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Introdução

RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS

A Resistência dos Materiais é o ramo da Mecânica dos Corpos Deformáveis que se propõe,
basicamente, a selecionar os materiais de construção e estabelecer as proporções e as dimensões dos
elementos para uma estrutura ou máquina, a fim de capacitá-las a cumprir suas finalidades, com
segurança, confiabilidade, durabilidade e em condições econômicas. 1
A capacidade de um elemento (em uma estrutura ou máquina) de resistir à ruína é chamada de
resistência do elemento e constitui o problema principal para a análise de resistência. A limitação das
deformações, em muitos casos, se torna necessária para atender a requisitos de confiabilidade
(deformações exageradas podem ser confundidas com falta de segurança) ou precisão (caso de
máquinas operatrizes ou ferramentas).
A capacidade de um elemento reagir às deformações é chamada de rigidez do elemento. Muitas
vezes, apesar de os elementos estruturais satisfazerem aos requisitos de resistência e de rigidez sob a
ação das cargas, a estrutura, como um todo, não é capaz de manter o estado de equilíbrio, por
instabilidade.
A estabilidade das estruturas é outro problema a ser analisado. Estados perigosos provocados
por descontinuidades na geometria dos elementos (concentração de tensões), por cargas alternativas
(ressonância e fadiga do material) e por cargas dinâmicas (choque mecânico) também devem ser
analisados criteriosamente quando se trata de resistência dos materiais.
A escolha dos materiais, das proporções e das dimensões dos elementos de construção deve
ser feita baseada em critérios de otimização, visando, invariavelmente, a custos mínimos, menores
pesos (fundamental na indústria aeronáutica), facilidade de fabricação, de montagem, manutenção e
reparo.
Na solução de seus problemas básicos, a Resistência dos Materiais estabelece modelos
matemáticos simplificados (esquemas de cálculo) para descrever a complexa realidade física, permitindo
uma fácil resolução dos problemas, obtendo-se resultados aproximados que, posteriormente, são
corrigidos através de coeficientes que levam em conta as simplificações feitas. Esses coeficientes de
correção (coeficientes de segurança) são estabelecidos experimentalmente e muitas vezes arbitrados
por Normas Técnicas ou em função da habilidade e experiência do projetista.
A solução de problemas mais complexos, para os quais os esquemas simplificados da
Resistência dos Materiais não se enquadram, é em geral tratada pela Teoria da Elasticidade (outro
ramo da Mecânica dos Corpos Deformáveis que se propõe a solucionar os mesmos problemas da
Resistência dos Materiais, porém através da utilização de métodos matemáticos mais complexos, mas
de maior abrangência).

MATERIAL DE APOIO - RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS 1 PROFª VANESSA SILVA


Capítulo 1
1.1. CONCEITOS BÁSICOS

Em sua maioria, as construções e as máquinas são muito complicadas quanto às características


dos materiais, a forma e geometria dos elementos estruturais, tipos de carregamento, vinculação etc. e,
a menos que sejam estabelecidos esquemas de cálculo e hipóteses simplificadoras, a análise dos
problemas seria impraticável. 2
A validade de tais hipóteses é constatada experimentalmente:

A) Quanto aos Materiais


Os materiais serão supostos contínuos (ausência de imperfeições, bolhas, etc.) homogêneos
(iguais propriedades em todos os seus pontos), e isótropos (iguais propriedades em todas as direções).
Essas hipóteses permitem aplicar as técnicas elementares do cálculo infinitesimal para a solução
matemática dos problemas, no entanto, deve-se ter cautela quanto à sua aplicação para certos materiais
de construção (como o concreto ou a madeira), ou materiais de estrutura cristalina (como o granito)
cujas características heterogêneas e anisotrópicas levariam a resultados apenas aproximados.
Outra suposição frequentemente utilizada é de que os materiais são perfeitamente elásticos,
sofrendo deformações cuja extensão é proporcional aos esforços a que estão submetidos, retornando
às dimensões originais quando cessam esses esforços.

B) Quando à Geometria dos Elementos Estruturais


Os elementos estruturais serão reduzidos aos seguintes modelos simplificados:
• RETICULADAS – Quando uma dimensão predomina em relação às outras duas dimensões.
Também são classificadas como BARRAS, que podem ter seção prismática ou circular.
Exemplo: pilares e vigas.
• LAMINARES – Quando duas dimensões predominam em relação a sua outra dimensão.
Também são classificadas como CHAPAS ou CASCAS. Exemplo: paredes, lajes.
• TRIDIMENSIONAIS – Quando nenhuma dimensão é predominante. Também são
classificadas como BLOCOS. Exemplo: Blocos de fundação, alguns tipos de barragem.
A resistência dos materiais elementar propõe métodos para resolução de problemas envolvendo
elementos estruturais do tipo barras. Estudos mais avançados solucionam alguns problemas relativos
às chapas e o estudo dos blocos não é tratado pela resistência dos materiais, devendo-se recorrer aos
métodos da Teoria da Elasticidade.

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Fig. 1.1. – Classificação dos elementos estruturais quanto a sua geometria.

C) Quanto ao Carregamento
Os esforços que atuam nas estruturas podem representados através de modelos simplificados:
• FORÇAS DISTRIBUÍDAS – em volumes (como a ação gravitacional, como as forças de
inércia nos corpos acelerados), em superfícies (como a ação de esforços sobre placas, a
ação da pressão de fluidos, p = dF/dA) e em linha (como a ação ao longo de vigas, q =
dF/dx);
• FORÇAS CONCENTRADAS – ações localizadas em áreas de pequena extensão quando
comparadas com as dimensões do corpo. Percebe-se que tal conceito (uma força
concentrada em um ponto) é, na verdade, uma abstração já que, para uma área de contato
praticamente nula, uma força finita provocaria uma pressão ilimitada, o que nenhum material
seria capaz de suportar sem se romper.

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Fig. 1.2. – Tipos de Carregamento: forças distribuídas (a) em volumes,


(b) em superfícies, (c) em linha; (d) forças concentradas.

D) Quanto aos Vínculos


Os vínculos são dispositivos mecânicos que impedem certos movimentos da estrutura ou
máquina, através de esforços reativos cujos tipos são estudados nos cursos de Mecânica dos Corpos
Rígidos. Para o caso particular e muito comum de esforços coplanares, os vínculos são classificados
em três categorias:
• APOIO MÓVEL OU APOIO DE PRIMEIRO GÊNERO – Capaz de impedir o movimento do
ponto vinculado do corpo em uma direção pré-determinada (horizontal ou vertical);
• APOIO FIXO OU APOIO DE SEGUNDO GÊNERO – Capaz de impedir qualquer movimento
do ponto vinculado do corpo em todas as direções, porém não impede que haja rotação;
• ENGASTAMENTO OU APOIO DE TERCEIRO GÊNERO – Capaz de impedir qualquer
movimento do ponto vinculado do corpo em todas as direções, além de impedir que haja
rotação do ponto.

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Fig. 1.3. – Tipos de vínculos e reações de apoio associadas aos mesmos.

E) Inexistência de Esforços Iniciais


Nos processos de conformação e tratamento térmico dos materiais (fundição, usinagem,
laminação, forjamento, embutimento, têmpera, etc.) surgem esforços localizados cuja presença não será
considerada em neste estudo. Supõe-se que não existam esforços iniciais no corpo antes de seu
carregamento. Quando existirem fortes razões para que tais esforços precisem ser considerados, eles
serão determinados experimentalmente.

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1.2. ESFORÇOS

Os esforços que atuam sobre um sistema material ou parte de uma estrutura podem ser
classificados segundo o quadro abaixo:

1.2.1. Esforços Externos


São os esforços que atuam no sistema material em análise (por contato ou ação à
distância) oriundos da ação de outro sistema tais como, o peso próprio, a ação do vento, esforços
vinculares, etc.
Os esforços ativos são classificados em permanentes quando atuam constantemente sobre
a estrutura (como seu peso próprio) e acidentais quando atuam de forma transitória (o efeito do
vento nas construções, carga de partida das máquinas, etc.). Esses esforços são em geral
conhecidos a priori por meio das Normas Técnicas vigentes ou requisitos para o projeto.
No projeto de novas estruturas o peso próprio é inicialmente desconhecido já que as
dimensões das partes não estão ainda estabelecidas. O peso próprio é levado em conta nesses
casos a partir de um peso estimado e utilizando-se um método de cálculo iterativo, rapidamente
convergente.
Os esforços produzidos pelos vínculos, também externos, são denominados de esforços
reativos, ou reações dos apoios, sendo determinados pelas equações da estática que regem o
equilíbrio das forças sobre um corpo em repouso que, no caso de carregamentos coplanares, se
reduzem a:
ΣFx = 0 ΣFy = 0 ΣMz = 0
Quando o número de reações vinculares desconhecidas se iguala o número de equações
da estática utilizáveis, a estrutura é dita isostática (ou estaticamente determinada). Caso o
número de reações seja superior ao número de equações disponíveis, diz-se que a estrutura é
hiperestática. A determinação dos esforços reativos nessas estruturas estaticamente
indeterminadas é feito utilizando-se equações suplementares que caracterizem a compatibilidade
de deformações.

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1.2.2. Esforços Internos
Os esforços internos são os esforços oriundos da ação de uma parte da estrutura ou
elemento estrutural, sobre outra parte da estrutura, por contato.
Para o caso de elementos em forma de barras (caso mais comumente tratado pela
resistência dos materiais), se analisam os esforços internos atuantes em uma seção transversal
(perpendicular ao eixo da barra) e se reconhece que a ação de uma parte da barra sobre a outra
pode ser reduzida a uma força F e a um conjugado de momento G.
Ao se decompor estes dois esforços na direção do eixo da barra (direção normal) e no
plano da seção (direção tangente), obtém-se os chamados esforços seccionais (ou solicitantes):
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Fig. 1.4. – Esforços Seccionais ou Solicitantes.

A determinação dos esforços seccionais é feita, da mesma forma que os esforços reativos,
através das equações da estática, analisando o equilíbrio dos esforços que atuam na parte da estrutura
que foi hipoteticamente secionada.

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Capítulo 2
TENSÕES

Seja um corpo submetido a um carregamento externo qualquer.

Ao seccionar-se o corpo observa-se a distribuição de cargas internas e considera-se a área de


seccionamento subdividida em pequenas áreas, como a área ΔA.

Duas hipóteses devem ser consideradas:


• Material Contínuo – Apresenta uma distribuição uniforme da matéria sem vazios.
• Material Coeso – Todas as suas partes são perfeitamente conectadas, não apresentando
falhas, trincas ou separações.

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2.1. CONCEITO FUNDAMENTAL

O carregamento atuante sobre o corpo pode ser expresso como uma força finita, típica e
bastante pequena, ΔF, atuante sobre sua área associada ΔA. ΔF tem direção única e pode ser
substituída por suas duas componentes ΔFn e ΔFt, cujas direções são, respectivamente, normal e
tangencial à área.
A intensidade da força interna sobre um plano específico (área) que passa por um ponto pode
ser descrita como TENSÃO.
9
2.1.1. Tensão Normal
A intensidade da força por unidade de área, atuante perpendicularmente à área ΔA, é
definida como tensão normal, s (sigma) e pode ser expressa como:
∆𝐹𝑛
𝜎 = lim
∆𝐴→0 ∆𝐴
Se a tensão “puxar” o elemento de área ΔA ela é denominada tensão trativa, porém, se
“empurrar” o elemento de área ΔA, ela é denominada tensão compressiva.
A orientação da área ΔA define a direção de ΔFn, que será sempre perpendicular à área.

2.1.2. Tensão Cisalhante


A intensidade da força por unidade de área, atuante na direção tangente à área ΔA, é
definida como tensão cisalhante, t (tau) e pode ser expressa como:
∆𝐹𝑡
𝜏 = lim
∆𝐴→0 ∆𝐴

A força ΔFt pode atuar segundo infinitas direções tangentes ao plano da área.

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2.2. ESTADO DE TENSÕES

Tomando como referência os eixos coordenados x, y e z, a tensão pode ser decomposta segundo
suas componentes retangulares, neste caso ΔA= Δx Δy e ΔF é decomposta em três componentes
cartesianas.

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• Componentes Normais de Tensão

∆𝐹𝑥 ∆𝐹𝑦 ∆𝐹𝑧


𝜎𝑥 = lim 𝜎𝑦 = lim 𝜎𝑧 = lim
∆𝐴→0 ∆𝐴 ∆𝐴→0 ∆𝐴 ∆𝐴→0 ∆𝐴

• Componentes Cisalhantes de Tensão

∆𝐹𝑦 ∆𝐹𝑧 ∆𝐹𝑥


𝜏𝑥𝑦 = lim 𝜏𝑥𝑧 = lim 𝜏𝑦𝑥 = lim
∆𝐴→0 ∆𝐴 ∆𝐴→0 ∆𝐴 ∆𝐴→0 ∆𝐴

∆𝐹𝑧 ∆𝐹𝑧 ∆𝐹𝑦


𝜏𝑦𝑧 = lim 𝜏𝑧𝑥 = lim 𝜏𝑧𝑦 = lim
∆𝐴→0 ∆𝐴 ∆𝐴→0 ∆𝐴 ∆𝐴→0 ∆𝐴

Seccionando um elemento de modo que se obtenha um volume elementar cúbico de material,


para cada face de cubo verifica-se uma componente de tensão normal e duas componentes de tensão
cisalhante, que representam o Estado de Tensões atuante no entorno do ponto escolhido do corpo.
Embora cada uma das seis faces do elemento possua três componentes de tensões, se a tensão
em torno do ponto for constante, algumas dessas componentes podem ser relacionadas para satisfazer
o equilíbrio de forças e momentos do elemento.

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2.3. ESTADO DE TENSÕES

O estado de tensões em um corpo é caracterizado por seis componentes independentes: três


tensões normais, σx, σy e σz e três tensões cisalhantes txy, txz e tyz.
Essas seis componentes dependem apenas da orientação do elemento, pois a distribuição da
força atuante sobre um plano de seccionamento através do corpo depende da orientação desse plano.
Ou seja, existe um único conjunto de seis componentes de tensões que descreve o estado de tensões
para cada orientação particular do elemento em um ponto.
A unidade de medida das tensões normais e cisalhamento é Pa (Pascal) ou N/m2. 11

2.3.1. Componentes de Tensão Normal

Aplicando a equação de equilíbrio de forças na direção x:

De forma similar, para um estado de tensão constante, cada uma das três componentes
de tensão normal deve ser igual em módulo à sua correspondente de mesma direção, porém
com sentidos opostos, sy=sy’ e sz=sz’.

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2.3.2. Componentes de Tensão Cisalhante

Aplicando a equação de equilíbrio de forças na direção x:

De forma similar, o equilíbrio na direção y fornece txy = t’xy.


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Calculando-se os momentos em relação ao eixo z, tem-se:

Uma análise igual para as demais componentes resulta em:

Pode-se concluir que os pares de tensões cisalhantes atuantes em faces adjacentes do


elemento devem ter o mesmo módulo e ser orientados no sentido de aproximarem-se do vértice
do elemento ou afastarem-se dele. Esta condição é algumas vezes referida como propriedade
complementar do cisalhamento.

2.4. TENSÃO MÉDIA

2.4.1. Tensão Normal Média


Seja uma barra carregada axialmente, considerando as seguintes hipóteses:
• A barra é prismática: todas as seções retas da barra são idênticas;
• O peso da barra é desprezado;

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• A força resultante interna atuante na área da seção reta deve ser igual em módulo,
sentido oposto e colinear com a força externa;
• A barra deve permanecer reta antes e depois da aplicação da carga;
• A seção transversal permanece plana durante a deformação, ou seja a barra é
deformada uniformemente quando carregada;
• Análise apenas na distribuição da tensão nas regiões do meio da barra;
• Material homogêneo, que tem as mesmas propriedades em todas as direções
físicas e mecânicas ao longo de seu volume;
• Material isotrópico, que tem a mesma propriedade em todas as direções. 13

Ao admitir-se que a barra está sujeita a uma deformação uniforme, esta deformação será
causada por uma tensão normal constante, s, uniformemente distribuída sobre a seção transversal da
barra.

Uma vez que cada área ΔA desta seção está sujeita a uma força ΔF=sA, a soma dessas forças
atuantes sobre toda a área da seção transversal deve ser equivalente à força interna resultante, P, da
seção.
Resumindo, um carregamento axial, P, atuante nas extremidades de uma barra prismática reta
homogênea e passando pelo centroide da área de sua seção reta causará uma distribuição uniforme de
tensão normal sobre esta área.
Pode ocorrer, ocasionalmente, da barra estar sujeita à várias cargas externas ao longo de seu
eixo ou pode ocorrer uma variação na área de sua seção reta. Como resultado, a tensão normal no
interior da barra poderá ser diferente de uma seção para a seguinte e, para determinar-se a tensão
normal média máxima deve se obter a localização onde a relação P/A é máxima. Para isso é necessário
determinar a força interna P para várias seções ao longo da barra.

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𝑃
𝜎𝑚𝑒𝑑 =
𝐴

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Como convenção de sinais, P será positiva se causar tração no elemento e negativa se causar
uma compressão no mesmo.

Exemplo 2.4.1: Seja a estrutura abaixo projetada para resistir ao esforço de 30kN. A estrutura é
composta por uma barra de seção transversal retangular de 30x50 mm e uma barra de seção transversal
circular de diâmetro igual a 20 mm e possui extremidades achatadas de seção transversal 20x40 mm.
Ambas as barras estão conectadas por um pino em B e são suportadas por pinos e suportes nos pontos
A e C, respectivamente.
Supondo o pino pelo qual é suspensa a carga tenha forma de U, a barra retangular seja suportada no
apoio A por um pino preso em um suporte duplo e a barra circular seja conectada ao apoio C por um
suporte simples, onde todos os pinos têm 25 mm de diâmetro, qual a tensão normal criada em ambas
as barras devido ao carregamento?

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a) Diagrama de Corpo Livre da Estrutura

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b) Reações de Apoio

∑ 𝑀𝐶 = 0 𝐴𝑥 (0,6 𝑚) − (30 𝑘𝑁). (0,8 𝑚) = 0 → 𝐴𝑥 = +40 𝑘𝑁

∑ 𝐹𝑥 = 0 𝐴𝑥 + 𝐶𝑥 = 0 → 𝐶𝑥 = −𝐴𝑥 → 𝐶𝑥 = −40 𝑘𝑁

∑ 𝐹𝑦 = 0 𝐴𝑦 + 𝐶𝑦 − 30 𝑘𝑁 = 0 → 𝐴𝑦 + 𝐶𝑦 = +30 𝑘𝑁

∑ 𝑀𝐵 = 0 − 𝐴𝑦 (0,8 𝑚) = 0 → 𝐴𝑦 = 0

𝐴 = 40 𝑘𝑁 → 𝐶𝑥 = 40 𝑘𝑁 ← 𝐶𝑦 = 30 𝑘𝑁 ↑

c) Força atuante nas Barras

𝐹𝐴𝐵 𝐹𝐵𝐶 30 𝑘𝑁
= =
4 5 3
𝐹𝐴𝐵 = 40 𝑘𝑁 𝐹𝐵𝐶 = 50 𝑘𝑁

Barra AB Força de Compressão.


Barra BC Força de Tração.

d) Tensão na Barra AB – Seção Retangular (30x50 mm)


40× 103 𝑁
𝜎𝐴𝐵 = − −3 2
= −26,7×106 𝑃𝑎 = −26,7 𝑀𝑃𝑎
1,5× 10 𝑚

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e) Tensão na Barra BC – Seção Circular (d=20 mm)
20 𝑚𝑚 2
2
𝐴 = 𝜋𝑟 = 𝜋 ( ) = 𝜋(10×10−3 𝑚)2 = 314×10−6 𝑚2
2
𝑃 +50×103 𝑁
𝜎= = = +159×106 𝑃𝑎 = +159 𝑀𝑃𝑎
𝐴 314×10−6 𝑚2

f) Tensão na Barra BC – Seção Achatada (20x40 mm)


−6
𝐴 = (20 𝑚𝑚). (40 𝑚𝑚 − 25 𝑚𝑚) = 300×10 𝑚2 16
𝑃 +50×103 𝑁
𝜎𝐵𝐶 𝑒𝑥𝑡 = = = +167×106 𝑃𝑎 = +167 𝑀𝑃𝑎
𝐴 300×10−6 𝑚2

2.4.2. Tensão Cisalhante Média

Seja uma barra bi apoiada submetida a um carregamento qualquer P. Se os apoios forem rígidos
e P for suficientemente alta, ela provocará uma deformação no material da barra, ocorrendo falhas ao
longo dos planos.
Para que o equilíbrio seja mantido, uma força cisalhante (ou força cortante) deverá ser aplicada
em cada uma das seções para manter a parte em equilíbrio.

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A tensão cisalhante média distribuída sobre cada área seccionada que desenvolve essa força
cisalhante é definida por:
𝑃
𝜏𝑚𝑒𝑑 =
𝐴

Quando o carregamento causa uma ação direta da carga ele é chamado de cisalhamento
simples ou direto. Neste caso considera-se UMA área de cisalhamento submetida a uma única força
cisalhante V=P.

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Quando se consideram duas superfícies de cisalhamento, como no caso de juntas sobrepostas


duplas, temos uma condição de cisalhamento duplo, consequentemente a força cisalhante V atua em
cada área seccionada, onde V=P/2.

Embora se considere o cisalhamento causado pela ação direta de uma carga, onde o material
está sujeito a um cisalhamento puro, a tensão cisalhante também pode surgir indiretamente devido à
ação, tanto de um momento fletor, quanto de um momento torcional.

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Exemplo 2.4.2: Seja a estrutura do exemplo 2.4.1. Qual a tensão cisalhante média nas conexões do
apoio A, apoio C e ligação da extremidade B?
a) Apoio C: um plano de cisalhamento

2
25 𝑚𝑚 2
𝐴 = 𝜋𝑟 = 𝜋 ( ) = 𝜋(1,25×10−3 𝑚)2 = 491×10−6 𝑚2
2
𝑃 50×103 𝑁
𝜏𝑚𝑒𝑑 = = = 102×106 𝑃𝑎 = 102 𝑀𝑃𝑎
𝐴 491×10−6 𝑚2

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b) Apoio A: dois planos de cisalhamento

𝑃 20×103 𝑁
𝜏𝑚𝑒𝑑 = = = 40,7×106 𝑃𝑎 = 40,7 𝑀𝑃𝑎
𝐴 491×10−6 𝑚2

c) Extremidade B: pino

Considerando o centro do pino como sendo a seção GH e admitindo que o pino é simétrico, pode-
se dizer que o maior esforço de cisalhamento atuará no centro do pino, ou seja, no centro da seção GH.
Neste ponto as cargas atuantes são provenientes das seções DE e EG, portanto, o esforço P G é
de 25 kN.

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𝑃𝐺 25×103 𝑁
𝜏𝑚𝑒𝑑 = = = 50,9×106 𝑃𝑎 = 50,9 𝑀𝑃𝑎
𝐴 491×10−6 𝑚2

2.5. TENSÕES ADMISSÍVEIS


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Ao se projetar um elemento estrutural ou um componente mecânico, deve se limitar a tensão
ocorrente no material a um nível seguro. Para garantir a segurança, é necessário escolher uma tensão
admissível que imponha à carga aplicada a condição de ser menor do que a carga limite que o elemento
pode suportar.
Um dos motivos para que esta condição seja imposta é que a carga para a qual um elemento é
projetado pode ser diferente da carga realmente colocada sobre ele, por exemplo.
Podem ocorrer vibrações desconhecidas, impactos ou cargas acidentais, que não foram
previstas em projeto, assim como as medidas pretendidas para uma estrutura, ou máquina, podem não
ser exatas devido a erros de fabricação ou na montagem de suas partes componentes.
Um procedimento para se especificar a carga admissível para o projeto ou análise de um
elemento utiliza-se do fator de segurança, FS, para a qual o material falha, Pfalha e a carga admissível,
Padm (Pfalha é obtido por meio de testes experimentais do material e o FS é selecionado baseado em
experiências de projeto que levam em consideração várias incertezas.
𝑃𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎
𝐹𝑆 =
𝑃𝑎𝑑𝑚
Se a carga aplicada ao elemento está linearmente relacionada com a tensão nele desenvolvida,
expressa-se o fator de segurança como uma relação entre a tensão de falha e a tensão admissível, ou
seja:
𝜎𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎 𝜏𝑓𝑎𝑙ℎ𝑎
𝐹𝑆 = 𝐹𝑆 =
𝜎𝑎𝑑𝑚 𝜏𝑎𝑑𝑚

FS é representado por um número maior que 1, de modo a evitar a falha em potencial.

Exemplo 2.5.1: Para a estrutura do exemplo 2.4.1 considere que a barra circular seja feita de aço com
uma tensão máxima admissível sadm =165 MPa. A barra pode suportar com segurança a carga à qual
está submetida? Supondo que modifiquemos o material da barra circular para o alumínio, com uma
tensão máxima admissível sadm =100 MPa, qual o diâmetro da barra que pode ser utilizado com
segurança?
Sendo a tensão máxima admissível do aço que compõe a barra de sadm = 165 MPa, e a tensão
calculada de um valor menor, diz –se que ela resiste com segurança ao esforço solicitado, com o
diâmetro proposto no dimensionamento.

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2
20 𝑚𝑚 2
𝐴 = 𝜋𝑟 = 𝜋 ( ) = 𝜋(10×10−3 𝑚)2 = 314×10−6 𝑚2
2
𝑃 +50×103 𝑁
𝜎= = = +159×106 𝑃𝑎 = +159 𝑀𝑃𝑎
𝐴 314×10−6 𝑚2

Para a substituição pelo alumínio verifica-se o seguinte:


𝑃 𝑃 +50×103 𝑁
𝜎𝑎𝑑𝑚 = ⇒𝐴= = = 500×10−6 𝑚2
𝐴 𝜎𝑎𝑑𝑚 100×106 𝑃𝑎
20
𝐴 500×10−6 𝑚2
𝑟 = √𝜋 = √ = 12,62×10−3 𝑚 = 12,62 𝑚𝑚 ⇒ 𝑑 = 2𝑟 = 25,2 𝑚𝑚
𝜋

Uma barra circular de 26 mm de diâmetro ou mais é adequada.

2.6. PROJETOS DE ELEMENTOS COM LIGAÇÕES SIMPLES

Fazendo-se algumas simplificações e hipóteses relacionadas com o comportamento do material,


as equações de tensão normal e tensão cisalhante podem, com frequência, ser utilizadas para a análise
ou projeto de elementos com conexões simples ou elementos mecânicos. Em geral pode-se dizer que:

Se um elemento está sujeito a uma Se um elemento está sujeito a uma


Força Normal Força Cortante

𝑁 𝑉
𝐴= 𝐴=
𝜎𝑎𝑑𝑚 𝜏𝑎𝑑𝑚

A tensão admissível utilizada em cada uma dessas equações é determinada, ou pela aplicação
de um fator de segurança especificado para tensões normais ou cisalhantes, ou obtendo-se essas
tensões diretamente das normas de projeto específicas.
Sejam quatro tipos comuns de problemas associados à determinação da área mínima necessária
à resistência dos esforços solicitantes:

• Área da seção transversal de um elemento sob TRAÇÃO:


A área da seção transversal de um elemento prismático sujeito à uma força trativa pode ser
determinada desde que a força tenha uma linha de ação que passe pelo centroide da seção
transversal (a distribuição de tensões é uniforme sobre a seção transversal);

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• Área da seção transversal de um elemento de fixação sujeito à CISALHAMENTO:
Frequentemente, parafusos ou pinos são utilizados para fixar placas, madeiras ou vários
elementos entre si. Se duas placas estiverem ligadas entre si por um parafuso e este estiver
frouxo ou sua força de aperto for desconhecida, é seguro admitir que qualquer força de atrito
entre as placas seja desprezível. Como consequência o parafuso está sujeito a uma força
cisalhante interna resultante V=P nesta seção transversal (a tensão cisalhante que causa esta
força é uniformemente distribuída sobre a seção transversal);

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• Área necessária para resistir ao ESMAGAMENTO:


A tensão normal gerada pela compressão de uma superfície contra a outra é chamada de tensão
de esmagamento. Se esta tensão for suficientemente alta, ela pode esmagar ou deformar
localmente uma ou ambas as superfícies. Assim, de forma a evitar esse tipo de falha é necessário
determinar a área de esmagamento apropriada para o material, utilizando uma tensão admissível
ao esmagamento. Admite-se que a tensão de esmagamento é uniformemente distribuída.

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• Área necessária para resistir ao CISALHAMENTO causado por uma CARGA AXIAL:
Ocasionalmente, barras ou outros elementos estarão apoiados de uma forma tal que tensões
cisalhantes podem ser desenvolvidas no elemento, mesmo que ele esteja sujeito a uma carga
axial, como no caso de uma barra engastada sujeita à um esforço de tração. A tensão cisalhante
atuará sobre a área de contato da barra com o engaste em uma determinada área relacionada
ao comprimento da barra. Admite-se que a tensão cisalhante ao longo da barra é uniformemente
distribuída.

22

2.7. TENSÃO EM UM PLANO OBLÍQUO SOB CARREGAMENTO AXIAL

Quando se determinam tensões em planos perpendiculares ao eixo do elemento ou conexão


percebe claramente que esforços axiais provocam tensões normais e esforços transversais provocam
tensões cisalhantes, porém esforços axiais podem causar tensões normais e tensões cisalhantes
quando os planos não são perpendiculares ao eixo do elemento. Da mesma forma, forças transversais
também provocam tensões normais e tensões cisalhantes quando os planos não são perpendiculares
ao eixo do parafuso ou pino.

Se for considerada uma barra axialmente carregada e for cortada em um plano formado por um
ângulo θ com o plano normal, se verificará, pelas condições de equilíbrio do corpo livre, que as forças
distribuídas agindo na seção serão equivalentes à força atuante P.

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Decompondo P nas suas componentes F e V, respectivamente normal e tangencial à seção, se
terá:

𝐹 = 𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑉 = 𝑃 𝑠𝑒𝑛𝜃
23

Onde a força F representa a resultante das forças normais distribuídas sobre a seção e V
representa a resultante das forças tangenciais distribuídas sobre a seção.
Os valores médios das tensões normal e de cisalhamento correspondentes são obtidos dividindo-
se, respectivamente, F e V pela área A0 da seção.

𝐹 𝑉
𝜎= 𝜏=
𝐴𝜃 𝐴𝜃

Substituindo-se F e V pela área Aθ da seção e utilizando-se da relação onde A0= Aθ cosθ (onde
A0 indica uma área de seção perpendicular ao eixo da barra, obtém-se:

𝑃 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑃 𝑠𝑒𝑛𝜃 ou 𝑃 𝑃
𝜎= 𝜏= 𝜎= 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 𝜏= 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜃
𝐴0⁄ 𝐴0⁄ 𝐴0 𝐴0
𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑐𝑜𝑠𝜃
Para estas considerações de cálculo, em particular, tem-se o seguinte:

θ σ t

0º 𝑃
σ = σmáx 𝜎= t=0
𝐴0

45º

𝑃 𝑃 𝑃 𝑃
σ = σ’ 𝜎′ = 𝑐𝑜𝑠 2 45𝑜 = t = tmáx 𝜏𝑚 = 𝑠𝑒𝑛45𝑜 𝑐𝑜𝑠45𝑜 =
𝐴0 2𝐴0 𝐴0 2𝐴0

90º σ= 0 t=0

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Exemplo 2.7.1: A barra mostrada tem uma seção reta quadrada com largura e espessura de 40 mm.
Se uma força axial de 800 N é aplicada ao longo do eixo centroidal da área da seção transversal da
barra, determine a tensão normal média e a tensão cisalhante média atuantes no material ao longo (a)
do plano da seção a-a e (b) do plano da seção b-b.

24

a) Seção a-a
Na seção a-a o carregamento interno resultante consiste em apenas uma força axial para a
qual P=800 N.
A tensão normal média para esta seção é determinada por:

𝑃 800 𝑁
𝜎= = = 500 𝑘𝑃𝑎
𝐴 (0,04 𝑚). (0,04 𝑚)
Não ocorre tensão cisalhante sobre esta seção, pois a força cisalhante é nula. tmed=0.

b) Seção b-b
Na seção b-b o diagrama de corpo livre da parte esquerda da estrutura é construído e mostra
a distribuição de carga, neste caso, atuam sobre a área seccionada tanto uma força normal,
N, como uma força cisalhante, V.

Sejam as condições de equilíbrio:

∑ 𝐹𝑥 = 0 → −800𝑁 + 𝑁 𝑠𝑒𝑛60𝑜 + 𝑉 𝑐𝑜𝑠60𝑜 = 0

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∑ 𝐹𝑦 = 0 ↑ 𝑉 𝑠𝑒𝑛60𝑜 − 𝑁 𝑐𝑜𝑠60𝑜 = 0

𝑁 = 692,8𝑁 𝑉 = 400 𝑁

A tensão normal média e a tensão cisalhante média para esta seção são determinadas por:

𝑁 692,8 𝑁
𝜎= = = 375 𝑘𝑃𝑎
𝐴 (0,04 𝑚). (0,04619 𝑚)
25
𝑉 400 𝑁
𝜏𝑚𝑒𝑑 = = = 217 𝑘𝑃𝑎
𝐴 (0,04 𝑚). (0,04619 𝑚)

Onde a distribuição de tensão normal média e a tensão cisalhante média para esta seção
são expressas pela figura acima.

Exemplo 2.7.2: No suporte mostrado na figura, a parte superior do elemento ABC tem 9,5 mm de
espessura e as partes inferiores têm 6,4 mm de espessura cada uma. É utilizada resina epóxi para unir
as partes superior e inferior em B. O pino em A tem 9,5 mm de diâmetro e o pino usado em C tem 6,4
mm de diâmetro. Determinar (a) a tensão de cisalhamento no pino A, (b) a tensão de cisalhamento no
pino C, (c) a maior tensão normal no elemento ABC, (d) a tensão de cisalhamento média nas superfícies
coladas em B e (e) a tensão de esmagamento no elemento em C.

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• Diagrama de Corpo Livre:
Como o elemento ABC é uma barra simples, a reação em A é vertical; a reação em D é
representada por suas componentes Dx e Dy. Assim tem-se:

∑ 𝑀𝐷 (2200 𝑁). (380 𝑚𝑚) − 𝐹𝐴𝐶 (250 𝑚𝑚) = 0 → 𝐹𝐴𝐶 = +3344 𝑁 Tração

=0

26

a) Tensão de Cisalhamento no Pino A


Como este pino tem 9,5 mm de diâmetro e está sob cisalhamento simples, tem-se:
𝐹𝐴𝐶 3344 𝑁
𝜏𝐴 = = = 47,2 𝑀𝑃𝑎
𝐴 𝜋 (9,5 𝑚𝑚)2⁄
4

b) Tensão de Cisalhamento no Pino C


Como este pino tem 6,4 mm de diâmetro e está sob cisalhamento duplo, tem-se:

𝐹𝐴𝐶 3344 𝑁⁄
𝜏𝐶 = = 2 = 52,0 𝑀𝑃𝑎
𝐴 𝜋 (6,4 𝑚𝑚)2⁄
4

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c) Maior Tensão Normal no Membro ABC
A maior tensão é encontrada onde a área é menor, isso ocorre na seção transversal A em que
está localizado o furo de 9,5 mm:
𝐹𝐴𝐶 3344 𝑁 3344 𝑁
𝜎𝐴 = = = = 17,2 𝑀𝑃𝑎
𝐴ú𝑡𝑖𝑙 (9,5 𝑚𝑚). (30 𝑚𝑚 − 9,5 𝑚𝑚) 194,75 𝑚𝑚2

27

d) Tensão de Cisalhamento Média em B


Nota-se que existe ligação em ambos os lados da parte superior do membro ABC e que a força
de cisalhamento em cada lado é F1 = (3344N) /2 = 1672 N. A tensão de cisalhamento média em
qualquer superfície é então:

𝐹1 3344 𝑁⁄
𝜏𝐵 = = 2 = 1,24 𝑀𝑃𝑎
𝐴 (30 𝑚𝑚). (45 𝑚𝑚)

e) Tensão de Esmagamento no Membro ABC em C


Para cada parte do vínculo, F1 = (3344N) /2 = 1672 N e a área de contato nominal é (6,4 mm).(6,4
mm) = 40,96 mm2:
𝐹1 1672 𝑁
𝜎𝑒𝑠𝑚 = = = 40,8 𝑀𝑃𝑎
𝐴 40,96 𝑚𝑚2

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Capítulo 3
DEFORMAÇÕES

Quando uma força é aplicada a um corpo, ela tende a alterar a forma e a dimensão do corpo.
Essas mudanças são chamadas de deformação e podem ser, tanto visíveis a olho nu, como
praticamente imperceptíveis sem a utilização de equipamentos de precisão de medidas.
28
Em geral, as deformações de um corpo não serão uniformes ao longo de seu volume e, assim,
as mudanças na geometria de um segmento de linha sobre o corpo podem variar ao longo de seu
comprimento. Enquanto uma linha do corpo pode se alongar, outra pode se contrair, entretanto, quanto
menores forem os segmentos de linha considerados, mais retilíneos ficarão estes segmentos após a
deformação.

3.1. DESLOCAMENTO

O deslocamento é uma quantidade vetorial utilizada para medir o movimento de uma partícula
ou ponto de uma posição inicial para outra posição final. Logo, se um corpo é classificado como
deformável, então suas partículas adjacentes podem ser deslocadas uma relativamente à outra quando
forças são aplicadas ao corpo. Por outro lado, se o corpo é rígido, não pode ocorrer deslocamento
relativo entre as partículas.

3.2. DEFORMAÇÃO ESPECÍFICA

É o conceito desenvolvido para descrever a deformação de um corpo pelas mudanças nos


comprimentos dos segmentos de linha e a variação do ângulo entre eles.

3.2.1. Deformação Normal ou Deformação Linear


O alongamento ou contração de um segmento de linha por unidade de comprimento é chamado
de deformação normal específica.
Considere-se a linha AB sobre um corpo indeformado, apoiando-se ao longo do eixo n, de
comprimento Δs. Ao deformar-se o corpo, os pontos A e B são deslocados para A’ e B e a linha AB
torna-se curva, de novo comprimento Δs’.

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29
Sendo a variação no comprimento da linha expressa por Δs’-Δs, define-se a deformação normal
específica média, εmed como sendo:
𝛥𝑠’ − 𝛥𝑠
𝜀𝑚𝑒𝑑 =
𝛥𝑠
Como, por definição, B é o mais próximo de A possível, Δs tende a zero e assim também B’ está
tão próximo de A’ que Δs’ também tende a zero. Consequentemente, no limite, a deformação normal
específica no ponto A e na direção n é:
𝛥𝑠’ − 𝛥𝑠
𝜀= lim ( )
𝐵→𝐴 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑒 𝑛 𝛥𝑠
Se a deformação normal específica é conhecida, pode-se utilizar esta equação para obter o
comprimento final aproximado de um pequeno segmento de linha na direção n após ele ser deformado.
∆𝑠′ ≈ (1 + 𝜀)∆𝑠
Logo, quando ε for positivo, a linha inicial Δs se alongará e se ε for negativo, a linha se contrairá.
A deformação normal específica é uma quantidade adimensional, embora seja comum expressá-
la em termos de uma relação entre unidades de comprimento (metro/metro). Como nas aplicações de
engenharia ε é muito pequeno, utiliza-se mais comumente μm/m (μ=10-6).

3.2.2. Deformação por Cisalhamento


A variação do ângulo entre dois segmentos de linha originalmente perpendiculares entre si é
chamada de deformação por cisalhamento. Este ângulo é representado por γ e é medido em radianos
(rad).

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Considerando os segmentos de linha AB e AC com origem comum no ponto A de um corpo,
direcionados ao longo dos eixos perpendiculares n e t. Após a deformação do corpo, as extremidades
das linhas são deslocadas e as linhas ficam curvas, de modo que o ângulo entre elas em A passa a ser
θ’. Assim define-se a deformação por cisalhamento no ponto A associada aos eixos n e t como:
𝛾𝑛𝑡 = lim (𝜃 ′ )
𝐵→𝐴 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑒 𝑛
𝐶→𝐴 𝑎𝑜 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑜 𝑑𝑒 𝑡

Se θ’ for menor do que π/2 a deformação por cisalhamento será positiva, enquanto se θ’ for maior
do que π/2 a deformação por cisalhamento será negativa.

30

3.3. COMPONENTES CARTESIANAS DAS DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS

Seja o corpo subdividido em pequenos elementos. Toma-se um elemento retangular, de


dimensões indeformadas Δx, Δy e Δz, localizados nas vizinhanças de um ponto do corpo. Admitindo-se
que as dimensões do elemento sejam muito pequenas, sua configuração deformada será um
paralelepípedo, uma vez que pequenos segmentos de linha permanecerão aproximadamente retos após
o corpo ser deformado.

A configuração deformada é obtida considerando inicialmente as deformações normais


específicas, alternado os comprimentos dos lados do elemento retangular e, em seguida, a deformação
por cisalhamento alterando os ângulos de cada um dos lados.

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31

Sendo assim, em relação às linhas Δx, Δy e Δz, os comprimentos dos lados do paralelogramo
ficam:

(1 + 𝜀𝑥 )∆𝑥 (1 + 𝜀𝑦 )∆𝑦 (1 + 𝜀𝑧 )∆𝑧

Os ângulos aproximados entre os lados, originalmente definidos pelos segmentos Δx, Δy e Δz


são:
𝜋 𝜋 𝜋
− 𝛾𝑥𝑦 − 𝛾𝑦𝑧 − 𝛾𝑧𝑥
2 2 2
Em particular observa-se que as deformações normais específicas causam uma variação no
volume do elemento retangular, enquanto a deformação por cisalhamento causa uma mudança na sua
forma. Atenta-se que ambos os efeitos ocorrem simultaneamente durante o processo de deformação.
Resumindo, o estado de deformação em um ponto do corpo requer o conhecimento das três
deformações normais específicas εx, εy e εz e das três deformações por cisalhamento γxy, γzy e γzx.
Estas deformações descrevem completamente a deformação do material contido no volume do elemento
retangular, localizado em um ponto originalmente orientado, de forma que seus lados estejam
inicialmente paralelos aos eixos, x, y e z.
Uma vez definidas essas deformações para todos os pontos do corpo, a configuração deformada
do corpo pode ser determinada.

3.3.1. Análise de Pequenas Deformações

A análise de pequenas deformações, na engenharia, baseia-se na hipótese de que as


deformações ocorridas em estruturas que são consideradas como corpos rígidos (estruturas e
máquinas), são infinitesimais, ou seja, sendo ε<<1 pode-se desprezar, tanto o produto de duas
deformações específicas quanto o produto de duas deformações. Ou ainda, qualquer termo envolvendo
deformação e deformação específica que seja elevada a uma potência superior a 1.
Com esta aproximação, matematicamente, pode se expressar:

𝑠𝑒𝑛∆𝜃 ∆𝜃
𝑡𝑔∆𝜃 = ≈ = ∆𝜃
𝑐𝑜𝑠∆𝜃 1

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3.4. TENSÃO X DEFORMAÇÃO

As tensões podem ser relacionadas com as deformações através de métodos experimentais que
conduzem à determinação do chamado diagrama tensão-deformação de um material específico. Deste
modo, as propriedades mecânicas de um material devem ser conhecidas para que se possam relacionar
as deformações em um material com suas correspondentes tensões.
A resistência de um material depende de sua capacidade de suportar uma carga sem apresentar
deformações indevidas ou falhas. Essa propriedade é inerente ao material e deve ser determinada por
meio de experimentos.
32
Uma das maneiras de se obter esses dados se dá por meio dos ensaios de tração e de
compressão do material.
Embora muitas propriedades mecânicas importantes de um material possam ser determinadas
a partir desses ensaios, eles são utilizados, principalmente, para determinar a relação entre a tensão
normal média e a deformação normal média dos materiais.

3.4.1. Ensaios de Tração e Compressão


A fim de se executar o ensaio de tração ou ensaio de compressão, se faz necessário fabricar um
corpo de prova do material que se deseja ensaiar, de dimensões e forma padronizados, de acordo com
as normas pertinentes.
O objetivo do teste é relacionar a área inicial da seção transversal, A 0 e o comprimento inicial do
corpo de prova, L0, com seu estado de deformação após a carga de tração ou compressão do corpo de
prova.

3.5. DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO

A partir dos dados obtidos no ensaio de tração ou compressão, é possível calcular-se os vários
valores da tensão e as deformações correspondentes do corpo de prova para, finalmente, construir-se
um gráfico com esses resultados.

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A curva resultante é chamada de Diagrama Tensão Deformação e existem duas formas de
descrevê-lo:
• Diagrama Convencional
• Diagrama Real

3.5.1. Diagrama Tensão x Deformação Convencional


Utilizando-se os dados do ensaio pode se determinar a tensão nominal, σ da seguinte maneira:
𝑃
𝜎= 33
𝐴0
Onde:
P é a carga aplicada;
A0 é a área da seção transversal inicial do corpo de prova.
Admite-se que a tensão é constante sobre a seção transversal que passa pela região dos pontos
onde as medidas são realizadas. Da mesma forma, a deformação específica, ε é obtida pela relação
existente entre o comprimento inicial L0 e o comprimento final L, após o ensaio.
𝛿
𝜀=
𝐿0
Se os valores correspondentes de s e ε forem expressos graficamente, a curva resultante é
chamada de Diagrama Tensão Deformação Convencional.
Deste importante diagrama obtém-se os dados sobre a residência à tração ou compressão de
um material, independentemente das dimensões ou forma do mesmo (independente da geometria).
A força ΔFt pode atuar segundo infinitas direções tangentes ao plano da área.

3.5.2. Diagrama Tensão x Deformação Real

Em vez de utilizar-se a área inicial da seção transversal do corpo de prova, A0 e o comprimento


inicial do corpo de prova, L0, para se calcular a tensão x deformação específica, utiliza-se da seção
transversal e o comprimento reais do corpo de prova no instante em que a carga é medida.
Os valores correspondentes de s e ε, para este caso, expressados graficamente formam uma
curva que é chamada de Diagrama Tensão Deformação Real.
As curvas referentes aos diagramas de tensão x deformação convencional e real são
praticamente coincidentes quando as deformações são pequenas. As diferenças entre elas começam a
aparecer quando o material passa pela zona de escoamento.
É importante notar que os diagramas de tensão x deformação nunca serão exatamente iguais
para um mesmo material em particular, visto que os resultados dependem de várias variáveis, como a
composição do material, as imperfeições microscópicas, a forma como foi fabricado, as condições do
ensaio, etc.

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34

3.5.3. Regiões do Diagrama


• Comportamento Elástico:
 Região Elástica
Região onde o corpo de prova retorna à sua forma ou comprimento original quando a
carga atuante sobre ele for removida. Neste caso diz-se que o material é linearmente
elástico e nesta região a tensão é denominada limite de proporcionalidade, σp.

• Comportamento Plástico:
 Região de Escoamento
Região onde ocorre um leve aumento da tensão, acima do limite elástico, e o material
se acomoda de maneira que é causada uma deformação permanente. Quando o
material se encontra nesse estado ele é chamado de perfeitamente plástico. A tensão
que causa o escoamento é denominada tensão de escoamento, σy e a deformação
decorrente desta tensão é chamada de deformação plástica.
Nesta região ocorre uma mudança na área inicial da seção transversal A0 até que o
valor da tensão chegue na tensão última.

 Região de Endurecimento
Se ao término do escoamento uma carga adicional é aplicada ao corpo de prova, a
tensão continuará a aumentar com a deformação específica continuamente até atingir
um valor de tensão máxima descrito como tensão última, σu. Este acréscimo e subida
da curva é chamado de deformação por endurecimento.

 Região de Estricção
Ao atingir a tensão última, a área inicial da seção transversal A0 se deforma
localizadamente e não mais ao longo de todo o seu comprimento nominal. Neste
ponto o corpo de prova tende a fraturar-se com uma tensão de ruptura, σr.

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Obviamente, os ensaios de tração e compressão são aplicados de acordo com as propriedades
de cada material, ou seja, aplicar-se-á ensaios de tração à elementos de aço, por exemplo e ensaios de
compressão a materiais como concreto.
Sejam algumas exemplificações de diagramas de Tensão x Deformação gerados por ensaios de
tração:

35

Curva gerada pelo ensaio de tração do aço.

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36

Sobreposição de curvas de ensaio de tração para vários tipos de aço.

Verifiquem-se três curvas a fim de compara-se os diagramas de Tensão x Deformação gerados


por ensaios de tração e de compressão em aço e concreto:

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3.6. MATERIAL DÚCTIL E MATERIAL FRÁGIL

Os materiais podem ser classificados como sendo dúcteis ou frágeis, dependendo do


comportamento da relação tensão-deformação.

3.6.1. Material Dúctil


Qualquer material sujeito a uma grande deformação específica antes de sua ruptura é chamado
de material dúctil. Um exemplo deste tipo de material é o aço doce, pois é capaz de absorver choques
e/ou altas energias e, caso sejam submetidos a sobrecargas, apresentam grandes deformações antes 37
de falhar. Outros exemplos de materiais dúcteis são o alumínio e madeira (material fibroso,
moderadamente dúctil).
Uma forma de especificar a ductilidade de um material é calcular-se sua elongação permanente
ou calcular a redução percentual da área no instante da ruptura (ocorrendo na região de estricção).
A elongação percentual é a deformação específica de ruptura do corpo de prova expressa como
uma porcentagem. Assim, se o comprimento original do corpo de prova é L0 e seu comprimento de
ruptura é LR, define-se:

A redução percentual da área Também é expressa como uma porcentagem. Assim, se a área
original da seção transversal do corpo de prova é A0 e sua área no ponto de ruptura é AR, define-se:

3.6.2. Material Frágil


Os materiais que apresentam pouco ou nenhum escoamento antes de falhar são chamados de
materiais frágeis. Um exemplo deste tipo de material é o ferro fundido cinza e o concreto.
Os materiais frágeis não têm uma tensão de ruptura por tração bem definida. Por meios
experimentais registram-se um conjunto de valores para uma tensão de fratura média, já seu
comportamento à compressão apresenta uma resistência significativamente maior.
Muitos materiais apresentam ambos os comportamentos, dúctil e frágil. O aço, por exemplo, se
torna mais frágil quando tem maior teor de carbono. Além disso, baixas temperaturas endurecem o
material tornando-os frágeis e altas temperaturas o tornam mais moles e dúcteis.

3.7. LEI DE HOOKE

Existe uma relação linear na região elástica entre tensão e deformação específica. Esta relação
estabelece que o aumento na tensão causa um aumento proporcional na deformação específica, fato
descoberto por Robert Hooke (em 1676) ao utilizar molas em seus experimentos. Essa relação linear é
expressa matematicamente por:

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𝜎 = 𝐸𝜀
Nesta equação E representa a constante de proporcionalidade entre a tensão e a deformação
específica e é chamada de Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young. O Módulo de Elasticidade
representa a inclinação da linha da parte inicial linear da curva do diagrama de tensão x deformação até
o limite de proporcionalidade.
Há um comportamento semelhante quando o material está sujeito a tensões cisalhantes. Quando
um material está sujeito ao cisalhamento apresentará um comportamento elástico linear e terá um limite
de proporcionalidade tp definido. A deformação por endurecimento também ocorrerá até uma tensão
cisalhante última tu ser atingida. Finalmente, o material gradativamente perderá sua resistência ao
cisalhamento até atingir o ponto onde ele se rompe, tr. 38
Abaixo mostra-se um diagrama de tensão x deformação de um material dúctil:

Desta forma, sob o efeito do cisalhamento, a Lei de Hooke pode ser escrita como:
𝜏 = 𝐺𝛾
Nesta equação G representa o Módulo de Elasticidade ao Cisalhamento ou Módulo de
Elasticidade Transversal.

3.7.1. Coeficiente de Poisson

Quando um corpo deformável é submetido a uma força axial trativa, ele não apenas se alonga,
mas também se contrai transversalmente, assim como, quando uma força compressiva atua sobre um
corpo deformável esta causa uma contração na direção da força e uma expansão transversal.

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39

Quando a carga P é aplicada à barra, ela varia seu comprimento de um valor d e seu raio de um
valor d’. As deformações específicas longitudinal (na direção axial) e transversal (na direção radial)
podem ser expressas como:
𝛿 𝛿′
𝜀𝑙𝑜𝑛𝑔 = 𝜀𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 =
𝐿0 𝐿0
Foi observado por Poisson (1800) que, na faixa elástica, a relação entre essas deformações
específicas é uma constante, uma vez que d e d’ proporcionais. Essa constante é conhecida como
Coeficiente de Poisson, ν, e possui um valor numérico único para cada material (homogêneo e
isotrópico).
𝜀𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠
𝜐=−
𝜀𝑙𝑜𝑛𝑔

Relacionando-se as três constantes de um material pode-se reescrever a equação do Módulo de


Elasticidade Transversal G da seguinte maneira:
𝐸
𝐺=
2(1 + 𝜐)

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Coeficiente de Poisson
Material
(ν)
Magnésio 0,29
Aço 0,30
Níquel 0,31
Alumínio 0,33
Cobre 0,34
Titânio 0,34
40
Valor do Coeficiente de Poisson para alguns materiais.

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