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Teoria Geral do Direito Privado II – Profa.

Ester Norato
(esternorato@hotmail.com)

*Programa
1-Teoria geral do objeto da relação jurídica
2-Classificação dos bens
3-Teoria geral do fato jurídico
4-Teoria geral do negócio jurídico
5-A vontade e a declaração negocial
6-Invalidade dos negócios jurídicos
7-Extinção dos negócios jurídicos
8-Forma e prova dos negócios jurídicos
9-Atos ilícitos
10- O tempo e a estabilização das situações jurídicas.

*Avaliações:
-21/09: 1ª prova (30 pontos)
-06/11:2ª prova (40 pontos)
-04/12: Prova final (30 pontos)
- Atividade extra (3pts) Congresso Diálogos Direito Civil e Processo – 27 e 28 de setembro

Aula 07/08

1. Teoria geral do objeto da relação jurídica ( parte da teoria personalista, dar uma estudada)

1.1.Conceito: Relação = vínculo. Vínculo que se estabelece tendo como premissas um fato jurídico
e, consequentemente, uma norma jurídica. Por possuir relevância jurídica.

1.2.Elementos
1.2.1.Fato Jurídico: fato previsto na norma, possuindo portanto relevância jurídica, cria,
altera e extingue relações jurídicas.
1.2.2. Sujeito: pessoa(s) envolvida(s) na relação jurídica.
1.2.3.Vínculo: a ligação existente na relação jurídica entre seus sujeitos.
1.2.4.Objeto: Conteúdo, na relação jurídica, normalmente se refere a direitos e deveres.
1.2.4.1.Direito subjetivo: faculade que o ordenamento jurídico, atribui a um dos
sujeitos em uma relação jurídica. Direito subjetivo é essa vantagem possuida por um sujeito,
que possuí como correspondente uma sujeição de outra parte, caracterizado por ser o direito
que para ser exercido é necessário um dever para o outro lado da relação, podendo-se exigir
o cumprimento do mesmo pela via jurídica. Direito que pressupõe um dever. x Direito
Potestativo: faculdade que o ordenamento jurídico confere a um sujeito, que para ser
exercido não necessita da ação de outra parte. Direito que não pressupõe um dever.

A partir do século 19, a partir de iniciativa alemã, a relação jurídica passou a ser vista
como o objeto do direito. Já que a norma jurídica (dever-ser) foi tomada como ponto de
partida, um substrato fático é previsto na norma, prevendo também sua consequência, na
forma de se isso, aquilo. (Se x, deve ser y), x=fato jurídico, y=consequência jurídica.
Fatos jurídicos não apenas criam relações jurídicas, mas também alteram e
extinguem-as.
Para a Teoria personalista só se dá entre sujeitos. Ou seja, à luz da mesma, não há
relação entre um proprietário e sua propriedade, objeto. Todavia, segundo a Teoria
normativista ou objetivista, a relação jurídica se dá entre o sujeito e o ordenamento, dessa
forma, na posse de um objeto, há relação jurídica.

Direito potestativo=decadência, direito subjetivo=prescrição.

Leitura sobre direito objetivo, direito potestativo, para a próxima aula.

AULA 10/08

Patrimônio
-Conceito:Conjunto + pessoa + economicamente apreciável (não é apenas o conjunto de bens, mas
também direitos e deveres da pessoa que afetarão seu patrimônio, mesmo que não se saiba se
positiva ou negativamente, ou seja, direitos e deveres apreciáveis economicamente).
-Finalidade: A responsabilização no nosso sistema é patrimonial. Quando alguém possui algum
dever para com a outra e descumpre tal obrigação, quem vai arcar com o cumprimento daquela ação
é o patrimônio (expressão econômica de uma pessoa) da pessoa e não o indivíduo em si.
Responsabilidade é um dever correlato a um direito subjetivo, o patrimônio da pessoa é responsável
por honrar os deveres não cumpridos pela mesma. Se a pessoa não possui patrimônio para tal, o
crédito não é satisfeito. Art 789 CPC/2015: “o devedor responde com todos os seus bens, presentes
e futuros...”. Quando há sanção pelo não pagamento, como no caso da pensão alimentícia, o débito
não é satisfeito pela pena, se mantém. O CPC reforçando o valor do patrimônio, tentando dar mais
segurança jurídica, definiu prescrição da execução patrimonial. Ser penhorável é a capacidade de
um bem poder ser utilizada pra satisfazer o débito de um devedor.
-Histórico: Já houve um tempo no qual a pessoa honrava até mesmo com a própria liberdade suas
dívidas, todavia, já sendo superado.
-Teoria da unidade: uno é indivisível – Além do fundamento de ser economicamente apreciável,
deve ser do conjunto e de uma pessoa. Nessa perspectiva, temos o patrimônio como único,
universal. Além disso, é intrínseco à personalidade. Possui personalidade quem pode figurar em
uma relação jurídica. X Teoria objetiva – Se contrapondo à teoria da unidade, tenta criticar 2 pontos
fundamentais ao conceito de patrimônio, afirma não ser necessário um patrimônio estar ligado a
uma pessoa, e uma pessoa não precisa ter só um patrimônio mas pode ter vários. Espólio, por
exemplo, é o patrimônio do falecido, que mesmo sem personalidade ainda possui legitimidade
processual, sujeito de relações jurídicas processuais não sendo pessoa. Massa falída é o patrimônio
do falido, ou seja, já descolado da pessoa. A teoria da unidade, em contrarresposta afirma ser
excepcional e temporária essas situações de patrimônio não vinculado a uma pessoa. Ainda,
reforçando argumentação da teoria objetiva, uma pessoa pode ter mais de um patrimônio, como no
caso da separação parcial de bens, no qual o casal individualmente possui um patrimônio e ainda
um patrimônio em comunhão entre ambos. A teoria da unidade, em resposta a tal argumento, diz
que apesar de podermos difereciar em qualificações o patrimônio de alguém, ele se mantém uno.
-Patrimônio e pessoa
Em regra o patrimônio está associado a uma pessoa. Importante pontuar que o direito privado tem
vivenciado a partir do séc. XX um papel funcionalista, grande esforço em garantir às pessoas uma
vida digna. Recentemente têm se falado da necessidade do patrimônio servir na promoção de uma
via digna a todos, tornando-se necessário garantir às pessoas um patrimônio mínimo.
-Autonomia(conceito objetivo dinâmico) – Capacidade de reger-se por si próprio, independente.
Patrimônio de uma pessoa em vista de outra pessoa, por isso é uma conceituação objetiva dinâmica
x separação parimonial (conceito objetivo estático) – Conceito de viés estático, fala-se em
separação patrimonial quando ao analisar o patrimônio de alguém, se destaca alguns bens que
servirão para o cumprimento da dívida, separando tal parte do restante, no caso de credor real, no
qual é utilizada exatamente a separação de bens para a honra da dívida, ao se gerar a dívida, se
estabelece um bem específico para garantia da mesma e no pagamento o mesmo é separado do
restante.
*Exemplos de autonomia
Pessoas naturais tem patrimônio autônomo ao das pessoas jurídicas, uma pessoa natural em relação
à outra
*Exemplos de separação
Hipoteca.
*Finalidade da separação: limitação da responsabilidade, estabelecimento de centro autônomo de
imputação de direitos e deveres
-Relevância
-Sociedade = um tipo de contrato entre pessoas com finalidade comum de caráter econômico, existe
sociedade de pessoa jurídica e sociedades despersonalizadas, que não possuem personalidade
jurídica = atributo de figurar como sujeito de uma relação jurídica. Entes que por uma ficção do
direito podem figurar como sujeito de relações jurídicas x limitação de responsabilidade/separação
= se uma sociedade não atingir seu capital social e não conseguir honrar suas dívidas, os sócios em
uma sociedade limitada respondem pela dívida até o capital social não integralizado. A autonomia é
mitigada por não ter sido atingido o capital social previsto pelos sócios. Mesmo que um dos sócios
tenha atingido sua cota do capital social, se o capital não foi atingido pela sociedade, todos podem
ser responsabilizados, inclusive o que atingiu
*capital social é a expectativa da expressão econômica daquela sociedade

AULA 14/08

Continuação Patrimônio

-Teoria da desconsideração da “personalidade” jurídica: ineficácia da limitação


Quando se fala de teoria da desconsideração da personalidade, pode se dar o entendimento que
estamos ignorando todos os aspectos da personalidade, todavia, se desconsidera apenas a autonomia
patrimonial. Ou seja, a ineficácia de uma limitação (autonomia) do patrimônio do indivíduo. Serve
para que apenas o patrimônio das pessoas responda por suas obrigações. Ineficácia relativa, ou seja,
em relação a uma pessoa ou situação em específico. Exemplo: Sou casada e sócia de uma
sociedade, pessoa jurídica, e recebe o pro labore de R$500.000,00. Todavia, o imposto de renda da
pessoa física não passa de R$15.000,00. Todos os bens e gastos estão em nome da pessoa jurídica.
Está ocorrendo na prática uma confusão patrimonial entre a pessoa física e jurídica. A motivação
disso é que sou casada em comunhão e não quero arriscar meu patrimônio em ser divido em caso de
divórcio. O divórcio, por fim, ocorre. A pessoa jurídica está sendo usada pra burlar a relação
jurídica patrimonial matrimonial. Nesse caso, cabe uma desconsideração da personalidade da
pessoa jurídica, ocorrendo de fato uma ineficácia da limitação entre a pessoa jurídica e a física em
relação à situação ocorrida. Verifica-se essa situação também em desconsideração contrária, ou seja,
se afetar a pessoa física (sócio) por conta de uma obrigação da pessoa jurídica. Desconsideração da
personalidade em relações civis é fundamentada no abuso da personalidade jurídica. O abuso, ou
seja, o exercício não regular do direito ou exercício abusivo do direito, são caracterizados por ações
contrárias à boa-fé objetica, ou seja, ações ações movidas pela má-fé. Desvio da finalidade jurídica.
Art. 50 do Código Civil. Desvio de finalidade (abuso da pessoa jurídica) e confusão patrimonial são
as motivações para a desconsideração da pessoa jurídica no direito civil. Se dá por decisão judicial.
CPC/2015, art. 135, 137, aquele que vai ter patrimônio atingido deve ser citado e ouvido no
processo, ser parte do mesmo antes da decisão judicial de desconsideração. Art. 28, Código de
defesa do consumidor, as motivações da desconsideração da pessoa jurídica, são mais brandas a fim
de proteger a parte mais fraca da relação (hipossuficiente), o consumidor. Dívidas não autorizam
desconsideração no direito civil, mas em relações de consumo é motivação suficiente para tal. No
direito do trabalho também são mais brandas as motivações para tal ação judicial.
-Patrimônio de afetação
*Conceito
Os bens de um patrimônio que são selecionados para cumprirem certas obrigações, são chamados
de patrimônios de afetação, todavia continuam sendo parte do patrimônio da pessoa como um todo,
a unidade é preservada. Não ocorre cisão em relação ao patrimônio geral.
*Características: Incomunicáveis; não cisão do patrimônio geral; autonomia apenas funcional
Não gera autonomia patrimonial, mas sim uma autonomia funcional, ou seja, com uma função
específica. Não é tecnicamente uma autonomia pois não existem pessoa diferentes. A
incomunicabilidade se dá já que o patrimônio não pode se relacionar com o patrimônio de outra
pessoa ou mesmo do restante do patrimônio da própria pessoa, há apenas uma comunicação
subsidiária, se o valor do patrimônio de afetação satisfazer seu crédito determinado e ainda sobrar
uma quantia, podendo ser usado para satisfazer outro crédito. Inalienabilidade. Impenhorabilidade,
não pode ser penhorado a fim de satisfazer crédito de outro credor. Um crédito ser exigível é o
empréstimo ter passado da data de vencimento, podendo ser cobrado.
*Constituição: autorizada por lei + registro para conferir publicidade
É necessário registro para conferir publicidade ao patrimônio de afetação.
*Finalidade
Dar garantia real a um credor, dessa forma, fortalecendo a confiabilidade na hora do empréstimo. E
na hora da exigência, satisfazer o crédito.
*Exemplos:garantias reais, rendas vitalícias, fundos de investimento, incorporações

Bens
-Bens x coisas
Existe uma divergência teórica em relação a conceituação de coisas e bens, alguns acredito ser
coisas um gênero e bens espécies, ou seja bens estão dentro de espécie, alguns acreditam ser bens
gêneros e coisas espécies. O lesgilador não foi fiel a uma corrente ou outra, utilizando dos dois
sentidos. O Código Civil de 2002, na parte geral, livro II a partir do art. 79, na classificação dos
bens se adota a classificação de bens como gêneros e coisas como espécies. Bens são coisas que tem
utilidade para a pessoa humana, não apenas o aspecto patrimonial, e esse bem pode ser
materializado, esse é uma coisa, e os outros bens imaterializados não são coisas. Todavia, na parte
especial do código, se fala de coisa incorpórea.
Coisas comuns: coisas insuscetíveis de apropriação, consequentemente, insuscetíveis de
figurarem em uma relação jurídica. Ex.: ar atmosférico, o mar e as águas correntes de rios públicos;
Coisas sem dono (res nullius): coisa não apropriada por nenhuma pessoa, ainda que passível
de sê-la. Ou porque nunca foram objeto de apropriação ou porque foram abandonadas pelo dono,
antigo proprietário.
Coisa móvel abandonada (res derelicta): coisa que era objeto de relação jurídica mas deixou
de sê-lo porque seu dono a jogou fora com a intenção de renunciá-la, podendo ser apropriado pelo
primeiro que encontrá-la, assim como a coisa sem dono. Diferentemente da coisa perdida, já que o
elemento carcaterístico do abandono é a intenção pelo sujeito de direito.
Prestação: ações humanas objetos de relações jurídicas.
- Bens considerados em si mesmos
O primeiro critério na classificação dos bens foi a análise do bem em si mesmo.
-Corpóreos x incorpóreos
Bens corpóreos são bens materializados, que se pode ver e sentir. Bens incorpóreos
são de existência abstrata, não podendo ser absorvidos pelos sentidos. O patrimõnio de uma
pessoa são a reunião dos bens corpóreos e incorpóreos. A relevância prática é de que para a
tranferência de um bem corpóreo é a partir da tradição, entrega. Já o bem incorpóreo, é
transmissão, ou seja, cessão da posição na relação jurídica;
-Móveis x imóveis
Móvel a trasnferência é por tradição, ou seja, entrega do bem. Imóveis é transmissão.
Móveis são os objetos de movimento próprio ou de remoção com força alheia sem alteração
da substância, chamados de bens semóveis. Art. 81: Materiais separados provisioramente de
um bem imóvel continuam sendo tratados como bens imoveis.Art. 83 do CC: sobre direitos
móveis. Direitos reais imóveis são bens imóveis e direitos reais sobre bens móveis, são
móveis. Direitos pessoais são móveis. Direitos reais x direitos pessoais: direitos pessoais
têm como característica serem relativos, ter eficácia interpartes, como no caso de dívida
entre duas pessoas. Já os direitos reais são absolutos, dessa forma, possuem eficácia erga
omnes. O legislador determinou um rol taxativo dos direitos reais. O código civil de 2002,
permite existir um direito real de aquisição, ao ser averbada na matrícula do imóvel, ao
possuir publicidade, tal direito passa de ser de eficácia relativa para erga omnes, sendo agora
um direito real. Bens móveis podem ser transferidos por acordos verbais, já imóveis
necessitam de transcrição, escritura que torne a transferência pública. Outra relevância da
definição em bem móvel ou imóvel é a outorga uxória (art. 1647), no caso de casamento
com comunhão de bens, os bens imóveis não podem ser vendidos ou doados sem a
autorização do cônjuge, se for móvel não é necessário. Art. 1649 CC Se é necessária a
outorga uxória e não é presente no negócio, o cônjuge pode pedir a anulação do mesmo.
Apenas bens móveis de pequeno valor podem ser transferidos por acordos verbais, o
pequeno valor é definido em todo caso concreto de acordo com o patrimônio do doador.
Liticonsortes necessários, ou seja, as partes afetadas pelo negócio devem ser parte do
processo. Ou seja, ambos cônjuges devem ser parte do processo em negócio que envolve
direitos reais sobre um bem imóvel.

O legislador define três categorias de bens imóveis: 1. Por natureza: abrange o solo e
tudo que a ele é aderente em estado de natureza, essa normalidade de se aderir ao solo que o
definem como imóveis; 2. Por acessão física: tudo quanto se incorpora permanentemente ao
solo, natural ou artificialmente, neste estão as construções e edifícios, bem como seus
acessórios; 3. Por determinação legal: por último, os bens imóveis por determinação legal,
que são os bens que apesar de sua natureza são tratados legalmente enquanto imóveis. São
eles direitos reais sobre imóveis, bem como as ações destinadas a assegurá-los, também
direito a sucessão aberta.
O legislador define duas características que definem os bens móveis: 1.Serem
suscetíveis de remoção por força própria (semoventes) ou por força alheia; 2. Conservarem a
própria substância ou destinação econômico-social. Ainda, os mesmos se agrupam em dois
grandes grupos: 1. Móveis por natureza – todas as coisas corpóreas que se podem remover
sem danos de um lugar para outro, com exceção dos que acedem aos imóveis; 2. Móveis por
determinação legal – sendo eles bens incorpóreos que a lei determina enquanto móveis. São
eles energias com valor econômico, direitos reais e as ações sobre imóveis, a fim de
assegurá-los, além dos direitos de crédito com caráter patrimonial e as ações a fim de
assegurá-lo, de direitos autorais e direitos advindos da propriedade industrial. Por último, as
quotas de capital ou ação que o indivíduo possui em sociedade, títulos patrimoniais de
associação, os títulos de crédito, também fazem parte do grupo de bens móveis incorpóreos.
Existe ainda, categoria consolidada na doutrina nacional que, todavia, não foi integrada ao
nosso Código, são eles os móveis por antecipação – são eles os bens naturalmente
incorporados ao imóvel, portanto, imóveis, mas que se destinam a ser proximamente
destacados e mobilizados. Como a árvore destinada ao corte, vendida como madeira, a safra
a ser colhida e a casa destinada à demolição.

-Fungíveis x infungíveis
Fungibilidade é a possibilidade de se trocar uma coisa por outra. Bem fungível é
aquele que podemos definir pelas características da espécie. Já o bem infungível é aquele
único, insubstituível. Negócio em relação a um bem infungível, deve ser feito em relação ao
bem específico em questão. O contrato de locação é um contrato que diz respeito a um bem
infungível. O comodato, é um empréstimo não oneroso, a cerca de um bem infungível, ou
seja, o bem específico deve ser devolvido. O muto é um empréstimo oneroso ou gratuito,
que diz respeito a um bem fungível, não especificamente o mesmo bem, mas bem
semelhante. O bem que é por excelência fungível é o dinheiro. Define qual tipo de obrigação
o negócio jurídico gera, e em como cumprir, satisfazer tal obrigação. Quando se perde um
bem infungível, a satisfação da obrigação inicial é impossibilitada, partindo-se para medidas
ressarcitórias, na tutela específica do infungível é exatamente a mesma coisa, já na tutela
específica fungível deve se substituir por algo de qualidade semelhante. A fungibilidade é
própria dos bens móveis, que são normalmente caracterizados pela quantidade, peso ou
medida, dessa forma, o Código Civil no art. 85, restringe a definição de bens fungíveis aos
bens móveis. Alguns autores, dizem que a fungibilidade do bem diz respeito à vontade
manifestada pelas partes, todavia existem limites, não se podendo definir bem fungível por
excelência único, individualmente caracterizado, com possibilidade de fazendo-o ir de
encontro à definição legal. Temos exemplo disso a cerca dos negócios imobiliários, sendo os
bens imóveis por excelência infungíveis segundo a doutrina e nosso Código, todavia em
situação de propriedade compartilhada em sociedade de loteamento, pode-se tornar bens
imóveis fungíveis, ao definir-se que caso algum dos sócios saía da sociedade receberá
quantidade específica de lotes, sem determinar especifidade de quais lotes, dessa forma,
tratando os mesmos enquanto bens fungíveis, definindo-os por conta de sua espécie,
qualidade, quantidade, não quanto à sua especificade e unicidade. Leva-se tal definição,
ainda às obrigações de fazer, sendo fungíveis aquelas realizáveis, prestáveis por pessoa que
não o devedor, já aquelas obrigações prestáveis apenas pelo devedor são caracterizadas
enquanto infungíveis. Além da distinção das definições a fim de caracterizar tipos
específicos de negócio jurídico, como o comodato tendo como objeto bem infungível, já o
mútuo, bem fungível, existe ainda a relevância a cerca do poder liberatório da coisa entregue
em solução da obrigação: se a dívida é de corpo certo, o devedor não se libera senão com a
entrega daquele objeto específico; se se tratar, ao contrário, de uma dívida de gênero, solve a
obrigação entregando quaisquer unidades submetidas ao critério da qualidade e da
quantidade, e pode, mesmo, consignar em Juízo, na recusa do credor. Se a prestação é de
serviço fungível, desobriga-se o devedor com a sua execução por si mesmo ou por outrem;
se de serviço não fungível, a sua realização deve efetuar-se pelo devedor pessoalmente, e
nunca por um substituto.

-Divisíveis x indivisíveis
O que comporta uma divisão real e jurídica, já indivisíveis são os que não
comportam uma divisão real e jurídica. Sua relevância reside em situações de condomínio,
quando mais de uma pessoa é dona de um terreno, ninguém é obrigado a se manter em
condomínio, sendo a saída do mesmo um direito potestativo, em caso de bem divisível, o
direito é satisfeito pela divisão nas partes correspondentes aos proprietários, já em bens
indivisíveis é necessário a alienação do bem para satisfazer a dissolução e “divisão” da
propriedade. Outra repercurssão prática, se dá no exercício de posse, posse pro diviso,
quando se pode determinar uma divisão na área de atuação da posse de cada proprietário, e
posse pro indiviso, onde não se pode especificar a atuação dos proprietário em parte
específica. Inicialmente, definia-se enquanto divisíveis bens que poderiam sofrer divisão
sem dano à sua substância, todavia, essa definição presente no Código Civil de 1916 se fez
insufisciente, devido à necessidade da manutenção do conteúdo econômico do bem após a
divisão, dessa forma estabelecendo-se dois critérios para definir a divisibilidade de um bem:
conservação do conteúdo econômico e das qualidades essenciais do todo após a divisão do
bem. É de mister que, pela fragmentação não sofram diminuição considerável no seu valor,
nem prejuízo no uso a que se destinem (Código Civil, art. 87).
A partir dos princípios explicitados têm-se que os bens podem ser indivisíveis por
três diferentes definições: 1. Indivisíveis por natureza; 2. Por determinação legal ou
indivisibilidade jurídica; 3. Por vontade das partes ou por convenção - tornam indivisíveis
bens naturalmente divisíveis, e a que não imponha a lei a indivisibilidade coativa, ajustando
conservá-la, pro indiviso, por tempo determinado ou não. Existem coisas suscetíveis de
divisão natural, todavia a mesma não é aceita juridicamente. Dentre os bens indivisíveis
juridicamente, merece destaque a repartição de edifícios, tendo que o Código Civil de 1916,
fiel à tradição romano, concebeu tal fracionamento apenas verticalmente. Todavia, em
consequência do desenvolvimento moderno cada vez maior de edificações horizontais, têm-
se a sofisticação do direito ocidental no último século, resultado dos Decretos nº 5.481/1928
e nº 5.234/1943, além da Lei nº 285/1948. O Código cuida de regular a divisão dos prédios
por planos horizontais, ao tratar do “condomínio edilício”, nos artigos 1.331 e seguintes.
Logicamente, a definição de divisíveis e indivisíveis é própria dos bens corpóreos, todavia o
direito extende a mesma a bens incorpóreos, admitindo a conceitução de obrigações
divisíveis e indivisíveis, sendo entre o incorpóreos que mais repercute os bens indivisíveis
por determinação legal, como no caso da hipoteca, direito real sobre coisa alheia, apesar de
incorpóreo possui a qualidade de indivisibilidade, outros exemplos são servidões prediais,
ações de sociedade autônoma

-Consumíveis x inconsumíveis
O consumível é o que se deteriora pelo uso, o exemplo mais evidente são os
alimentos. Já os inconsumíveis são os que não se deterioram pelo uso, podendo ser
utilizados indiscriminadamente. Existem os bens com consumibilidade natural ou material,
aqueles se deterioram pelo uso (usu consumuntur – o uso consome). Existem ainda, as
coisas juridicamente consumíveis, que não necessariamente são materialmente consumíveis,
mas cuja utilização não pode ser renovada, porque sua utilização implica sua alienação.
Podem ser estes, tanto bens materialmente consumíveis, como alimentos expostos à venda
em um armazém, como bens materialmente inconsumíveis, como livros a venda em uma
livraria. Ainda, a vontade humana pode afetar a consumibilidade jurídica dos bens, por
exemplo vendedor que empresta produtos apenas para a exposição em loja de outro
vendedor (ad pompam vel ostentationes causum), devendo os mesmos serem devolvidos,
sendo inconsumíveis até sua devolução.

-Singular x coletivo
Quando se trata de apenas um bem da espécie, e quando se trata de mais de um bem
da espécie. singulares os bens quando, embora reunidos, consideram-se de per si,
independentemente dos demais (Código Civil, art. 89), e coletivos ou universais, quando se
encaram agregados em um todo. A universitas facti é a que se compõe de bens corpóreos, e a
universitas iuris a que se forma de bens e direitos. O Código (art. 90) conceitua a
universalidade de fato como pluralidade de bens singulares, pertencentes à mesma pessoa ou
a ela vinculadas, porém dotadas de uma só destinação econômica ou jurídica (uma
biblioteca, um rebanho, um pomar). Em contraposição, universalidade jurídica é um
conjunto de direitos ou de bens e direitos, ou um complexo de relações jurídicas,
economicamente apreciáveis, pertinentes a uma pessoa (art. 91). A herança e o patrimônio
são casos típicos de universalidades jurídicas, que subsistem ainda que não contenham
objetos materiais

Obs.: Sucessão aberta: a morte põe fim à personalidade da pessoa natural, todavia o
patrimônio permanece. O nome jurídico para a morte no direito da sucessão é abertura da sucessão,
ou seja, transferência desses bens para os sucessores. Até a partilha o todo patrimonial é em
condomínio dos herdeiros, ou seja, não se sabe especificamente a parte de cada um, mas sim quanto
do todo diz respeito a cada um. Art. 80 do CC, o direito da sucessão aberta é o direito à herança que
o herdeiro possui, que ainda não foi definido pela partilha, é um direito imóvel.

AULA 21/08
Bens reciprocamente considerados
Definição que tem em vista a comparação de um bem com um outro
- Principal x secundário (chamado de acessórios em algumas doutrinas): subordinação, dependência
Bem principal é o que possui uma utilidade, função independente para a atividade humana,
já o secundário tem uma subordinação, dependência devido à necessidade do bem principal para o
exercício de sua utilidade, funcionalidade. procedentemente se diz haver, além dos bens, também
direitos e obrigações principais e acessórios, sob o influxo da mesma noção de independência e de
subordinação.
Essa relação de dependência se dá já que sem o bem principal a existência do secundário
não possui sentido, já que perde sua funcionalidade. Classificação dos bens secundários:
*Acessórios: princípio da gravitação jurídica
Quando falamos de um bem acessório, significa dizer que possui uma relação de
subordinação e dependência frente a um bem principal. Orientado pelo princípio da
gravitação jurídica, de modo que o que ocorre com o principal, afeta também o acessório. O
bem cuja existência jurídica estivesse na dependência do principal, mas que nele não se
chegasse a integrar em uma unidade indissociável. Excluem-se da ideia de acessoriedade a
criação devida à atividade humana, geradora diversa daquela que foi trabalhada, ou seja,
qualquer produção gráfica, como pintura ou escultura, não se dá como bem acessório da
matéria-prima utilizada para criá-lo. Ex: o acessório serve o principal, ou seja, um negócio
jurídico que afete o principal, afeta o acessório. Tal princípio serve às relações jurídicas
como um todo. Ao falarmos de acessório, estamos falando necessariamente do princípio da
gravitação jurídica. Principal e acessório definidos pelo art. 92 do CC/02. O Código de
1916 classificou os bens acessórios enquanto naturais, industriais e civis, exemplo não
seguido pelo Código de 2002, todavia faz-se relevante apresentação de tal classificação. 1.
Acessórios naturais os que aderem espontaneamente ao principal sem a intervenção do
engenho humano, como os frutos da árvore ou as ilhas formadas nos rios, ou nos casos em
geral em que a vinculação com o principal se opera pela força orgânica ou pelo fenômeno
físico; 2. Acessórios industriais os que nascem do esforço humano; 3. Acessórios civis o os
que resultam de uma relação abstrata de direito, e não de uma vinculação material, como o
juro, em relação ao capital; os ônus reais, em relação à coisa gravada; e, de modo geral, tudo
aquilo que se apresenta ou pode considerar-se na definição acima enunciada, como acessório
de um bem incorpóreo.
*Pertenças
O legislador no código de 2002, definiu as pertenças, outro tipo de bem, igual o
acessório, todavia enquanto os bens acessórios seguem o princípio da gravitação jurídica, as
pertenças não o fazem. No art. 94 do CC, “os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem
principal não abrangem as pertenças”. O maquinário de uma fazenda é determinado como
uma pertença. Definido pelo art. 93 do CC/02: não constituindo partes integrantes.
As pertenças têm, apesar de ser utilizado para aumentar a utilidade do bem principal,
todavia não possui uma utilidade exclusiva àquele bem principal. Se a funcionalidade do
bem principal depende da existência do secundário, como um carro e suas rodas, esse
secundário é acessório. Pertenças não completam a coisa, mantendo sua autonomia e
podendo ser separadas sem que haja qualquer alteração na coisa, vinculadas
economicamente ou juridicamente ao bem principal. Podem estar ligadas à sua utilização
por fato natural, ou intencionalmente destinadas a sua exploração, aformoseamento ou
comodidade .

*Partes integrantes
Outra classificação que se pode dar aos bens secundários, bem incorporado ao
principal de modo a perder sua autonomia, de modo a se tornar um bem integrante de um
bem principal. Partes integrantes de um bem composto são aquelas que se acham em
conexão corporal com ele, erigindo-se em complemento do próprio bem, participando de sua
natureza.
A classificação depende da relação entre o bem secundário e o principal, além do
convencionado entre as partes do negócio jurídico, tendo-se em vista que o convencionado
prevalece.
-Bens acessórios
*Frutos
Um exemplo claro são os frutos naturais, o conceito se dá devido ao fato do fruto não
influenciar na existência ou utilidade do principal, além de haver uma periodicidade no
surgimento do fruto. Fruto surge do principal. Frutos são as utilidades que a coisa
periodicamente produz, sem desfalque da sua substância. Classificamos enquanto: 1. Frutos
naturais - tudo aquilo que a coisa gera por si mesma, independentemente do esforço ou do
engenho humano; 2. Frutos industriais - utilidades que provêm da coisa, porém com a
contribuição necessária do trabalho humano; 3. Frutos civis ou rendimentos – são, por uma
extensão gerada pela capacidade humana de abstração, os rendimentos e benefícios que
alguém tira de uma coisa utilizada por outrem. Ainda a classificação quanto à relação dos
frutos quanto à sua ligação com o bem principal, sendo classificados enquanto: 1. Pendentes
– ainda unidos à coisa que o produziu; 2. Percebidos ou colhidos – aqueles que já foram
destacados; 3. Percibiendos – os que apesar de já poderem ser destacas da coisa que o
produziu, ainda não o foi; 4. Estantes – que apesar de já colhidos ainda estão armazenados
58ou guardados; 5. Consumidos – aqueles que já percebidos, não mais existem, ou por ter-se
dado destinação normal ou por terem perecido.
*Rendimentos
Determinados como frutos civis, tem-se uma coisa que produz uma expressão
financeira periodicamente, e ao usar o rendimento não se desnatura o principal. Aluguel,
juros;
*Produtos
Já os produtos são espécies de acessório que sende retirados e utilizados acabam
depreciando em alguma medida principal, como se consumisse em parte o bem principal.
Enquanto os frutos nascem e renascem periodicamente da coisa sem se desfalcar a sua
substância, os produtos dela se retiram ao mesmo passo que diminuem de quantidade. O
mineral extraído de uma jazida é produto, e não fruto, porque ele não se recompõe, e a
exploração conduz ao seu fatal esgotamento. Também os produtos podem ser objeto de
relação jurídica autônoma, independentemente de não estarem ainda separados da coisa, ou
de serem abrangidos na mesma relação jurídica que a tenha por objeto (Código Civil, art.
95).
O proprietário de um bem possui o direito de usar e fruir da propriedade, ou seja,
utilizar e colher os frutos. A não ser que o usufruto seja transferido.
Em comunhão parcial de bens, os rendimentos de bens acessórios de bens do
patrimônio individual, integram o patrimônio comum. Se não houvesse disposição legal,
seguiria a regra da gravitação jurídica, recebendo mesmos efeitos jurídicos do principal e
integrando o patrimônio individual.
Existe a classificação dos acessórios de acordo com a sua temporalidade, ex.: Frutos
já colhidos, frutos gerados a serem colhidos.

*Benfeitorias: diferente de acessão


Benfeitoria é um melhoramento feito no bem principal, um conserto, ou um
aprimoramento da funcionalidade, ou ainda um embelezamento, agregando valor. As obras
ou despesas feitas na coisa, com o fim de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la.
Benfeitoria melhora o bem já existente, já a acessão incorpora um novo bem, que não havia
antes. Excluindo-se da classificação incrementos naturais, independentes da ação humana.
-Necessária
As benfeitorias realizadas a fim de consertar o bem principal, que tenha
objetivo mantendo a funcionalidade e o valor do principal
-Útil
Já a útil, é algo que está vertido à funcionalidade da coisa, aprimorando-a.
-Voluptuária
Benfeitoria realizada a fim de aumentar o deleite
- De boa-fé
Existe a boa-fé objetiva, apreensível pelos sentidos, honestidade
comportamental, ainda, a boa-fé subjetiva tem relação com um aspecto psíquico, a
crença do sujeito em estar realizando algo que não prejudica as outras partes do
negócio jurídico. Ambas possuem relevância jurídica.
A benfeitoria feita de boa-fé subjetiva, não a benfeitoria em si, mas a ação de
quem realizou-a.
-De má-fé
A benfeitoria realizada de má-fé, ou seja, com o benfeitor tendo consciência
dos impecilhos da realização de melhorias e alterações no bem principal.
No caso de uma benfeitoria necessária feito por um possuidor de boa-fé, o
mesmo tem direito de ser indenizado pelo proprietário, se não o for tem direito de
retenção do bem principal. No caso de possuidor de má-fé o mesmo não se aplica,
devendo o mesmo ser indenizado, todavia, não podendo exercer a retenção do bem
principal. No caso das úteis devem ser autorizadas pelo proprietário, para dessa
forma, serem indenizáveis e permitirem o exercício da retenção, somente possível
para a benfeitoria de boa-fé, o de má-fé não tem direito nem à indenuzação. Já as
benfeitorias voluptuárias não são indenizadas, podendo ser retiradas pelo locatário
desde que sua retirada não afete a substância e estrutura do principal, no caso de boa-
fé, já no caso de má-fé não é permitido levantá-las mesmo que sem dano ao bem
principal.. Art. 35 e 36 Lei 8245 (Lei do Inquilinato). Salvo estipulação contratual.
Art. 1219 a 1222 Código Civil
No caso de qualquer outra relação de posse que não o inquilinato, o
Código Civil, o possuidor de boa-fé tem direito a indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, podendo exercer a retenção do bem principal a fim de garantir
seu recebimento, já as voluptárias podem ser levadas se não indenizadas.
Já o possuidor de má-fé apenas direito a indenização das benfeitorias
necessárias, sem direito a retenção do bem principal e não possui o direito de levar
nem mesmo as benfeitorias voluptuárias.
Art. 1214 a 1216
O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos enquanto a
mesma persistir, os percebidos à época da má-fé são restituídos ao proprietário
depois de deduzidos os custos de produção. Os frutos perdidos pelo possuidor de má-
fé devem também ser restituídos ao proprietário.

AULA 24/08
Bens “em relação com as pessoas seus titulares”
-Bens privados
Titularidade de sujeito de direito privado.
-Bens públicos
Titularidade de sujeito de direito público
Diferenciação relevante, já que as pessoas de direito público participam de outro regime, com
outros princípios e regras, além de prerrogativas específicas definidas a pessoas de direito público.
Art. 98 para frente CC. A seguinte classificação tem como base a finalidade do bem público:
− De uso comum
Imediatamente vinculados a uma finalidade pública coletiva, uso comum do povo,
ex: ruas, praças, rios. São bens públicos os de uso comum do povo.
− De uso especial
Os que também estão imediatamente vinculados a uma finalidade pública , mas uma
função pública especial, como o caso de prédios públicos.
− Dominicais
Eles não estão imediatamente vinculados a uma finalidade pública. São os que
constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades (CC, art. 99, III). Sobre eles o Poder Público
exerce poderes de proprietário. Incluem-se nessa categoria as terras devolutas, as estradas de
ferro, oficinas e fazendas pertencentes ao Estado.
Os bens públicos de uso comum e especial são de domínio público do Estado e inalienáveis
enquanto mantiverem sua forma de acordo com a determinação da lei, já os bens dominicais são de
domínio privado do estado podendo ser alienáveis, mas impenhoráveis. Para que um bem público
possa ser objeto de um negócio jurídico, é necessário que esses bens sejam desafetados, ou seja, um
bem dominical, desafetam sua função públicas podendo ser objeto de negócio.
Todavia todos os tipos de bens públicos são impenhoráveis, ou seja, um ato judicial constritivo
executivo próprio do processo judicial de execução, em regra, a fim de ser alienado ou retido pelo
credor a fim de satisfazer a dívida referente. O ato sucessor da penhora, é a adjudicação (retenção
pelo credor) ou venda do bem, depois a satisfação da dívida. O regimento de pagamento de dívidas
públicas, portanto, não é a penhora mas sim a precatória. Ainda, os bens públicos possuem
imprescritibilidade Prescrição: têm-se uma conduta de inércia no exercício de uma pretensão
aplicada por um tempo e uma decorrente consequência jurídica. O usucapião já foi chamado de
prescritibilidade de aquisição. Os bens públicos são imprescritíveis por não serem usucapíveis, já
que não se sujeita aos efeitos do tempo, ou seja, independente do tempo no qual a pessoa tem animo
de dono frente ao bem, por serem bens públicos não podem ser adquiridos pelo princípio do
usucapião.
-Bem de família LER SOBRE BEM DE FAMÍLIA
A grande proteção que o bem de família possui é a impenhorabilidade, por representar um mínimo
existencial. Todavia, existem exceções em cada um dos seguintes regimes.
-Convencional (arts. 1711 e seguintes CC)
É fruto do exercício da autonomia privada. Art. 1712, CC. O limite do bem de
família convencional é que custe até 1/3 do patrimônio total da pessoa. As exceções da
impenhorabilidade, são de créditos anteriores a constituição do bem, ou de dívidas
referentes ao próprio imóvel mesmo que posterior. O bem de família convencional tem que
ser explicitado publicamente na escritura.
-Legal (Lei 8009/1990)
No código civil 1916 havia a noção de que o surgimento da família advém de um
casamento, indissolúvel. Recentemente temos evoluído nessa noção de família,
consequentemente, há uma evolução da noção de bem de família também, avançando para
uma noção familiar unipessoal na jurisprudência. A ratio do bem de família é a pessoa
humana, dessa forma, mesmo uma pessoa só não sendo considerada família, merece tal
proteção de mínimo existencial pela dignidade ser intrínseca à sua pessoa. São bens de
família legal, o imóvel residencial próprio do casal ou da unidade familiar, é impenhorável e
não respondera por qualquer tipo de dívida, salvo nas hipóteses previstas na lei. Excluem-se
da impenhorabilidade obras de arte, automóveis e adornos suntuosos. O bem de família
convencional não distingue os acessórios ou pertenças, já o legal faz esta distinção, tornando
a pertença penhorável. Considera-se residência um único imóvel para a residência fixa, se
existem duas moradias fixas, o protegido é o de menor valor, a não que ser você torne o de
maior valor bem de família convencional. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade
está nos bens móveis quitados pela pessoa, fora as excecos já citadas.
Observem que o bem de família legal não possui limite de valor, já o convencional é
1/3 do patrimônio total. As exceções à impenhorabilidade para cobrança de impostos predial
ou territorial, credito de pensão alimentícia etc.. Todas exceções na Lei 8009 art. 3.

-Bens fora do comércio


Bens extra commercium, por não poderem ser objeto de relações jurídicas negociais,
mesmo não mencionados expressamente, os bens: a) naturalmente inapropriáveis: os
insuscetíveis de apropriação pelo homem, como o ar atmosférico, a luz solar, a água do mar
etc.; b) legalmente inalienáveis: bens públicos de uso comum e de uso especial, bens de
incapazes, bens das fundações, lotes rurais de dimensões inferiores ao módulo regional (Lei
n. 4.947/66, art. 10, § 2º), bem de família (CC, art. 1.711), bens tombados, terras ocupadas
pelos índios (CF, art. 231, § 4º) etc.; e c) indisponíveis pela vontade humana: deixados em
testamento ou doados, com cláusula de inalienabilidade (CC, arts. 1.848 e 1.911).

Incluem-se na categoria dos bens legalmente inalienáveis os valores e direitos da


personalidade, preservados em respeito à dignidade humana, como a liberdade, a honra, a vida etc.
(CC, art. 11), bem como os órgãos do corpo humano, cuja comercialização é expressamente vedada
pela Constituição Federal (art. 199, § 4º).
Negócio jurídico é o primado da autonomia da vontade, todavia o
Estado pode dispor limites intransponíveis. As consequências de benfeitorias, indenizações,
ressarcimentos podem ser alteradas pela autonomia privada? Ler para a próxima aula. Ver sumula
335 do STJ. Possivel renunciar o recebimento de uma benfeitoria necessária, a partir de contrato.

SIM!!!

AULA 28/07
O direito civil tem feito um movimento partindo de uma perspectiva individualista e liberal,
para uma mais solidária e social, tendo a constituição de 1988 como um marco. Dessa forma,
mesmo no negócio jurídico existe prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, princípio
da socialidade, além do princípio da eticidade, que estabelece além da necessidade equidade do
negócio jurídico, a boa-fé. Dessa forma, devendo as partes do contrato seguirem os princípios da
probidade e da boa-fé.

Unidade 3: Teoria Geral do Fato Jurídico

Fato jurídico

-Conceito
Fato que constitui substrato fático de uma norma, e por consequência temos um
resultado jurídico, pontencial de criar, alterar ou extinguir relações jurídicas. Norma tanto no
senti latu, sentido de lei vigente, também as normas gerais e abstratas não postas pelo
legislativo, ou uma norma geral e concreta e, por último, uma norma específica.
-Estrutura

-Classificação
Um dos critérios de classificação é a conformidade com o ordenamento jurídico,
sendo classificados enquantos lícitios, conformes ao ordenamento, não vinculando uma
consequência jurídica sancionatória e, em regra, não se vincula a eles o dever de reparar, ou
indenizar; e ilícitos, contrários ao ordenamento, segundo a parte majoritária da doutrina
outro critério, que envolve um comportamento humano, dividndo os fatos jurídicos em fatos
jurídicos strictu sensu, que não envolvem o comportamento humano e possui relevância
jurídica, sobretudo ocorrências naturais, e os atos jurídicos lato sensu. A relevância dessa
classificação se dá pelo regime específico dado aos atos jurídicos. Os atos jurídicos podem
ser divididos em: ato jurídico strictu sensu, negócio jurídico e ato-fato, as três perspectivasde
análise dos fatos jurídicos são as perspectivas da existência, análise do fenômeno
identificando todos elementos que são necessários para o mesmo existir; da validade, o que é
necessário para que o fato seja válido frente o ordenamento jurídico, os requisito
relacionados a esses elementos, requisitos estabelecidos na norma jurídica; e, por úlitmo, a
perspectiva da eficácia, análise dos efeitos de um fato jurídico, potencial de criar, alterar e
extinguir relações jurídicas, formadas por direitos e obrigações, ou seja, o conteúdo das
relações jurídicas afetadas pelo fato jurídico.
Exame escalonado do fato jurídico. Devendo seguir as perspectivas de análise na
ordem posta. Em regra, a consequência jurídica é identificada quando são tratados fatos
jurídicos lícitos.
Tal exame escalonado, dá a impressao de que os planos dos fatos jurídicos possui
efeito de hierarquia, o único efeito de dependência é o plano da existência, por ser um
pressuposto lógico para a análise de outras perspectivas. Já validade e eficácia não possuem
relação de dependência, são autônomos. Os efeitos do fato jurídico estão ligados aos fatores
de eficácia. E mais excepcionalmente ainda podemos ter os efeitos de um fato jurídico e o
mesmo ser inválido. Em específico falando do plano da eficácia, estamos falando do objeto
de direitos e obrigações, estamos falando do conteúdo específico da relação jurídica sobre o
qual versa o determinado fato jurídico. São os efeitos jurídicos específicos daquele fato
naquela relação. No plano da eficácia temos fatos que são válidos e não geram efeitos
jurídicos. De outra ponta, um fato inválido pode gerar efeitos jurídicos, pode ocorrer, todavia
sendo extremamente excepcional.
Os fatos jurídicos podem ser determinados simples, envolvendo um único
acontecimento, e complexos, com necessária simultaneidade ou sucessividade de fatos . Fica
mais claro em um negócio jurídico, envolve amanifestação da vontade do vendedor e do
comprador, ainda a manifestação de vontade em relação a um objeto e preço, ainda de estar
em um espaço. Visto isso, a classificação a cerca do comportamento humano, é em relação
aos elementos de existência do fato jurídico.
Ato jurídico lato sensu, tem o comportamento humano como elemento de existência.
Que pode ser divido em ato-fato, no qual o comportamento humano é elemento de
existência, todavia o que o específica é o tipo de comportamento, nos dois outros, negócio
jurídico e ato jurídico strictu sensu, o elemento do comportamento humano de existência é a
vontade, o ato material dessa captura não demanda a vontade qualificada, apenas vontade
simples. Por essa razão, nem todos os princípios do negócio jurídico, como os vícios do
consentimento e as regras sobre nulidade ou anulabilidade, aplicam-se aos atos jurídicos em
sentido estrito não provenientes de uma declaração de vontade, mas de simples intenção
(CC, art. 185) . Já no ato-fato, o elemento de existência é o comportamento humano não
desejado, que não é a vontade, mesmo assim possuindo relevância jurídica, há certas ações
humanas que a lei encara como fatos, sem levar em consideração a vontade, a intenção ou a
consciência do agente, demandando apenas o ato material contido na norma. O que difere
ato jurídico stricto sensu do negócio jurídico, é que a vontade, que é elemento de existência
dos dois, repercuta ou não no plano da eficácia. Se há repercussão é classificado como
negócio jurídico, se não o tem é dado como ato jurídico stricto sensu, já que todos os efeitos
são estabelecidos pela lei, não havendo espaço para o exercício da autonomia privado no
plano da eficácia. Ato jurídico stricto sensu são os que necessitam da vontade para existir
todavia a vontade não repercute no plano dos efeitos.

AULA 31/08
Os opostos aos planos de análise do fato jurídico seriam inexistência (existência), invalidade
(validade) e ineficácia (eficácia). A relevância desse estudo são as diferentes consequências
jurídicas referentes a cada um dos planos de análise do fato jurídico. Não é apenas uma sofisticação
teórica inóqua, mas sim a maneira de se enxergar e solucionar melhor problemas referentes ao fato
jurídico e qual a repercussão de tal problema frente ao fato. Outra utilidade prática já citada é o
discernimento de fato jurídico strictu sensu e ato jurídico lato sensu, a partir da presença do
comportamento humano no plano da existência. Ainda, discernimento entre ato jurídico strictu
sensu, negócio jurídico e ato-fato é a presença da vontade enquanto comportamento humano
presente no plano da existência caracterizante do negócio jurídico e do ato jurídico strictu sensu. Já
o discernimento entre esses dois últimos se dá pela análise da eficácia e a presença da vontade nesse
plano gerando efeitos ao fato jurídico, se está presente caracteriza o negócio jurídico, se não ato
jurídico stricto sensu. Quando falamos de negócio jurídico, no plano da eficácia a vontade repercute
na noção de autonomia privada, o negócio jurídico é o grande primado da autonomia privada, já que
a vontade das partes atua no plano da existência e da eficácia.
Finalizando a Teoria do Fato Jurídico, falaremos de modificações das relações jurídicas,
sabendo que o fato jurídico é capaz de criar, alterar ou extinguir relações. Trataremos de como tais
modificações ocorrem, classificando-as em:
Modificação subjetiva:
Iniciaremos com um exemplo. Existe uma relação jurídica de crédito entre o credor A
e o devedor B, mútuo financeiro. Esta relação jurídica será modificada por um fato jurídico,
um negócio jurídico no qual o credor A, celebrou com um terceiro, C, um contrato jurídico
de cessão de crédito, promovendo uma substituição na figura do credor, deixando de existir
credor A, se tornando credor C. Ocorrendo uma modificação subjetiva frente à relação
jurídica, já que a relação de mútuo financeiro se manteve, todavia havendo alteração dos
sujeitos da relação, preservando todas as faculdades da obrigação da relação jurídica. A
relação se mantém intacta. Outro fato jurídico que repercute uma modificação subjetiva é a
assunção de dívida. Ainda, outro exemplo é a cessão da posição contratual. Diferente da
novação, que extingue a relação jurídica anterior criando uma nova, necessitando de
declaração expressa de vontade das partes.Tais exemplos são de modificações subjetivas
intervivos, existem também as modificações subjetivas das relações jurídicas que são
personalissimas, as chamadas modificações subjetivas causa mortis, nos quais os herdeiros
assumem a posição do falecido nas relações jurídicas, por exemplo no caso de crédito. Já no
caso de dívida, os herdeiros não assumem a posição nessa relação patrimonial passiva, o
patrimônio do herdeiro não pode ser atingido pela dívida herdada. Muito embora
tecnicamente digamos que com a abertura da sucessão o patrimônio se transfere para os
herdeiros, contanto no caso de dívidas, o patrimônio que responde pela dívida é o
patrimônio do falecido, a herança, complexo de relações patrimoniais ativas e passivas de
um falecido. Espólio é o ente despersonalizado que cuida da herança, e é responsável por
cobrir as dívidas pelo patrimônio presente na herança.

Modificação objetiva:
Têm-se o objeto de uma relação jurídica, por exemplo uma prestação de fazer, a
modificação objetiva é a alteração desse objeto da relação jurídica, se mantendo intacta o
restante das faculdades da relação. Pode ser modificação qualitativa, na qual se altera o
objeto da relação sem que sua essência seja alterada, não havendo alteração quantitativa na
relação. Há ainda a modificação quantitativa, quando o objeto permanece o mesmo, todavia
havendo acréscimo ou decréscimo dele.

Modificação do vínculo:
O vínculo que liga uma pessoa a outra pode ser modificado por um fato jurídico. Por
exemplo duas pessoas tem um contrato de locação, empréstimo infungível e oneroso, ocorre
um fato jurídico que altera esse vínculo, se tornando um empréstimo de bem infungível
gratuito. Outro exemplo é uma pessoa que possui sobre uma casa uma relação de
propriedade, depois esse proprietário celebra um negócio jurídico, no qual vende a casa a
outra pessoa e ela mesma se torna locatária do local. O vínculo de propriedade com a casa é
substituída por um vínculo de posse, por força do contrato de locação.

Negócio jurídico
Falaremos a partir de agora de um fato jurídico específico, o Negócio Jurídico, que pode
criar, extinguir ou modificar relações jurídicas. Pode ser conceituado como a relação jurídica na
qual a vontade atua no plano da existência e da eficácia. A teoria subjetiva na conceituação do
Negócio Jurídico dá foco na vontade. Sendo Negócio Jurídico aquele quem tem como pedra angular
a vontade, sendo o primado da mesma. Outra teoria é a normativista ou objetiva, sendo conceituado
como aquele que estabelece uma norma entre as partes, já que a vontade atua no plano dos efeitos,
ou seja, a autonomia privada atua na definição dos deveres, obrigações, as partes por meio da
vontade vão normatizar sua própria relação. São formas diferentes de olhar para uma mesma
realidade.
Leitura complementar para próxima aula: Antônio Junqueira de Azevedo, ao
menos o Segundo Capítulo do livro Negócio Jurídico, teoria estruturalista para
conceituar o negócio jurídico, de caráter analítico.

AULA 04/08
Negócio jurídico
-Plano de existência e validade
Plano de existência são os pressupostos de existência (suporte fático) do negócio
jurídico, elementos mínimos, para alguns autores essenciais do negócio. Já o plano de
validade diz respeito à adjetivação de tais elementos, definindo as características dos
elementos do negócio que se ausentes declaram a invalidade do mesmo, ou seja, tornam-o
nulo.
°Agente
Agente emissor da vontade deve ser capaz e legitimado para o negócio, no caso de
incapacidade o agente deve ser devidamente representado ou assistido.
°Vontade
Declaração de vontade pelo agente, a vontade deve ser livre e não pode estar
impregnada de malícia, ou seja, deve ser de boa-fé. Necessária vontade qualificada, sem
vícios.
°Forma
A forma do negócio é livre desde que não haja uma forma prescrita por lei para
celebração de determinado negócio jurídico. Como no caso de transferências de imóveis,
que conforme art. 108, CC/02, deve ser feita através de escritura pública.
°Objeto
Os requisitos em relação ao objeto referem-se à sua licitude, ou seja, o objeto do
negócio jurídico deve ser lícito, não contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé
e à função social ou econômica de um instituto.
-Elementos gerais
São os elementos comuns a todos negócios jurídicos, ou seja, sua ausência determina a
inexistência do negócio jurídico. São eles: agente, vontade, objeto e forma.
-Elementos categoriais
São os elementos que determinam o tipo de negócio jurídico. Caracterizam a natureza
jurídica de cada tipo negocial e resultam da norma que definem os elementos dos diferentes tipos de
negócio jurídico. Existem elementos categoriais essenciais, ou seja, aqueles intrínsecos à celebração
de certa categoria negócio jurídico e elementos categoriais naturais ou derrogáveis aqueles que
apesar de característico de certa categoria de negócio, são dispensáveis pela vontade das partes.
-Elementos particulares ou acidentais
Aqueles que podem estar presentes no negócio jurídico, todavia sua ausência não desnatura
o negócio, são elementos facultativos que alteram as consequências jurídicas do negócio jurídico.
Elementos do negócio jurídico não comuns a todos negócios ou à categoria específica, mas apenas
ao negócio específico. Por isso a teoria de João Antônio Junqueira é interessante ao separar
elementos categoriais e particulares, não havendo na distinção tradicional da dogmática.
Os elementos gerais definem a própria existência do negócio jurídico. Já os elementos
categoriais tipificam o negócio, ou seja, definem seu tipo. Já os particulares define o negócio
jurídico específico entre esses sujeitos.
Existe simulação de negócio jurídico, mantendo sua aparência quando na realidade não
contém os elementos gerais do negócio que definem sua existência. Pode ocorrer simulação relativa
de negócio jurídico, quando se aparenta um tipo de negócio e na realidade ocorre. Verificar para a
próxima aula, Esther comentará, o agente é requisito lógico da declaração de vontade do negócio
jurídico, pessoas. Os entes despersonalizados podem celebrar negócios jurídicos? Os entes
despersonalizados possuem capacidade jurídica apenas funcional, ou seja, capacidade jurídica
apenas voltada para a função pela qual esse conjunto de interesses foi instituído. Podendo sim
celebrar negócios jurídicos voltados para seu fim, como no caso de sociedades que podem celebrar
contratos apesar de se constituírem em entes despersonalizados, celebram negócios jurídicos
processuais.

-Aquisição de direitos: é a incorporação ao patrimônio e à personalidade de um direito. Pode


ser tanto originária, quando não possui nexo causal com a relação jurídica do titular anterior
do direito ou derivada, quando possui relação causal com a relação jurídica do titular
anterior do direito. Pode ser onerosa, quando o sujeito que incorpora o direito ao seu
patrimônio presta contraprestação à aquisição do direito ou gratuita, quando não se requere
contraprestação alguma ao adquirinte do direito.

- A conservação de direitos: são os negócios jurídicos celebrados a fim de conservar direitos


do titular. Podem possuir natureza preventiva, quando são realizados a fim de conservar bem
ainda possuído pelo titular, ou repressivos, quando visam a restaurar direito do titular que
fora violado.

-A extinção de direitos: por diversas razões podem extinguir-se os direitos. Costumam ser
mencionadas, dentre outras, as seguintes: o perecimento do objeto sobre o qual recaem,
alienação, renúncia, abandono, falecimento do titular de direito personalíssimo, prescrição,
decadência, confusão, implemento de condição resolutiva, escoamento do prazo, perempção
da instância e desapropriação. Algumas causas de extinção dos direitos podem ser subjetivas
(quando o direito é personalíssimo e morre o seu titular), outras objetivas (perecimento do
objeto sobre o qual recaem) e outras, ainda, concernentes ao vínculo jurídico (perecimento
da pretensão ou do próprio direito material, como na prescrição e na decadência). Nem todas
as causas mencionadas podem ser consideradas negócio jurídico, pois muitas delas decorrem
da lei e de fatos alheios à vontade das partes, como o perecimento do objeto provocado por
um raio e a desapropriação. Anota Caio Mário que alguns autores distinguem extinção e
perda dos direitos. Dá-se a perda do direito quando ele se destaca do titular e passa a
subsistir com outro sujeito; e a extinção, quando desaparece, não podendo ser exercido pelo
sujeito atual, nem por outro qualquer .

-Classificação dos Negócios Jurídicos


Relevante já que recorreremos a mesma durante o curso, além da relevância prática e
jurídica de tais classificações.
°Unilaterais, bilaterais e plurilaterais
Essa classificação está preocupada com o que nós temos por plano da existência,
sabemos que para existir o negócio é necessária uma declaração de vontade. Para o negócio
existir é suficiente uma declaração de vontade (unilateral, ex.: testamento), duas (bilateral,
ex.: casamento, contrato, qualquer doação é contrato) ou mais (plurilaterais ex.: constituição
de uma associação). Já na classificação de contrato, o bilateral é no plano da eficácia, no
sentido de obrigação de ambas as partes, contrato é sempre bilateral;
°Inter vivos e causa mortis
Estamos falando do plano da eficácia, os efeitos do negócio jurídico são verificáveis
em pessoas vivas (inter vivos), ou apenas verificáveis por causa de morte (causa mortis);
°Consensuais e formais
Estamos no plano da validade. Aqueles que a lei impõe uma forma específica para
que o negócio jurídico seja válido (formais, ex.: compra e venda de imóvel), já os que
necessitam de forma qualquer, mesmo que verbal, que explicite o consenso, vontade das
partes, não há rigor qualquer quanto à forma (consensuais);
°Pessoais e patrimoniais
Estamos falando mais uma vez da eficácia, mais especificamente o objeto. Se o
negócio jurídicos tem como objeto direitos pessoais (pessoais) e direitos patrimoniais
(patrimoniais).
°Obrigacionais e reais
Mais uma vez ao plano da eficácia. Aqueles que os efeitos do negócio são efeitos que
atingem apenas as partes daquele negócio, inter partes (obrigacionais), já aqueles que
possuem eficácia real, erga omnes, sendo esses exceção nos negócios jurídicos
°Gratuitos e onerosos
Atua na eficácia do negócio jurídico. Aqueles que possuem liberalidade como
característica (gratuitos, ex.: doação), quando um negociador tem decréscimo de seus
patrimônio, e o outro negociante terá acréscimo, já que não devolverá valor compatível.

AULA 11/09
Continuação: classificação dos negócios jurídicos
°Sinalogmáticos
Relação de prestação e contraprestação Sinalagmáticos, quando outorgam ônus e
vantagens recíprocos (compra e venda, locação, sociedade).
°Cumutativos e aleatórios
Cumutativo é aquele em que ambas as obrigações assumidas dependem de
acontecimento certo, já aleatórios são aqueles em que as obrigações de ao menos uma das
partes depende de acontecimento incerto.
°Causais e abstratos
Essa classificação utiliza uma palavra no mínimo problemática na Teoria dos
Contratos, que é a causa, possuindo nesse âmbito certa polissemia. Empregada nessa
classificação com sentido específico, negócios jurídicos que existem, são válidos e tem
efeitos, se relacionam com a sua causa de origem em relação de causa e efeito (causais), ou
seja, se há vicio na origem, contamina toda a cadeia do negócio jurídico, negócio jurídico
que existe, é valido e tem efeitos por si, se desprendendo daquilo foi seu fundamento
(abstrato), já nos abstratos, se há vicios na origem, a cadeia do negócio jurídico não é
contaminado. Maior exemplo de negócios abstratos são as obrigações cambias, derivadas do
crédito, como as promissórias, que quando resultantes de compra e venda, se desprendem da
compra e venda.

-Formação do negócio jurídico


Para consumar um negócio jurídico, diferente de exaurí-lo, sinônimo de celebrar é necessária
vontade. Quando se desenvolveu teoria do negócio jurídico estabeleceu-se duas linhas teóricas a
cerca do elemento
°Teoria da vontade
Vontade é o elemento de formação do negócio jurídico, “preocupa-se com o
conteúdo”.
°Teoria da declaração
Contrapondo-se à teoria da vontade, estabeleceu-se a teoria da declração, que afirma
ser o elemento de formação do negócio jurídico não a vontade, mas a declaração da vontade,
necessidade de exteriorização da vontade. “Preocupa-se com a casca”

No nosso direito, em regra, nos preocupamos com a declaração, já que a partir da


exteriorização da vontade que se é possível fazer algum controle racional deste elemento, para
situações de conflito e dúvida. Não significa dizer ser absolutamente irrelevante para nosso direito a
vontade, o conteúdo, todavia essa preocipação aparece em uma perspectiva subsidiária, após a
análise da declaração da vontade, havendo-se dúvida a cerca da mesma. Art. 112, CC. O ponto de
partida para o legislador é a declaração, apesar de haver relevância a vontade, seu conteúdo.
Aspectos práticos disso, ex.: compra e venda de terreno rural, comprador deseja plantar cana
para suprir sua usina de produção de açúcar, ou seja, o comprador precisa de 100t de cana para
suprir a demanda de sua usina. O vendedor afirma já ter plantado a quantidade no terreno e desssa
forma é celebrado o negócio jurídico. O vendedor todavia não garante a produção da quantidade
antes da celebração do negócio jurídico, que acaba por ser consumado. O comprador depois não
consegue produzir, não podendo alegar inadimplência do vendedor, já que houve declaração de
vontade de compra apesar da não garantia de produção de 100t. Outra relevância, a cerca da
vontade, no vício do erro, no qual o sujeito manifestou vontade de uma maneira, todavia possuindo
outra vontade real, havendo essa dissonância por conta de erro estamos diante de um vício do
negócio jurídico podendo ser invalidado por conta da diferença entre a vontade manifestada e a real,
favorecendo-se a real.
Quando diante de situações de coações absolutas ou irresistíveis, o negócio jurídico possui
uma declaração de vontade, todavia não havia vontade alguma do agente. Segundo a teoria da
vontade, o negócio inexiste, todavia a partir da teoria da declaração, o negócio existe, mas a vontade
não foi livre, sendo o negócio existente mas inválido.

°Declaração de vontade
Expressa
A declaração pode ser expressa, por meia da linguagem, de palavras, pode ser
escrita ou verbal.
Tácita
A declaração pode ser tácita, por meio de qualquer comportamento que não
palavras, a escrita e a fala.

Negócios jurídicos solenes podem ser ambos tipos de declaração, já os formais são de
maneira expressa, em regra por escrito e em regra em documento público. A forma exigida é
definida pela lei. Art. 107 a 109, CC, negócios em regra solenes a não ser por definição legal, as
partes podem escolher tambem a forma de declaração de vontade.

°Silêncio
Silêncio é o oposto da declaração de vontade, nada. Já que se pode ter manifestação
de vontade, na qual não existem palavras, todavia isso não é silêncio juridicamente, silêncio
é não manifestação de vontade. Que pode ocorrer mesmo em contexto que tenha palavras,
todavia que não possuam relaçao com a manifestação de vontade. Juridicamente nos
procupamos com o silêncio, já que por não ser manifestação de vontade, não pode formar
um negócio jurídico. Todavia, essa é a regra, excepcionalemente o sistema admite que do
silêncio decorram efeitos jurídicos, por força da lei, ou por acordo das partes. Ex.: art. 539,
CC, doação é um negócio bilateral, necessita da vontade do doador e do donatário, o doador
pode estabelecer prazo para o donatário declarar sua vontade, se ultrapassado o prazo tem-se
efeito de formação do negócio jurídico de doação nessas condições, já que é uma doação
pura, sem encargos. Relevância prática, em regra do silêncio não se gera nada, a não ser por
definição da lei ou das partes, todavia às vezes se tem uma zona cinzenta entre o que é
declaração tácita e silêncio, teoricamente a distinção é fácil, todavia na prática a situação se
dificulta. Considerando essa dificuldade de diferenciação, o legislador, por ex no 539, define
quais ações possuirão relevância para o negócio jurídico. Ainda falando de formação dos
negócios jurídicos, quando o legislador fala de um ato jurídico latu sensu perfeito,
consumado estamos falando de um negócio jurídico celebrado e não necessariamente
exaurido. Art. 110, CC, chamada reserva mental, quando o sujeito conscientemente
manifesta a vontade diferente do que ele quer, prevê que a manifestação de vontade subsiste
ainda que o autor tenha feito reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento. Assumindo ao final a teoria da vontade, por ser uma
situação de simulação, já que ambas partes do negócios sabem da diferente real vontade da
declarada pela parte.

°Interpretação dos negócios jurídicos


Nosso ponto de partida para interpretar o negócio jurídico é declaração. Interpretação
possui cabimento quando existe dubiedade, confusão a cerca do sentido da declaração de
vontade, a fim de trazer à tona o sentido que já está ali, possuindo dessa forma sentido
declaratório. Mesmo sendo algo óbvio, nos deparamos com o caso de intérpretes que
modificam o objeto da interpretação, não cabe ao intérprete mudar a declaração, mas apenas
interpretar sentido já existente.
-Boa-fé
Outro aspecto importantíssimo na interpretação dos negócios jurídicos, a boa-
fé objetiva dentre suas três funções, possui a função interpretativa. Honestidade
comportamental esperado do homem médio é instrumento de interpretação, devendo
ser feita de acordo com a mesma. Boa-fé objetiva tem preocupação com o
comportamento, preocupação de vedar comportamentos contraditórios, também
comportamento reiterado que gera expectativa, sendo relevante para a interpretação
já que o próprio comportamento das partes é uma guia segura para a interpretação.
Art. 112, havendo conflito interpretativo, atender mais a vontade real que a
declaração da vontade, não podendo-se atingir a vontade real, as partes assumiram
comportamento que demonstra a vontade real.

Completar funções da boa-fé

Outras funções da boa-fé são função criadora de deveres jurídicos e anexos ou de proteção e
função delimitadora do exercício de direitos subjetivos

Seguindo na matéria de interpretação, art. 114, CC, os negócios jurídicos benéficos e a


renúncia interpretam-se estritamente. Os benéficos possuem marcas de gratuidades, uma das partes
experimentando benefício gratuíto, acréscimo em seu patrimônio. A lógica da determinação legal, é
que diante de algo que possui liberalidade, é gratuito, na dúvida entender que ela possui extensão
mais restrita, interpretar restrivitamente, apenas o bem principal.Ponto importantes das regras
interpretativas, as mesmas já citadas além das restantes, não se relacionam entre si de maneira
hierárquica, salvo por determinação legal que determina apicação a priori de uma regra, como caso
do art. 112 e 114. Pode se estar diante de um negócio jurídico benéfico, sabe-se que o o negócio
benéfico se interpreta estritamente, todavia ao interpretá-lo pela boa fé pode assumir sentido mais
amplo, sendo o substrato fático do caso concreto determinante da regra a ser aplicada. Esse artigo
114, afirma que além dos negócios benéficos a renúncia também deve ser interpretada
restritivamente.
° Renúncia

Conceito: estudamos quando falávamos dos fatos jurídicos, serem esses capazes de
modificar relações jurídicas. A tem crédito com B e cede tal crédito à C,dessa forma a
relação se mantém, sofrendo alteração subjetiva, todavia na perspectiva de A, existe extinção
de um direito subjetivo. A renúncia é uma espécie de extinção subjetiva de
direitossubjetivos, quando um sujeito renúncia um direito, não necessariamente o direito em
si se extingue. É uma manifestação de vontade, ato jurídico strcto sensu, extintiva de
direitos. Apenas o possuidor do direito pode fazer essa extinção do direito a partir de uma
manifestação de vontade. Mostra que quem renúncia é o titular do direito, e a renúncia é
uma declaração de vontade unilateral, já que para a renúncia exista como tal, plano da
existência, basta a manifestação de vontade do renunciante, titular do direito. Importante
falarmos da renúncia translatícia, ela tecnicamente não é renúncia, mas negócio jurídico,
cessão de direitos. Ao falar desse tipo de renúncia, é uma contradição em termos, já que a
renúncia é ato unilateral que extingue direitos, sendo a translatícia por ser cessão é bilateral
e não extingue o direito. Importante saber disso considerando que ao se falar dos negócios
jurídicos não existe pricípio da legalidade, não é o nome mas os elementos de existência que
definem a natureza do negócio jurídico. Importante falarmos disso, pois a renúncia pode
muitas vezes afetar a esfera jurídica de outras pessoas, sendo necessário analisarmos como
afeta, se de modo direto ou em perspectiva indireta, de segundo plano. Se alguém renúncia a
uma herança, os outros beneficiários da mesma tem seu patrimônio aumentado, já que seu
quinhão hereditário volta ao monte e indiretamente os outros herdeiros são beneficiados.
Não obstante seja uma renúncia, de modo indireto repercute na esfera jurídica de outros
herdeiros. No caso de direito de crédito, se alguém renuncia esse direito subjetivo, que é
correlato a uma obrigação, dessa forma a esfera jurídica de quem possuía a obrigação é
diretamente afetada, apesar de ser unilateral, todavia no plano da eficácia, quando a
renúncia repercurte diretamente na esfera jurídica de outrém, é necessária a anuência desse.

Objeto: o objeto da renúncia podem ser direitos disponíveis, ou seja, os indisponíveis


não podem ser renunciados, dispor significa tranferir, alienar, ou seja, direitos alienáveis
podem ser renunciados. Representante pode renunciar direitos disponíveis do incapaz, sendo
imprescindível anuência de juiz e do ministério público. Renúncia de algo indisponível,
significa que a mesma é ilícita, inválida. Por exemplo: renunciar a vida é impossível, por ser
um direito indisponível. Sempre que se depararem com renúncia, analisar pelo ordenamento
se o objeto é disponível para suportar renúncia, quando estudar revisitar direitos
indisponíveis, por exemplo os direitos de personalidade, com repercussão patrimonial que ai
sim é disponível, o direito em si não se pode dispor, fazer acordo ou renunciar sobre ele,
sendo indisponível, é imprescritível, já a repercussão patrimonial é alienável, disponível,
renunciável e prescritível. Exemplo: direito de alimentos possuídos pelas pessoas frente a
seus parentes é um direito indisponível, dessa forma, não se pode renunciar direitos de
alimentos frente ao pai, ou o pai frente ao filho. Já que isso diz respeito a algo indisponível,
personalissímo. A partir do momento que esse direito existe, e se reverbera em uma
prestação de alimentos, por exemplo uma pensão alimentícia, uma consequência do direitos
de alimentos que repercurte na esfera patrimonial de natureza de crédito, sendo esse crédito
possível objeto de renúncia. Outro aspecto relevante é a possibilidade de renúncia da
expectativa de um direito, direito adquirido é aquele direito que já preencheu todos os
elementos de existência observando todos requisitos de validade, já passando a integrar a
esfera jurídica de um sujeito. Nossa ordem jurídica resguarda os direitos adquiridos de
formas muito contundentes, ao afirmar que nem mesmo o legislador pode afetar direito
adquirido. Ato juridico perfeito e coisa julgada, que são as fontes dos direitos adquiridos, ato
jurídico perfeito é ato jurídico consumado na vigência de dada lei, consumado é celebrado.
Já a expectativa de direito, pode ser objeto de manifestação de vontade condicional, se a
expectativa do direito for consumada (condição) a manifestação de vontade tem eficácia, por
exemplo a manifestação de vontade de renúncia. A dívida com data para possuir eficácia,
possuindo também Condição Suspensiva que altera o crédito condicionalmente, essa
expectativa de direito pode ser objeto de manifestação de vontade condicional de renúncia.
Antes da morte do pai, um herdeiro pode renunciar a herança? Não, não se pode renunciar
expectativa de direito de herança, ao não querer fomentar negócios do patrimônio que será
objeto de herança após a morte da pessoa. Estudaremos prescrição, onde o sujeito possuidor
de direito subjetivo, fica inerte, sem exercer a pretensão (exigibilidade), prescrevendo, ou
seja, extinguindo a pretensão do direito. A prescrição é um direito do devedor, uma defesa ao
mesmo no sentido de que uma dívida extremamente antiga não pode ser cobrada. É possível
antes da prescrição consumar, o devedor abra mão da expectativa do direito da prescrição?
Também não, renúncia apenas à prescrição consumada.

Renúncia x supressio: renúncia é ato extintivo de direito, sendo interpretado


estritamente. Não se pode presumir a renúncia de alguém, por ser fruto de interpretação
extensiva. Renúncia deve ser claro, inequívoca. Importante, também, falar de supressio,
ligado à boa-fé objeto, que diz que o possuidor de um direito ao adotar comportamento
reiterado que gere confiança legítima de que tal direito não será exercido, o sujeito perde o
direito. Construída na Alemanha, após 1ª Guerra, com alta inflação, o sujeito não cobrava
corr\ eção da dívida com base na inflação, e após certo período começa a cobrança com a
correção, por ter comportamento reiterado que gerou confiança de que direito não ia ser
exercido, o mesmo pede direito de cobrança da dívida com correção monetária. O outro lado
da moeda da supressio e o surrecsio, ou seja, aquisição de direito por comportamento
reiterado que cria confiança legítima, por tempo hábil para criar tal confiança, e a
consequência na prescrição perda da pretensão, no supressio, perda de um direito. Supressio
traz a boa-fé objetiva para a análise. Nosso ordenamento abriga o supressio e, por exemplo,
o artigo 327, CC, afirma que o pagamento deve ser feito no estabelecimento do credor, salvo
por acordo das partes. Art. 330, CC, pagamento reiterado fora do estabelecimento do credor,
faz com que o mesmo perca o direito de receber o pagamento em seu estabelecimento, sendo
a renúncia feita a partir de ato reiterado do credor, por força da boa-fé objetiva existe a
supressio além da vedação de comportamento contraditório. Direito potestativo =
decadência, subjetivo = prescrição.

AULA 18/09

Plano da Validade (requisitos de validade)


Necessária para que o negócio jurídico seja válido, ou seja, conforme o ordenamento
jurídico possuindo potencial de gerar os efeitos aos quais o negócio jurídico se destina.

-Agente capaz
Capacidade dos agentes é o primeiro requisito de validade. Capacidade é aquela
habilidade de manifestar vontade por si próprio, se autodeterminar pela vontade. Capacidade de
compreendendo a realidade, manifestar sozinho sua vontade. O negócio jurídico pois é a espécie de
fato jurídico tem a vontade tanto no plano da existência quanto da validade, o negócio jurídico,
partindo de perspectiva normativista, é a criação de uma norma, uma autonormatização pelos agente
do negócio, dessa forma, pressupõe-se a capacidade de compreensão da realidade e
autodeterminação pela vontade frente a ela pelos agentes que celebram o negócio. Se o agente
emissor da vontade de celebra o negócio é incapaz, o negócio apesar de existir é inválido. Existem
dois níveis de incapacidade, absolutamente e relativamente incapazes, sendo absolutamente
incapazes apenas os menor de 16 anos, ou seja, aqueles que até 2015 figuravam como
completamente incapazes, como no caso de doença mental ou por causa transitória não conseguem
exprimir a vontade são hoje considerados relativamente incapazes, ou seja, o ordenamento ainda dá
relevância à vontade dessa pessoas, mas com a necessidade de assistência para a definição e
expressão da vontade, já os absolutamente necessitam de representante. Observamos que o
ordenamento supre o mecanismo de expressão da vontade para os incapazes, a fim de se manterem
capazes de celebrar fatos jurídicos. A representação ou assistência suprem a incapacidade.
Tratando agora de representação, sendo a assistência, representação em lato sensu,
envolve necessariamente dois sujeitos: representado e representante. A estrutura da representação é
de que o representado é o titular da vontade, ele então possui o aspecto anímico, todavia a vontade
do representado é manifestada pelo representante, tecnicamente então é uma vontade do
representado mas manifestada pelo representante. Quando falamos dos absolutamente incapazes,
ainda sim a vontade é do representado, mas a ordem jurídica define que o mesmo não possui
capacidade alguma de exprimir vontade. Se em caso concreto o representante pratica atos contra o
interesse do representado, são atos inválidos para o negócio jurídico. Isso nos mostra que em uma
representação, o representante age no interesse do representado e em nome do mesmo.
Representação é quando o representante age em nome e pelo interesse do representado. Um
exemplo é a representação processual, no qual o advogado assume a posição de procurador do seu
cliente, agindo em nome e no interesse do cliente. Já na substituição processual, o substituto age em
nome próprio e no interesse do substituído, como no caso do Ministério Público, que entra com
processo por interesse alheio e em nome próprio. Existem dois tipos de representação:
1.Representação legal: representação definida por lei, como no caso de pais que são representantes
por excelência dos filhos menores, representação de pessoa natural, ou seja, a mesma possui
vontade própria, todavia incapaz de exprimí-la segundo o ordenamento, ou representante legal de
pessoa jurídica definida pela lei como a pessoa indicada ou se não houver indicação é o
administrador da mesma. Representante legal do espólio é o inventariante. No caso de pessoa não
natural, são ficções jurídicas já que não lhe é próprio o aspecto anímico, sendo os representantes
responsáveis por definir a vontade. 2.Representação convencional: fruto da vontade, ou seja, tipo de
negócio jurídico, criado pela vontade e cuja eficácia é definida pela mesma. Quando falamos de
representação muito importante saber o que o representante pode fazer em nome do representado,
definida pelo tipo de representação, se legal ou convencional, havendo definição legal dos limites
de cada tipo de representação. Quando o representante celebra negócio jurídico aquém dos limites
definidos legalmente ou convencionalmente, o negócio jurídico é inválido, já que a manifestação de
vontade do representante não tem sede na vontade do representado. Representante que age aquém
dos poderes a ele destinados pela representação é defindo como ultra vires. Representação
convencional é em regra um negócio jurídico não solene, ou seja, pode-se celebrar o negócio
jurídico sem forma específica, podendo ser por escrito ou oral, pública ou privada, todavia em
situações específicas que a lei faz uma exigência quanto à forma dessa representação. Em alguns
casos, é exigido que seja formalizada por escrito, pelo instrumento da procuração, a representação
convencional. Na procuração está definido o representante e representado, além dos poderes
outorgados ao representante e de eventual prazo de duração da mesma, pode ser procuração privada,
entre as partes ou pública, na qual o tabelião presencia a celebração do negócio e o documento é
uma escritura pública. Curatela aplicável para aqueles que possuem qualquer decréscimo à sua
capacidade mesmo que maiores. Então é relevante, ficar atento à definição de representação e os
poderes delegados pela mesma. Se quem celebra o negócio com o representante, sabe ou deveria
saber dos limites de representação e o negócio vai além dos poderes outorgados os representate, é
constatada má-fé objetiva da pessoa com quem o negócio foi celebrado, sendo considerado inválido
a boa-fé objetiva do representante, leva a boa-fé subjetiva da pessoa com quem ele negocia, ou seja,
a partir do comportamento do representante se define se o negociante deveria saber dos limites dos
poderes outorgados a sua representação, se tem que nessas situações excepcionais, a ordem jurídica
em nome da boa-fé permite a representação aparente, aquela que de acordo com um cenário de boa-
fé objetiva que gerou no outro negociante boa-fé subjetiva, vai privilegiar-se quem negociou em
boa-fé, reconhecendo o negócio jurídico como válido pela força da boa-fé, dessa forma, a pessoa
jurídica vai responder pelo seu negócio gerado por representação aparente como se fosse
representação convencional. Pressupõe que a pessoa deve ser responsável por explicitar
publicamente seus representados, suportando ônus da existência de um representante aparente, que
a partir da boa-fé de outro negociante, celebra negócio jurídico Representação nos arts. 115-120,
Código Civil. Incapaz, pode definir um representante convencional? Não sozinho, mas a partir de
um representate legal é possível realizar negócio jurídico que crie representação convencional.
Pergunta para a próxima aula
Afinal o que é a legitimidade? Já falamos de personalidade, depois de capacidade, agora
trataremos de legitimidade.

-Objeto lícito
Os requisitos em relação ao objeto referem-se à sua licitude, ou seja, o objeto do
negócio jurídico deve ser lícito, não contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé
e à função social ou econômica de um instituto.

AULA 25/09
-Forma prescrita ou não vedada em lei
Legislador busca dar mas segurança à relação negocial, ao definir forma prescrita
para a celebração do negócio jurídico. Em outras situações, legislador proíbe (veda) certa
forma à celebração de categoria de negócio jurídico. Busca reduzir as dúvidas em relação à
manifestação de vontade.
-Vontade livre e de boa-fé
Vontade precisa ser o que a gente chama livre e de boa-fé Vimos que o princípio que
norteia a autonomia é a liberdade, sendo uma manifestação de liberdade. Sujeito livre tem
condição de se autodeterminar quanto à realidade capaz de manifestar vontade
(autorregulamentação). Ou seja, para que de fato existe vontade livre, exercício de
autonomia privada é indispensável que o sujeito o faça de maneira livre, com capacidade de
reconhecimento da realidade e capacidade de autodeterminação frente à mesma. Podemos
concordar que existem situações que gerar prejuízos à liberdade uma vez que a manifestação
de vontade não condiz com o que o sujeito queria. Manifestação da vontade perde sua
essência, liberdade. Fez por erro, ou por coação, não porque de fato queria, fruto de sua
autonomia. Essas ocorrências afetam o plano da validade. Reverbera em uma invalidade do
negócio jurídico. O legislador tipificou de modo taxativo as situações em que vícios dessa
vontade livre afetam a validade do negócio. Chamados vícios de consentimento. Essa
vontade não é ilimitada, existe a boa-fé como um dos princípios basilares que conforma a
vontade. Passando de modelo da autonomia da vontade para autonomia privada, precisa
além de ser livre, ser conforme a boa-fé objetiva, comportamento médio esperado em
situação equivalente. Pode ser que em dado negócio, a manifestação de vontade seja fruto da
liberdade, todavia os fazem de modo contrário à boa-fé, fugindo da honestidade
comportamental, quando isso acontece, mesmo não havendo vício no consentimento afeta a
validade do negócio jurídico, a partir de vícios sociais. A preocupação do ordenamento se dá
na preocupação com o outro, passando de perspectiva individualista para uma solidária, faz
com que o negócio jurídico não dig tão somente às pessoas que celebram o negócio, tem que
condizer com a boa-fé a fim de resguardar quaisquer outras pessoas de prejuízo. Todavia, a
rigor não foca no prejuízo, mas sim na boa-fé objetiva. Os vícios de consementimento são
erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, já vícios sociais, falaremos de simulação, fraude
contra credores. Falando desses erros, já dizemos que a ocorrência desses implica na
invalidade do negócio jurídico. Exame escalonado, com o plano da existência sendo
pressuposto dos demais, quando inexiste o negócio não gera nenhum efeito jurídico.O que
inexiste é um “nada”. Já a invalidade, tem repercurssão na cessação dos efeitos dos negócios
jurídicos, todavia existe algo interessante. O negócio jurídico inválido por ser celebrado por
incapaz, sujeito de 15 anos celebrou um negócio de compra e venda, os efeitos desse
negócio se mantém até a descoberta da invalidade do mesmo, que determina a cessação
desses efeitos. Diferença entre inexistência e invalidade, inexistência não gera efeitos,
invalidade gera até o reconhecimento da mesma. E quanto aos efeitos anteriores ao
reconhecimento da invalidade do negócio, invalidade tem caráter ex tunc, ou seja, age nos
efeitos anteriores ao reconhecimento da invalidade. Art. 182, CC, recompor status quo se
impossibilitado por conta de limitações fáticas, devem gerar situação de reparação
equivalente a do status quo.
Ex tunc (retroativo) x Ex nunc (efeitos daqui para frente)
Diferença teórica substancial. Inexistência não se admite nenhum efeito, já o inválido
primeiro já preencheu a existência, gera alguns efeitos até o reconhecimento da invalidade.
Observamos que o que é inválido excepcionalmente pode gerar efeitos, inexistência nunca
gera efeitos, é essa a grande diferença entre inexistência e invalidade nos planos dos
negócios jurídicos. Ex.: Casamento putativo, no qual uma pessoa casada se casa de novo,
havendo vício nesse segundo casamento, objeto do negócio é ilícito, todavia o cônjuge do
segundo casamento não sabia do primeiro casamento, estava ali de boa-fé. É um casamento
inválido, todavia a ordem jurídica preserva efeitos próprios do casamento para esse
casamento inválido. Falaremos de situações que embora inválidas, preservam alguns efeitos,
em nome da boa-fé e de sua proteção. Invalidade, o negócio jurídico deixará de ter efeito de
maneirar ex tunc (a regra), como se o negócio inexistisse, todavia excepcionalmente
preserva algum direito. O plano da validade diz respeito à conformidade do negócio com o
ordenamento, a partir dos objetivos aos elementos do negócio jurídico. Nosso sistema
jurídico, identifica que essa não conformidade com o ordenamento pode ter níveis. Em
matéria de ordem pública, que preserva interesse público maior, por exemplo de proteger
alguns grupos específicos de pessoas, existem regras que visam atender esse interesse, no
direito civil o legislador identifica que aquilo que violar norma de ordem público, violar
imeditamente interesse público, tem invalidade mais grave, nulidade absoluta ou nulidade,
consequência imediata, já aquilo que violar imediatamente um interesse privado, é uma
invalidade menos grave, nulidade relativa ou anulabilidade, consequência possível. Nulo =
anulável. Efeitos ex tunc são em ambos, as utilidades práticas dessa diferenciação são as
seguintes, algo nulo, nulidade absoluta, qualquer pessoa pode suscitar a nulidade, qualquer
do público (interesse) pode questionar a validade do negócio jurídico, juiz tem o dever de se
pronunciar acerca das matérias de ordem público, magistrado age de ofício, no sentido de
que ele age sem ter sido provocado, ou poderia ter agido sem ser provocado. Se diante de
um negócio jurídico nulo, ainda que as partes discutam acerca do negócio, qualquer um
pode alegar a invalidade do negócio. Em contraponto com a nulidade relativa, que diz
respeito a interesse privado, apenas quem teve esse interesse lesionado pode suscitar a
invalidade e, consequente, anulabilidade do negócio. Outra distinção significativa são os
efeitos do tempo sobre dada relação jurídica. Em nome da segurança jurídica, a regra em
nosso sistema é de que os efeitos do tempo atuem sobre relações para conferir-lhes
estabilidade. Por isso, temos a prescrição e decadência, prescritibilidade. Quando prescreve,
quando alguém não exerce expectativa de direito, acabando por prescrever, direito subjetivo
prescreve, já o potestativo entra em decadência. O direito de buscar o reconhecimento de
uma invalidade, é potestativo, direito exercido frente ao judiciário de reconhecimento dessa
invalidade, dessa forma, em regra sofre efeitos do tempo pela decadência. Se não é exercido
o direito de reconhecer a invalidade o direito entra em decadência, todavia essa regra só se
aplica aos negócios anuláveis, nulidade relativa, o tempo serve para consertar negócios
anuláveis a fim de gerar segurança jurídica, estabilidade nas relações jurídicas. O anulável
convalesce com o tempo, ou seja, o direito de anular o negócio por sua invalidade caduca
com o tempo, prazo decadencial, em regra, contado a partir da celebração, por entrar em
decadência não podendo ser mais exercido. Já nos negócios nulos, nulidade absoluta, em
nome do interesse público lesionado, excepcionalmente fugimos de nossa regra que o tempo
impõe efeitos na estabilização de relações jurídicas. Por último, quando se fala de
anulabilidade, tratamos de direito privado lesionado, o inválido pode se tornar válido pela
ação do tempo, prazo decadencial, também pode ser tornado válido a partir da ratificação, ou
seja, aceitação do vício pelas partes. Estamos falando do capítulo V, da invalidade do
negócio jurídico. Importante, art. 168, nulo, proibido ou defeso no código (nulidade
absoluta). Ex.: art. 171, fala de anulável (nulidade relativa). Art. 172, ratificação que
anulabilidade admite, pode ser confirmada pelas partes, o negócio jurídico. Art. 178, prazo
decadencial de 4 anos, direito potestativo, para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
nas hipóteses do artigo. Qual fato que determina o início da contagem do tempo de acordo
com a espécie de crime. Art. 179, quando determinado ato for anulável, sem prazo para
pleitear a anulação, será de 2 anos, casos não previstos no 178. Art. 182, efeitos ex tunc, de
restituição de status quo ou indenização equivalente.

AULA 02/10

Continuação

Nulidade
Em regime jurídico de direito público não existem situações de anulabilidade, mas sempre nulidade.
Muitas das situações criam perrogativas do poder público que ganha impacto direto no regime de
invalidade.
Em processo civil, característica de um negócio processual é ser um instrumento à serviço de um
direito material, já que a grande regra do regime de invalidade é a verificação ou não de um
prejuízo. REESCREVER

Hipóteses de nulidade absoluta do art. 166, CC.


-I, Celebrado por pessoa absolutamente incapaz (menores de 16 - desacompanhado de seu
representante) – Norma de ordem pública, defesa dos absolutamente incapazes;
Ato jurídico perfeito é o de preenchimento dos requisitos nos planos da existência e
validade, negócio celebrado por absolutamente incapaz é invalidade, não preenche os requisitos do
ato jurídico perfeito. Depois da alteração da norma para torná-lo relativamente incapaz o negócio
celebrado por essa pessoa é nulo ou anulável? Estudar sobre retroatividade da lei, de ordem pública.
Testamento que abrange 100% de um patrimônio, apenas possível se não houverem herdeiros
necessários a quem deve ser destinado ao mínimo 50% do patrimônio. Se não satisfaz essa condição
o testamento é invalido. CC/02, cônjuge é herdeiro necessário, já no CC/16, o cônjuge não era
herdeiro necessário. Testamento celebrado antes de 02 que dispõe de 100% do patrimônio, todavia
morte após de 02 e o falecido possuía cônjuge, testamento é válido? Ponto de partida lei de
introdução do direito civil. Art. 790, CC, declarado inconstitucional pelo STF em 2017, já que o
companheiro deve ter os mesmos direitos patrimoniais do cônjuge.

-II, for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;


-III, motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; CC/16 era não causalista, já
o de 02 por conta desse inciso há quem diga que seja causalista.
-IV, não revestir a forma prescrita em lei;

-V, for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade. Em
regra, negócios jurídicos são não solenes, ou seja, a manifestação de vontade tenha sua
forma livre, só que, existem situações que o legislador determina, em nome da segurança
jurídico, a forma da manifestação de vontade e, em alguns, solenidade. Quando falamos de
forma, é aquilo que podemos analisar em perspectiva isolada (expressa ou tácita), já
solenidade é um desencadeamento de atos que o legislador exige para a prática de
determinado ato ou negócio. Testamento privado, forma é escrita em papel, todavia para ser
válido, legislador exige desencadeamento de atos na produção do testamento, que o testador
leia o testamento na presença das testemunhas e seja assinado por elas. Já em testamento
público deve ser validado na presença de um tabelião que possui fé pública. Lei 8212 (lei
previdenciária, seguridade social e outras providências) prevê em seu artigo 47, exigida
certidão negativa de débito, para com o INSS para os seguintes casos, na obra da construção
civil no registro de imóveis. Art. 48, prática de ato com inobservância no artigo anterior,
responsabilidade solidária dos contratantes, inclusive o tabelião, nulo o ato para todos os
efeitos. Para alguns deveria ser hipótese de ineficácia, não de invalidade. Julgamento STF, a
partir de orientação do CNJ, no sentido de que essa previsão não prevê requisito de forma ou
solenidade prevista para a validade de um ato jurídico, e se o objeto ilícito gera frutos e
acessórios, como se trata toda a cadeia?
- VI, objetivo de fraudar lei imperativa = simulação;
-VII, a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

Art. 168, nulidades alegadas por qualquer interessado ou ministério público, pronunciadas pelo juiz.
Art. 169, negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do
tempo.
CC, 02 define a simulação como hipótese de nulidade absoluta, já no CC 16, simulação era hipótese
de anulabilidade.

Art. 171, hipóteses de anulabilidade, colocar asterisco na parte de fraude contra credor:
-I, incapacidade relativa;
-II, vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Vícios de consentimento.
Arts. 172 a 174, negócio anulável confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro, confirmação
deve conter substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo, escusada a
confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que
o inquinava (única forma de declaração tácita que enseja a confirmação, convalescimento do
negócio anulável). Art. 175, confirmação importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que
contra ele dispusesse o devedor. (Renúncia de qualquer pretensão [exceção nome dado à defesa] de
exercício do direito potestativo de requerimento da anulação de negócio anulável. Art. 176,
anulabilidade resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
Art. 496 Venda de ascendente para descendente, deve ter a anuência do outro(s) descendentes, se
não é anulável.

Quando existe prejuízo material além do erro do negócio jurídico nulo, o direito de ser ressarcido
pelo prejuízo é subjetivo, surgindo nesse momento pretensão de ressarcimento. Se 13 anos depois,
tentar exercer, o prazo máximo geral de 10 anos da prescrição já foi atingido, prescrição da
pretensão de ressarcimento, assim que exista o prejuízo.
Art. 169, negócio nulo não convalesce com o tempo.

AULA 05/10

Vícios de consentimento
Vontade não manifestada de forma livre. Vícios de consentimento mas também os vícios
sociais. Problema no plano de validade no momento de sua gênese, de sua celebração. Se distingue
de uma situação de revisão, caso de onerosidade excessiva, já que essa não está no momento da
gênese do negócio jurídico.
-Erro
Doutrina tecnicamente distingue erro de ignorância. Todavia o legislador ignorou
essa distinção. Erro é falsa representação da realidade, já a ignorância é desconhecimento da
legislaçã. Existe uma vontade real diferente da manifestada que se dá por um engano. Erro é
um vício eminentemente unilateral, o próprio sujeito que declarou a vontade distinta da real
que se enganou, bastante diferente da situação na qual uma pessoa induz outra em erro, que
é o dolo. Quem tem legitimidade para arguir o erro é quem foi vítima do mesmo, art. 178,
CC, prazo decadencial de 4 anos para arguição do erro por quem foi vítima. Após
determinada a invalidade do negócio por conta de erro se desfaz o negócio a fim de se
reestabelecer o status quo. Primeiro requisito para o erro com vício de consentimento, deve
recair sobre elemento substancial do negócio jurídico. Art. 139, CC, substancial I. quando
interessa à natureza do negócio, o objeto principal da declaração ou algumas das qualidades
a eles essenciais; II. concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se
refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III sendo
de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
negócio jurídico.
Retomando a classificação de negócios jurídicos, vimos a classificação de Antonio
Junqueira, elementos gerais, categoriais e acidental, os elementos substancias se encontram
dentro dos elementos gerais ou categoriais. Se o erro recai sobre elemento acidental, não é
caracterizado o vício de consentimento que invalida o negócio jurídico. Mas ai temos o art.
140, CC, o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante, o “porquê” da realização do negócio jurídico, em regra, não é substancial ao
negócio jurídico, sendo elemento secundário. O legislador alça elemento secundário ao nível
de elemento substancial, para que se caracterize vício de consentimento no caso de erro em
relação ao motivo, quando ele é colocado expressamente, escrita ou verbal, contemporânea à
celebração do negócio, como razão determinante do negócio jurídico. Art. 166, nulidade
absoluta, fala de motivo determinante comum a todas as partes, ou seja, bilateralidade do
motivo determinante, além de ser motivo ilícito.
Todavia, vejamos a parte final do art. 138, CC, anuláveis negócios quando as
declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa
de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. No Código de 16, o que
encontravamos na doutrina e jurisprudência, que para a caracterização do vício de
consentimento pelo erro, teria de ser erro que recaísse sobre elemento substancial, além de
ser excusável (descupável), já no CC/02, a doutrina, tendo em vista que o CC 02 positiva a
boa-fé objetiva, esse poderia ser percebido é ordem direcionada a outro negociante,
inicialmente aos agentes do negócio, se ele deveria saber que eu estava em erro, o erro
continua sendo unilateral, incorrendo a invalidade do negócio jurídico. Jurisprudência, já
temos muitos julgados que repercutem esse entendimento atual do erro. Todavia, muitos dos
profissionais foram formados à luz do Código Civil de 16. Artigos posteriores trazem as
consequências da anulabilidade, possibilidade de ratificação, também possibilidade de
execução do negócio na conformidade da vontade real também o valida.

-Dolo
Erro provocado por alguém. Dolo omissivo se pratica de forma consciente, não devia
saber, mas sim sabia e permitiu que a outra parte incorresse em erro. Temos manifestação de
vontade diferente da real, enquanto no erro decorre de um engano da própria pessoa, no dolo
decorre de um ardil, consciente de alguém que de modo fraudulento induz o outro em erro.
Dolo é bilateral, pode ser realizado pelo outro negociante, induzindo o erro o outro
negociante. Pode ser também o já citado dolo omissivo. Mas também, pode ser um dolo
cometido por um terceiro, alheio ao negócio jurídico, nesse caso temos de pensar, que se foi
o próprio negociante que agiu dolosamente sem dúvida será invalidado o negócio, agora, no
caso de terceiro que agiu de modo doloso, invalidar o negócio jurídico será feito em
detrimento ao outro negociante, situação idêntica ao que falamos de erro, será invalidado se
o outro negociante sabia ou deveria saber que o agente com quem negociava estava
incorrendo em erro. Importante que fique claro, duas situações ligadas mas distintas.
Estamos falando de invalidação do negócio jurídico, na qual se reestabelece o status quo,
mas pode ser que esse negócio jurídico viciado tenha causado prejuízo à vítima. Então temos
a invalidade e a reparação das perdas e danos, a última é responsablidade civil proporcional
ao dano. Pode ser que o negócio jurídico doloso além de viciado tenha causado prejuízo à
vítima, aquele que praticou o prejuízo a partir do dolo terá o dever de reparar. No caso de
dolo de terceiro quando o outro negociante não sabia nem devia saber o negócio é mantido,
validado, todavia se houver prejuízos a quem incorreu em erro, o terceiro que agiu com dolo
tem dever de reparar as perdas e danos. Art. 178, II, tem prazo decadencial a arguição de
anulabilidade de 4 anos, já a reparação civil tem prazo prescricional de 10 anos. No caso de
dolo do representante o legislador trata como o representado devia saber, negócio é
invalidado, no caso de representação convencional o dever de ressarcir recaem
solidariamente sobre representante e representado, já no caso de representante legal, art.
149, CC, responde o representado até o montante do proveito gerado, o restante deve ressarcir o
representante. Dolo também deve ser sobre elemento substancial ou motivo determinante do
negócio jurídico, mesmo sendo dolo sobre elemento acidental pode gerar prejuízo, não
ensejando invalidade do negócio, mas sim dever de reparar o dano gerado, o que prevê, o
artigo 146. Art. 150, se ambas procederem com dolo nenhuma das partes pode alegá-lo para
anular o negócio, existe divergência no entendimento, quem segue a literalidade da lei,
posição majoritária, também quem afirme fazer interpretação sistemática, compensando os
dolos, quando forem de mesma espécie que repercutiram em prejuízos quantitativamente
equivalentes.

AULA 09/10
Art.6º, LINDB, lei nova não age em direito adquirido, coisa julgada (decisão de mérito
transitada em julgado, recursos exauridos) e ato jurídico perfeito (aquele que preenche todos os
elementos de existência e requisitos de validade), sendo os dois últimos fontes de direito adquirido.
Negócio jurídico simulado em 1995, em 2003 entra em vigor CC/02. Preencheu elementos de
existência mas não de validade, todavia em 1999 por não ter sido arguida sua invalidade, negócio
convalesceu se tornando negócio jurídico perfeito.
Já o negócio jurídico que no passado era nulo (ex plenamente incapaz), a partir de 2015 pela
lei em vigor seria anulável. Negócio se torna anulável? Assunto controvertido. Qual a regra do
nosso direito? A retroatividade com as exceções do art. 6 da LINDB ou a irretroatividade acerca do
direito material?
Comentários acerca do art. 2035, CC, e sua constitucionalidade. Ler também sobre
retroatividade da lei no direito processual (formal).
-Coação
-Conceito
Também ocorre vício de consentimento, havendo diferença da vontade real e
manifestada, mas a partir de atitude violenta, não ardilosa, que a vontade real do
coagido é alterada. Pode ser realizada tanto pelo outro negociante quando por
terceiro, dessa forma se caracteriza por sua bilateralidade.
-Espécies
Absoluta, física e irresistível, que é unilateral, ou moral, relativa e
compulsiva. A física enseja inexistência do negócio jurídico, já que não haveria
sequer vontade manifestada, mas sim forçada. A invalidade é ensejada apenas pela
coação moral, que é propriamente vício de consentimento e o qual trataremos na
aula.
-Requisitos
Art. 151, CC, a coação para viciar a declaração de vontade deve gerar
fundado temor de dano (injusto, caracterizado pelo uso abusivo do direito) iminente e
considerável à pessoa, famíia ou bens. Deve ser dano atual ou iminente e gerar medo
fundamentado no sujeito. Par único = se o dano for em relação a pessoa não parente
da pessoa, deverá o juiz analisar as circunstâncias a fim de caracterizar a coação ou
não. Art. 153, não se considera coação o exercício regular do direito e o temor
referencial. O último, diz respeito a temor específico que o sujeito tem de alguém,
sem a pessoa tê-lo provocado. Existem situações nas quais existe o temor referencial
mas existe uma ameaça de dano também advinda da pessoa, se configurando, dessa
forma, o dolo. Art. 152, CC, ao magistrado apreciar a coação ter-se-ão em conta
sexo, idade, condição, saúde, temperamento do paciente e todas demais
circunstâncias que possam influir em sua gravidade. Art. 154,CC, vicia o negócio
juridico a coação de terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte que
tem proveito, respondendo solidariamente ao terceiro pelas perdas e danos. Art. 155,
CC, subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a
que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação
responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.

-Lesão
Vício característico dos negócios jurídicos bilaterais (2 vontades declaradas para a
consumação do negócio jurídico), mais especificamente dos contratos bilaterais que geram
deveres de prestação e contraprestação. Lesão é ofensa ao sinalagma genético, ao tempo da
consumação do negócio existe manifesta desproporcionalidade, desequilíbrio, entre as
prestações recíprocas, assim a vontade manifestada é viciada, diferindo da real.

Obs.: Sinalagma, significada em três principais sentidos: bilateralidade, equilíbrio (reciprocidade)


nas prestações, ou prestação sendo a geradora da contraprestação. Focaremos no sentido de
equilíbrio de sinalagma. Nesse sentido, têm-se a divisão em sinalagma genético, aquele que em seu
nascedouro, na celebração do negócio jurídico, possui equilíbrio entre as prestações recíprocas, não
se cumprindo essa exigência enseja a invalidade do negócio e, conseguinte, retorno ao status quo,
possuindo efeito ex tunc. E em sinalagma funcional, aquele que na execução do negócio surge a
manifesta desproporcionalidade entre as prestações recíprocas, nesse caso, atua no plano da eficácia
do negócio, o fato imprevisto na execução do contrato enseja a revisão do contrato por onerosidade
excessiva a uma das partes, possuindo efeitos ex nunc. Na aula de hoje trataremos do sinalagma
genética que é propriamente vício de consentimento.

-Requisitos
Requisito objetivo é a manifesta desproporcionalidade entre as prestações ao
tempo da celebração do negócio jurídico.
Requisitos subjetivos definem os três tipos de lesões previstos em 3 diplomas
legais. A partir da Lei de Economia Popular, tem-se a lesão usurária, no qual o
requisito subjetvo é o dolo de aproveitamento, o negociante que se aproveita deve ter
ciência da manifesta desproporcionalidade, configura crime e enseja a nulidade
absoluta do negócio jurídico. Já no Código de Defesa do Consumidor está prevista a
lesão consumerista, no art. 51, IV, necessita apenas do elemento objetivo, subjetivo
pressuposto absolutamente pela hipossuficiência do consumidor, enseja a nulidade
absoluta. Por último, no Código Civil, art. 157, a lesão tem elemento subjetivo
analisado na vítima de premente necessidade ou inexperiência, a partir da boa-fé, a
outra parte deveria alertá-lo acerca da manifesta despropocionalidade entre as
prestações, enseja a anulabilidade, assim sujeito aos efeitos do tempo no
convalescimento do negócio atingido por essa lesão.
-Consequências
Lesões repercutem no plano da validade, tendo consequências determinadas
pelo tipo de lesão.

-Cabimento
Lesão se aplica a contratos bilaterais, manifestação de vontade de duas parte e
prestações recíprocas entre as mesmas. Também encontramos que a lesão em
negócios cumutativos (os quais ao tempo de sua celebração se tem ciência das
prestações e contraprestações) para que se configure a lesão deve existir na gênese do
negócio jurídico, assim, não ocorrendo no negócio jurídico aleatório, no qual
alguma(s) da(s) prestação(ões) está sujeito ao aleo, incerta, dependendo de outros
fatores para se concretizar. Em parte é verdade, mas apenas se no negócio aleatório a
lesão for acerca apenas da prestação aleatória, que se configura enquanto risco
assumido pelo negociante, ela não é configurada enquanto vício de consentimento,
diferente dos negócios aleatórios nos quais a manifesta desproporcionalidade reside
em cláusulas alheias às prestações aleatórias.

-Estado de perigo
-Conceito
Art. 156, CC, assim como a lesão não tinha previsão no CC/16. Muito embora vício
de consentimento, é vício que tem previsão justificada por mudança paradigmática do direito
civil, solidarista e altruísta, que definiu o Estado de perigo enquanto tal. Temos vontade real
diferente da manifestada, diferença se dá de modo consciente pelo emitente da vontade, a
vítima, diferente da lesão a diferença não é fruto de desconhecimento ou inexperiência.
Diferença que também repercute em uma desproporção entre prestação e constraprestação,
todavia a razão de ser dessa diferença é o que se chama de estado de perigo, ou seja, sujeito
aceitou o negócio demasiado oneroso daquela forma na premida necessidade de salvar-se ou
alguém da família, de grave dano conhecido pela outra parte. Se não for familiar juiz
decidirá com base nas circunstâncias. Lesão civil não exige dolo de aproveitamento, que a
outra parte tenha conhecimento da desproporção, da mesma forma no estado de perigo não
se exige que a outra parte tenha conhecimento da situação de perigo e da demasiada
desproporcionalidade, mas sim do estado de perigo apenas. Estado de perigo não pode
justificar o anadimplamento, dessa forma, visto com bastante parcimônia, não apenas à boa
fé, mas sem prejuízo às obrigações decorrentes do negócio jurídico. Na saúde o dever de
ofício, tem obrigação de fazer atendimento emergencial, ainda que o sujeito não tenha
condição de pagar.

-Alienações fraudulentas
Temos em nosso sistema não apenas a fraude contra credor como alienação
fraudulenta, sendo a fraude alienação pois alienação do patrimônio onerosa ou gratuita é
fraudulenta pois frauda a satisfação do crédito por um dos negócios. Temos outra alienações
fraudulentas, situação em que se está cobrando judicialmente o devedor por conta do crédito,
devedor faz alienação do patrimônio em prejuízo à satisfação do crédito, definida assim, no
momento que a divida já está sendo cobrada judicialmente ocorre a fraude contra execução,
sendo esta mais grave à fraude contra credor, ao ser fraude contrária à efetividade da
prestação jurisdicional, assim além de lesar o credor, lesa o próprio Estado no exercício de
sua prestação jurisdicional, assim sendo mais grave tem requisitos mais criteriosos. Mais
grave que ambas aliienações fraudulentas é a fraude contra a penhora, ato processual
executivo, quando em fase de execução judiciário impõe constrição sobre determinado bem
a fim de vincular bem à satisfação de determinado crédito, assim, atividade executiva do
Estado está em curso em fase avançada, crédito reconhecido e o Estado iniciando execução
da dívida na penhora, e mesmo em meio a isso o indivíduo faz alienação fraudulenta. Bem
penhorado não está indisponível, ou seja, pode ser comprado, todavia bem penhorado
continuará respondendo à execução, todavia, quando alienação gera prejuízo à penhora e
satisfação do crédito, pela perda de valor da coisa, caracterizada a fraude contra a penhora.

-Fraude contra credores


Falamos até aqui de vícios de consentimento, na qual vontade manifestada é
diferente da real, diferença às vezes inconsciente pela vítima, às vezes conhecida e não
desejada, mas sempre não desejada. Ao falarmos de fraude contra credores, temos vício
social, outro tipo desse vício é a simulação. Nos vícios sociais, o sujeito quis manifestar
vontade daquela forma, ou seja, consciente e volitivo. Na fraude contra credor vontade real é
igual à manifestada, já na simulação a vontade real é diferente da manifestada, mas diferença
desejada pelas partes do negócio, assim não se configurando vício de consentimento, visto
que esse último se caracteriza pelo não desejo da vítima na diferença entre vontades. Se é
vício social a preocupação não é com as partes do negócio, mas com terceiros, a partir da
boa-fé objetiva. O negócio com fraude contra credor prejudica terceiro, sendo ele credor de
um dos negociantes. Quando estudamos negócio vemos que uma de suas características é
vincular as partes de modo que o negócio gera, em regra, efeitos interpartes, à luz do
princípio da relatividade, assim terceiros não serão prejudicados, nem poderão estes
reclamar acerca de termos do negócio, todavia, existem exceções. Fraude contra credor é
previsão legislatvia que mitiga o princípio da relatividade, podendo terceiro reclamar
alguma coisa em relação ao negócio jurídico, tendo sua ratio na boa-fé objetiva. Boa-fé
objetiva preconiza honestidade comportamental, esperada do homem médio, assim, que os
negócios jurídicos celebrados não causem prejuízo direto à terceiro, sendo assim, terceiro
passa a ter legitimidade para questionar o terceiro. Na fraude contra credor, terceiro é credor
de um dos negociantes, com o negócio jurídico prejudicando a satisfação do crédito ao
terceiro ao gerar insolvência ao devedor ou agravando sua insolvência, insolvência sendo
não possuir patrimônio suficiente a honrar seu passivo em dívidas, assim esse terceiro
prejudicado diretamente pode questionar o negócio jurídico já que o mesmo é viciado em
fraude contra credores. Alienação fraudulenta quando ainda não existe processo judicial de
cobrança de crédito ao devedor, podendo ser o processo judicial tanto de execução quanto de
conhecimento, quando o sujeito tem título executivo judicial ou não (contrato assinado por
duas testemunhas, v.g.), que determina execução direta, líquida (quanto) e exigível, pode
iniciar diretamente o processo de execução, que intima o devedor a satisfazer crédito já
reconhecido judicialmente, sob pena de sofrer penhora, todavia se não exise título executivo
tem-se que realizar conhecimento a fim de reconhecer a legitimidade da obrigação do
crédito devido, assim devendo o Estado fazer o acertamento, já na execução é a satisfação,
podendo assim ocorrer fraude à execução durante ambos processos, tanto de execução
quanto de conhecimento. Assim fraude contra credor, o crédito não é objeto de processo
judicial algum.

-Requisitos
Para que essa alienação feita seja fraude ao crédito do terceiro, imprescindìvel que o
crédito do terceiro preexista à alienação apontada enquanto fraudulenta. Primeiro requisito é
a anterioridade, art. 158 §2º, CC,do crédito à alienação dita fraudulenta, assim, se uma
pessoa que assume crédito de outra, devedor realizou alienação anterior à assunção do
crédito por outra pessoa mas posterior ao seu surgimento configurada a fraude ao credor, a
não ser que a modificação subjetiva do crédito seja novação, na qual a relação é renovada,
surgindo nova. Se existe crédito condicional, ou seja, ainda não exigível ou mesmo
existente, a rigor não podemos ter fraude contra credor, mas Esther vai encaminhar decisão
do STJ que relativiza essa regra. Outro requisito é o evento danoso, ou seja, essa alienação
que levou à insolvência ou agravou a insolvência do devedor, ou seja, evento deve ser
danoso à solvência do crédito pelo devedor, crédito quirografário, ou seja, crédito que tem
como garantia todo o patrimônio do devedor, não existe garantia real, independente da
liquidez do patrimônio mais difícil. Fraude contra credor também se passa na situação em
que os credores possuem garantia real. Art. 158, CC, negócios de transmissão gratuita de
bens ou remissão de dívidas, se os praticar por devedor já insolvente ou por ele reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados por credore quirografários, como
lesivos dos seus direitos, poderão também anulá-los credores com garantia real. Outro
requisito é o consilium fraudis.

-Alienações gratuitas
Não necessita do consilium fraudis para constituir a fraude contra credor.
Art. 163, garantia de dívidas que algum devedor insolvente dá a credor, no caso de
concurso de credores presumem-se constituir fraude.

Art 164, presumem-se de boa-fé, muito embora insolvência, indispensável ao


trabalho ou subsistência do indivíduo ou manutenção de estabelecimento mercantil, rural ou
industrial.

-Inexistência ou ineficácia.
Negócio inexistente não gera efeitos nem pode gerar, já o negócio inválido, tanto
nulo quanto anulável, implica no retorno ao status quo, se desfaz o negócio como se não
existisse. Invalidade excepcionalmente pode gerar efeitos em nome da boa-fé, já a
inexistência não comporta isso. Ineficácia absoluta quando o negócio não gera efeitos pois
não cumpriu o fator de eficácia, testamento de quem não morreu, ou então temos a ineficácia
relativa, na qual o negócio não gera efeitos especificamente a uma pessoa. Ciência do
direito conhece todas essas perspectivas, muito bem desenvolvido pelas teoria do fato
jurídico e do negócio jurídico, desenvolvida na Alemanha. Fraude contra credor pode estar
no plano da validade, dessa forma ocorrendo, o negócio é inválido sendo reestabelecido o
status quo. Já se alocado ao plano da eficácia, no caso de ineficácia relativa, temos a
ineficácia do negócio em relação a uma pessoa, assim, teríamos a reparação do crédito ao
credor que sofreu a fraude feita por quem recebeu a alienação do devedor, mantendo-se o
negócio. Legislador trata fraude contra credor é anulável, ou seja, no plano da validade.
Art.159, igualmente anuláveis aos gratuitos, os onerosos. A ineficácia busca equilibrar mais
a satisfação das partes, ao atender o credor que reconheceu a fraude, bem como o outro
negociante, que pode manter o negócio jurídico, satisfazendo o outro credor e gerando
dívida entre ele e o devedor, outro negociante, a ineficácia relativa é permitida quando ainda
não existe processo de insolvência do devedor com concurso de credores. Relembrando que
a opção positivada em nosso ordenamento é a de invalidade, apesar de parte da doutrina
defender a ineficácia relativa. Quem defenda essa mudança na legislação, ainda, quem
defenda à luz de nossa legislação atual a solução da ineficácia com recursos de processo
civil, posição da professora é de que a mudança deve ser legiferendo, tendo em vista que
alçada do processo não poder ir além dos limites impostos pelo direito material, apesar de
haverem julgados no sentido de ineficácia relativa na fraude contra credores. Art. 182,CC,
reestabelecer status quo quando possível, se não serão indenizadas como equivalente.

-Ação pauliana
O reconhecimento da fraude contra credor deve ser feita por decisão judicial em ação
própria com pedido o reconhecimento da fraude contra credor, ou seja, necessita pedido.
Não se pode reconhecê-la incidentalmente no processo. A ação é a ação pauliana, não possui
nome no processo, são apenas procedimentos ordinários ou especial. A ação pauliana é uma
ação ordinária, mais comum dos processos de encadeamento de atos. Pode ser chamada
também de ação ordinária, mas historicamente essa ação que tratava da fraude contra credor
se chama ação pauliana, advinda de Roma, desenvolvida pelo Praetor Paulo. Fase postularia,
instrutória e decisória, nas ações ordinárias como se encadeam os atos nos processo. Só o
credor pode arguir a ação pauliana. Já a legitimidade passiva, art. 161, CC, os réus, são as
partes do negócio fraudulenta e alguém que tiver adquirido, adquirintes de má-fé, podem
ser atingidos pela invalidade, sendo réu legitimado. Processo é relação jurídica, tem-se
sujeito e autor, polo ativo e passivo, no polo passivo, se existem várias pessoas, essas todas
do mesmo polo são liticonsortes, podem ser facultativo e o necessário, o último é
imprescindível que todos eles estejam na relação jurídica processual para validá-la, já no
facultativo podem estar presente ou não, não definindo a validade. O polo passivo da ação
pauliana são todos liticonsortes necessários. Na solidariedade existe liticonsortes
facultativos, pois pode-se cobrar de um ou de todos. Provimento que é a decisão judicial vai
implicar na invalidade, presente no nosso direito, ou ineficácia relativa para quem entende
ser aplicável à luz de nosso ordenamento. Prazo decandecial de 4 anos, que nem todos
negócio anuláveis, tempo convalesce. Súmula 195, STJ, diz que em embargos de terceiro
não se anula fato jurídico por fraude contra credor.

-Simulação
-Conceito
Outro vício social muito frequente na prática, a simulação. Na simulação tal
qual nos vícios de consentimento, a vontade real é diferente da manifestada, mas
diferentemente dos vícios de consentimento, essa diferença é consciente é querida,
desejada.
-Requisitos
-Proposital = vontade real e vontade manifestada
Diferença entre a vontade real e vontade manifestada é conhecida e proposital
pela partes.
-Intenção de iludir terceiros
A intenção de iludir terceiros configura a contrariedade à boa-fé objetiva. É
hipótese de nulidade absoluta, art. 167, CC, no CC/16 era anulável.

-Hipóteses
-Simulação inocente
Iludir pode ter duas vertentes, iludir prejudicando ou sem prejudicar, de modo
inocente, sem querer que outra pessoa soubesse, iludí-la mas geram prejuízo ao
terceiro, comum em certas relações de família. Havendo dois tipos de simulação,
danosa e a inocente. CC/16, previa no artigo 103, a simulação não se considerará
defeito quando não houver intenção de prejudicar terceiros ou agir de maneira ilícita,
assim não considerado vício a simulação inocente. O CC/02 não reproduziu, a
simulação inocente pelo legislador não ter especificado incide em nulidade. Todavia,
quem fundamente que a simulação inocente, Caio Mário, ao não ir de encontro a
boa-fé objetiva ao não prejudicar terceiro deve ser mantido o negócio.

-Classificação: absoluta e relativa


Art. 167, CC, Simulação absoluta, simula-se um determinado negócio, mas não
verdade não existe negócio algum. Já a simulação relativa simula-se determinado negócio,
mas na verdade era outra natureza do negócio, se anuncia compra e venda mas na verdade é
doação, por exemplo. Simulação relativa quanto à natureza do negócio, pode ser também em
relação às pessoas, quando se usa laranja enquanto parte simulada de negócio, quando existe
outra real parte que participa do negócio. Ainda, quando à data do negócio jurídico pode
ocorrer simulação, sendo antedatados ouu pós-datados. Ainda, conter confissão, condição,
cláusula ou declaração não verdadeira.

-Legitimidade para alegar


Por ser hipótese de nulidade absoluta pode ser arguido por qualquer um em qualquer
momento. Quem defenda que partícipes não possam arguir a simulação de que participa, ou
seja, o indivíduo não pode se valer da própria torpeza, vedação da boa-fé. Todavia, quem
diga que pode sim o partícipe arguir a simulação de que faz parte. A partir do regime de
2003 para cá a simulação nunca será um ato jurídico perfeito, já a que ocorreu no CC/16, se
convalescido se tornou um ato jurídico perfeito.

AULA 23/10

Princípio da conservação dos negócios jurídicos


Temos regras que dizem respeito a essa conservação, então, dado que são regras seguem o
sistema binário, mas princípios são os mandatos de otimização, conceitos abstratos com amplitude
maior que a regra, e a não aplicação ou aplicação em certo grau não o desnatura. Princípio da
conservação tem lastro na função social dos negócios jurídicos, mas lastro sobretudo na autonomia
privada, que é o cerne de um negócio jurídico desde sua teoria clássica. Procura-se ao máximo
atender a vontade das partes que se autodeterminaram. Se aplica aos atos jurídicos stricto sensu, art.
185, CC, aos atos jurídicos lícitos que não negócios jurídicos aplicam-se no que couber as
disposições do título anterior. Notadamente situação que pode implicar em sua invalidade, pois
sabemos que reconhecida o negócio é desfazido retornando o status quo, sempre que possível
manter o negócio, mas entender os limites. De outra ponta, também atua no plano da eficácia, se
surge alguma ocorrência que possibilite sua distinção, se há maneira de manter o negócio essa é a
solução preterida. Desconformidade com o ordenamento tem dois níveis, anulabilidade e nulidade
-Anuláveis

Confirmação

Convalescença Convalidação

Convalescimento

Todas são do grupo convalescença. São suscetíveis de confirmação, ratificação, parte


prejudicada decide por manter o negócio mesmo ciente do prejuízo. Ratificação se alinha ao
princípio da conservação, visto que a despeito do vício mantemos o negócio se a parte
prejudicada o quiser. Art. 172, CC. A rigor declaração de vontade expressa, mas tácita
também quando o prejudicado ciente disso age de maneira a dar continuidade do negócio.
Classificação de Orlando Gomes. Convalidação, estamos falando de conserto do problema,
admito nos negócios anuláveis. Art. 144, CC, erro não prejudica validade se a outra parte
aceitar realizar o negócio a partir da vontade real do manifestante da vontade. Por último, o
convalescimento diz respeito ao tempo, passado determinado tempo sem o vício ser arguido,
o negócio é convalescido, na premissa de que o interessado ao se manter inerte aceitou a
situação. Tudo se faz em prol da conservação do negócio jurídico. Justifica-se falar de
princípio da conservação, vez que o mesmo não se aplica apenas aos anuláveis, mas também
aos nulos. Nos nulos afronta um interesse público.

-Nulo: conversão substancial


Requisitos substanciais e formais do ato Art. 170, CC
Vontade das partes
Art. 169, nulo não admite nenhuma das hipóteses de convalescença. Mas, art. 170,
CC, se contiver requisitos de outro subsistirá esse se a partir da vontade real das parte,
requisitos substanciais e formais do outro negócio, pode ser presumido que o desejariam
se soubessem da nulidade do negócio. Quando verificamos essa conversão substancial
com mais possibilidade. Quando não respeita a forma prescrita por lei, ou não
respeitada solenidade definida por lei. Por exemplo, venda de imóvel que não respeita a
forma prescrita por lei, pode ser convertida em promessa de compra e venda. Contrato
definitivos tem objeto específico. Existem ainda, contratos preliminares nos quais os
contratantes e obrigam a celebrar o contrato definitivo. Contratos preliminares não tem
requisito de forma, assim, o contrato definitivo da compra e venda de imóvel que guarda
forma prescrita por lei, a lavratura da escritura. Bastante comum quando falamos de
requisito de forma, solenidade, que apesar de mais específico se alinha à noção de
forma, também em atenção o princípio da conservação do negócio que temos na
simulação a previsão do legislador que no caso de simulaçao relativa preservaremos o
negócio que se dissimulou se isso for possível, art. 167, CC, subsistirá se válidos forem
suas forma e substância. Art. 166, VI, nulo negócio jurídico que objetive fraudar lei
imperativa. Ambas, simulação e fraude lei imperativa são ambas hipóteses de nulidade.
Necessária diferença substancial entre as hipóteses, para dar ratio ao inciso, simulação é
bilateral, partícipes tem consciência da manifestação de vontade diferente da real.,
diferença entre simulação e fraude a lei. Quando temos fraude a lei pretendida pelos
dois envolvidos o negócio é simulado, mas se isso não acontece, se a fraude a lei tem
caráter unilateral, a rigor isso não é simulação mas mesmo assim não atendido o plano
da validade, vez que fraudada lei imperativa. Fraude de lei imperativa também admite o
princípio da conservação, quando possível realizar conversão substancial para negócio
que não fraude lei imperativa.

-Exemplos (Atuação do princípio da conservação no plano da eficácia)


Onerosidade excessiva
Revisão contratual
Adimplamento substancial

Princípio da conservação atua também tem cabimento no plano da eficácia,


além da notória presença no plano da validade, por força dos princípios,
notadamente, da função social do negócio e da boa-fé objetiva. Temos obrigações
subtancial e parcial. O que é da essência do negócio é principal. Quando não é
cumprida obrigação é chamada de inadimplemento, por força da boa-fé se
desenvolveu a teoria do adimplemento substancial, ou, de outro lado, o
inadimplemento substancial, baseada na premissa de se rescindir o negócio por conta
do inadimplemento quando este for substancial, substancialidade auferida não apenas
quantitativamente, mas também qualitativamente. O que se defende na teoria é a
preservação do negócio quando existe adimplemento substancial, quanto a
inadimplemento não substancial a parte inadimplente pode ser multada, ou punida de
acordo com o contrato. Onerosidade excessiva também se pauta na revisão contratual
para a preservação do negócio, negócio jurídico observava sinalagma genética, mas
ao longo da execução ocorre fato imprevisto que rompeu a esse sinalagma, deixando
de existir sinalagma funcional, este fato que desequilibra faz com que uma das partes
seja adimplente, pois sua obrigação se tornou onerosamente excessiva, assim, de
acordo com a onerosidade excessiva, permite revisão contratual pautada na teoria da
imprevisão, também em nome do princípio da conservação. Conservação do negócio
também se aplica quando reconhecemos anulabilidade parcial do negócio, por
exemplo, uma das clásulas do negócio enseja a invalidade, na forma da
anulabilidade ou nulidade, quando cláusula é substancial, se alinhando aos elementos
gerais e categoriais, negócio não pode ser preservado, mas se invalidade em
elemento acidental, negócio pode ser preservado.

-Plano da eficácia
Neste plano, falamos dos direitos e obrigações determinadas por força da vontade ou lei.
Mas falando de ato jurídico stricto sensu tudo que acontece no plano da eficácia decorre só da lei,
para ser classificado como negócio, a vontade pode escolher direito ou obrigação, ainda que
algumas decorram de lei. Plano da existência é premissa, exame escalonado, em regra, para gerar
efeitos necessário que seja válido. Fatores de eficácia, são fatores que determinam a eficácia do
negócio, clásulas negócios que são, fruto da manifestação da vontade, analisando-os como tal, na
classificação de Antônio Junqueira, temos os elementos particulares, fatores de eficácia são
elementos particulares ou acidentais do negócio, que sua falta não desnatura o negócio,
excepcionalmente temos negócios que esses elementos configuram-se enquanto categoriais, como
no caso do testamento. Esse fatores podem ser:
-Elementos acidentais/particulares
-Condição
Conceito
Art. 121. conceito de condição. Também é evento futuro como todos fatores
de eficácia. São fatores de eficácia os quais não existe certeza de sua ocorrência,
mas sim é uma possibilidade, evento incerto. Até ser realizada a condição
suspensiva o direito não existem, diferente do termo, que apenas trás a pretensão
de exercício de direito já existente. Também pertinente, que a prescrição ao agir
sobre o direito subjetivo não retira o direito, mas sim sua pretensão de exercício.
Já a decadência age sobre direito potestativa retirando o próprio direito. Quando
estamos diante de direito sujeito a condição suspensiva, enquanto não
implementada a condição não há direito.

Espécies
Existem duas espécies de condição. Suspensiva, art. 125, CC impossibilita a
produção dos efeitos até que o evento futuro e incerto seja realizado, logo, não
haverá aquisição do direito antes do implemento da condição. Já a resolutiva
extingue o direito após a ocorrência do evento futuro e incerto, ou seja, cessa para
o beneficiário a aquisição dos direitos anteriormente garantidos, arts. 127 e 128,
CC.
Ônus do réu, de quem nega o direito, provar fato modificativa, impeditivo ou
extintivo do direito, ou seja, provar a condição resolutiva, que não permite o
exercício do direito pelo autor. Já o autor, quem reclama o direito, possuí o ônus
da prova da condição suspensiva que deu início ao direito, assim provar fato
constitutiva do direito. Condição suspensiva é fato constitutivo do direito do autor.
Além dessas duas espécies, podemos falar também em condição válida ou
inválida, ai diz o legislador, art. 122 lícitas em geral todas as condições não
contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas
se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao
puro arbítrio de uma das partes.
Condição juridicamente impossível, quando é ilícita, vedada por lei,
especificamente, no artigo citado, se refere às condições que retiram
completamente os efeitos do negócio jurídico, ainda, condição sujeita a vontade
de apenas uma das partes, condição potestativa. Condição resolutiva possui efeitos
ex nunc, não retroage, eficácia superveniente. Reputa-se verificado quanto aos
efeitos jurídicos a condição cujo implemente for maliciosa obstado pela parte que
os desfavoreceu. Também, se age maliciosamente para efetivar condição
resolutiva. Art. 129, CC. Se diante de condição inválida o negócio jurídico como
um todo é inválido ? Se for condição suspensiva invalida o negócio jurídico é
desfeito, retornando ao status quo, se diante de condição resolutiva, que invalida
negócio como um todo, negócio é completamente desfeito, efeito. Arts. 123, 124.
Art. 123.Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:I- as
condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II- as
condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;III- as condições incompreensíveis ou
contraditórias. Art. 124, CC, têm se por inexistente as condições impossíveis,
quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Caso, seja a condição não
substancial, ou seja, acessória, acidental, nulidade do negócio é parcial, já se
substancial o negócio é invalidado. Se clásula resolutiva for retirada e negócio se
manter, ambas partes podem pleitear a extinção do negócio jurídico.
-Termo
Conceito
Fatores de eficácia dizem respeito a um evento futuro, obviamente. Assim,
necessariamente é o termo evento futuro, mas sua grande nota distintiva frente a
condição, termo é evento futuro certo, ou seja, certeza de que vá ocorrer, assim a
morte é um termo, assim como datas. Termo não precisa ter certeza ao momento
do acontecimento, mas a certeza de sua ocorrência. Termos comumente utilizados
são as datas. Art. 132, CC, salvo disposição legal ou convencional em sentido
contrário, contabiliza-se os prazos excluindo o dia inicial e incluindo o dia do
vencimento. Dia do vencimento cair em feriado considerar-se-á prorrogado o
prazo até o seguinte dia útil. Decadência não se sujeita a suspensão ou
interrupção, nem mesmo interrupção. Art. 132, §3º, os prazos de meses e anos
expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência. §4º, os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
§2º, meado, considera-se em qualquer mês em seu 15º dia. Processo civil prazo
começa a contar no primeiro dia útil subsequente à intimação. Temos além dos
processos físicos, temos os chamados processos eletrônica, lei 11419 regulamento
este tipo de processo. Fala que o sujeito é intimidado eletronicamento pela
expedição pelo sistema de intimação, enviado ao e-mail cadastrado pelo
indivíduo. Quando o indivíduo lê a intimação consuma-se a intimação, dez dias
após, mesmo não lendo a intimação, ocorre initimação tácita, visto que o
legislador estipulou prazo suficiente para que qualquer pessoa possa ler um e-
mail, todavia contados não dias apenas úteis, mais quaisquer dias. Primeiro lugar
é o contrato, ver se não previu já sobre a contagem de tempo, depois o código de
processo civil e código civil, além das leis específicas sobre certos procedimentos.
Prazo decadencial para ajuizar ação rescisória de 2 anos.

Espécies
Temos dois tipos, termo inicial (a quo) e final (ad quen). Inicial determina o
início dos efeitos a partir deste termo, já no final, o termo determina a cessação
dos efeitos, se estabelece o evento como marco final dos efeitos do negócio.

AULA 30/10

Quando estudamos os planos da eficácia, nos manuais são tratados três questões:
condição, termo e encargo.
-Encargo
Encargo é elemento acidental, não é da essência de nenhum tipo negocial.
Não é tecnicamente fator de eficácia como a condição e o termo. Então, o encargo
tecnicamente falando uma obrigação, assim, situado no plano de eficácia. Encargo
como elemento acidental pode ser previsto no negócio, todavia, pode ser previstos
apenas naqueles negócios jurídicos marcados pela liberalidade, gratuitos, uma das
partes sendo beneficiária de obrigação que outra parte assume. Encargo não é
obrigação suficiente para desnaturar essa gratuidade, é bom obrigação
necessariamente inferior que aquela que o agente recebe em benefício.
Tecnicamente o encargo é um ônus, para poder usufruir do benefício que recebe
no negócio. Testamento é negócio jurídico com a marca da liberalidade, vez que
os beneficiários apenas tem vantagens, todavia pode o testador estipular ônus.
Encargo é o que o beneficiário presta em benefício do próprio instituidor do
encargo, no caso de negócio inter vivos, da pessoa que aquele instituidor
estabelecer, tanto natural quanto jurídica, pode ser em benefício de coletividade,
inclusive, também, podendo ser animais. No máximo testamentário pode
estabelecer encargo em favor de animais. Art. 136, CC, encargo não suspende
aquisição nem exercício do direito, salvo quando expressamente exposto pelo
disponente como condição suspensiva, adotando-se o regime desta. Se encargo
não é cumprido, negócio gera efeitos, todavia temos inadimplemento, encargo
tendo marca da exigibilidade, possível que beneficiário do encargo exija de que
possui a obrigação o adimplemento, tanto o disponente ou possíveis
representantes de seu direito, quanto se for em favor da coletividade pode o
Ministério Público exigir. Art. 555, revogada a doação por ingratidão do donatário
ou por inexecução do encargo, prazo decadencial, revogação pleiteada dentro de 1
ano, depois de tomada ciência do inadimplemento, art. 559. Doação onerosa pode
ser inexecutada pelo inadimplemento de encargo, podendo o donatário estabelecer
prazo para que este seja cumprido, art. 560, CC. Não é válido encargo ilícito ou
impossível. Art. 137, CC, considera-se não válido o encargo a não ser quando
motivo determinante do negócio, que enseja a invalidade do negócio jurídico,
encargo com grau de substancialidade. Sinônimo de encargo é modo. Não é
possível encargo em negócios jurídicos que não tenham esta marca da
liberalidade, ou seja, onerosos, se for oneroso, o encargo compõe a onerosidade
enquanto obrigação.

-Forma e prova do negócio jurídico


Tema extremamente relevante quando temos litígio sobre a existência ou validade de
negócio jurídico. Quando temos a incidência desse tema nesses dois planos, temos o tema do
processo civil da prova. Forma é tema que toca nestes planos pois é elemento de existência
a forma do negócio jurídico, meio de exteriorização da vantagem. Temos a forma expressa,
veiculado por meio de palavras, verbal ou escrito, escrito pode ser público ou privado, e
tácita, sendo o comportamento. Em algumas situações legislador determina os
comportamento que configuram forma tácita. Ao se falar de forma temos os negócios
jurídicos solenes ou formais e não solenes ou não formais, os últimos tendo forma, já que
elemento de existência. Distinção se dá no plano da validade, acerca da exigência do
legislador de forma específica para a celebração do negócio jurídico. Se celebrado negócio
de compra e venda de imóvel por instrumento verbal ou particular, temos negócio inválido.
Quando legislador exige forma a razão de ser é dar mais segurança jurídica à manifestação
de vontade, especificando a forma de exteriorização desta vontade. Desrespeito de forma
implica nulidade, art. 166, IV.
-Forma ad substantionem
Forma de substância do ato. Forma é da substância do ato, se afirma que
existe exigência da forma no plano da validade, visto que não observada enseja a
invalidade, à luz do fato de que todo negócio possui forma. O que torna a forma
substancial é a exigência legal acerca da forma do negócio, que determine sua
validade. Assim, são negócios jurídicos solenes.
-Forma ad probationem
Forma meramente veículo de prova do ato. São negócios jurídicos não
solenes, se discute forma apenas para provar a existência do negócio, mas não
repercutindo no plano da validade.

Falando um pouco de prova, provar diz respeito à prática de determinados atos que
visam confirmar fato alegado, objeto da prova é a alegação de um fato, cuja veracidade
possua controvérsia por outra parte. Ou seja, fatos incontroversos não precisam ser
objeto de prova, previsto no CPC. Fatos notórios também não são objeto de prova.
Repercute em nosso estudo negócio, pois falando de negócios não solenes, deve se fazer
forma de negócio não solene se houver controvérsia sobre a existência do negócio. Já
falando da forma substancial do negócios, será objeto de prova o negócio acerca de qual
forma adotada na celebração do negócio se houver controvérsia acerca da validade dos
negócios jurídicos. Prova no contexto de processo é basilar o direito ao contraditório, ou
seja, oportunizar à parte a manifestação e oportunizar que essa manifestação seja
inserida de modo a influenciar na decisão do julgador acerca da provação do fato
alegado. Última referência no processo civil, matéria probatória é chamada de ônus da
prova, direcionada à parte que realizou a alegação a ser provada. Condição suspensiva é
fato constitutivo do direito do autor, já condição resolutiva é ensejada pelo réu, vez que
é fato extintivo do direito do autor. Ônus da prova é regra de julgamento, se autor não
produz prova de fato constitutivo de seu direito este não pode ser obrigado à fazê-lo,
assim regra do ônus da prova é do julgamento, definindo a procedência da ação. Ônus
da prova distribuído entre as partes, dependendo da alegação, todavia o juiz pode
ensejar a produção de provas, iniciativa probatória, o que não dá é a exigência ao juiz
dessa determinação probatória, juiz não é obrigado à fazê-lo. Variações da regra do ônus
da prova. CDC é lei material processual, art. 6, direitos básicos do consumidor, VIII,
facilitação de defesa de seus direitos inclusive com inversão do ônus da prova em seu
favor quando a critério do juiz for verossímil a alegação ou seja a parte hipossuficiente,
segundo regras ordinárias de experiência. Existe hieraquia das provas? Historicamente
falou-se da confissão em processo como sendo a senhora das provas, mas foi superado,
estabelecendo-se em processo civil o que se diz tradicionalmente que não existe
hierarquia de provas a priori, in abstrato, decidindo-se a partir do livre convencimento
motivado. Não existe tarifação de provas, todavia, se problematiza em povas técnicas
como o exame de DNA negativo. Art. 1860, CC, exige-se que o testador seja capaz ou
relativamente incapaz e, ainda, pleno discernimento da natureza do ato, este
discernimento é tema técnico. Testamento, em regra quase absoluta, é escrito, sendo
privado ou público. Pode-se realizar perícia acerca da veracidade do documento
testamentário. Sentença baseada em probabilidade, determinada enquanto liminar, o
nível da medida provisória que determina o nível exigido da probabilidade da certeza.
Buscaremos informações para isso do Processo Civil no direito material.

-Extinção dos negócios jurídicos


Finalizando o tema dos negócios jurídicos.
-Invalidade

-Ineficácia

-Revogação

-Resolução
AULA 09/11

Conceito
A referência a norma jurídica é em sentido em amplo, ou seja, tudo com conteúdo normativo
quando desrespeitado configura o ilícito. O negócio jurídico possui normatividade, assim, ilícito
pode ser desrespeito a norma estabelecida em negócio jurídico.
-Ilícito contratual
Ou ilícito negocial, se for norma autonôma, fruto da autonomia, negocialmente
imposta que foi desrepeitada. Dever previsto em negócio jurídico desrespeitada, existe
presunção relativa de culpa em matéria de ilícito contratual.
-Ilícito extracontratual
Ou ilícito extranegocial, quando norma heterônoma, posta por terceiro, é
desrespeitada. Essa suma divisio tem sua ratio nas consequências e regras específicas à luz
desta diferenciação, presunção de inocência em matéria de ilícito extracontratual.Sub divisio
própria do direito privado.

-Fato jurídico Antijuridicidade


-Ato jurídico +
Imputabilidade

Ilícito é antijuridicidade (desconformidade com a norma), elemento objetivo, ainda,


elemento subjetivo , que seria a imputabilidade, a possibilidade de se atribuir dado
acontecimento a um sujeito, assim, não necessariamente sendo apenas ações humanas,
podendo, inclusive, ser qualquer fato jurídico stricto sensu.
Ler: Marcos Bernardo de Melo, Teoria do Fato Jurídico, capítulo específico sobre o ilícito.

Ilícito e responsabilidade civil


-Conceito clássico
Mais em comum em matéria de ilícito civil é a responsabilidade civil.
Responsabilidade civil em perspectiva clássica diz respeito a ressarcimento.
-Requisitos
Para a teoria subjetiva ou clássica da responsabilidade civil para existir dever de
ressarcir necessário ato ilícito, culpa, nexo de causalidade.
-Crise da responsabilidade civil?
Responsabilidade foi sofrendo releituras por conta de incapacidade de suprir todos
casos de necessidade de ressarcimento, como a teoria objetiva da responsabilidade civil, que
prescinde do aspecto subjetivo da culpabilidade. Releitura de todos requisitos da
responsabilidade civil. Não em perspectiva de que hoje é ignorada a responsabilidade civil,
mas de que não apenas a teoria clássica é a sede única teórica da responsabilidade civil.
-Conceito amplo de responsabilidade civil?
Conceito de ressarcimento da responsabilidade civil foi ampliado pelas releituras que
sofreram releituras. Além do aspecto ressarcitório ou reparatório, ainda função preventiva e
punitiva da responsabilidade civil, sendo a última a mais controversa, todavia apesar da falta
da consolidação teórica acerca do tema temos decisões nesse sentido na seara civil,
principalmente no campo do dano moral. No ilícito contratual podem existir parâmetros
além do dano na responsabilidade civil, diferentemente do ilícito extracontratual.
-A responsabilidade civil nem sempre é consequência do ilícito
Responsabilidade pode advir de conduta lícita se esta gerar dano, sendo a base sólida
da responsabilidade civil a causalidade. Art.186, definição de ato ilícito, violação de direito
com dano a outrém. Art. 927, CC, responsabilidade civil, aquele por ato ilícito causar dano a
outrém obrigado a repará-lo. Correspondência presente nos artigos não é necessária. § único,
art. 927, obrigação de reparar dano independentemente de culpa ou quando atividade
naturalmente desenvolvida gerar risco ao direito de outrém. Ilícito pode gerar outras
consequências que não apenas a responsabilidade civil.
-A responsabilidade civil nem sempre decorre de ilícito

Abuso de direito
Art. 187, CC, ocorre antijuricidade não é da conduta em si, mas na medida de seu exercício.
Boa-fé objetiva que é o parâmetro de aferição do abuso do direito.

Tutela inibitória
Impedir o dano de acontecer.

AULA 13/11
Prescrição e decadência
Fator tempo
Metodologicamente estudamos a ciência do direito a partir da relação jurídica (é a pedra
angular).
As relações humanas (e jurídicas) se situam num dado espaço tempo. O fator tempo é de
extrema relevância pois é um fato jurídico que repercute nas relações jurídicas – criando ou
extinguindo relações, direitos.
Princípio da Segurança Jurídica – tem alto grau de abstração, então é preciso dar uma certa
concretude a ele. E isso depende do tempo, pois o que se entendia como segurança jurídica há 100
anos, e.g., não é o que se entende por hoje.
Característica mais relevante: Previsibilidade – condições de prever uma
consequência a acontecer no futuro. Como se prevê? Por meio das normas que se enquadram
no Estado Democrático de Direito.
No século 18, a característica mais relevante da segurança jurídica já era a
previsilibdade, mas com foco também na manutenção do status quo.
Hoje, a segurança jurídica se realiza também com previsibilidade e com a
manutenção do status quo, mas só é possível quando a sociedade fomenta a realização dos
direitos.

Mas como alcançar a segurança jurídica?


Por meio de vários instrumentos, mas vale citar a coisa julgada material. Mas não é
só a coisa julgada que dá segurança jurídica às relações – há outro instrumentos que também
conferem segurança jurídica ás relações, previsibilidade, a manutenção do status quo: a
prescrição e a decadência – são institutos que tratam dos efeitos do tempo nas relações
jurídicas e que se embasam na segurança jurídica.

Ex.: Arthur deve a Esther 10 mil reais e devia tê-la pagado em 30 de setembro, mas não o fez.
Esther tem um crédito exigível, mas que está inadimplente. Se esse estado das coisas perdura
durante determinado tempo, o legislador diz que é necessário dar estabilidade a essa relação
jurídica, em nome da segurança jurídica. Preserva-se a situação de fato em nome da manutenção do
status quo, da estabilidade.

Prescrição
Conceito – é a perda da pretensão relacionada a um direito em razão do não exercício dessa
pretensão por um determinado tempo. Acaba sendo uma defesa que o devedor tem.

Requisitos
a. Inércia quando ao exercício da pretensão - o sujeito não age, se mantém no estado em que
estava;
b. Tempo.
Resultado – perda da pretensão.
Fórmula – inércia + tempo = perda da pretensão.

Afinal, o que é pretensão? É a possibilidade de cobrar de alguém a satisfação de


determinada obrigação, que é um direito. Essa possiblidade de cobrar existe quando há
exigibilidade + inadimplemento.

Pretensão é diferente de direito – pode haver direito e não haver a pretensão (quando não é
exigível ou não há inadimplemento, ou prescreveu).Importante salientar que a prescrição mata a
pretensão, não o direito (não pode-se exigir a satisfação da obrigação, mas se o devedor quiser me
cumprir, não há impedimento).
Não podemos confundir pretensão com direito de ação – este significa simplesmente acionar
o judiciário (ajuizar uma ação). Esse direito pode ser exercido mesmo sem que se tenha um direito
material. Assim, pode-se exercê-lo mesmo sem a pretensão. Esse direito de ação acaba por ser o
corpo por meio do qual se exerce a pretensão.

Ex.: Celebrou com Arthur um negócio jurídico, onde dia 30/09 ele deverá pagála 50 mil
reais. Havia um fator de eficácia (elemento acidental): um termo inicial. O direito de crédito já
existia na data da celebração? Sim. Então, o direito de crédito existe, mas só é exigível a partir de
30/09. Quando se chega nessa data, passa a ser exigível e, se Arthur realiza o pagamento, não existe
a pretensão.

Direitos sujeitos à prescrição: direitos subjetivos. Porém, há alguns direitos subjetivos que
prescrevem e outros que não prescrevem. Quem vai dizer quais prescrevem? O legislador - a regra é
prescrever.

Direito subjetivo é aquele que para sua satisfação é necessário o comportamento de alguém
no sentido de cumprir uma obrigação (há pretensão). Já o direito potestativo é aquele em que não há
exigência de comportamento para a satisfação do direito (não há pretensão) – ex.: direitos de
personalidade – direito ao nome.

Muitas vezes, porém, um direito potestativo gera um direito subjetivo. Direito potestativo:
direito de reclamar a invalidade de um negócio jurídico – Direito subjetivo: direito de ter
determinada obrigação, decorrente da caracterização da invalidação, satisfeita.

Situações que não sofrem efeitos do tempo – (artigo 2013 do CC e artigo 37, §5º)

Na decadência, ocorre a perda do direito – não se exerceu o direito durante determinado


tempo, e o direito morreu. Na prescrição, ocorre a perda da pretensão, mas o direito ainda continua
existindo – não se exerceu a pretensão durante determinado tempo, e a pretensão morreu.

Imprescritibilidade – não prescreve e nem decai; Caducar – sinônimo de prescrição (embora


o legislador use, erroneamente, para caracterizar a decadência).

AULA 20/11
Continuação: Prescrição
Efeito aliada a inércia quanto a pretensão, enseja a perda da pretensão, retira do direito a sua
exigibilidade. A questão é qual o tempo?
Termo inicial
-Teoria da actio nata
Definição do termo inicial na contagem da prescrição dá se nome de Teoria da actio
nata (nascimento da ação). Esta teoria tem dois vieses, um objetivo e outro subjetivo.
Teorias objetivas estamos preocupados com o que permite uma verificação mais uniforme
independente de peculiaridades dos sujeitos envolvidos. A teoria objetiva da actio nata
define que o termo inicial na contagem do prazo prescricional é quando nasce a pretensão,
ou seja, é necessário que o sujeito tenha o direito, que este seja exigível e ocorra
inadimplemento, existindo pretensão, no caso de dívida inicia a contagem no dia
subsequente ao dia de início da exigibilidade, vez que assim estará inadimplente o devedor,
a parte majoritária da doutrina segue a teoria objetiva. Já a teoria subjetiva da actio nata
propõe que o prazo prescricional deve correr apenas após o credor tomar ciência de sua
pretensão, quando titular do direito toma ciência de sua pretensão, como no caso de seguro,
no qual quando o indivíduo toma ciência do que pode sua pretensão exigir assim começa a
correr o prazo prescricional, previsto na própria legislação, ainda tema sobre doença laboral,
ou seja, quando o indivíduo toma ciência da doença gerada por seu trabalho, assim começa a
correr o prazo prescricional sobre sua pretensão de exigibilidade. Quando o legislador prevê
a teoria subjetiva deve ser esta a aplicada, já quando não há previsão, em regra, deve-se
aplicar a teoria objetiva. Súmula 278, STJ, termo inicial do prazo prescricional, na ação
indenizatória, é a data que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. A
objetiva é mais utilizada pois é mais segura, em nome da segurança jurídica. No caso de
dever de reparar por ação culposa, tem termo inicial do prazo prescricional quando os
elementos objetivos necessários ao surgimento do dever de reparar, surgindo a pretensão. Já
se ocorre o dano, mas o titular alega não ter conhecimento de que o dano efetivamente
ocorreu, ou que fora determinado sujeito, assim têm-se tentativa de aplicar a teoria actio nata
subjetiva, as vezes aceita pelo magistrado, a regra é teoria objetiva, mas pode-se pesquisar
pelo que a doutrina ou jurisprudência têm determinado. Art. 189, CC, arts. 205 e 206.
Exceção prescreve no mesmo tempo da pretensão, art. 190, CC. Art. 191, CC, renúncia da
prescrição pode ser expressa ou tácita

Alegação da prescrição: art. 193, CC.


Outro tema importante é quando ocorre a prescrição da pretensão, todavia o indivíduo ainda
está exigindo cumprimento. Quem pode alegar a prescrição? Pode ser alegado em qualquer grau de
jurisdição pela parte a quem aproveita, art. 193, CC. Art. 194, CC, o juiz não pode suprir de ofício a
alegação da prescrição salvo se favorecer absolutamente incapaz. Estes dois artigos lidos em
conjunto davam a entender que esta matéria dizia respeito a interesse privado do devedor. Quando
falamos de matérias de ordem pública tem peculiaridade de poder ser suprir de ofício, além de
poder ser arguidas por qualquer um. Artigo 194, CC, foi revogado pela Lei 11.280. Já no CPC/73,
previu-se no art. 219, §5º, que o juiz pronunciará de ofício a prescrição. Já o CPC/2015, continuou
permitindo que o juiz de ofício reconheça a prescrição, apesar de em essência dizer respeito a
interesse privado. Em relação ao contraditório, que é fundamental na relação processual, muito
comum magistrados acreditarem que o que o juiz pode decidir de ofício não se submete ao
contraditória das partes, não podendo ser assim, CPC torna expresso que mesmo o que juiz pode
decidir de ofício deve se submeter ao contraditório previamente.

Prazo de ação e execução


Diferenciação entre processo de conhecimento, no qual se acerta o direito, surgindo título
executivo, definindo dívida que seja certa, líquida e exigível. Já o processo de execução, possíel
quando existe o título executivo, no qual o juiz pratica atos executivos contra o devedor a fim de
satisfazer o crédito já reconhecido. Prazo prescricional age sobre os dois, tanto na ação de
conhecimento quanto na de execução. Enquanto corre o processo de conhecimento temos suspenso
o prazo prescricional, contando-se o restante do tempo após proferida sentença e se tornando
possível ação de execução. Súmula 150, STF, prazo prescricional prescreve no mesmo tempo a
execução do que para a ação.

Causas suspensivas e interruptivas


Causa suspensiva o prazo não começa a correr, ou após ocorrida mesmo contando o tempo
anteriormente, quando se cessa a causa se conta o restante. Já as causas interruptivas, quando
cessadas se conta de novo todo o prazo prescricional. Causas suspensivas estão previstas
taxativamente no art. 197, 198 e 199, já as causas interruptivas estão previstas no art. 202, CC.
Interruptivas são mais drásticas, então dizem respeito a atos judiciais, já suspensivas tocam em
aspectos da relação jurídica dos próprios envolvidos. Estas causas se aplicam apenas à prescrição,
decadência não, apenas muito excepcionalmente. Dado que prescrição se sujeita a estas causas, é
prazo que excepcionalmente se aceita prorrogação decorrente destas causas. Se prazo prescricional
acaba em fim de semana, se prorroga até o dia útil subsequente, no caso de decadência não.

-Art. 197/198/199
Causas suspensivas
Art. 199, I e II, impede o surgimento da pretensão quando não implementada
condição suspensiva ou ainda não ultimado termo inicial. No caso de condição o
direito ainda não existe, já no termo não há exigibilidade do direito já adquirido,
em ambos não ocorrendo actio nata objetiva. III, pendendo ação de eviccção,
quando o sujeito perde propriedade de bem e esta foi determinado ou por ato
administrativo ou decisão judicial que possui como causa fato anterior a própria
aquisição do bem.
-Art. 202
Causas interruptivas
Mais comuns que a suspensivas, já que não possuem particularidades de relações
jurídicas, geralmente envolvendo ato judicial. Interrupção da prescrição, podendo
ocorrer apenas uma vez. I, por despacho do juiz mesmo incompetente que ordenar
a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.
Efeito interruptivo que tem o despacho do juiz retroage ao momento de
ajuizamento da ação, vem que a prescrição tem a ver com a inércia do credor, não
dos órgãos judiciários, aplica-se ao momento do despacho pois a ação pode ser
manifestamente descabida, não ensejando a interrupção. II, por protesto, nas
condições do inciso antecedente, não é cobrança direta, mas ressalva, que serve a
intorromper prazo prescricional, ação judicial de protesto. III, por protesto
cambial, aquele feito no cartório de protesto, no qual se protesta através de
documento, sendo este extrajudicial. IV, pela apresentação do título de crédito em
juízo de inventário ou em concurso de credores, devedor morre, credor vai ao
inventário cobrar a dívida frente ao espólio, mesma coisa, se credor apresente este
título em concurso de credores, no caso de empresário é a falência, se não o for é
insolvência civil. V, por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor, o
devedor estará constituindo em mora quando se tem débito vez que não tem
validade, notifica-se o sujeito de forma judicial e este não adimple o débito
existente. VI, ato extrajudicial, qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial,
que importe o reconhecimento do direito pelo devedor. § único, prescrição
interrompida recomeça a correr da dara do ato que a interrompeu, ou do último ato
do processo para interromper.
Art. 203, a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. Arts. 203 e
204, trata de obrigações solidários e divisíveis ou indivísíveis, interrupção da
prestação por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção
operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aps demais
coobrigados. Exceções nos §§§, 1º no caso de credor ou devedor solidário,
envolve respectivamente seus credores solidários e devedores solidários; 2º
interrupção contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os demais
herdeiros ou devedores, se não quando obrigações indivisíveis; 3º, por último,
interrupção contra principal fiador prejudica o fiador.

AULA 30/11

Prazo prescricional

1. Identificação da natureza da prescrição


Identificar qual a natureza daquele direito, daquela pretensão, a fim de
discernir se é prescrição ou decadência, mais, no caso de prescrição tempo é sempre fixado
pela Lei, nunca pela vontade das partes, diferente da decadência que pode ser
convencional. Lei estabelece o prazo conforme a natureza da pretensão, do direito em
debate, por conta de juízo de valor em relação a complexidade da pretensão em questão.
2. Identificação do prazo: art. 205 e 206, Código Civil. Em relação a Fazenda Pública aplica-
se o Decreto Lei 20.910/32
Após a identificação da natureza da pretensão e, por conseguinte, a prescrição
seguida pela identificação do prazo legal afeto a natureza da pretensão em questão. 205
prazo geral, já o 206 prazo especial. Aplica-se especial, sendo subsidiária a geral, no caso
de não existência de prazo especial. Art. 206, CC, prazos de 1 a 5 anos, já o art. 205, CC,
prazo geral é de 10 anos. Prazos do art. 206, CC, se aplicam a ação, execução e a exceção,
Súmula 150, STF, art. 190, CC: §1º, I- a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de
víveres destinados a consumo no próprio estabelecimento, para o pagamento da
hospedagem ou dos alimentos; II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste
contra aquele, contado o prazo: teoria da actio nata subjetiva nas alíneas “a” e “b”; III- a
pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários; IV- a pretensão contra os peritos, pela
avaliação dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado
da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V- a pretensão dos credores não
pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação da ata
de encerramento da liquidação da sociedade; §2º, em dois anos, a pretensão para haver
prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem. No §2º legislador não
distinguiu as prestações alimentares, direitos de alimentos entre parentes não prescreve,
além de ser irrenunciável, vez que direitos de parentesco são de personalidade, todavia a
prestação alimentícia em si, a pensão por exemplo, é sim sujeita à precrição; §3º, prescreve
em três anos: I- a pretensão relativa a aluguel de prédios urbanos ou rústicos; II - a
pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias; III - a
pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela; IV- a pretensão de
ressarcimento de enriquecimento sem causa; V- a pretensão de reparação civil; VI- a
pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da
data em que foi deliberada a distribuição; VII- a pretensão contra as pessoas em seguida
indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado o prazo: a) para os fundadores, da
publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;b) para os administradores, ou
fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício em que a violação
tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação; VIII - a
pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas
as disposições de lei especial; IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do
terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório; § 4º Em
quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas; § 5º Em
cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas (já se sabe a quantidade, o
ilíquido necessita-se de acertamento, processo de conhecimento, para a definição da
quantidade) constantes de instrumento público ou particular; II - a pretensão dos
profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores pelos seus
honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos
contratos ou mandato; III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que
despendeu em juízo. Primeiro indaga-se se o Código Civil regula o tema, se sim primeiro
busca-se prazo específico no art. 206, se não, aplica-se a regra geral subsidiária do art. 205
3. Termo inicial
Identificar termo inicial do prazo, Teoria da actio nata (objetiva, regra, ou subjetiva).
4. Causas suspensivas / interruptivas
Identificar presença de causas suspensas ou interruptivas à prescrição. **se for
incidência do Decreto Lei 20.910, prazo não se conta todo de novo, mas sim pela metade.
Prazo prescricional interrompido por conta de motivo judicial, quando já próximo da
prescrição, ajuiza-se ação para a execução, ação judicial sempre causa interruptiva, mesmo
quando já ocorrida outra causa interruptiva, a fim de coibir absurdo de se prescrever
pretensão no decurso de ação judicial a fim de permitir seu exercício. Já outra parte da
doutrina, como Humberto, afirma não poder prescrição ocorrer durante a ação judicial, vez
que a parte não está inerte, exercendo pretensão, nesse sentido o prazo de demora do
judiciário para decidir a ação não pode ser contado como prazo prescricional.
5. Direito intertemporal: art. 2028, CC
“Serão os da lei anterior os prazos quando reduzidos por este código e se, na data de
sua entrada em vigor (11/01/2003, entrada em vigor do CC/02), já houver transcorrido
mais da metade do tempo estabelecido na lei revogada”. Ou seja, aplicar-se-á o prazo do
Código Civil/1916 quando este fora reduzido pelo novo Código, quando decorridos mais
da metade do prazo estabelecido no Código revogado.

*Prescrição intercorrente

Decadência

1. Conceito: perda do direito

2. Espécies
2.1. Legal: Prazos fixados em lei irrenunciável pelas partes, podendo ser conhecido de
ofício.
2.2. Convencional: prazos fixados pelas partes pode ser renunciado, não podendo ser
reconhecido de ofício.

3. Interrupção/suspensão

Optativa: Tutela Provisória

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