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III.

Condicionamento Aversivo

O fundamento lógico dessas intervenções é que a excitação sexual berrante


resulta de um processo de condicionamento. A meta das terapias aversivas é
emparelhar repetidamente fantasias e desejos aberrantes com um estímulo nocivo,
de modo que essas fantasias adquiram, por fim, propriedades aversivas. Três
procedimentos foram empregados: aversão elétrica, aversão de odores e
sensibilização velada.
O paciente deve respirar o vapor até que as fantasias e desejos se dissipem
completamente, em geral, em questões de segundos.

III.3. Sensibilização Velada

O procedimento de aversão usado com mais frequência, sensibilização


velada, requer que o paciente emparelhe imagens nocivas com as fantasias
aberrantes. As imagens altamente desagradáveis são usadas como estímulo
aversivo. A atratividade dessa técnica baseia-se em sua maior aceitação para
pacientes, no baixo risco de efeitos colaterais e de abandono da terapia, e no fácil
acesso (McAnulty & Adams, 1992). Além disso a sensibilização velada tem a
vantagem de visar diretamente as fantasias e desejos que desencadeiam a
agressão sexual.
O componente aversivo real é selecionado segundo as situações que o
paciente acha mais desagradáveis ou intoleráveis; preferimos usar cenas aversivas
que pareçam reais e plausíveis para o paciente.
É fundamental que o paciente visualize a cena aversiva antes de imaginar-se
tendo o comportamento aberrante em questão. A cena aversiva deve ser
emparelhada com as fantasias ou desejos que precedem o comportamento sexual
aberrante imaginado. Por exemplo, Maletzky (1997) ofereceu uma cena
desenvolvida para um exibicionista, que terminava numa tentativa fracassada de
expor seu pênis para algumas crianças, que culminava em dó, em risos do público e
em ameaça de prisão. Na cena, o paciente finalmente escapa depois da tentativa
fracassada de exposição genital. O emparelhamento da cena aversiva com a
fantasia aberrante é considerado essencial, porque o objetivo é tornar fantasias e
desejos não excitantes. Os pacientes são solicitados a gravar o quão excitante é
cada cena no início e no final de cada sessão, para ajudar a avaliar sua eficácia para
reduzir a excitação aberrante (as classificações são, em geral, feitas em uma escala
de 0 a 100%).
De acordo com Abel et al. (1984), cada sessão de sensibilização velada dura
10 a 15 minutos.

IV. Saciedade Masturbatória

Essa técnica destina-se a eliminar a excitação sexual aberrante fazendo com


que o paciente se masturbe até o orgasmo usando fantasias não-aberrantes. Depois
da ejaculação, o paciente é instruído a se masturbar com suas fantasias aberrantes
preferidas por períodos que variam de 30 a 60 minutos (Maletzky, 1997). Abel et al.
Recomendam o uso da técnica que emparelha a “tarefa aversiva e altamente
entediante de se masturbar por 55 minutos depois do orgasmo” (pág. 12). Eles
propõem os seguintes passos:

1. Pede-se ao paciente para estimar o tempo usual necessário para atingir o


clímax durante a atividade sexual.
2. São acrescentados dois minutos ao tempo estimado, e esse passa a ser o
tempo de alternância, ou tempo de mudar da masturbação para uma
fantasia não-aberrante, para a masturbação, para uma fantasia aberrante.
Para a maioria dos pacientes, o ponto de alternância é entre 7 a 10
minutos.
3. O paciente continua com a desagradável tarefa de se masturbar com
fantasias aberrantes por um período que não exceda 60 minutos.

As sessões são realizadas pelo paciente na privacidade de sua casa e


espera-se que ele grave essas sessões com fita magnética. Ele é instruído a
verbalizar suas fantasias, começando com as fantasias não-aberrantes e, depois do
ponto de alternância, as fantasias aberrantes. As fitas são entregues ao terapeuta
que pode verificar aleatoriamente a conformidade. Abel et al. (1984) recomendam 20
sessões em um período de semanas.
Existe mais debate sobre o componente efetivo da saciedade Masturbatória.
Alguns autores argumentam que o aspecto aversivo é essencial, enquanto outros
acreditam que a saciedade é, realmente, a parte crítica do procedimento (Laws,
1995). O tédio também pode ser implicado na eficácia da saciedade Masturbatória.
V. Recondicionamento Orgásmico

O recondicionamento Orgásmico é uma das técnicas designadas a ampliar a


excitação com estímulos apropriados (por exemplo, parceiros adultos
heterossexuais e/ou homossexuais) emparelhando os estímulos apropriados com o
orgasmo. Às vezes também é denominado masturbação dirigida, treinamento de
masturbação e recondicionamento masturbatório.
Atualmente, existem quatros formas distintas de recondicionamento
masturbatório: (a) desvio temático; (b) alternação de fantasias; (c) masturbação
dirigida; (d) saciedade. A saciedade foi analisada a cima, com os procedimentos
para reduzir a excitação aberrante.
Kremsdorf et al. (1980) modificaram o procedimento de desvio temático e
desenvolveram o que hoje se chama masturbação dirigida. Essa modificação exclui
o uso de fantasia aberrante no treinamento masturbatório; o paciente é solicitado a
se masturbar exclusivamente com fantasias não-aberrantes. Kremsdorf et al.
Sugeriram que a inclusão de fantasias aberrantes poderia impedir o tratamento,
embora nenhum estudo documente essa afirmação.

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