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Doutora em Educação (UFC). Pós-Doutorado no Centro de Investigação Didactica Tecnologia em Formação de
Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro – Portugal. E-mail: aucyfortal@gmail.com
2
Doutorando em Educação pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Docente do PARFOR/Universidade
Estadual Vale do Acaraú (UVA), Ceará - Brasil. E-mail: osmarhelio@hotmail.com
3
Aluna do Mestrado Profissional em Planejamento e Políticas Públicas (UECE). araujo_ev@yahoo.com.br
4
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). E-mail: luistavora@uol.com
O planejamento escolar é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das
atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face
dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do
processo de ensino. O planejamento é um meio para se programar as ações
docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente
ligado à avaliação (LIBÂNEO, 2013, p. 245).
A partir das considerações postas acima, entendemos que toda ação ocorrida no
contexto da sala de aula vincula-se à totalidade das relações sociais em que a prática
pedagógica se insere. Portanto, o planejamento é um ato político que provoca atitudes
pedagógicas, técnicas, políticas e humanas. É a objetivação do agir do professor, baseado em
suas concepções sobre educação, aprendizagem, planejamento e tudo que envolve o processo
de gestão de aula. É necessário avaliar, repensar a prática pedagógica, possibilitando assim
uma tomada de consciência entre o que se pensa, que pode estar circunscrito no planejamento
ou não, e o que se faz. Convém dar ênfase que
Outro aspecto que merece destaque é o fato que um olhar, um pensar e um fazer
diferente na ação de planejar devem apontar para uma organização do trabalho educativo que
comporte novas práticas político-pedagógicas com a intervenção crítica do sujeito na
realidade, dotando-o de uma formação sólida, crítica, produtora de saberes e habilidades. Ou
seja, uma formação para o ser humano “[...], para além da instrumentalização competente do
indivíduo capaz” (BRANDÃO, 2012, p. 46). E, ainda, trata-se de oportunizar aos discentes
uma formação que fomente “a solidariedade social e política de que precisamos para construir
a sociedade menos feia e menos arestosa, em que podemos ser mais nós mesmos, [...]”
(FREIRE, 1996, p. 42). Em outras palavras, com amparo, ainda nas contribuições de Freire
(1996), uma formação que, envolvendo o saber técnico e científico indispensável, fale aos
discentes da sua presença no mundo. Presença humana, ética e interventiva no meio social.
É digno de nota, ainda, o trabalho coletivo na perspectiva do planejamento
participativo que à primeira vista comporta compreensões tais como: planejar atividades em
conjunto; trabalhar diversas disciplinas em um dado projeto de trabalho. Nossas ideias vão se
ampliando a partir de estudos realizados e de atividades assumidas no contexto em que
estamos inseridos. O trabalho coletivo considera uma multiplicidade de relações tecidas pelos
que fazem a escola – diretores, coordenadores, professores, funcionários, alunos, conselho
escolar, representantes da comunidade - e pelas determinações, cujo alcance vão para além de
seus muros, vinculadas ao seu papel social como, por exemplo, assegurar o acesso,
permanência e progressão do aluno na escola, e a melhoria da qualidade do ensino.
A linha de reflexão desenvolvida no parágrafo acima nos permite defender,
apoiando-nos nas contribuições de Araújo (2016, p. 23), que “o trabalho coletivo alarga a
construção de saberes, o saber fazer, o saber ser, o compartilhar experiências, as dificuldades,
o reconhecer falhas e o valorizar os avanços e as mudanças”. Contudo, convém enfatizar que
a participação não pode ser entendida como natural, uma vez que decorre de um processo de
construção e conquistas. Também não deve ser observada como concessão, por tratar-se de
um direito, ou seja, como o eixo fundamental das relações sociais e jamais deve ser percebida
Considerações finais
O planejamento, aqui discutido, requer participação e parte do pressuposto de que é
preciso que os atores sociais envolvidos tenham consciência e, com base nessa compreensão,
articulem ideias para transformar a realidade na qual estão inseridos.
Planejar nessas dimensões é acreditar em reais possibilidades de construção de uma
prática participativa consequente, superando a mera formalidade de realizar o planejamento
em atendimento às exigências da escola. Também não podemos, em nenhuma hipótese, cair
no reducionismo de restringir o ato de planejar a simples elaboração de planos de trabalho ou
projetos.
Por fim, o planejamento participativo, respeitando o rigor científico, deve ser
desenvolvido de modo que considere, em especial, a dialética da participação e da construção
coletiva para que garanta o espírito democrático no desenvolvimento das ações pedagógicas
na instituição escolar.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Osmar Hélio Alves. Arquitetura da formação contínua docente: das práticas pedagógicas
aos saberes e experiências. Educação Online, n. 21, p. 16-23, abr. 2016.
FRANCO, Maria Amélia do Rosário Santoro. Pedagogia e prática docente. 1.ed. São Paulo: Cortez,
2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
Terra, 1996.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. Goiânia: Alternativa,
2005.
MENEGOLLA, M.; SANTAZNA I. M. Porque planejar? Como planejar? Petrópolis: Vozes, 1995.
RUSSO, Miguel Henrique. Planejamento e burocracia na prática escolar: sentidos que assumem na
escola pública. RBPAE, v. 32, n. 1, p. 193 - 210 jan./abr. 2016.
THOMAZI, Áurea Regina Guimarães.; ASINELLI, Thania Mara Teixeira. Prática docente:
considerações sobre o planejamento das atividades pedagógicas. Educar, Curitiba, n. 35, p. 181-195,
2009. DOI: 10.1590/S0104-40602009000300014.