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Ester Norato
(esternorato@hotmail.com)
*Programa
1-Teoria geral do objeto da relação jurídica
2-Classificação dos bens
3-Teoria geral do fato jurídico
4-Teoria geral do negócio jurídico
5-A vontade e a declaração negocial
6-Invalidade dos negócios jurídicos
7-Extinção dos negócios jurídicos
8-Forma e prova dos negócios jurídicos
9-Atos ilícitos
10- O tempo e a estabilização das situações jurídicas.
*Avaliações:
-21/09: 1ª prova (30 pontos)
-06/11:2ª prova (40 pontos)
-04/12: Prova final (30 pontos)
- Atividade extra (3pts) Congresso Diálogos Direito Civil e Processo – 27 e 28 de setembro
Aula 07/08
1. Teoria geral do objeto da relação jurídica ( parte da teoria personalista, dar uma estudada)
1.1.Conceito: Relação = vínculo. Vínculo que se estabelece tendo como premissas um fato jurídico
e, consequentemente, uma norma jurídica. Por possuir relevância jurídica.
1.2.Elementos
1.2.1.Fato Jurídico: fato previsto na norma, possuindo portanto relevância jurídica, cria,
altera e extingue relações jurídicas.
1.2.2. Sujeito: pessoa(s) envolvida(s) na relação jurídica.
1.2.3.Vínculo: a ligação existente na relação jurídica entre seus sujeitos.
1.2.4.Objeto: Conteúdo, na relação jurídica, normalmente se refere a direitos e deveres.
1.2.4.1.Direito subjetivo: faculade que o ordenamento jurídico, atribui a um dos
sujeitos em uma relação jurídica. Direito subjetivo é essa vantagem possuida por um sujeito,
que possuí como correspondente uma sujeição de outra parte, caracterizado por ser o direito
que para ser exercido é necessário um dever para o outro lado da relação, podendo-se exigir
o cumprimento do mesmo pela via jurídica. Direito que pressupõe um dever. x Direito
Potestativo: faculdade que o ordenamento jurídico confere a um sujeito, que para ser
exercido não necessita da ação de outra parte. Direito que não pressupõe um dever.
A partir do século 19, a partir de iniciativa alemã, a relação jurídica passou a ser vista
como o objeto do direito. Já que a norma jurídica (dever-ser) foi tomada como ponto de
partida, um substrato fático é previsto na norma, prevendo também sua consequência, na
forma de se isso, aquilo. (Se x, deve ser y), x=fato jurídico, y=consequência jurídica.
Fatos jurídicos não apenas criam relações jurídicas, mas também alteram e
extinguem-as.
Para a Teoria personalista só se dá entre sujeitos. Ou seja, à luz da mesma, não há
relação entre um proprietário e sua propriedade, objeto. Todavia, segundo a Teoria
normativista ou objetivista, a relação jurídica se dá entre o sujeito e o ordenamento, dessa
forma, na posse de um objeto, há relação jurídica.
AULA 10/08
Patrimônio
-Conceito:Conjunto + pessoa + economicamente apreciável (não é apenas o conjunto de bens, mas
também direitos e deveres da pessoa que afetarão seu patrimônio, mesmo que não se saiba se
positiva ou negativamente, ou seja, direitos e deveres apreciáveis economicamente).
-Finalidade: A responsabilização no nosso sistema é patrimonial. Quando alguém possui algum
dever para com a outra e descumpre tal obrigação, quem vai arcar com o cumprimento daquela ação
é o patrimônio (expressão econômica de uma pessoa) da pessoa e não o indivíduo em si.
Responsabilidade é um dever correlato a um direito subjetivo, o patrimônio da pessoa é responsável
por honrar os deveres não cumpridos pela mesma. Se a pessoa não possui patrimônio para tal, o
crédito não é satisfeito. Art 789 CPC/2015: “o devedor responde com todos os seus bens, presentes
e futuros...”. Quando há sanção pelo não pagamento, como no caso da pensão alimentícia, o débito
não é satisfeito pela pena, se mantém. O CPC reforçando o valor do patrimônio, tentando dar mais
segurança jurídica, definiu prescrição da execução patrimonial. Ser penhorável é a capacidade de
um bem poder ser utilizada pra satisfazer o débito de um devedor.
-Histórico: Já houve um tempo no qual a pessoa honrava até mesmo com a própria liberdade suas
dívidas, todavia, já sendo superado.
-Teoria da unidade: uno é indivisível – Além do fundamento de ser economicamente apreciável,
deve ser do conjunto e de uma pessoa. Nessa perspectiva, temos o patrimônio como único,
universal. Além disso, é intrínseco à personalidade. Possui personalidade quem pode figurar em
uma relação jurídica. X Teoria objetiva – Se contrapondo à teoria da unidade, tenta criticar 2 pontos
fundamentais ao conceito de patrimônio, afirma não ser necessário um patrimônio estar ligado a
uma pessoa, e uma pessoa não precisa ter só um patrimônio mas pode ter vários. Espólio, por
exemplo, é o patrimônio do falecido, que mesmo sem personalidade ainda possui legitimidade
processual, sujeito de relações jurídicas processuais não sendo pessoa. Massa falída é o patrimônio
do falido, ou seja, já descolado da pessoa. A teoria da unidade, em contrarresposta afirma ser
excepcional e temporária essas situações de patrimônio não vinculado a uma pessoa. Ainda,
reforçando argumentação da teoria objetiva, uma pessoa pode ter mais de um patrimônio, como no
caso da separação parcial de bens, no qual o casal individualmente possui um patrimônio e ainda
um patrimônio em comunhão entre ambos. A teoria da unidade, em resposta a tal argumento, diz
que apesar de podermos difereciar em qualificações o patrimônio de alguém, ele se mantém uno.
-Patrimônio e pessoa
Em regra o patrimônio está associado a uma pessoa. Importante pontuar que o direito privado tem
vivenciado a partir do séc. XX um papel funcionalista, grande esforço em garantir às pessoas uma
vida digna. Recentemente têm se falado da necessidade do patrimônio servir na promoção de uma
via digna a todos, tornando-se necessário garantir às pessoas um patrimônio mínimo.
-Autonomia(conceito objetivo dinâmico) – Capacidade de reger-se por si próprio, independente.
Patrimônio de uma pessoa em vista de outra pessoa, por isso é uma conceituação objetiva dinâmica
x separação parimonial (conceito objetivo estático) – Conceito de viés estático, fala-se em
separação patrimonial quando ao analisar o patrimônio de alguém, se destaca alguns bens que
servirão para o cumprimento da dívida, separando tal parte do restante, no caso de credor real, no
qual é utilizada exatamente a separação de bens para a honra da dívida, ao se gerar a dívida, se
estabelece um bem específico para garantia da mesma e no pagamento o mesmo é separado do
restante.
*Exemplos de autonomia
Pessoas naturais tem patrimônio autônomo ao das pessoas jurídicas, uma pessoa natural em relação
à outra
*Exemplos de separação
Hipoteca.
*Finalidade da separação: limitação da responsabilidade, estabelecimento de centro autônomo de
imputação de direitos e deveres
-Relevância
-Sociedade = um tipo de contrato entre pessoas com finalidade comum de caráter econômico, existe
sociedade de pessoa jurídica e sociedades despersonalizadas, que não possuem personalidade
jurídica = atributo de figurar como sujeito de uma relação jurídica. Entes que por uma ficção do
direito podem figurar como sujeito de relações jurídicas x limitação de responsabilidade/separação
= se uma sociedade não atingir seu capital social e não conseguir honrar suas dívidas, os sócios em
uma sociedade limitada respondem pela dívida até o capital social não integralizado. A autonomia é
mitigada por não ter sido atingido o capital social previsto pelos sócios. Mesmo que um dos sócios
tenha atingido sua cota do capital social, se o capital não foi atingido pela sociedade, todos podem
ser responsabilizados, inclusive o que atingiu
*capital social é a expectativa da expressão econômica daquela sociedade
AULA 14/08
Continuação Patrimônio
Bens
-Bens x coisas
Existe uma divergência teórica em relação a conceituação de coisas e bens, alguns acredito ser
coisas um gênero e bens espécies, ou seja bens estão dentro de espécie, alguns acreditam ser bens
gêneros e coisas espécies. O lesgilador não foi fiel a uma corrente ou outra, utilizando dos dois
sentidos. O Código Civil de 2002, na parte geral, livro II a partir do art. 79, na classificação dos
bens se adota a classificação de bens como gêneros e coisas como espécies. Bens são coisas que tem
utilidade para a pessoa humana, não apenas o aspecto patrimonial, e esse bem pode ser
materializado, esse é uma coisa, e os outros bens imaterializados não são coisas. Todavia, na parte
especial do código, se fala de coisa incorpórea.
Coisas comuns: coisas insuscetíveis de apropriação, consequentemente, insuscetíveis de
figurarem em uma relação jurídica. Ex.: ar atmosférico, o mar e as águas correntes de rios públicos;
Coisas sem dono (res nullius): coisa não apropriada por nenhuma pessoa, ainda que passível
de sê-la. Ou porque nunca foram objeto de apropriação ou porque foram abandonadas pelo dono,
antigo proprietário.
Coisa móvel abandonada (res derelicta): coisa que era objeto de relação jurídica mas deixou
de sê-lo porque seu dono a jogou fora com a intenção de renunciá-la, podendo ser apropriado pelo
primeiro que encontrá-la, assim como a coisa sem dono. Diferentemente da coisa perdida, já que o
elemento carcaterístico do abandono é a intenção pelo sujeito de direito.
Prestação: ações humanas objetos de relações jurídicas.
- Bens considerados em si mesmos
O primeiro critério na classificação dos bens foi a análise do bem em si mesmo.
-Corpóreos x incorpóreos
Bens corpóreos são bens materializados, que se pode ver e sentir. Bens incorpóreos
são de existência abstrata, não podendo ser absorvidos pelos sentidos. O patrimõnio de uma
pessoa são a reunião dos bens corpóreos e incorpóreos. A relevância prática é de que para a
tranferência de um bem corpóreo é a partir da tradição, entrega. Já o bem incorpóreo, é
transmissão, ou seja, cessão da posição na relação jurídica;
-Móveis x imóveis
Móvel a trasnferência é por tradição, ou seja, entrega do bem. Imóveis é transmissão.
Móveis são os objetos de movimento próprio ou de remoção com força alheia sem alteração
da substância, chamados de bens semóveis. Art. 81: Materiais separados provisioramente de
um bem imóvel continuam sendo tratados como bens imoveis.Art. 83 do CC: sobre direitos
móveis. Direitos reais imóveis são bens imóveis e direitos reais sobre bens móveis, são
móveis. Direitos pessoais são móveis. Direitos reais x direitos pessoais: direitos pessoais
têm como característica serem relativos, ter eficácia interpartes, como no caso de dívida
entre duas pessoas. Já os direitos reais são absolutos, dessa forma, possuem eficácia erga
omnes. O legislador determinou um rol taxativo dos direitos reais. O código civil de 2002,
permite existir um direito real de aquisição, ao ser averbada na matrícula do imóvel, ao
possuir publicidade, tal direito passa de ser de eficácia relativa para erga omnes, sendo agora
um direito real. Bens móveis podem ser transferidos por acordos verbais, já imóveis
necessitam de transcrição, escritura que torne a transferência pública. Outra relevância da
definição em bem móvel ou imóvel é a outorga uxória (art. 1647), no caso de casamento
com comunhão de bens, os bens imóveis não podem ser vendidos ou doados sem a
autorização do cônjuge, se for móvel não é necessário. Art. 1649 CC Se é necessária a
outorga uxória e não é presente no negócio, o cônjuge pode pedir a anulação do mesmo.
Apenas bens móveis de pequeno valor podem ser transferidos por acordos verbais, o
pequeno valor é definido em todo caso concreto de acordo com o patrimônio do doador.
Liticonsortes necessários, ou seja, as partes afetadas pelo negócio devem ser parte do
processo. Ou seja, ambos cônjuges devem ser parte do processo em negócio que envolve
direitos reais sobre um bem imóvel.
O legislador define três categorias de bens imóveis: 1. Por natureza: abrange o solo e
tudo que a ele é aderente em estado de natureza, essa normalidade de se aderir ao solo que o
definem como imóveis; 2. Por acessão física: tudo quanto se incorpora permanentemente ao
solo, natural ou artificialmente, neste estão as construções e edifícios, bem como seus
acessórios; 3. Por determinação legal: por último, os bens imóveis por determinação legal,
que são os bens que apesar de sua natureza são tratados legalmente enquanto imóveis. São
eles direitos reais sobre imóveis, bem como as ações destinadas a assegurá-los, também
direito a sucessão aberta.
O legislador define duas características que definem os bens móveis: 1.Serem
suscetíveis de remoção por força própria (semoventes) ou por força alheia; 2. Conservarem a
própria substância ou destinação econômico-social. Ainda, os mesmos se agrupam em dois
grandes grupos: 1. Móveis por natureza – todas as coisas corpóreas que se podem remover
sem danos de um lugar para outro, com exceção dos que acedem aos imóveis; 2. Móveis por
determinação legal – sendo eles bens incorpóreos que a lei determina enquanto móveis. São
eles energias com valor econômico, direitos reais e as ações sobre imóveis, a fim de
assegurá-los, além dos direitos de crédito com caráter patrimonial e as ações a fim de
assegurá-lo, de direitos autorais e direitos advindos da propriedade industrial. Por último, as
quotas de capital ou ação que o indivíduo possui em sociedade, títulos patrimoniais de
associação, os títulos de crédito, também fazem parte do grupo de bens móveis incorpóreos.
Existe ainda, categoria consolidada na doutrina nacional que, todavia, não foi integrada ao
nosso Código, são eles os móveis por antecipação – são eles os bens naturalmente
incorporados ao imóvel, portanto, imóveis, mas que se destinam a ser proximamente
destacados e mobilizados. Como a árvore destinada ao corte, vendida como madeira, a safra
a ser colhida e a casa destinada à demolição.
-Fungíveis x infungíveis
Fungibilidade é a possibilidade de se trocar uma coisa por outra. Bem fungível é
aquele que podemos definir pelas características da espécie. Já o bem infungível é aquele
único, insubstituível. Negócio em relação a um bem infungível, deve ser feito em relação ao
bem específico em questão. O contrato de locação é um contrato que diz respeito a um bem
infungível. O comodato, é um empréstimo não oneroso, a cerca de um bem infungível, ou
seja, o bem específico deve ser devolvido. O muto é um empréstimo oneroso ou gratuito,
que diz respeito a um bem fungível, não especificamente o mesmo bem, mas bem
semelhante. O bem que é por excelência fungível é o dinheiro. Define qual tipo de obrigação
o negócio jurídico gera, e em como cumprir, satisfazer tal obrigação. Quando se perde um
bem infungível, a satisfação da obrigação inicial é impossibilitada, partindo-se para medidas
ressarcitórias, na tutela específica do infungível é exatamente a mesma coisa, já na tutela
específica fungível deve se substituir por algo de qualidade semelhante. A fungibilidade é
própria dos bens móveis, que são normalmente caracterizados pela quantidade, peso ou
medida, dessa forma, o Código Civil no art. 85, restringe a definição de bens fungíveis aos
bens móveis. Alguns autores, dizem que a fungibilidade do bem diz respeito à vontade
manifestada pelas partes, todavia existem limites, não se podendo definir bem fungível por
excelência único, individualmente caracterizado, com possibilidade de fazendo-o ir de
encontro à definição legal. Temos exemplo disso a cerca dos negócios imobiliários, sendo os
bens imóveis por excelência infungíveis segundo a doutrina e nosso Código, todavia em
situação de propriedade compartilhada em sociedade de loteamento, pode-se tornar bens
imóveis fungíveis, ao definir-se que caso algum dos sócios saía da sociedade receberá
quantidade específica de lotes, sem determinar especifidade de quais lotes, dessa forma,
tratando os mesmos enquanto bens fungíveis, definindo-os por conta de sua espécie,
qualidade, quantidade, não quanto à sua especificade e unicidade. Leva-se tal definição,
ainda às obrigações de fazer, sendo fungíveis aquelas realizáveis, prestáveis por pessoa que
não o devedor, já aquelas obrigações prestáveis apenas pelo devedor são caracterizadas
enquanto infungíveis. Além da distinção das definições a fim de caracterizar tipos
específicos de negócio jurídico, como o comodato tendo como objeto bem infungível, já o
mútuo, bem fungível, existe ainda a relevância a cerca do poder liberatório da coisa entregue
em solução da obrigação: se a dívida é de corpo certo, o devedor não se libera senão com a
entrega daquele objeto específico; se se tratar, ao contrário, de uma dívida de gênero, solve a
obrigação entregando quaisquer unidades submetidas ao critério da qualidade e da
quantidade, e pode, mesmo, consignar em Juízo, na recusa do credor. Se a prestação é de
serviço fungível, desobriga-se o devedor com a sua execução por si mesmo ou por outrem;
se de serviço não fungível, a sua realização deve efetuar-se pelo devedor pessoalmente, e
nunca por um substituto.
-Divisíveis x indivisíveis
O que comporta uma divisão real e jurídica, já indivisíveis são os que não
comportam uma divisão real e jurídica. Sua relevância reside em situações de condomínio,
quando mais de uma pessoa é dona de um terreno, ninguém é obrigado a se manter em
condomínio, sendo a saída do mesmo um direito potestativo, em caso de bem divisível, o
direito é satisfeito pela divisão nas partes correspondentes aos proprietários, já em bens
indivisíveis é necessário a alienação do bem para satisfazer a dissolução e “divisão” da
propriedade. Outra repercurssão prática, se dá no exercício de posse, posse pro diviso,
quando se pode determinar uma divisão na área de atuação da posse de cada proprietário, e
posse pro indiviso, onde não se pode especificar a atuação dos proprietário em parte
específica. Inicialmente, definia-se enquanto divisíveis bens que poderiam sofrer divisão
sem dano à sua substância, todavia, essa definição presente no Código Civil de 1916 se fez
insufisciente, devido à necessidade da manutenção do conteúdo econômico do bem após a
divisão, dessa forma estabelecendo-se dois critérios para definir a divisibilidade de um bem:
conservação do conteúdo econômico e das qualidades essenciais do todo após a divisão do
bem. É de mister que, pela fragmentação não sofram diminuição considerável no seu valor,
nem prejuízo no uso a que se destinem (Código Civil, art. 87).
A partir dos princípios explicitados têm-se que os bens podem ser indivisíveis por
três diferentes definições: 1. Indivisíveis por natureza; 2. Por determinação legal ou
indivisibilidade jurídica; 3. Por vontade das partes ou por convenção - tornam indivisíveis
bens naturalmente divisíveis, e a que não imponha a lei a indivisibilidade coativa, ajustando
conservá-la, pro indiviso, por tempo determinado ou não. Existem coisas suscetíveis de
divisão natural, todavia a mesma não é aceita juridicamente. Dentre os bens indivisíveis
juridicamente, merece destaque a repartição de edifícios, tendo que o Código Civil de 1916,
fiel à tradição romano, concebeu tal fracionamento apenas verticalmente. Todavia, em
consequência do desenvolvimento moderno cada vez maior de edificações horizontais, têm-
se a sofisticação do direito ocidental no último século, resultado dos Decretos nº 5.481/1928
e nº 5.234/1943, além da Lei nº 285/1948. O Código cuida de regular a divisão dos prédios
por planos horizontais, ao tratar do “condomínio edilício”, nos artigos 1.331 e seguintes.
Logicamente, a definição de divisíveis e indivisíveis é própria dos bens corpóreos, todavia o
direito extende a mesma a bens incorpóreos, admitindo a conceitução de obrigações
divisíveis e indivisíveis, sendo entre o incorpóreos que mais repercute os bens indivisíveis
por determinação legal, como no caso da hipoteca, direito real sobre coisa alheia, apesar de
incorpóreo possui a qualidade de indivisibilidade, outros exemplos são servidões prediais,
ações de sociedade autônoma
-Consumíveis x inconsumíveis
O consumível é o que se deteriora pelo uso, o exemplo mais evidente são os
alimentos. Já os inconsumíveis são os que não se deterioram pelo uso, podendo ser
utilizados indiscriminadamente. Existem os bens com consumibilidade natural ou material,
aqueles se deterioram pelo uso (usu consumuntur – o uso consome). Existem ainda, as
coisas juridicamente consumíveis, que não necessariamente são materialmente consumíveis,
mas cuja utilização não pode ser renovada, porque sua utilização implica sua alienação.
Podem ser estes, tanto bens materialmente consumíveis, como alimentos expostos à venda
em um armazém, como bens materialmente inconsumíveis, como livros a venda em uma
livraria. Ainda, a vontade humana pode afetar a consumibilidade jurídica dos bens, por
exemplo vendedor que empresta produtos apenas para a exposição em loja de outro
vendedor (ad pompam vel ostentationes causum), devendo os mesmos serem devolvidos,
sendo inconsumíveis até sua devolução.
-Singular x coletivo
Quando se trata de apenas um bem da espécie, e quando se trata de mais de um bem
da espécie. singulares os bens quando, embora reunidos, consideram-se de per si,
independentemente dos demais (Código Civil, art. 89), e coletivos ou universais, quando se
encaram agregados em um todo. A universitas facti é a que se compõe de bens corpóreos, e a
universitas iuris a que se forma de bens e direitos. O Código (art. 90) conceitua a
universalidade de fato como pluralidade de bens singulares, pertencentes à mesma pessoa ou
a ela vinculadas, porém dotadas de uma só destinação econômica ou jurídica (uma
biblioteca, um rebanho, um pomar). Em contraposição, universalidade jurídica é um
conjunto de direitos ou de bens e direitos, ou um complexo de relações jurídicas,
economicamente apreciáveis, pertinentes a uma pessoa (art. 91). A herança e o patrimônio
são casos típicos de universalidades jurídicas, que subsistem ainda que não contenham
objetos materiais
Obs.: Sucessão aberta: a morte põe fim à personalidade da pessoa natural, todavia o
patrimônio permanece. O nome jurídico para a morte no direito da sucessão é abertura da sucessão,
ou seja, transferência desses bens para os sucessores. Até a partilha o todo patrimonial é em
condomínio dos herdeiros, ou seja, não se sabe especificamente a parte de cada um, mas sim quanto
do todo diz respeito a cada um. Art. 80 do CC, o direito da sucessão aberta é o direito à herança que
o herdeiro possui, que ainda não foi definido pela partilha, é um direito imóvel.
AULA 21/08
Bens reciprocamente considerados
Definição que tem em vista a comparação de um bem com um outro
- Principal x secundário (chamado de acessórios em algumas doutrinas): subordinação, dependência
Bem principal é o que possui uma utilidade, função independente para a atividade humana,
já o secundário tem uma subordinação, dependência devido à necessidade do bem principal para o
exercício de sua utilidade, funcionalidade. procedentemente se diz haver, além dos bens, também
direitos e obrigações principais e acessórios, sob o influxo da mesma noção de independência e de
subordinação.
Essa relação de dependência se dá já que sem o bem principal a existência do secundário
não possui sentido, já que perde sua funcionalidade. Classificação dos bens secundários:
*Acessórios: princípio da gravitação jurídica
Quando falamos de um bem acessório, significa dizer que possui uma relação de
subordinação e dependência frente a um bem principal. Orientado pelo princípio da
gravitação jurídica, de modo que o que ocorre com o principal, afeta também o acessório. O
bem cuja existência jurídica estivesse na dependência do principal, mas que nele não se
chegasse a integrar em uma unidade indissociável. Excluem-se da ideia de acessoriedade a
criação devida à atividade humana, geradora diversa daquela que foi trabalhada, ou seja,
qualquer produção gráfica, como pintura ou escultura, não se dá como bem acessório da
matéria-prima utilizada para criá-lo. Ex: o acessório serve o principal, ou seja, um negócio
jurídico que afete o principal, afeta o acessório. Tal princípio serve às relações jurídicas
como um todo. Ao falarmos de acessório, estamos falando necessariamente do princípio da
gravitação jurídica. Principal e acessório definidos pelo art. 92 do CC/02. O Código de
1916 classificou os bens acessórios enquanto naturais, industriais e civis, exemplo não
seguido pelo Código de 2002, todavia faz-se relevante apresentação de tal classificação. 1.
Acessórios naturais os que aderem espontaneamente ao principal sem a intervenção do
engenho humano, como os frutos da árvore ou as ilhas formadas nos rios, ou nos casos em
geral em que a vinculação com o principal se opera pela força orgânica ou pelo fenômeno
físico; 2. Acessórios industriais os que nascem do esforço humano; 3. Acessórios civis o os
que resultam de uma relação abstrata de direito, e não de uma vinculação material, como o
juro, em relação ao capital; os ônus reais, em relação à coisa gravada; e, de modo geral, tudo
aquilo que se apresenta ou pode considerar-se na definição acima enunciada, como acessório
de um bem incorpóreo.
*Pertenças
O legislador no código de 2002, definiu as pertenças, outro tipo de bem, igual o
acessório, todavia enquanto os bens acessórios seguem o princípio da gravitação jurídica, as
pertenças não o fazem. No art. 94 do CC, “os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem
principal não abrangem as pertenças”. O maquinário de uma fazenda é determinado como
uma pertença. Definido pelo art. 93 do CC/02: não constituindo partes integrantes.
As pertenças têm, apesar de ser utilizado para aumentar a utilidade do bem principal,
todavia não possui uma utilidade exclusiva àquele bem principal. Se a funcionalidade do
bem principal depende da existência do secundário, como um carro e suas rodas, esse
secundário é acessório. Pertenças não completam a coisa, mantendo sua autonomia e
podendo ser separadas sem que haja qualquer alteração na coisa, vinculadas
economicamente ou juridicamente ao bem principal. Podem estar ligadas à sua utilização
por fato natural, ou intencionalmente destinadas a sua exploração, aformoseamento ou
comodidade .
*Partes integrantes
Outra classificação que se pode dar aos bens secundários, bem incorporado ao
principal de modo a perder sua autonomia, de modo a se tornar um bem integrante de um
bem principal. Partes integrantes de um bem composto são aquelas que se acham em
conexão corporal com ele, erigindo-se em complemento do próprio bem, participando de sua
natureza.
A classificação depende da relação entre o bem secundário e o principal, além do
convencionado entre as partes do negócio jurídico, tendo-se em vista que o convencionado
prevalece.
-Bens acessórios
*Frutos
Um exemplo claro são os frutos naturais, o conceito se dá devido ao fato do fruto não
influenciar na existência ou utilidade do principal, além de haver uma periodicidade no
surgimento do fruto. Fruto surge do principal. Frutos são as utilidades que a coisa
periodicamente produz, sem desfalque da sua substância. Classificamos enquanto: 1. Frutos
naturais - tudo aquilo que a coisa gera por si mesma, independentemente do esforço ou do
engenho humano; 2. Frutos industriais - utilidades que provêm da coisa, porém com a
contribuição necessária do trabalho humano; 3. Frutos civis ou rendimentos – são, por uma
extensão gerada pela capacidade humana de abstração, os rendimentos e benefícios que
alguém tira de uma coisa utilizada por outrem. Ainda a classificação quanto à relação dos
frutos quanto à sua ligação com o bem principal, sendo classificados enquanto: 1. Pendentes
– ainda unidos à coisa que o produziu; 2. Percebidos ou colhidos – aqueles que já foram
destacados; 3. Percibiendos – os que apesar de já poderem ser destacas da coisa que o
produziu, ainda não o foi; 4. Estantes – que apesar de já colhidos ainda estão armazenados
58ou guardados; 5. Consumidos – aqueles que já percebidos, não mais existem, ou por ter-se
dado destinação normal ou por terem perecido.
*Rendimentos
Determinados como frutos civis, tem-se uma coisa que produz uma expressão
financeira periodicamente, e ao usar o rendimento não se desnatura o principal. Aluguel,
juros;
*Produtos
Já os produtos são espécies de acessório que sende retirados e utilizados acabam
depreciando em alguma medida principal, como se consumisse em parte o bem principal.
Enquanto os frutos nascem e renascem periodicamente da coisa sem se desfalcar a sua
substância, os produtos dela se retiram ao mesmo passo que diminuem de quantidade. O
mineral extraído de uma jazida é produto, e não fruto, porque ele não se recompõe, e a
exploração conduz ao seu fatal esgotamento. Também os produtos podem ser objeto de
relação jurídica autônoma, independentemente de não estarem ainda separados da coisa, ou
de serem abrangidos na mesma relação jurídica que a tenha por objeto (Código Civil, art.
95).
O proprietário de um bem possui o direito de usar e fruir da propriedade, ou seja,
utilizar e colher os frutos. A não ser que o usufruto seja transferido.
Em comunhão parcial de bens, os rendimentos de bens acessórios de bens do
patrimônio individual, integram o patrimônio comum. Se não houvesse disposição legal,
seguiria a regra da gravitação jurídica, recebendo mesmos efeitos jurídicos do principal e
integrando o patrimônio individual.
Existe a classificação dos acessórios de acordo com a sua temporalidade, ex.: Frutos
já colhidos, frutos gerados a serem colhidos.
AULA 24/08
Bens “em relação com as pessoas seus titulares”
-Bens privados
Titularidade de sujeito de direito privado.
-Bens públicos
Titularidade de sujeito de direito público
Diferenciação relevante, já que as pessoas de direito público participam de outro regime, com
outros princípios e regras, além de prerrogativas específicas definidas a pessoas de direito público.
Art. 98 para frente CC. A seguinte classificação tem como base a finalidade do bem público:
− De uso comum
Imediatamente vinculados a uma finalidade pública coletiva, uso comum do povo,
ex: ruas, praças, rios. São bens públicos os de uso comum do povo.
− De uso especial
Os que também estão imediatamente vinculados a uma finalidade pública , mas uma
função pública especial, como o caso de prédios públicos.
− Dominicais
Eles não estão imediatamente vinculados a uma finalidade pública. São os que
constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades (CC, art. 99, III). Sobre eles o Poder Público
exerce poderes de proprietário. Incluem-se nessa categoria as terras devolutas, as estradas de
ferro, oficinas e fazendas pertencentes ao Estado.
Os bens públicos de uso comum e especial são de domínio público do Estado e inalienáveis
enquanto mantiverem sua forma de acordo com a determinação da lei, já os bens dominicais são de
domínio privado do estado podendo ser alienáveis, mas impenhoráveis. Para que um bem público
possa ser objeto de um negócio jurídico, é necessário que esses bens sejam desafetados, ou seja, um
bem dominical, desafetam sua função públicas podendo ser objeto de negócio.
Todavia todos os tipos de bens públicos são impenhoráveis, ou seja, um ato judicial constritivo
executivo próprio do processo judicial de execução, em regra, a fim de ser alienado ou retido pelo
credor a fim de satisfazer a dívida referente. O ato sucessor da penhora, é a adjudicação (retenção
pelo credor) ou venda do bem, depois a satisfação da dívida. O regimento de pagamento de dívidas
públicas, portanto, não é a penhora mas sim a precatória. Ainda, os bens públicos possuem
imprescritibilidade Prescrição: têm-se uma conduta de inércia no exercício de uma pretensão
aplicada por um tempo e uma decorrente consequência jurídica. O usucapião já foi chamado de
prescritibilidade de aquisição. Os bens públicos são imprescritíveis por não serem usucapíveis, já
que não se sujeita aos efeitos do tempo, ou seja, independente do tempo no qual a pessoa tem animo
de dono frente ao bem, por serem bens públicos não podem ser adquiridos pelo princípio do
usucapião.
-Bem de família LER SOBRE BEM DE FAMÍLIA
A grande proteção que o bem de família possui é a impenhorabilidade, por representar um mínimo
existencial. Todavia, existem exceções em cada um dos seguintes regimes.
-Convencional (arts. 1711 e seguintes CC)
É fruto do exercício da autonomia privada. Art. 1712, CC. O limite do bem de
família convencional é que custe até 1/3 do patrimônio total da pessoa. As exceções da
impenhorabilidade, são de créditos anteriores a constituição do bem, ou de dívidas
referentes ao próprio imóvel mesmo que posterior. O bem de família convencional tem que
ser explicitado publicamente na escritura.
-Legal (Lei 8009/1990)
No código civil 1916 havia a noção de que o surgimento da família advém de um
casamento, indissolúvel. Recentemente temos evoluído nessa noção de família,
consequentemente, há uma evolução da noção de bem de família também, avançando para
uma noção familiar unipessoal na jurisprudência. A ratio do bem de família é a pessoa
humana, dessa forma, mesmo uma pessoa só não sendo considerada família, merece tal
proteção de mínimo existencial pela dignidade ser intrínseca à sua pessoa. São bens de
família legal, o imóvel residencial próprio do casal ou da unidade familiar, é impenhorável e
não respondera por qualquer tipo de dívida, salvo nas hipóteses previstas na lei. Excluem-se
da impenhorabilidade obras de arte, automóveis e adornos suntuosos. O bem de família
convencional não distingue os acessórios ou pertenças, já o legal faz esta distinção, tornando
a pertença penhorável. Considera-se residência um único imóvel para a residência fixa, se
existem duas moradias fixas, o protegido é o de menor valor, a não que ser você torne o de
maior valor bem de família convencional. No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade
está nos bens móveis quitados pela pessoa, fora as excecos já citadas.
Observem que o bem de família legal não possui limite de valor, já o convencional é
1/3 do patrimônio total. As exceções à impenhorabilidade para cobrança de impostos predial
ou territorial, credito de pensão alimentícia etc.. Todas exceções na Lei 8009 art. 3.
SIM!!!
AULA 28/07
O direito civil tem feito um movimento partindo de uma perspectiva individualista e liberal,
para uma mais solidária e social, tendo a constituição de 1988 como um marco. Dessa forma,
mesmo no negócio jurídico existe prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, princípio
da socialidade, além do princípio da eticidade, que estabelece além da necessidade equidade do
negócio jurídico, a boa-fé. Dessa forma, devendo as partes do contrato seguirem os princípios da
probidade e da boa-fé.
Fato jurídico
-Conceito
Fato que constitui substrato fático de uma norma, e por consequência temos um
resultado jurídico, pontencial de criar, alterar ou extinguir relações jurídicas. Norma tanto no
senti latu, sentido de lei vigente, também as normas gerais e abstratas não postas pelo
legislativo, ou uma norma geral e concreta e, por último, uma norma específica.
-Estrutura
-Classificação
Um dos critérios de classificação é a conformidade com o ordenamento jurídico,
sendo classificados enquantos lícitios, conformes ao ordenamento, não vinculando uma
consequência jurídica sancionatória e, em regra, não se vincula a eles o dever de reparar, ou
indenizar; e ilícitos, contrários ao ordenamento, segundo a parte majoritária da doutrina
outro critério, que envolve um comportamento humano, dividndo os fatos jurídicos em fatos
jurídicos strictu sensu, que não envolvem o comportamento humano e possui relevância
jurídica, sobretudo ocorrências naturais, e os atos jurídicos lato sensu. A relevância dessa
classificação se dá pelo regime específico dado aos atos jurídicos. Os atos jurídicos podem
ser divididos em: ato jurídico strictu sensu, negócio jurídico e ato-fato, as três perspectivasde
análise dos fatos jurídicos são as perspectivas da existência, análise do fenômeno
identificando todos elementos que são necessários para o mesmo existir; da validade, o que é
necessário para que o fato seja válido frente o ordenamento jurídico, os requisito
relacionados a esses elementos, requisitos estabelecidos na norma jurídica; e, por úlitmo, a
perspectiva da eficácia, análise dos efeitos de um fato jurídico, potencial de criar, alterar e
extinguir relações jurídicas, formadas por direitos e obrigações, ou seja, o conteúdo das
relações jurídicas afetadas pelo fato jurídico.
Exame escalonado do fato jurídico. Devendo seguir as perspectivas de análise na
ordem posta. Em regra, a consequência jurídica é identificada quando são tratados fatos
jurídicos lícitos.
Tal exame escalonado, dá a impressao de que os planos dos fatos jurídicos possui
efeito de hierarquia, o único efeito de dependência é o plano da existência, por ser um
pressuposto lógico para a análise de outras perspectivas. Já validade e eficácia não possuem
relação de dependência, são autônomos. Os efeitos do fato jurídico estão ligados aos fatores
de eficácia. E mais excepcionalmente ainda podemos ter os efeitos de um fato jurídico e o
mesmo ser inválido. Em específico falando do plano da eficácia, estamos falando do objeto
de direitos e obrigações, estamos falando do conteúdo específico da relação jurídica sobre o
qual versa o determinado fato jurídico. São os efeitos jurídicos específicos daquele fato
naquela relação. No plano da eficácia temos fatos que são válidos e não geram efeitos
jurídicos. De outra ponta, um fato inválido pode gerar efeitos jurídicos, pode ocorrer, todavia
sendo extremamente excepcional.
Os fatos jurídicos podem ser determinados simples, envolvendo um único
acontecimento, e complexos, com necessária simultaneidade ou sucessividade de fatos . Fica
mais claro em um negócio jurídico, envolve amanifestação da vontade do vendedor e do
comprador, ainda a manifestação de vontade em relação a um objeto e preço, ainda de estar
em um espaço. Visto isso, a classificação a cerca do comportamento humano, é em relação
aos elementos de existência do fato jurídico.
Ato jurídico lato sensu, tem o comportamento humano como elemento de existência.
Que pode ser divido em ato-fato, no qual o comportamento humano é elemento de
existência, todavia o que o específica é o tipo de comportamento, nos dois outros, negócio
jurídico e ato jurídico strictu sensu, o elemento do comportamento humano de existência é a
vontade, o ato material dessa captura não demanda a vontade qualificada, apenas vontade
simples. Por essa razão, nem todos os princípios do negócio jurídico, como os vícios do
consentimento e as regras sobre nulidade ou anulabilidade, aplicam-se aos atos jurídicos em
sentido estrito não provenientes de uma declaração de vontade, mas de simples intenção
(CC, art. 185) . Já no ato-fato, o elemento de existência é o comportamento humano não
desejado, que não é a vontade, mesmo assim possuindo relevância jurídica, há certas ações
humanas que a lei encara como fatos, sem levar em consideração a vontade, a intenção ou a
consciência do agente, demandando apenas o ato material contido na norma. O que difere
ato jurídico stricto sensu do negócio jurídico, é que a vontade, que é elemento de existência
dos dois, repercuta ou não no plano da eficácia. Se há repercussão é classificado como
negócio jurídico, se não o tem é dado como ato jurídico stricto sensu, já que todos os efeitos
são estabelecidos pela lei, não havendo espaço para o exercício da autonomia privado no
plano da eficácia. Ato jurídico stricto sensu são os que necessitam da vontade para existir
todavia a vontade não repercute no plano dos efeitos.
AULA 31/08
Os opostos aos planos de análise do fato jurídico seriam inexistência (existência), invalidade
(validade) e ineficácia (eficácia). A relevância desse estudo são as diferentes consequências
jurídicas referentes a cada um dos planos de análise do fato jurídico. Não é apenas uma sofisticação
teórica inóqua, mas sim a maneira de se enxergar e solucionar melhor problemas referentes ao fato
jurídico e qual a repercussão de tal problema frente ao fato. Outra utilidade prática já citada é o
discernimento de fato jurídico strictu sensu e ato jurídico lato sensu, a partir da presença do
comportamento humano no plano da existência. Ainda, discernimento entre ato jurídico strictu
sensu, negócio jurídico e ato-fato é a presença da vontade enquanto comportamento humano
presente no plano da existência caracterizante do negócio jurídico e do ato jurídico strictu sensu. Já
o discernimento entre esses dois últimos se dá pela análise da eficácia e a presença da vontade nesse
plano gerando efeitos ao fato jurídico, se está presente caracteriza o negócio jurídico, se não ato
jurídico stricto sensu. Quando falamos de negócio jurídico, no plano da eficácia a vontade repercute
na noção de autonomia privada, o negócio jurídico é o grande primado da autonomia privada, já que
a vontade das partes atua no plano da existência e da eficácia.
Finalizando a Teoria do Fato Jurídico, falaremos de modificações das relações jurídicas,
sabendo que o fato jurídico é capaz de criar, alterar ou extinguir relações. Trataremos de como tais
modificações ocorrem, classificando-as em:
Modificação subjetiva:
Iniciaremos com um exemplo. Existe uma relação jurídica de crédito entre o credor A
e o devedor B, mútuo financeiro. Esta relação jurídica será modificada por um fato jurídico,
um negócio jurídico no qual o credor A, celebrou com um terceiro, C, um contrato jurídico
de cessão de crédito, promovendo uma substituição na figura do credor, deixando de existir
credor A, se tornando credor C. Ocorrendo uma modificação subjetiva frente à relação
jurídica, já que a relação de mútuo financeiro se manteve, todavia havendo alteração dos
sujeitos da relação, preservando todas as faculdades da obrigação da relação jurídica. A
relação se mantém intacta. Outro fato jurídico que repercute uma modificação subjetiva é a
assunção de dívida. Ainda, outro exemplo é a cessão da posição contratual. Diferente da
novação, que extingue a relação jurídica anterior criando uma nova, necessitando de
declaração expressa de vontade das partes.Tais exemplos são de modificações subjetivas
intervivos, existem também as modificações subjetivas das relações jurídicas que são
personalissimas, as chamadas modificações subjetivas causa mortis, nos quais os herdeiros
assumem a posição do falecido nas relações jurídicas, por exemplo no caso de crédito. Já no
caso de dívida, os herdeiros não assumem a posição nessa relação patrimonial passiva, o
patrimônio do herdeiro não pode ser atingido pela dívida herdada. Muito embora
tecnicamente digamos que com a abertura da sucessão o patrimônio se transfere para os
herdeiros, contanto no caso de dívidas, o patrimônio que responde pela dívida é o
patrimônio do falecido, a herança, complexo de relações patrimoniais ativas e passivas de
um falecido. Espólio é o ente despersonalizado que cuida da herança, e é responsável por
cobrir as dívidas pelo patrimônio presente na herança.
Modificação objetiva:
Têm-se o objeto de uma relação jurídica, por exemplo uma prestação de fazer, a
modificação objetiva é a alteração desse objeto da relação jurídica, se mantendo intacta o
restante das faculdades da relação. Pode ser modificação qualitativa, na qual se altera o
objeto da relação sem que sua essência seja alterada, não havendo alteração quantitativa na
relação. Há ainda a modificação quantitativa, quando o objeto permanece o mesmo, todavia
havendo acréscimo ou decréscimo dele.
Modificação do vínculo:
O vínculo que liga uma pessoa a outra pode ser modificado por um fato jurídico. Por
exemplo duas pessoas tem um contrato de locação, empréstimo infungível e oneroso, ocorre
um fato jurídico que altera esse vínculo, se tornando um empréstimo de bem infungível
gratuito. Outro exemplo é uma pessoa que possui sobre uma casa uma relação de
propriedade, depois esse proprietário celebra um negócio jurídico, no qual vende a casa a
outra pessoa e ela mesma se torna locatária do local. O vínculo de propriedade com a casa é
substituída por um vínculo de posse, por força do contrato de locação.
Negócio jurídico
Falaremos a partir de agora de um fato jurídico específico, o Negócio Jurídico, que pode
criar, extinguir ou modificar relações jurídicas. Pode ser conceituado como a relação jurídica na
qual a vontade atua no plano da existência e da eficácia. A teoria subjetiva na conceituação do
Negócio Jurídico dá foco na vontade. Sendo Negócio Jurídico aquele quem tem como pedra angular
a vontade, sendo o primado da mesma. Outra teoria é a normativista ou objetiva, sendo conceituado
como aquele que estabelece uma norma entre as partes, já que a vontade atua no plano dos efeitos,
ou seja, a autonomia privada atua na definição dos deveres, obrigações, as partes por meio da
vontade vão normatizar sua própria relação. São formas diferentes de olhar para uma mesma
realidade.
Leitura complementar para próxima aula: Antônio Junqueira de Azevedo, ao
menos o Segundo Capítulo do livro Negócio Jurídico, teoria estruturalista para
conceituar o negócio jurídico, de caráter analítico.
AULA 04/08
Negócio jurídico
-Plano de existência e validade
Plano de existência são os pressupostos de existência (suporte fático) do negócio
jurídico, elementos mínimos, para alguns autores essenciais do negócio. Já o plano de
validade diz respeito à adjetivação de tais elementos, definindo as características dos
elementos do negócio que se ausentes declaram a invalidade do mesmo, ou seja, tornam-o
nulo.
°Agente
Agente emissor da vontade deve ser capaz e legitimado para o negócio, no caso de
incapacidade o agente deve ser devidamente representado ou assistido.
°Vontade
Declaração de vontade pelo agente, a vontade deve ser livre e não pode estar
impregnada de malícia, ou seja, deve ser de boa-fé. Necessária vontade qualificada, sem
vícios.
°Forma
A forma do negócio é livre desde que não haja uma forma prescrita por lei para
celebração de determinado negócio jurídico. Como no caso de transferências de imóveis,
que conforme art. 108, CC/02, deve ser feita através de escritura pública.
°Objeto
Os requisitos em relação ao objeto referem-se à sua licitude, ou seja, o objeto do
negócio jurídico deve ser lícito, não contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé
e à função social ou econômica de um instituto.
-Elementos gerais
São os elementos comuns a todos negócios jurídicos, ou seja, sua ausência determina a
inexistência do negócio jurídico. São eles: agente, vontade, objeto e forma.
-Elementos categoriais
São os elementos que determinam o tipo de negócio jurídico. Caracterizam a natureza
jurídica de cada tipo negocial e resultam da norma que definem os elementos dos diferentes tipos de
negócio jurídico. Existem elementos categoriais essenciais, ou seja, aqueles intrínsecos à celebração
de certa categoria negócio jurídico e elementos categoriais naturais ou derrogáveis aqueles que
apesar de característico de certa categoria de negócio, são dispensáveis pela vontade das partes.
-Elementos particulares ou acidentais
Aqueles que podem estar presentes no negócio jurídico, todavia sua ausência não desnatura
o negócio, são elementos facultativos que alteram as consequências jurídicas do negócio jurídico.
Elementos do negócio jurídico não comuns a todos negócios ou à categoria específica, mas apenas
ao negócio específico. Por isso a teoria de João Antônio Junqueira é interessante ao separar
elementos categoriais e particulares, não havendo na distinção tradicional da dogmática.
Os elementos gerais definem a própria existência do negócio jurídico. Já os elementos
categoriais tipificam o negócio, ou seja, definem seu tipo. Já os particulares define o negócio
jurídico específico entre esses sujeitos.
Existe simulação de negócio jurídico, mantendo sua aparência quando na realidade não
contém os elementos gerais do negócio que definem sua existência. Pode ocorrer simulação relativa
de negócio jurídico, quando se aparenta um tipo de negócio e na realidade ocorre. Verificar para a
próxima aula, Esther comentará, o agente é requisito lógico da declaração de vontade do negócio
jurídico, pessoas. Os entes despersonalizados podem celebrar negócios jurídicos? Os entes
despersonalizados possuem capacidade jurídica apenas funcional, ou seja, capacidade jurídica
apenas voltada para a função pela qual esse conjunto de interesses foi instituído. Podendo sim
celebrar negócios jurídicos voltados para seu fim, como no caso de sociedades que podem celebrar
contratos apesar de se constituírem em entes despersonalizados, celebram negócios jurídicos
processuais.
-A extinção de direitos: por diversas razões podem extinguir-se os direitos. Costumam ser
mencionadas, dentre outras, as seguintes: o perecimento do objeto sobre o qual recaem,
alienação, renúncia, abandono, falecimento do titular de direito personalíssimo, prescrição,
decadência, confusão, implemento de condição resolutiva, escoamento do prazo, perempção
da instância e desapropriação. Algumas causas de extinção dos direitos podem ser subjetivas
(quando o direito é personalíssimo e morre o seu titular), outras objetivas (perecimento do
objeto sobre o qual recaem) e outras, ainda, concernentes ao vínculo jurídico (perecimento
da pretensão ou do próprio direito material, como na prescrição e na decadência). Nem todas
as causas mencionadas podem ser consideradas negócio jurídico, pois muitas delas decorrem
da lei e de fatos alheios à vontade das partes, como o perecimento do objeto provocado por
um raio e a desapropriação. Anota Caio Mário que alguns autores distinguem extinção e
perda dos direitos. Dá-se a perda do direito quando ele se destaca do titular e passa a
subsistir com outro sujeito; e a extinção, quando desaparece, não podendo ser exercido pelo
sujeito atual, nem por outro qualquer .
AULA 11/09
Continuação: classificação dos negócios jurídicos
°Sinalogmáticos
Relação de prestação e contraprestação Sinalagmáticos, quando outorgam ônus e
vantagens recíprocos (compra e venda, locação, sociedade).
°Cumutativos e aleatórios
Cumutativo é aquele em que ambas as obrigações assumidas dependem de
acontecimento certo, já aleatórios são aqueles em que as obrigações de ao menos uma das
partes depende de acontecimento incerto.
°Causais e abstratos
Essa classificação utiliza uma palavra no mínimo problemática na Teoria dos
Contratos, que é a causa, possuindo nesse âmbito certa polissemia. Empregada nessa
classificação com sentido específico, negócios jurídicos que existem, são válidos e tem
efeitos, se relacionam com a sua causa de origem em relação de causa e efeito (causais), ou
seja, se há vicio na origem, contamina toda a cadeia do negócio jurídico, negócio jurídico
que existe, é valido e tem efeitos por si, se desprendendo daquilo foi seu fundamento
(abstrato), já nos abstratos, se há vicios na origem, a cadeia do negócio jurídico não é
contaminado. Maior exemplo de negócios abstratos são as obrigações cambias, derivadas do
crédito, como as promissórias, que quando resultantes de compra e venda, se desprendem da
compra e venda.
°Declaração de vontade
Expressa
A declaração pode ser expressa, por meia da linguagem, de palavras, pode ser
escrita ou verbal.
Tácita
A declaração pode ser tácita, por meio de qualquer comportamento que não
palavras, a escrita e a fala.
Negócios jurídicos solenes podem ser ambos tipos de declaração, já os formais são de
maneira expressa, em regra por escrito e em regra em documento público. A forma exigida é
definida pela lei. Art. 107 a 109, CC, negócios em regra solenes a não ser por definição legal, as
partes podem escolher tambem a forma de declaração de vontade.
°Silêncio
Silêncio é o oposto da declaração de vontade, nada. Já que se pode ter manifestação
de vontade, na qual não existem palavras, todavia isso não é silêncio juridicamente, silêncio
é não manifestação de vontade. Que pode ocorrer mesmo em contexto que tenha palavras,
todavia que não possuam relaçao com a manifestação de vontade. Juridicamente nos
procupamos com o silêncio, já que por não ser manifestação de vontade, não pode formar
um negócio jurídico. Todavia, essa é a regra, excepcionalemente o sistema admite que do
silêncio decorram efeitos jurídicos, por força da lei, ou por acordo das partes. Ex.: art. 539,
CC, doação é um negócio bilateral, necessita da vontade do doador e do donatário, o doador
pode estabelecer prazo para o donatário declarar sua vontade, se ultrapassado o prazo tem-se
efeito de formação do negócio jurídico de doação nessas condições, já que é uma doação
pura, sem encargos. Relevância prática, em regra do silêncio não se gera nada, a não ser por
definição da lei ou das partes, todavia às vezes se tem uma zona cinzenta entre o que é
declaração tácita e silêncio, teoricamente a distinção é fácil, todavia na prática a situação se
dificulta. Considerando essa dificuldade de diferenciação, o legislador, por ex no 539, define
quais ações possuirão relevância para o negócio jurídico. Ainda falando de formação dos
negócios jurídicos, quando o legislador fala de um ato jurídico latu sensu perfeito,
consumado estamos falando de um negócio jurídico celebrado e não necessariamente
exaurido. Art. 110, CC, chamada reserva mental, quando o sujeito conscientemente
manifesta a vontade diferente do que ele quer, prevê que a manifestação de vontade subsiste
ainda que o autor tenha feito reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o
destinatário tinha conhecimento. Assumindo ao final a teoria da vontade, por ser uma
situação de simulação, já que ambas partes do negócios sabem da diferente real vontade da
declarada pela parte.
Outras funções da boa-fé são função criadora de deveres jurídicos e anexos ou de proteção e
função delimitadora do exercício de direitos subjetivos
Conceito: estudamos quando falávamos dos fatos jurídicos, serem esses capazes de
modificar relações jurídicas. A tem crédito com B e cede tal crédito à C,dessa forma a
relação se mantém, sofrendo alteração subjetiva, todavia na perspectiva de A, existe extinção
de um direito subjetivo. A renúncia é uma espécie de extinção subjetiva de
direitossubjetivos, quando um sujeito renúncia um direito, não necessariamente o direito em
si se extingue. É uma manifestação de vontade, ato jurídico strcto sensu, extintiva de
direitos. Apenas o possuidor do direito pode fazer essa extinção do direito a partir de uma
manifestação de vontade. Mostra que quem renúncia é o titular do direito, e a renúncia é
uma declaração de vontade unilateral, já que para a renúncia exista como tal, plano da
existência, basta a manifestação de vontade do renunciante, titular do direito. Importante
falarmos da renúncia translatícia, ela tecnicamente não é renúncia, mas negócio jurídico,
cessão de direitos. Ao falar desse tipo de renúncia, é uma contradição em termos, já que a
renúncia é ato unilateral que extingue direitos, sendo a translatícia por ser cessão é bilateral
e não extingue o direito. Importante saber disso considerando que ao se falar dos negócios
jurídicos não existe pricípio da legalidade, não é o nome mas os elementos de existência que
definem a natureza do negócio jurídico. Importante falarmos disso, pois a renúncia pode
muitas vezes afetar a esfera jurídica de outras pessoas, sendo necessário analisarmos como
afeta, se de modo direto ou em perspectiva indireta, de segundo plano. Se alguém renúncia a
uma herança, os outros beneficiários da mesma tem seu patrimônio aumentado, já que seu
quinhão hereditário volta ao monte e indiretamente os outros herdeiros são beneficiados.
Não obstante seja uma renúncia, de modo indireto repercute na esfera jurídica de outros
herdeiros. No caso de direito de crédito, se alguém renuncia esse direito subjetivo, que é
correlato a uma obrigação, dessa forma a esfera jurídica de quem possuía a obrigação é
diretamente afetada, apesar de ser unilateral, todavia no plano da eficácia, quando a
renúncia repercurte diretamente na esfera jurídica de outrém, é necessária a anuência desse.
AULA 18/09
-Agente capaz
Capacidade dos agentes é o primeiro requisito de validade. Capacidade é aquela
habilidade de manifestar vontade por si próprio, se autodeterminar pela vontade. Capacidade de
compreendendo a realidade, manifestar sozinho sua vontade. O negócio jurídico pois é a espécie de
fato jurídico tem a vontade tanto no plano da existência quanto da validade, o negócio jurídico,
partindo de perspectiva normativista, é a criação de uma norma, uma autonormatização pelos agente
do negócio, dessa forma, pressupõe-se a capacidade de compreensão da realidade e
autodeterminação pela vontade frente a ela pelos agentes que celebram o negócio. Se o agente
emissor da vontade de celebra o negócio é incapaz, o negócio apesar de existir é inválido. Existem
dois níveis de incapacidade, absolutamente e relativamente incapazes, sendo absolutamente
incapazes apenas os menor de 16 anos, ou seja, aqueles que até 2015 figuravam como
completamente incapazes, como no caso de doença mental ou por causa transitória não conseguem
exprimir a vontade são hoje considerados relativamente incapazes, ou seja, o ordenamento ainda dá
relevância à vontade dessa pessoas, mas com a necessidade de assistência para a definição e
expressão da vontade, já os absolutamente necessitam de representante. Observamos que o
ordenamento supre o mecanismo de expressão da vontade para os incapazes, a fim de se manterem
capazes de celebrar fatos jurídicos. A representação ou assistência suprem a incapacidade.
Tratando agora de representação, sendo a assistência, representação em lato sensu,
envolve necessariamente dois sujeitos: representado e representante. A estrutura da representação é
de que o representado é o titular da vontade, ele então possui o aspecto anímico, todavia a vontade
do representado é manifestada pelo representante, tecnicamente então é uma vontade do
representado mas manifestada pelo representante. Quando falamos dos absolutamente incapazes,
ainda sim a vontade é do representado, mas a ordem jurídica define que o mesmo não possui
capacidade alguma de exprimir vontade. Se em caso concreto o representante pratica atos contra o
interesse do representado, são atos inválidos para o negócio jurídico. Isso nos mostra que em uma
representação, o representante age no interesse do representado e em nome do mesmo.
Representação é quando o representante age em nome e pelo interesse do representado. Um
exemplo é a representação processual, no qual o advogado assume a posição de procurador do seu
cliente, agindo em nome e no interesse do cliente. Já na substituição processual, o substituto age em
nome próprio e no interesse do substituído, como no caso do Ministério Público, que entra com
processo por interesse alheio e em nome próprio. Existem dois tipos de representação:
1.Representação legal: representação definida por lei, como no caso de pais que são representantes
por excelência dos filhos menores, representação de pessoa natural, ou seja, a mesma possui
vontade própria, todavia incapaz de exprimí-la segundo o ordenamento, ou representante legal de
pessoa jurídica definida pela lei como a pessoa indicada ou se não houver indicação é o
administrador da mesma. Representante legal do espólio é o inventariante. No caso de pessoa não
natural, são ficções jurídicas já que não lhe é próprio o aspecto anímico, sendo os representantes
responsáveis por definir a vontade. 2.Representação convencional: fruto da vontade, ou seja, tipo de
negócio jurídico, criado pela vontade e cuja eficácia é definida pela mesma. Quando falamos de
representação muito importante saber o que o representante pode fazer em nome do representado,
definida pelo tipo de representação, se legal ou convencional, havendo definição legal dos limites
de cada tipo de representação. Quando o representante celebra negócio jurídico aquém dos limites
definidos legalmente ou convencionalmente, o negócio jurídico é inválido, já que a manifestação de
vontade do representante não tem sede na vontade do representado. Representante que age aquém
dos poderes a ele destinados pela representação é defindo como ultra vires. Representação
convencional é em regra um negócio jurídico não solene, ou seja, pode-se celebrar o negócio
jurídico sem forma específica, podendo ser por escrito ou oral, pública ou privada, todavia em
situações específicas que a lei faz uma exigência quanto à forma dessa representação. Em alguns
casos, é exigido que seja formalizada por escrito, pelo instrumento da procuração, a representação
convencional. Na procuração está definido o representante e representado, além dos poderes
outorgados ao representante e de eventual prazo de duração da mesma, pode ser procuração privada,
entre as partes ou pública, na qual o tabelião presencia a celebração do negócio e o documento é
uma escritura pública. Curatela aplicável para aqueles que possuem qualquer decréscimo à sua
capacidade mesmo que maiores. Então é relevante, ficar atento à definição de representação e os
poderes delegados pela mesma. Se quem celebra o negócio com o representante, sabe ou deveria
saber dos limites de representação e o negócio vai além dos poderes outorgados os representate, é
constatada má-fé objetiva da pessoa com quem o negócio foi celebrado, sendo considerado inválido
a boa-fé objetiva do representante, leva a boa-fé subjetiva da pessoa com quem ele negocia, ou seja,
a partir do comportamento do representante se define se o negociante deveria saber dos limites dos
poderes outorgados a sua representação, se tem que nessas situações excepcionais, a ordem jurídica
em nome da boa-fé permite a representação aparente, aquela que de acordo com um cenário de boa-
fé objetiva que gerou no outro negociante boa-fé subjetiva, vai privilegiar-se quem negociou em
boa-fé, reconhecendo o negócio jurídico como válido pela força da boa-fé, dessa forma, a pessoa
jurídica vai responder pelo seu negócio gerado por representação aparente como se fosse
representação convencional. Pressupõe que a pessoa deve ser responsável por explicitar
publicamente seus representados, suportando ônus da existência de um representante aparente, que
a partir da boa-fé de outro negociante, celebra negócio jurídico Representação nos arts. 115-120,
Código Civil. Incapaz, pode definir um representante convencional? Não sozinho, mas a partir de
um representate legal é possível realizar negócio jurídico que crie representação convencional.
Pergunta para a próxima aula
Afinal o que é a legitimidade? Já falamos de personalidade, depois de capacidade, agora
trataremos de legitimidade.
-Objeto lícito
Os requisitos em relação ao objeto referem-se à sua licitude, ou seja, o objeto do
negócio jurídico deve ser lícito, não contrário aos bons costumes, à ordem pública, à boa-fé
e à função social ou econômica de um instituto.
AULA 25/09
-Forma prescrita ou não vedada em lei
Legislador busca dar mas segurança à relação negocial, ao definir forma prescrita
para a celebração do negócio jurídico. Em outras situações, legislador proíbe (veda) certa
forma à celebração de categoria de negócio jurídico. Busca reduzir as dúvidas em relação à
manifestação de vontade.
-Vontade livre e de boa-fé
Vontade precisa ser o que a gente chama livre e de boa-fé Vimos que o princípio que
norteia a autonomia é a liberdade, sendo uma manifestação de liberdade. Sujeito livre tem
condição de se autodeterminar quanto à realidade capaz de manifestar vontade
(autorregulamentação). Ou seja, para que de fato existe vontade livre, exercício de
autonomia privada é indispensável que o sujeito o faça de maneira livre, com capacidade de
reconhecimento da realidade e capacidade de autodeterminação frente à mesma. Podemos
concordar que existem situações que gerar prejuízos à liberdade uma vez que a manifestação
de vontade não condiz com o que o sujeito queria. Manifestação da vontade perde sua
essência, liberdade. Fez por erro, ou por coação, não porque de fato queria, fruto de sua
autonomia. Essas ocorrências afetam o plano da validade. Reverbera em uma invalidade do
negócio jurídico. O legislador tipificou de modo taxativo as situações em que vícios dessa
vontade livre afetam a validade do negócio. Chamados vícios de consentimento. Essa
vontade não é ilimitada, existe a boa-fé como um dos princípios basilares que conforma a
vontade. Passando de modelo da autonomia da vontade para autonomia privada, precisa
além de ser livre, ser conforme a boa-fé objetiva, comportamento médio esperado em
situação equivalente. Pode ser que em dado negócio, a manifestação de vontade seja fruto da
liberdade, todavia os fazem de modo contrário à boa-fé, fugindo da honestidade
comportamental, quando isso acontece, mesmo não havendo vício no consentimento afeta a
validade do negócio jurídico, a partir de vícios sociais. A preocupação do ordenamento se dá
na preocupação com o outro, passando de perspectiva individualista para uma solidária, faz
com que o negócio jurídico não dig tão somente às pessoas que celebram o negócio, tem que
condizer com a boa-fé a fim de resguardar quaisquer outras pessoas de prejuízo. Todavia, a
rigor não foca no prejuízo, mas sim na boa-fé objetiva. Os vícios de consementimento são
erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, já vícios sociais, falaremos de simulação, fraude
contra credores. Falando desses erros, já dizemos que a ocorrência desses implica na
invalidade do negócio jurídico. Exame escalonado, com o plano da existência sendo
pressuposto dos demais, quando inexiste o negócio não gera nenhum efeito jurídico.O que
inexiste é um “nada”. Já a invalidade, tem repercurssão na cessação dos efeitos dos negócios
jurídicos, todavia existe algo interessante. O negócio jurídico inválido por ser celebrado por
incapaz, sujeito de 15 anos celebrou um negócio de compra e venda, os efeitos desse
negócio se mantém até a descoberta da invalidade do mesmo, que determina a cessação
desses efeitos. Diferença entre inexistência e invalidade, inexistência não gera efeitos,
invalidade gera até o reconhecimento da mesma. E quanto aos efeitos anteriores ao
reconhecimento da invalidade do negócio, invalidade tem caráter ex tunc, ou seja, age nos
efeitos anteriores ao reconhecimento da invalidade. Art. 182, CC, recompor status quo se
impossibilitado por conta de limitações fáticas, devem gerar situação de reparação
equivalente a do status quo.
Ex tunc (retroativo) x Ex nunc (efeitos daqui para frente)
Diferença teórica substancial. Inexistência não se admite nenhum efeito, já o inválido
primeiro já preencheu a existência, gera alguns efeitos até o reconhecimento da invalidade.
Observamos que o que é inválido excepcionalmente pode gerar efeitos, inexistência nunca
gera efeitos, é essa a grande diferença entre inexistência e invalidade nos planos dos
negócios jurídicos. Ex.: Casamento putativo, no qual uma pessoa casada se casa de novo,
havendo vício nesse segundo casamento, objeto do negócio é ilícito, todavia o cônjuge do
segundo casamento não sabia do primeiro casamento, estava ali de boa-fé. É um casamento
inválido, todavia a ordem jurídica preserva efeitos próprios do casamento para esse
casamento inválido. Falaremos de situações que embora inválidas, preservam alguns efeitos,
em nome da boa-fé e de sua proteção. Invalidade, o negócio jurídico deixará de ter efeito de
maneirar ex tunc (a regra), como se o negócio inexistisse, todavia excepcionalmente
preserva algum direito. O plano da validade diz respeito à conformidade do negócio com o
ordenamento, a partir dos objetivos aos elementos do negócio jurídico. Nosso sistema
jurídico, identifica que essa não conformidade com o ordenamento pode ter níveis. Em
matéria de ordem pública, que preserva interesse público maior, por exemplo de proteger
alguns grupos específicos de pessoas, existem regras que visam atender esse interesse, no
direito civil o legislador identifica que aquilo que violar norma de ordem público, violar
imeditamente interesse público, tem invalidade mais grave, nulidade absoluta ou nulidade,
consequência imediata, já aquilo que violar imediatamente um interesse privado, é uma
invalidade menos grave, nulidade relativa ou anulabilidade, consequência possível. Nulo =
anulável. Efeitos ex tunc são em ambos, as utilidades práticas dessa diferenciação são as
seguintes, algo nulo, nulidade absoluta, qualquer pessoa pode suscitar a nulidade, qualquer
do público (interesse) pode questionar a validade do negócio jurídico, juiz tem o dever de se
pronunciar acerca das matérias de ordem público, magistrado age de ofício, no sentido de
que ele age sem ter sido provocado, ou poderia ter agido sem ser provocado. Se diante de
um negócio jurídico nulo, ainda que as partes discutam acerca do negócio, qualquer um
pode alegar a invalidade do negócio. Em contraponto com a nulidade relativa, que diz
respeito a interesse privado, apenas quem teve esse interesse lesionado pode suscitar a
invalidade e, consequente, anulabilidade do negócio. Outra distinção significativa são os
efeitos do tempo sobre dada relação jurídica. Em nome da segurança jurídica, a regra em
nosso sistema é de que os efeitos do tempo atuem sobre relações para conferir-lhes
estabilidade. Por isso, temos a prescrição e decadência, prescritibilidade. Quando prescreve,
quando alguém não exerce expectativa de direito, acabando por prescrever, direito subjetivo
prescreve, já o potestativo entra em decadência. O direito de buscar o reconhecimento de
uma invalidade, é potestativo, direito exercido frente ao judiciário de reconhecimento dessa
invalidade, dessa forma, em regra sofre efeitos do tempo pela decadência. Se não é exercido
o direito de reconhecer a invalidade o direito entra em decadência, todavia essa regra só se
aplica aos negócios anuláveis, nulidade relativa, o tempo serve para consertar negócios
anuláveis a fim de gerar segurança jurídica, estabilidade nas relações jurídicas. O anulável
convalesce com o tempo, ou seja, o direito de anular o negócio por sua invalidade caduca
com o tempo, prazo decadencial, em regra, contado a partir da celebração, por entrar em
decadência não podendo ser mais exercido. Já nos negócios nulos, nulidade absoluta, em
nome do interesse público lesionado, excepcionalmente fugimos de nossa regra que o tempo
impõe efeitos na estabilização de relações jurídicas. Por último, quando se fala de
anulabilidade, tratamos de direito privado lesionado, o inválido pode se tornar válido pela
ação do tempo, prazo decadencial, também pode ser tornado válido a partir da ratificação, ou
seja, aceitação do vício pelas partes. Estamos falando do capítulo V, da invalidade do
negócio jurídico. Importante, art. 168, nulo, proibido ou defeso no código (nulidade
absoluta). Ex.: art. 171, fala de anulável (nulidade relativa). Art. 172, ratificação que
anulabilidade admite, pode ser confirmada pelas partes, o negócio jurídico. Art. 178, prazo
decadencial de 4 anos, direito potestativo, para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
nas hipóteses do artigo. Qual fato que determina o início da contagem do tempo de acordo
com a espécie de crime. Art. 179, quando determinado ato for anulável, sem prazo para
pleitear a anulação, será de 2 anos, casos não previstos no 178. Art. 182, efeitos ex tunc, de
restituição de status quo ou indenização equivalente.
AULA 02/10
Continuação
Nulidade
Em regime jurídico de direito público não existem situações de anulabilidade, mas sempre nulidade.
Muitas das situações criam perrogativas do poder público que ganha impacto direto no regime de
invalidade.
Em processo civil, característica de um negócio processual é ser um instrumento à serviço de um
direito material, já que a grande regra do regime de invalidade é a verificação ou não de um
prejuízo. REESCREVER
-V, for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade. Em
regra, negócios jurídicos são não solenes, ou seja, a manifestação de vontade tenha sua
forma livre, só que, existem situações que o legislador determina, em nome da segurança
jurídico, a forma da manifestação de vontade e, em alguns, solenidade. Quando falamos de
forma, é aquilo que podemos analisar em perspectiva isolada (expressa ou tácita), já
solenidade é um desencadeamento de atos que o legislador exige para a prática de
determinado ato ou negócio. Testamento privado, forma é escrita em papel, todavia para ser
válido, legislador exige desencadeamento de atos na produção do testamento, que o testador
leia o testamento na presença das testemunhas e seja assinado por elas. Já em testamento
público deve ser validado na presença de um tabelião que possui fé pública. Lei 8212 (lei
previdenciária, seguridade social e outras providências) prevê em seu artigo 47, exigida
certidão negativa de débito, para com o INSS para os seguintes casos, na obra da construção
civil no registro de imóveis. Art. 48, prática de ato com inobservância no artigo anterior,
responsabilidade solidária dos contratantes, inclusive o tabelião, nulo o ato para todos os
efeitos. Para alguns deveria ser hipótese de ineficácia, não de invalidade. Julgamento STF, a
partir de orientação do CNJ, no sentido de que essa previsão não prevê requisito de forma ou
solenidade prevista para a validade de um ato jurídico, e se o objeto ilícito gera frutos e
acessórios, como se trata toda a cadeia?
- VI, objetivo de fraudar lei imperativa = simulação;
-VII, a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Art. 168, nulidades alegadas por qualquer interessado ou ministério público, pronunciadas pelo juiz.
Art. 169, negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do
tempo.
CC, 02 define a simulação como hipótese de nulidade absoluta, já no CC 16, simulação era hipótese
de anulabilidade.
Art. 171, hipóteses de anulabilidade, colocar asterisco na parte de fraude contra credor:
-I, incapacidade relativa;
-II, vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Vícios de consentimento.
Arts. 172 a 174, negócio anulável confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro, confirmação
deve conter substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo, escusada a
confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que
o inquinava (única forma de declaração tácita que enseja a confirmação, convalescimento do
negócio anulável). Art. 175, confirmação importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que
contra ele dispusesse o devedor. (Renúncia de qualquer pretensão [exceção nome dado à defesa] de
exercício do direito potestativo de requerimento da anulação de negócio anulável. Art. 176,
anulabilidade resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
Art. 496 Venda de ascendente para descendente, deve ter a anuência do outro(s) descendentes, se
não é anulável.
Quando existe prejuízo material além do erro do negócio jurídico nulo, o direito de ser ressarcido
pelo prejuízo é subjetivo, surgindo nesse momento pretensão de ressarcimento. Se 13 anos depois,
tentar exercer, o prazo máximo geral de 10 anos da prescrição já foi atingido, prescrição da
pretensão de ressarcimento, assim que exista o prejuízo.
Art. 169, negócio nulo não convalesce com o tempo.
AULA 05/10
Vícios de consentimento
Vontade não manifestada de forma livre. Vícios de consentimento mas também os vícios
sociais. Problema no plano de validade no momento de sua gênese, de sua celebração. Se distingue
de uma situação de revisão, caso de onerosidade excessiva, já que essa não está no momento da
gênese do negócio jurídico.
-Erro
Doutrina tecnicamente distingue erro de ignorância. Todavia o legislador ignorou
essa distinção. Erro é falsa representação da realidade, já a ignorância é desconhecimento da
legislaçã. Existe uma vontade real diferente da manifestada que se dá por um engano. Erro é
um vício eminentemente unilateral, o próprio sujeito que declarou a vontade distinta da real
que se enganou, bastante diferente da situação na qual uma pessoa induz outra em erro, que
é o dolo. Quem tem legitimidade para arguir o erro é quem foi vítima do mesmo, art. 178,
CC, prazo decadencial de 4 anos para arguição do erro por quem foi vítima. Após
determinada a invalidade do negócio por conta de erro se desfaz o negócio a fim de se
reestabelecer o status quo. Primeiro requisito para o erro com vício de consentimento, deve
recair sobre elemento substancial do negócio jurídico. Art. 139, CC, substancial I. quando
interessa à natureza do negócio, o objeto principal da declaração ou algumas das qualidades
a eles essenciais; II. concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se
refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; III sendo
de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
negócio jurídico.
Retomando a classificação de negócios jurídicos, vimos a classificação de Antonio
Junqueira, elementos gerais, categoriais e acidental, os elementos substancias se encontram
dentro dos elementos gerais ou categoriais. Se o erro recai sobre elemento acidental, não é
caracterizado o vício de consentimento que invalida o negócio jurídico. Mas ai temos o art.
140, CC, o falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante, o “porquê” da realização do negócio jurídico, em regra, não é substancial ao
negócio jurídico, sendo elemento secundário. O legislador alça elemento secundário ao nível
de elemento substancial, para que se caracterize vício de consentimento no caso de erro em
relação ao motivo, quando ele é colocado expressamente, escrita ou verbal, contemporânea à
celebração do negócio, como razão determinante do negócio jurídico. Art. 166, nulidade
absoluta, fala de motivo determinante comum a todas as partes, ou seja, bilateralidade do
motivo determinante, além de ser motivo ilícito.
Todavia, vejamos a parte final do art. 138, CC, anuláveis negócios quando as
declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa
de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. No Código de 16, o que
encontravamos na doutrina e jurisprudência, que para a caracterização do vício de
consentimento pelo erro, teria de ser erro que recaísse sobre elemento substancial, além de
ser excusável (descupável), já no CC/02, a doutrina, tendo em vista que o CC 02 positiva a
boa-fé objetiva, esse poderia ser percebido é ordem direcionada a outro negociante,
inicialmente aos agentes do negócio, se ele deveria saber que eu estava em erro, o erro
continua sendo unilateral, incorrendo a invalidade do negócio jurídico. Jurisprudência, já
temos muitos julgados que repercutem esse entendimento atual do erro. Todavia, muitos dos
profissionais foram formados à luz do Código Civil de 16. Artigos posteriores trazem as
consequências da anulabilidade, possibilidade de ratificação, também possibilidade de
execução do negócio na conformidade da vontade real também o valida.
-Dolo
Erro provocado por alguém. Dolo omissivo se pratica de forma consciente, não devia
saber, mas sim sabia e permitiu que a outra parte incorresse em erro. Temos manifestação de
vontade diferente da real, enquanto no erro decorre de um engano da própria pessoa, no dolo
decorre de um ardil, consciente de alguém que de modo fraudulento induz o outro em erro.
Dolo é bilateral, pode ser realizado pelo outro negociante, induzindo o erro o outro
negociante. Pode ser também o já citado dolo omissivo. Mas também, pode ser um dolo
cometido por um terceiro, alheio ao negócio jurídico, nesse caso temos de pensar, que se foi
o próprio negociante que agiu dolosamente sem dúvida será invalidado o negócio, agora, no
caso de terceiro que agiu de modo doloso, invalidar o negócio jurídico será feito em
detrimento ao outro negociante, situação idêntica ao que falamos de erro, será invalidado se
o outro negociante sabia ou deveria saber que o agente com quem negociava estava
incorrendo em erro. Importante que fique claro, duas situações ligadas mas distintas.
Estamos falando de invalidação do negócio jurídico, na qual se reestabelece o status quo,
mas pode ser que esse negócio jurídico viciado tenha causado prejuízo à vítima. Então temos
a invalidade e a reparação das perdas e danos, a última é responsablidade civil proporcional
ao dano. Pode ser que o negócio jurídico doloso além de viciado tenha causado prejuízo à
vítima, aquele que praticou o prejuízo a partir do dolo terá o dever de reparar. No caso de
dolo de terceiro quando o outro negociante não sabia nem devia saber o negócio é mantido,
validado, todavia se houver prejuízos a quem incorreu em erro, o terceiro que agiu com dolo
tem dever de reparar as perdas e danos. Art. 178, II, tem prazo decadencial a arguição de
anulabilidade de 4 anos, já a reparação civil tem prazo prescricional de 10 anos. No caso de
dolo do representante o legislador trata como o representado devia saber, negócio é
invalidado, no caso de representação convencional o dever de ressarcir recaem
solidariamente sobre representante e representado, já no caso de representante legal, art.
149, CC, responde o representado até o montante do proveito gerado, o restante deve ressarcir o
representante. Dolo também deve ser sobre elemento substancial ou motivo determinante do
negócio jurídico, mesmo sendo dolo sobre elemento acidental pode gerar prejuízo, não
ensejando invalidade do negócio, mas sim dever de reparar o dano gerado, o que prevê, o
artigo 146. Art. 150, se ambas procederem com dolo nenhuma das partes pode alegá-lo para
anular o negócio, existe divergência no entendimento, quem segue a literalidade da lei,
posição majoritária, também quem afirme fazer interpretação sistemática, compensando os
dolos, quando forem de mesma espécie que repercutiram em prejuízos quantitativamente
equivalentes.
AULA 09/10
Art.6º, LINDB, lei nova não age em direito adquirido, coisa julgada (decisão de mérito
transitada em julgado, recursos exauridos) e ato jurídico perfeito (aquele que preenche todos os
elementos de existência e requisitos de validade), sendo os dois últimos fontes de direito adquirido.
Negócio jurídico simulado em 1995, em 2003 entra em vigor CC/02. Preencheu elementos de
existência mas não de validade, todavia em 1999 por não ter sido arguida sua invalidade, negócio
convalesceu se tornando negócio jurídico perfeito.
Já o negócio jurídico que no passado era nulo (ex plenamente incapaz), a partir de 2015 pela
lei em vigor seria anulável. Negócio se torna anulável? Assunto controvertido. Qual a regra do
nosso direito? A retroatividade com as exceções do art. 6 da LINDB ou a irretroatividade acerca do
direito material?
Comentários acerca do art. 2035, CC, e sua constitucionalidade. Ler também sobre
retroatividade da lei no direito processual (formal).
-Coação
-Conceito
Também ocorre vício de consentimento, havendo diferença da vontade real e
manifestada, mas a partir de atitude violenta, não ardilosa, que a vontade real do
coagido é alterada. Pode ser realizada tanto pelo outro negociante quando por
terceiro, dessa forma se caracteriza por sua bilateralidade.
-Espécies
Absoluta, física e irresistível, que é unilateral, ou moral, relativa e
compulsiva. A física enseja inexistência do negócio jurídico, já que não haveria
sequer vontade manifestada, mas sim forçada. A invalidade é ensejada apenas pela
coação moral, que é propriamente vício de consentimento e o qual trataremos na
aula.
-Requisitos
Art. 151, CC, a coação para viciar a declaração de vontade deve gerar
fundado temor de dano (injusto, caracterizado pelo uso abusivo do direito) iminente e
considerável à pessoa, famíia ou bens. Deve ser dano atual ou iminente e gerar medo
fundamentado no sujeito. Par único = se o dano for em relação a pessoa não parente
da pessoa, deverá o juiz analisar as circunstâncias a fim de caracterizar a coação ou
não. Art. 153, não se considera coação o exercício regular do direito e o temor
referencial. O último, diz respeito a temor específico que o sujeito tem de alguém,
sem a pessoa tê-lo provocado. Existem situações nas quais existe o temor referencial
mas existe uma ameaça de dano também advinda da pessoa, se configurando, dessa
forma, o dolo. Art. 152, CC, ao magistrado apreciar a coação ter-se-ão em conta
sexo, idade, condição, saúde, temperamento do paciente e todas demais
circunstâncias que possam influir em sua gravidade. Art. 154,CC, vicia o negócio
juridico a coação de terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte que
tem proveito, respondendo solidariamente ao terceiro pelas perdas e danos. Art. 155,
CC, subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a
que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação
responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
-Lesão
Vício característico dos negócios jurídicos bilaterais (2 vontades declaradas para a
consumação do negócio jurídico), mais especificamente dos contratos bilaterais que geram
deveres de prestação e contraprestação. Lesão é ofensa ao sinalagma genético, ao tempo da
consumação do negócio existe manifesta desproporcionalidade, desequilíbrio, entre as
prestações recíprocas, assim a vontade manifestada é viciada, diferindo da real.
-Requisitos
Requisito objetivo é a manifesta desproporcionalidade entre as prestações ao
tempo da celebração do negócio jurídico.
Requisitos subjetivos definem os três tipos de lesões previstos em 3 diplomas
legais. A partir da Lei de Economia Popular, tem-se a lesão usurária, no qual o
requisito subjetvo é o dolo de aproveitamento, o negociante que se aproveita deve ter
ciência da manifesta desproporcionalidade, configura crime e enseja a nulidade
absoluta do negócio jurídico. Já no Código de Defesa do Consumidor está prevista a
lesão consumerista, no art. 51, IV, necessita apenas do elemento objetivo, subjetivo
pressuposto absolutamente pela hipossuficiência do consumidor, enseja a nulidade
absoluta. Por último, no Código Civil, art. 157, a lesão tem elemento subjetivo
analisado na vítima de premente necessidade ou inexperiência, a partir da boa-fé, a
outra parte deveria alertá-lo acerca da manifesta despropocionalidade entre as
prestações, enseja a anulabilidade, assim sujeito aos efeitos do tempo no
convalescimento do negócio atingido por essa lesão.
-Consequências
Lesões repercutem no plano da validade, tendo consequências determinadas
pelo tipo de lesão.
-Cabimento
Lesão se aplica a contratos bilaterais, manifestação de vontade de duas parte e
prestações recíprocas entre as mesmas. Também encontramos que a lesão em
negócios cumutativos (os quais ao tempo de sua celebração se tem ciência das
prestações e contraprestações) para que se configure a lesão deve existir na gênese do
negócio jurídico, assim, não ocorrendo no negócio jurídico aleatório, no qual
alguma(s) da(s) prestação(ões) está sujeito ao aleo, incerta, dependendo de outros
fatores para se concretizar. Em parte é verdade, mas apenas se no negócio aleatório a
lesão for acerca apenas da prestação aleatória, que se configura enquanto risco
assumido pelo negociante, ela não é configurada enquanto vício de consentimento,
diferente dos negócios aleatórios nos quais a manifesta desproporcionalidade reside
em cláusulas alheias às prestações aleatórias.
-Estado de perigo
-Conceito
Art. 156, CC, assim como a lesão não tinha previsão no CC/16. Muito embora vício
de consentimento, é vício que tem previsão justificada por mudança paradigmática do direito
civil, solidarista e altruísta, que definiu o Estado de perigo enquanto tal. Temos vontade real
diferente da manifestada, diferença se dá de modo consciente pelo emitente da vontade, a
vítima, diferente da lesão a diferença não é fruto de desconhecimento ou inexperiência.
Diferença que também repercute em uma desproporção entre prestação e constraprestação,
todavia a razão de ser dessa diferença é o que se chama de estado de perigo, ou seja, sujeito
aceitou o negócio demasiado oneroso daquela forma na premida necessidade de salvar-se ou
alguém da família, de grave dano conhecido pela outra parte. Se não for familiar juiz
decidirá com base nas circunstâncias. Lesão civil não exige dolo de aproveitamento, que a
outra parte tenha conhecimento da desproporção, da mesma forma no estado de perigo não
se exige que a outra parte tenha conhecimento da situação de perigo e da demasiada
desproporcionalidade, mas sim do estado de perigo apenas. Estado de perigo não pode
justificar o anadimplamento, dessa forma, visto com bastante parcimônia, não apenas à boa
fé, mas sem prejuízo às obrigações decorrentes do negócio jurídico. Na saúde o dever de
ofício, tem obrigação de fazer atendimento emergencial, ainda que o sujeito não tenha
condição de pagar.
-Alienações fraudulentas
Temos em nosso sistema não apenas a fraude contra credor como alienação
fraudulenta, sendo a fraude alienação pois alienação do patrimônio onerosa ou gratuita é
fraudulenta pois frauda a satisfação do crédito por um dos negócios. Temos outra alienações
fraudulentas, situação em que se está cobrando judicialmente o devedor por conta do crédito,
devedor faz alienação do patrimônio em prejuízo à satisfação do crédito, definida assim, no
momento que a divida já está sendo cobrada judicialmente ocorre a fraude contra execução,
sendo esta mais grave à fraude contra credor, ao ser fraude contrária à efetividade da
prestação jurisdicional, assim além de lesar o credor, lesa o próprio Estado no exercício de
sua prestação jurisdicional, assim sendo mais grave tem requisitos mais criteriosos. Mais
grave que ambas aliienações fraudulentas é a fraude contra a penhora, ato processual
executivo, quando em fase de execução judiciário impõe constrição sobre determinado bem
a fim de vincular bem à satisfação de determinado crédito, assim, atividade executiva do
Estado está em curso em fase avançada, crédito reconhecido e o Estado iniciando execução
da dívida na penhora, e mesmo em meio a isso o indivíduo faz alienação fraudulenta. Bem
penhorado não está indisponível, ou seja, pode ser comprado, todavia bem penhorado
continuará respondendo à execução, todavia, quando alienação gera prejuízo à penhora e
satisfação do crédito, pela perda de valor da coisa, caracterizada a fraude contra a penhora.
-Requisitos
Para que essa alienação feita seja fraude ao crédito do terceiro, imprescindìvel que o
crédito do terceiro preexista à alienação apontada enquanto fraudulenta. Primeiro requisito é
a anterioridade, art. 158 §2º, CC,do crédito à alienação dita fraudulenta, assim, se uma
pessoa que assume crédito de outra, devedor realizou alienação anterior à assunção do
crédito por outra pessoa mas posterior ao seu surgimento configurada a fraude ao credor, a
não ser que a modificação subjetiva do crédito seja novação, na qual a relação é renovada,
surgindo nova. Se existe crédito condicional, ou seja, ainda não exigível ou mesmo
existente, a rigor não podemos ter fraude contra credor, mas Esther vai encaminhar decisão
do STJ que relativiza essa regra. Outro requisito é o evento danoso, ou seja, essa alienação
que levou à insolvência ou agravou a insolvência do devedor, ou seja, evento deve ser
danoso à solvência do crédito pelo devedor, crédito quirografário, ou seja, crédito que tem
como garantia todo o patrimônio do devedor, não existe garantia real, independente da
liquidez do patrimônio mais difícil. Fraude contra credor também se passa na situação em
que os credores possuem garantia real. Art. 158, CC, negócios de transmissão gratuita de
bens ou remissão de dívidas, se os praticar por devedor já insolvente ou por ele reduzido à
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados por credore quirografários, como
lesivos dos seus direitos, poderão também anulá-los credores com garantia real. Outro
requisito é o consilium fraudis.
-Alienações gratuitas
Não necessita do consilium fraudis para constituir a fraude contra credor.
Art. 163, garantia de dívidas que algum devedor insolvente dá a credor, no caso de
concurso de credores presumem-se constituir fraude.
-Inexistência ou ineficácia.
Negócio inexistente não gera efeitos nem pode gerar, já o negócio inválido, tanto
nulo quanto anulável, implica no retorno ao status quo, se desfaz o negócio como se não
existisse. Invalidade excepcionalmente pode gerar efeitos em nome da boa-fé, já a
inexistência não comporta isso. Ineficácia absoluta quando o negócio não gera efeitos pois
não cumpriu o fator de eficácia, testamento de quem não morreu, ou então temos a ineficácia
relativa, na qual o negócio não gera efeitos especificamente a uma pessoa. Ciência do
direito conhece todas essas perspectivas, muito bem desenvolvido pelas teoria do fato
jurídico e do negócio jurídico, desenvolvida na Alemanha. Fraude contra credor pode estar
no plano da validade, dessa forma ocorrendo, o negócio é inválido sendo reestabelecido o
status quo. Já se alocado ao plano da eficácia, no caso de ineficácia relativa, temos a
ineficácia do negócio em relação a uma pessoa, assim, teríamos a reparação do crédito ao
credor que sofreu a fraude feita por quem recebeu a alienação do devedor, mantendo-se o
negócio. Legislador trata fraude contra credor é anulável, ou seja, no plano da validade.
Art.159, igualmente anuláveis aos gratuitos, os onerosos. A ineficácia busca equilibrar mais
a satisfação das partes, ao atender o credor que reconheceu a fraude, bem como o outro
negociante, que pode manter o negócio jurídico, satisfazendo o outro credor e gerando
dívida entre ele e o devedor, outro negociante, a ineficácia relativa é permitida quando ainda
não existe processo de insolvência do devedor com concurso de credores. Relembrando que
a opção positivada em nosso ordenamento é a de invalidade, apesar de parte da doutrina
defender a ineficácia relativa. Quem defenda essa mudança na legislação, ainda, quem
defenda à luz de nossa legislação atual a solução da ineficácia com recursos de processo
civil, posição da professora é de que a mudança deve ser legiferendo, tendo em vista que
alçada do processo não poder ir além dos limites impostos pelo direito material, apesar de
haverem julgados no sentido de ineficácia relativa na fraude contra credores. Art. 182,CC,
reestabelecer status quo quando possível, se não serão indenizadas como equivalente.
-Ação pauliana
O reconhecimento da fraude contra credor deve ser feita por decisão judicial em ação
própria com pedido o reconhecimento da fraude contra credor, ou seja, necessita pedido.
Não se pode reconhecê-la incidentalmente no processo. A ação é a ação pauliana, não possui
nome no processo, são apenas procedimentos ordinários ou especial. A ação pauliana é uma
ação ordinária, mais comum dos processos de encadeamento de atos. Pode ser chamada
também de ação ordinária, mas historicamente essa ação que tratava da fraude contra credor
se chama ação pauliana, advinda de Roma, desenvolvida pelo Praetor Paulo. Fase postularia,
instrutória e decisória, nas ações ordinárias como se encadeam os atos nos processo. Só o
credor pode arguir a ação pauliana. Já a legitimidade passiva, art. 161, CC, os réus, são as
partes do negócio fraudulenta e alguém que tiver adquirido, adquirintes de má-fé, podem
ser atingidos pela invalidade, sendo réu legitimado. Processo é relação jurídica, tem-se
sujeito e autor, polo ativo e passivo, no polo passivo, se existem várias pessoas, essas todas
do mesmo polo são liticonsortes, podem ser facultativo e o necessário, o último é
imprescindível que todos eles estejam na relação jurídica processual para validá-la, já no
facultativo podem estar presente ou não, não definindo a validade. O polo passivo da ação
pauliana são todos liticonsortes necessários. Na solidariedade existe liticonsortes
facultativos, pois pode-se cobrar de um ou de todos. Provimento que é a decisão judicial vai
implicar na invalidade, presente no nosso direito, ou ineficácia relativa para quem entende
ser aplicável à luz de nosso ordenamento. Prazo decandecial de 4 anos, que nem todos
negócio anuláveis, tempo convalesce. Súmula 195, STJ, diz que em embargos de terceiro
não se anula fato jurídico por fraude contra credor.
-Simulação
-Conceito
Outro vício social muito frequente na prática, a simulação. Na simulação tal
qual nos vícios de consentimento, a vontade real é diferente da manifestada, mas
diferentemente dos vícios de consentimento, essa diferença é consciente é querida,
desejada.
-Requisitos
-Proposital = vontade real e vontade manifestada
Diferença entre a vontade real e vontade manifestada é conhecida e proposital
pela partes.
-Intenção de iludir terceiros
A intenção de iludir terceiros configura a contrariedade à boa-fé objetiva. É
hipótese de nulidade absoluta, art. 167, CC, no CC/16 era anulável.
-Hipóteses
-Simulação inocente
Iludir pode ter duas vertentes, iludir prejudicando ou sem prejudicar, de modo
inocente, sem querer que outra pessoa soubesse, iludí-la mas geram prejuízo ao
terceiro, comum em certas relações de família. Havendo dois tipos de simulação,
danosa e a inocente. CC/16, previa no artigo 103, a simulação não se considerará
defeito quando não houver intenção de prejudicar terceiros ou agir de maneira ilícita,
assim não considerado vício a simulação inocente. O CC/02 não reproduziu, a
simulação inocente pelo legislador não ter especificado incide em nulidade. Todavia,
quem fundamente que a simulação inocente, Caio Mário, ao não ir de encontro a
boa-fé objetiva ao não prejudicar terceiro deve ser mantido o negócio.
AULA 23/10
Confirmação
Convalescença Convalidação
Convalescimento
-Plano da eficácia
Neste plano, falamos dos direitos e obrigações determinadas por força da vontade ou lei.
Mas falando de ato jurídico stricto sensu tudo que acontece no plano da eficácia decorre só da lei,
para ser classificado como negócio, a vontade pode escolher direito ou obrigação, ainda que
algumas decorram de lei. Plano da existência é premissa, exame escalonado, em regra, para gerar
efeitos necessário que seja válido. Fatores de eficácia, são fatores que determinam a eficácia do
negócio, clásulas negócios que são, fruto da manifestação da vontade, analisando-os como tal, na
classificação de Antônio Junqueira, temos os elementos particulares, fatores de eficácia são
elementos particulares ou acidentais do negócio, que sua falta não desnatura o negócio,
excepcionalmente temos negócios que esses elementos configuram-se enquanto categoriais, como
no caso do testamento. Esse fatores podem ser:
-Elementos acidentais/particulares
-Condição
Conceito
Art. 121. conceito de condição. Também é evento futuro como todos fatores
de eficácia. São fatores de eficácia os quais não existe certeza de sua ocorrência,
mas sim é uma possibilidade, evento incerto. Até ser realizada a condição
suspensiva o direito não existem, diferente do termo, que apenas trás a pretensão
de exercício de direito já existente. Também pertinente, que a prescrição ao agir
sobre o direito subjetivo não retira o direito, mas sim sua pretensão de exercício.
Já a decadência age sobre direito potestativa retirando o próprio direito. Quando
estamos diante de direito sujeito a condição suspensiva, enquanto não
implementada a condição não há direito.
Espécies
Existem duas espécies de condição. Suspensiva, art. 125, CC impossibilita a
produção dos efeitos até que o evento futuro e incerto seja realizado, logo, não
haverá aquisição do direito antes do implemento da condição. Já a resolutiva
extingue o direito após a ocorrência do evento futuro e incerto, ou seja, cessa para
o beneficiário a aquisição dos direitos anteriormente garantidos, arts. 127 e 128,
CC.
Ônus do réu, de quem nega o direito, provar fato modificativa, impeditivo ou
extintivo do direito, ou seja, provar a condição resolutiva, que não permite o
exercício do direito pelo autor. Já o autor, quem reclama o direito, possuí o ônus
da prova da condição suspensiva que deu início ao direito, assim provar fato
constitutiva do direito. Condição suspensiva é fato constitutivo do direito do autor.
Além dessas duas espécies, podemos falar também em condição válida ou
inválida, ai diz o legislador, art. 122 lícitas em geral todas as condições não
contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas
se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao
puro arbítrio de uma das partes.
Condição juridicamente impossível, quando é ilícita, vedada por lei,
especificamente, no artigo citado, se refere às condições que retiram
completamente os efeitos do negócio jurídico, ainda, condição sujeita a vontade
de apenas uma das partes, condição potestativa. Condição resolutiva possui efeitos
ex nunc, não retroage, eficácia superveniente. Reputa-se verificado quanto aos
efeitos jurídicos a condição cujo implemente for maliciosa obstado pela parte que
os desfavoreceu. Também, se age maliciosamente para efetivar condição
resolutiva. Art. 129, CC. Se diante de condição inválida o negócio jurídico como
um todo é inválido ? Se for condição suspensiva invalida o negócio jurídico é
desfeito, retornando ao status quo, se diante de condição resolutiva, que invalida
negócio como um todo, negócio é completamente desfeito, efeito. Arts. 123, 124.
Art. 123.Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:I- as
condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II- as
condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;III- as condições incompreensíveis ou
contraditórias. Art. 124, CC, têm se por inexistente as condições impossíveis,
quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. Caso, seja a condição não
substancial, ou seja, acessória, acidental, nulidade do negócio é parcial, já se
substancial o negócio é invalidado. Se clásula resolutiva for retirada e negócio se
manter, ambas partes podem pleitear a extinção do negócio jurídico.
-Termo
Conceito
Fatores de eficácia dizem respeito a um evento futuro, obviamente. Assim,
necessariamente é o termo evento futuro, mas sua grande nota distintiva frente a
condição, termo é evento futuro certo, ou seja, certeza de que vá ocorrer, assim a
morte é um termo, assim como datas. Termo não precisa ter certeza ao momento
do acontecimento, mas a certeza de sua ocorrência. Termos comumente utilizados
são as datas. Art. 132, CC, salvo disposição legal ou convencional em sentido
contrário, contabiliza-se os prazos excluindo o dia inicial e incluindo o dia do
vencimento. Dia do vencimento cair em feriado considerar-se-á prorrogado o
prazo até o seguinte dia útil. Decadência não se sujeita a suspensão ou
interrupção, nem mesmo interrupção. Art. 132, §3º, os prazos de meses e anos
expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata
correspondência. §4º, os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
§2º, meado, considera-se em qualquer mês em seu 15º dia. Processo civil prazo
começa a contar no primeiro dia útil subsequente à intimação. Temos além dos
processos físicos, temos os chamados processos eletrônica, lei 11419 regulamento
este tipo de processo. Fala que o sujeito é intimidado eletronicamento pela
expedição pelo sistema de intimação, enviado ao e-mail cadastrado pelo
indivíduo. Quando o indivíduo lê a intimação consuma-se a intimação, dez dias
após, mesmo não lendo a intimação, ocorre initimação tácita, visto que o
legislador estipulou prazo suficiente para que qualquer pessoa possa ler um e-
mail, todavia contados não dias apenas úteis, mais quaisquer dias. Primeiro lugar
é o contrato, ver se não previu já sobre a contagem de tempo, depois o código de
processo civil e código civil, além das leis específicas sobre certos procedimentos.
Prazo decadencial para ajuizar ação rescisória de 2 anos.
Espécies
Temos dois tipos, termo inicial (a quo) e final (ad quen). Inicial determina o
início dos efeitos a partir deste termo, já no final, o termo determina a cessação
dos efeitos, se estabelece o evento como marco final dos efeitos do negócio.
AULA 30/10
Quando estudamos os planos da eficácia, nos manuais são tratados três questões:
condição, termo e encargo.
-Encargo
Encargo é elemento acidental, não é da essência de nenhum tipo negocial.
Não é tecnicamente fator de eficácia como a condição e o termo. Então, o encargo
tecnicamente falando uma obrigação, assim, situado no plano de eficácia. Encargo
como elemento acidental pode ser previsto no negócio, todavia, pode ser previstos
apenas naqueles negócios jurídicos marcados pela liberalidade, gratuitos, uma das
partes sendo beneficiária de obrigação que outra parte assume. Encargo não é
obrigação suficiente para desnaturar essa gratuidade, é bom obrigação
necessariamente inferior que aquela que o agente recebe em benefício.
Tecnicamente o encargo é um ônus, para poder usufruir do benefício que recebe
no negócio. Testamento é negócio jurídico com a marca da liberalidade, vez que
os beneficiários apenas tem vantagens, todavia pode o testador estipular ônus.
Encargo é o que o beneficiário presta em benefício do próprio instituidor do
encargo, no caso de negócio inter vivos, da pessoa que aquele instituidor
estabelecer, tanto natural quanto jurídica, pode ser em benefício de coletividade,
inclusive, também, podendo ser animais. No máximo testamentário pode
estabelecer encargo em favor de animais. Art. 136, CC, encargo não suspende
aquisição nem exercício do direito, salvo quando expressamente exposto pelo
disponente como condição suspensiva, adotando-se o regime desta. Se encargo
não é cumprido, negócio gera efeitos, todavia temos inadimplemento, encargo
tendo marca da exigibilidade, possível que beneficiário do encargo exija de que
possui a obrigação o adimplemento, tanto o disponente ou possíveis
representantes de seu direito, quanto se for em favor da coletividade pode o
Ministério Público exigir. Art. 555, revogada a doação por ingratidão do donatário
ou por inexecução do encargo, prazo decadencial, revogação pleiteada dentro de 1
ano, depois de tomada ciência do inadimplemento, art. 559. Doação onerosa pode
ser inexecutada pelo inadimplemento de encargo, podendo o donatário estabelecer
prazo para que este seja cumprido, art. 560, CC. Não é válido encargo ilícito ou
impossível. Art. 137, CC, considera-se não válido o encargo a não ser quando
motivo determinante do negócio, que enseja a invalidade do negócio jurídico,
encargo com grau de substancialidade. Sinônimo de encargo é modo. Não é
possível encargo em negócios jurídicos que não tenham esta marca da
liberalidade, ou seja, onerosos, se for oneroso, o encargo compõe a onerosidade
enquanto obrigação.
Falando um pouco de prova, provar diz respeito à prática de determinados atos que
visam confirmar fato alegado, objeto da prova é a alegação de um fato, cuja veracidade
possua controvérsia por outra parte. Ou seja, fatos incontroversos não precisam ser
objeto de prova, previsto no CPC. Fatos notórios também não são objeto de prova.
Repercute em nosso estudo negócio, pois falando de negócios não solenes, deve se fazer
forma de negócio não solene se houver controvérsia sobre a existência do negócio. Já
falando da forma substancial do negócios, será objeto de prova o negócio acerca de qual
forma adotada na celebração do negócio se houver controvérsia acerca da validade dos
negócios jurídicos. Prova no contexto de processo é basilar o direito ao contraditório, ou
seja, oportunizar à parte a manifestação e oportunizar que essa manifestação seja
inserida de modo a influenciar na decisão do julgador acerca da provação do fato
alegado. Última referência no processo civil, matéria probatória é chamada de ônus da
prova, direcionada à parte que realizou a alegação a ser provada. Condição suspensiva é
fato constitutivo do direito do autor, já condição resolutiva é ensejada pelo réu, vez que
é fato extintivo do direito do autor. Ônus da prova é regra de julgamento, se autor não
produz prova de fato constitutivo de seu direito este não pode ser obrigado à fazê-lo,
assim regra do ônus da prova é do julgamento, definindo a procedência da ação. Ônus
da prova distribuído entre as partes, dependendo da alegação, todavia o juiz pode
ensejar a produção de provas, iniciativa probatória, o que não dá é a exigência ao juiz
dessa determinação probatória, juiz não é obrigado à fazê-lo. Variações da regra do ônus
da prova. CDC é lei material processual, art. 6, direitos básicos do consumidor, VIII,
facilitação de defesa de seus direitos inclusive com inversão do ônus da prova em seu
favor quando a critério do juiz for verossímil a alegação ou seja a parte hipossuficiente,
segundo regras ordinárias de experiência. Existe hieraquia das provas? Historicamente
falou-se da confissão em processo como sendo a senhora das provas, mas foi superado,
estabelecendo-se em processo civil o que se diz tradicionalmente que não existe
hierarquia de provas a priori, in abstrato, decidindo-se a partir do livre convencimento
motivado. Não existe tarifação de provas, todavia, se problematiza em povas técnicas
como o exame de DNA negativo. Art. 1860, CC, exige-se que o testador seja capaz ou
relativamente incapaz e, ainda, pleno discernimento da natureza do ato, este
discernimento é tema técnico. Testamento, em regra quase absoluta, é escrito, sendo
privado ou público. Pode-se realizar perícia acerca da veracidade do documento
testamentário. Sentença baseada em probabilidade, determinada enquanto liminar, o
nível da medida provisória que determina o nível exigido da probabilidade da certeza.
Buscaremos informações para isso do Processo Civil no direito material.
-Ineficácia
-Revogação
-Resolução
AULA 09/11
Conceito
A referência a norma jurídica é em sentido em amplo, ou seja, tudo com conteúdo normativo
quando desrespeitado configura o ilícito. O negócio jurídico possui normatividade, assim, ilícito
pode ser desrespeito a norma estabelecida em negócio jurídico.
-Ilícito contratual
Ou ilícito negocial, se for norma autonôma, fruto da autonomia, negocialmente
imposta que foi desrepeitada. Dever previsto em negócio jurídico desrespeitada, existe
presunção relativa de culpa em matéria de ilícito contratual.
-Ilícito extracontratual
Ou ilícito extranegocial, quando norma heterônoma, posta por terceiro, é
desrespeitada. Essa suma divisio tem sua ratio nas consequências e regras específicas à luz
desta diferenciação, presunção de inocência em matéria de ilícito extracontratual.Sub divisio
própria do direito privado.
Abuso de direito
Art. 187, CC, ocorre antijuricidade não é da conduta em si, mas na medida de seu exercício.
Boa-fé objetiva que é o parâmetro de aferição do abuso do direito.
Tutela inibitória
Impedir o dano de acontecer.
AULA 13/11
Prescrição e decadência
Fator tempo
Metodologicamente estudamos a ciência do direito a partir da relação jurídica (é a pedra
angular).
As relações humanas (e jurídicas) se situam num dado espaço tempo. O fator tempo é de
extrema relevância pois é um fato jurídico que repercute nas relações jurídicas – criando ou
extinguindo relações, direitos.
Princípio da Segurança Jurídica – tem alto grau de abstração, então é preciso dar uma certa
concretude a ele. E isso depende do tempo, pois o que se entendia como segurança jurídica há 100
anos, e.g., não é o que se entende por hoje.
Característica mais relevante: Previsibilidade – condições de prever uma
consequência a acontecer no futuro. Como se prevê? Por meio das normas que se enquadram
no Estado Democrático de Direito.
No século 18, a característica mais relevante da segurança jurídica já era a
previsilibdade, mas com foco também na manutenção do status quo.
Hoje, a segurança jurídica se realiza também com previsibilidade e com a
manutenção do status quo, mas só é possível quando a sociedade fomenta a realização dos
direitos.
Ex.: Arthur deve a Esther 10 mil reais e devia tê-la pagado em 30 de setembro, mas não o fez.
Esther tem um crédito exigível, mas que está inadimplente. Se esse estado das coisas perdura
durante determinado tempo, o legislador diz que é necessário dar estabilidade a essa relação
jurídica, em nome da segurança jurídica. Preserva-se a situação de fato em nome da manutenção do
status quo, da estabilidade.
Prescrição
Conceito – é a perda da pretensão relacionada a um direito em razão do não exercício dessa
pretensão por um determinado tempo. Acaba sendo uma defesa que o devedor tem.
Requisitos
a. Inércia quando ao exercício da pretensão - o sujeito não age, se mantém no estado em que
estava;
b. Tempo.
Resultado – perda da pretensão.
Fórmula – inércia + tempo = perda da pretensão.
Pretensão é diferente de direito – pode haver direito e não haver a pretensão (quando não é
exigível ou não há inadimplemento, ou prescreveu).Importante salientar que a prescrição mata a
pretensão, não o direito (não pode-se exigir a satisfação da obrigação, mas se o devedor quiser me
cumprir, não há impedimento).
Não podemos confundir pretensão com direito de ação – este significa simplesmente acionar
o judiciário (ajuizar uma ação). Esse direito pode ser exercido mesmo sem que se tenha um direito
material. Assim, pode-se exercê-lo mesmo sem a pretensão. Esse direito de ação acaba por ser o
corpo por meio do qual se exerce a pretensão.
Ex.: Celebrou com Arthur um negócio jurídico, onde dia 30/09 ele deverá pagála 50 mil
reais. Havia um fator de eficácia (elemento acidental): um termo inicial. O direito de crédito já
existia na data da celebração? Sim. Então, o direito de crédito existe, mas só é exigível a partir de
30/09. Quando se chega nessa data, passa a ser exigível e, se Arthur realiza o pagamento, não existe
a pretensão.
Direitos sujeitos à prescrição: direitos subjetivos. Porém, há alguns direitos subjetivos que
prescrevem e outros que não prescrevem. Quem vai dizer quais prescrevem? O legislador - a regra é
prescrever.
Direito subjetivo é aquele que para sua satisfação é necessário o comportamento de alguém
no sentido de cumprir uma obrigação (há pretensão). Já o direito potestativo é aquele em que não há
exigência de comportamento para a satisfação do direito (não há pretensão) – ex.: direitos de
personalidade – direito ao nome.
Muitas vezes, porém, um direito potestativo gera um direito subjetivo. Direito potestativo:
direito de reclamar a invalidade de um negócio jurídico – Direito subjetivo: direito de ter
determinada obrigação, decorrente da caracterização da invalidação, satisfeita.
Situações que não sofrem efeitos do tempo – (artigo 2013 do CC e artigo 37, §5º)
AULA 20/11
Continuação: Prescrição
Efeito aliada a inércia quanto a pretensão, enseja a perda da pretensão, retira do direito a sua
exigibilidade. A questão é qual o tempo?
Termo inicial
-Teoria da actio nata
Definição do termo inicial na contagem da prescrição dá se nome de Teoria da actio
nata (nascimento da ação). Esta teoria tem dois vieses, um objetivo e outro subjetivo.
Teorias objetivas estamos preocupados com o que permite uma verificação mais uniforme
independente de peculiaridades dos sujeitos envolvidos. A teoria objetiva da actio nata
define que o termo inicial na contagem do prazo prescricional é quando nasce a pretensão,
ou seja, é necessário que o sujeito tenha o direito, que este seja exigível e ocorra
inadimplemento, existindo pretensão, no caso de dívida inicia a contagem no dia
subsequente ao dia de início da exigibilidade, vez que assim estará inadimplente o devedor,
a parte majoritária da doutrina segue a teoria objetiva. Já a teoria subjetiva da actio nata
propõe que o prazo prescricional deve correr apenas após o credor tomar ciência de sua
pretensão, quando titular do direito toma ciência de sua pretensão, como no caso de seguro,
no qual quando o indivíduo toma ciência do que pode sua pretensão exigir assim começa a
correr o prazo prescricional, previsto na própria legislação, ainda tema sobre doença laboral,
ou seja, quando o indivíduo toma ciência da doença gerada por seu trabalho, assim começa a
correr o prazo prescricional sobre sua pretensão de exigibilidade. Quando o legislador prevê
a teoria subjetiva deve ser esta a aplicada, já quando não há previsão, em regra, deve-se
aplicar a teoria objetiva. Súmula 278, STJ, termo inicial do prazo prescricional, na ação
indenizatória, é a data que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral. A
objetiva é mais utilizada pois é mais segura, em nome da segurança jurídica. No caso de
dever de reparar por ação culposa, tem termo inicial do prazo prescricional quando os
elementos objetivos necessários ao surgimento do dever de reparar, surgindo a pretensão. Já
se ocorre o dano, mas o titular alega não ter conhecimento de que o dano efetivamente
ocorreu, ou que fora determinado sujeito, assim têm-se tentativa de aplicar a teoria actio nata
subjetiva, as vezes aceita pelo magistrado, a regra é teoria objetiva, mas pode-se pesquisar
pelo que a doutrina ou jurisprudência têm determinado. Art. 189, CC, arts. 205 e 206.
Exceção prescreve no mesmo tempo da pretensão, art. 190, CC. Art. 191, CC, renúncia da
prescrição pode ser expressa ou tácita
-Art. 197/198/199
Causas suspensivas
Art. 199, I e II, impede o surgimento da pretensão quando não implementada
condição suspensiva ou ainda não ultimado termo inicial. No caso de condição o
direito ainda não existe, já no termo não há exigibilidade do direito já adquirido,
em ambos não ocorrendo actio nata objetiva. III, pendendo ação de eviccção,
quando o sujeito perde propriedade de bem e esta foi determinado ou por ato
administrativo ou decisão judicial que possui como causa fato anterior a própria
aquisição do bem.
-Art. 202
Causas interruptivas
Mais comuns que a suspensivas, já que não possuem particularidades de relações
jurídicas, geralmente envolvendo ato judicial. Interrupção da prescrição, podendo
ocorrer apenas uma vez. I, por despacho do juiz mesmo incompetente que ordenar
a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.
Efeito interruptivo que tem o despacho do juiz retroage ao momento de
ajuizamento da ação, vem que a prescrição tem a ver com a inércia do credor, não
dos órgãos judiciários, aplica-se ao momento do despacho pois a ação pode ser
manifestamente descabida, não ensejando a interrupção. II, por protesto, nas
condições do inciso antecedente, não é cobrança direta, mas ressalva, que serve a
intorromper prazo prescricional, ação judicial de protesto. III, por protesto
cambial, aquele feito no cartório de protesto, no qual se protesta através de
documento, sendo este extrajudicial. IV, pela apresentação do título de crédito em
juízo de inventário ou em concurso de credores, devedor morre, credor vai ao
inventário cobrar a dívida frente ao espólio, mesma coisa, se credor apresente este
título em concurso de credores, no caso de empresário é a falência, se não o for é
insolvência civil. V, por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor, o
devedor estará constituindo em mora quando se tem débito vez que não tem
validade, notifica-se o sujeito de forma judicial e este não adimple o débito
existente. VI, ato extrajudicial, qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial,
que importe o reconhecimento do direito pelo devedor. § único, prescrição
interrompida recomeça a correr da dara do ato que a interrompeu, ou do último ato
do processo para interromper.
Art. 203, a prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado. Arts. 203 e
204, trata de obrigações solidários e divisíveis ou indivísíveis, interrupção da
prestação por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção
operada contra o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aps demais
coobrigados. Exceções nos §§§, 1º no caso de credor ou devedor solidário,
envolve respectivamente seus credores solidários e devedores solidários; 2º
interrupção contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os demais
herdeiros ou devedores, se não quando obrigações indivisíveis; 3º, por último,
interrupção contra principal fiador prejudica o fiador.
AULA 30/11
Prazo prescricional
*Prescrição intercorrente
Decadência
2. Espécies
2.1. Legal: Prazos fixados em lei irrenunciável pelas partes, podendo ser conhecido de
ofício.
2.2. Convencional: prazos fixados pelas partes pode ser renunciado, não podendo ser
reconhecido de ofício.
3. Interrupção/suspensão