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Alexandre Paciencia Bernardes

Esquema Completo de Proteção


Diferencial de Transformadores para
Testes em um Relé Digital

Dissertação apresentada à Escola de


Engenharia de São Carlos, da
Universidade de São Paulo, como
parte dos requisitos para obtenção do
Título de Mestre em Engenharia
Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Mário Oleskovicz

São Carlos
2006
A minha mulher Jesiane, pelo amor e
incentivo infinitos.
ii

AGRADECIMENTOS

Ao professor Mário Oleskovicz, pela excelente orientação, pela atenção dispensada,


apoio, incentivo e amizade a todos os momentos.
Ao professor Denis Vinicius Coury, por ter-me dado voto de confiança para que eu
realizasse o mestrado e também pela atenção concedida.
Aos amigos e colegas da pós-graduação, Daniel, Silvio, Luiz, Odilon, Wesley,
Rodrigo e Marco Aurélio, dentre outros, pela amizade e auxílio valiosos.
A todos os professores e funcionários do Departamento de Engenharia Elétrica, que
de algum modo colaboraram durante a minha permanência nesta universidade.
Ao Departamento de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) – Universidade de São Paulo (USP).
Ao Laboratório de Sistemas de Energia Elétrica – LSEE, pela acomodação e
equipamentos disponíveis usados para desenvolver esse trabalho.
A Schweitzer Engineering Laboratories, Comercial Ltda. - SEL, Campinas - SP,
Brasil, devido à parceria firmada com a EESC – USP, o que veio a possibilitar e a viabilizar
esta pesquisa e, especialmente, ao Engenheiro Ricardo Abboud pelo imprescindível apoio
técnico e pessoal no decorrer dos trabalhos.
Ao amigo Murilo da Silva pelo estímulo, apoio e dedicação.
A minha mulher Jesiane, pelo seu amor, presença, compreensão, companheirismo e
incentivo.
Aos meus pais Adriano e Ana Maria pela minha vida e amor.
A Deus pela minha vida e famílias.
iii

SUMÁRIO

SUMÁRIO ..................................................................................................... iii


LISTA DE FIGURAS .................................................................................... v
LISTA DE TABELAS .................................................................................. xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................. xii
LISTA DE SÍMBOLOS .............................................................................. xiv
RESUMO ..................................................................................................... xvi
ABSTRACT ................................................................................................ xvii

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 1
2. A PROTEÇÃO DIFERENCIAL ............................................................. 3
2.1. O relé diferencial percentual .................................................................................... 4
2.2. Causas do surgimento de correntes diferenciais indesejadas ................................... 8
2.2.1. Correntes de magnetização (inrush) ................................................................ 9
2.2.2. Remoção de faltas próximas ao transformador ............................................. 13
2.2.3. Sobreexcitação do transformador .................................................................. 13
2.2.4. Saturação dos transformadores de corrente ................................................... 14
2.2.5. Rejeição de carga ........................................................................................... 15
3. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO .............................................. 17
4. O SISTEMA ELÉTRICO EM ANÁLISE ............................................ 22
4.1. Um breve histórico do programa ATP ................................................................... 22
4.2. O sistema modelado ............................................................................................... 23
4.2.1. O modelo do transformador principal ........................................................... 24
4.2.2. Transformadores de medição ........................................................................ 26
4.2.3. O arquivo de dados para o ATP..................................................................... 28
4.3. Situações de faltas aplicadas .................................................................................. 32
4.4. O Arquivo COMTRADE ....................................................................................... 48
iv

5. METODOLOGIA E RESULTADOS OBSERVADOS ....................... 56


5.1. Metodologia aplicada ............................................................................................. 56
5.2. Resultados observados ........................................................................................... 59
6. CONCLUSÕES FINAIS ........................................................................ 79
6.1. Sugestões para a continuidade do trabalho ............................................................ 80
6.2. Participações em eventos científicos ...................................................................... 80
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 82

APÊNDICE A ............................................................................................... 86
APÊNDICE B ............................................................................................... 90
ANEXO ......................................................................................................... 95
v

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Esquema da proteção diferencial percentual aplicada a um transformador


monofásico. ........................................................................................................... 4
Figura 2. Característica de atuação da proteção diferencial percentual. ................................ 7
Figura 3. Amplitudes das correntes de inrush e nominal..................................................... 11
Figura 4. Modelo do sistema elétrico utilizado no ATP. ..................................................... 23
Figura 5. Modelo do transformador monofásico empregado – ATP. .................................. 24
Figura 6. Detalhe das conexões dos enrolamentos............................................................... 25
Figura 7. Detalhe da ligação triângulo-estrela aterrado. ...................................................... 25
Figura 8. Partição do enrolamento primário do transformador em 10, 50 e 80%................ 26
Figura 9. Detalhe das ligações do transformador principal e TC's ...................................... 28
Figura 10. Curva de saturação do transformador de potência do sistema elétrico............... 31
Figura 11. Curva de saturação dos transformadores de corrente do sistema elétrico .......... 32
Figura 12. Condição de energização com tensão de 112,7kV e fechamento em 80,52ms na
fase A, 82,52ms na fase B e 84,52ms na fase C com ângulo incidência da falta de
0º. ........................................................................................................................ 36
Figura 13. Componentes harmônicas da corrente secundária do TC (fase C), com referência
ao primário do transformador de potência, quando da condição de energização.
............................................................................................................................. 37
Figura 14. Condição de energização seguida de falta interna, tensão de 112,7kV,
fechamento em 80,52ms na fase A e falta aplicada a 82,52ms com âng. inc. de
0º. ........................................................................................................................ 37
Figura 15. Componentes harmônicas da corrente secundária do TC (fase C), com referência
ao primário do transformador de potência, quando da condição de energização
seguida de falta.................................................................................................... 38
Figura 16. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do
transformador de potência, tensão de 112,7 kV, sob condição de falta interna em
10% do enrolamento (delta) e carga de 10 MVA conectada em estrela com âng.
inc. da falta de 0º................................................................................................. 38
Figura 17. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência, tensão de 13,8 kV, sob condição de falta interna em
vi

10% do enrolamento (delta) e carga de 10 MVA conectada em estrela com âng.


inc. da falta de 0º................................................................................................. 39
Figura 18. Componentes harmônicas da corrente do secundário do TC, fase A, quando da
condição de falta interna em 10% do enrolamento (delta) e carga de 10MVA
conectada em estrela com âng. inc. da falta de 0º............................................... 39
Figura 19. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do
transformador de potência (112,7 kV), sob condição de falta interna em 10% do
enrolamento (estrela) e carga média de 10 MVA conectada em delta com âng.
inc. da falta de 0º................................................................................................. 40
Figura 20. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), condição de falta interna em 10% do
enrolamento (estrela) e carga média de 10 MVA conectada em delta com âng.
inc. da falta de 0º................................................................................................. 40
Figura 21. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do
transformador de potência (112,7 kV), sob condição de falta interna em 25% do
enrolamento (estrela) e carga leve conectada em delta com âng. inc. da falta de
0º. ........................................................................................................................ 41
Figura 22. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 25% do
enrolamento (estrela) e carga leve conectada em delta com âng. inc. da falta de
0º. ........................................................................................................................ 41
Figura 23. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do
transformador de potência (112,7 kV), sob condição de falta interna em 25% do
enrolamento (estrela) e carga pesada conectada em delta com âng. inc. da falta de
0º. ........................................................................................................................ 42
Figura 24. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 25% do
enrolamento (estrela) e carga pesada conectada em delta com âng. inc. da falta de
0º. ........................................................................................................................ 42
Figura 25. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do
transformador de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 80% do
vii

enrolamento (estrela) e carga de 10MVA conectada em estrela com âng. inc. da


falta de 0º............................................................................................................. 43
Figura 26. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 80% do
enrolamento (estrela) e carga de 10 MVA conectada em estrela com âng. inc. da
falta de 0º............................................................................................................. 43
Figura 27. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao primário do
transformador de potência sob condição de falta externa na linha de distribuição
com âng. inc. da falta de 0º. ................................................................................ 44
Figura 28. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência sob condição de falta externa ocorrida na linha de
distribuição e âng. inc. da falta de 0º. ................................................................. 44
Figura 29. Gráfico das componentes harmônicas da corrente do secundário do TC, com
referência ao primário do transformador de potência, fase A, na condição de falta
externa à linha de distribuição e âng. inc. da falta de 0º. .................................... 45
Figura 30. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao primário do
transformador de potência, na condição de saturação do TC secundário, ocorrida
devido a uma falta externa próxima ao transformador de potência com âng. inc.
da falta de 0º........................................................................................................ 45
Figura 31. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência, na condição de saturação do TC secundário, ocorrida
devido a uma falta externa próxima ao transformador de potência com âng. inc.
da falta de 0º........................................................................................................ 46
Figura 32. Componentes harmônicas da corrente do secundário do TC com referência ao
secundário do transformador de potência, fase A, quando da condição de
saturação do TC devido a uma falta externa próxima ao transformador de
potência. .............................................................................................................. 46
Figura 33. Valores de corrente do secundário do TC , fase A, com referência ao primário do
transformador de potência, devido condição de sobreexcitação de 140% da
tensão, estando o sistema em regime com uma carga de 10 MVA..................... 47
viii

Figura 34. Componentes harmônicas da corrente do secundário do TC, com referência ao


primário do transformador de potência, fase A, devido condição de
sobreexcitação de 140% da tensão, estando o sistema em regime com carga de
10 MVA. ............................................................................................................. 47
Figura 35. Exemplo do arquivo .HDR referente a uma aplicação de falta interna a 10% do
enrolamento A-B com conexão delta-estrela e âng. inc. da falta de 0º............... 50
Figura 36. Exemplo do arquivo .CFG de uma aplicação de falta interna com conexão delta-
estrela em 10% do enrolamento A-B com âng. inc. da falta de 0º...................... 53
Figura 37. Estrutura do arquivo .DAT. ................................................................................ 54
Figura 38. Exemplo do arquivo .DAT de uma aplicação de falta interna com conexão delta-
estrela em 10% do enrolamento A-B com âng. inc. da falta de 0º...................... 55
Figura 39. Seqüência de eventos caracterizando a metodologia aplicada. .......................... 57
Figura 40. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente
posição do sistema de proteção para a situação de energização do transformador
principal a vazio, com proteção por bloqueio comum das componentes de 2ª
harmônica............................................................................................................ 61
Figura 41. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente
posição do sistema de proteção para a situação de energização do transformador
principal a vazio, com proteção por bloqueio independente das componentes
harmônicas de segunda ordem. ........................................................................... 62
Figura 42. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente
posição do sistema de proteção para a situação de energização do transformador
principal a vazio, com proteção por restrição. .................................................... 62
Figura 43. Correntes diferenciais observadas pelos TC's com a conseqüente posição do
sistema de proteção para a situação de energização do transformador principal a
vazio. ................................................................................................................... 63
Figura 44. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente
posição do sistema de proteção para a situação de energização com falta no
secundário (estrela) do transformador, com proteção por bloqueio comum das
componentes de segunda harmônica................................................................... 65
ix

Figura 45. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente


posição do sistema de proteção para a situação de energização com falta no
secundário (estrela) do transformador principal a vazio, com proteção por
bloqueio independente das componentes de segunda harmônica. ...................... 65
Figura 46. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente
posição do sistema de proteção para a situação de energização com falta no
secundário (estrela) do transformador principal a vazio, com proteção por
restrição. .............................................................................................................. 66
Figura 47. Oscilografia das correntes observadas nos TC’s com a conseqüente posição do
sistema de proteção para uma falta interna, aplicada a 10% do enrolamento
(delta), carga média de 10 MVA sendo conectada em estrela. ........................... 67
Figura 48. Oscilografia das correntes diferenciais observadas nos TC’s com a conseqüente
posição do sistema de proteção para uma falta interna, aplicada a 10% do
enrolamento (delta), carga média de 10MVA sendo conectada em estrela. ....... 67
Figura 49. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 10% do enrolamento (estrela), carga média de 10 MVA sendo
conectada em delta e função “falta terra restrita” habilitada............................... 68
Figura 50. Oscilografia das correntes diferenciais observadas nos TC´s com a conseqüente
posição do sistema de proteção para uma falta interna, aplicada a 10% do
enrolamento (estrela), carga média de 10 MVA sendo conectada em delta e
função “falta terra restrita” habilitada. ................................................................ 69
Figura 51. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga conectada em delta,
carga pesada e função falta terra restrita habilitada. ........................................... 70
Figura 52. Correntes observadas nos TC´s com a conseqüente posição do sistema de
proteção para uma falta interna, aplicada a 80% do enrolamento (estrela) do
transformador carga média de 10MVA conectada em estrela. ........................... 71
Figura 53. Correntes diferenciais observadas nos TC´s com a conseqüente posição do
sistema de proteção para uma falta interna, aplicada a 80% de um enrolamento
(estrela) do transformador................................................................................... 71
x

Figura 54. Correntes observadas nos TC´s com a conseqüente posição do sistema de
proteção para uma falta externa, caracterizada na linha de distribuição............. 72
Figura 55. Correntes diferenciais observadas nos TC´s com a conseqüente posição do
sistema de proteção para uma falta externa, aplicada na linha de distribuição... 73
Figura 56. Oscilografia de uma falta externa aplicada próxima ao TC do lado secundário do
transformador de potência com saturação do mesmo. ........................................ 74
Figura 57. Correntes diferenciais observadas nos TC´s de uma falta externa aplicada
próxima ao TC do lado secundário do transformador de potência com saturação
do mesmo. ........................................................................................................... 75
Figura 58. Oscilografia de uma condição de sobreexcitação, com 140% de tensão e sistema
em regime normal. .............................................................................................. 76
Figura 59. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 20% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em
estrela com a “função falta terra restrita” habilitada........................................... 90
Figura 60. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga leve e conectada em
estrela com a função “falta terra restrita” habilitada........................................... 91
Figura 61. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em
estrela com a função “falta terra restrita” habilitada........................................... 91
Figura 62. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 10% do enrolamento (delta), carga média de 10 MVA sendo
conectada em delta com a função “falta terra restrita” desabilitada. .................. 92
Figura 63. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 15% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em
delta com a função “falta terra restrita” habilitada.............................................. 92
Figura 64. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga leve e conectada em
delta com a função “falta terra restrita” habilitada.............................................. 93
xi

Figura 65. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 30% do enrolamento (estrela), carga leve e conectada em
delta com a função “falta terra restrita” habilitada.............................................. 93
Figura 66. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 30% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em
delta com a função “falta terra restrita” habilitada.............................................. 94
Figura 67. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta
interna, aplicada a 50% do enrolamento (estrela), carga média de 10 MVA e
conectada em delta com a função “falta terra restrita” habilitada....................... 94
xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Conteúdo harmônico das correntes de energização ............................................. 12


Tabela 2. Conteúdo das harmônicas da corrente de excitação durante a sobreexcitação do
banco de transformadores ................................................................................... 14
Tabela 3. Dados de tensão e corrente para a rotina SATURATION ................................... 31
Tabela 4. Divisão do enrolamento primário, Triângulo, em 10, 50 e 80% na aplicação de
faltas internas com conexão delta-estrela aterrada.............................................. 33
Tabela 5. Divisão do enrolamento secundário, Estrela, em 80, 50 e 10% na aplicação de
faltas internas com conexão delta-estrela aterrada.............................................. 34
Tabela 6. Divisão de enrolamento secundário, Estrela, de 5% a 40%, com passos de 5%, na
aplicação de faltas internas com conexão delta-estrela aterrada, para testes em
carga leve, média ou pesada na ligação em estrela e delta.................................. 34
Tabela 7. Resumo das situações aplicadas no trabalho........................................................ 77
xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATP - Alternative Transient Program


EMTP - Electromagnetic Transients Program
LEC - Leuven EMTP Center
BPA - Bonneville Power Administration
EPRI - Electric Power Researched Institute
IEEE - Institute for Electric and Electronic Engineer
COMTRADE - Common Format for Transient Data Exchange for Power Systems
.HDR - Arquivo tipo cabeçalho, necessário para o arquivo COMTRADE
.CFG - Arquivo tipo configuração, necessário para o arquivo COMTRADE
.DAT - Arquivo tipo dados, necessário para o arquivo COMTRADE
TC - Transformador de Corrente
.PL4 - Arquivo de saída do ATP, tipo ASCII
.LIS - Arquivo de saída do ATP, tipo ASCII
ASCII - American Standard Code for Information Interchange
SATURATION - Rotina de geração da curva de saturação do transformador do ATP
CHESF - Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - MG
CIGRE - Grupo de Trabalho em “Digital Protection Techniques and Substation Functions”.
CPFL - Companhia Paulista de Força e Luz
CTR1 - Ajuste da relação de TC de alta
CTR2 - Ajuste da relação de TC de baixa
TAP1 - Ajuste do tape da alta
TAP2 - Ajuste do tape da baixa
O87P - Ajuste do pick-up elemento diferencial
SLP1 - Ajuste da primeira inclinação
SLP2 - Ajuste da segunda inclinação
IRS1 - Ajuste do ponto de transição inclinação
U87P - Ajuste do elemento diferencial instantâneo
32IF1 - Corrente residual de neutro
PCT2 - Ajuste do bloqueio 2º harmônico
PCT4 - Ajuste do bloqueio 4º harmônico
xiv

PCT5 - Ajuste do bloqueio 5º harmônico


REF - Restrict Earth Fault (falta a terra restrita)
87O1 - Partida (pickup) individual do elemento diferencial da fase A;
87R - Elemento diferencial com restrição;
87U - Elemento diferencial sem restrição (instantâneo);
TRIP1 - Comando individual de disparo (87R ou 87U) da fase A;
87BL1 - Bloqueio individual da proteção diferencial da fase A;
2HB1 - Bloqueio individual por 2º harmônica da fase A;
4HBL - Bloqueio comum por 4º harmônica;
5HB1 - Bloqueio individual por 5º harmônica da fase A;
IOP1 - Corrente diferencial de operação da fase A;
IRT1 - Corrente diferencial de restrição da fase A;
I1F2 - Corrente de 2º harmônica da fase A;
I1F5 - Corrente de 5º harmônica da fase A;
IRT1 - Corrente de restrição calculada.
HRSTR - Função de restrição.
xv

LISTA DE SÍMBOLOS

N1 - Número de espiras do primário do transformador

N2 - Número de espiras do secundário do transformador

n1 - Número de espiras do secundário do transformador de corrente no primário do


transformador de potência
n2 - Número de espiras do secundário do transformador de corrente no secundário do
transformador de potência
i1P - Corrente primária do transformador de corrente no primário do transformador de
potência
i2 S - Corrente primária do transformador de corrente no secundário do transformador de

potência
i1S - Corrente secundária do transformador de corrente no primário do transformador de

potência
i2 P - Corrente secundária do transformador de corrente no secundário do transformador
de potência
R - Elemento de sobrecorrente
id - Corrente diferencial

ir - Corrente de restrição
K - Corrente mínima de operação
K’ - Inclinação percentual da característica diferencial
ipu - Corrente mínima de pickup
v1 - Tensão no enrolamento primário do transformador de potência

r1 - Resistência do enrolamento primário do transformador de potência


.i0 - Corrente a vazio

l1 - Comprimento do enrolamento primário do transformador de potência


φ - Fluxo de dispersão
V1m - Tensão no instante da energização t = 0

φ0 - Fluxo residual no instante t = 0


xvi

φm - Fluxo na energização
w -Velocidade angular
t - Tempo
α - Ângulo que define a tensão V1m

φ pico - Fluxo de pico produzido pela corrente a vazio i0

ir - Corrente de inrush
in - Corrente normal de regime permanente

Δ - Conexão delta
Y - Conexão estrela
R0 - Resistência de seqüência zero

R+ - Resistência de seqüência positiva


L0 - Indutância de seqüência zero

L+ - Indutância de seqüência positiva


S - Potência aparente
U - Tensão do sistema
Z - Impedância
R - Resistência
L - Indutância
xvii

RESUMO

BERNARDES, A. P. (2006). Um Esquema Completo de Proteção Diferencial de


Transformadores para Testes em um Relé Digital. São Carlos, 2006. 90p. Dissertação
(Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

Este trabalho apresenta um procedimento completo de simulação da proteção digital


diferencial aplicada a transformadores de potência, visando o emprego deste à avaliação do
comportamento de relés comercialmente disponíveis.
Foi escolhido o software ATP (Alternative Transients Program) como ferramenta
para a simulação de distintas situações sobre um sistema diferencial de proteção aplicado a
um transformador de 25 MVA. Dentre as ocorrências evidenciadas, destacam-se: situações
de faltas internas, faltas externas, situações de energização e energização com falta interna
do transformador, condição de sobreexcitação e de saturação de TC (Transformador de
Corrente).
Cabe comentar que das simulações a real caracterização sobre o relé em teste, fez-se
necessário todo um pré-processamento e análise da informação que será convenientemente
abordada e justificada no trabalho apresentado, denotando-se um procedimento comum de
teste a ser adotado a esta filosofia de proteção.
A metodologia e esquema prático adotado trazem uma contribuição importante para
a análise laboratorial de modelagens e simulações aplicadas a relés de proteção presentes
no mercado e contribui de maneira substancial para os estudos teóricos de possíveis
soluções para limitações eventualmente encontradas.

Palavras-chaves: Transformador de Potência; Transformador de Corrente; Proteção


Diferencial; ATP; Corrente de Inrush; Relé Digital.
xviii

ABSTRACT

BERNARDES, A. P. (2006). A Complete Model of Differential Protection of Transformers


for Tests in a Digital Relay. São Carlos, 2006. 90p. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

This dissertation presents a complete procedure of simulation of digital differential


protection applied to power transformers, focusing on its use to evaluate of the behavior of
commercially available relays.
Software ATP (Alternative Transients Program) was chosen as a tool for the
simulation of distinct situations in a differential protection system applied to a 25 MVA
three-phase transformer. Amongst the evidenced occurrences internal and external fault
conditions, energization with or without internal fault of a three-phase transformer,
overexcitation and CT (Current Transformer) saturation conditions were distinguished.
It should be mentioned that from simulations to the characterization the real
situations on the relay in test, a pre-processing and analysis of the information were
necessary, and will be justified in the present study, denoting a common test procedure to
be adopted to this philosophy of protection.
The methodology and practical model adopted bring an important contribution to
the laboratorial analysis of modeling and simulations applied to protection relays in the
market and contribute in an essential way to the theoretical studies of possible solutions for
limitations to be found.

Keywords: Power Transformer; Current Transformer; Differential Protection; ATP; Inrush


Current; Digital Relay.
1

1. INTRODUÇÃO

De fato, temos que os transformadores são equipamentos que requerem cuidados


especiais tanto de manutenção, quanto de operação, devido à sua importância para o
sistema elétrico como um todo, ao qual estão conectados.
Para a proteção contra faltas internas ao transformador, convencionalmente utiliza-
se do conhecido esquema de proteção diferencial, pelo qual se realiza a comparação entre
os sinais de correntes registrados na entrada e saída do equipamento. Destas grandezas, a
partir de parâmetros predeterminados, decide-se pelo desligamento do mesmo mediante a
situação de falta caracterizada.
Neste trabalho utilizou-se o software ATP (Alternative Transients Program)
(DOMMEL, 1984 e ATP-Rule Book, 1987) para a modelagem real de um sistema elétrico
de potência contendo, entre outros elementos, um transformador de potência de 25 MVA e
seus Transformadores de Correntes (TC’s) associados. Cabe comentar que o ATP permite
uma representação detalhada dos diversos componentes desejáveis a esta aplicação, além da
caracterização de diversas condições de operações e situações que possam vir a afetar os
mesmos.
Sobre a modelagem em específico, conforme será relatado posteriormente, foram
realizadas diversas simulações de prováveis situações que o relé diferencial poderá
experimentar em campo. Tais situações caracterizam faltas internas, faltas externas
próximas ao transformador e na linha de distribuição, condição de energização e desta,
seguida de uma situação de falta interna, condição de sobreexcitação e de saturação de
TC’s, as quais vêm a permitir a observação do comportamento do relé diferencial
empregado.
Neste contexto, esse trabalho apresenta uma metodologia contemplando a simulação
dos sinais observáveis por um relé diferencial comercial aplicado à proteção de um
2

determinado transformador nas situações descritas. Para a conseqüente utilização desta em


testes de relés de proteção encontrados na prática, um esquema completo de laboratório foi
montado para a geração dos dados mencionados, que formatados ao padrão COMTRADE
(IEEE standard C37_111_1991) são direcionados à caixa de testes e injetados em relés
comerciais para avaliação da sua operação.
3

2. A PROTEÇÃO DIFERENCIAL

Ao longo do tempo, diversas filosofias de proteção foram desenvolvidas de forma a


evitar condições anormais de funcionamento dos sistemas de potência. No caso dos
transformadores, o principal método aprimorado foi o da proteção diferencial, onde o
dispositivo de proteção compara as correntes que entram e saem do equipamento ou
sistema protegido, conforme evidenciam HOROWITZ e PHADKE (1992). Tem-se então
que, durante a disposição do transformador ao sistema elétrico de potência, as formas de
onda de corrente no primário e secundário do mesmo são constantemente monitoradas. Para
a aquisição destas grandezas elétricas, utiliza-se de Transformadores de Corrente (TC’s)
acoplados em série como os ramos primário e secundário do transformador. Desta maneira,
as correntes registradas terão formas de onda semelhantes às das correntes do
transformador sob proteção, a menos da relação de transformação. Estes sinais são então
transferidos para o relé, cuja função é analisá-las e, na situação de falta, desligar o
transformador do sistema caso a corrente diferencial que o atravesse seja maior que um
limiar (pickup) estipulado.
Em condições normais de funcionamento do transformador, as correntes dos lados
primário e secundário serão praticamente iguais após a passagem pelos TC’s, a menos de
uma pequena diferença considerada esperada. Nestes casos, em função da filosofia de
proteção empregada, o relé estabelece que não haja nenhum problema ocorrendo na região
considerada, região esta delimitada pelos TC’s empregados.
No caso de uma falta interna ao transformador, haverá um desbalanceamento destes
sinais e a diferença entre a corrente primária e secundária torna-se significativa,
sensibilizando o relé, que por sua vez, enviará um comando de operação ao disjuntor
associado (condição de trip) com a finalidade de isolar o transformador do sistema como
um todo.
4

Neste contexto, é esperado que o relé atue somente para os casos de ocorrência de
faltas internas ao transformador. Desta maneira, o relé deverá permanecer em bloqueio
permitindo a operação normal do sistema nas situações de falta externa ao transformador,
nas condições de sobreexcitação (tensão observada a níveis superiores a nominal) e nos
casos de energização (manobra que provoca as correntes de inrush, que são transitórias,
mas de elevadíssima amplitude). Cabe salientar que todas estas situações (faltas externas,
sobreexcitação, energização e saturação de TC) irão acusar níveis de correntes diferenciais
indesejáveis à proteção diferencial. Medidas paliativas a estas situações bem como uma
maior explanação das mesmas serão apresentados no seguimento deste.

2.1. O relé diferencial percentual

Historicamente, a proteção diferencial tem sido constantemente abordada


evidenciando o surgimento de vários esquemas que seguem os princípios básicos da
filosofia, como por exemplo, a proteção diferencial percentual (CAMINHA, 1977;
PHADKE e THORP, 1988 e HOROWITZ e PHADKE, 1992).
Com a proteção diferencial percentual, introduziu-se o conceito da “bobina de
retenção”, sendo esta prática percentual comumente aplicada para a proteção de
transformadores de potência com capacidade superior a 2,5 MVA (Figura 1).
O esquema de proteção diferencial percentual, conforme encontrado e difundido na
literatura consultada (PHADKE e THORP, 1988 ; HOROWITZ e PHADKE, 1995 ;
COURY, 2004), é ilustrado na Figura 1, a seguir:

Figura 1. Esquema da proteção diferencial percentual aplicada a um transformador monofásico.


5

O esquema mostra também a conexão dos TC’s acoplados aos ramos primário e
secundário. Neste, N1 : N 2 é a relação de transformação entre o primário e o secundário do

transformador protegido, e 1 : n1 e 1 : n2 são as relações de transformação entre as correntes


dos ramos e as correntes dos secundários dos TC’s respectivamente.
Em condições normais de operação e em caso de faltas externas, as correntes i1S e

i2 S (correntes do secundário dos TC’s) serão iguais, desde que N1 / N 2 = n2 / n1 .

Normalmente N1 ≠ N 2 , significando que para condições normais de operação


i1P ≠ i2 P . Porém se utilizarmos TC’s que possuam relação de tapes, estes devem obedecer à
igualdade N1 / N 2 = n2 / n1 e as correntes i2 S e i1S terão a mesma magnitude. Logo, se

definirmos a corrente diferencial (ou corrente de operação), i d , como sendo:

id = i1S − i2 S (1)

então, para a condição normal de operação, esta corrente diferencial será nula. Já no caso de
faltas internas, a corrente diferencial torna-se significativa, sensibilizando o elemento de
sobrecorrente “R” (Figura 1). Desta lógica, a corrente diferencial i d poderá ser utilizada

como medida para a corrente de falta.


Para os casos em que N1 / N 2 ≠ n2 / n1 , o relé diferencial deverá ser provido de
múltiplos tapes para a medição das correntes do primário e do secundário do transformador,
o que irá fornecer um meio de correção para a diferença esperada entre as correntes dos
secundários dos TC’s. No caso dos relés digitais temos ajustes contínuos para os tapes, o
que permite anular totalmente a diferença entre as correntes secundárias devido à
desigualdade N1 / N 2 ≠ n2 / n1 .
Vale comentar que a aplicação da proteção diferencial percentual de corrente, faz
com que o relé não seja sensibilizado por pequenas correntes diferenciais, já que as suas
bobinas de retenção ou de “restrição” serão percorridas por uma média das correntes
passantes.
(i1S + i2 S )
ir = . (2)
2
Além desta média das correntes analisadas, a proteção diferencial percentual também
objetiva a fornecer um fino ajuste considerando os eventuais erros proporcionados pelas
6

diferentes relações de transformação dos TC’s de medição e do transformador sob proteção,


bem como de prováveis erros em função das características construtivas destes
equipamentos. Todos estes prováveis erros serão considerados adotando-se um determinado
limiar ou valor de pickup para a operação do relé, sendo condicionados a um determinado
fator “ K ” que indicará a declividade da curva de operação, determinado em função dos
erros intrínsecos aos sinais analisados.
De uma determinada margem de segurança definida em função da corrente
diferencial, o relé deverá atuar respeitando a relação abaixo fornecida.
id ≥ i pu (3)

id ≥ K .(i1S + i2 S ) / 2 (4)

id ≥ K .ir (5)

Onde, ipu representa a corrente mínima de operação e K representa a inclinação percentual


da característica diferencial. Assim, pequenas correntes diferenciais podem ser observadas
sem que o relé seja sensibilizado sobre as mesmas. Portanto, podemos afirmar que a
corrente diferencial (ou de operação), i d , deverá ser maior ou igual que uma percentagem

da corrente de restrição, ir para indicar com uma maior precisão a situação de trip acusada
pelo relé, conforme a equação (5).
A Figura 2 representa a característica do relé diferencial percentual, mostrando sua
região de operação (trip) e não operação, conforme ilustrada em HOROWITZ e PHADKE,
1992 e GUZMÁN et. al., 2001.
7

Figura 2. Característica de atuação da proteção diferencial percentual.

A inclinação da curva, ou seja, o ajuste percentual de atuação do relé é utilizado


para determinar o nível de corrente no qual o relé irá atuar. Estas percentagens (inclinações)
são definidas por fatores como relação de transformação, erros dos TC’s e mudanças nos
tapes do transformador conforme anteriormente já evidenciadas. Estes valores de K são
geralmente expressos em percentagens, com valores típicos de 10, 20 e 40%. Destas
inclinações, comenta-se que um relé ajustado a uma inclinação de 10% será muito mais
sensível do que um relé ajustado à inclinação de 40%, dado a maior abrangência da sua
situação de operação (trip) (Figura 2).
Com relação ao valor da corrente inicial mínima (pickup, ipu) (Figura 2), necessita-
se de um pequeno ajuste inicial a ser parametrizado no relé, para evitar a operação deste
devido a pequenas correntes diferencias referente às imprecisões nos TC’s. Uma outra
característica é o deslocamento desse patamar sempre quando o algoritmo implementado
detectar uma situação de tolerância, como por exemplo, uma sobreexcitação ou uma falta
externa, a qual pode saturar o TC. Este patamar é deslocado acima do valor estipulado, para
evitar a operação (trip) desnecessária do relé.
8

A necessidade deste deslocamento será apontada pelo monitoramento das


componentes harmônicas ainda a ser apresentado.
Como uso prático, é comum o emprego de duas diferentes inclinações, sendo que a
primeira inclinação é mais sensível e utilizada para baixas correntes de carregamento, já
que o erro introduzido pelos TC’s é menor. A segunda inclinação é menos sensível e usada
para altas correntes. O objetivo dessa segunda inclinação é acomodar os maiores erros
introduzidos pelos TC’s devido às altas correntes de carga e possíveis saturações em
condições de faltas externas (GUZMÁN et. al., 2001).

2.2. Causas do surgimento de correntes diferenciais indesejadas

Certos tipos de manobras operacionais nos transformadores podem causar o


aparecimento de correntes diferenciais, que não de defeito, mas que podem sensibilizar a
proteção diferencial. Entretanto, em algumas dessas situações, não se deseja que a proteção
desative o sistema, pois as mesmas não constituem faltas internas ao transformador. Assim,
torna-se necessário um estudo sobre estes tipos de manobras no sentido da sensibilização
destas à proteção diferencial do transformador, para que se possa distinguir entre a atuação
ou não da proteção caracterizada. Abaixo, citam-se algumas dessas situações que serão
posteriormente comentadas:
• Corrente de magnetização (corrente de “inrush”) durante a energização do
transformador;
• Sobreexcitação do transformador;
• Corrente de magnetização em decorrência da remoção de falta próxima ao
transformador;
• Saturação de TC’s devido às altas correntes que o percorrem;
• Rejeição de carga.

No que segue, serão comentados alguns destes tipos de manobras que podem
provocar o aparecimento de correntes diferenciais significativas a ponto de sensibilizar a
corrente diferencial e originar uma operação incorreta do sistema de proteção.
9

2.2.1. Correntes de magnetização (inrush)

Este tipo de transitório surge durante a energização do transformador devido à


magnetização e a saturação do seu núcleo. Sua magnitude é definida pela inclinação da
característica de magnetização na região saturada.
Como fato temos que, durante a energização, o transformador encontra-se a vazio,
isto é, seu lado secundário está desconectado do restante do circuito (sem carga). Assim, a
corrente deste lado é nula, enquanto que a corrente primária é elevada devido à
energização. Por esta situação o relé poderá ser sensibilizado, causando uma indevida
operação. Este efeito transitório pode persistir por vários segundos até a condição de regime
permanente ser alcançada e causar uma desnecessária operação do relé pela filosofia da
proteção diferencial adotada. Logo, para evitar operações desnecessárias pela corrente de
magnetização, os relés devem ser projetados com uma reduzida sensibilidade para a
corrente transitória de inrush.
O fenômeno da corrente de magnetização, ou corrente de inrush durante a
energização dos transformadores tem sido ponto de estudo nos projetos e desenvolvimentos
da proteção diferencial aplicados a sistemas de potência, tanto na distribuição como na
transmissão (LING.e BASAK, 1988, 1989 ; LIN et. al., 1993 ; STIGANT e LACEY,
1929). Como observado na literatura (LING.e BASAK, 1988), a corrente de magnetização,
na situação de regime permanente, comumente representa de 1 a 2 % da corrente nominal,
podendo, no entanto, alcançar de 10 a 20 vezes quando da energização do transformador.
Para equacionar a situação da energização de um transformador, segue-se dos
esclarecimentos apresentados por OLIVEIRA et. al. (1984, p. 8-10), onde, aplicando-se
uma tensão senoidal ao enrolamento primário do transformador, estando o secundário a
vazio, tem-se que:
di0 dφ
v1 = r1 .i0 + l1 + N1 (6)
dt dt
Sendo:
r1 .i0 = queda de tensão na resistência do primário;

di0
l1 = queda de tensão devido ao fluxo de dispersão do enrolamento primário e
dt
10


N1 = força eletromotriz induzida no primário.
dt

A solução desta equação diferencial passa pela relação existente entre o fluxo φ e a
corrente a vazio i0 , a qual evidencia a relação não-linear dada pelo ciclo de histerese. Em

função desta não-linearidade, torna-se necessário alguma aproximação para a obtenção de


i0 a partir da equação (6). Desta maneira, a solução desejada consistirá de duas partes

fundamentais:

• da solução complementar (termo transitório) e da

• solução particular (regime permanente)

O termo transitório da solução complementar representa exatamente a corrente de


magnetização (inrush), detectada pela primeira vez por Fleming em 1892 (PIOVESAN,
1997). O fenômeno observado mostrou que quando um transformador é conectado a rede,
por vezes há o aparecimento de uma grande corrente transitória de magnetização (corrente
de inrush). O efeito da referida corrente é causar momentaneamente uma queda na tensão
alimentadora e a provável atuação instantânea dos relés. Conforme apresentado por
Fleming, o valor atingido na fase transitória dependerá de dois fatores:

a) do ponto do ciclo referente à tensão, no qual a chave para a energização é fechada


e das

b) condições magnéticas do núcleo, incluindo a intensidade e a polaridade do fluxo


residual.

Considerando como primeira aproximação que os dois primeiros termos da equação


(6) podem ser desprezados, e admitindo-se que, no instante inicial do processo de
energização, a tensão da fonte passa por um valor V1m . sen α , em que α é um ângulo

qualquer cujo propósito é definir o valor da tensão da fonte no instante t = 0, tem-se que:


v1 = V1m . sen (wt + α ) = N 1 (7)
dt
11

Onde:

V1m é a tensão no instante de energização (t = 0) e

α o ângulo que define o valor da tensão.

Integrando-se a equação (7), vem:

φ = φ 0 + φ m . cos(α ) − φ m . cos(wt + α ) (8)

Sendo φ 0 o fluxo residual no instante t = 0 e φ m o fluxo na energização.

Em casos reais, o termo φ 0 + φ m . cos(α ) sofre amortecimento e após encerrado o

transitório da energização, apenas o termo φ m . cos(wt + α ) irá representar o fluxo do

núcleo.
O valor φ pico é muito elevado e, conseqüentemente, a corrente i0 necessária para

produzi-lo torna-se muito alta na energização. A Figura 3 traz a exata idéia do nível de
corrente de magnetização, comparando-a com a corrente de regime permanente, ainda que
esta tenha ocorrido no instante zero da tensão (STIGANT e LACEY, 1925), onde ir é a
corrente de inrush e i n a corrente nominal em regime permanente.

Figura 3. Amplitudes das correntes de inrush e nominal.

Dos apontamentos levantados, faz-se então necessário prover a proteção diferencial


da habilidade de distinção entre uma condição de energização e a de falta propriamente
dita. Um dos métodos utilizados para tal habilidade é baseado na restrição por componentes
harmônicos. De conhecimento, tem-se que a corrente de magnetização é rica em
12

componentes harmônicos de 2ª ordem, alcançando valores típicos acima de 16% da


componente de freqüência fundamental, e, em alguns casos, atingindo até 70% da mesma
(PIHLER et. al., 1997 ; KOLLA, 1995). Já no caso de uma real situação de falta, a menos
de um possível descaimento do componente DC, os componentes harmônicos estarão
limitados à freqüência do sistema (60 Hz). Assim, as formas de onda da corrente diferencial
podem ser analisadas pelo conteúdo presente do segundo harmônico, utilizando-se da sua
magnitude em relação a fundamental para restringir o disparo do relé nas situações de
magnetização (KOLLA e GEDEON, 1995).
De acordo com que foi colocado, é apresentada a seguir a Tabela 1, cortesia da
INEPAR (PIOVESAN, 1997), a qual caracteriza o conteúdo harmônico das possíveis
correntes de magnetização para as classes de transformadores ilustrados. Ela confirma a
forte presença do componente de 2º harmônico nas correntes de magnetização,
característica esta, amplamente empregada nos usuais sistemas de proteção como descrito
anteriormente.

Tabela 1. Conteúdo harmônico das correntes de energização

TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS
66kV 275kV 275kV, 50MVA 500kV, 1000MVA
Componentes 12MVA 150MVA 2 bancos em paralelo 2 bancos em paralelo
(%) (%) (%) (%)
Fundamental 100 100 100 100
Corr. Contínua 62 100 100 97,1
2ª 60 30,4 33,1 78
3ª 9,4 9,6 18,2 31
4ª 5,4 1,6 6,5 18
5ª 0,7 7,2 11,4

A extração de componentes de freqüência é geralmente realizada pela aplicação da


Transformada de Fourier (TF). A TF apresenta-se como um recurso matemático eficiente,
mas que não evita que o relé eventualmente confunda as situações descritas, além de
esbarrar no fato de que a ferramenta muitas vezes leva um tempo excessivo para a obtenção
dos componentes desejados (além de um ciclo). Por estas razões, justifica-se o emprego de
técnicas de Inteligência Artificial, como, por exemplo, de Redes Neurais Artificiais, Lógica
Fuzzy e Algoritmos Genéticos, entre outras.
13

2.2.2. Remoção de faltas próximas ao transformador

Quando uma falta externa e próxima ao transformador é removida, surge uma


situação similar àquela encontrada durante a energização do transformador (HOROWITZ e
PHADKE, 1995).
Como a tensão aplicada aos enrolamentos do transformador passa de um valor de
falta para um valor normal de pós-falta, o fluxo concatenado também se comporta do
mesmo modo, e, dependendo do instante no qual a falta é removida, esta transição leva à
produção de um deslocamento da componente DC no fluxo concatenado. Deste modo, as
formas de onda de corrente primária serão similares às correntes de inrush obtidas durante a
energização do transformador. Deve ser notado que como não existe fluxo remanescente no
núcleo durante este processo, essa corrente é em geral menor que durante a energização do
transformador.

2.2.3. Sobreexcitação do transformador

O fluxo de magnetização dentro do núcleo do transformador é diretamente


proporcional à tensão aplicada e inversamente proporcional à freqüência do sistema.
Condições de sobretensão e ou subfreqüência podem produzir níveis de fluxo os quais
podem a vir a saturar o núcleo do transformador (equação 9). Tais condições anormais de
operação podem ser caracterizadas em qualquer parte do sistema de potência, expondo os
equipamentos a este conectado (PIOVESAN, 1997 e GUZMÁN et. al., 2001). Observa-se
então que esta sobreexcitação reflete-se nos transformadores, por mudanças na temperatura
e aumento tanto na corrente de excitação, quanto no ruído e vibração. Destes fatos, a boa
prática recomenda que um transformador sob uma severa condição de sobreexcitação deva
ser desconectado do sistema a fim de se evitar maiores danos. Da dificuldade de controlar a
tolerância do transformador a sobreexcitação, tem-se uma condição indesejável à proteção
diferencial.
Vef = 4,44 * n * φ * f (9)

De fato, a condição de sobreexcitação acontece quando o transformador está


submetido a um valor de tensão muito superior à tensão nominal. Nesta situação, há um
comportamento não-linear das correntes ante a variação de fluxo. Como conseqüência,
14

ocorre distorções de 3º e 5º harmônicos, gerando assim um aumento nos valores de


magnetização e também um aumento na corrente diferencial que percorre o relé. A Tabela
2 mostra o conteúdo de harmônicas ímpares no sinal de corrente em um banco de
transformadores de 15kVA (três transformadores monofásicos de 5kVA), para uma
sobretensão de 150% (GUZMÁN et. al., 2001). Por esta, pode-se notar a terceira e quinta
harmônica, as quais fornecem grandezas confiáveis para detectar condições de
sobreexcitação.

Tabela 2. Conteúdo das harmônicas da corrente de excitação durante a sobreexcitação do banco de


transformadores
Componentes de Magnitude Percentagem da
freqüência (Amperes Primários) Fundamental
Fundamental 22,5 100,0
Terceira 11,1 49,2
Quinta 4,9 21,7
Sétima 1,8 8,1

Para os transformadores mais novos, a situação é ainda mais grave, pois existe a
ocorrência de maiores distorções devido ao material constituinte do núcleo (LING.e
BASAK, 1988). O monitoramento nesse caso é então executado em relação aos
componentes de 5º harmônico das correntes diferenciais. Caso esses valores excedam a um
limite pré-estabelecido, o relé pode bloquear a operação ou considerar uma nova inclinação
e corrente de pickup (ipu) de acordo com a Figura 2 mostrada anteriormente, possibilitando
um aumento na tolerância do dispositivo de proteção como mencionado.

2.2.4. Saturação dos TC’s

Um dos grandes problemas enfrentados pelos projetistas de sistemas de potência


reside em situações nas quais os equipamentos elétricos ficam sujeitos à saturação de
alguns de seus componentes (SEGATTO, 2005).
No caso específico da proteção de transformadores de potência, os transformadores
de correntes (TC’s) constituem os equipamentos que ficam expostos a esse fenômeno.
A função dos TC’s, também conhecidos como transdutores, é transformar as
correntes oriundas do sistema de potência em correntes de baixa magnitude e fornecer
15

isolação galvânica entre a rede elétrica e os relés ou outros instrumentos conectados ao seu
enrolamento secundário.
Os ajustes dos enrolamentos secundários dos TC’s são padronizados entre 1 e 5A.
Estes são valores nominais e os transdutores devem, portanto, ser projetados para tolerar
valores maiores oriundos de condições anormais de operação do sistema. Desta maneira, os
TC’s são concebidos para suportar correntes de falta e outros surtos por pouco segundos.
Tais sinais podem atingir valores de até 50 vezes a magnitude da corrente de carga nominal.
O desempenho dos transdutores sob corrente de carga não é tão preocupante quanto
à situação em que o relé deve operar. Quando faltas ocorrem, além dos valores de corrente
atingir níveis elevados, os sinais podem conter substanciais conteúdos de componentes DC,
além da existência de fluxo remanescente no núcleo do transformador de corrente,
produzindo significante distorção na forma de onda da corrente secundária do dispositivo.
Portanto, a corrente secundária de um TC pode não representar precisamente sua corrente
primária se o dispositivo saturar. Assim, os relés que dependem desta corrente podem
facilmente operar de forma incorreta durante este período, comprometendo a eficiência da
proteção do equipamento em questão.

2.2.5. Rejeição de carga

A rejeição de carga esta ligada diretamente com a freqüência e a tensão do sistema.


Quando um sistema se encontra estável (freqüência de 60 Hz), a potência mecânica de
entrada do eixo do gerador é igual à soma das cargas conectadas a este, somadas ainda as
perdas de potência reais no sistema. Qualquer significativa interferência neste balanço
causa uma mudança na freqüência. Como fato temos que, a enorme massa rotacional do
rotor (turbina e gerador) atua como um depósito de energia cinética. Logo, quando existe
potência mecânica insuficiente na entrada do sistema (como por exemplo, em função de um
aumento de carga), o rotor diminui de velocidade, suprindo energia para o sistema
(ELMORE, 1982). De modo oposto, quando há um excesso de potência mecânica na
entrada do sistema, ou seja, redução considerável de carga, este acelera, absorvendo
energia. Sendo assim, qualquer mudança na velocidade causa uma variação proporcional à
freqüência.
16

Podemos analisar esta situação ao análogo da ocorrência no transformador.


Usualmente os transformadores são projetados para operar perto do “joelho” da curva de
saturação do núcleo de ferro. Isto significa que qualquer sobretensão, ou subfreqüência irá
causar um aumento além do normal no fluxo do material do núcleo, podendo resultar em
um aumento substancial da temperatura no núcleo (ANDERSON, 1999). Como uma
afirmação geral da condição, podemos escrever o fluxo em função da tensão, freqüência e
de uma constante de proporcionalidade, a qual é definida em função dos parâmetros do
sistema.
⎛V ⎞
φ = k ⎜⎜ ⎟⎟ (10)
⎝f ⎠
Sendo assim, podemos dizer que para uma condição de rejeição de carga, a proteção
do transformador irá funcionar como no caso de uma sobreexcitação, detectando as
componentes de 5ª harmônico das correntes diferenciais.
17

3. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

Um grande número de publicações em revistas especializadas, conferências,


dissertações e teses indicam o relevante progresso dos trabalhos na área da proteção digital
diferencial envolvendo basicamente a proteção do transformador e estudos sobre os
mecanismos de prevenção contra problemas nos dispositivos do sistema, como os
transformadores de corrente e as conexões envolvidas.
Cabe ressaltar que o objetivo desta revisão é a de somente apresentar alguns dos
aprimoramentos encontrados no que se referem à proteção digital direcionada a
transformadores. Poucos foram os relatos encontrados a respeito de metodologias e práticas
laboratoriais que ilustrem um procedimento para se avaliar o comportamento dos relés
digitais, disponíveis comercialmente, frente às situações simuladas.
Com relação ao esquema de detecção de correntes de inrush em transformadores,
destaca-se inicialmente o trabalho de LING e BASAK (1988) no qual se analisa
computacionalmente o conteúdo de 2º harmônico presente na corrente de magnetização de
um transformador monofásico e de outro trifásico, variando-se as suas conexões. O estudo
mostra que a magnitude do conteúdo da segunda harmônica é afetada por vários parâmetros
tais como o ângulo de chaveamento na onda da tensão, a densidade do fluxo remanescente
no momento da energização, a resistência do enrolamento primário e a geometria do
enrolamento. Apresentou-se neste estudo o uso de um novo algoritmo baseado na
integração da forma de onda da corrente de inrush com um tempo de reconhecimento de 1
ciclo, o qual se mostrou consistente a qualquer condição de chaveamento.
Neste mesmo tema, LIN et. al., parte I e II (1993) demonstram uma proposta
genérica de uma técnica de simulação da corrente de inrush em transformadores
monofásicos de 3kVA e 7600V/130V/130V. Foram apresentados vários dados obtidos de
simulações decorrentes da energização a vazio e da reenergização alterando a
18

carga para resistiva, indutiva e capacitiva, sob diferentes condições de operação


(considerando fluxo remanescente no núcleo e variação no ângulo de fase). Os resultados
das simulações foram comparados com os resultados experimentais. Caracteriza-se também
o relacionamento das harmônicas para todos os parâmetros discutidos. Na primeira parte do
trabalho, é demonstrado o método empregado para a simulação das condições dos
diferentes carregamentos propostos e a comparação destes com os resultados
experimentados, com já afirmado. Na segunda parte foram realizadas análises harmônicas
dos dados simulados e experimentados. Os resultados estabeleceram uma perspectiva para a
eliminação dos componentes harmônicos decorrentes da corrente de inrush, sendo uma
importante referência para projetos neste contexto.
No trabalho de LING e BASAK (1989) o objetivo foi de fornecer um melhor
entendimento do efeito combinacional entre vários parâmetros como magnitude, duração e
conteúdo harmônico, decorrentes da corrente de magnetização em um transformador, no
instante da energização. O algoritmo foi desenvolvido para se obter informações sobre
corrente de magnetização em termos de magnitude, duração e conteúdo harmônico a cada
ciclo. O programa executa a amostragem dos dados em intervalo de tempo de 47μs sobre os
50 primeiros ciclos da corrente de inrush e avalia ciclo por ciclo a magnitude, duração e o
conteúdo harmônico caracterizados. Medições reais sobre um transformador monofásico de
2,5 kVA, o qual fora computacionalmente estudado mostrou certos detalhes de análises
importantes não somente para o projeto da proteção, mas também para um estudo de
interferências na rede elétrica.
No trabalho de BRONZEADO e YACAMINI (1995), o objetivo foi mostrar o efeito
da corrente transitória de inrush em sistemas com considerável resistência, como por
exemplo, as longas linhas de transmissão do sistema da CHESF (Companhia Hidro
Elétrica do São Francisco-MG). Este sistema possui em operação vários transformadores
que podem experimentar inesperadas saturações devido à entrada de novos transformadores
acoplados ao sistema. Isto gera uma interação transitória entre os transformadores, chamada
de “sympathetic interaction”, a qual afeta a magnitude e duração da corrente de inrush.
Como conseqüências, podem ocorrer problemas na operação dos sistemas, como falsas
operações nos relés diferenciais dos transformadores e sobretensões harmônicas de longa
duração. O impacto e a duração desta interação dependerão dos níveis de saturação
19

alcançados pelo transformador e do padrão de dissipação de energia do sistema. Foram


investigados e validados para este modelo de sistema, transformadores conectados em
paralelo e em série.
A apresentação de GUZMAN et. al., parte I e II (2001 e 2002) traz, na primeira
parte, uma revisão dos conceitos básicos relacionados à proteção diferencial e métodos para
a discriminação entre faltas internas, correntes de inrush e condições de sobreexcitação,
como uma possível causa de má operação de relé. Ainda nesta parte o estudo traz a teoria
do método baseado em restrição por harmônicas e do método de reconhecimento de forma
de onda. Na segunda parte do trabalho, descreve-se um novo conceito para a proteção de
corrente diferencial, combinando a restrição por harmônicos e método de bloqueio com a
técnica de reconhecimento da forma de onda analisada, vista na parte I. Este método
emprega os harmônicos pares para restringir e também bloquear as operações, somando-se
ainda uma análise do componente DC e do quinto harmônico quando caracterizado.
Segundo os autores, a restrição por harmônicos pares provê uma segurança para as
correntes de inrush com baixo conteúdo de segundo harmônico, mantendo a confiança para
faltas internas com saturação de TC. O uso do bloqueio pelo quinto harmônico garante uma
resposta invariante do relé para a sobreexcitação. Usando o bloqueio pelo deslocamento da
forma de onda caracterizado pelo componente DC, asseguram-se as condições de inrush
com baixa distorção harmônica total.
O trabalho de STRINGER et. al. (1997) traz um apanhado bibliográfico sobre a
condição de magnetização (inrush) dos transformadores e simulações através do software
EMTP (Electro-Magnetic Transient Program) para aplicações industriais. Este,
primeiramente apresenta os testes realizados em bancada de acordo com norma ANSI
(American National Standards Institute), simulando testes em serviço e, posteriormente, em
fábrica, dispondo de transformadores trifásicos de 52 kVA conectados ao sistema local.
O trabalho de KASZTENNY e KEZUNOVIC (1998) faz um breve resumo do
estado da arte, discutindo propostas e futuras direções para a proteção digital aplicado a
transformadores de potência. Deixam claro que os relés de proteção para transformadores
de potência impõem altas exigências para seu correto funcionamento. As necessidades
incluem confiança na proteção (sem perdas de operação), segurança (sem falsas operações)
e velocidade de operação (curto tempo de extinção da falta). Os autores comentam das
20

técnicas avançadas de processamento digital do sinal, denotando as técnicas de inteligência


artificial, as quais vêm a favorecer os princípios clássicos da proteção, propiciando rapidez,
segurança e confiança na proteção de transformadores de potência.
CROSSLEY ; LI e PARKER (1998), propõem a aplicação de um novo simulador
em substituição ao comumente empregado para testes de proteção digital. O modelo físico
comumente empregado está em utilização a mais de 30 anos pelos fabricantes para
aprovações de testes de proteção do relé diferencial. A nova abordagem dispõe do EMTP
(Electro-Magnetic Transient Program) para avaliação do desempenho da proteção digital
referente às zonas de proteção associadas. Os resultados apontados descrevem a operação
do sistema frente a condições de faltas internas e externas, comparando-os aos resultados
do modelo fisicamente modelado. As conclusões apontadas validam o uso do EMTP em
um sistema de testes em respeito à filosofia da proteção diferencial.
KANG et. al. (1996 e 1997), apresentam algoritmos para estimar a corrente
secundária decorrente da relação do TC sob saturação, dispondo da curva do fluxo versus a
corrente. Os resultados da implementação em hardware dos algoritmos usando um
processador digital de sinais foram apresentados no trabalho. A principal vantagem dos
métodos é que eles podem melhorar a sensibilidade dos relés para faltas internas de baixa
amplitude, maximizar a estabilidade dos relés para faltas externas e reduzir a seção
requerida para o núcleo do TC.
KEZUNOVIC et. al. (1994), apresentam neste trabalho modelagens de TC’s
digitais, objetivando a análise do seu desempenho na proteção frente aos transitórios
caracterizados. A primeira fase consistiu na avaliação experimental dos TC’s em um
laboratório de alta tensão, seguindo-se das suas modelagens e implementações empregando
o software EMTP (Electro-Magnetic Transient Program). Os resultados baseados no
programa EMTP apresentaram-se satisfatórios para a maioria dos casos quando
comparados aos testes reais em laboratório. Foram utilizados para este estudo dois modelos
de TC’s, um com proporção de 600/5A, e outro de 2000/5A. Estes foram levados à
condição de saturação, sofrendo variações nos valores de carga, ângulo de fase e na
consideração do fluxo remanescente.
MOZINA (1999), mostra em seu trabalho a tendência da proteção de
transformadores de potência. Hoje, com o advento dos modernos pacotes multifuncionais
21

para transformadores, a proteção diferencial e a de sobrecorrente são duas das muitas


filosofias de proteção e funções lógicas incorporadas. Funções essas que podem ser
selecionáveis pelo usuário. Dentre as funções, destacam-se: sobreexcitação, sobretensão de
neutro, diferencial de neutro e rejeição de carga. Essas funções permitem a parametrização
do relé para distintas e específicas aplicações. Vale lembrar que associada a todas as
funções habilitadas, há um considerável custo envolvido, como bem lembram os autores.
22

4. O SISTEMA ELÉTRICO EM ANÁLISE

Este capítulo traz um pequeno histórico sobre o programa ATP – Alternative


Transients Program, juntamente com o modelo do sistema elétrico estudado,
compreendendo o transformador de potência trifásico e dos Transformadores de Corrente
(TC’s) empregados na simulação. São apresentados também os cálculos realizados para a
formatação dos arquivos de dados utilizados, além de gráficos que ilustram algumas das
situações envolvidas no trabalho.

4.1. Um breve histórico do programa ATP

O presente estudo sobre proteção diferencial digital dos transformadores de potência


contou com o emprego do software ATP, na simulação de um sistema elétrico composto
por uma fonte equivalente, um transformador trifásico, dois transformadores de corrente,
uma pequena linha de distribuição com 5 km de extensão e uma carga indutiva, a qual teve
sua potência variada durante a realização dos testes.
O programa EMTP (Electro-Magnetic Transients Program, do qual o ATP é
originado) foi desenvolvido a partir da década de 60 por Herman W. Dommel, para a
Bonneville Power Administration (BPA). Inicialmente o software trabalhava simulando
circuitos monofásicos através de modelos de indutâncias, capacitâncias e resistências em
linhas sem perdas, incluindo uma chave e uma fonte de excitação. A partir de 1973, Scott
Meyer assumiu a coordenação e o desenvolvimento do programa na BPA, estabelecendo
um método de desenvolvimento em conjunto com os usuários do EMTP, que o tornou uma
poderosa ferramenta de estudos dos transitórios em sistemas elétricos. Algumas
divergências entre Scott Meyer e o EPRI – Electric Power Researched Institute – que
investiu no projeto do EMTP a partir de 1984, levaram a criação de uma nova versão do
23

EMTP, a qual foi enviada para a Bélgica, onde se instalou o Leuven EMTP Center (LEC).
Esta nova versão foi denominada ATP – Alternative Transients Program, que representa a
continuação das versões precedentes do programa (ATP-Rule Book, 1987).
O programa EMTP-ATP trabalha com arquivos de entrada em formato texto,
gerando entre outros, arquivos com extensão .LIS. e .PL4 após a sua execução, os quais
apresentam os resultados obtidos na simulação. O arquivo de dados fornecido para o ATP
tem um formato rigidamente prefixado, de modo que os dados são inseridos em posições
definidas, sob pena de erro de processamento. O ATP apresenta uma saída crítica do
arquivo de dados de entrada em execução. Assim, caso haja a ocorrência de erros, muitas
vezes é possível corrigi-los simplesmente pela análise da resposta constante deste arquivo
de saída.

4.2. O sistema modelado

A Figura 4 a seguir mostra um esquema representativo do sistema elétrico


envolvido, com a designação dos nós utilizados nos arquivos de dados do EMTP-ATP.

Figura 4. Modelo do sistema elétrico utilizado no ATP.

O sistema elétrico consiste de uma fonte equivalente de 138 kV, potência de 30


MVA, conectada a um transformador de potência de 25 MVA, relação de transformação de
138 kV para 13,8 kV, em ligação triângulo-estrela aterrado, dois transformadores de
corrente para a medição das magnitudes (relação de transformação sendo no primário de
200 : 5A e no secundário de 2000 : 5A), seguido de uma pequena linha de distribuição com
5 km de extensão (entre os nós CH2 e LD da figura mostrada), conectando uma carga (leve
24

de 1,25MVA, média de 10 MVA e pesada de 23,75 MVA), com fator de potência 0,92
indutivo.
As demais chaves presentes na ilustração são operadas durante o estudo para a
simulação de faltas e condições de energização do transformador principal.
Cabe observar que as ligações entre os TC’s e o transformador de potência foram
executadas para não haver a compensação do respectivo defasamento que ocorre devido à
ligação delta-estrela do transformador de potência. Essa compensação foi observada
quando da parametrização do relé digital.

4.2.1. O modelo do transformador principal

As Figuras 5 e 6 apresentam o modelo do transformador empregado e o detalhe das


conexões dos enrolamentos respectivamente.

Figura 5. Modelo do transformador monofásico empregado – ATP.


25

Figura 6. Detalhe das conexões dos enrolamentos.

Para a formatação das situações a serem simuladas pelo software ATP, a partir do
modelo monofásico do transformador, modelou-se uma configuração trifásica (138 kV para
13,8 kV), com conexão delta-estrela aterrado (detalhe Figura 6). Seus enrolamentos foram
então divididos em percentagens do total de modo que se pudesse fazer um estudo
aprofundado das situações de faltas internas ao mesmo (Figura 7). Como exemplo,
podemos descrever uma divisão com 10, 50 e 80% no enrolamento primário, como
mostrado na Figura 8.

Figura 7. Detalhe da ligação triângulo-estrela aterrado.


26

Figura 8. Partição do enrolamento primário do transformador em 10, 50 e 80%.

4.2.2. Transformadores de medição

Como já frisado, os TC’s constituem uma importante composição para o sistema de


proteção como um todo. Os TC’s destinam-se a evitar a conexão direta dos medidores ao
circuito de corrente alternada de alta tensão, reduzindo assim os valores de corrente para
níveis seguros e manipuláveis pelo acesso humano. Pelos seus aspectos construtivos, são
acoplados em série com os ramos primário e secundário do transformador principal, sendo
que as correntes medidas obedecerão a uma relação de transformação e terão as formas fiéis
às do sistema representado.
Vale relembrar algumas situações práticas entre as conexões adotadas para os TC’s
de medição e para o transformador principal. Deve-se citar uma característica presente em
qualquer sistema constituído de um transformador trifásico ligado em conexão do tipo
estrela-triângulo ou triângulo-estrela. Sabe-se que em ligações desse tipo, há o surgimento
de uma defasagem angular de 30 graus entre as correntes dos lados primário e secundário
do transformador (OLIVEIRA et. al.,1984). Para corrigir esta defasagem angular, é usado
na prática um artifício que consiste em instalar os equipamentos de medição (TC’s) de
maneira inversa às ligações dos lados do transformador principal. Desta forma, para um
27

transformador ligado em estrela-triângulo, por exemplo, usam-se os TC’s conectados em


triângulo-estrela.
Alguns fabricantes recomendam o uso de um transformador de corrente auxiliar
para a realização desta compensação de fase, localizado antes da entrada das correntes no
relé, ao invés da inversão de conexões citadas.
Para esse estudo em específico, foi empregada a conexão estrela para os
enrolamentos secundários dos dois TC’s associados, para assim, continuar a existir o
defasamento de 30 graus da ligação delta-estrela aterrado do transformador de potência.
Esse defasamento será compensado pelo próprio relé digital, evidenciando uma das
vantagens de seu uso em relação aos eletrônicos e ou eletromecânicos convencionais.
Para o trabalho foram utilizados dois TC’s com relação de transformação de 40:1,
sendo 200:5 A no lado do enrolamento de alta tensão e com relação de transformação de
400:1, sendo 2000:5 A no lado do enrolamento de baixa tensão.
Vale ressaltar que na prática todos os TC’s apresentam erros intrínsecos de
transformação e, portanto, é desejável que aqueles na entrada e saída finais da zona de
proteção sejam idênticos para tentar assegurar que seus erros durante condições normais e
de falta externa sejam controláveis. Nessas condições, o balanceamento das correntes
secundárias do par de transformadores será igual todo o tempo, e corrente zero fluirá nos
relés exceto quando da caracterização de situações de faltas internas.
28

Figura 9. Detalhe das ligações do transformador principal e TC's

4.2.3. O arquivo de dados para o ATP

Serão apresentados a seguir os cálculos realizados na formatação do arquivo de


dados para o sistema elétrico em questão.

a) Fonte equivalente

Os dados empregados para caracterizar a fonte equivalente são expostos abaixo.


- Resistência de seqüência zero R 0 = 7,5962Ω

- Resistência de seqüência positiva R + = 7,1003Ω


- Indutância de seqüência zero L 0 = 115,45mH

- Indutância de seqüência positiva L + = 53,99mH

b) Parâmetros para a linha de distribuição

Os dados para a linha de distribuição foram fornecidos pela concessionária de


energia elétrica CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) e estão listados abaixo.
29

- Resistência de seqüência zero R0 = 0 ,7186Ω

- Resistência de seqüência positiva R+ = 0,3101Ω


- Indutância de seqüência zero L0 = 11,45mH

- Indutância de seqüência positiva L+ = 2,41mH

c) Dados referentes à carga conectada em estrela com valor médio de 10MVA

Para a carga conectada ao sistema em estrela, foram fornecidos os seguintes dados:


- S = 10 MVA
- U = 13,8 kV
- Fator de Potência = 0,92 indutivo
No cálculo da impedância da carga, utilizou-se a seguinte relação:
U2
Z=
S
Desta forma, obtemos:

Z=
(13,8x10 ) 3 2
= 19,044Ω
10 x10 6
Através do fator de potência é possível obter os valores de resistência e indutância
para a carga. Sabemos que:
R = Z . cos(θ ) e X = Z .sen(θ )

Sendo: θ = ar cos( 0,92) ⇒ θ = 23,07 º , e X = W .L


Portanto, os valores constituintes do arquivo de dados serão:
R = 17,520Ω e L = 19,789mH

Para a caracterização dos valores de carga leve e pesada foi realizado o mesmo
procedimento de cálculo, usando-se como base o valor de 5% da carga do transformador
para leve, e de 95% da carga do transformador, para pesada.
Para cálculo dos valores com carga conectada em delta, faz-se o uso da seguinte
regra:
Z∆ = 3*ZY
30

d) Cálculos referentes ao transformador de potência com conexão delta - estrela

aterrada

No arquivo de dados principal, faz-se necessário à caracterização da curva de


saturação do transformador, obtida através da rotina SATURATION (ATP - Rule Book,
1987).
Originalmente, faz-se uso de uma tabela com dados de tensão e corrente medidos no
transformador. Esses dados são inseridos em um arquivo especialmente formatado para
gerar valores de corrente e fluxo, através de uma rotina intrínseca do ATP, chamada
SATURATION. Esses dados de tensão e fluxo são então empregados no arquivo principal
de dados para a modelagem do transformador.
Os cálculos elaborados são os seguintes:

- Potência do transformador = 25 MVA

- Potência-base:
S TRANSFORMADOR 25
S BASE = = = 8,33MVA
3 3
- Tensão-base:
13,8kV
VBASE = = 7,968kV
3
- Corrente-base:
S BASE
I BASE = = 1,0459kA
VBASE

Os valores de tensão e corrente, medidos no secundário do transformador são


fornecidos e os valores de corrente em p.u. são calculados, dividindo-se o valor da corrente
(A) pelo valor da corrente-base (I BASE ) . Esses valores são representados na Tabela 3

abaixo:
31

Tabela 3. Dados de tensão e corrente para a rotina SATURATION

Tensão (p.u.) Corrente (A) Corrente (p.u.)


0,90 0,75 0,717 x10 −03
1,00 1,51 1,450 x10 −03
1,10 8,34 7,978 x10 −03
1,15 43,00 41,112 x10 −03
1,18 119,00 113,777 x10 −03

De posse dos dados de tensão e corrente, os campos de entrada da rotina


SATURATION são preenchidos e a curva de saturação (corrente versus fluxo) é calculada
ponto a ponto, preenchendo o arquivo principal de dados para a simulação. A Figura 10
mostra a curva de saturação calculada para o transformador de 25 MVA.

36

34
Fluxo (Weber)

32

30

28

26
-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400

Corrente (A)

Figura 10. Curva de saturação do transformador de potência do sistema elétrico

Um dos aspectos deste estudo diz respeito à curva de saturação do transformador


protegido e dos TC’s considerados.
Foi observado durante o estudo que a curva de saturação do transformador de
potência influi diretamente no descaimento exponencial da corrente de inrush presente nas
manobras de energização, ao passo que, a saturação dos TC’s, influi sobre o
comportamento do relé diferencial, no que diz respeito a sua situação nos casos de faltas
externas ocorridas próximas ao transformador de potência.
32

e) Parâmetros para os transformadores de corrente (TC’s)

Ao contrário do transformador de potência, que teve a sua curva de saturação


calculada através da sub-rotina SATURATION, os dados para a modelagem da curva de
saturação e dos demais parâmetros relacionados aos TC’s foram fornecidos pela
concessionária de energia elétrica CPFL e adaptados diretamente ao sistema em estudo
(Figura 4).

2.0

1.5
Fluxo (Weber)

1.0

0.5

0.0

0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5

Corrente (A)

Figura 11. Curva de saturação dos transformadores de corrente do sistema elétrico

Os demais parâmetros para os TC’s são listados a seguir:


- Indutância de dispersão do primário: 1,0 x10 −4 H
- Resistência de dispersão do primário: 0,85Ω

- Indutância de dispersão do secundário: 1,0 x10 −4 H

- Resistência de dispersão do secundário: 1,0 x10 −4 Ω


- Relação de transformação: 1:40 no primário e 1:400 no secundário.

4.3. Situações de faltas aplicadas

Pela formatação do sistema elétrico a ser analisado, considerando a aplicação do


software ATP, várias situações operacionais como energização, faltas (internas e externas),
condição de sobreexcitação e de saturação dos TC juntos ao transformador de potência
foram geradas.
33

Para as situações de faltas internas, considerando as conexões do transformador de


potência sendo delta-estrela aterrado, houve uma primeira fase de testes onde o
enrolamento primário entre as fases A e B foi dividido em porções correspondentes a 10, 50
e 80% do seu total, para valores de resistência, indutância e tensão relativa a terra (Tabela
4). Este procedimento também foi aplicado ao enrolamento secundário, tendo como
referência para a divisão o neutro. Portanto a partir do neutro, tem-se a divisão de 10, 50 e
80% (Tabela 5). Ainda no tocante a faltas internas, houve uma segunda fase de testes onde
somente se dividiu o enrolamento secundário de 5% até 40% (Tabela 6), aplicando passos
de 5%, modificando-se ainda o valor da carga conectada a este, qual era considerada média
com valor 10 MVA, e permitindo caracterizar carga leve (5% do carregamento do
transformador) e pesada (95% de carregamento do transformador). Cabe esclarecer que em
todos os testes realizados nesta segunda fase, quando da ocorrência de falta interna,
considerou-se conexão estrela ou delta para a carga caracterizada.
As faltas externas foram aplicadas na linha de distribuição no ponto indicativo LD
da Figura 4, e próximas ao TC secundário indicado pelo ponto NT1 da mesma figura.
A energização do transformador de potência foi realizada considerando-se conexão
do tipo delta-estrela aterrado. Cabe comentar que uma situação de falta interna aplicada a
partir do momento de energização do transformador também foi considerada.
A condição de sobreexcitação foi considerada com a carga conectada,
caracterizando, no entanto, 140% de tensão na entrada do transformador.
A condição de saturação foi obtida pela aplicação de uma falta externa próxima ao
TC do secundário do transformador principal e pela decorrência da mudança de parâmetros
no próprio TC.

Tabela 4. Divisão do enrolamento primário, Triângulo, em 10, 50 e 80% na aplicação de faltas


internas com conexão delta-estrela aterrada.
Denominação Percentagem do Resistência Indutância Tensão
dos nós (ATP)enrolamento (Ω) (mH) (kV)
primário
TPRA-N10TA 10% 0,1048 9,083 13,80
N10TA-N50TA 50% 0,4192 36,332 55,20
N50TA-N80TA 80% 0,3144 27,249 41,40
N80TA-TPRB 20% 0,2096 18,166 27,60
34

Tabela 5. Divisão do enrolamento secundário, Estrela, em 80, 50 e 10% na aplicação de faltas


internas com conexão delta-estrela aterrada.
Denominação Percentagem do Resistência Indutância Tensão
dos nós (ATP) enrolamento (Ω) (mH) (kV)
primário
TSECA-N80EA 20% 0,00350 0,3028 1,5934
N80EA-N50EA 80% 0,00525 0,4542 2,3901
N50EA-N10EA 50% 0,00700 0,6056 3,1868
N10EA-NEUT1 10% 0,00175 0,1514 0,7967

Tabela 6. Divisão de enrolamento secundário, Estrela, de 5% a 40%, com passos de 5%, na


aplicação de faltas internas com conexão delta-estrela aterrada, para testes em carga leve, média ou
pesada na ligação em estrela e delta.
Denominação Percentagem do Resistência Indutância Tensão
dos nós (ATP) enrolamento (Ω) (mH) (kV)
secundário
TSECA-N40EA 60% 0,010500 0,9084 4,78020
N40EA-N35EA 40% 0,007000 0,6056 3,18680
N35EA-N30EA 35% 0,006125 0,5299 2,78845
N30EA-N25EA 30% 0,005250 0,4542 2,39010
N25EA-N20EA 25% 0,004375 0,3785 1,99175
N20EA-N15EA 20% 0,003500 0,3028 1,59340
N15EA-N10EA 15% 0,002625 0,2271 1,19505
N10EA-N5EA 10% 0,001750 0,1514 0,79670
N5EA-NEUT1 5% 0,000875 0,0757 0,39835

Para todas as simulações efetuadas e a serem apresentadas neste trabalho, tomaram-


se como dados de saída representativos das condições do sistema, as correntes dos TC’s e
do neutro do transformador de potência. No Apêndice A é mostrada a máscara do programa
(arquivo fonte), caracterizando uma situação de energização, que servirá como entrada para
as situações geradas e simuladas vias ATP. Em função do número de situações geradas e
simuladas, será apresentado no que segue alguns casos ilustrativos dos resultados obtidos.
Por pequenas alterações sobre a máscara que descreve o sistema como um todo,
serão ilustradas algumas das situações resultantes. Cabe comentar que todas as situações de
faltas (internas e ou externas) foram implementadas considerando somente um ângulo de
incidência da falta de 0º (zero grau).
A Figura 12 traz a situação de energização, sob um valor de tensão de 112,7 kV
(valor de pico fase-neutro), onde a fase A é fechada no instante 80,52ms, a fase B em
35

82,52ms e a fase C em 84,52ms. Observando a Figura 13 notamos as componentes


harmônicas obtidas da corrente de inrush da fase C, visto que para esta, observaram-se os
valores mais acentuados da magnitude de corrente. Ressalta-se que esses valores foram
obtidos considerando-se somente dados de pós-falta, merecendo atenção especial, o forte
componente de 2º harmônico manifestado.
A Figura 14 traz a situação de energização seguida de uma situação de falta, sob um
valor de tensão de 112,7 kV, onde a fase A é fechada no instante 80,52 ms, sendo aplicada
uma falta em 82,52ms. Na figura 15 é obtido o gráfico das componentes harmônicas da
mesma condição, observando que não houve praticamente nenhum componente harmônico
significante devido ao surgimento da falta.
As Figuras 16 e 17 trazem a situação de falta interna (monofásica) aplicada ao
primário do transformador em 10% do enrolamento A-C (conexão delta), sob tensão de
112,7 kV (valor de pico fase-neutro) e carga de 10 MVA ligada em estrela. A Figura 18
mostra o gráfico das componentes harmônicas da situação ocorrida. Como comprovado na
literatura, fica evidenciado que para caso de falta interna não há o aparecimento de
componentes harmônicas significativas. Vale chamar a atenção para o componente DC que
pode a vir a atrapalhar a leitura e o processo de proteção.
As Figuras 19 e 20 ilustram a situação de falta interna (monofásica) aplicada ao
secundário do transformador em 10% do enrolamento A (conexão estrela), sob tensão de
13,8 kV (valor fase-neutro) e carga de 10 MVA conectada em delta.
As Figuras 21 e 22 mostram a situação de uma falta interna (monofásica) aplicada
ao secundário do transformador a 25% do enrolamento A (conexão estrela), sob tensão de
13,8 kV (valor fase-neutro) com carregamento leve (5% - carga leve) do transformador e
carga conectada em delta.
As Figuras 23 e 24 apresentam a situação de uma falta interna (monofásica)
aplicada ao secundário do transformador a 25% do enrolamento A (conexão estrela), sob
tensão de 13,8 kV (valor fase-neutro) com carregamento pesado (95% - carga pesada) do
transformador e carga conectada em delta.
As Figuras 25 e 26 ilustram as correntes obtidas pelos TC´s, no primário e
secundário do transformador principal respectivamente, e são referentes a uma condição de
36

falta interna (monofásica) a 80% do enrolamento A (conexão estrela), sendo a carga de


10MVA conectada em estrela.
As Figuras 27, 28 e 29 são referentes à condição de falta externa na linha de
distribuição. Podemos notar a variação das correntes em ambos os lados dos secundários
dos TC´s.
Nas Figuras 30, 31 e 32, têm-se os gráficos de uma condição de saturação do TC,
ocorrida devido a uma falta externa próxima ao transformador de potência.
As Figuras 33 e 34 referem-se à condição de sobreexcitação ocorrida no sistema,
caracterizada por um índice de 140% de tensão. É notado pelo gráfico das componentes
harmônicas o aparecimento das harmônicas de quinta ordem, de acordo como observado na
literatura.

TC1 (Fase A)
4.5 TC1 (Fase B)
4.0 TC1 (Fase C)
3.5
3.0
2.5
2.0
1.5
1.0
Corrente (A)

0.5
0.0
-0.5
-1.0
-1.5
-2.0
-2.5
-3.0
-3.5
-4.0
-4.5
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Tempo (s)

Figura 12. Condição de energização com tensão de 112,7kV e fechamento em 80,52ms na fase A,
82,52ms na fase B e 84,52ms na fase C com ângulo incidência da falta de 0º.
37

Frequencia (Hz)
0 500
0

Angle(deg)
-2000
-4000
-6000
-8000
-10000

0,6

Amplitude
0,4

0,2

0,0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600
Frequencia (Hz)

Figura 13. Componentes harmônicas da corrente secundária do TC (fase C), com referência ao
primário do transformador de potência, quando da condição de energização.

TC1 (Fase A)
TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)
30
Corrente (A)

-30

-60
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
Tempo (s)

Figura 14. Condição de energização seguida de falta interna, tensão de 112,7kV, fechamento em
80,52ms na fase A e falta aplicada a 82,52ms com âng. inc. de 0º.
38

Frequencia (Hz)
0 500

Angle(deg)
-1000
-2000
-3000
-4000
20

15

Amplitude
10

0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540
Frequencia (Hz)

Figura 15. Componentes harmônicas da corrente secundária do TC (fase C), com referência ao
primário do transformador de potência, quando da condição de energização seguida de falta.

TC1 (Fase A)
150 TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)

100

50
Corrente (A)

-50

-100
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18
Tempo (s)

Figura 16. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do transformador
de potência, tensão de 112,7 kV, sob condição de falta interna em 10% do enrolamento (delta) e
carga de 10 MVA conectada em estrela com âng. inc. da falta de 0º.
39

TC2 (Fase A)
TC2 (Fase B)
TC2 (Fase C)
1.5

1.0

0.5

Corrente (A)
0.0

-0.5

-1.0

-1.5

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18
Tempo (s)

Figura 17. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência, tensão de 13,8 kV, sob condição de falta interna em 10% do
enrolamento (delta) e carga de 10 MVA conectada em estrela com âng. inc. da falta de 0º.

Frequencia (Hz)
0 200 400

0
Angle(deg)

-2000
-4000

40

30
Amplitude (A)

20

10

0
0 60 120 180 240 300 360 420
Frequencia (Hz)

Figura 18. Componentes harmônicas da corrente do secundário do TC, fase A, quando da condição
de falta interna em 10% do enrolamento (delta) e carga de 10MVA conectada em estrela com âng.
inc. da falta de 0º.
40

TC1 (Fase A)
2.0 TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)
1.5

1.0

0.5
Corrente (A)
0.0

-0.5

-1.0

-1.5

-2.0
0.00 0.06 0.12 0.18 0.24 0.30
Tempo (s)

Figura 19. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do transformador
de potência (112,7 kV), sob condição de falta interna em 10% do enrolamento (estrela) e carga
média de 10 MVA conectada em delta com âng. inc. da falta de 0º.

TC2 (Fase A)
TC2 (Fase B)
TC2 (Fase C)
1.5

1.0

0.5
Corrente (A)

0.0

-0.5

-1.0

-1.5

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25


Tempo (s)

Figura 20. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), condição de falta interna em 10% do enrolamento (estrela) e
carga média de 10 MVA conectada em delta com âng. inc. da falta de 0º.
41

TC1 (Fase A)
1.5 TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)

1.0

0.5

Corrente (A)
0.0

-0.5

-1.0

-1.5
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Tempo (s)

Figura 21. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do transformador
de potência (112,7 kV), sob condição de falta interna em 25% do enrolamento (estrela) e carga leve
conectada em delta com âng. inc. da falta de 0º.

TC2 (Fase A)
TC2 (Fase B)
TC2 (Fase C)
0.20

0.15

0.10
Corrente (A)

0.05

0.00

-0.05

-0.10

-0.15

-0.20

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25


Tempo (s)

Figura 22. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 25% do enrolamento
(estrela) e carga leve conectada em delta com âng. inc. da falta de 0º.
42

TC1 (Fase A)
TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)
4

Corrente (A)
0

-2

-4

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25


Tempo (s)

Figura 23. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do transformador
de potência (112,7 kV), sob condição de falta interna em 25% do enrolamento (estrela) e carga
pesada conectada em delta com âng. inc. da falta de 0º.

TC2 (Fase A)
TC2 (Fase B)
4
TC2 (Fase C)
3

1
Corrente (A)

-1

-2

-3

-4
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Tempo (s)

Figura 24. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 25% do enrolamento
(estrela) e carga pesada conectada em delta com âng. inc. da falta de 0º.
43

TC1 (Fase A)
TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)
10

Corrente (A)
0

-5

-10

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18

Tempo (s)

Figura 25. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao primário do transformador
de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 80% do enrolamento (estrela) e carga de
10MVA conectada em estrela com âng. inc. da falta de 0º.

TC2 (Fase A)
TC2 (Fase B)
2.5 TC2 (Fase C)
2.0

1.5

1.0

0.5
Corrente (A)

0.0

-0.5

-1.0

-1.5

-2.0

-2.5

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18

Tempo (s)

Figura 26. Valores das correntes do secundário do TC, com referência ao secundário do
transformador de potência (13,8 kV), sob condição de falta interna em 80% do enrolamento
(estrela) e carga de 10 MVA conectada em estrela com âng. inc. da falta de 0º.
44

TC1 (Fase A)
TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)
8

Corrente (A) 2

-2

-4

-6

-8
0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18
Tempo (s)

Figura 27. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao primário do transformador
de potência sob condição de falta externa na linha de distribuição com âng. inc. da falta de 0º.

TC2 (Fase A)
TC2 (Fase B)
TC2 (Fase C)
10

5
Corrente (A)

-5

-10

0.00 0.02 0.04 0.06 0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18
Tempo (s)

Figura 28. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao secundário do


transformador de potência sob condição de falta externa ocorrida na linha de distribuição e âng. inc.
da falta de 0º.
45

Frequencia (Hz)
0 300

Angle(deg)
-2000
-4000
-6000

Amplitude

0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540
Frequencia (Hz)

Figura 29. Gráfico das componentes harmônicas da corrente do secundário do TC, com referência
ao primário do transformador de potência, fase A, na condição de falta externa à linha de
distribuição e âng. inc. da falta de 0º.

TC1 (Fase A)
TC1 (Fase B)
TC1 (Fase C)
15

10

5
Corrente (A)

-5

-10

-15

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25


Tempo (s)

Figura 30. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao primário do transformador
de potência, na condição de saturação do TC secundário, ocorrida devido a uma falta externa
próxima ao transformador de potência com âng. inc. da falta de 0º.
46

TC2 (Fase A)
60
TC2 (Fase B)
TC2 (Fase C)

40

20
Corrente (A)
0

-20

-40

-60
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25
Tempo (s)

Figura 31. Valores de corrente do secundário do TC, com referência ao secundário do


transformador de potência, na condição de saturação do TC secundário, ocorrida devido a uma falta
externa próxima ao transformador de potência com âng. inc. da falta de 0º.

Frequencia (Hz)
0 500
0
Angle(deg)

-2000
-4000
-6000
-8000
-10000

6
Amplitude

0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600 660 720
Frequencia (Hz)

Figura 32. Componentes harmônicas da corrente do secundário do TC com referência ao secundário


do transformador de potência, fase A, quando da condição de saturação do TC devido a uma falta
externa próxima ao transformador de potência.
47

TC1 (Fase A)

Corrente (A)

-2

-4

0.00 0.05 0.10 0.15 0.20 0.25


Tempo (s)

Figura 33. Valores de corrente do secundário do TC , fase A, com referência ao primário do


transformador de potência, devido condição de sobreexcitação de 140% da tensão, estando o
sistema em regime com uma carga de 10 MVA.

Frequencia (Hz)
0 500
0
Angle(deg)

-2000
-4000
-6000
-8000

3
Amplitude

0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540
Frequencia (Hz)

Figura 34. Componentes harmônicas da corrente do secundário do TC, com referência ao primário
do transformador de potência, fase A, devido condição de sobreexcitação de 140% da tensão,
estando o sistema em regime com carga de 10 MVA.
48

4.4. O arquivo COMTRADE

Com o surgimento, desenvolvimento e uso dos relés digitais e registradores de


perturbação digitais, além dos softwares de simulação tais como o ATP, entre outros,
disponibilizou-se uma grande quantidade de dados digitais para análise do desempenho dos
sistemas de potência. Isso trouxe algumas dificuldades para os vários padrões utilizados por
cada um dos sistemas de geração, armazenamento e transmissão destes registros. Criou-se
então a necessidade de estabelecer um formato padrão para o qual estes dados pudessem ser
revertidos e assim usados pelos vários sistemas de análise, teste e simulação ao mesmo
tempo, o que facilitaria o trabalho de manipulação destes dados.
Foi desenvolvido pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers), o
padrão “Common Format for Transient Data Exchange (COMTRADE) for Power
Systems”, (IEEE Standard C37.111-1991, 1991). Este padrão define um formato comum
dos arquivos de dados que possibilitam o intercâmbio dos arquivos entre os vários tipos de
sistema de análise de dados de falta, teste e simulação. O padrão foi criado em junho de
1991 e recebeu uma nova revisão em 1999 (IEEE Standard C37.111-1999 1999).
Quando manipulamos dados transitórios, é necessário incluir informações que
descrevem as circunstâncias ao redor do transitório. Tais informações são usualmente
formatadas e armazenadas de formas diferenciadas, sendo que as informações descritas são
mais facilmente entendidas e interpretadas em um formato do tipo ASCII (American
Standard Code for Information Interchange). Para um determinado evento descrito pelo
formato COMTRADE, deve-se ter três tipos de arquivo associados. As informações
providas dos arquivos transitórios devem incluir:
1) descrições textuais das circunstâncias ao redor do transitório;
2) a configuração dos transitórios gravados no tempo e
3) os valores dos dados propriamente caracterizados.
Cada um dos três tipos de arquivos possui uma classe de informação: cabeçalho
(*.hdr), configuração (*.cfg) e dados (*.dat). A designação dos arquivos possui o seguinte
formato: “nome.tip”, onde, nome é usado para identificar o arquivo e tip é usado para
identificar o tipo de arquivo (hdr, cfg ou dat). As informações são organizadas em linhas e
os dados, na mesma linha, são separados por vírgula. A informação deve ser listada na
ordem exata fixada pelo padrão. Os desvios deste formato provocarão erros na leitura dos
49

dados. As recomendações dos formatos desejáveis são ilustradas pelo artigo do CIGRÈ
34.01 (1989).
Os dados devem ser organizados como:

a) Cabeçalho (nome.hdr):

O arquivo de “cabeçalho” é criado pelo software conversor como um arquivo de


texto. A intenção é que os dados possam ser entendidos e impressos pelo usuário. Este
arquivo pode ter qualquer informação desejada, por exemplo, nome da subestação,
identificação do equipamento (linha de transmissão, transformador, reator, etc.),
comprimento da linha de transmissão, relações de transformação dos transformadores,
localização do defeito, etc. Depende apenas do conversor fornecido pelo fabricante do
dispositivo do registro.
A pretensão do “cabeçalho” é fornecer informação suplementar de uma maneira
narrativa para o usuário entender melhor a condição dos transitórios registrados. O arquivo
“cabeçalho” não será manipulado por um programa de aplicação.
Os seguintes itens devem ser incluídos no arquivo “cabeçalho”:
- descrição do sistema de potência em regime permanente;
- nome da subestação;
- identificação dos elementos do sistema sobre efeito do distúrbio (linha, transformador,
capacitor ou disjuntor);
- comprimento da linha;
- resistências e reatâncias de seqüência zero e positiva;
- capacitâncias;
- acoplamento mútuo entre linhas paralelas;
- localização e valores dos reatores em derivação (shunt) e capacitores em série;
- relação entre tensão nominal dos enrolamentos dos transformadores;
- relação dos transformadores de potência e conexões dos enrolamentos;
- parâmetros equivalentes do sistema antes dos nós de registros dos dados (por exemplo:
seqüência zero e positiva da impedância equivalente das fontes);
- descrições de como as entradas foram obtidas: aquisição em campo ou simulação
computacional;
50

- descrição dos filtros anti-aliasing usados;


- códigos dos registros onde os dados estarão disponibilizados.
As seguintes informações adicionais devem ser incluídas nesta seção a fim de serem
compatíveis com o CIGRE:
- o formato na quais os dados é gravado e
- os “cabeçalhos” das colunas das tabelas de dados.
A Figura 35 caracteriza um exemplo do arquivo “cabeçalho” para uma falta interna
aplicada aos enrolamentos do transformador de potência em análise.

Canais analógicos = 7
Canais digitais = 0
Canal 1 – corrente W1 da Fase A
Canal 2 – corrente W1 da Fase B
Canal 3 – corrente W1 da Fase C
Canal 4 – corrente W2 da Fase A
Canal 5 – corrente W2 da Fase B
Canal 6 – corrente W2 da Fase C
Canal 7 – corrente neutro 3I0
a = 0.001
b = 0
skew = 0
menor valor do canal = -77 (para todos os canais)
maior valor do canal = 113 (para todos os canais)
Freqüência do sinal = 60 Hz
Freqüência de amostragem = 3597 Hz
Número de amostras = 601
Formato do arquivo de dados = ASCII

Figura 35. Exemplo do arquivo .HDR referente a uma aplicação de falta interna a 10% do
enrolamento A-B com conexão delta-estrela e âng. inc. da falta de 0º.

b) Configuração (nome.cfg).

O arquivo de configuração é criado pelo software conversor como um arquivo de


texto. Os dados deste arquivo possuem um formato predefinido e fixo de modo que possa
ser lido e interpretado pelo software de análise, o qual associará estes dados com os valores
armazenados no arquivo nome.dat.
O arquivo de configuração possui a seguinte organização:
- Nome e identificação da Subestação: Station_name,id
Onde:
51

Station_name = Nome da Subestação


id = nome do registrador

- Número e tipos de canais: TT,nnt,nnt


Onde:
TT = Número total de canais (o número total de grandezas a serem medidas)
nn = número de canais do tipo t
t = tipo do canal (A = analógico / D = Digital)

- Nome dos canais, unidade e fatores de conversão:


Existe uma linha para informações específicas para cada canal
nn,id,p,cccccc,uu,a,b,skew,min,max


nn,id,p,cccccc,uu,a,b,skew,min,max
nn,id,m

nn,id,m
Onde:
nn = número do canal
id = nome do canal
p = identificação da fase (A, B, C, N)
cccccc = circuito/componente sendo monitorado (quase não usado)
uu = unidade do canal (V, A, kV, etc)
a = número real (veja abaixo)
b = número real. O fator de conversão do canal é (ax + b) [o valor de conversão de
x, amostra do arquivo .DAT corresponde a (ax + b) em unidades uu especificado
acima].
skew = número real. Tempo de defasamento (em μs) entre os canais.
min = um inteiro igual ao mínimo valor (menor valor da taxa de amostragem) por
amostras deste canal
52

max = um inteiro igual ao máximo valor (maior valor da taxa de amostragem) por
amostras deste canal
m = (0 ou 1) estado normal ou de alarme para este canal (só aplicado para canais
digitais)

A indicação é repetir a parte “nn,id,p,cccccc,uu,a,b,skew,min,max” para a quantidade


de canal existente na gravação na ordem na qual elas ocorram. A parte
“nn,id,p,cccccc,uu,a,b,skew,min,max” é representada por canais analógicos e a parte
“nn,id,m” é representada por canais digitais.

- Freqüência nominal: If
Onde: if = freqüência nominal em Hz (50 ou 60)

- Taxa de amostragem e número de amostras: Nrates


sssss1,endsamp1
sssss2,endsamp2


sssssn,endsampn
Onde:
nrates = número de taxas de amostragens diferentes no arquivo .DAT
sssss1 – sssssn = taxa de amostragem em Hz
endsamp1 – endsampn = última amostra nesta taxa

- Data e Hora da primeira amostra: mm/dd/yy,hh:mm:ss.ssssss


Onde:
mm = mês (01-12)
dd =dia (01-31)
yy = últimos dois dígitos do ano
hh = hora (00-23)
mm = minutos (00-59)
53

ss.ssssss = segundos (de 0 seg. até 59,999999 seg.)

- Data e Hora do momento do Trigger: mm/dd/yy,hh:mm:ss.ssssss


Onde:
mm = mês (01-12)
dd =dia (01-31)
yy = últimos dois dígitos do ano
hh = hora (00-23)
mm = minutos (00-59)
ss.ssssss = segundos (de 0 seg. até 59,999999 seg.)

- Tipo do arquivo .DAT (Binário ou ASCII): ft


Onde:
ft = tipo do arquivo .DAT (ASCII ou Binário)

TESTESEL,387
7,7A,0D
1,iaw1,A,,A,0.001000,0,0,-77,113
2,ibw1,B,,A,0.001000,0,0,-77,113
3,icw1,C,,A,0.001000,0,0,-77,113
4,iaw2,A,,A,0.001000,0,0,-77,113
5,ibw2,B,,A,0.001000,0,0,-77,113
6,icw2,C,,A,0.001000,0,0,-77,113
7,ineu,N,,A,0.001000,0,0,-77,113
60
1
3597,601
05/16/05,01:10:40.000000
05/16/05,01:10:40.080000
ASCII

Figura 36. Exemplo do arquivo .CFG de uma aplicação de falta interna com conexão delta-estrela
em 10% do enrolamento A-B com âng. inc. da falta de 0º.
54

c) Dados (nome.dat)

O arquivo de dados é criado pelo software conversor como um arquivo do tipo


ASCII ou Binário. Os dados deste arquivo possuem um formato pré-definido e fixo de
modo que possa ser lido e interpretado pelo software de análise o qual associará estes dados
com os dados do arquivo .CFG. A Figura 37 mostra a estrutura do arquivo de dados
(.DAT).
O arquivo de dados deve conter os valores organizados em linhas e colunas, onde
cada linha corresponde a um conjunto de valores da primeira amostra de cada canal
precedido de um número seqüencial e o tempo do conjunto de amostras. Cada linha possui
n+2 colunas onde n é o número de canais do registro. O número de linhas varia de acordo
com o número de amostras do arquivo e isto define o tamanho do arquivo. O número de
colunas é dependente do sistema de gravação e também afeta o tamanho do arquivo.
A primeira coluna deve conter o número da amostra. A segunda coluna deve conter
o tempo da amostra, em μs, do início do registro. A terceira e demais colunas contém o
valor da amostra que corresponde aos valores da tensão, corrente e estado. Os valores das
amostras devem ser representados no formato inteiro com seis dígitos e separados por
vírgula. Valores não existentes devem ser representados por 999999. As informações de
estado (canais digitais) devem ser representadas por zeros e uns. Nenhuma outra
informação deve existir no arquivo .DAT.

0000000001,0000000000,002090,001827,002090,002044,0,0

Valores de dados analógicos


para canais 1 - 4
Tempo em μs do Informações de estado
início da gravação canais digitais 5 e 6

Número amostrado

Figura 37. Estrutura do arquivo .DAT.


55

1, 0, 1239, -1176, -63, 1394, -642, -752, 0


2, 278, 1299, -1091, -209, 1380, -509, -871, 0
3, 556, 1345, -994, -352, 1350, -371, -980, 0
4, 834, 1377, -886, -491, 1306, -228, -1078, 0
5, 1112, 1393, -768, -625, 1248, -83, -1165, 0
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
. . . . . . . . .
601, 166800, 13106, 371, 83, 1055, -621, -434, 0

Figura 38. Exemplo do arquivo .DAT de uma aplicação de falta interna com conexão delta-estrela
em 10% do enrolamento A-B com âng. inc. da falta de 0º.
56

5. METODOLOGIA E RESULTADOS OBSERVADOS

Este capítulo abordará a descrição da metodologia aplicada ao esquema prático e


funcional montado, passo a passo, evidenciando todas as etapas envolvidas. O principal
objetivo será o de apresentar os testes caracterizados com relação ao esquema desenvolvido
para a proteção diferencial de transformadores, denotando os benefícios esperados e
oferecidos de tal abordagem.

5.1. Metodologia aplicada

Para a caracterização do sistema como um todo pela Figura 4, tem-se como primeiro
passo (Figura 39), a modelagem do mesmo dispondo do software ATP, com a conseqüente
aplicação de situações desejáveis ao trabalho. Afirma-se que foi simulado e testado um
considerável número de casos frente às situações desejadas. Contudo, para a ilustração
deste trabalho, algumas condições receberão destaque, a saber:
- condição de energização do transformador principal (Figuras 12 e 13);
- condição de energização com falta interna do transformador principal (Figuras 14
e 15);
- situação de falta monofásica interna (envolvendo a fase A com conexão a terra),
aplicada a 10% do enrolamento primário (delta) do transformador de potência,
sendo ilustrada e caracterizada pelas Figuras 16, 17 e 18 com carga de 10 MVA
conectada em estrela;
- situação de falta monofásica interna, aplicada a 10% do enrolamento (estrela),
carga de 10 MVA sendo conectada em delta, caracterizada pelas Figuras 19 e 20;
- situação de falta interna aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga conectada
em delta, carregamento pesado, ilustrado pelas Figuras 23 e 24;
57

- situação de falta monofásica interna (caracterizada sobre a fase A), aplicada a 80%
do enrolamento secundário do transformador de potência (Figuras 25 e 26);
- situação de falta externa, aplicada ao final da linha de distribuição (Figuras 27, 28 e
29);
- situação de falta externa aplicada próxima ao TC secundário com saturação do
mesmo (Figuras 30, 31 e 32) e
- condição de sobreexcitação (Figuras 33 e 34).

As situações ilustradas foram originadas da aplicação do software ATP,


considerando-se uma freqüência de amostragem de 3840 Hz e serão devidamente
comentadas no que segue.

2o passo
Arquivo
Comtrade

Caixa de teste
o
1 passo

3o passo
Laptop

Proteção digital

4o passo

Figura 39. Seqüência de eventos caracterizando a metodologia aplicada.

Na seqüência dos eventos, dispondo-se das saídas discretas geradas pelo software
ATP, tem-se a formatação dos arquivos para o padrão COMTRADE (segundo passo). Este
padrão define um formato comum dos arquivos de dados conforme padronização do IEEE
Standard C37_111_1991, o qual possibilita o intercâmbio dos arquivos entre os vários tipos
de sistemas de análise de dados de falta, testes e simulações.
58

No terceiro passo, as situações desejáveis para a análise, já no formato padrão


COMTRADE, são disponibilizadas à caixa de testes. Esta por sua vez, é empregada para
caracterizar determinadas situações de testes sobre as lógicas de proteção digitais aplicadas
aos relés comerciais. A caixa de testes é útil para validar e levantar as curvas características
de operação dos relés associados, principalmente na definição e implementação das lógicas
de proteção para as linhas de transmissão e de distribuição ou à faltas internas e externas
em transformadores, como é o caso. Por esta caixa é possível avaliar os arquivos
COMTRADE provenientes das inúmeras situações de testes implementadas
computacionalmente, bem como as registradas junto às concessionárias locais. A mesma
possibilita conexão com a internet para atualização, acompanhamento e atuação dos
sistemas de proteção, sincronização via satélite (GPS – Global Positioning Satellite) e
configuração interna, de forma independente via microcomputadores, essenciais aos testes e
aplicações práticas comentadas.
Como evidenciado pela Figura 39, caracteriza-se o quarto passo como a avaliação
do comportamento da operação dos relés desejados frente às situações apresentadas.
Voltando ao passo um da seqüência, têm-se as análises das oscilografias registradas
pelo relé SEL-387A direcionado à proteção diferencial de transformadores, quando da
apresentação de alguns distúrbios em formato COMTRADE. Estas oscilografias
representam os sinais de corrente observadas em ambos os TC´s, bem como as correntes
diferenciais. Todos os valores observáveis passam por filtros passa-baixas anti-aliasing
(filtro Butterworth), os quais servem para remover os componentes de alta freqüência dos
sinais, e por filtros digitais (Fourier de Onda Completa) para se extrair principalmente os
componentes fundamentais, de segunda, quarta e quinta harmônica. Após esse processo de
filtragem, quando necessário, faz-se via relé, uma correção das escalas dos tapes dos TC´s,
a remoção de componentes de seqüência zero e a compensação da defasagem do
transformador, em função das conexões caracterizadas.
Devido o uso de um equipamento programável (digital), devem-se fazer alguns
ajustes do elemento diferencial utilizado para avaliação dos testes, sendo que estes foram
condicionados aos valores normalmente encontrados na prática. Estes ajustes serão
relacionados a seguir, a fim de um melhor entendimento dos parâmetros necessários:
Relação do TC de alta – CTR1 = 40
59

Relação do TC de baixa – CTR2 = 400


Tap da alta – TAP1 = 2,61A
Tap da baixa – TAP2 = 2,61A
Pick-up do elemento diferencial – O87P = 0,30 (p.u. do tap)
Primeira inclinação – SLP1 = 25%
Segunda inclinação – SLP2 = 50%
Ponto de transição inclinação – IRS1 = 3,0 (p.u. do tap)
Elemento diferencial instantâneo – U87P = 8,00 (p.u. do tap)
Bloqueio 2º harmônico – PCT2 = 15%
Bloqueio 4º harmônico – PCT4 = 15%
Bloqueio 5º harmônico – PCT5 = 35%

5.2. Resultados observados

Antes de analisarmos as oscilografias propriamente ditas, vamos elucidar sobre o


significado da nomenclatura empregada. Nas oscilografias que serão apresentadas, na parte
superior, acima das formas de onda, estão representadas as saídas analógicas, as quais
ilustram os sinais filtrados de corrente em ambos os lados, de alta (IAW1, IBW2 e ICW1 -
fases A, B e C respectivamente) e de baixa (IAW2, IBW2 e ICW2), do transformador
principal. Na parte inferior, abaixo às formas de onda, são caracterizadas as saídas digitais
que denotam a resposta de operação do relé diferencial por meio de diferentes variáveis
intrínsecas à lógica do relé SEL-387A. Estas são representadas por sinais de 0 ou 1,
demarcados por uma linha normal (sinal 0), ou por uma linha em destaque (sinal 1). Dentre
as variáveis caracterizadas podemos destacar as seguintes:
87O1 – Partida (pickup) individual do elemento diferencial da fase A;
87R – Elemento diferencial com restrição;
87U – Elemento diferencial sem restrição (instantâneo);
TRIP1 – Comando individual de disparo (87R ou 87U) da fase A;
87BL1 – Bloqueio individual da proteção diferencial da fase A;
2HB1 – Bloqueio individual por 2º harmônica da fase A;
4HBL – Bloqueio comum por 4º harmônica;
5HB1 – Bloqueio individual por 5º harmônica da fase A;
60

IOP1 – Corrente diferencial de operação da fase A;


IRT1 – Corrente diferencial de restrição da fase A;
I1F2 – Corrente diferencial de 2º harmônica da fase A;
I1F5 – Corrente diferencial de 5º harmônica da fase A.
32IF1 – Corrente residual de neutro.

Cabe comentar que a linha pontilhada em vermelho sobre as ilustrações a serem


apresentadas, denota o início da marcação do trigger, o qual indica o disparo da
oscilografia. Todas as oscilografias foram realizadas utilizando-se de 5 ciclos de pré e 10
ciclos de pós-falta, com uma taxa amostral de 8 pontos por ciclo. Ressalta-se que, os sinais
foram injetados ao relé a uma freqüência de amostragem de 3840 Hz.
Para efeito meramente ilustrativo, apresenta-se em anexo, a lógica do elemento de
proteção do relé SEL-387A (Schweitzer Engineering Laboratories).
A seguir serão apresentadas e discutidas as oscilografias obtidas e analisadas pelo
relé, modelo SEL-387A.
A Figura 40 ilustra uma oscilografia referente a uma situação de energização com o
secundário do transformador de potência a vazio. Para esta situação, a proteção é habilitada
como bloqueio comum das componentes harmônicas, onde se visualiza a forma de onda já
filtrada e se constata que o relé logo de início verifica a alteração do valor da corrente de
operação (IOP2 e IOP3), a qual ultrapassa o valor mínimo pré-estabelecido (pickup -
O87P), habilitando então o elemento diferencial instantâneo (87U) e/ou de restrição (87R).
Mediante tal situação, o relé também monitora desde o início as componentes harmônicas
de 2ª (2HB1,2,3), 4ª (4HBL) e 5ª (5BH1) ordem nas três fases, fazendo com que haja o
bloqueio da operação (87BL). Pode ser observado que a partir do momento que aparece a
componente harmônica de 2ª ordem, em qualquer fase, há um bloqueio comum sobre a
atuação do relé.
A Figura 41 ilustra a oscilografia do mesmo caso de energização. Contudo, a
proteção esta habilitada como sendo por bloqueio independente das componentes
harmônicas. A diferença é que o bloqueio será individual a cada fase e não comum a todas,
como anteriormente comentado. Neste caso também se garante a não operação por
energização.
61

A Figura 42 mostra a oscilografia para o mesmo caso de energização, porém, a


proteção foi habilitada por restrição das componentes harmônicas. Quando esta função esta
habilitada o relé eleva a curva de operação agregando um dado valor calculado a partir da
corrente diferencial de 2ª e 4ª harmônica. Percebe-se então que, como houve uma elevação
da curva, o ponto de operação caiu fora da região de operação, caracterizado pela não
atuação dos elementos de restrição (87R1,2,3,). Logo o relé não irá operar garantindo a
perfeita energização do transformador.
Na Figura 43 temos a ilustração da oscilografia caracterizando as correntes
diferenciais de operação, onde as fases A, B e C são representadas pelos números 1, 2 e 3
respectivamente. Percebe-se que a corrente de operação na fase A não é sensibilizada,
devido ao não alcance do valor mínimo (pickup). Porém, observa-se que nas demais fases
esse limiar é alcançado, demonstrando que existe uma corrente de operação. Observa-se
também que existem correntes de restrição, que poderiam habilitar a operação do relé pelo
elemento de restrição. Todavia não há atuação do relé, devido ao bloqueio por harmônicos,
caracterizado pelas curvas I1F2, I2F2 e I3F2.

IAW1 IBW1 ICW1


3

2
IAW1 IBW1 ICW1

-1

-2
-3
TRIPL
87O3
87O2
87R3
Digitals

87R2
87BL
2HB3
2HB2
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 40. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente posição do
sistema de proteção para a situação de energização do transformador principal a vazio, com
proteção por bloqueio comum das componentes de 2ª harmônica.
62

IAW1 IBW1 ICW1


3

IAW1 IBW1 ICW1 1

-1

-2
-3
TRIPL
87O3
87O2
87R3
87R2
Digitals

87BL3
87BL2
87BL1
2HB3
2HB2
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 41. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente posição do
sistema de proteção para a situação de energização do transformador principal a vazio, com
proteção por bloqueio independente das componentes harmônicas de segunda ordem.

IAW1 IBW1 ICW1


3

2
IAW1 IBW1 ICW1

-1

-2
-3
TRIPL
87O3
87O2
87R3
87R2
Digitals

87R1
87BL
87BL1
2HB3
2HB2
2HB1
4HBL
5HB1

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0


Cycles

Figura 42. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente posição do
sistema de proteção para a situação de energização do transformador principal a vazio, com
proteção por restrição.
63

IOP1 IRT1 I1F2 IOP2 IRT2

I2F2 IOP3 IRT3 I3F2


0,2

IOP3 IRT3 I3F2 IOP2 IRT2 I2F2 IOP1 IRT1 I1F2


0,1

0,0
0,50

0,25

0,00
0,50

0,25

0,00
TRIPL
87O3
87O2
Digitals

87O1
87BL
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 43. Correntes diferenciais observadas pelos TC's com a conseqüente posição do sistema de
proteção para a situação de energização do transformador principal a vazio.

As oscilografias das Figuras 44, 45 e 46 representam uma situação de energização


do transformador de potência quando da ocorrência de uma falta interna monofásica (fase-
terra), diferenciando-se somente pela função de proteção habilitada: por bloqueio comum,
independente e por restrição em cada uma das situações.
Apenas para um melhor entendimento às funções mencionadas e das suas
conseqüências sobre a filosofia de proteção empregada, no que segue, será comentado
quando da situação de energização seguida de uma situação de falta interna.
Para o caso de bloqueio comum, o relé irá observar as componentes harmônicas
independente da(s) fase(s) envolvida(s), bloqueando a sua operação quando da
manifestação em qualquer uma da(s) fase(s). Já para a função de bloqueio independente, o
relé irá observar cada fase individualmente. Por esta função, por exemplo, quando da não
observância da restrição harmônica em duas das fases do sistema e mediante a uma situação
de falta caracterizada, o relé irá operar. E para o caso de função de proteção por restrição, o
relé irá observar somente os valores das correntes através do cálculo do ponto de operação
na característica de atuação da proteção diferencial, apresentado pela Figura 2. Deve-se
64

ressaltar que para este caso, quando há o surgimento de harmônicas de 2ª e 4ª ordem, o


processo digital faz com que a curva se eleve, aumentando a região de bloqueio e
acrescentando uma maior segurança para a não atuação do relé.
A Figura 44 ilustra a oscilografia referente à energização com falta quando se
utilizou a função para proteção com bloqueio comum por componentes harmônicos. Nota-
se logo de início o aparecimento da componente harmônica de 2ª ordem nas três fases.
Porém, decorrido um dado instante, caracterizou-se a componente apenas na fase 2 (B).
Sendo assim, como o bloqueio comum estava habilitado, houve o bloqueio errôneo da
operação do relé, ou seja, embora o relé tenha percebido a falta pelo elemento de restrição
(87R1,2,3) a atuação do mesmo (TRIPL) foi restringida pelo bloqueio comum da 2ª
harmônica.
Na Figura 45 aplica-se o método para proteção com bloqueio independente das
componentes harmônicas. Nota-se que o relé observa as fases 1 e 3 (A e C), as quais são
bloqueadas (87BL1,3) por apresentarem uma 2ª harmônica temporária (2HB1,3). A partir
do momento da não existência das harmônicas, o relé calcula e compara os valores das
correntes lidas com as calculadas e então delibera a atuação (TRIPL), mesmo havendo
bloqueio da fase 2 (B), pois se percebe que o valor ultrapassa o adotado para a restrição
(87R1,3), que é de 15%. Vale a pena observar que a falta foi detectada após 1,375 ciclos.
A Figura 46 mostra o método para proteção por restrição. O relé observa os
harmônicos envolvidos no início da energização (5HB1, 4HBL, 2HB1,2,3) e qual logo são
bloqueados (87BL), mas como a função bloqueio não esta habilitada, não influenciará na
tomada de decisão. Neste método a restrição é calculada desde o início da detecção da
condição adotada, e após 2,375 ciclos é observada a atuação do relé (TRIPL). Este é um
método um pouco mais demorado para observação dos resultados, mas que melhor abrange
todos os problemas relacionados.
65

IAW1 IBW1 ICW1


20

IAW1 IBW1 ICW1


10

-10

-20

-30

TRIPL
87O3
87O2
87O1
87R3
Digitals

87R2
87R1
87BL
2HB3
2HB2
2HB1
4HBL
5HB2

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 44. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente posição do
sistema de proteção para a situação de energização com falta no secundário (estrela) do
transformador, com proteção por bloqueio comum das componentes de segunda harmônica.

IAW1 IBW1 ICW1


1.375 cycles
20
IAW1 IBW1 ICW1

10

-10

-20

-30
TR IP L
87O3
87O2
87O1
87R3
Digitals

87R2
87R1
87B L3
87B L2
87B L1
2H B 3
2H B 2
2H B 1
4H B L
5H B 3

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0


Cycles

Figura 45. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente posição do
sistema de proteção para a situação de energização com falta no secundário (estrela) do
transformador principal a vazio, com proteção por bloqueio independente das componentes de
segunda harmônica.
66

IAW1 IBW1 ICW1


2.125 cycles
20

IAW1 IBW1 ICW1


10

-10

-20

-30

TRIP L
87O3
87O2
87O1
87R
Digitals

87R3
87R1
87B L
87B L3
2HB 3
2HB 2
2HB 1
4HB L
5HB 3

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0


Cycles

Figura 46. Correntes observadas nos transformadores de medição com a conseqüente posição do
sistema de proteção para a situação de energização com falta no secundário (estrela) do
transformador principal a vazio, com proteção por restrição.

A Figura 47 ilustra uma oscilografia referente a uma situação de falta interna (fase-
terra) no enrolamento primário (delta), ramo AB, a 10% da fase A do transformador de
potência, carga de 10 MVA conectada em estrela. Para esta situação, nota-se a
sensibilização da operação do elemento da proteção diferencial (87O1) logo no início do
distúrbio, uma vez que o valor mínimo parametrizado (pickup - O87P) foi alcançado,
habilitando assim, a operação de restrição harmônica e instantânea. No início do distúrbio
há a operação por bloqueio de 2º, 4º e 5º harmônico (detecção de alguns componentes),
restringindo a operação por restrição harmônica. Contudo, após 1 ciclo de pós-falta, o relé
emite o comando de disparo (TRIP1) através do elemento instantâneo da proteção
diferencial (87U), uma vez que a corrente de operação diferencial (IOP) excede o valor de
ajuste do elemento instantâneo (U87P) parametrizado no relé.
A Figura 48 representa as correntes diferenciais processadas pelo relé, pelas quais se
percebe a atuação do elemento instantâneo (87U), devido a corrente de operação ultrapassar
o limiar adotado de 8,0 p.u.
67

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2


50 1,0 cycles

IAW1 IBW1 ICW1


0

-50
1,0
IAW2 IBW2 ICW2

0,5

0,0

-0,5
-1,0
87O1
87R
87U
Digitals

TRIP1
87BL
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 47. Oscilografia das correntes observadas nos TC’s com a conseqüente posição do sistema
de proteção para uma falta interna, aplicada a 10% do enrolamento (delta), carga média de 10 MVA
sendo conectada em estrela.

IOP1 IRT1 I1F2


1,0 cycles
20

15
IOP1 IRT1 I1F2

10

-5
87O1
87R
87U
Digitals

TRIP1
87BL
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 48. Oscilografia das correntes diferenciais observadas nos TC’s com a conseqüente posição
do sistema de proteção para uma falta interna, aplicada a 10% do enrolamento (delta), carga média
de 10MVA sendo conectada em estrela.
68

A Figura 49 ilustra uma oscilografia referente a uma situação de falta interna (fase-
terra) no enrolamento secundário (estrela), ramo A, a 10%, carga de 10 MVA sendo
conectada em delta. Para esta situação, nota-se que nenhuma característica foi sensibilizada.
Apesar de ser uma falta interna o relé não conseguiu distinguir a falta de uma operação
normal. Em casos como este, onde a falta ocorre próxima do neutro, não há um grande
desbalanceamento das correntes do primário e do secundário, conseqüentemente a corrente
de operação não atingiu o valor mínimo (pickup - O87P), conforme ilustra a Figura 50.
Uma solução para este problema foi então habilitar uma função chamada “falta terra
restrita” (REF - Restrict Earth Fault), cujo equacionamento é baseado no cálculo da
corrente diferencial de neutro, utilizando para isto, a corrente de neutro medida (In) e a
corrente de neutro calculada ((Ia+Ib+Ic)/3). Uma vez utilizada esta função, é possível
contornar o problema para este tipo de situação, o que pode ser constatado na Figura 50,
onde, agregado desta função (32IF1), houve a atuação do relé.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


1 1,5 cycles
IAW2 IBW2 ICW2 IAW1 IBW1 ICW1

-1
1

-1
2
Ineutro

-2
32IF1
87R
Digitals

87U
TRIPL
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 49. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 10% do enrolamento (estrela), carga média de 10 MVA sendo conectada em delta e
função “falta terra restrita” habilitada.
69

IOP1 IRT1 I1F2


0.45

0.40

0.35

0.30
IOP1 IRT1 I1F2

0.25

0.20

0.15

0.10

0.05

0.00
Digit als

32IF1
TRIPL

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0


Cycles

Figura 50. Oscilografia das correntes diferenciais observadas nos TC´s com a conseqüente posição
do sistema de proteção para uma falta interna, aplicada a 10% do enrolamento (estrela), carga média
de 10 MVA sendo conectada em delta e função “falta terra restrita” habilitada.

Na Figura 51 tem-se a oscilografia de uma situação de falta interna aplicada a 25%


do enrolamento (estrela), carga conectada em delta, com carga pesada e função “falta terra
restrita” habilitada. Neste caso o relé também não consegue distinguir dentre uma situação
de falta interna de uma situação normal utilizando a proteção diferencial percentual
convencional. Entretanto, o mesmo atua pela função REF, protegendo o transformador.
Ressalta-se que mesmo para uma falta a 25% do enrolamento estrela com referência ao
neutro e carga pesada, a proteção diferencial convencional não foi sensibilizada,
necessitando que outra função fosse habilitada para garantir a proteção.
Cabe comentar que durante o desenvolvimento dos testes, observou-se que a
proteção diferencial por restrição começa a atuar somente para situações de falta acima de
30% do enrolamento secundário em estrela, mesmo assim, com um tempo de atuação um
pouco elevado (maior que 2 ciclos) (conforme Figuras 65, 66 e 67, apêndice B). Tal
constatação vem a valorizar a metodologia empregada, pois, a partir desta, pôde-se ativar
outras funções para garantir o correto funcionamento do relé.
70

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


2.5 1.5 cycles

IAW 1 IBW 1 ICW 1


0.0

-2.5
2
IAW 2 IBW 2 ICW 2

-2

2.5
Ineutro

0.0
-2.5

32IF1
Digitals

TRIPL
2HB3
2HB1

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0


Cycles

Figura 51. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga conectada em delta, carga pesada e função falta terra
restrita habilitada.
A Figura 52 ilustra a resposta de operação do relé frente a uma situação de falta
interna aplicada a 80% do enrolamento secundário (estrela) do transformador principal,
carga média de 10MVA conectada em estrela. Pode-se notar que no início a lógica de
operação do relé (87O1) é sensibilizada, pois esta ultrapassa o valor inicial de 0,3 p.u.
parametrizado. Vemos também que há a detecção da 2ª, 4ª e 5ª harmônica e,
conseqüentemente, o bloqueio comum da lógica (87BL). Em seguida há o amortecimento
da corrente de 2ª harmônica, desabilitando o bloqueio da operação devido à mesma. Uma
vez que não há bloqueio da operação, e a relação entre a corrente diferencial de operação e
a corrente de restrição excede uma das curvas características do relé, o mesmo atua
(TRIPL) pelo elemento de restrição (87R).
Na figura seguinte (Figura 53), podemos visualizar as correntes diferenciais de
operação, restrição e 2ª harmônica. Percebe-se que nesta situação houve um tempo maior
na extinção da falta, em torno de 1,375 ciclos, esperando que a relação entre a corrente de
operação (IOP1) e de restrição (IRT1) exceda uma das inclinações ajustadas caindo na
região de operação do relé. Nesta situação o programa aguarda a tomada de novos valores
para uma decisão confiável sobre o ocorrido.
71

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2


1,375 cycles

IAW1 IBW1 ICW1


5

-5
IAW2 IBW2 ICW2

-1

87O1
87R
87U
Digitals

TRIP1
87BL
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 52. Correntes observadas nos TC´s com a conseqüente posição do sistema de proteção para
uma falta interna, aplicada a 80% do enrolamento (estrela) do transformador carga média de
10MVA conectada em estrela.

IOP1 IRT1 I1F2


2,5 1,375 cycles

2,0
IOP1 IRT1 I1F2

1,5

1,0

0,5

0,0
87O1
87R
87U
Digitals

TRIP1
87BL
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 53. Correntes diferenciais observadas nos TC´s com a conseqüente posição do sistema de
proteção para uma falta interna, aplicada a 80% de um enrolamento (estrela) do transformador.
72

Abaixo, temos a Figura 54, a qual ilustra a situação de uma falta externa aplicada ao
final da linha de distribuição, onde se observa a alteração nas correntes, tanto do lado delta
como do estrela.
Na Figura 55, têm-se as correntes diferenciais de operação e restrição (2ª e 5ª
harmônicas), de todas as fases do sistema. Percebe-se pela mesma que não há uma corrente
de operação (IOP1,2,3) considerável frente à corrente mínima ajustada (O87P),
caracterizando dessa forma uma falta externa, como era esperado. Nota-se também que os
valores das correntes diferenciais de 2ª e 5ª harmônica não excederam seus ajustes, porém,
observa-se à presença de corrente de restrição.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2


5,0
IAW1 IBW1 ICW1

2,5

0,0

-2,5
-5,0

5
IAW2 IBW2 ICW2

-5

TRIP1
Digitals

87BL
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 54. Correntes observadas nos TC´s com a conseqüente posição do sistema de proteção para
uma falta externa, caracterizada na linha de distribuição.
73

IOP1 IRT1 I1F2 I1F5 IOP2 IRT2

I2F2 I2F5 IOP3 IRT3 I3F2 I3F5


2

IOP3 IRT3 I3F2 I3F5 IOP2 IRT2 I2F2 I2F5 IOP1 IRT1 I1F2 I1F5
1

0
2

0
0,50

0,25

0,00
87O3
87O2
Digitals

87O1
5HB3
5HB2
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 55. Correntes diferenciais observadas nos TC´s com a conseqüente posição do sistema de
proteção para uma falta externa, aplicada na linha de distribuição.

A Figura 56 mostra a oscilografia referente a uma situação de falta externa ocorrida


próxima ao TC secundário com saturação do mesmo. Para uma melhor caracterização das
formas de onda da corrente em saturação, apresenta-se esta oscilografia antes da filtragem
digital.
Analisando este caso em particular, observou-se a sensibilização do relé pela
corrente de operação diferencial (87O1,3), o que, normalmente, para um caso ideal de falta
externa não deveria ocorrer. Houve a operação errônea do relé, devido à função REF estar
habilitada e não-ajustada de forma correta para este tipo de falta. Podemos observar que
estando o relé ajustado pela função de restrição, a qual eleva a curva de operação, dado os
níveis de 2ª e 4ª harmônica, esta garantiria a esperada não atuação do relé para uma falta
externa. Além disso, nesta situação haveria o bloqueio por 5ª harmônica (5HB1,3), a qual
também garantiria a não atuação do relé. Contudo, caso a função REF esteja habilitada,
como foi o caso, haverá a operação errônea por parte do relé, como pôde ser observado na
figura. Logo, para esta situação, a função REF poderia estar habilitada, desde que ajustada
de forma correta.
74

Por outro lado, analisando as correntes diferenciais para esta situação (Figura 57),
caso a função de restrição por harmônica não estivesse habilitada e o nível de 2ª, 4ª e 5ª
harmônica não ultrapassasse o valor ajustado, também poderia haver operação errônea do
relé.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


10
IAW1 IBW1 ICW1

0
-10
20
IAW2 IBW2 ICW2

0
-20
10
Ineutro

0
-10
32IF1
87O3
87O2
87O1
87R
87U
Digitals

TRIPL
87BL3
87BL2
87BL1
4HBL
2HB3
2HB1
5HB3
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 56. Oscilografia de uma falta externa aplicada próxima ao TC do lado secundário do
transformador de potência com saturação do mesmo.
75

IOP1 IRT1 I1F2

3.0

2.5

2.0

1.5
IOP1 IRT1 I1F2

1.0

0.5

0.0

-0.5

-1.0

-1.5

2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0


Cycles

Figura 57. Correntes diferenciais observadas nos TC´s de uma falta externa aplicada próxima ao TC
do lado secundário do transformador de potência com saturação do mesmo.

A Figura 58 ilustra a oscilografia referente a uma situação de sobreexcitação,


ocorrida no sistema em regime, com carga de 10 MVA, sendo de 140% de sobretensão.
Em virtude da sobretensão aplicada ao primário do transformador há uma
sobreexcitação do mesmo e, conseqüente, deformação das ondas de corrente. Essa
deformação leva ao aparecimento de correntes diferenciais de operação (87O1,2,3),
sensibilizando o relé. Em um dado instante após essa sensibilização, ocorre a atuação do
elemento de restrição (87R1,2,3), porém a operação do relé (trip) é impedida devido à
função de bloqueio por 5º harmônico (5HB1,2.3), garantindo uma resposta correta por parte
do relé frente à situação de sobreexcitação. Através dessa simulação pode-se comprovar
que no caso de sobreexcitação há o predomínio da componente de 5º harmônico, como
observado pelos apontamentos teóricos levantados.
76

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2


2.5
IAW 1 IBW 1 ICW 1

0.0

-2.5
IAW 2 IBW 2 ICW 2

1
0
-1

87O3
87O2
87O1
87R3
87R2
87R1
87U
Digitals

TRIPL
87BL3
87BL2
87BL1
2HB3
2HB2
2HB1
4HBL
5HB3
5HB2
5HB1

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0


Cycles

Figura 58. Oscilografia de uma condição de sobreexcitação, com 140% de tensão e sistema em
regime normal.

A Tabela 7 abaixo mostra uma compilação de todas as situações analisadas frente às


funções de proteção por bloqueio comum, independente e por restrição, comentadas
anteriormente.
Lembra-se que somente deverá estar habilitada uma única função. Logo, caso a
proteção por bloqueio comum esteja habilitada, devem ser desconsideradas as outras duas
funções, de bloqueio independente e de restrição.
77

Tabela 7. Resumo das situações aplicadas no trabalho.


Proteção por
Proteção por Proteção por
Casos Aplicados bloqueio
bloqueio comum restrição
independente
habilitado habilitado habilitado
relé não opera, relé não opera, relé não opera,
Energização
“REF” “REF” “REF”
desabilitado desabilitado desabilitado
habilitado habilitado habilitado
Energização relé não opera, relé opera, relé opera,
com falta interna “REF” “REF” “REF”
desabilitado desabilitado desabilitado
relé opera pelo
Falta interna
instantâneo,
10% delta - -
“REF”
carga média
desabilitado
Falta interna
relé opera pela
20% estrela - -
“REF”
carga pesada
Falta interna
relé opera pela
25% estrela - -
“REF”
carga leve
Falta interna
relé opera pela
80% estrela - -
restrição
carga média
Falta interna relé opera pelo
10% delta - - instantâneo,
carga média “REF” habilitado
Falta interna
relé opera pela
10% estrela - -
“REF” e restrição
carga média
Falta interna
relé opera pela
50% estrela - -
“REF” e restrição
carga média
Falta interna
relé opera pela
15% estrela - -
“REF”
carga pesada
Falta interna
relé opera pela
25% estrela - -
“REF”
carga leve
Falta interna
relé opera pela
25% estrela - -
“REF”
carga pesada
Falta interna
relé opera pela
30% estrela - -
“REF” e restrição
carga leve
Falta interna
relé opera pela
30% estrela - -
“REF” e restrição
carga pesada
Falta externa relé não opera,
Linha de - - “REF”
Distribuição desabilitado
Falta externa
relé opera,
com saturação - -
“REF” habilitado
de TC
relé não opera,
Sobreexcitação - -
“REF” habilitado
78

As oscilografias referentes às outras situações implementadas e analisadas no decorrer


deste trabalho estão ilustradas no Apêndice B.
O anexo apresentado somente tem como objetivo ilustrar a lógica do elemento
diferencial da proteção diferencial percentual do relé modelo SEL – 387A, o qual fora
empregado em todo este trabalho de pesquisa.
79

6. CONCLUSÕES FINAIS

Em linhas gerais, este trabalho apresentou uma metodologia para análise de um


sistema de proteção digital diferencial aplicado a um transformador de potência,
caracterizado laboratorialmente via software ATP, arquivo COMTRADE, caixa de teste e
relé comercial sob análise. O modelo implementado permite a simulação de faltas internas
ao transformador protegido, além de diversas manobras e distúrbios capazes de provocar a
operação indevida da proteção diferencial empregada.
Para a realização deste trabalho foram analisadas algumas distintas situações como
faltas nos enrolamentos internos do transformador de potência, condições de energização
normal, energização com falta interna no enrolamento, faltas externas, condição de
saturação de TC e condição de sobreexcitação.
Na etapa de geração de dados, utilizou-se o programa ATP – Alternative Transients
Program – no qual os sinais de corrente observados pelos TC’s foram obtidos para as
diversas e distintas situações apontadas.
A conversão dos dados simulados para o arquivo COMTRADE se mostrou de fácil
aplicação, manuseio, e de extrema e necessária importância para a aceitação dos valores
simulados à caixa de testes.
Conforme evidenciado, as oscilografias registradas pelo software do relé analisado
foram validadas de acordo com teoria e prática apresentada.
É de grande importância observar que para um correto funcionamento do relé
diferencial digital, o operador deve ter o conhecimento e a sensibilidade para saber quando
usar uma ou outra função disponível, ou mesmo realizar específicas análises (simulações,
testes, etc) para uma melhor parametrização do relé. Atenta-se ao fato de que muitas das
vezes o técnico responsável pela instalação do relé desconhece das inúmeras funções que
estão disponíveis no dispositivo além da proteção diferencial percentual padrão, as quais
80

podem melhorar o desempenho da proteção como um todo. Pela metodologia e rotina de


testes proposta pôde-se evidenciar o funcionamento da proteção diferencial percentual e de
diversas outras funções interligadas a esta, o que permitiu, por exemplo, distinguir quando
se deve utilizar uma ou outra função do relé.
Além do esquema laboratorial montado para a análise e levantamento da operação
dos relés comercialmente disponíveis, vale ressaltar a contribuição do trabalho na revisão
do conteúdo teórico envolvido, a qual servirá como base para estudos mais avançados no
sentido de se sobrepor a eventuais limitações observadas à filosofia.
Outra questão a ser comentada, diz respeito à contribuição do ponto de vista
didático para a exemplificação e elucidação dos problemas associados à área.
Em suma, todo o processo envolvido na metodologia foi considerado extremamente
útil e de importância para futuros projetos, ensaios e análises de equipamentos, onde os
resultados obtidos nesta, podem ser facilmente validados. A metodologia como
apresentada, torna-se um meio atrativo e uma opção economicamente viável para estudos e
soluções de problemas enfrentados na área de sistemas elétricos de potência.

6.1. Sugestões para a continuidade da pesquisa

Como proposta de continuidade da pesquisa, podemos destacar:


• A aplicação de novos e diferentes testes visando caracterizar problemas e suas
possíveis soluções.
• A adequação da metodologia para aplicação em diferentes segmentos da
proteção digital de sistemas elétricos de potência, como por exemplo, à proteção
de linhas de transmissão, de barramentos, máquinas e geradores, etc.

6.2. Participações em eventos científicos

Vale comentar que o trabalho acima apresentado já foi exposto no VIII Seminário
Técnico de Proteção e Controle – VIII STPC, realizado de 28 de junho a 01 de julho de
2005, no Rio de Janeiro – RJ, sob o título: "Um esquema completo de proteção diferencial
81

de transformadores para testes em relés digitais", fazendo parte dos Anais do referido
seminário. Além desta participação, tem-se a aceitação do trabalho intitulado “Prática
laboratorial para a avaliação da proteção diferencial de transformadores de potência
considerando um relé digital”, no Seminário Brasileiro de Sistemas de Energia – SBSE, a
ser realizado em Campina Grande, Paraíba, Brasil, no período de 17 a 19 de julho de 2006.
82

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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86

APÊNDICE A

Máscara do programa (arquivo fonte) que serve como entrada para as situações
geradas e simuladas dispondo do software ATP. Esta máscara ilustra uma situação de
energização do transformador de potência com secundário em aberto.

BEGIN NEW DATA CASE


C
C
C ARQUIVO BASE DA LINHA DE TRANSMISSÃO COM FONTE, TRAFO, TCs, L.D. e CARGAS
C
C CONDIÇÃO DE ENERGIZAÇÃO COM SECUNDÁRIO ABERTO
C
2.60E-04.5
1 1 1 1 1 1
$VINTAGE, 1
C Resistências de falta entre Transf. pot e TC2
RFTTCA 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
RFTTCB 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
RFTTCC 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
C Resistências de falta próxima ao transformador de potência
RFPXTA 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
RFPXTB 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
RFPXTC 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
C Resistências de falta na Linha de Distribuição
RFLDA 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
RFLDB 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
RFLDC 1.000000000E-01 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
C Capacitâncias para balanceamento do sistema
TPRA 5.000000000E-05 0
TPRB 5.000000000E-05 0
TPRC 5.000000000E-05 0
C dados referentes a carga
CHGA 17.520E+00 19.79811000E+00 0.000000000E+00 0
CHGB 17.520E+00 19.79811000E+00 0.000000000E+00 0
CHGC 17.520E+00 19.79811000E+00 0.000000000E+00 0
C dados referentes a carga em paralelo de 15 MVA criada para cond. de rejeição
CHRJA 11.682E+00 13.19100000E+00 0.000000000E+00 0
CHRJB 11.682E+00 13.19100000E+00 0.000000000E+00 0
CHRJC 11.682E+00 13.19100000E+00 0.000000000E+00 0
C ligação do ponto NEUT do transformador
NEUT0 NN0 1.000000000E-03 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
NN0 1.
NEUT1 NN1 1.000000000E-03 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
NN1 1.
NEUT2 NN2 1.000000000E-03 0.000000000E+00 0.000000000E+00 0
NN2 1.
$VINTAGE, 0
C dados referentes ao equivalente de geracão, em valores de sequência
51FONTA G1A 7.5962 115.4500000 0
52FONTB G1B 7.1003 53.99000000 0
53FONTC G1C
C dados referentes a linha de transmissão com parametros concentrados
51CH2A LDA 0.7186 11.4500E+00 0
52CH2B LDB .31010 2.41000E+00 0
53CH2C LDC
C
C dados referentes ao TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA
C primeiro transformador
TRANSFORMER 3.019326.899TA 63000.
C <++++++> Cards punched by support routine on 14-Oct-97 11.54.14 <++++++>
C SATURATION
C 60.0 7.9674338.333333 0
87

C 0.7170000000E-03 0.90
C 1.45062000000-03 1.00
C 7.9786000000E-03 1.10
C 41.112900000E-03 1.15
C 113.77700000E-03 1.18
C 9999
1.06055811E+00 2.68995372E+01
3.28814356E+00 2.98883747E+01
2.08489263E+01 3.28772122E+01
1.29055289E+02 3.43716309E+01
3.80764491E+02 3.52682821E+01
9999
C 345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890
1TSECA NEUT1 0.0175 1.514 7.967
2TPRA N10TA .1048 9.083 13.80
3N10TA N50TA .419236.332 55.20
4N50TA N80TA .314427.249 41.40
5N80TA TPRC .209618.166 27.60
C
C segundo tranformador
TRANSFORMER TA TB
1TSECB NEUT1
2TPRB N10TB
3N10TB N50TB
4N50TB N80TB
5N80TB TPRA
C
C terceiro transformador
TRANSFORMER TA TC
1TSECC NEUT1
2TPRC N10TC
3N10TC N50TC
4N50TC N80TC
5N80TC TPRB
C final da descrição do transformador
C
C Dados referentes ao TC1 - TC do lado primário do Transf. de pot.
C
TRANSFORMER 2.8E-32.6E-2TC1A
C <++++++> Cards punched by support routine on 05-Apr-05 16.21.41 <++++++>
C SATURATION
C C fr Vbase Sbase tipo out
C 60.0 1.00E-031.00E-06 0
C C 34567890123456789012345678901234567890
C C Irms(pu) Vrms(pu)
C 0.2000000000E-02 7.00
C 4.00000000000-03 20.00
C 6.0000000000E-03 35.00
C 7.0000000000E-03 43.00
C 1.0000000000E-02 75.00
C 2.0000000000E-02 200.00
C 2.8000000000E-02 340.00
C 4.0000000000E-02 430.00
C 5.0000000000E-02 470.00
C 8.0000000000E-02 500.00
C 2.0000000000E-01 550.00
C 9999
2.82842712E-03 2.62592259E-02
5.25107738E-03 7.50263597E-02
8.05200092E-03 1.31296129E-01
9.37604273E-03 1.61306673E-01
1.30507689E-02 2.81348849E-01
2.69326991E-02 7.50263597E-01
3.63934345E-02 1.27544811E+00
6.23407710E-02 1.61306673E+00
8.51843969E-02 1.76311945E+00
1.78251034E-01 1.87565899E+00
4.53547317E-01 2.06322489E+00
9999
88

C
C 345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890
C
1TC1SA NEUT0 1.2 .001 200.
2CH1A TPRA .0001 .1 5.
C
C segundo tranformador - FASE B DO TC LADO PRIMÁRIO DO TRANSF. DE POT. -
TRANSFORMER TC1A TC1B
1TC1SB NEUT0
2CH1B TPRB
C
C terceiro transformador - FASE C DO TC LADO PRIMÁRIO DO TRANSF. DE POT. -
TRANSFORMER TC1A TC1C
1TC1SC NEUT0
2CH1C TPRC
C
C IMPEDÂNCIA no secundário do TC do lado PRIMÁRIO do transf. pot.
TC1SA STC1A 3.00
TC1SB STC1B 3.00
TC1SC STC1C 3.00
C final da descrição do TC lado primário do transf. pot.
C
C Dados referentes ao TC2 - TC do lado de baixa tensao
C
TRANSFORMER 2.8E-32.6E-2TC2A
C <++++++> Cards punched by support routine on 05-Apr-05 16.21.41 <++++++>
C SATURATION
C C fr Vbase Sbase tipo out
C 60.0 1.00E-031.00E-06 0
C C 34567890123456789012345678901234567890
C C Irms(pu) Vrms(pu)
C 0.2000000000E-02 7.00
C 4.00000000000-03 20.00
C 6.0000000000E-03 35.00
C 7.0000000000E-03 43.00
C 1.0000000000E-02 75.00
C 2.0000000000E-02 200.00
C 2.8000000000E-02 340.00
C 4.0000000000E-02 430.00
C 5.0000000000E-02 470.00
C 8.0000000000E-02 500.00
C 2.0000000000E-01 550.00
C 9999
2.82842712E-03 2.62592259E-02
5.25107738E-03 7.50263597E-02
8.05200092E-03 1.31296129E-01
9.37604273E-03 1.61306673E-01
1.30507689E-02 2.81348849E-01
2.69326991E-02 7.50263597E-01
3.63934345E-02 1.27544811E+00
6.23407710E-02 1.61306673E+00
8.51843969E-02 1.76311945E+00
1.78251034E-01 1.87565899E+00
4.53547317E-01 2.06322489E+00
9999
C 345678901234567890123456789012345678901234567890123456789012345678901234567890
C
1TC2SA NEUT2 1.2 .001 2000.
2NT1A TSECA .0001 .1 5.
C
C segundo tranformador - FASE B DO TC LADO SECUNDÁRIO DO TRANSF. POT. -
TRANSFORMER TC2A TC2B
1TC2SB NEUT2
2NT1B TSECB
C
C terceiro transformador - FASE C DO TC LADO SECUNDÁRIO DO TRANSF. POT. -
TRANSFORMER TC2A TC2C
1TC2SC NEUT2
2NT1C TSECC
89

C
C IMPEDANCIA no secundário do TC do lado SECUNDÁRIO do transf. pot.
TC2SA STC2A 3.00
TC2SB STC2B 3.00
TC2SC STC2C 3.00
C final da descrição do TC lado secundário do transf. pot.
C
BLANK card terminating network
C dados referentes as chaves do sistema elétrico
G1A CH1A 80.52E-03 1.000E+02 0.000E+00 0
G1B CH1B 82.52E-03 1.000E+02 0.000E+00 0
G1C CH1C 84.52E-03 1.000E+02 0.000E+00 0
NT1A CH2A 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
NT1B CH2B 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
NT1C CH2C 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
LDA CHGA -1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
LDB CHGB -1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
LDC CHGC -1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
C Chaves referentes a ligação dos taps do transformador a terra
C Ligação TRIANGULO
N10TA 1.000E+02 1.000E+02 0.000E+00 0
N50TA 1.010E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
N80TA 1.010E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
C Chave referente a ligação entre as fases do enrolamento TRIANGULO
C N50TA N50TB 1.010E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
C Chaves referentes a falta entre Trafo e TC2
TSECA RFTTCA 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
TSECB RFTTCB 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
TSECC RFTTCC 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
C Chaves referentes a falta externa próxima ao transformador de potência
CH2A RFPXTA 1.000E+02 1.000E+02 0.000E+00 0
CH2B RFPXTB 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
CH2C RFPXTC 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
C Chaves referentes a falta na linha de distribuição
LDA RFLDA 1.00E+02 1.000E+02 0.000E+00 0
LDB RFLDB 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
LDC RFLDC 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
C Chaves referentes a condição de rejeição de carga
CHGA CHRJA 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
CHGB CHRJB 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
CHGC CHRJC 1.00E+00 1.000E+02 0.000E+00 0
C Saída dos TCs
STC1A MEASURING 1
STC1B MEASURING 1
STC1C MEASURING 1
STC2A MEASURING 1
STC2B MEASURING 1
STC2C MEASURING 1
C CHAVE DE MEDIDA DO NEUTRO TRAFO PRINCIPAL
NEUT1 NN1 MEASURING 1
BLANK card terminating switches
C dados referentes ao gerador
14FONTA 0 112.7E+03 6.000E+01 0.000E+00 0 -1.000E+00 1.000E+02
14FONTB 0 112.7E+03 6.000E+01-1.200E+02 0 -1.000E+00 1.000E+02
14FONTC 0 112.7E+03 6.000E+01 1.200E+02 0 -1.000E+00 1.000E+02
BLANK card terminating sources
C CH1A CH1B CH1C NT1A NT1B NT1C
BLANK card terminating outputs
BLANK card terminating plots
BEGIN NEW DATA CASE
90

APÊNDICE B

No que segue, são apresentadas as oscilografias resultantes quando da aplicação de


situações de faltas internas nos enrolamentos delta e estrela aterrado, considerando-se carga
leve e ou pesada, conectada em delta ou estrela e estando a função “falta terra restrita”
habilitada ou não.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


2,5 1,5 cycles
IAW1 IBW1 ICW1

0,0

-2,5
2
IAW2 IBW2 ICW2

-2
2,5
Ineutro

0,0

-2,5

32IF1
Digitals

TRIPL
2HB3
2HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 59. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 20% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em estrela com a “função falta
terra restrita” habilitada.
91

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


1,5 cycles

IAW2 IBW2 ICW2 IAW1 IBW1 ICW1


0,5
0,0
-0,5

0,2

0,0

-0,2
5
Ineutro

-5
32IF1
Digitals

TRIPL
4HBL
2HB3
2HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 60. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga leve e conectada em estrela com a função “falta terra
restrita” habilitada.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


2,5 1,5 cycles
IAW1 IBW1 ICW1

0,0

-2,5
2
IAW2 IBW2 ICW2

-2
2,5
Ineutro

0,0
-2,5

32IF1
87O3
87O1
Digitals

87R
87R3
TRIPL
2HB3
2HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 61. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em estrela com a função “falta
terra restrita” habilitada.
92

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2


50 1,0 cycles

IAW2 IBW2 ICW2 IAW1 IBW1 ICW1


0

-50
1

-1
87O3
87O1
87R3
87R1
87U
Digitals

TRIPL
87BL
87BL1
2HB3
2HB1
4HBL
5HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 62. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 10% do enrolamento (delta), carga média de 10 MVA sendo conectada em delta com a
função “falta terra restrita” desabilitada.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


2,5 1,5 cycles
IAW1 IBW1 ICW1

0,0

-2,5
2
IAW2 IBW2 ICW2

-2
2
Ineutro

-2
Digitals

32IF1
TRIPL

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 63. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 15% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em delta com a função “falta
terra restrita” habilitada.
93

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


1 1,5 cycles

IAW2 IBW2 ICW2 IAW1 IBW1 ICW1


0

-1
0,1

0,0

-0,1
5
Ineutro

-5
32IF1
Digitals

TRIPL
4HBL
2HB3
2HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 64. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 25% do enrolamento (estrela), carga leve e conectada em delta com a função “falta terra
restrita” habilitada.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


1 1,5 cycles
IAW1 IBW1 ICW1

0
-1
IAW2 IBW2 ICW2

0,1
0,0
-0,1
5
Ineutro

0
-5
32IF1
87O3
87O1
87R
Digitals

87R3
87R1
TRIPL
4HBL
2HB3
2HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 65. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 30% do enrolamento (estrela), carga leve e conectada em delta com a função “falta terra
restrita” habilitada.
94

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


2,5 1,5 cycles

IAW1 IBW1 ICW1


0,0
-2,5
IAW2 IBW2 ICW2
2
0
-2
5
Ineutro

0
-5
32IF1
87O3
87O1
87R
Digitals

87R3
87R1
TRIPL
4HBL
2HB3
2HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 66. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 30% do enrolamento (estrela), carga pesada e conectada em delta com a função “falta
terra restrita” habilitada.

IAW1 IBW1 ICW1 IAW2 IBW2 ICW2 Ineutro


2,5 1,5 cycles
IAW1 IBW1 ICW1

0,0
-2,5
1
IAW2 IBW2 ICW2

0
-1
5
Ineutro

0
-5

32IF1
87O3
87O1
87R
Digitals

87R3
87R1
TRIPL
4HBL
2HB3
2HB1

0,0 2,5 5,0 7,5 10,0 12,5 15,0


Cycles

Figura 67. Oscilografia das correntes observadas nos TC´s na proteção para uma falta interna,
aplicada a 50% do enrolamento (estrela), carga média de 10 MVA e conectada em delta com a
função “falta terra restrita” habilitada.
95

ANEXO

Lógica do elemento diferencial da proteção diferencial percentual do relé modelo


SEL – 387A.

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