta, sendo está uma causa
de banimento da rede.

Acessando o link abaixo, nota-se uma série de conteúdo que em tese


violaria os critérios da rede, e que encontram-se em funcionamento há
anos, e nunca foram banidos. Porque os demais são banidos? A situação
viola claramente o princípio da isonomia

Confira-se clicando no link:


https://www.facebook.com/search/str/gostosa/keywords_groups

Conteúdo cruel e insensível: ora, o que pode ser considerado cruel? Para o
subscritor, um vídeo de aborto real é algo cruel, e insensível, mas o
mesmo pode não ser para este juízo, e menos ainda a outrem não. Da
mesma maneira, conteúdos de pessoas sendo decapitadas, podem
circular livremente, se não confiram de alguns links:

Aborto: https://www.facebook.com/YesAbortion/?ref=br_rs

https://www.facebook.com/search/str/aborto/keywords_pages

Decapitações e assassinatos:

https://www.facebook.com/search/str/estado+islamico/keywords_blende
d_v ideos

E não para por ai.

No item Integridade e autenticidade, a rede ainda regulamenta e se


autoriza a excluir, segundo critérios não explicados de seus censores,
conteúdos que consistam em: Spam, Representação falsa e Notícias
Falsas.

Ora a classificação de Spam dentro de uma rede social é simplesmente


absurda, já que a própria rede autoriza compartilhar conteúdo. Nesse
sentido, qualquer conteúdo que seja compartilhado de forma ampla, pode
ser considerado spam.
Ademais, as mensagens de massa (spam) são limitadas pela rede, não
havendo motivos para se banir se os próprios mecanismos da rede
permitem a divulgação em massa.

No que diz respeito a representação falsa, a rede exige que as pessoas que
se conectem na rede sejam reais, mas quando de seu ingresso, não
especificam isso, preferindo, somente após ingresso e muitas vezes, anos
de uso, decidir se vai ou não banir, segundo seus próprios critérios.

Veja-se que não se exige um único documento ou informação documental


para se verificar e confirmar a identidade de algum. Como pode a rede
afirmar que usuários irreais serão banidos, se não tem condições de
avaliar tal situação formalmente? O que se nota é que tal assertiva indica
claramente o poder de liberalidade exagerado e descomedido da rede.

Repita-se Exa.: a rede não exige sequer um documento da parte para


confirmar a dita “autenticidade” o que viabiliza o banimento ou bloqueio
aleatório, novamente, segundo seus próprios critérios, deveras subjetivos.

No que diz respeito as notícias falsas, nota-se que o assunto está em


pauta: as intituladas “fake news”. Ora, como cediço, a requerida contratou
outras três agências reguladoras e classificadoras dos conteúdos (pasme,
em pleno estado democrático de direito), cujos analistas possuem
posicionamento político claramente definido, e que muitas vezes vão
contra opiniões divergentes. São elas as agências Lupa e Aos Fatos.
Contudo, indaga-se: quais noticias são submetidas a dita “analise”?

Todas ou apenas algumas?

Como é definida essa escolha?

Como são elegidos os critérios de escolha do que vai ser analisado?

Como isso será analisado?

Qual é o grau de isenção e imparcialidade dos analistas?

Qual é a garantia de isenção desses, em se tratando de empresas privadas

contratadas por outra empresa privada?

Qual a legalidade dessas avaliações, uma vez que nenhuma norma


nacional permite tal, ao contrário, veda qualquer controle e classificação
exercida pela rede, o que é vedado inclusive pelo Pacto de São José da
Costa Rica, pela CF/88 e pelo Marco civil da Internet?
Enfim, Exa., o que se nota de forma global a todas as possibilidades de
aplicação de penalidades, é que em verdade, não há critério algum.

Em que pese o esforço da requerida para se “isentar” ou “justificar” sua


conduta, o que se vê é que, o único critério padrão analisado em todos os
motivos de bloqueio e deleção é uma liberalidade absoluta e extremada
da rede conferida a rede através de seus Termos e Condições de Uso e
seus Adendos, que a legitima a tirar, controlar ou manter, todo e qualquer
conteúdo, conforme qualquer critério, tamanha é a subjetividade dos
supostos “critérios” eleitos.

Ocorre que o artigo 47 do CDC estabelece de forma clara e concisa que, in


verbis: “Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira
mais favorável ao consumidor.”

Tal imposição legal, não deixa a menor margem de dúvidas sobre os


direitos dos consumidores violados pela requerida, sobretudo aos que
receberam penalidades de modo subjetivo, sem chance de defesa e sob a
aplicação de um contrato manifestamente abusivo e desequilibrado,
revestido de tamanha subjetividade de sua aplicação, conferindo poderes
supremos a requerida, mesmo em flagrante violação a inúmeros
dispositivos legais, como já exaustivamente salientado.

A despeito inclusive da discussão acerca da liberdade de expressão, e o


controle e classificação de conteúdo que vem sendo imposto pela
requerida e outras empresa mundo afora, vale trazer a baila um caso
norte americano avaliado pela Suprema Corte Norte Americana, que
avaliou a liberdade de expressão, em virtude da promulgação da lei
denominada: Communications Decency Act – ou Lei de Moralização das
Comunicações.

Com o acerto que lhe é peculiar, o insigne doutrinador, DEMÓCRITO


RAMOS REINALDO FILHO, em: Responsabilidade por Publicações na
Internet nos ensina que referida norma foi criada com intuito de atender a
pressão política relativa a casos envolvendo pedofilia cometidos através
da internet.

Contudo, ao invés de criar uma norma que criaria um órgão público,


mparcial e isento que pudesse e encarregar da tarefa de moderador do
conteúdo, o legislador optou, como bem responsabilizar uma categoria
específica de intermediários da informação disponibilizada na internet,
quais sejam os provedores de acesso a internet, que porventura tenham
sido encontrados em seus sistemas conteúdo considerado obsceno (p.27
op. Cit.).

O doutrinador aponta que o desenrolar da história terminou em uma


batalha judicial encabeçada pela Procuradoria Geral dos Estados Unidos e
entidades organizadas da sociedade civil e empresas fornecedoras de tais
serviços, que pretendiam no mérito da questão, fosse a lei reconhecida
como inconstitucional, por violar o free speech, ou no direito brasileiro, a
liberdade de expressão plena, ressalvados os princípios mais amplos do
primeiro.

Esgotadas as vias recursais inferiores, o caso chegou a Suprema Corte


Norte Americana, que em decisão final, reconheceu que a
inconstitucionalidade da norma em questão, inclusive definindo que os
termos “indecente” e “flagrantemente ofensivo” constituíam, noz dizeres
de DEMÓCRITO, in verbis: “uma restrição inconstitucional a cláusula free
speech, assegurada pela 1ª Emenda. A Corte enfatizou que o princípio
fundamental da liberdade de expressão, free speech, estende-se a todos
os veículos de comunicação, inclusive a internet, a qual, “por ser a maior e
mais participativa forma de discurso”, deveria receber “a maior proteção
possível contra a intromissão governamental ”.

Outro caso que merece atenção ao menos para fins de ampliar a análise
do mérito da presente, a título de Direito Comparado, vale salientar que a
Suprema Corte Norte Americana já reconheceu que nem mesmo os
intitulados “discursos de ódio” NÃO podem ser objeto de censura, se não
confira-se da íntegra em inglês, não traduzida, juntada a presente, cujo
trecho traduzido consta abaixo em matéria publicada no Brasil:

(...) O juiz Samuel Alito disse que as marcas comerciais não são imunes à
proteção da Primeira Emenda (que garante a liberdade de expressão):
“Restringir discursos que expressam idéias que ofendem atinge o cerne da
Primeira Emenda. A fala degradante com base na raça, etnia, gênero,
religião, idade, deficiência ou qualquer outro plano similar é odiosa, mas o
orgulho de nossa jurisprudência de liberdade de expressão é que
protegemos a liberdade de expressar o pensamento que odiamos”.

O juiz Anthony Kennedy escreveu separadamente: “Uma lei que pode ser
dirigida contra uma fala julgada ofensiva por parte do público pode se
voltar para opiniões minoritárias e dissidentes em detrimento de todos. A
Primeira Emenda não confia esse poder à benevolência do governo. Em
vez disso, nossa confiança deve ser sobre as salvaguardas substanciais de
discussão livre e aberta em uma sociedade democrática.”

Aliás, a este despeito vale ainda salientar que o Marco Civil da Internet
impõe de forma clara e concisa a garantia da liberdade de expressão. Mais
do que isso, impõe de forma extremamente limitada as hipóteses em que
as empresas podem ou não agir, que, aliás, são as estritamente limitadas,
e desde que atendidos a todos os requisitos previstos na lei, como já
esclarecido em análise dos art. 19 e 20 do MCI.

O fato é que, em nenhum momento e durante toda a leitura do Marco


Civil da Internet, foi conferido qualquer poder a requerida ou a qualquer
provedor de internet, o direito de escolher o que vai ou não ficar
disponível na rede.
Aliás, recorrem-se ainda os consumidores, do princípio máximo que rege o
Marco Civil da Internet, qual seja o princípio da neutralidade da rede,
assim insculpido:

Art. 3º A disciplina do uso da internet no Brasil tem os seguintes


princípios: IV - preservação e garantia da neutralidade de rede;

Art. 9o O responsável pela transmissão, comutação ou roteamento tem o


dever de tratar de forma isonômica quaisquer pacotes de dados, sem
distinção por conteúdo, origem e destino, serviço, terminal ou aplicação.

Segundo órgão regulador, qual seja o Comitê Gestor da Internet no Brasil -


CGIBr, em parecer sobre o princípio em comento, entende-se como
sendo:

“Seguindo, então, as determinações do caput do art. 9º, entendemos que


cumprir o princípio da neutralidade significa garantir que a navegação na
internet continuará livre e aberta, como temos experimentado até hoje.
Ou seja, as empresas não poderão limitar o uso de aplicativos ou os sites a
serem acessados pelos usuários de acordo com planos de serviços com
preços diferenciados por tipo e quantidade de aplicativos e conteúdos a
serem acessados, nem em função do tipo de terminal de acesso.”
Ademais, observe-se que a própria CGI-Br neste parecer, ainda recomenda
que:

“Sendo assim, é desejável que o decreto a ser editado apresente uma


definição de neutralidade, levando em conta os dois elementos acima
referidos. Isto porque a eficácia prática da neutralidade, forjada com base
nesses elementos, é que irá garantir valores fundamentais protegidos pelo
ordenamento jurídico brasileiro e que podem ser afetados pelas práticas
comerciais utilizadas para a prestação do serviço de acesso à internet:

a) liberdade de expressão;

b) livre acesso à informação e conhecimento;

c) direito à privacidade;

d) informação ampla dos consumidores;

e) direito de livre escolha.

f) manutenção de ambiente competitivo;

g) inovação.”

Contudo, não é que se vê, uma vez que a rede requerida, enquanto ente
transmissora de conteúdo entre os usuários, ao penalizá-los conforme
seus próprios obscuros critérios, esta em verdade discriminando o tráfego,
ratando os dados de cada usuários de forma não isonômica.
Ademais, vale salientar que a partir do banimento, o usuário não pode
mais acessar a rede, eliminando seu trânsito pela rede, indicando
claramente a mitigação de tráfego e discriminação de dados de alguns em
detrimento de outros.

Reforce-se Exa., que não se está aqui a pretender uma imunização


absoluta aos consumidores, mesmo aquelas de ordem ilícita, mas sim a
proteção dos mesmos, frente a caótica e manifesta abusividade das
condutas da rede social ora fornecedora.

DAS CONDENAÇÕES DA REDE SOCIAL POR SITUAÇÃO ANÁLOGA PERANTES


INÚMEROS TRIBUNAIS BRASILEIROS

Ademais Exa., vale salientar que todos os processos que tramitam sobre a
mesma questão no país têm tido o mesmo desfecho no sentido de
reconhecer a conduta reprovável e ilegal da requerida, culminando em
sua condenação ao restabelecimento das páginas de seus consumidores,
se não confira-se dos trechos dos julgados abaixo colacionados, cuja
integra seguem em anexo à presente:

Processo Digital nº: 1008737-29.2016.8.26.0223 Classe - Assunto


Procedimento Comum - Responsabilidade do Fornecedor Requerente:
Paulo Henrique Lopes Rodrigues Requerido: Facebook Serviços On Line do
Brasil Ltda Juiz(a) de Direito: Dr(a). Fábio Sznifer Vistos. PAULO HENRIQUE
LOPES RODRIGUES propôs a presente ação ordinária em desfavor de
FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, ambos devidamente
qualificados nos autos, alegando o autor, em síntese, que trabalha com
publicidade e gerência diversas páginas por meio de comunicação digital
(internet), tendo como forma de lucro as visualizações e acessos aos
blogs, canais e páginas por ele administrados, sendo algumas dessas
páginas de origem da rede social “Facebook”. Afirma que contratou o
pacote de serviços para que o facebook passasse a promover sua página,
sendo investido aproximadamente R$ 13.000,00. Ocorre que, em
fevereiro de 2016, mesmo mantendo sua mensalidade sempre paga, o
autor passou a ter suas publicações bloqueadas pela ré sem justificativa,
fato que desencadeou na queda de acesso em suas páginas, causando
danos ao requerente. Assim, requereu a tutela de urgência para a
requerida restabelecer a página virtual do autor, da mesma forma que se
encontrava anteriormente, sob pena de aplicação de multa diária no valor
de R$ 10.000,00. Juntou documentos (fls. 433/14). A tutela de urgência foi
indeferida (fls. 325). Regularmente citada, a ré apresentou contestação
(fls. 337/378), sustentando, preliminarmente, a ilegitimidade passiva e a
falta de interesse de agir pela perda superveniente do objeto, diante da
ativação da página. No mérito, sustenta que agiu em conformidade com
os Termos de Uso do Site Facebook ao aplicar as limitações que foram
impostas devido à atividade inadequada do autor, sendo que o autor fora
devidamente notificado, de modo que sua conduta foi pautada no
exercício regular de direito. Em continuação, impugnou o pedido de
restituição em dobro, e sustentou a impossibilidade da conversão de
obrigação em perdas e danos. Sustentou a inexistência de danos morais e
materiais, bem como a culpa exclusiva do autor no evento. Assim,
requereu o acolhimento da preliminar arguida, bem como a
improcedência do pedido da exordial. Juntou documentos (fls. 379/401).
Réplica (fls. 405/428), impugnando as preliminares arguidas e reiterando
os termos da exordial. Em provas, a empresa ré requereu o prazo de 05
dias para manifestação, (fls. 432). Por fim, o autor requereu a instrução
probatória com juntada de documentos e depoimento pessoal (fls.
433/443). Juntou documentos (fls. 444/593). É O RELATÓRIO.
FUNDAMENTO E DECIDO. Cabível o julgamento antecipado da lide, uma
vez que as provas produzidas são suficientes para a cognição da demanda.
Indefiro a produção de prova oral, pois não seria suficiente para modificar
a conclusão da presente sentença, sendo certo que as alegações se
referem ao mundo virtual, de modo que a prova documental é a única útil
para a resolução do caso. Assim, julgo antecipadamente o feito, nos
termos do art. 355, I, do CPC. Rejeito as preliminares de ilegitimidade de
parte e de ausência de interesse de agir, pois se confundem com o mérito,
de modo que serão analisadas definitivamente, conforme o princípio da
asserção. Não há outras preliminares. O feito está em ordem, as partes
são legítimas e bem representadas. O pedido é certo, possível, lícito e
determinado. No mérito, o pedido é procedente. O autor pretende a
condenação da ré na obrigação de fazer consistente no restabelecimento
de sua página virtual no site Facebook.com. A questão deve ser decidida
com base na distribuição da carga dinâmica do ônus da prova. Assim,
caberia ao autor comprovar os fatos constitutivos de seu direito, nos
termos do art. 373, I do CPC, enquanto ao réu, caberia a comprovação dos
fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor,
conforme art. 373, II, do CPC. Nessa linha, anoto que, diante dos
documentos juntados aos autos, bem como, diante das alegações de
ambas as partes, restou incontroverso o bloqueio/restrição realizados
pelo réu na página do autor. De outro lado, o réu deixou de comprovar
qualquer fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor,
uma vez que, conforme se verifica dos autos, o réu baseou sua defesa em
meras alegações na contestação, sem ao menos fazer prova do alegado.
Vale ressaltar que, ainda que o conteúdo da postagem realizada pelo
autor tenha supostamente violado os Termos de Uso do Facebook, fato
que seria suficiente para afastar o direito do autor, o réu não produziu
nenhuma prova nesse sentido. Com efeito, caberia ao réu demonstrar o
conteúdo da publicação do autor que supostamente teria levado a
exclusão do perfil da mencionada rede social, para que pudesse se aferir
de forma segura se o conteúdo era capaz de violar os Termos de Uso do
Site Facebook. Contudo, a suposta publicação abusiva não consta dos
autos. Também não há nos autos prova concreta de que o autor tenha
sido previamente notificado sobre postagens abusivas, ao revés, há notícia
tão somente do bloqueio integral da página, de forma unilateral, e sem
qualquer especificação do por quê a publicação seria abusiva, com
menção genérica à desconformidade ao Termo de Uso. Dessa forma, não
tendo a parte ré logrado êxito em comprovar nenhum fato capaz de
afastar o direito da parte autora, é certo que o pedido de condenação em
obrigação de fazer pleiteada pelo autor nos moldes da inicial é medida
que se impõe. Assim, diante da inexistência de qualquer prova em sentido
contrário, verifica-se que a providência realizada de forma unilateral pelo
réu foi indevida e violou o direito do autor ter mantido sua página virtual.
Considerando a informação do réu, de que já foi providenciado o
restabelecimento da página do autor, e à míngua de informações precisas
que permitam concluir que o restabelecimento da página tenha sido
efetivamente realizado, perfeitamente cabível a concessão da tutela
requerida pelo autor. Portanto, não há motivos para se aguardar o
trânsito em julgado da presente sentença. Desta forma, DEFIRO A TUTELA
DE URGÊNCIA para determinar ao réu que proceda ao restabelecimento
do acesso à página do autor, sobre o domínio
www.facebook.com/humorskyfm no prazo de até 24 horas, a contar da
intimação da presente sentença, independente do trânsito em julgado sob
pena de multa diária de R$ 1.000,00 até o limite de R$ 20.000,00. Ante o
exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido autoral, com resolução do mérito,
nos termos do art. 487, I, do CPC, para condenar o requerido a
restabelecer o acesso à página do autor, sobre o domínio
www.facebook.com/humorskyfm, ou outro domínio conforme indicação
realizada pelo autor (ex: HumorSkyFm2), respeitados os direitos de
terceiros, no prazo de 24 horas, a contar da intimação da presente
sentença, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 até o limite de R$
20.000,00, CONCEDENDO-SE A TUTELA DE URGÊNCIA em sentença, para
determinar o imediato restabelecimento do acesso à página do autor,
independentemente do transito em julgado. Em razão da sucumbência,
condeno o réu ao pagamento das custas, despesas processuais e
honorários advocatícios, os últimos fixados em 10% sobre o valor
atualizado da causa, nos termos do art. 85, § 2º do CPC. Transitada em
julgado a presente, se nada for requerido em 30 dias, arquivem-se os
autos com as cautelas de praxe. P.R.I.

Guaruja, 11 de abril de 2017.

TJ/RS
Juízo: Vara do JEC da Comarca de Canoas

Processo: 9001578-97.2016.8.21.0008

Tipo de Ação: Contratos de Consumo :: Serviços Profissionais

Autor: DANIEL OLIVEIRA DE FREITAS INTERNET - ME

Réu: FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE LTDA

Local e Data: Canoas, 06 de julho de 2016

Vistos. Trata-se de ação de obrigação de não fazer com pedido de tutela


antecipada. Alegou a parte autora que é a legítima proprietária de um
blog de internet de conteúdo humorístico, denominado “Não Intendo”,
cujo endereço virtual é: http://www.naointendo.com.br, onde aufere
rendimentos através da divulgação de anúncios vinculados as páginas de
seu blog, e que na data de 22.03.2016, ao tentar acessar a Página do
Facebook vinculada ao seu blog, a autora recebeu um informe
“automático” da requerida, indicando que sua página junto a rede social
foi bloqueada automaticamente. A autora informa que o réu sequer uma
notificou-o previamente dos motivos que levaram ao bloqueio, bem como
todas as tentativas de acordo restaram, infrutíferas, já que sequer é
disponibilizado um suporte da requerida que lhe garantisse a manutenção
da página. A autora requereu liminar para o desbloqueio do acesso da
autora a Página com o endereço: https://www.facebook.com/Naointendo
liberando-se o acesso ao atual administrador, bem como que o réu
abstvesse de proceder qualquer outro novo bloqueio ou aplicação de
qualquer outra penalidade que pudesse limitar as publicações nesta
página, requerendo ainda aplicação de sanção que pudesse induzir em
queda de captação de usuários, sob pena de multa diária, sugerida aqui no
valor de R$10.000,00 (dez mil reais) por dia. Requereu a inversão do ônus
da prova por se tratar de uma ação consumerista. Ao final requereu a
ação julgada totalmente procedente, reconfirmando a tutela antecipada.
Juntou documentos à fls. 37/93. A antecipação de tutela foi indeferida (fls.
96). A autora reiterou o pedido de antecipação de tutela através de
embargos declaratórios com pedido de concessão de efeito infringente
(fls. 98/105). Os embargos declaratórios foram desacolhidos (fls. 108). A
autora reiterou o pedido de tutela antecipada (fls. 112/120). O pedido foi
rejeitado (fls. 121) A parte ré ofereceu contestação requerendo
preliminares de ilegitimidade passiva e falta de interesse de agir. No
mérito requereu a improcedência da ação e alegou que a desativação
temporária imposta à conta https://www.facebook.com/Naointendo/,
decorreu para uma averiguação de conteúdos que poderiam violar os
Termos de Uso do Site. Foi uma suspeita de violação, e
consequentemente se fez necessário averiguar tal suspeita, sendo que tal
ato trata-se tão somente de exercício regular de direito e de ato jurídico
perfeito, inexistindo qualquer ilicitude em seu comportamento. (fls.
123/143). Apresentou documentos às fls. 144/150. A audiência de
conciliação restou inexitosa (fls. 151). A parte autora se manifestou
apresentando uma réplica (instituto estranho e inexistente nesta Justiça
Especializada), onde em nenhum momento impugnou os documentos
apresentados pela parte ré em sede de contestação (fls. 153/164) A
autora junta substabelecimento em fls. 165. O réu junta petição com
documentos em fls. 167/192. Na audiência de instrução e julgamento,
novamente não foi possível a conciliação, nem houve a juntada de novos
documentos (fls. 193). Novamente requerido o pedido de antecipação de
tutela em fls. 195/206, houve em fls. 207 a concessão da antecipação de
tutela para que a demandada, no prazo de 48 horas, procedesse ao
desbloqueio da página do autor, disponibilizada no seguinte link:
https://www.facebook.com/Naointendo sob pena de aplicação de multa
diária, fixada em R$300,00, nos termos do art. 537 do CPC/2015. Vieram
os autos conclusos para parecer. Eis o breve relato, ainda que dispensado
pelo artigo 38 da Lei 9.099, de 26 de setembro de 1995. DAS
PRELIMINARES Da preliminar de ilegitimidade passiva Quanto a preliminar
de ilegitimidade passiva, esta não deve prosperar, uma vez que, ainda que
à relação de usuário de aplicações de internet seja aplicável a Lei do
Marco Civil na Internet (Lei nº 12.965/14), também a ela se aplica o
Código de Defesa do Consumidor. A própria Lei nº 12.965/14 em seu
artigo 2º, V, traz como fundamento do uso da internet no país o respeito à
defesa do consumidor, o que torna inquestionável a aplicação da
legislação consumerista ao caso em apreço. Neste sentido o artigo 11,
caput e § 2º da Lei nº 12.965: “Em qualquer operação de coleta,
armazenamento, guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou
de comunicações por provedores de conexão e de aplicações de internet
em que pelo menos um desses atos ocorra em território nacional, deverão
ser obrigatoriamente respeitados a legislação brasileira e os direitos à
privacidade, à proteção dos dados pessoais e ao sigilo das comunicações
privadas e dos registros. § 2º O disposto no caput aplica-se mesmo que as
atividades sejam realizadas por pessoa jurídica sediada no exterior, desde
que oferte serviço ao público brasileiro ou pelo menos uma integrante do
mesmo grupo econômico possua estabelecimento no Brasil.” No caso dos
autos, apesar do serviço oferecido pelo Facebook ser de empresa
estrangeira sem sede no Brasil, tal serviço é ofertado ao público brasileiro,
que, sabidamente, tem milhares de usuários. Por outro lado, a própria ré
admite que pertence ao mesmo grupo econômico do Facebook em fls.
126/127, o que reforça a aplicação dos dispositivos consumeristas ao caso
concreto. De outra banda, o artigo 28, § 5º, do Código de Defesa do
Consumidor, admite a desconsideração da pessoa jurídica sempre que a
personalidade “for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados aos consumidores”. Neste dispositivo há a adoção da
Teoria Menor, para a qual a desconsideração da personalidade jurídica
independe da demonstração de que houve desvio de finalidade ou de
confusão patrimonial. Abaixo juntamos o julgamento do STJ no REsp nº
279.273/SP: "Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso
especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. Consumidores. Danos
materiais e morais. Ministério Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica.
Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de
responsabilização dos sócios. Código de Defesa do Consumidor.
Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores. Art. 28, § 5º. - Considerada a proteção do consumidor um
dos pilares da ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis, possui o Órgão Ministerial legitimidade para
atuar em defesa de interesses individuais homogêneos de consumidores,
decorrentes de origem comum. - A teoria maior da desconsideração, regra
geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera
demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento
de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a
demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da
desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria
objetiva da desconsideração). - A teoria menor da desconsideração,
acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do
Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de
insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações,
independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão
patrimonial. - Para a teoria me nor, o risco empresarial normal às
atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que
contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e /ou administradores
desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é,
mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta
culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa
jurídica. - A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de
consumo está calcada na exegese autônoma do § 5º do art. 28, do CDC,
porquanto a incidência desse dispositivo não se subordina à
demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas
apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo
ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. - Recursos
especiais não conhecidos." (REsp 279.273/SP, Rel. Ministro ARI
PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 04/12/2003, DJ 29/03/2004, p. 230) (grifei) Desta
forma, o ajuizamento da presente ação em face da ré está justificado e
amparado no artigo 28, § 5º, do CDC, porquanto, a ausência de sede do
FACEBOOK, INC. E FACEBOOK IRELAND LTD. no Brasil – empresas
estrangeiras com sede no Estados Unidos da América e na Irlanda
respectivamente – é, sem dúvida alguma, obstáculo ao seu ressarcimento
como consumidora do serviço por ela ofertado. Veja-se que
completamente desarrazoado seria exigir que a autora ajuizasse a ação no
foro de seu domicílio, postulando a citação e intimação da ré por meio de
carta rogatória, o que, inevitavelmente, teria mais de seis meses de
tramitação quando, então, legalmente, o que levaria um prejuízo enorme
à autora, já que a possível solução do feito poderia levar a um prejuízo
incalculável à autora, sem falar no custo de tudo isso para partes e poder
judiciário. Admitir essa hipótese seria o mesmo que negar à autora seu
direito de proteção como consumidora. Assim, correto o ajuizamento da
demanda em face de empresa pertencente ao mesmo grupo econômico,
porquanto justificada a desconsideração da personalidade jurídica em
razão do obstáculo por ela criado para alcançar à consumidora,
diretamente, os seus direitos. Da preliminar de falta de interesse de agir já
em relação a preliminar de falta de interesse de agir, esta se confunde
com o próprio mérito da ação. Ademais, conforme última manifestação da
autora, a página 211/216, a página ainda estaria fora do ar, o que denota
o interesse de agir da autora em buscar seus direitos como consumidora.
DO MÉRITO Versa o presente feito sobre relação de consumo, aplicáveis,
portanto, à espécie, os regramentos contidos no Código de Defesa do
Consumidor. A requerente e a requerida enquadram-se perfeitamente nas
figuras descritas nos artigos 2º e 3º do CDC respectivamente. Porém,
mesmo que aplicáveis à espécie os regramentos contidos no Código de
Consumo (art. 6º, VIII), é necessário que a parte autora comprove os fatos
constitutivos de seu direito e, a requerida, o impeditivo, extintivo ou
modificativo de sua pretensão, conforme dispõe o artigo 373, incisos I e II,
do Código de Processo Civil. Analisando os documentos trazidos aos autos,
verifico que a página da autora https://www.facebook.com/Naointendo/
foi retirada do ar pela ré. A parte requerida, por sua vez, apesar de
comprovar o seu direito em averiguar denúncias contra a autora por
realizar postagens em desacordo com os princípios do Facebook, não
comprovou fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do
autor, pois não demonstrou a origem da postagem que causou a retirada
da página da autora do ar, conforme lhe incumbia, a teor do disposto no
art. 373, II do CPC. Cabia à requerida comprovar a efetiva regularidade de
seu direito. Poderia tê-lo feito, por exemplo, trazendo aos autos a(as)
postagem(ns) que supostamente estaria(am) em desacordo com a política
do Facebook, o que não fez. Assim, por ausente comprovação da
irregularidade da(s) postagem(ns), foi indevida a retirada da página da
autora do ar. De outra banda, resta impossível aplicar qualquer
penalidade por fatos futuros ou até mesmo impedir que a ré Facebook
proceda com as investigações necessárias em eventos futuros, somente
cabendo a esta Justiça Especializada, no caso em comento, determinar o
desbloqueio do acesso da autora a página com o endereço
https://www.facebook.com/Naointendo, liberando-se o acesso ao atual
administrador, qual seja o proprietário da autora, (Perfil DANIEL OLIVEIRA
FREITAS), permitindo-se qualquer forma de postagens (links, fotos, vídeos,
entre quaisquer outras espécies admitidas no sistema da requerida),
diante da ausência de justificativa para proceder com o bloqueio. DO
DISPOSITIVO: Ante o exposto, afasto as preliminares arguidas opinando
pela PARCIAL PROCEDÊNCIA da presente ação para, tão somente, tornar
definitiva a antecipação de tutela concedida em fls. 207, relativamente ao
bloqueio objeto da demanda. Sem condenação em custas e honorários,
pela aplicação da previsão contida no artigo 55 da Lei 9.099/95. Submeto
o presente parecer a Douta Presidência do Juizado Especial Cível da
Comarca de Canoas para homologação. Canoas, 06 de julho de 2016

JUÍZO DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE IPIRÁ/BA


AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS E COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

PROCESSO Nº 8000721-12.2016.8.05.0106

AUTOR: MARCOS EDILHO PEREIRA MARINHO

RÉU: FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA

SENTENÇA

Vistos, etc. MARCOS EDILHO PEREIRA MARINHO, devidamente qualificado


nos autos, ajuizou AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS E MORAIS E COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA,
em face do FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA, aduzindo, em
síntese, que é consultor de empresas autônomo e objetivando aumentar a
visibilidade de seus serviços, contratou o “Serviço de Página” da
requerida, vinculando postagens das notícias de seu site e do site de onde
exerce consultoria, a sua página pessoal no Facebook denominada:
www.facebook.com/MarcosMarinhopagina, sendo que no último mês de
julho, sem qualquer justificativa aparente, o autor começou a ser
surpreendido com a aplicação de penalidades aplicadas pela requerida,
que culminaram na retirada de sua página do ar, sem qualquer explicação.
Salientou que o ato da requerida lhe trouxe diversos prejuízos, uma vez
que chegou a ter mais de 600.000 (seiscentos mil) seguidores, com
alcance semanal de mais de 100.000 (cem mil) visualizações e, em
decorrência da remoção da página, perdeu contratos com a empresa
Angolana FAU-ME LTDA. Requereu a reativação de sua página,
indenização por danos morais pela remoção indevida, no montante de
R$30.000,00 (trinta mil reais), e por danos materiais decorrentes da
rescisão do contrato de fornecimento dos aplicativos Start Cidades e Start
Luanda com a empresa Angolana FAU-ME LTDA e não celebração do
contrato de palestras com a referida empresa, totalizando R$ 72.573,98
(setenta e dois mil, quinhentos e setenta e três reais e noventa e oito
centavos). Acostou documentos. Análise da tutela de urgência postergada,
conforme despacho de Id. 3761335. Designada audiência de conciliação,
não foi possível a autocomposição (Id. 4666377). Em petição de Id.
4767403 o advogado da parte autora informou a rescisão do contrato de
prestação de serviços advocatícios e requereu a reserva de honorários em
caso de êxito na demanda, o que foi deferido por este Juízo (Id. 4915825).
Devidamente citado, a parte ré apresentou contestação alegando,
preliminarmente, inépcia da inicial e, no mérito, que a página objeto desta
demanda foi removida do site Facebook pelo próprio autor em 15 de julho
de 2016 e que ao remover uma página, todas as informações são
perdidas. Salientou que página objeto desta demanda sempre esteve em
conformidade com a política pactuada com o Site Facebook, motivo pelo
qual a sua remoção não fora oriunda de atos praticados pelo Réu.
Salientou, ainda, que o documento de Id 3351035, aparentemente, não
possui relação com a URL da página objeto desta demanda e que não
houve comprovação da existência dos supostos danos morais e materiais.
Requereu a improcedência dos pedidos. Réplica conforme petição de Id.
5845101. É O RELATÓRIO. PASSO A DECIDIR. Não havendo necessidade da
produção de outras provas, antecipo o julgamento do mérito nos termos
do art. 355, I, do CPC. Inicialmente, afasto preliminar de inépcia da inicial
aduzida pela parte ré, uma vez que a petição inicial, embora extensa,
possui narrativa lógica e que se correlaciona com a conclusão e pedidos. É
facilmente perceptível da leitura da inicial que o autor se insurge em razão
da remoção de sua página no Facebook, requerendo sua reativação e
indenização pelos danos que afirmou ter suportado. Esclareço, ainda, que,
muito embora a parte ré tenha afirmado que as operações do site
Facebook não fazem parte das atividades do Facebook rasil, tal situação
não lhe retira a legitimidade, pois, mesmo que o gerenciamento do
conteúdo e infraestrutura do site Facebook seja realizado por empresas
distintas (Facebook Inc. e Facebook Ireland Ltda.), é inegável que todas
pertencem ao mesmo grupo econômico e que a requerida é a
representante nacional do conglomerado de empresas, devendo adotar
todas as providências necessárias ao cumprimento das determinações
deste Juízo. Afasto também a alegação do autor de que a contestação é
intempestiva, uma vez que no cálculo dos prazos se exclui o dia do
começo e se inclui o dia do vencimento, nos termos do art. 224 do CPC.
Tendo havido audiência de conciliação no dia 02/02/2017, o prazo iniciou-
se no dia 03/02/2017 e findou-se o dia 23/02/2017, dia em que foi
protocolada a contestação. Trata-se de ação de obrigação de fazer c/c
indenização por danos morais e materiais, na qual a parte autora informa
que teve sua página “www.facebook.com/MarcosMarinhopagina”
removida arbitrariamente pela parte ré, lhe ocasionando danos materiais
e morais. De logo, afasto a incidência do Código de Defesa do Consumidor
ao presente caso, uma vez que, conforme se depreende da inicial, o autor
não contratou o “Serviço de Página” do Facebook na condição de
destinatário final, mas sim como forma de desenvolver o marketing da sua
empresa, fortalecer o seu nome no mercado e ampliar seus negócios, não
se amoldando, portanto, ao conceito de consumidor. Consumidores
seriam as pessoas que contratassem os serviços do autor. Compulsando os
autos, vê-se que os fatos narrados pelas partes são diametralmente
opostos, tendo a parte autora afirmado que foi a ré quem excluiu sua
página e a ré afirmado que foi o próprio autor quem deletou sua página.
Analisando as versões trazidas pelas partes, observo que a versão da parte
ré carece de provas, ao passo em que a versão trazida pelo autor restou
devidamente comprovada. Conforme documento de Id 3351035 - Pág. 1,
vê-se que na página objeto desta demanda ( ) foi publicada
www.facebook.com/MarcosMarinhopagina uma nota pelo Facebook
informando ao autor de que sua página, por parecer que o conteúdo não
estaria respeitando os Termos do Facebook e os Padrões da Comunidade,
foi removida. Muito embora a parte ré tenha informado que tal
documento não estaria acompanhado da URL, não é isso que se vê ao
analisar o documento, pois o mesmo é claro ao informar a URL
www.facebook.com/MarcosMarinhopagina. Assim, resta cabalmente
provado que a parte ré, de fato, removeu a página objeto desta ação,
sendo tal remoção ilegal, porquanto não trouxe aos autos nada que
justifique sua atitude. Saliente-se, inclusive, que a parte ré, em sua
contestação, afirmou que “Operadores do Site Facebook confirmaram que
a página de URL www.facebook.com/MarcosMarinhopagina encontrava-
se em consonância com os termos de uso da plataforma, bem como dos
padrões da comunidade”. Vê-se, portanto, que houve grave falha na
prestação do serviço ofertado pela parte ré, sendo imprescindível que a ré
cesse a conduta abusiva e reative a página do autor, de forma a cumprir
com suas obrigações contratuais. Ocorrida a remoção ilegal da página do
autor junto ao site “Facebook”, está presente o ato ilícito, conforme art.
186 do Código Civil, exsurgindo o dever de indenizar (art. 927 do Código
Civil). Quanto à indenização por danos morais, esta é devida, pois a
situação vivida pelo autor extrapolaram os meros dissabores do cotidiano,
abalando, de fato, sua honra junto às milhares de pessoas que o seguiam
na rede social Facebook, na medida que a imposição indevida de uma
penalidade por descumprimento dos Termos e Padrões da comunidade,
com exclusão arbitrária da página do autor, causa dor, sofrimento e
angústia, capazes de afetar de forma relevante a normalidade psíquica do
ofendido. Conveniente trazer à baila ensinamento de Sérgio Cavalieri
Filho, que, ao tratar do dano moral puro, fez expressa referência à
desnecessidade de prova de sua ocorrência (in Programa de
Responsabilidade Civil, 5ª ed., 2ª tiragem, 2004, p. 100): “...por se tratar
de algo imaterial ou ideal a prova do dano moral não pode ser feita
através dos mesmos meios utilizados para a comprovação do dano
material. Seria uma demasia, algo até impossível exigir que a vítima
comprove a dor, a tristeza ou a humilhação através de depoimentos,
documentos ou perícia; não teria ela como demonstrar o descrédito, o
repúdio ou o desprestígio através dos meios probatórios tradicionais, o
que acabaria por ensejar o retorno à fase da irreparabilidade do dano
moral em razão de fatores instrumentais. Nesse ponto a razão se coloca
ao lado daqueles que entendem que o dano moral está ínsito na própria
ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. (...) Em outras palavras, o
dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato em
relação à quantificação do dano moral, a mesma deve levar em conta os
objetivos da indenização, devendo ser suficiente para a reparação do
sofrimento do dano causado ao ofendido pela conduta indevida do
ofensor e o desestímulo ao ofensor para que não volte a incidir na mesma
falta. Conforme o entendimento do STJ, “a indenização por dano moral
deve atender a uma relação de proporcionalidade, não podendo ser
insignificante a ponto de não cumprir com sua função penalizante, nem
ser excessiva a ponto de desbordar da razão compensatória para a qual foi
predisposta” (REsp. 318.379-0-MG, rel. Min. Nancy Andrighi). Assim,
consideradas as circunstâncias do caso concreto e a situação econômica
das partes, entendo razoável a fixação do valor dos danos morais em
R$10.000,00 (dez mil reais), quantia que reputo justa e suficiente para a
reparação do abalo moral sofrido pelo autor e para reprimir a prática de
novos atos semelhantes pela ré, sem significar enriquecimento ilícito
daquele. Em relação aos danos materiais, o autor informou que, em razão
da exclusão de sua página do Facebook, teve rescindido contrato com a
empresa angolana FAUME LTDA, requerendo indenização de R$ 72.573,98
(setenta e dois mil, quinhentos e setenta e três reais e noventa e oito
centavos), sendo R$10.297,10 (dez mil, duzentos e noventa e sete reais e
dez centavos) relativo ao gasto com o desenvolvimento do aplicativo para
a empresa contratante, R$34.598,27 (trinta e quatro mil, quinhentos e
noventa e oito reais e vinte e sete centavos) de lucros cessantes pela
rescisão do contrato, e R$27.678,61 (vinte e sete mil, seiscentos e setenta
e oito reais e sessenta e um centavos) relativos a lucros cessantes da não
formalização do contrato de palestras. De acordo com o e-mail enviado
pela empresa FAU-ME LTDA (Id 3351035 - Pág. 8), constata-se que a
exclusão da página do autor do Facebook não foi determinante para a
rescisão do contrato com a referida empresa. Foi informado pela FAU-ME
LTDA que a mesma, por motivos internos e por decisão unânime de todos
os colaboradores, informou seu desinteresse na continuação do contrato,
ou seja, houve mera desistência da avença, nada informando que tal ato
decorreu da exclusão da página do autor do Facebook. Saliente-se que o
autor, conforme explanado na inicial, tem outras plataformas de trabalho,
a exemplo de http://www.marcosmarinho.org, não sendo crível que a
simples exclusão de sua página no Facebook tenha ocasionado a rescisão
do contrato com a FAU-ME LTDA. Assim, sendo ônus da parte autora
provar os fatos constitutivos de seu direito, entendo que, pelo que foi
trazido aos autos, a parte autora não se desincumbiu do ônus de provar o
nexo de causalidade entre o ato ilícito praticado pela parte ré e os danos
materiais alegados, sendo de rigor a improcedência do pedido
indenizatório em relação aos danos materiais. Ante o exposto, com fulcro
no art. 487, I, do CPC, julgo PROCEDENTES, EM PARTE, os pedidos
formulados na petição inicial para DETERMINAR que a parte ré
restabeleça a página do autor, qual seja:
www.facebook.com/MarcosMarinhopagina, nos mesmos e exatos moldes
em que estava anteriormente, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de
multa diária de R$500,00 (quinhentos reais), até o limite de R$30.000,00
(trinta mil reais) e a parte ré pagar ao autor o valor CONDENAR de
R$10.000,00 (dez mil reais) a título de indenização por danos morais,
atualizados monetariamente pelo IPCA e com juros de mora de 1% ao
mês, a partir da publicação desta sentença. Face à sucumbência recíproca
e tendo a parte ré sucumbido em maior parte, as custas processuais
deverão ser pagas à razão de 70% (setenta por cento) pela parte ré e 30%
(trinta por cento) pela a parte autora. Honorários advocatícios de 15%
(quinze por cento) sobre o valor atualizado da causa, sendo 4,5% a ser
pago pela parte autora ao advogado da parte ré e 10,5% a ser pago pela
parte ré ao advogado da parte autora, nos termos do art. 85, §2º e §14º,
do CPC. Suspendo a exigibilidade do pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios pela parte autora, face à gratuidade da justiça já
deferida. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos. P.R.I. Ipirá, 23
de maio 2017.

LUCIANA BRAGA FALCÃO LUNA - Juíza de Direito


TJ/SP

Processo Digital nº: 1017437-62.2016.8.26.0071

Classe - Assunto Procedimento Comum - Responsabilidade do Fornecedor

Requerente: Tatiane Domingues Proença Pereira

Requerido: Facebook Serviços Online do Brasil Ltda

Justiça Gratuita

Juiz de Direito: Dr. Marcelo Andrade Moreira Vistos.

TATIANE DOMINGUES PROENÇA PEREIRA ajuizou ação de conhecimento


em face de FACEBOOK SERVIÇOS ON LINE DO BRASIL LTDA. Narrou ser
legítima proprietária de um blog de internet de conteúdo denominado
“Blog da Thati”, cujo endereço virtual é: http://www.blogdathati.com,
auferindo seus rendimentos através da divulgação de anúncios nele
veiculados, pela quantidade de page views, e ainda pelos cliques
efetivados diretamente nos anúncios. Alegou que, objetivando aumentar
exponencialmente os visitantes de suas redes sociais, contratou os
serviços de criação de Páginas do Facebook, a qual, tem como objetivo
principal a formação de uma rede de seguidores, vinculando esta página
da rede social a seu blog, que até então contava com o endereço
https://www.facebook.com/blogdathatioficial (tag:
https://www.facebook.com/1432628280284831). Contudo, desde o mês
de abril de 2016, foi surpreendida com a aplicação de penalidades pelo
réu, sem qualquer justificativa aparente, que inicialmente começou a
impedir que a autora fizesse postagens, causando grande queda e redução
de usuários atingidos, dia após dia, e consequentemente, os rendimentos
da autora. E ainda, no início do mês de agosto de 2016, foi surpreendida
com um informe emitido pelo réu de que sua página havia sido retirada do
ar, por ato unilateral do réu, limitando-se a informar que as postagens da
autora teriam violado os termos e condições da rede. Alegou que o
bloqueio foi feito de forma ilegal e atentando às regras consumeristas.
Alegou que tentou solução amigável, porém sem êxito. Pleiteou seja
determinado ao réu restabelecer a página da autora de nome
https://www.facebook.com/blogdathatioficial (tag:
https://www.facebook.com/1432628280284831) nos mesmos e exatos
moldes que estava anteriormente, ou seja, incluídas todas as postagens
anteriores, quantidade de curtidas, envolvimento, e todas as demais
estatísticas desde a data da retirada do ar, ou, alternativamente, caso não
seja possível, que seja convertida a presente ação em perdas e danos,
inclusive com a restituição em dobro de todos os valores pagos pela
autora, além das respectivas indenizações por danos materiais e morais a
serem apurados oportunamente. Foi relegado para depois do
contraditório a apreciação do pedido de tutela de urgência (fls. 103/104).
Citado (fls. 108), o réu Facebook apresentou contestação (fls. 109/136).
Alegou a impossibilidade de reativação da conta da autora, eis que esta
violou de forma reiterada os termos de uso do site Facebook, o que
motivou a desativação feita, de acordo com disposição contratual
previamente pactuada entre as partes. Narrou que, apesar das diversas
reservas feitas a direitos de terceiros e proteção à propriedade intelectual,
repetidamente, a página da autora,
https://www.facebook.com/blogdathatioficial, publicou conteúdos que
violaram propriedade intelectual de terceiros, os quais denunciaram tais
conteúdos comprovando seus direitos. E foram encaminhadas à autora,
diversas notificações dos Operadores do Site Facebook quanto às
denúncias realizadas e a possibilidade de aplicação de penalidades
(inclusive a sua exclusão), em todas as respostas foram enviados aos
usuários responsáveis pela conta o contato do usuário que efetuou a
denúncia para que a autora pudesse solicitar aos reclamantes um acordo
que autorize a utilização de determinado conteúdo que tenha resguardo
no tocante à propriedade intelectual. Alegou que agiu no exercício regular
de direito e ato jurídico perfeito, não tendo o dever de indenizar. Pleiteou
pela improcedência do pedido. Houve réplica (fls. 165/185). A autora
reiterou o pedido de tutela de urgência (fls. 189/197). O réu manifestou-
se (fls. 198/211). É o relatório. DECIDO. Não foram suscitadas preliminares
em contestação. Encontram-se presentes as condições da ação e os
pressupostos processuais. No mérito, o pedido é procedente. A autora
alegou que o réu bloqueou sua página do Facebook de forma ilegal,
pleiteando pelo restabelecimento nos exatos moldes que estava enquanto
no ar. Em contrapartida, o réu alegou que a autora publicou conteúdos
que violaram propriedade intelectual de terceiros, os quais denunciaram
tais conteúdos comprovando seus direitos, ensejando o bloqueio, nos
termos do contrato entabulado entre a partes. Observo que, nos termos
do artigo 373, II, do Código de Processo Civil, era ônus do réu comprovar a
ocorrência do ato ilícito pela autora, a ensejar o bloqueio da página do
Facebook. Para tanto, bastaria ao réu apresentar os conteúdos publicados
pela autora que violaram propriedade intelectual de terceiros, juntado as
páginas do Facebook da autora, bem como as alegadas denúncias feitos
por aqueles terceiros comprovando seus direitos, documentos estes que
estavam ao seu alcance. Outrossim, o réu alegou que notificou a autora
acerca das denúncias de terceiros, portanto, deveria o réu ter cópia de tal
procedimento, a fim de comprovar o bloqueio, no caso de eventual busca
da autora acerca de seus direitos, como ocorre no presente feito, eis que
as pessoas que se utilizam das páginas como a autora, o fazem com o fito
de auferir rendimentos. Porém, aquele interessado na prova não o fez, eis
que apenas apresentou alegações acerca da violação contratual pela
autora. Não tendo o réu atendido minimamente com seu ônus probatório,
conclui-se que a suspensão da página da autora foi ilícita, capaz de causar
prejuízos. Desta feita, as obrigações de fazer pleiteadas na exordial
(restabelecimento de página, de postagens anteriores, de quantidade de
curtidas, de envolvimento, e todas as demais estatísticas desde a data da
retirada do ar) deverão ser acolhidas, devendo ser providenciadas pelo
réu no prazo de dez dias, sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000,00
(um mil reais), contada a partir do 11º dia, limitada a duzentos dias.
Ademais, está demonstrada urgência para concessão da tutela de urgência
em sentença, mesmo antes do trânsito em julgado. Diante do exposto, e
considerando todo o mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE o
pedido da ação movida por TATIANE DOMINGUES PROENÇA PEREIRA em
face de FACEBOOK SERVIÇOS ON LINE DO BRASIL LTDA, para determinar
ao réu restabelecer a página da autora de nome
https://www.facebook.com/blogdathatioficial (tag:
https://www.facebook.com/1432628280284831), nos mesmos e exatos
moldes que estava anteriormente, ou seja, incluídas todas as postagens
anteriores, quantidade de curtidas, envolvimento, e todas as demais
estatísticas desde a data da retirada do ar, no prazo de dez dias, sob pena
de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais), contada a partir do
11º dia, limitada a duzentos dias. Deverá ser realizada intimação pessoal
para incidência da obrigação pessoal. Concedo tutela de urgência para
exigibilidade das obrigações de fazer antes do trânsito em julgado. Pela
sucumbência, arcará o réu com as custas e despesas processuais, bem
como com os honorários advocatícios do Patrono da autora, que fixo em
15% sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 85, § 2º, do
Código de Processo Civil. Após o trânsito em julgado, arquive-se. P.R.I.
Bauru, 09 de maio de 2017.

Ademais, vale salientar que o próprio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE JUSTIÇA


DO ESTADO DE SÃO PAULO, vem mantendo as condenações de primeira
instância, sendo pacificado, ate este momento os direitos pretendidos
pelo autor, senão confira-se de dois julgados muito recentes, publicados
nos últimos meses (ACÓRDÃOS EM ANEXO):

PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Apelação nº 1008737-29.2016.8.26.0223

Voto nº 315242

VOTO N. 31524

APELAÇÃO N. 1008737-29.2016.8.26.0223

COMARCA: GUARUJÁJUIZ DE 1ª INSTÂNCIA: FÁBIO SZNIFER

APELANTE: FACEBOOK SERVIÇOS ONLINE DO BRASIL LTDA.

APELADO: PAULO HENRIQUE LOPES RODRIGUES


AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. Pretensão de restabelecimento de
“página” no Facebook. “Página” vinculada a blog do autor com finalidade
comercial e pela qual o réu foi remunerado. Exclusão da “página” sem
prévio aviso ou justificativa plausível. Inexistência de prova de que o autor
tenha violado os termos de uso do site Facebook. Circunstância em que o
ora apelante, não demonstrou, como lhe incumbia, da verificação de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direto do autor (CPC, art. 373, II).
Pedido inicial julgado procedente. Possibilidade de ratificação dos
fundamentos da sentença quando, suficientemente motivada, reputar a
Turma Julgadora ser o caso de mantê-la. Aplicação do disposto no artigo
252, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Sentença mantida. Recurso improvido. Dispositivo: negaram provimento
ao recurso.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO

São Paulo

Apelação nº 1017437-62.2016.8.26.0071

Voto nº2

Apelação nº 1017437-62.2016.8.26.0071

Apelante: Facebook Serviços Online do Brasil Ltda

Apelado: Tatiane Domingues Proença Pereira

Comarca: Bauru

Voto nº 37.377
Apelação Ação de obrigação de fazer cumulada com pedido de tutela
antecipada Restabelecimento da página em nome do autor no site de
relacionamento virtual. Cabimento Alegações da ré incapazes de
demonstrar as supostas violações por parte do demandante – Ônus
probatório que impunha ao réu demonstrar essas infrações. Ausência de
prova para tanto.

Procedência da ação mantida Recurso improvido.

Também no JEC do TJ/DF um Deputado Distrital já ajuizou uma ação


contra a rede social objetivando o restabelecimento da página, sendo
certo que a ação foi julgada procedente em primeira instância, decisão
está mantida em segunda Instância, se não confira-se:

Classe do Processo:

07118518220178070016 - (0711851-82.2017.8.07.0016 - Res. 65 CNJ)


Registro do Acórdão Número:

1056716

Data de Julgamento:

25/10/2017

Órgão Julgador:

3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal Relator:

FERNANDO ANTONIO TAVERNARD LIMA Data da Intimação ou da


Publicação:
Publicado no DJE : 03/11/2017 . Pág.: Sem Página Cadastrada.

Ementa:

CIVIL. ?FACEBOOK?. I. Preexistência de ?páginas pessoais? do recorrido.


Criação de ?Fanpage?. II. Incontroversa a superveniente ?mesclagem?
(ou ?migração?) de páginas para criar uma ?página?

(www.facebook.com/deputadoroberionegreiros), na qual seriam


publicados anúncios (?links? patrocinados), inclusive com as mais ?
curtidas? III. A tese da contestação (as pessoas teriam sido levadas a erro,
quanto à quantidade de mensagens ?curtidas?) não foi satisfatoriamente
comprovada a tempo e modo (CPC, Artigo 373, II). IV. Forçoso concluir
pela falta de justa causa à desativação da página pela alegada violação das
regras gerais de segurança (item 3 e item 14). V. RECURSO IMPROVIDO.
I. As partes não discordam dos seguintes pontos: (i) o recorrente teria ?
páginas pessoais? e outras ?Fanpages? relacionadas à atividade
parlamentar; (ii) em 2012, criou a ?Fanpage?
www.facebook.com/deputadoroberionegreiros (ID 72876812); (iii) o
recorrido (ou por intermédio de assessoria) passou a efetuar a ?migração?
ou ?mesclagem?, entre essas páginas; (iv) duas dessas ?mesclagens?
teriam sido solicitadas e procedidas, com sucesso, sem que resultasse
qualquer conexão enganosa (ID 2288395 ? p. 14, da contestação); (v)
desabilitação da referida ?Fanpage? em 2016, por iniciativa do próprio ?
Facebook?, sob o fundamento de ?fazer com que pessoas curtissem ou se
envolvessem com ela de forma enganosa, como a mesclagem de páginas
não relacionadas para criar uma página com mais curtidas?; (vi)
malogradas as diversas tentativas de solução extrajudicial, todas de
iniciativa do ora recorrido. II. Para o desate da questão ora revista, torna-
se de capital importância a observância das partes à distribuição dos ônus
probatórios (CPC, Artigo 373). Nesse quadro, é de se pontuar que o ?
FACEBOOK?, antes de promover a pronta desativação da citada página em
08.12.2016, sequer teria procedido qualquer comunicação prévia. III.
Não fosse isso suficiente, o ?FACEBOOK? não comprovou, a tempo e
modo, não apenas a ocorrência da ?mesclagem? (unificação) daquela
página com as intituladas ?Amigo Leal?, ?Carlos Fernando?, ?Carlos
Fernando Ferreira?, ?Carlos Ferreira?, ?Carlinhos Fernando F?, ?Nosso
DF?, ?Gilmar Rodrigues?, ?Luiz Pittiman?, ?Luiz Pitiman II?, ?Vou de
Pitiman? (ID 2288395 ? p.11), como também quando teriam sido
procedidas e se os usuários destas páginas teriam passado,
inadvertidamente, a seguir a página em foco, com o nome totalmente
diverso, inclusive para se aferir o nexo causal (e temporal) ao bloqueio da
aludida página. IV. Insuficiência, nesse particular, das meras alegações ou
do unilateral e genérico documento extemporaneamente juntados aos
autos (em sede de embargos declaratórios, após a sentença
condenatória), sobretudo quando não se visualiza qualquer menção
destas páginas ?mescladas? com as 513 campanhas-publicações efetuadas
pelo recorrido (anúncios pagos ? ?Facebook Adds? ? ID 2288363 - p. 1-18).
V. Não se discute sobre a obrigação do usuário do ?Facebook? à
observância das orientações de segurança e das diretrizes de páginas do
Facebook (www.facebook.com/legal/terms), a qual pontua que ?As
alterações de nomes e mesclagens não devem resultar em conexões falsas
ou não intencionais e não devem alterar substancialmente o assunto da
Página. Além disso, não se deve solicitar uma alteração de nome ou uma
mesclagem que resulte na recategorização de uma Página de produto
como uma Página de marca, de uma Página genérica ou de opinião como
uma Página de marca, ou de um Grupo como uma Página.? No entanto, se
a recorrente não comprova satisfatoriamente as unificações (?
mesclagens?) irregulares, facilmente registráveis (Lei n. 12.695/14, Artigo
5º, VIII), até porque seriam páginas com nomes diversos, forçoso
reconhecer o aparente abuso na desativação operada em 08.12.2016 (CC,
Artigo 187). E por não se tratar de exercício regular de direito (CC, Artigo
188, I), o recorrido tem direito à reativação da página
www.facebook.com/deputadoroberionegreiros, como bem pontuado na
decisão ora revista. VI. No mais, tivessem sido os dados ardilosamente
transportados, bastaria a recorrente, no legítimo interesse de proteger os
direitos de outras pessoas, ?remover o conteúdo ou as informações
publicadas?, mediante prévio comunicado, para efeito de garantia da
segurança da coletividade dos usuários (item 3, item 5 e subitens 1 e 2), o
que não ocorreu. VII. No contexto, não vinga a tese de ferimento às
normas constitucionais e infraconstitucionais (CF, Artigo 1º, IV e 170 e Lei
n. 12.965/2014, Art. 2º, V), porquanto o vínculo jurídico teria sido
rompido, sem comprovada justa causa (CC, Artigo 187). E a liberdade de
contratar não resulta comprometida, pois as partes mantêm em atividade
outras páginas, de sorte que não há interferência sob o ponto de vista
empresarial. VIII. Por fim, prejudicado o pedido recursal de reativação ?
sem culpa do FACEBOOK? (item v ? ID 2288410 ? p. 37), e não se conhece
do aumento do valor das ?astreintes? nas contrarrazões (impropriedade
da via eleita). IX. Recurso conhecido e improvido. Condenado o
recorrente ao pagamento das custas processuais e dos honorários
advocatícios à razão de 10% do valor da causa. Sentença confirmada à luz
do Artigo 46 da Lei n. 9099/95.
Por tais razões, não restam dúvidas sobre a necessidade de procedência
incólume da presente, declarando-se a inconstitucionalidade da conduta
da requerida, reconhecendo-a como evidente censura, SOBRETUDO AO
ABUSO NA RELAÇÃO DE CONSUMO ESTABELECIDA POR MEIO DE SEU
CONTRATRO DE ADESÃO INTITULADO “TERMOS E CONDIÇÕES DE USO E
SEUS ADENDOS”, sendo imperiosa a liberação de todas as páginas e Perfis
banidos da rede nos últimos 5 (cinco) anos, nos exatos termos em que se
encontravam quando se sua exclusão, ou seja, com a mesma quantidade
de seguidores, postagens, alcance, compartilhamentos, bem como de
tosos os Perfis Pessoais, com as fotos, postagens, amigos, e todas as
demais características, enfim, nos exatos termos em que se encontrava,
sejam Páginas ou Perfis, antes de serem abruptamente excluídos.

É o que se requer, por questão de justiça!!!

DA NECESSÁRIA CONDENAÇÃO A INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS


SOFRIDOS PELOS CONSUMIDORES

Demonstrado o ato ilícito na forma e pelos motivos retro descritos, de


rigor reconhecer ainda o direito dos consumidores em receberem as
indenizações respectivas pelos danos morais por eles sofridos.

Neste sentido, destaque o que dispõe o artigo 186 do C.C., in verbis:


Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Com efeito, para a configuração da situação indenizatória imprescindível

também o preenchimento dos requisitos legais, quais sejam, a culpa


(negligência, imperícia ou imprudência) ou dolo, o nexo da causalidade e o
dano.

Quanto ao primeiro, não restam dúvidas da conduta dolosa da requerida,


sobremaneira em virtude do abuso das clausulas contratuais do
intitulados Termos e Condições de Uso e seus Adendos.

Todavia, ainda que assim não fosse, de rigor pugnar pela aplicação da
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA aplicável ao caso em tela por força do
RISCO DA ATIVIDADE, já que a relação havida entre as partes é
indubitavelmente de consumo, consoante comando normativo previsto
no artigo 14 do C.D.C. se não confira-se:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Com efeito, havendo ou não, culpa ou dolo da requerida, o que importa é
que ela não poderia ter simplesmente banido os consumidores, e
rescindido o contrato, sobretudo, da forma em que o fez, estando
dispensada a necessidade da comprovação da culpa ou dolo por parte da
requerida.

Aliás deste sentido não discrepa a melhor jurisprudência, se não confira-


se:

Ação Indenizatória. Conta salário. Cobrança de tarifas. Impossibilidade.


Inscrição em cadastro restritivo de crédito. Dano moral. Configuração.
Relação entre as partes é regulada pelo Código de Defesa do Consumidor,
devendo a questão ser resolvida à luz da responsabilidade civil objetiva,
fulcrada na teoria do risco do empreendimento. Não obstante as
alegações defendidas, deixou o réu de comprovar fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor embora fosse possível fazê-
lo. Da análise do feito nota-se que o apelante sequer juntou aos autos
cópia do contrato assinado pelo autor para abertura da suposta conta
corrente ou qualquer outro que comprove a sua tese, em especial a
licitude das cobranças efetuadas. Desta forma, forçoso concluir pela
veracidade das informações prestadas pelo autor no sentido de tratar-se
de contrato de conta salário em relação ao qual é proibida a cobrança de
tarifas destinadas ao ressarcimento pela realização de serviços. Destaque-
se que o apelante, como prestador de serviço, deve agir com diligência,
tomando todas as providências necessárias à segurança dos negócios
realizados, equipando-se dos meios necessários para evitar eventuais
danos aos consumidores. Assim, restando comprovada a falha na
prestação do serviço que acarretou a inscrição do nome do autor nos
cadastros restritivos de crédito, patente a configuração de dano moral
passível de reparação. O montante de R$ 1.395,00 (mil trezentos e
noventa e cinco reais), arbitrado na sentença, não se mostra compatível
com o valor fixado por este egrégio Tribunal em casos semelhantes, sendo
o quantum de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) mais consentâneo com a
repercussão dos fatos narrados nestes autos e com os princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. Primeiro recurso ao qual se nega
provimento e recurso adesivo provido.

(TJ-RJ - APL: 37853520098190006 RJ 0003785-35.2009.8.19.0006, Relator:


DES. MARIO ASSIS GONCALVES, Data de Julgamento: 15/09/2010,
TERCEIRA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 26/11/2010)

Também o STJ já pacificou a questão, se não confira-se:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.148.978 - RJ (2009/0001840-1)


RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO AGRAVANTE : BANCO ABN AMRO
REAL S/A ADVOGADO : FERNANDA NASCIMENTO DE ANDRADE E OUTRO
(S) AGRAVADO : REGINALDO ARAÚJO MEIRA ADVOGADO : TARCISO
GOMES DE AMORIM E OUTRO (S) DECISÃO Trata-se de agravo de
instrumento contra decisão que inadmitiu recurso especial interposto em
face de acórdão, proferido pelo Eg. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de
Janeiro, assim ementado:"Agravo interno. Apelação cível. Ação de
indenização. Responsabilidade civil objetiva. Devolução indevida de
cheques. Assinatura falsa. Dano moral. Agravo interno interposto contra a
decisão monocrática que negou seguimento não só ao recurso do ora
agravante, mas também ao apelo do autor. A questão deve ser resolvida à
luz da responsabilidade civil objetiva, fulcrada na teoria do risco do
empreendimento, na qual todo aquele que se disponha a exercer alguma
atividade no campo do fornecimento de bens e serviços tem o dever de
responder pelos fatos e vícios resultantes, independentemente de culpa.
Há defeito na prestação de serviço, na medida em que cheque com
assinatura falsa foi devolvido da conta corrente do autor, primeiro
apelante, como comprovam os documentos juntados aos autos, levando à
sua negativação e causando-lhe inúmeros problemas. O montante de R$
7.000,00 (sete mil reais), arbitrado na sentença, é compatível com a
repercussão dos fatos narrados nestes autos e foi fixado de acordo com os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo ser mantido.
Quanto à correção monetária, pequeno reparo se impõe, de ofício,
devendo incidir da data da prolação da sentença, de acordo com o
preceituado no verbete sumular n.º 97, deste Tribunal de Justiça. As
verbas referentes aos honorários advocatícios foram fixadas com base nos
parâmetros fixados pelo art. 20, § 3º do CPC, devendo ser mantido o
percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Recurso
ao qual se nega provimento."(fl. 241) No recurso especial, fundado nas
alíneas a e c do permissivo constitucional, o recorrente aponta, além de
dissídio jurisprudencial, violação aos arts.144,§ 3ºº, II, do Código de
Defesa do Consumidorr,1866 do Código Civil de 2002, e3333, I, do Código
de Processo Civill, sustentando, em suma, que: a) não pode ser
responsabilizado pelos alegados danos, "tendo em vista que a culpa de
terceiro ou da própria vítima erigiram-se como a causa determinante do
evento" (fl. 253); b) a indenização por dano moral exige a sua efetiva
demonstração, o que não ocorreu na presente hipótese; c) de acordo com
a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o valor fixado a título de
indenização por danos morais, na hipótese, é excessivo, razão pela qual
deve ser reduzido. O feito foi a mim atribuído em 14 de maio de 2010. A
irresignação não merece amparo por ambas as alíneas. Inicialmente, o
acolhimento da assertiva do Banco de que a culpa pela inscrição nos
órgãos de proteção ao crédito fora da própria recorrida ou, ainda, de
terceiro demandaria a análise do acervo fático-probatório dos autos, o
que é vedado pela Súmula 7 do STJ, que dispõe: "A pretensão de simples
reexame de prova não enseja recurso especial". A propósito, confira-se o
seguinte excerto do v. acórdão recorrido: "Não merece acolhimento a
alegação do ora agravante, de ausência de ato ilícito que pudesse
configurar lesão moral a reparar, haja vista a constatação da falha na
prestação do serviço, revelando-se na falta de cuidado, tendo deixado de
certificar-se da veracidade das informações constante da cártula,
permitindo a ocorrência da devolução indevida do consumidor, por falta
de fundos, e posterior inscrição de seu nome nos cadastros restritivos de
crédito."(fls. 243/244) De outra parte, registra-se que a jurisprudência
desta Corte é firme quanto à desnecessidade, em hipóteses como a dos
autos, de comprovação do dano moral, que decorre do próprio fato da
inscrição indevida em órgão de restrição ao crédito, operando-se in re
ipsa. Por pertinente, cito: "AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE
INSTRUMENTO. INDENIZAÇÃO CIVIL. DANOS MORAIS. INSCRIÇÃO
INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. COMPROVAÇÃO.
DESNECESSIDADE. DANO IN RE IPSA. VALOR ARBITRADO
MODERADAMENTE. AGRAVO IMPROVIDO. I. A jurisprudência do STJ é
uníssona no sentido de que a inscrição indevida em cadastro restritivo
gera dano moral in re ipsa, sendo despicienda, pois, a prova de sua
ocorrência.(...) III. Agravo improvido." (AgRg no Ag 1.222.004/SP, Relator o
Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, DJe de 16.6.2010) Por fim, quanto
ao montante fixado a título de indenização por danos morais, é pacífica a
orientação desta Corte no sentido de que o valor estabelecido pelas
instâncias ordinárias pode ser revisto tão somente nas hipóteses em que a
condenação se revelar irrisória ou exorbitante, distanciando-se dos
padrões de razoabilidade, o que não se evidencia no presente caso. Dessa
forma, não se mostra desproporcional a fixação em R$(sete mil reais) a
título de reparação moral decorrente da inscrição indevida do nome do
agravado em cadastro de proteção ao crédito, de modo que a sua revisão
também encontra óbice na Súmula 7/STJ. Nesse sentido:"AGRAVO
REGIMENTAL. ART. 535 DO CPC. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
CABIMENTO. SÚMULA 7 DO STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

JUROS DE MORA. RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL OBJETIVA.


SÚMULA 54 DO STJ. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO. DISSÍDIO
JURISPRUDENCIAL. SIMILITUDE FÁTICA.(...) 5. A revisão do valor fixado a
título de danos morais somente é possível em sede de recurso especial no
caso em que o quantum for exorbitante ou ínfimo. Fora essas hipóteses,
aplica-se o entendimento insculpido na Súmula n. 7 do STJ. 6. Em se
tratando de valor da indenização por danos morais, torna-se incabível a
análise do recurso com base na divergência pretoriana, pois ainda que
haja grande semelhança nas características externas e objetivas, no
aspecto subjetivo, os acórdãos serão sempre distintos. Precedente. 7.
Agravo regimental desprovido." (AgRg no AG nº 1.019.589/RJ, Relator o
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJe de 17.5.2010) Diante do
exposto, nego provimento ao agravo de instrumento. Publique-se. Brasília,
15 de outubro de 2010. MINISTRO RAUL ARAÚJO Relator

(STJ - Ag: 1148978, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Publicação:


DJ 19/10/2010)

No que diz respeito ao nexo de causalidade, pela própria narrativa e


documentos juntados aos autos, não restam dúvidas sobre sua presença.

Por derradeiro, anote-se os danos experimentados.

Ao se retirar, banindo os Perfis e Página dos consumidores, todo o


investimento realizado simplesmente foi perdido, não tendo mais sequer
acesso aos seus seguidores.

Ou seja, trata-se de nítida falha na prestação dos serviços, e que


sobretudo, causou graves prejuízo aos consumidores, inclusive a sua
imagem perante si, e perante outros usuários.

Em relação aos Perfis Pessoais, destaque-se o patrimônio imaterial


(virtual) perdido, tais como os relacionamentos, contatos, fotos, vídeos,
pensamentos manifestados nas postagens, e a própria imagem virtual
desses perante a rede, entre outros.
No que diz respeito às Páginas, como já dito há que se reconhecer ainda a
imagem da mesma e de seus proprietários, que exploram atividades
empresariais com as mesmas, e muitas vezes os fez perder clientes já
existentes, ou anunciantes futuros em potencial, perder seguidores, sem
prejuízo da vinculação comum entre o Facebook e outras mídias sociais,
tais como blogs, Youtube, Twitter, Instagram, entre outros.

Isso é claro, sem contar com o constrangimento de outros usuários,


amigos, familiares, colegas de trabalho, que certamente questionaram o
porquê a página ou Perfil desses consumidores havia sido banida, criando
uma imagem prejudicial a eles, com os e tivessem feito algo ilícito, anti
ético ou imoral.

A propósito, não é de hoje que Nossos Sodalícios tem enfrentado as


questões relativas aos danos morais com cautela, o que é imprescindível
até mesmo a fim de não se banalizar o instituto, cuja intentio legis é
deveras nobre, sobretudo, humana.

E particularmente no caso dos autos, antes que se cogite em qualquer


tentativa de locupletamento sem causa por parte dos consumidores, há
que se convalidar a condenação a este título é medida que se impõe.

Para tanto, há que se atentar as peculiaridades do caso em comento,


precisamente o modus operandi da requerida além da responsabilidade
civil objetiva conferida pela Cártula Consumerista. Contudo, diante de
todo contexto apresentado, é evidente o abalo moral sofrido pelos
consumidores.

Com efeito, não restam dúvidas sobre a ocorrência do dano moral.

A propósito deste entendimento, vale reprisar os ensinamentos de


LEVADA ao conceituar o dano moral:

“...o dano moral é a ofensa injusta a todo e qualquer atributo da pessoa


física como indivíduo integrado à sociedade ou que cerceie sua liberdade,
fira sua imagem ou sua intimidade, bem como a ofensa à imagem e à
reputação da pessoa jurídica, em ambos os casos desde que a ofensa não
apresente quaisquer reflexos de ordem patrimonial ao ofendido ”.

E no caso dos autos, feitas as considerações alhures, não restam dúvidas


sobre ocorrência dos prejuízos de ordem moral causados aos
consumidores, sobretudo a sua imagem e honra objetiva e subjetiva.

Com efeito, sobressai o caráter in re ipsa, na medida em que os próprios


danos causados pela conduta ilícita e abusiva por parte da requerida, per
si só já são capazes de comprovar a ocorrência dos danos aos
consumidores lesados.
Portanto de rigor inclusive a dispensa de comprovação, sendo imperioso

reconhecer a ocorrência de dano in re ipsa. Aliás, deste mesmo sentido


não discrepa a melhor jurisprudência sobre o tema, se não confira-se:

TJ-RJ - RECURSO INOMINADO RI 00154672320148190002 RJ 0015467-

23.2014.8.19.0002 (TJ-RJ)

Data de publicação: 25/02/2015

Ementa: De outra parte, a ré apresentou apenas documentos unilaterais a


justificar a exatidão da fatura, não exibindo sequer parecer oficial a
atestar a idoneidade do hidrômetro. Portanto, o erro no faturamento é
inafastável, devendo a conta ser refaturada pela média de consumo. O
dano moral é in re ipsa, ou seja, a reparação decorre tão somente do fato
danoso, conforme preleciona o Ilustre Des. Sergio Cavalieri, em seu livro,
Programa de Responsabilidade Civil, 4ª edição, São Paulo, Malheiros Ed.,
p. 102, in verbis: "Neste ponto a razão se coloca ao lado daqueles que
entendem que o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da
gravidade em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a
concessão de uma satisfação pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o
dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato
ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado
o dano moral. À guisa de uma presunção natural, uma presunção hominis
ou facti, que decorre das regras da experiência comum". No caso em tela,
em que pese o autor ter insistentemente procurado a ré para que a
mesma resolvesse o impasse de forma administrativa, o problema não foi
sanado, impondo ao usuário aborrecimentos que ultrapassam as raias da
suportabilidade, e, sem dúvidas, deram causa aos danos imaterias
reclamados, exigindo a justa reparação. No tocante ao quantum da
indenização, o mesmo deve ser fixado com moderação para que não seja
tão elevado a ponto de ensejar enriquecimento sem causa para a vítima
do dano, nem tão reduzido que não se revista de caráter preventivo e
pedagógico para o seu causador. Nesta linha de raciocínio, entendo como
justo e necessário o valor de R$ 2.500,00 como forma de compensar os
danos morais suportados pela parte autora. A conta do exposto, voto no
sentido de dar provimento ao recurso, e reformar a sentença, julgando
procedentes os pedidos e: 1) Condenar a ré a refaturar a conta de
consumo do autor com vencimento em 25/02/2014 para sua média de
consumo dos últimos 12 meses, em até 30 dias, sob pena de perdimento
de seu crédito;(2) Condenar a ré a indenizar a parte autora em R$
2.500,00 a titulo de danos morais, quantia esta que deverá ser corrigida
monetariamente a contar da publicação do acordão e acrescida de juros
de mora de 1% ao mês a contar da citação. Sem ônus, por se tratar de
recurso com êxito. PRI. PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO CONSELHO RECURSAL...

Inobstante caso não seja este o entendimento de V. Exa. pugna-se desde


já pela oitiva de testemunhas que serão oportunamente arroladas a fim
de comprovar os danos morais sofridos pelos consumidores, impondo-se a
requerida a condenação no patamar abaixo sugerido.

DO QUANTUM A SER FIXADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS


A autora acredita no bom senso do juízo, e assim tem certeza absoluta
que a condenação por danos morais será imposta até mesmo pelo
adequado preenchimento dos requisitos para a configuração da situação
indenizável.

Todavia, faz-se oportuno tentar parametrizar o pedido de indenização


pelo danos morrais sofridos, adequadamente as peculiaridades do caso
em comento.

Assim, acreditando na condenação a título de danos morais, pugna-se


desde já seja fixado em patamar compatível ao objeto da causa,
observado o disposto no art. 944 do CC., observado ainda as
recomendações doutrinárias a jurisprudenciais a seguir declinadas.

Como cediço, verifica-se uma tendência jurisprudencial a adoção de uma


dupla função no tocante a indenização por danos morais, para fins de
fixação do quantum debeatur, quais sejam, a função compensatória: a
qual visa compensar a vítima através de indenização pelos danos
suportados, e a punitiva, advinda dos intitulados punitive damages,
oriundos da Inglaterra e consagrados pelo direito norte americano, que no
ordenamento jurídico pátrio assume a função de punir o ofensor e
consequentemente desestimulá-lo a praticar novamente o ato danoso.

Igualmente leva-se em consideração, a capacidade sócio-econômica das


partes, a extensão do dano, o grau de culpa ou dolo do ofensor, como
também a relevância jurídico social do bem ofendido.
É seguindo este contexto e adotando todos os critérios norteadores acima

destacados, que a autora pretende ser indenizada a título de danos morais


pela quantia de R$20.000,00 (vinte mil reais).

Saliente-se que este valor não fará os consumidores mais ricos, nem a
requerida mais pobre, de modo que ainda servirá de base a requerida
para que tenha mais cautela em suas condutas e mais consciência para
com seus demais usuários, atendendo ao critério reparatório de praxe,.
Das vitimas.

É o que desde já se requer.

DA INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES

Em relação aos danos materiais, e lucros cessantes, cumpre abrir tópico


próprio para melhor esclarecimento.

Como já dito Exa., muitos desses consumidores que perderam seus Perfis
Pessoais e Páginas, tiveram prejuízo de ordem material.

Alguns perderam contatos, emprego, oportunidades e clientes, que


poderiam ter se tornado negócios, mas não o foram ante a deleção do
conteúdo.
Ademais, a própria coisa, em si, qual seja, o Perfil ou a Página,
representam valores reais, manifestados tanto pelo valor representado
pela audiência (curtidas dos usuários) quanto pelo que foi gasto a título de
publicidade diretamente junto a rede (impulsionamento de publicações,
campanhas etc).

Acrescente-se a isso, os lucros cessantes, ou seja, o que potencialmente,


muitos desses usuários deixaram de lucrar com a perda de Perfis e
Páginas.

Com efeito, sob o mesmo prisma da responsabilidade civil objetiva, nota-


se que, uma vez presente o dano e o nexo de causalidade, pouco importa
a culpa ou dolo da requerida.

Quanto ao nexo de causalidade este resta evidente. Contudo, quanto aos


danos experimentados, esses somente poderão ser delineados com
precisão em sede de liquidação.

Antes isto, sem prejuízo de todos os pedidos alhures, requer se digne V.


Exa. a condenar ainda a requerida a arcar com a indenização por todos os
danos materiais e lucros cessantes dos consumidores que tenham seus
Perfis ou Página banidas pela rede social requerida, observada a apuração
do quantum debeatur a este respeito, na fase de liquidação de sentença.
É o que desde já se requer, por questão de Justiça!!!

DA NECESSÁRIA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA – RISCO DE PERDA


DE OBJETO – FUMUS BONI JURI E PERICULUM IN MORA

Com efeito, com o advento do NCPC, houve substancial alteração dos


requisitos e formas de concessão das tutelas antecipadas, havendo um
enfoque deveras diferenciado do instituto previsto do revogado artigo
273, ora revogado, que regulamentava o instituto.

A primeira alteração significativa refere-se à alocação das novas formas de

tutela, que agora estão lançadas em um livro próprio.

E da análise deste, emerge as formas da denominada tutela urgência ou


tutela de evidência. Com a clareza que lhe é peculiar, o Ilmo. advogado e
mestre e doutorando CUNHA esclarece em curtas linhas a diferença entre
as mesmas:

“A tutela da evidência apresenta requisitos ligados ao juízo de


verossimilhança, ao passo que as tutelas de urgência exigem, além do
juízo de verossimilhança, um juízo ligado à urgência.”
Com efeito, o que se denota é que nem toda a tutela for reformada,
permanecendo determinados requisitos da mesma forma que o revogado
artigo 273 do CPC/73. A propósito deste entendimento, resta a indicação
da medida processual mais adequada ao caso em tela, observado o
entendimento do mesmo doutrinador abaixo colacionado:

“O NCPC, em que pese tenha unificado os requisitos para a tutela cautelar


e para a tutela antecipada (probabilidade do direito e perigo de dano ou
risco ao resultado útil do processo), prevê dois procedimentos distintos
para o requerimento antecedente da tutela cautelar ou antecipada (aliás,
inova o novel diploma ao permitir a apresentação do pedido de tutela
antecipada de forma antecedente ao pedido principal). Essa possibilidade
de requerer medida satisfativa antecipatória antecedente à apresentação
do pedido final é certamente uma modificação relevante, especialmente
para a práxis forense. Nesse andar, mais relevante se torna a
diferenciação entre a natureza da tutela de urgência requerida, para que
se saiba qual o procedimento a ser adotado.

Feitas estas considerações, entende o autor que o caso em comento


guarda relação e preenche os requisitos do procedimento da tutela
antecipada de urgência, prevista no art. 300 do NCPC, in verbis:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco
ao resultado útil do processo.
Sem prejuízo, acrescente-se a isso o disposto no art. 11 da Lei de Ação
Civil Pública que regulamenta a concessão das tutelas e liminares:

Art. 11. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de


fazer ou não fazer, o juiz determinará o cumprimento da prestação da
atividade devida ou a cessação da atividade nociva, sob pena de execução
específica, ou de cominação de multa diária, se esta for suficiente ou
compatível, independentemente de requerimento do autor.

Também o CDC., possibilita a concessão da tutela inaudita altera pars, em


situações como a esposada nesses autos, se não confira-se:

Art. 84. Na ação que tenha por objeto o cumprimento da obrigação de


fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou
determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente
ao do adimplemento.

§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos somente será admissível


se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica ou a
obtenção do resultado prático correspondente.

§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa (art.


287, do Código de Processo Civil).
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu.

§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na sentença, impor multa diária


ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou
compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o cumprimento
do preceito.

Também o Marco Civil da Internet estabelece:

Art. 19. Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a


censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser
responsabilizado civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado
por terceiros se, após ordem judicial específica, não tomar as providências
para, no âmbito e nos limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo
assinalado, tornar indisponível o conteúdo apontado como infringente,
ressalvadas as disposições legais em contrário.

§ 4o O juiz, inclusive no procedimento previsto no § 3o, poderá antecipar,


total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial,
existindo prova inequívoca do fato e considerado o interesse da
coletividade na disponibilização do conteúdo na internet, desde que
presentes os requisitos de verossimilhança da alegação do autor e de
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

Com efeito, passemos a análise dos requisitos para a concessão da tutela.

No que diz respeito a probabilidade do direito, ora Exa., como dito


alhures, dezenas de dispositivos legais revelam o arcabouço de
irregularidades e abusos perpetrados pela rede social.

Tais abusos passam pela subjetividade do Contrato de Adesão, intitulado


Termos e Condições de Uso e seus Adendos, até a falta de transparência
na execução deste, eis que o mesmo permite flagrante controle e
classificação absoluto de conteúdo absoluto a requerida, o que, contradiz
sua natureza jurídica de Fórum Público Neutro, de inegável impacto sócio
comunicativo, dado o poder de comunicação da rede para com os
usuários, mundialmente.

Com efeito, indicam a censura, e violação de normas Constitucionais e


internacionais das quais o Brasil é signatário (Pacto de São José da Costa
Rica), bem como as normas infraconstitucionais especificas que
regulamentam a matéria tais como Marco Civil da Internet e a própria lei
eleitoral, já que ambas, conferem COMPETÊNCIA EXCLUSIVA AO PODER
JUDICIÁRIO para definir o que ou não ser mantido ou retirado “do ar”,
ainda que haja ocorrência de supostos ilícitos, cabendo aos juízes e
Tribunais competentes fazê-lo e não a uma empresa privada como é o
caso da requerida.

Acrescente-se a isso a forma abrupta e inadvertida da aplicação das


penalidades, destacando-se, sobretudo o fato de que a rede primeiro
aplica a penalidade (bloqueia ou bane), e apenas DEPOIS informa o
usuário que esses sofreu a sanção, e ainda assim de forma singela, e
incompleta, inviabilizando ate mesmo uma defesa mínima ao mesmo, ou
quando não, apresenta uma espécie de recurso administrativo (apelação)
perante a própria rede, mas que, na maioria dos casos, não são sequer
respondidos, ou quando o são, o são de forma extremamente sintetizada,
sem esclarecer pontualmente os motivos, mantendo a subjetividade
padrão de analise para a tomada de decisões da rede (que pode bloquear
ou banir por infinitos motivos não especificados).

No que diz respeito ao perigo de dano e também ao perigo de dano ou o


risco ao resultado útil do processo, de se frisar, que ambos estão
presentes.

O dano em verdade já vem ocorrendo: a liberdade de expressão já foi


violada, o contrato já foi descumprido, e os danos já foram
experimentados: tanto as Páginas quanto os Perfis banidos, perderam o
acesso as suas contas, restando comprovado o dano já ocorrido.

E aqueles que foram bloqueados, correm o risco de serem banidos. E os


banidos, correm o risco de terem suas contas permanentemente
deletadas, o que lhe geará prejuízos incomensuráveis ou de grande
monta, lembrando que a maioria quase absoluta desses usuários trabalha
com a rede social, ou por meio dela, exercia labor, dentro e fora da rede,
explorando atividade publicitárias entre outros.

Pior ainda: pois a prática continua sendo comum a rede, e vem sendo
ampliada, podendo potencialmente lesar ainda mais consumidores.

Importante ainda consignar o patrimônio imaterial e material que os


usuários agregam ao aderirem à rede, mas que estão sendo perdidos e
suprimidos em absoluto.

Na situação das Páginas a situação é mais grave pois a maioria, se não


todos os proprietários e administradores das páginas exploravam
atividades publicitárias obtidas com o sucesso de audiência (quantidade
de usuários que curtiam a página e o alcance) da página, sendo certo que
alguns tiveram prejuízo diretamente perante a própria rede (que pagava
pelos anúncios como a exemplo a ferramenta Audience Network da
própria rede) ou fora dela (como os blogs que captavam acesso de
usuários apontando links em suas publicações, que por sua vezes,
direcionavam os usuários da rede ao blog ou site, gerando trafego, e assim
gerando renda aqueles dada quantidade de acessos de usuários
visitantes).

No que diz respeito aos Perfis banidos, vale destacar: não são menores ou
menos prejudiciais os direitos violados.

Em primeiro lugar, porque muitos desses perfis administravam as páginas,


e sem eles, não mais puderam fazê-lo. E mesmo os que nada
administravam, os prejuízos são evidentes, eis que fotos, vídeos,
publicações, opiniões, contatos pessoais e profissionais, entre uma
infinidade de outros conteúdos, que se referem a patrimônio imaterial dos
mesmos, foram igualmente perdidos, ou interrompidos, já que a rede não
permite sequer obtê-los de volta, correndo-se, inclusive o risco de deleção
permanente futura pela requerida.

A propósito, as provas juntadas nos autos não deixam margem de dúvidas


sobre o fumus boni juris presente, no caso dos autos, como também
apontam uma gama nacional de usuários que também foram lesados,
porém ainda não identificados.

Quanto aos não identificados precisamente, tem-se a certeza de que, no


curso do feito, sobretudo em virtude da publicação do edital de
convocação, aliado as informações e provas que deverão ser juntadas pela
requerida, em inversão do ônus da prova, trarão, indubitavelmente a
gama de usuários total, comprovarão a amplitude da coletividade
atingida, bem como os prejuízos e direitos vilipendiados.

Por seu turno, a requerida pode restabelecer O ACESSO DOS USUÁRIOS AS


SUAS RESPECTIVAS CONTAS, sem qualquer prejuízo ou ônus maior,
bastando alguns cliques para tanto, da mesma forma que faz quando os
retira.

Ou seja, a requerida não terá nenhum prejuízo material ou moral ao


restabelecer as Página e Perfis bloqueados ou banidos.

A obrigação pretendida in casu é deveras simples a requerida, bastando


que a mesma, através de um simples clique em seu sistema, LIBERE O
ACESSO DOS USUÁRIOS AOS SESU RESPECTIVOS PROPRIETÁRIOS.

Repise-se: além de tratar-se de uma operação simples, a requerida não


terá qualquer ônus para cumprir a obrigação.

Importante ainda consignar que os Perfis e Páginas deverão ser liberados


nos exatos termos em que estavam quando do bloqueio ou banimento, ou
seja, com a mesma quantidade seguidores e curtidas, alcance das
publicações, amigos, possibilidade de postagem, entre outros, enfim, no
mesmo status quo ante da penalidade aplicada pela rede.

Ademais, importante ainda que sejam resguardados os dados, a fim de


evitar possível deleção proposital das páginas e perfis pela rede social,
devendo a requerida ser compelida a não deletar as contas de Perfis e
Páginas dos últimos cinco anos, bem como dos que venham por ventura a
sofrerem penalizações, até final julgamento do presente, conforme
autoriza o art. 1524 do Marco Civil da Internet.

Por tais razões restam evidenciado os requisitos autorizadores da


concessão da tutela ora pretendida, precisamente nos termos indicados
nos pedidos abaixo indicados, sob pena de aplicação de multa diária,
observadas as sugestões de valor abaixo transcritas.

24 Art. 15. O provedor de aplicações de internet constituído na forma de


pessoa jurídica e que exerça essa atividade de forma organizada,
profissionalmente e com fins econômicos deverá manter os respectivos
registros de acesso a aplicações de internet, sob sigilo, em ambiente
controlado e de segurança, pelo prazo de 6 (seis) meses, nos termos do
regulamento. § 1o Ordem judicial poderá obrigar, por tempo certo, os
provedores de aplicações de internet que não estão sujeitos ao disposto
no caput a guardarem registros de acesso a aplicações de internet, desde
que se trate de registros relativos a fatos específicos em período
determinado. § 2o A autoridade policial ou administrativa ou o Ministério
Público poderão requerer cautelarmente a qualquer provedor de
aplicações de internet que os registros de acesso a aplicações de internet
sejam guardados, inclusive por prazo superior ao previsto no caput,
observado o disposto nos §§ 3o e 4o do art. 13. § 3o Em qualquer
hipótese, a disponibilização ao requerente dos registros de que trata este
artigo deverá ser precedida de autorização judicial, conforme disposto na
Seção IV deste Capítulo. § 4o Na aplicação de sanções pelo
descumprimento ao disposto neste artigo, serão considerados a natureza
e a gravidade da infração, os danos dela resultantes, eventual vantagem
auferida pelo infrator, as circunstâncias agravantes, os antecedentes do
infrator e a reincidência.

DO PEDIDO ALTERNATIVO ACERCA DA TUTELA ANTECIPADA PRETENDIDA


EM FACE DA URGÊNCIA

Todavia, caso não seja este o entendimento da V. Exa., o que se admite


apenas a título de argumentação, alternativamente, requer se digne V.
Exa. a aplicar o disposto no art. 303, §º6 do NCPC, que autoriza a
emendada petição inicial, indicando-se, preferencialmente a prova
eventualmente faltante, muito embora a autora entenda, data máxima
vênia entendimento diverso deste insigne juízo, que as provas
consubstanciadas nestes autos são mais do que suficientes ao
deferimento da medida ora pretendida. A propósito do artigo retro
mencionado, vale a pena sua reprise para melhor elucidação do pedido
em questão:

Art. 303 (...)

§ 6º - Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela


antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial
em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser
extinto sem resolução de mérito.
É o que alternativamente se requer, em virtude da urgência do caso em
comento.

DA NECESSIDADE DE FIXAÇÃO DA MULTA DIÁRIA EM VALOR CAPAZ DE


GARANTIR O CUMPRIMENTO DA ORDEM JUDICIAL

Sem prejuízo, cumpre ainda a autora recorrer a disposto no art. 297 do


NCPC, que assim preleciona:

Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas


para efetivação da tutela provisória.

Acreditando piamente no deferimento da tutela e no bom senso deste


insigne juízo, faz-se oportuno informar que a requerida costumeiramente
não atende ordens judiciais, e muitas vezes até mesmo descumpre as já
determinadas.

Prova disto, é que até mesmo um executivo representante da empresa no


Brasil já foi detido em virtude do já costumeiro descumprimento de
ordens judiciais, se não confira-se da matéria publicada no site abaixo:

FONTE:http://www.conjur.com.br/2016-mar-01/executivo-facebook-reso-
causa-apuracaoenvolvendo-whatsapp Igual situação ocorre no processo
alhures que tramita Comarca de Canoas-RS, cuja sentença foi indicada
alhures, onde já a requerida já foi intimada por três vezes, mas ate o
momento resiste em cumprir as ordens judiciais, sequer se ocupando de
informar os motivos, TENDO A MULTA JÁ ATINGIDO O PATAMAR DE
R$5.000,00 por dia, e até agora, continua descumprindo, e a página não
foi recolocada no ar.

Como cediço, o descumprimento contumaz da requerida chegou a levar


ordem de bloqueios judiciais de aplicativos, tal como o WhatsApp (que é
propriedade da requerida) por mais de uma vez, além das várias aplicadas
sendo certo que até mesmo o executivo da empresa já foi levado detido
em virtude do descumprimento e resistência injustificada .

Por certo, o poderio econômico dantesco da requerida é a razão da


resistência.

Que efeito teriam a aplicação de multas pecuniárias pequenas a uma


empresa que fatura 128 milhões de dólares por hora, e esta avaliada em
mais $300.000.000,00 (trezentos bilhões) de dólares ? Confira a matéria
publicada abaixo:

E tão grave se tornou os descumprimentos por parte da rede, que até


mesmo o Ministério Público Federal já emitiu uma Nota Técnica a
respeito, repudiando o descumprimento contumaz da rede social em
comento no que diz respeito as ordens judiciais que recebe, senão confira-
se: http://www.mpf.mp.br/pgr/documentos/nota-tecnica-
crimesciberneticos (integra em anexo).

Por tais razões, não há duvidas quando a necessidade de fixação de uma


multa em valor elevado, observando-se o próprio poderia econômico da
requerida, de modo a garantir a força coercitiva correspondente ao
adequado cumprimento da ordem judicial. Acrescente-se a isto os
prejuízos efetivos que estão sendo causados aos consumidores
deliberadamente, e a urgência do caso em comento, pelos motivos já
expostos. Ante isto, a fim de viabilizar o adequado cumprimento da ordem
judicial, e considerando a narrativa alhures, em especial ao costumeiro
descumprimento da rede social requerida a ordens judiciais, aliado aos
riscos severos das quais sujeitou a autora, requer se digne V. Exa. a
arbitrar uma multa pecuniária no valor de R$10.000,00 (dez mil reais) a
incidir por página ou Perfil e dia, em caso de descumprimento, iniciando-
se a contagem na data de recebimento da intimação, conforme preleciona
a norma processual civil. É o que desde já se requer.

DA PUBLICAÇÃO DE EDITAL NOS ÓRGÃOS INTERESSADOS E DENTRO DA


PRÓPRIA REDE SOCIAL

Em se tratando de ocorrência de flagrante relevância e que cuja gravidade


e amplitude é de afetação de âmbito nacional, de rigor ainda a autora
recorrer ao disposto no art. 94 do CDC., a fim de dar ciência a todos os
consumidores lesados de que seus direitos estão sendo vindicados na
presente, viabilizando ainda sua participação como litisconsortes ou
assistentes ou mesmo para fins de corroborar com as provas que serão
trazidas aos autos:

Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no órgão oficial, a fim de
que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes, sem
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social por parte
dos órgãos de defesa do consumidor.

Como cediço, referido dispositivo legal a ampla divulgação prevista no


dispositivo alhures transcrito, tem por objetivo a intervenção dos
interessados no processo, a título de litisconsortes unitários, mormente
porquanto a lide tratará de forma uniforme os direitos dos consumidores
que a compõem, impondo inclusive consequências aos direitos ora
perseguidos.

A fim de justamente conferir essa ampla divulgação, nota-se que o


dispositivo não apenas limita a divulgação por meio de edital no órgão
oficial, mas também permite a ampla divulgação pelos meios de
comunicação social.

Por certo, a publicação de edital e a intimação e expedição de ofícios aos


órgãos oficiais deverá ocorrer, contudo, há que se considerar ainda uma
medida muito mais efetiva para dar ciência aos consumidores lesados,
qual seja: a própria rede social.
Ora, como cediço, a requerida constitui uma rede social, com poderio de
publicidade muito mais abrangente, inclusive, que a própria mídia
tradicional impressa ou televisiva. Acrescente-se a isso o fato de que os
lesados faziam parte da rede, e mesmo aqueles que não mais lá estão, em
decorrência dos abusos da requerida, é presumível que possuam outras
pessoas que lá estão, e que certamente podem levar o conhecimento da
presente a eles.

Desta maneira, além da expedição dos itens de praxe, tais como editais,
intimações e ofícios, e com objetivo único eficácia efetiva a divulgação, é
extremamente recomendável que este juízo determine que a própria rede
social, disponibilize aos usuários um comunicado permanente, a ser
disponibilizado a todos os usuários brasileiros, indicando a existência da
presente ação, e convocando eventuais interessados a integrarem a
presente.

Referido comunicado deverá ser lançado pela rede e afixado de forma


permanente, pelo prazo de 60 (sessenta) dias, de forma destacada e fixa,
disponibilizado em cada perfil, de cada usuário/conta,
independentemente da plataforma utilizada para acesso, ou seja, desktop,
aparelho celular, tablet, enfim, toda e qualquer plataforma escolhida pelo
usuário para acesso.
A propósito, vale salientar que é função do Poder Público viabilizar a
publicidade e disseminação de dados e informações públicas, como as que
revelam o interesse da presente, conforme preleciona o próprio Marco
Civil da Internet:

Art. 24. Constituem diretrizes para a atuação da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios no desenvolvimento da internet no
Brasil:

VI - publicidade e disseminação de dados e informações públicos, de


forma aberta e estruturada;

Assim, considerando a maior efetividade dom cumprimento da intentio


legis em relação a ampla divulgação através da medida ora indicada, que
inclusive trata-se de questão de ordem pública, requer se digne V. Exa. a
determinar, a além da publicação de edital perante este juízo, a expedição
de ofícios as entidades abaixo indicadas, consignado, ainda ordem a rede
social, a constar no mandado de citação a obrigatoriedade de publicação
desse mesmo edital diretamente na rede social, devendo, referido edital,
ser lançado pela rede e afixado de forma permanente, pelo prazo de 60
(sessenta) dias, de forma destacada e fixa, disponibilizado em cada perfil,
de cada usuário/conta, independentemente da plataforma utilizada para
acesso, ou seja, desktop, aparelho celular, tablet, enfim, toda e qualquer
plataforma escolhida pelo usuário para acesso.
É o que desde já se requer por questão de justiça!!!

DOS PEDIDOS

Ex positis, para que se digne o fiel cumprimento da lei e da mais lidima


justiça, requer se digne V. Exa.:

I – em caráter liminar, sob a égide da tutela de urgência:

a) Determinar que a requerida proceda o imediato restabelecimento


de todos os Perfis Pessoais e Páginas de usuários brasileiros, bloqueadas
(temporariamente) ou banidas (permanentemente), dos últimos 5 (cinco)
anos, contados do ajuizamento da presente, sob pena de aplicação de
multa pecuniária diária de R$10.000,00 (dez mil reais) por Perfil ou Página
não restabelecida, devendo referida ordem ser cumprida no prazo
máximo de 10 (dez) dias úteis, contados do recebimento da
intimação/citação; exceto daqueles Perfis e Páginas que tenham sido
removidos pela rede, em atendimento ou por força de ordem judicial
previamente estabelecida;

b) Determinar que a requerida se abstenha de aplicar as penalidades


de bloqueio e banimento a Perfis ou Páginas de usuários brasileiros até
final julgamento da presente sob pena de aplicação de multa pecuniária
diária de R$10.000,00 (dez mil reais) por Perfil ou Página sancionado,
devendo referida ordem ser cumprida no prazo máximo de 10 (dez) dias
úteis, contados do recebimento da intimação/citação; exceto daqueles
Perfis e Páginas que por ventura venham a ser removidos futuramente
pela rede por força de cumprimento de ordem judicial superveniente;

c) Determinar a requerida, que os dados relativos aos Perfis e Páginas


bloqueados ou banidos, dos últimos cinco anos, sejam guardados pela
rede social requerida, mantendo-se sua integridade e segurança incólume,
até final julgamento da presente, devendo se abster de deletá-los seja que
título for, sob pena de multa única R$100.000,00 (cem mil reais) por Perfil
ou Página deletado, devendo referida ordem ser cumprida imediatamente
após o recebimento da respectiva intimação/citação.

d) ALTERNATIVAMENTE no caso de indeferimento das medidas ora


pleiteadas, o que se admite apenas a título de argumentação, se digne V.
Exa. a aplicar o disposto no art. 303, §º6 do NCPC, que autoriza a emenda
da petição inicial, indicando-se, preferencialmente a prova eventualmente
faltante, muito embora entenda a autora, data máxima vênia eventual
entendimento diverso deste insigne juízo, que as provas
consubstanciadas nestes autos são mais do que suficientes ao
deferimento da medida ora pretendida.

II – que ao final, seja a presente ação julgada TOTALMENTE


PROCEDENTE, reconfirmando a tutela de urgência, e ainda:
a) Declarar a inconstitucionalidade das condutas de bloqueio e
banimento impostas pela rede social requerida aos usuários brasileiros,
declarando ainda que referidas condutas importam em controle e
classificação de conteúdo, e portanto, tratam-se de espécie de censura,
cuja prática é vedada pelo ordenamento jurídico nacional por força do
Direito a liberdade de expressão e a livre manifestação do pensamento
previstos na CF/88, no Tratado Internacional denominado Pacto de São
José da Costa Rica e no Marco Civil da Internet;

b) Declarar a abusividade de todas as cláusulas oriundas do Contrato


de Adesão, denominado “Termos e Condições de Uso” disponível em:
https://www.facebook.com/terms, bem como de todos os “Adendos” a
ele vinculados, que imponham cumprimento de normas estrangeiras a
usuários brasileiros domiciliados no Brasil, decretando-se a nulidade das
mesmas;

c) Declarar a abusividade de todas as cláusulas oriundas do Contrato


de Adesão, denominado “Termos e Condições de Uso” disponível em:
https://www.facebook.com/terms, bem como de todos os “Adendos” a
ele vinculados, que possibilitem o controle de conteúdo da rede e que,
por força disso, prevejam a possibilidade de deleção ou bloqueio de
usuários sem aviso prévio, decretando-se a nulidade destas clausulas;

III - Requer ainda a condenação da requerida ao pagamento de


indenização a título de danos morais em favor de cada um dos usuários
consumidores lesados, no valor sugerido de R$20.000,00 (vinte mil reais),
a ser acrescido de juros e correção, a contar da data da citação válida;

IV - Requer ainda a condenação da requerida ao pagamento de


indenização a título de danos materiais e lucros cessantes em favor de
cada um dos usuários consumidores lesados que tiveram prejuízos
comprovados em virtude das penalidades impostas pela rede, objetos
deste feito (bloqueio ou banimento de Perfil ou Página), em valor a ser
apurado em fase de liquidação de sentença individual;

V - A inversão do ônus da prova, com base na Cártula Consumerista;


sem prejuízo do protesto pela produção de todas as provas em Direito,
que lhe estejam ao alcance, incluído o depoimento pessoal da requerida, a
oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos, entre quaisquer
outras, requerendo, ainda seja determinado que, no prazo da
contestação, a requerida apresente a relação completa contendo todos os
Perfis Pessoais e Páginas bloqueados ou banidos da rede, e os respectivos
IPs de cada um desses usuários, dos últimos 5 (cinco) anos, contados,
regressivamente, da data de ajuizamento da presente;

VI – considerando a maior efetividade dom cumprimento da intentio


legis em relação a ampla divulgação através da medida ora indicada, que
inclusive trata-se de questão de ordem pública, requer se digne V. Exa. a
determinar:
a) a publicação de edital de convocação de interessados perante este
juízo que tomem ciência do presente, e, se for o caso, intervenham no
presente feito, como litisconsortes e/ou assistentes;

b) a publicação deste mesmo edital, a ser lançado pela própria


requerida, diretamente na rede social, preferencialmente, no campo
“Notificações” da plataforma, devendo a requerida proceder a notificação
individual de cada um dos usuários da rede, disponibilizando ao mesmo
inteiro teor do edital, quando do clique no mesmo, sendo certo que esse
deverá permanecer disponível na rede como publicação fixa permanente
e em destaque, individualmente a cada um dos usuários, pelo prazo de 60
(sessenta) dias, contados do lançamento da informação.

c) a expedição de ofícios as entidades e órgãos já indicados ao final


desta;

VII – Em atendimento ao disposto no art. 5º, §1º da Lei Federal n.:º


7.347/85, a intimação do Ministério Público para atuar como fiscal da lei
no presente feito.

VIII – A intimação da União, para que se manifeste acerca do seu


interesse para atuar no presente como litisconsorte;
IX – A intimação da ANATEL, do CGI-BR., e da Secretaria do
Consumidor para que se manifestem acerca do seu interesse28, enquanto
órgãos reguladores das atividades da rede, para atuar no presente como
litisconsorte;

X - A citação da requerida por carta AR com aviso de recebimento, no


endereço indicado na qualificação alhures, para, caso queira, responder a
presente nos termos da lei, sob pena de revelia, ex vi do art. 344 do NCPC;

XI – A condenação da requerida ao pagamento de eventuais custas e


despesas processuais, além de honorários advocatícios a serem arbitrados
por V. Exa. observados os parâmetros fixados no NCPC.;

XII - Uma vez que o presente feito é processado no âmbito do processo

eletrônico, caso sobrevenham eventuais notificações e intimações através


do site deste E. Tribunal, requer que o subscritor seja regularmente
comunicado previamente através de e-mail (emerson@grigollette.adv.br )
meramente informativo (PUSH) acerca destas intimações, sob pena de
nulidade, nos termos do art. 5º, parágrafo 4º da Lei n. 11.419/06.

Dá-se a causa, para fins meramente fiscais, o valor de R$100.000,00 (cem


mil reais).

Termos em que, pede aguarda deferimento.

Presidente Prudente, 7 de agosto de 2018.


EMERSON TADEU KUHN GRIGOLLETTE JÚNIOR

OAB/SP 212.744

28 Marco Civil da Internet

Art. 12. Sem prejuízo das demais sanções cíveis, criminais ou


administrativas, as infrações às normas previstas nos arts. 10 e 11 ficam
sujeitas, conforme o caso, às seguintes sanções, aplicadas de forma
isolada ou cumulativa:

I - advertência, com indicação de prazo para adoção de medidas


corretivas;

II - multa de até 10% (dez por cento) do faturamento do grupo


econômico no Brasil no seu último exercício, excluídos os tributos,
considerados a condição econômica do infrator e o princípio da
proporcionalidade entre a gravidade da falta e a intensidade da sanção;

III - suspensão temporária das atividades que envolvam os atos


previstos no art. 11; ou IV - proibição de exercício das atividades que
envolvam os atos previstos no art. 11. Parágrafo único. Tratando-se de
empresa estrangeira, responde solidariamente pelo pagamento da multa
de que trata o caput sua filial, sucursal, escritório ou estabelecimento
situado no País.

ENDEREÇOS DE ÓRGÃOS E ENTIDADES A SEREM OFICIADAS


AGÊNCIA NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES – ANATEL SAUS - Quadra 6 -
Bloco H - 2º andar - Ala Norte - CEP 70.070-940 – Brasilia – DF

COMITÊ GESTOR DE INTERNET DO BRASIL – CGI-Br

Av. das Nações Unidas, 11541, 7º andar, CEP: 04578-000 - São Paulo – SP

SECRETARIA NACIONAL DO CONSUMIDOR

Esplanada dos Ministérios, Bloco T, Ministério da Justiça, 5º andar, sala


538, CEP: 70064-900, Brasília - DF.

FUNDAÇÃO DE PROTEÇÃO E DEFESA DO CONSUMIDOR - PROCON

Rua Barra Funda, 930 - 308 - Barra Funda, CEP: 01152-000, São Paulo – SP.

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