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484 IEEE LATIN AMERICA TRANSACTIONS, VOL. 6, NO.

5, SEPTEMBER 2008

Maintenance and Assembly Training in a


Hydroelectric Unit of Energy Using Virtual
Reality Desktop
Marcos Paulo Alves de Sousa, Alcides Renato da Silva Pamplona Junior, Manoel Ribeiro Filho,
Felipe Vaz Reis

Abstract-— This article presents a training system for a e desmontagem de equipamentos de uma Unidade Hidrelétrica
hydroelectric unit of energy (UHE) by using Virtual Reality de Energia (UHE) [3] impactará diretamente na qualidade da
Desktop techniques. The system has two training modules: the first geração de energia e no nível de risco operacional. A UHE é
one, assembly module, allows the trainer to virtually execute the
um processo contínuo de produção em que a energia
real assembly sequences of the concrete and the UHE equipments.
The second one, maintenance module, which uses the learning hidráulica é convertida em energia mecânica, e finalmente, em
approach based on practice, offers different levels of training, energia elétrica.
divided in three modes: automatic, guided and exploratory. These O presente trabalho propõe um sistema de treinamento de
modes are accessed according to the trainer’s acquired degree of procedimentos de montagem e desmontagem de peças
knowledge compared to the maintenance procedures. The results of contidas em uma UHE utilizando técnicas de Realidade
the system implantation show the potentiality of using Virtual
Reality Desktop in huge industrial projects training.
Virtual não imersiva, atendendo aos principais requisitos de
treinamento virtual disponíveis nas referências [1] [4] [5]
Keywords— Virtual Reality; interactive training; computational [6][14][15][19]. O ambiente de treinamento é formado pelo
simulation; energy systems Curso de Montagem, que corresponde ao procedimento de
montagem real do concreto e dos equipamentos, e do Curso de
I. INTRODUÇÃO Manutenção, que corresponde aos procedimentos de

N as últimas décadas, os centros de treinamento de


empreendimentos de engenharia vêm passando por
grandes transformações para atender uma demanda cada vez
treinamento de manutenção das sub-unidades das seções da
UHE.
A seção 2 apresenta uma contextualização da Realidade
maior por técnicos altamente qualificados, principalmente Virtual e suas aplicações em treinamento de manutenção
quando envolve manutenção de peças de grande porte, como industrial. A seção 3 mostra a proposta de estudo do sistema
por exemplo, equipamentos em usinas nucleares, siderúrgicas de treinamento em manutenção em uma UHE usando técnicas
ou hidrelétricas, onde a interrupção das atividades regulares de RV não imersiva. A seção 4 apresenta os cursos de
ocasionada por um erro de procedimento poderá acarretar em montagem e manutenção. A seção 5 mostra uma avaliação do
danos incalculáveis, e inclusive colocar em risco a vida dos sistema, e na seção 6, são feitas as considerações finais.
técnicos envolvidos.
O ambiente tradicional em manutenção, basicamente II. REALIDADE VIRTUAL E SUAS APLICAÇÕES EM
formado por aulas teóricas, vídeo-aulas, modelos de peças MONTAGEM E TREINAMENTO DE MANUTENÇÃO
reais e utilização de manuais impressos, vem apresentando INDUSTRIAL
várias limitações e representa um alto custo de manutenção
aos centros de treinamento [1], e por esta razão, novas O aumento da complexidade dos equipamentos técnicos e
tecnologias têm sido pesquisadas para melhorar o nível de das máquinas tem exigido um maior nível de qualificação de
treinamento de equipes especializadas, uma delas é a funcionários nas industriais. A elevação dos custos e esforços
Realidade Virtual [2], permitindo que o treinando possa exigidos para qualificar os técnicos tem levado os centros de
manipular facilmente peças de difícil visualização e acesso, treinamento das organizações a buscar novos métodos e
além disso, poderá ser oferecida ao usuário a sensação de estar ferramentas para realizar o treinamento com menores
na planta real utilizando modelos de peças realistas, a investimentos. Existem razões e exigências adicionais que
possibilidade de realizar procedimentos de montagem que pedem o uso de técnicas inovadoras de treinamento no
nem sempre estão previstos em manuais, e a oportunidade de domínio técnico, tais como [4]:
simular situações de erro sem impactar na produção real. • A necessidade de um sistema de treinamento que possa
A importância do treinamento do processo de montagem ser integrado ao ambiente de trabalho.
• A necessidade de uma oferta de treinamento que possa
ser oferecida globalmente e de acordo com a demanda.
Os autores agradecem o apoio oferecido pelo projeto de P&D financiado
pela ELETRONORTE (Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.) • A necessidade de um treinamento flexível que possa
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ser oferecido em qualquer lugar e a qualquer momento. [19]. Pelo fato das empresas e indústrias trabalharem já algum
• A necessidade da integração de aspectos pedagógicos e tempo com computadores pessoais, os usuários comuns já
fatores humanos no ambiente de treinamento para auxiliar o estão familiarizados com dispositivos, tais como, monitor,
usuário final no alcance dos efeitos e resultados de teclado e mouse. Por essa razão, os engenheiros e técnicos
aprendizados pretendidos. sentem-se mais confortáveis com a utilização de sistemas de
Segundo estudos apontados por Boud, et al. [6], a aquisição RV não imersiva em comparação aos sistemas imersivos.
de habilidades é dividida em três estágios: estágio cognitivo, Atualmente, existem bons exemplos de aplicações não
em que as pessoas aprendem os procedimentos e as imersivas voltadas para área de manutenção e montagem
propriedades básicas do objeto, estágio associativo, em que os industrial, tais como, o V-REALISM [15] e VDSS
procedimentos e o conhecimento dos objetos devem fazer (Visualization Decision Support System) [16]. O primeiro, é
parte da seqüência de ações, e por fim o estágio habilitado, um sistema orientado a objetos, que realiza treinamento de
neste as seqüências de ações são combinadas dentro de um montagem às equipes de engenharia especializadas, com
padrão de atividades. A cada etapa, requer um nível objetivo de fornecer aos engenheiros de manutenção uma
decrescente de controle consciente. Uma das discussões do visualização tridimensional e simulação das seqüências de
trabalho de Boud, é que as atividades realizadas por meios desmontagem de forma eficazes em equipamentos e peças da
tradicionais são baseadas no estágio cognitivo, e a Realidade manutenção. O segundo, apresenta um sistema de visualização
Virtual conduz o treinando aos demais estágios, portanto, de unidade geradora hidrelétrica, permitindo compreender
oferecendo ao treinando estágios superiores de habilidade em estruturas físicas e monitoramento da condição, para a análise
relação ao treinamento convencional. do diagnóstico dos componentes de uma UHE.
Um outro importante estudo, referente a retenção de
habilidade espacial sobre tarefas de montagens, realizado por III. ESTUDO DE UMA UHE USANDO TÉCNICAS DE RV
Waller, et al. [7], conclui que a retenção de habilidades do NÃO IMERSIVA
treinando, é maior quando do uso da Realidade Virtual em
comparação aos meios tradicionais, principalmente quando Para o estudo de caso, utilizaram-se as plantas de uma
envolve um certo período de tempo após o treinamento. UHE da usina de Tucuruí. Situada na Região norte do Brasil
Nos últimos anos, a área de Manutenção e Treinamento na latitude 3º 50’ S e longitude 49º 30’ W no Rio Tocantins no
industrial vem sendo objeto de estudo em diversos trabalhos Estado do Pará. A altitude é de aproximadamente 30m acima
envolvendo RV, por ter um grande potencial no setor de do nível do mar. A usina de Tucuruí tem uma potência
treinamento oferecendo um meio em que as exigências de instalada de 8.370 MW e possui 23 UHEs, é a segunda maior
usina hidrelétrica brasileira e a quinta maior do mundo.
treinamento e necessidade anteriormente mencionadas possam
Para a implementação do ambiente virtual de treinamento
ser integradas em um único ambiente.
de manutenção na UHE, foi desenvolvida uma ferramenta
Essa potencialidade da RV é motivada nas boas
chamada Unidade Geradora Virtual (UGV) baseada em
experiências da Educação em Engenharia [8] [9] visualização técnicas de RV não imersiva que apresenta três cursos
de ambientes virtuais complexos em CAD [10] [11], principais: o primeiro, o curso de componentes da UHE que
utilizações em processos de montagens [5] [12] [13] e tem como objetivo a visualização e estudo geral das seções
aplicações de treinamento baseadas na abordagem de constituintes de uma UHE, onde maiores detalhes poderão ser
aprendizagem pela prática (learning by doing) [4] [14] [15] encontrados nas referências [20] [21], o segundo, curso de
[16] [17] [18]. Esta abordagem engloba dois elementos montagem, apresenta uma seqüência da montagem da UHE,
chaves: A experiência própria possibilitada pela simulação do seguindo a ordem real utilizada na usina de Tucurui, e o
ambiente do mundo real (usando-se uma interface gráfica de terceiro, o curso de manutenção, que é um treinamento
usuário ou realidade virtual ou ambas), e o guia de baseado na aprendizagem learning by doing, oferece
treinamento proporcionado pelo ato de “seguir os passos” do diferentes níveis de treinamento e avaliação aos técnicos. Os
instrutor. cursos de montagem e manutenção são os focos deste
Durante as pesquisas, foram encontradas aplicações de RV trabalho. As peças da UHE são formadas por modelos CAD,
voltadas para treinamento tanto imersivas quanto não- organizados em um grafo de cena hierárquico e tem como
imersivas. Apesar das aplicações imersivas oferecerem um base de dados documentos no formato XML (eXtensible
alto nível de interatividade e realismo, entretanto, apresentam Markup Language).
altos custos de hardware e software para sua implementação, A Figura 1 mostra um diagrama da arquitetura do sistema
UGV, formado pelos módulos de treinamento, interface, de
limitando sua utilização em aplicações e sua popularidade.
carregamento e de usuário.
Além disso, a ergonomia da maioria dos dispositivos não-
convencionais ainda é um grande problema para tornar a
Realidade Virtual imersiva uma ferramenta largamente aceita
entre usuários e pesquisadores [19].
Já o sistema de RV não imersivo, oferece uma solução mais
viável que apresenta um ambiente virtual em um computador
convencional, devido ao seu baixo custo e sua portabilidade
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Figura 1. Diagrama da arquitetura do UGV. Figura 2. Diagrama de caso de uso


Para implementação da aplicação UGV, foi utilizado o
ambiente de desenvolvimento e linguagem DELPHI e o
O principal módulo do sistema é o módulo de Treinamento,
componente Open Source GLScene [23]. GLScene é uma
que gerencia todas as atividades dos demais módulos, sendo o
biblioteca baseada em OpenGL. O Hardware utilizado é PC
intermediador das trocas de dados do sistema. O módulo de
com processador Intel Core 2 Duo 1.86 GHz com 2GB de
treinamento possui as regras de planejamento de montagem,
memória e uma placa de vídeo QuadroFX 1100 (128Mb).
executa as seqüências de montagem e desmontagem das
peças, e por fim, realiza a avaliação de desempenho do
II. NOVOS CURSOS DO SISTEMA UGV
treinando sobre os procedimentos.
O módulo de carregamento recebe as solicitações do
módulo de treinamento para alocar em memória as peças em Os cursos de montagem e manutenção são objetos de
CAD utilizando Loaders 3D. Esse mesmo módulo também estudo deste trabalho, que serão detalhados nos próximos
carrega os arquivos de usuários e de peças, que estão tópicos.
armazenados em arquivos XML. Os arquivos de usuários A. Curso de montagem.
contêm descrições como: nome de usuário, senha, avaliação,
A figura 3a mostra a janela inicial do curso de montagem,
status da tarefa, e os arquivos de peças descrições dos
que utiliza recursos de RV não imersiva para permitir que o
modelos das peças como: nome da peça, dados físicos,
treinando execute virtualmente os procedimentos de
posicionamento no ambiente, entre outros.
montagem do concreto e de peças da UHE, baseado nos
O módulo de usuário é responsável pela administração dos
manuais de montagem, fornecidos pela ELETRONORTE.
dados referentes do treinando, registrando informações
No centro da tela está o Mundo Virtual, onde se vê o
pessoais como nome e senha, e também informações de
difusor, e a parte de concreto inicial, que está transparente.
avaliação do módulo de treinamento, tais como, desempenho
do treinando e o status de conclusão dos procedimentos de Inicia montagem
manutenção.
O módulo de interface promove a interação entre o sistema
e o treinando por meio de dois sub-módulos: o sub-módulo
Renderizador, responsável pelo carregamento da cena virtual
3D juntamente com as peças da UHE, e o sub-módulo
interação, responsável pela captação dos estímulos do usuário,
seja pelo mouse ou teclado, e responde-los por meios textuais Figura 3a. Interface do curso de Figura 3b. Concreto não
ou no ambiente virtual. montagem. transparente.
Para descrever as funcionalidades do sistema, de forma
geral, é utilizada a modelagem UML [22], por meio do
diagrama de casos de uso, conforme a figura 2. O papel do A partir daí o processo se inicia, com a montagem de todas
ator do sistema é desempenhado pelo Treinando, representado as partes de concreto ou peças mecânicas, através de uma
pelo usuário que irá executar os procedimentos de animação, utilizando-se o primeiro botão à esquerda (o
treinamento. Quanto às funcionalidades de casos de uso, o segundo botão é de pausa da animação), ou peça a peça
Treinando poderá Manipular Ambiente Virtual como um todo, através da interação do usuário. (terceiro e quarto botões).
por meio de mouse e teclado, o usuário poderá movimentar Existem 3 botões que controlam a transparência do concreto.
peças e equipamentos, explorar e navegar na UHE virtual. A figura 3b, mostra a mesma imagem da figura 3a, onde o
Realizar treinamentos de acordo com seu interesse, que podem concreto não estar transparente.
ser os cursos de Componentes da UHE, de Montagem e de As figuras 4a a 4d mostram a montagem de alguns
Manutenção. equipamentos e concretos.
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equipamentos da UHE, baseado nos manuais de operação e


manutenção da turbina fornecidos pela ELETRONORTE.
A figura 7a mostra a tela do procedimento de
manutenção da junta superior, localizada entre o pré-
distribuidor e a tampa superior da turbina, a manutenção
consiste na desmontagem dos parafusos da prensa-junta,
depois remover a prensa-junta, e por último a junta, a
Figura 4a. Montando as peças Figura 4b. Montando o concreto da montagem ocorre no sentido inverso. A figura 7b mostra a
cotovelo e cone do tubo de sucção e base da caixa espiral.
concreto da camada 1. manutenção da junta inferior localizada entre o pré-
distribuidor e a tampa inferior, o processo de desmontagem e
montagem é semelhante a parte superior.

Junta
Prensa-junta
Tampa
Parafusos inferior
Figura 4c. Montando pré- Figura 4d. Montando a caixa espiral
distribuidor. e o concreto camada 03.

As figuras 5a a 5d mostram uma seqüência real da descida Figura 7a. Área de manutenção da Figura 7b. Área de manutenção da
junta da tampa superior. junta da tampa inferior.
de peças, a saber, 5a, rotor da turbina, 5b, tampa superior, 5c,
eixo, em seguida vem o cone, que aparece na figura 5d que
mostra a descida do rotor do gerador.
As figuras a seguir referem-se a visualização do
procedimento de manutenção da bucha do munhão superior
das diretrizes, e para esta manutenção o sistema UGV oferece
dois tipos de visualização, a primeira, visão superior externa
do Cone (cor amarela), permitindo que o treinando visualize
de fora do cone a retirada da tampa do piso do cone, e a partir
da abertura da tampa do piso, o treinando possa manipular as
Figura 5a. Descida do rotor da Figura 5b. Descida da tampa peças da área de manutenção, conforme mostra a figura 8a. Já
turbina. superior, logo após o rotor.
a figura 8b, exibe a visão lateral interna do treinando dentro
do Cone.

Local da
Figura 5c. Descida do eixo. Figura 5d. Descida do rotor do manutenção
gerador.
As figuras 6a e 6b mostram a vista lateral da UHE após a
montagem.

Figura 8a. Área de manutenção da Figura 8b. Visão interna do Cone da


bucha do munhão superior. manutenção da bucha superior.

Seguindo as idéias de aprendizagem por etapas, de acordo


Figura 6a. Concreto transparente. Figura 6b. Concreto não com o nível de conhecimento do treinando, contido nos
transparente.
trabalhos de Bluemel, E. [1] [4], o curso possui três modos de
treinamento: modos automático, guiado e exploratório, em que
B. Curso de manutenção. esses modos são acessados conforme o grau de conhecimento
O ambiente de treinamento no UGV utiliza recursos de RV do treinando em relação aos procedimentos de manutenção.
não imerviva para permitir que o treinando execute
virtualmente os procedimentos de manutenção, realizando 1) Modo de manutenção automática
operações de desmontagem e montagem de peças e Neste modo, é realizada animação automática dos passos
de procedimento de manutenção como forma de orientação ao
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treinando. Conforme o tipo de manutenção escolhido pelo Diferente do modo automático, aqui o treinando deverá
treinando, a animação automática é executada, e as instruções realizar as tarefas de manutenção manualmente usando mouse,
dos procedimentos são exibidas na área de texto. A interação permitindo a seleção e movimentação das peças através de
com ambiente virtual neste modo é a mínima possível. O eventos de picking (escolha virtual de objetos por meio de
procedimento de manutenção se desenvolve por meio de uma evento de click do mouse). Quando uma peça, que faz parte
animação que mostra os movimentos de montagem e do contexto da manutenção, é clicada, uma mensagem informa
desmontagem das peças, sendo controlada pelo treinando. o nome do objeto na cena, e simultaneamente é exibida na
Este treinamento tem como objetivo apresentar as peças área de texto instruções relacionadas ao objeto, contendo
envolvidas na manutenção, demonstrar o posicionamento passo-a-passo as tarefas, como mostra o exemplo da
correto do técnico dentro da estrutura de UHE e a seqüência manutenção da junta da tampa superior da figura 10.
correta em que as peças devem ser manipuladas. As figuras 9a
à 9f mostram um exemplo de animação do procedimento da
manutenção de desmontagem da bucha do munhão superior
das diretrizes.
A figura 9a mostra o inicio do procedimento de
desmontagem. Na parte inferior, na tela de texto, o sistema
solicita ao usuário que clique no botão Animação para iniciar
os procedimentos, e a imagem do centro da tela exibe a
remoção do pino excêntrico (dentro do circulo vertical) e dos
parafusos do grupo A (dentro do circulo horizontal). A figura
9b mostra a remoção dos parafusos do grupo B, as figura 9c e
9d mostram respectivamente, as retiradas do parafuso do eixo Figura 10. Manutenção da junta da tampa inferior
da manivela e da tampa da manivela, a figura 9e mostra a do pré-distribuidor.
retirada do pino de ruptura e da biela, e por fim, a figura 9f,
mostra a remoção da bucha. Para a montagem a animação Quando uma peça é movimentada na seqüência correta é
percorre o caminho inverso, ou seja, inicia colocando a nova exibida uma mensagem positiva informando que a peça foi
bucha e termina recolocando o pino excêntrico. desmontada/montada com sucesso. Para tornar as
características das peças virtuais semelhante ao mundo real,
Inicia animação
utiliza-se a propriedade de detecção de colisão, a fim de evitar
que o usuário penetre com uma peça através de outra.
Ao término da manutenção, é exibido na área de texto o
Parafusos resultado de avaliação do treinando, contendo informações do
do grupo B modo avaliado (1-Modo Automático, 2-Modo Guiado e 3-
Modo Exploratório), o treinamento avaliado (1-substituição da
junta da tampa superior e 2-substituição da junta da tampa
Figura 9a. Inicio da animação Figura 9b. Remoção dos
da manutenção da bucha do parafusos do grupo B. inferior), e o resultado da avaliação mostra a porcentagem de
munhão superior das diretrizes. acerto durante os procedimentos de manutenção. Caso o
treinamento tenha sido finalizado sem nenhum erro, o sistema
habilita um botão para avançar para o próximo modo, e um
botão “reiniciar”, caso o treinando queira repetir a tarefa como
mostra a figura 11.
Parafuso do Tampa da
eixo da manivela manivela

Figura 9c. Removendo o Figura 9d. Retirada da tampa da Avança para próximo modo
parafuso do eixo da manivela. manivela.

Reiniciar
Pino de ruptura Bucha

Resultado do treinamento
Biela

Figura 9e. Retirando o pino de Figura 9f. Retirada da bucha. Figura 11. Escolha dos botões avançar e repetir ao término
ruptura e a Biela.
da manutenção.
2) Modo de treinamento guiado
Neste modo de treinamento, o sistema guia o usuário por
comandos para realização dos procedimentos de manutenção.
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3) Modo de Treinamento Exploratório 16 15


Ao iniciar este modo, o aprendiz já se sente familiarizado 14
com os procedimentos de montagem e desmontagem, e a 12
12
partir desse momento, os conhecimentos do treinando serão
10
comprovados pela realização das tarefas sem nenhum auxílio
8
por parte do sistema. Na figura 12, o treinando retira os
6
parafusos, a prensa-junta e a junta, e os substitui usando o
4
mouse. Ao final de cada passo executado corretamente, o
2 1
sistema exibe uma mensagem no mundo virtual indicando sua
0
realização que avisa que a retirada da junta superior foi Bastante adequada Adequada Pouco adequada
concluída.
Figura 13. Adequação do sistema aos objetivos do treinamento.

b) A qualidade realística das peças e equipamentos virtuais


apresentados durante os treinamentos de montagem e
manutenção atendem de maneira: (1-insatisfatória; 2-pouca
satisfatória, onde boa parte das peças virtuais não são
reconhecidas no mundo real; 3-satisfatório, mesmo algumas
peças apresentando limitação realísticas; 4-bastante
satisfatória)

Figura 12. Retirada das peças de manutenção no 30


25
modo exploratório. 25

20
Na área de texto não é exibida nenhuma informação sobre
15
o procedimento de manutenção, apenas mensagens relativas à
10
seleção correta ou não das peças. Ao término da tarefa de
3
manutenção do modo exploratório, o sistema informa que o 5

treinamento foi concluído com sucesso, e com isso, o 0


Bastante satisfatória Satisfatória, mesmo algumas peças
treinando estará apto a aprender outro procedimento, já que apresentando limitações realísticas
passou por todos os modos de treinamento relativo ao
procedimento atual. Figura 14. Qualidade realística das peças e equipamentos virtuais.

III. AVALIAÇÃO DO SISTEMA c) O grau de motivação oferecido no sistema para a


realização dos procedimentos dos cursos de montagem e
manutenção, é considerado: (1-não oferece motivação; 2-
Foi elaborado um questionário para avaliar as impressões
oferece pouca motivação; 3-oferece uma motivação; 4-
dos usuários quanto a utilização do UGV. O questionário
oferece bastante motivação)
possui critérios objetivos que avaliam aspectos da qualidade
da interface oferecida pelo sistema e a qualidade da 25 23

experiência proporcionada ao treinamento. O processo de 20


entrevista do questionário para a primeira avaliação do sistema
foi feito em um grupo de 28 alunos do curso de Engenharia 15

Elétrica do 7º semestre da Universidade Federal do Pará, da 10


disciplina de sistema de energia, onde todos os integrantes
possuem o conhecimento teórico de uma UHE. 5 3
2
Após a avaliação do questionário, os resultados apontaram
0
as seguintes situações: Oferece bastante Oferece uma motivação Oferece pouca
motivação limitada motivação

a) Adequação do sistema como todo aos objetivos do Figura 15. Grau de motivação.
treinamento em montagem e manutenção de uma UHE, é
considerada: (1-Inadequada; 2-pouco adequada; 3- d) O nível de dificuldade para realizar procedimentos por
adequada; 4-bastante adequada) meio de botões, navegação e manipulação dos objetos
virtuais, é considerado (1-difícil; 2-pouco difícil; 3-fácil; 4-
muito fácil)
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16
realizar as atividades pré-determinadas, o sistema é
14
14 considerado bastante motivador. O nível de dificuldade para
12
realizar as principais operações é considerado de fácil a muito
10
fácil. O nível de aprendizagem necessário para que o usuário
8 7 7 possa compreender a interface e buscar saídas para novas
6 situações, é considerado de moderado a fácil. E após o
4 treinamento, a grande maioria dos entrevistados considerou
2 que o sistema ofereceu novos conhecimentos sobre montagem
0 e manutenção, apresentou as principais estruturas da UHE,
Muito fácil Fácil Pouco difícil dentro de uma relação espacial coerente, e o entendimento das
operações de montagem e manutenção.
Figura 16. O nível de dificuldade para realização de procedimentos.

e) A interface do sistema como todo exige um nível de


aprendizagem e habilidade, é considerada: (1-difícil; 2- VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS
moderado; 3-fácil) Este artigo apresenta a concepção e o projeto de um
sistema de realidade virtual voltado para o treinamento através
20
18 dos cursos de montagem e manutenção das peças de uma
18
16
UHE. O sistema adota uma arquitetura modular, o que o torna
14 expansível e flexível. O sistema de montagem, oferece ao
12
10
treinando uma visualização e compreensão dos procedimentos
10 de montagem das peças em geral, e o curso de manutenção
8
apresenta ao treinando os procedimentos de manutenção, de
6
4 forma que este aumente gradativamente o seu envolvimento
2 com o sistema.
0 Em comparação à arquitetura do sistema proposto por Li, J.
Fácil Moderado
e Khoo [15], L., o UGV também possui cursos de
Figura 17. Nivel de aprendizagem da interface. treinamento, de representação do ambiente virtual e de
interface gráfica. Sendo que, além de conter um repositório de
f) Após o treinamento, pode-se considerar que o sistema modelos de peças em CAD, o UGV também possui um
UGV: (1-não acrescentou novos conhecimentos; 2-ofereceu repositório de documentos XML contendo informações
apenas uma noção geral dos componentes de uma UHE;3- referentes aos modelos CAD e aos procedimentos de
ofereceu visão geral das estruturas de uma UHE, a treinamento.
compreensão da relação de espacial entre as peças; 4-o Comparando à solução VDSS, proposto por Guo, J. [16], a
contido no item 3 e mais entendimento lógico das ferramenta UGV oferece além da visualização tridimensional,
seqüências de montagem e desmontagem dos um componente especifico para treinamento e avaliação.
equipamentos) Quanto às propriedades que auxiliam o processo de
simulação de montagem e desmontagem virtual, relatados no
20 18
trabalho de Sá [5], o curso de manutenção do UGV atende
18
16
importantes características, tais como, execuções de
14
12
treinamento envolvendo movimentações de peças virtuais
10
8
8 baseadas na física real, contendo propriedades de detecção de
6
4
colisão.
2
2 Portanto, a ferramenta UGV está em consonância com as
0
Ofereceu apenas uma Ofereceu uma visão O item anterior e mais o tecnologias apresentadas, permitindo que técnicos
noção geral dos geral das estruturas de entendimento lógico das especializados adquiram um bom conhecimento das operações
componentes de uma uma UHE, e a sequências de
UHE compreensão da montagem e de manutenção durante o treinamento, que antes se limitavam
relação espacial entre manutenção
as peças
a extensivos documentos e aulas teóricas, e com isso,
oferecendo maior qualidade na geração de energia e na
Figura 18. Nível de conhecimento adquirido após o treinamento. diminuição dos riscos gerados por erros humanos.
Segundo as pesquisas realizadas com os alunos de
engenharia, o sistema apresentou bons resultados quanto a
De acordo com os resultados, observa-se que os usuários adequação do sistema ao objetivo de montagem e manutenção,
entrevistados consideram o sistema UGV adequado aos boa qualidade de interface e ofereceu novos ganhos de
objetivos de treinamento. Quanto a qualidade de interface, é conhecimento quanto aos cursos oferecidos.
oferecido um nível realístico das peças virtuais bastante A primeira versão do protótipo foi finalizada e implantada
satisfatório. Quanto ao grau de engajamento do usuário em na Usina de Tucuruí, onde tem sido testada por seu corpo
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técnico, e tem obtido boa aceitação. [18] Wang, Q.; Li, J. “A desktop VR prototype for industrial training
applications”. Virtual Reality, Vol. 7 No3-4, pp. 187-197,Springer,
A próxima fase do projeto do UGV consiste na 2004..
implantação do sistema ao programa de treinamento de [19] PAMPLONA, Alcides; RIBEIRO, Manoel Filho; SOUSA, Marcos;
equipes de técnicos da Eletronorte, e em seqüência, realizar BARATA, Pebertli; NASCIMENTO, Messias; HOUNSELL, Marcelo.
“Um sistema de Realidade Virtual para Treinamento de Manutenção e
uma nova avaliação mais apurada do sistema junto a essas
Estudo de uma Unidade Hidrelétrica de Energia”. XII Congreso
equipes. Argentino de Ciencias de la Computación, CACIC 2006, 2006.
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PATRICIO, Eder Torres ; SILVA, Orlando Fonseca . Experimento de de Sistemas do Tribunal Regional Eleitoral e cursa o doutorado em engenharia
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