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Tema:
JÚRI
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Presidente:
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Supervisor:
_______________________
Oponente:
_________________________________
I
DEDICATÓRIA
II
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pela minha vida, e por me ajudar a ultrapassar todos os obstáculos
encontrados ao longo do curso, assim como alcançar os meus objectivos académicos.
Aos meus amigos e colegas da faculdade (Elton Cléssio, Elisa Mucoma, Sabino João
entre outros) que estiveram ao meu lado, e pelo apoio e amizade incondicional que
demostraram ao longo de todo o período de tempo em que me dediquei a este trabalho e
à formação em geral. Também agradeço à RECAC – Rede de Comunicadores Amigos
da Criança, que quando certas instituições não me permitiram recolher dados devido às
restrições impostas pela Covid-19, a RECAC abriu-me as portas, dando-me acesso aos
Jornais do período em análise.
III
RESUMO
A presente pesquisa faz uma análise em torno dos limites da liberdade de imprensa nos
meios de comunicação social, procurando perceber as razões que influenciam os
mesmos na observação desses limites. Importa salientar que como forma de
materialização do estudo, recorreu-se à combinação do método qualitativo e do método
quantitativo. O estudo em questão contou com a formulação de quatro categorias de
análise (difamação, calúnia, injúria e as motivações). Através da técnica de análise de
dados, foi possível constatar-se que o Jornal Savana e o Canal de Moçambique não
observaram os limites da liberdade de imprensa na elaboração dos seus conteúdos
noticiosos, durante o primeiro semestre do ano de 2020. E também constatou-se através
da técnica de entrevista que o Savana não observou esses limites influenciado pela
Linha editorial do próprio órgão, que lhes permitem tomar um certo posicionamento
perante alguns assuntos. Assim como pelo facto do jornal tomar uma postura crítica, de
"watch dog" 1 . O Savana procurou vigiar pelos interesses da sociedade nas suas
publicações. Mas acontece que nesse processo de vigilância, o Jornal acabou se
posicionando de uma forma que de algum modo fere certos princípios (honra,
reputação, bom nome, dignidade...) protegidos pela Constituição da República de
Moçambique e pelos demais instrumentos normativos. O Canal de Moçambique não
aceitou conceder a entrevista para a obtenção de dados referentes às motivações. Mas as
suas publicações denunciam um carácter de vigilância ao poder político e às Instituições
ou individualidades com grande influência na sociedade. Uma vez que as suas
transgressões estão ligadas às pessoas com certa influencia sobre a sociedade.
1
Segundo Brun (2011), o jornalismo de Watchdog é aquele em que a imprensa se posiciona como uma
instituição vigilante da máquina pública, actuando na denúncia e na investigação dos escândalos e actos
de corrupção.
IV
ABSTRACT
This research analyzes the limits of press freedom in the media, trying to understand the
reasons that influence them in observing these limits. It should be noted that as a way of
materializing the study, we used the combination of the qualitative method and the
quantitative method. The study in question had the formulation of four categories of
analysis (defamation, slander, insult and motivations). Through the data analysis
technique, it was possible to verify that Jornal Savana and Canal de Moçambique did
not observe the limits of press freedom in the elaboration of their news contents, during
the first semester of the year 2020. If through the interview technique that the Savana
did not observe these limits, influenced by the editorial line of the agency itself, which
allow them to take a certain position on some issues. As well as the fact that the
newspaper takes a critical stance, of a “watch dog”. Savana sought to watch over
society’s interests in its publications. But it so happens that in this surveillance process,
the Journal ended up positioning itself in a way that somehow violates certain principles
(honor, reputation, good name, dignity…) protected by the Constitution of the Republic
of Mozambique and other normative instruments. The Mozambique Channel did not
accept to grant the interview to obtain data regarding the motivations. But his
publications denounce a character of surveillance to political power and institutions or
individuals with great influence in society. Since their transgressions are linked to
people with a certain influence on society.
V
SIGLAS E ABREVIATURAS
PR – Presidente da República
VI
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
DEDICATÓRIA ............................................................................................................... II
RESUMO ....................................................................................................................... IV
ABSTRACT .....................................................................................................................V
CAPÍTULO I .................................................................................................................... 1
1. Introdução.................................................................................................................. 1
II CAPÍTULO ................................................................................................................. 10
3. Metodologia ............................................................................................................ 28
4.5. Motivos que influenciam na observação dos limites da liberdade de imprensa nos
meios de comunicação sociais .................................................................................... 55
4.5.1. Jornal Savana................................................................................................. 55
V CAPÍTULO ................................................................................................................ 57
ANEXOS ........................................................................................................................ 64
CAPÍTULO I
1. Introdução
1
Na parte teórica serão trazidas algumas normas legais sobre as liberdades de
expressão e imprensa, assim como a sua colisão com os direitos de personalidade. Pois,
para o efeito, vai se recorrer a diversos instrumentos, desde os artigos legais referentes à
imprensa na Constituição da República, Lei de imprensa, Código Civil/ Penal, até aos
manuais didácticos que versão a respeito do assunto. Quanto aos manuais didácticos, a
pesquisa usará como principais autores Matos, Meyer, Miranda e Rabelo, por serem
autores que tratam de aspectos ligados à liberdade de imprensa de forma mais profunda.
Importa salientar que, a parte prática vai fazer análise qualitativa e quantitativa
dos jornais, tendo como objecto as notícias e reportagens produzidas pelos jornais
Savana e Canal de Moçambique.
O trabalho em questão divide-se em cinco capítulos. O primeiro capítulo
antecede o próprio trabalho, e é referente à parte do projecto de pesquisa ou elementos
introdutórios da pesquisa. Sendo que o segundo capítulo faz levantamento teórico dos
conceitos que serão utilizados na análise dos artigos assim como o cruzamento de dados
referentes aos direitos de personalidade, liberdade de imprensa e às suas limitações. A
metodologia do trabalho está patente no terceiro capitula.
2
1.1.Problemática
Mas por outro lado, os meios de comunicação social são exortados pelas normas
éticas a noticiarem os factos de forma objectiva e imparcial. Pois, a propagação de
informação deve se pautar por essas normas de modo a noticiar os acontecimentos de
forma objectiva, sem qualquer inovação, incremento ou desvirtuação dos factos.
3
Mas por sua vez, Mendes (2017), diz que a media no anseio de publicar notícias,
procede de forma inconsequente, preocupando-se única e exclusivamente com a
publicação, sem qualquer avaliação do seu conteúdo, da veracidade ou mesmo dos
pormenores dos acontecimentos.
Assim sendo, com esse antetítulo o Savana não agiu de acordo com a alínea c)
do artigo 28 da lei de imprensa (lei nº 18/91) que lista como um dos deveres dos
jornalista “exercer a sua actividade profissional com rigor e objectividade”. Pois o
Jornal não foi objectivo ao colocar a ideia de que a Frelimo e a oposição sacrificam a
descentralização em defesa de interesses pessoais.
Por sua vez, o número 1 do artigo 237 do Código penal (lei n.˚ 24/2019 de 24 de
Dezembro) estabelece que os crimes de difamação e injuria quando cometidos contra os
titulares dos órgãos de soberania e membros de organismos de administração da justiça
são punidos com prisão até 2 anos.
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Na edição do dia 23 de Outubro de 2019, o Canal de Moçambique colocou como
manchete uma imagem do Presidente Filipe Nuysi e um título que dizia: "Vocês votam.
Nós decidimos o vencedor!" Esse título, associado com a imagem do Presidente,
transmite um parecer de que a decisão do vencedor nas eleições não está nas mãos do
povo através do voto, mas sim na decisão do Presidente da República.
Por sua vez, o número 1 do artigo 237 do Código Penal (Lei n.˚ 24/2019 de 24
de Dezembro) estabelece que o crime de difamação quando cometido contra os titulares
dos órgãos de soberania e membros dos organismos de administração da justiça é
punido com prisão até 2 anos.
Foi olhando para esta linha de abordagem tomada pelo Jornal Savana e pelo
canal de Moçambique que surge uma necessidade de fazer uma análise dos mesmos,
com vista a perceber:
5
1.2. Hipóteses
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1.3.Justificativa
Pois, importa destacar que o respeito pelos valores éticos na divulgação das
notícias, a igualdade de tratamento entre as fontes e o respeito pelos valores supremos
do jornalismo como a objectividade e imparcialidade, constituem aspectos fundamentais
que permitem alcançar a veracidade jornalística, e consolidar ou fortificar a democracia
em Moçambique. Contudo, alguns meios de comunicação social tendem a transgredir
esses valores éticos na elaboração dos seus conteúdos, com objectivo de trazer mais
emoção aos seus textos e adquirir mais leitores.
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1.4. Objectivos
9
II CAPÍTULO
Por sua vez, Rabelo (2016), salienta que a liberdade é um dos bens mais
preciosos da vida humana, pois, é a partir dela que se desenvolvem os demais atributos
essenciais ao indivíduo. Sob esse prisma, o direito à liberdade apresenta-se como
protagonismo no rol dos direitos fundamentais.
Nessa abordagem das liberdades importa referir que para haver uma efectivação
de algumas liberdades como a liberdade de expressão e de imprensa, no seio dos meios
de comunicação social, é pertinente que haja um outro elemento que é a informação.
Para Bruno (2006), a palavra informação tem a sua origem no vocábulo latino
“informatio”, cujo significado varia em função do contexto em que a palavra é utilizada.
Em certos casos pode assim significar fabricar, dar forma, educar, ensinar instruir, ou
ainda, representar.
10
Segundo Machado (2002), a liberdade de expressão é a possibilidade que o ser
humano possui de exteriorizar o seu pensamento e a sua criatividade intelectual.
Por sua vez Meyer (2009), conceitua liberdade de expressão como sendo o poder
conferido aos cidadãos para externar opiniões, ideias, convicções, juízos de valor, bem
como sensações e sentimentos, garantindo-se, também, os suportes por meio dos quais a
expressão é manifestada, tais como: a actividade intelectual, artística, científica e de
comunicação.
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5. O estado garante a isenção dos meios de comunicação social do sector público.
Bem como a independência dos jornalistas perante o governo, a administração e os
demais poderes políticos.
6. O exercício dos direitos e liberdades referidos nesse artigo é regulado por lei com
bases nos imperativos do respeito pela constituição e pela dignidade da pessoa
humana.
Pois importa salientar que por um lado, existe o direito à liberdade de expressão
que confere às pessoas de forma singular ou individual, o direito de se expressarem. E
por outro, o direito à liberdade de imprensa, que confere às pessoas colectivas
(imprensa), o direito de publicar informações por todos meios legais sem censura.
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particulares. E a liberdade de informar como aquela que será responsável por
disponibilizar essa informação.
Direitos Físicos: São os que tutelam o corpo e suas partes (cadáver, sua integridade
física, imagem e a voz).
Direitos Morais: São aqueles que tutelam a honra, nome e as criações intelectuais do
indivíduo.
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Os direitos de personalidades são delimitados por características próprias e
exclusivas que as diferenciam dos outros. Pontes (1956), considera como sendo
características dos direitos de personalidade o facto de serem objectivos,
intransmissíveis, irrenunciáveis e inextinguíveis.
1) Objectivos porque não são impostos por ordem sobrenatural, ou natural, aos
sistemas jurídicos, mas, decorrentes de fatos jurídicos, que se produziram
nos sistemas jurídicos, cuja relevância ao direito é consequência da tutela
pelo direito objectivo.
2) A intransmissibilidade deles resulta da infugibilidade da própria pessoa e da
irradiação de efeitos próprios (os direitos da personalidade).
3) São irrenunciáveis porque tal como a intransmissibilidade, decorrem da sua
ligação íntima como a personalidade e a eficácia irradiada por ela.
Esses direitos surgem como forma de garantir que as pessoas tenham uma
protecção das suas vidas perante a liberdade de imprensa. Assim como tenham seus
interesses pessoais protegidos e uma "total" liberdade de decidir como usar a sua
imagem, seu nome entre outros.
Para Matos (2010), o direito à honra é assegurado pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos no seu artigo 12, onde dispõe que, ninguém será sujeito a
interferência na sua vida privada, na vida da sua família, no seu lar ou na sua
correspondência, nem a ataques. O direito a honra pode ser caracterizado como um
direito inato e universal da pessoa humana. Este é, portanto, um atributo inerente a
qualquer pessoa, independentemente de sua raça, religião, classe social, opção sexual
entre outros.
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Para Conceição (2016), a doutrina faz a distinção entre a honra subjectiva e a
honra objectiva. A honra subjectiva é o sentimento de dignidade e de decoro que cada
pessoa possui a respeito de si própria. Ou seja, é a auto-estima. A honra objectiva é a
reputação, a boa fama que cada pessoa desfruta no meio social em que vive.
O direito à honra esta ligada a dignidade da pessoa humana, isto é, ele possibilidade
com que o ser humano viva de forma digna na sociedade e que nenhum outro direito
possa, ferir a sua auto-estima perante a si mesmo ou a sociedade.
E o número 3 do mesmo artigo estabelece que o retrato não pode, porém, ser
reproduzido, exposto ou laçado no comércio, se de facto resultar prejuízo para a honra,
reputação ou simples decoro da pessoa retratada.
Por sua vez Miranda (2000), diz que o direito à imagem é um direito de
personalidade, quando tem como conteúdo a reprodução das formas, da voz, ou dos
gestos identificáveis.
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de um sinal distintivo pessoal, como uma tatuagem da sua pele, configuram agressão a
esse direito subjectivo autónomo da personalidade.
Por sua vez Farias (2012), afirma que o direito ao bom nome é um direito que
confere a um indivíduo a forma como uma pessoa é reconhecida em seu meio social.
Pois, este é um atributo da personalidade e o verdadeiro direito de identificação.
De acordo com Rabelo (2016), toda pessoa deve ser identificada socialmente,
possuindo direito ao nome, que deve ser protegido nas suas diversas formas.
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as respectivas alterações.” Ou seja, qualquer nome ou símbolo pelo qual possa ser
imediatamente identificada. O direito ao nome protege a pessoa do uso do mesmo sem
seu consentimento para fins de publicidade e veiculação comercial, sendo assegurada
indemnização no caso.
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artista, o seu direito à privacidade diminui e obviamente não pode reclamar de nenhuma
descrição justa, Matos (2010).
O direito à privacidade tem sido motivo de vários debates, uma vez que chega a
constituir uma tarefa "complicada" resguardar a privacidade das pessoas públicas numa
dada publicação devido ao seu nível de notoriedade.
Para Matos (2010), a intimidade diz respeito a uma reserva mais profunda, um
resguardo próprio que a pessoa guarda para si, não revelado sequer na sua vida privada,
o que se difere da privacidade que se relaciona com o viver comunitário, no qual existe
convivência, mas, não interferência em certos aspectos da individualidade humana.
2.4.Colisão de direitos
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2.5.Os limites legais da liberdade de imprensa
Deste modo pode se assumir que os direitos de personalidade que são aqueles
inerentes à personalidade, como o direito à preservação da vida, à integridade física, à
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honra, à imagem, à privacidade entre outros, constituem limitações constitucionais do
exercício do direito da liberdade de imprensa.
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divulgação de informações confidenciais, ou para garantir a autoridade
e a imparcialidade do poder judicial.
Deste modo percebe-se que nenhuma pessoa tem o direito de usar direito algum
(da liberdade de expressão e de imprensa) no sentido de destruir ou limitar os direitos e
liberdades reconhecidos na lei. Pois a constituição assim como os diversos dispositivos
legais, dispõem as leis com o mesmo valor, onde a actuação de uma termina no início
da actuação da outra.
Segundo Araujo (2019), os crimes contra honra são aqueles nos quais o bem
jurídico tutelado é a honra do ofendido, seja em sua dimensão subjectiva ou objectiva:
Nos crimes contra a honra das pessoas enquadra-se a calúnia, difamação e injúria. E
estes estão previstos no código penal moçambicano, como sendo crimes que são
submetidos a sanções, quando cometidos.
2.7.1. Calunia
Para Nhuch (2015), a calúnia é aduzida no momento em que alguém realiza uma
imputação falsa de um fato definido como crime praticado por outrem. Dessa forma,
para se caracterizar a calúnia, um fato deve ser imputado, deve ser considerado um
crime e o fato deve ser, obrigatoriamente, falso.
2.7.2. Difamação
O conceito de difamação tem sido muito tratado no ramo do direito penal e nos
debates referentes à liberdade de imprensa, razão pela qual vários autores versam sobre
este conceito.
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Segundo Nucci (2014), a difamação "significa desacreditar publicamente uma
pessoa, maculando-lhe a reputação".
2.8.3. Injuria
De acordo com Araújo (2019), a injúria é um crime que procura tutelar a honra
subjectiva do ofendido. Onde a pessoa é imputado um facto ofensivo à sua dignidade.
A injúria considerado o tipo penal menos grave dos crimes contra a honra, ao
contrário da calúnia e da difamação, visa proteger a honra subjectiva que o agente tem
de si mesmo. Imputa-se, dessa forma, uma qualidade negativa, atributos pejorativos à
pessoa do agente, Nhuch (2015).
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O sujeito activo e passivo desse crime também pode ser qualquer pessoa, não se
exigindo nenhuma qualidade especial. Outro aspecto desse crime se refere ao objecto da
ofensa. Pois na injúria não se trata de um facto, mas da emissão de um conceito
depreciativo sobre o ofendido (palhaço entre outros). A injúria não se exige que um
terceiro tome conhecimento da ofensa, Araújo (2019).
"2. Na acusação por injúria não se admite prova sobre a verdade de factos que
integrem a reserva da intimidade da vida privada".
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1- Quem injuriar ou difamar o Presidente da República ou aquele que
constitucionalmente o substitua nessa qualidade, é punido com pena de prisão de 1
a 2 anos.
2- Os crimes de que trata o número anterior quando cometidos contra os titulares dos
órgãos de soberania e membros de organismos de administração da justiça são
punidos com prisão até 2 anos.
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1. Na efectivação da responsabilidade por factos ou actos lesivos de
interesses ou valores protegidos legalmente, praticados através da
imprensa, nos termos do artigo 1 da presente lei, observar-se-ão os
princípios gerais.
Por sua vez, Artigo 43 abordando sobre os níveis de responsabilidade estabelece que:
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2.9.Breve descrição do Jornal Savana e canal de Moçambique
O actual director do jornal é Fernando Lima, que recebeu o prémio CNN Multichoice
African Journalist Award de 2008 na categoria de “média em Português”, pelo seu
trabalho como jornalista.
2
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Savana_(Mo%C3%A7ambique)
3
https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Savana_(Mo%C3%A7ambique)
27
III CAPITULO
3. Metodologia
Para (Gerhardt & Silveira, 2009), a pesquisa qualitativa é aquela que não se
preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da
compreensão de um grupo social, tema, ou de uma organização com vista a obter mais
informações.
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fenómenos. Marconi & Lakatos (2003), Consideram observação como sendo uma
técnica de colecta de dados para conseguir informações e utilizar os sentidos na
obtenção de determinados aspectos da realidade. E como forma de satisfazer a eventuais
questionamentos que surgirem na observação e adquirir informação aprofundada para a
pesquisa, vai se recorrer à entrevista.
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Essa técnica geralmente é aplicada a conteúdos escritos de uma comunicação.
Essa técnica vai se aplicar a artigos como notícias e reportagens por serem géneros que
exigem objectividade na sua elaboração.
Nesta sequência, importa destacar que para se obter mais dados acerca da
observância dos limites da liberdade de imprensa nos Jornais Savana e Canal de
Moçambique através da técnica de análise de conteúdo, e para posteriormente se
perceber os motivos que estão por detrás da observação dada pelos jornais em estudo,
foram estabelecidas as seguintes categorias de análise: calunia, difamação, injúria e
motivações.
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3.1.1. Difamação
Nesta categoria serão identificadas e analisadas as publicações do Savana e
Canal de Moçambique que não observaram o respeito pela honra objectiva das pessoas,
imputando deste modo, factos ofensivos à honra e à reputação das pessoas diante da
sociedade. Nhuch (2015), abordando sobre a difamação, diz que esta é a imputação de
determinados fatos sejam falsos ou verdadeiros à outra pessoa com a finalidade de
macular sua honra objectiva.
3.1.2. Calunia
A calúnia será usada para identificar nos dois jornais em estudo as publicações
que ferem a honra ou desacredita o individuo na sociedade, através da imputação de
factos considerado como crime na legislação moçambicana. Pois, de acordo com Neto
(2018), a calúnia corresponde à acusação falsa que compromete a credibilidade do
indivíduo no seio social, contudo, tal acusação falsa deve dizer respeito a um fato
considerado delituoso.
3.1.3. Injuria
Nessa categoria serão apresentadas e analisadas todas as publicações do Savana
e Canal de Moçambique que não observaram o respeito pela dignidade dos cidadãos,
imputando deste modo, atributos e qualidades negativas aos sujeitos das suas
publicações. De acordo com Nhuch (2015), a injúria é a imputação de uma qualidade
negativa, atributos pejorativos à honra subjectiva da pessoa do agente.
3.1.4. Motivação
Nessa categoria, serão apresentadas as motivações que estão por detrás da
observação dos limites da liberdade de imprensa pelos meios de comunicação social
durante a produção e disseminação dos seus conteúdos noticiosos. Gonçalves (2017),
considera motivação, como sendo um impulso para se atingir um determinado fim. Pois
para o apuramento das motivações que influenciaram os dois Jornais em estudo, vai se
usar a técnica da entrevista aberta conforme avançando na metodologia. Essa categoria
foi elaborada como forma de perceber os aspectos/ motivos que ditam a forma de
redacção de notícias usadas no Savana e no Canal de Moçambique.
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IV CAPITULO
Nesse capítulo serão feitas as análises das peças dos dois Jornais em estudo para
se alcançar os objectivos propostos no trabalho e satisfazer a problemática. (Trujillo,
1974 apud Marconi e Lakatos 2003), considera a análise (ou explicação), como sendo
uma tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenómeno estudado e outros
factores.
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estaria de certa forma, a ferir o número 6 do artigo 48 da Constituição da República (Lei
n.˚ 1/2018, de 12 de Junho), que apregoa que "o exercício dos direitos e liberdades
referidos neste artigo é regulado por lei com base nos imperativos do respeito pela
Constituição e pela dignidade da pessoa humana". Porque nessa publicação, o Jornal
imputou um facto que de algum modo pode macular socialmente a honra do Primeiro-
ministro. Por sua vez, Nucci (2014), diz que quando uma pessoa é desacreditada
publicamente, através da maculação à sua reputação, isso se configura em difamação.
Por sua vez, o número 2 do artigo 237 do Código Penal Moçambicano (lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro) estabelece que os crimes de injúria e difamação quando
cometidos contra os titulares dos órgãos de soberania e membros de organismos de
administração da justiça são punidos com prisão até 2 anos.
Segunda análise
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forma a ferir a alínea c) da Lei de Imprensa (lei nº 18/91 de 10 de Agosto) que
estabelece que os jornalistas devem "exercer a sua actividade profissional com rigor e
objectividade". O que não foi observado pelo Jornal quando opina dizendo que as caras
de Margarida, Carmelita e Verónica sugerem tratar-se de um governo de acomodação.
Assim como fere artigo 41 da Constituição da República que estabelece que todo
cidadão tem direito à honra e reputação, visto que nesse excerto subjectivo da
reportagem, as ministras em questão foram imputadas factos que podem macular a sua
honra subjectiva perante a sociedade. Nhuch (2015), considera que a imputação de um
facto verdadeiro ou falso que macula a honra subjectiva de alguém configura-se em
difamação.
Quem difamar outrem publicamente, de viva voz, por escrito ou desenho publicado ou
por qualquer outro meio de publicação, imputando-lhe um facto ofensivo da sua honra e
consideração, reencaminhando ou reproduzindo a imputação, é punido com pena de
prisão até 1 ano e multa correspondente.
Terceira análise
Titulo: "Decepção!" Onde abaixo do título foi colocada uma fotografia do presidente
Nyusi e os novos ministros.
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Assim sendo, o Jornal feriu de certa forma com essa publicação, o artigo 41 da
Constituição da República de Moçambique (Lei n.˚1/2018, de 12 de Junho) que
estabelece que todo cidadão tem direito à honra e à reputação.
Por sua vez, o número 2 do artigo 237 do Código Penal Moçambicano (lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro) estabelece que os crimes de injúria e difamação quando
cometidos contra os titulares dos órgãos de soberania e membros de organismos de
administração da justiça são punidos com prisão até 2 anos.
Quarta análise
O jornal avançou ainda nos parágrafos seguinte que "Para além da UIRD e da
igreja mundial de poder de Deus algumas das mais populares que também apregoam
'milagres de salvação' incluem igreja ministerial nações para Cristo,.."
Mas importa referir que quanto a palavra "mafiosos" que o Jornal escreveu
referindo a esse grupo de igrejas, profetas e médicos tradicionais, pode de algum modo
ser visto como uma qualidade negativa e pejorativo para os mesmos. Sendo que Nhuch
(2015), diz que a imputação de uma qualidade negativa e ou atributo pejorativo que
ofende a honra subjectiva de alguém configura-se em injuria.
De acordo com o número 1 do artigo 234 do Código Penal Moçambicano (lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro), "a injúria, se for cometido contra qualquer pessoa
publicamente, por gestos, de viva voz, ou por desenho ou escrito publicado, ou por
qualquer meio de publicação, é punido com pena de prisão até 6 meses e multa
correspondente".
Quinta análise
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farsa, induzindo o leitor a pensar que este não é um julgamento justo que tem como
objectivo promover a justiça à família de Matavel. E assim sendo, o Jornal estaria em
primeira instancia a contrariar de alguma forma o artigo 41 da Constituição da
República de Moçambique (Lei n.˚1/2018, de 12 de Junho), que estabelece que todo
cidadão tem direito à honra e à reputação. Pois, de algum modo o jornal desacreditou o
julgamento do homicídio de anastácio Matavel conduzido juíza Ana Liquidão, o que
possivelmente pode macular a sua reputação. Nucci (2014) diz que quando uma pessoa
é desacreditada publicamente, através da maculação à sua reputação, isso se configura
em difamação.
Por sua vez, o número 2 do artigo 237 do Código Penal Moçambicano (Lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro) estabelece que os crimes de injúria e difamação quando
cometidos contra os titulares dos órgãos de soberania e membros de organismos de
administração da justiça são punidos com prisão até 2 anos.
Sexta análise
37
O Jornal também feriu a alínea c) da Lei de Imprensa (Lei nº 18/91 de 10 de
Agosto) que lista como um dos deveres dos jornalistas "Exercer a sua actividade
profissional com rigor e objectividade". Pois, a opinião do Jornal (lamento patético)
perante as desculpas do professor, denunciam uma subjectividade do Jornal.
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qualquer meio de publicação, é punido com pena de prisão até 6 meses e multa
correspondente".
Estes trechos remetem ao leitor o facto de que será complicado a polícia esclarecer o
caso de agressão de Matias Guente porque a própria polícia está envolvida nesses casos.
E não tendo se provado que a polícia está envolvida na agressão do Matias Guente, a
qual o comandante da PRM se referia quando disse que estava a trabalhar para resolver
o caso, essa acusação do Jornal, fere de algum modo a alínea f) do artigo 28 da Lei de
Imprensa (Lei nº 18/91 de 10 de Agosto) que estabelece como um dos deveres dos
jornalistas, repudiar a calúnia a e acusação sem provas, conforme avançado pelo Jornal.
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Como sanção o número 1 do artigo 402 do Código Penal Moçambicano (lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro), estabelece que quem, por qualquer meio, perante
autoridade ou publicamente, com a consciência da falsidade da imputação, denunciar ou
lançar sobre determinada pessoa a suspeita da prática de crime, este por sua vez, é
punido com pena de prisão de 2 a 8 anos e multa até 1 ano.
Segunda análise
Onde num dos parágrafos o Jornal escreveu o seguinte: "A Renamo acreditava que
ia ganhar nas províncias de sua influência… Mas isso não aconteceu, devido à fraude
refinada e à desorganização da própria Renamo."
Quando o Jornal lista que um dos motivos que contou para a derrota da Renamo, foi
a frade refinada, leva ao reitor a pensar que o vitorioso foi quem cometeu a dita frade.
Denegrido deste modo a reputação do vitorioso (a Frelimo) ao imputar-lhe um facto
ofensivo e delituoso. Neto (2018), diz que a imputação de um facto considerado
delituoso que compromete a credibilidade do individuo perante a sociedade é
considerada como calúnia.
Nessa publicação o Jornal não agiu de acordo com as alíneas c) e d) artigo 28 da Lei
de Imprensa (Lei nº 18/91 de 10 de Agosto) que listam como alguns dos deveres dos
jornalistas, "c) Exercer a sua actividade profissional com rigor e objectividade" e d)
Repudiar a acusação sem provas.
40
Terceira análise
O Jornal feriu de igual modo a alínea b) do mesmo dispositivo legal, no que diz
respeito ao aspecto de "Ter como objectivo produzir uma informação completa e
objectiva".
Como sanção o número 1 do artigo 402 do Código Penal (Lei n.˚ 24/2019 de 24
de Dezembro), estabelece que quem, por qualquer meio, perante autoridade ou
publicamente, com a consciência da falsidade da imputação, denunciar ou lançar sobre
determinada pessoa a suspeita da prática de crime, este por sua vez, é punido com pena
de prisão de 2 a 8 anos e multa até 1 ano.
41
escreveu o seguinte: "Bernardino Rafael, que se fazia acompanhar de outros dirigentes
da polícia, disse que a corporação está a trabalhar para esclarecer o caso e
acrescentou que não tem dúvidas de que se trata de 'aproveitadores'."
O jornal avançou ainda escrevendo que "O discurso da polícia segundo o qual está
a investigar é antigo. Não se conhece nenhum caso que a polícia tem esclarecido."
Sendo que no dia 20 de Dezembro de 2014, a Voa Português publicou na sua página
electrónica, uma notícia na qual dizia o seguinte: "a polícia moçambicana libertou o
empresário Mohamed Bashir Sulemane, … numa operação desencadeada… no distrito
de Bilene na província meridional de Gaza. Na ocasião foram detidos alguns
envolvidos no crime…"4
Com essa publicação o Canal também fere o artigo 41 da CRM (Lei n.˚1/2018,
de 12 de Junho), que estabelece que todo cidadão tem direito à honra, ao bom nome e à
reputação. Sendo que o Jornal não observou a reputação da PRM.
Segunda análise
4
https://www.google.com/amp/s/www.voaportugues.com/amp/bachir-suleman-libertado/256451.html
42
Na edição do dia 22 de Janeiro de 2020, o Jornal Canal de Moçambique publicou
uma reportagem com o seguinte título: "Presidente do Conselho Constitucional deixou
o gabinete para ir aplaudir Filipe Nyusi a jogar golfe".
Quanto a alínea b), que estabelece que o jornalista deve ter como objectivo produzir
uma informação objectiva, o Jornal feriu este dever, justamente por ter produzido uma
informação cuja compreensão e interpretação é subjectiva.
43
Terceira análise
Nhuch (2015), diz que quando determinados fatos sejam falsos ou verdadeiros são
imputados à outra pessoa com a finalidade de macular sua honra objectiva,
descredibilizando o mesmo publicamente, isso é considerado como difamação.
44
Ao auto indagar-se sobre as capacidades do presidente em combater a corrupção,
após um discurso que alia o mesmo às dívidas ocultas, o Canal estaria a atacar a
reputação do presidente. O que fere o artigo 41 da CRM (Lei n.˚ 1/2018, de 12 de
Junho) que estabelece que todo cidadão tem direito à honra e à reputação.
Por sua vez, o número 2 do artigo 237 do Código Penal Moçambicano (Lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro) estabelece que os crimes de injúria e difamação quando
são cometidos contra os titulares dos órgãos de soberania e membros de organismos de
administração da justiça são punidos com prisão até 2 anos.
Quarta análise
Nessa publicação o Jornal não agiu de acordo com a alínea c) do artigo 28 da Lei
de Imprensa (Lei nº 18/91 de 10 de Agosto) que consideram como um dos deveres dos
jornalistas, "Exercer a sua actividade profissional com rigor e objectividade". Pois para
a produção dessa informação o Jornalista não usou o princípio da objectividade e
produziu a notícia colocando o seu parecer que desaprecia acção do comandante geral
de criar a comissão de inquérito.
45
O Canal de Moçambique também feriu o artigo 41 da CRM (Lei n.˚ 1/2018, de
12 de Junho) que dentre outros elementos, estabelece que todo cidadão tem direito à
honra e à reputação.
Em forma de sanção o número 2 do artigo 237 do Código Penal de 2019 (Lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro) estabelece que os crimes de injúria e difamação quando
são cometidos contra os titulares dos órgãos de soberania e membros de organismos de
administração da justiça são punidos com prisão até 2 anos.
Quinta análise
Com essa designação o Jornal também não agiu de acordo com a alínea b) artigo
28 da Lei de Imprensa (Lei nº 18/91 de 10 de Agosto) que lista como um dos deveres
dos jornalista "Ter como objectivo produzir uma informação completa e objectiva".
Visto que nessa publicação o jornal não produziu um título completo e objectivo que
hipoteticamente seria secretários das províncias e não "secretários da vergonha" como
foi avançado pelo Jornal.
46
O Canal de Moçambique ao escrever que "os governadores são agora vasos
decorativos nas províncias", estaria de algum modo a ferir a alínea c) do mesmo
dispositivo referenciado acima que estabelece como um dos deveres dos jornalistas
"Exercer a sua actividade profissional com rigor e objectividade". Pois esse excerto não
é objectivo e traz consigo comparações que nos remetem a subjectividade do jornal.
Mas ainda de acordo com o número 2 do artigo 237 do mesmo dispositivo legal
citado acima, os crimes de difamação quando são cometidos contra os titulares dos
órgãos de soberania e membros de organismos de administração da justiça são punidos
com prisão até 2 anos.
Sexta análise
Em confronto com a lei, verifica-se que o título do Jornal em questão, não observou
o estabelecido no número 6 do artigo 48 da Constituição da República Moçambique
47
(Lei n.˚ 1/2018, de 12 de Junho) que estabelece que o exercício dos direitos e liberdades
referidos no mesmo artigo é regulado por lei com base nos imperativos do respeito pela
Constituição e pela dignidade da pessoa humana. Pois, nessa publicação, o Jornal não
teve em consideração a honra e a reputação dos secretários provinciais ao considerar os
mesmos como veneno para sabotar os governadores da Renamo. Esse facto de que o
secretário é um veneno para sabotar os governadores pode de algum modo desacreditar
a sua reputação perante a sociedade. Nucci (2014), diz que quando uma pessoa é
desacreditada publicamente, através da maculação à sua reputação, isso se configura em
difamação.
Assim como não agiu conforme a alínea e) do artigo 28 da Lei de Imprensa (Lei nº
18/91 de 10 de Agosto) que lista como um dos deveres dos jornalista abster-se de fazer
apologia directa ou indirecta do adio. Pois com o título, o jornal defende uma posição
que considera o secretário como um veneno sabotador para o governador.
Sétima análise
Onde num dos parágrafos o jornal escreveu o seguinte: "Tudo indica que a
operação é uma cena de mafia". Se referindo ao relançamento do voo Maputo Lisboa
pelo director geral da LAM, João Pó. Este excerto do Jornal choca a alínea e) do artigo
28 da Lei de Imprensa (Lei nº 18/91 de 10 de Agosto) que lista como um dos deveres
dos jornalista "Abster-se de fazer apologia directa ou indirecta …" visto que o jornal
defendeu directamente que a operação de João Pó é uma mafia.
Essa publicação também feriu a alínea f) do mesmo instrumento legal que estabelece
que os jornalistas também têm o dever de repudiar a acusação sem provas, visto que no
48
excerto, o Canal disse que a operação relançada de João Pó era uma mafia sem trazer
em concreto as devidas provas.
Quem difamar outrem publicamente, de viva voz, por escrito ou desenho publicado ou
por qualquer outro meio de publicação, imputando-lhe um facto ofensivo da sua honra
e consideração, reencaminhando ou reproduzindo a imputação, é punido com pena de
prisão até 1 ano e multa correspondente.
Onde num dos parágrafos o Jornal escreveu o seguinte: "Mas a imagem de uma
presidente de um Conselho Constitucional a aplaudir o Presidente de um partido a
jogar golfe não só revela bem a imoralidade que grossa nos órgãos de soberania…"
49
Exercer a sua actividade profissional com rigor e objectividade". Porque referir a
presidente do Conselho Constitucional de imoral, o Jornal não estaria a ser objectivo,
nem tão pouco exercendo seu trabalho com rigor. Para Nhuch (2015), a imputação de
uma qualidade negative, atributos pejorativos a determinadas pessoas, ofendendo deste
modo a sua honra, configura-se em injúria.
Sobre a injúria o número 1 do artigo 234 do Código Penal Moçambicano (Lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro), refere que "a injúria, se for cometido contra qualquer
pessoa publicamente, por gestos, de viva voz, ou por desenho ou escrito publicado, ou
por qualquer meio de publicação, é punido com pena de prisão até 6 meses e multa
correspondente".
Segunda análise
50
a) do mesmo artigo dispõe que essas liberdades devem assegurar o respeito pelos
direitos e a reputação de outrem.
Sobre a injúria o número 1 do artigo 234 do Código Penal Moçambicano (lei n.˚
24/2019 de 24 de Dezembro), estabelece que "a injúria, se for cometido contra qualquer
pessoa publicamente, por gestos, de viva voz, ou por desenho ou escrito publicado, ou
por qualquer meio de publicação, é punido com pena de prisão até 6 meses e multa
correspondente".
51
As tabelas acima mostram que em comparação com o Savana, o Canal de
Moçambique publicou mais artigos cujas algumas passagens se configuram em abusos
de liberdades de imprensa. Pois, do ponto de vista da calúnia, o Savana não teve
nenhum caso, sendo que o Canal de Moçambique teve 3 (três) casos que se
configuraram em calúnia. Do ponto de vista da difamação o Savana teve 6 (seis) casos,
sendo que o Canal de Moçambique teve 7 (sete) casos que se configuraram em
difamação. Mas do ponto de vista da injúria os dois Jornais tiveram o mesmo número de
casos, uma vez que tanto o Savana assim como o Canal de Moçambique tiveram 2
(dois) casos que se configuram em injúria. Num universo total, o Jornal Savana cometeu
8 casos que se configuram em agressões aos limites da liberdade de imprensa. E o Canal
de Moçambique cometeu um total de 12 casos.
52
4.4. Entrevista para apuramento das motivações
Alertou também para a fraca confrontação das fontes e um uso abusivo das
fontes anónimas na media, onde ela já não é usada para a protecção das fontes, mas para
colocar um parecer pessoal.
53
jornalismo crítico precisa de mais profissionalismo e de profissionais mais qualificados.
Também salientou que o espírito para crítica e para um jornalismo de "watch dog" faz
com que os órgãos privados cometam mais atropelos éticos.
54
O Savana alega ter tomado esses posicionamentos, porque uma coisa é o que
está escrito (as teorias de jornalismo) e outra é o que a realidade nos impõe a fazer.
Tendo citação os limites do exercício do direito da liberdade de imprensa (direito ao
bom nome, à imagem, à hora e à reputação), o Jornal disse que quando o governo não
age de acordo com as expectativas da sociedade, há uma necessidade de se deixar as
teorias do lado e abordar os assuntos. O Savana acredita que alguns assuntos das
notícias precisam de um comentário.
55
adequada para com a sociedade, mostra que o Jornal tem uma tendência de se
posicionar como uma instituição vigilante da máquina pública.
56
V CAPÍTULO
5.1. CONCLUSÃO
Foi nesse contexto que a pesquisa se propôs a analisar a observância dos limites
da liberdade de imprensa nos Jornais Savana e Canal de Moçambique, com vista a
perceber os motivos que influenciam os mesmos na observação desses limites. Para o
efeito, o estudo fez o levantamento dos Jornais do primeiro semestre de 2020, e se
dispôs da técnica de entrevista para apurar as motivações da observação dada pelos
jornais em estudo.
Importa salientar que esta é uma pesquisa mista (qualitativa e quantitativa), onde
através da técnica de análise de conteúdo foi possível constatar que do ponto de vista da
difamação, calúnia e injúria, o Canal de Moçambique não observou os limites do
exercício do direito da liberdade de imprensa na elaboração dos seus conteúdos
noticiosos. E também constatou-se que o Jornal Savana não observou os limites do
exercício do direito da liberdade de imprensa do ponto de vista da difamação e injúria.
57
De acordo com os dados referentes ao número de agressões aos limites de
liberdade de imprensa nos meios de comunicação social (Savana e Canal de
Moçambique) percebe-se que o Canal de Moçambique observou menos os limites da
liberdade de imprensa em comparação com o Jornal Savana. Uma vez que o Canal
publicou mais conteúdos que se configuraram em abusos de liberdade de imprensa em
relação ao Jornal Savana.
59
5.2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, R. (2019). Manual de Direito Penal p/ PC-SP: Crimes contra a pessoa (dos
crimes contra a vida).
Bardin, L. (2006). Análise de conteúdo (L. de A. Rego & A. Pinheiro, Trads.) (70
edicoes ed.). Lisboa: obra original publicada em 1977.
CERVO, A. L., & BERVIAN, P. A. (1978). Cientifica Metodologia (2nd edicao ed.).
Sao Paulo.
60
CSCS, C. S. (22 de Junho de 2021). Limites do exercício do direito da liberdade de
imprensa nos meios de comunicação social. (B. Baptista, Entrevistador) Cidade
de Maputo.
FÁBIO, K. C. (2003). A afirmacao historica dos direitos humanos (3nd edicao ed.).
Saraiva.
FARIAS, C., & ROSENVALD, N. (2012). Curso de Direito Civil, parte geral e
LINDB. Salvador: Jus Podivm editora.
GIL, A. C. (2008). Como elaborar projectos de pesquisa (4 edicao ed.). Sao Paulo.
61
MATOS, J. F. (2010). Proteccao a privacidade e a liberdade de imprensa. Sao Paulo:
Pontificia Universidade Catolica de Sao Paulo - Dissertacao de mestrado em
Direito.
MIRANDA, p. (2000). Tratado de direito privado: parte especial (Vol. Tomo VII).
Campinas: bookseller.
MIRANDA, P. F. (1956). Tratado de direito privado (2° edição ed.). Rio de Janeiro:
Borsol.
PIDCP. (1966). Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Politicos. Aprovado pela
Lei n.º 29/78, de 12 de Junho. Assembleia geral da nacoes unidas.
62
PINTO, F. T. (2011). Auditoria continua: Auditoria paradigma de auditoria. (I. P.
Porto, Ed.) Politecnica do Porto.
63
ANEXOS
64
Figura 1: Canal de Moçambique, edição do dia 04 de Março de 2020
65
Figura 3: Canal de Moçambique, edição do dia 08 de 2020
66
Figura 4: Canal de Moçambique, edição do dia 05 de Fevereiro de 2020
67
Figura 6: Canal de Moçambique, edição do dia 22 de Janeiro de 2020
68
Figura 7: Jornal Savana, edição do dia 24 de Janeiro de 2020
69
Figura 8: Jornal Savana, edição do dia 15 de Maio de 2020
70
Figura 10: Jornal Savana, edição do dia 05 de Abril de 2020
71
Figura 12: Jornal Savana, edição do dia 05 de Junho de 2020
72
Figura 13: Jornal Savana, edição do dia 17 de Abril de 2020
73
Figura 14: Correio electrónico enviado ao Canal de Moçambique para fazer entrevista
Figura 15: Segundo correio electrónico enviado ao Canal de Moçambique para fazer entrevista
74
Figura 16: Credencial submetido junto com a carta de pedido de entrevista no Canal de Moçambique
75