Você está na página 1de 2

Haumea, com a designação de planeta menor 136108 Haumea, antes conhecido

astronomicamente como 2003 EL61, é um planeta anão do tipo plutoide, localizado a


43,3 UA do Sol, ou seja um pouco mais de 43 vezes a distância da Terra ao Sol, em
pleno Cinturão de Kuiper. Haumea possui dois pequenos satélites naturais, Hiʻiaka e
Namaka, que, acredita-se, sejam destroços que se separaram de Haumea devido a uma
antiga colisão. É o objeto astronômico com a mais rápida rotação no Sistema Solar,
durando apenas quatro horas, o que faz com que o planeta-anão seja extremamente
deformado, sendo semelhante a uma bola de rugby. Além disso, possui um albedo
elevado devido a presença de gelo em forma cristalina na superfície. Pensa-se,
também, tratar-se do maior membro de uma família de destroços criados num único
evento destrutivo.[2]

Apesar de ter sido descoberto em dezembro de 2004, só em 18 de setembro de 2008 é


que se confirmou tratar-se de um planeta anão, recebendo então o nome da deusa
havaiana do nascimento e fertilidade.[3]

Índice
1 Haumea na mitologia
2 A controvérsia Atégina/Haumea
3 Descobertas e classificações
4 Anéis
5 Luas
6 Referências
Haumea na mitologia
Ver artigo principal: Haumea (mitologia)
Haumea é uma divindade primitiva do Havaí, deusa do nascimento e da fertilidade.
Geralmente é identificada com Papa, uma antiga deusa mãe. Haumea pôde renascer
constantemente, pelo que teve muitos filhos com seus próprios rebentos e
descendentes. Também estava relacionada com os frutais sagrados, que produziam
frutas segundo a sua vontade. E com sua varinha mágica ela povoava as águas que
rodeiam as ilhas havaianas com grandes cardumes de peixes.[4]

A controvérsia Atégina/Haumea
O planeta 2003 EL61 provocou uma das disputas mais homéricas no meio astronômico
que se tem notícia desde que Galileu brigou pelo direito de ter descoberto as
maiores Luas de Júpiter. 2003 EL61 foi descoberto por José Luis Ortiz y Francisco
Aceituno e Pablo Santos Sanz, astrofísico do Instituto de Astrofísica de Andaluzia.
Em 29 de julho de 2005, enviaram os dados obtidos no observatório espanhol para o
MPC Minor Center Planet. Pouco depois, Mike Brown, o famoso descobridor de Makemake
e Éris, enviou felicitações aos colegas espanhóis. E devido a esse anúncio, Brown
se viu obrigado a reportar precipitadamente à MPC a existência de dois outros
transnetunianos gigantes que havia descoberto há tempos e que estava escondendo da
comunidade científica. Durante o tempo que manteve ocultas as informações sobre
esses objetos (Éris e Makemake) e descoberto pelos astrônomos espanhóis (2003
EL61), Brown teve tempo de realizar muitas especulações sozinho e eliminar os
possíveis competidores por descobertas astronômicas que podiam ter observado também
esses objetos.

Depois do anúncio pelos espanhóis, Brown chegou a acusá-los no New York Times de
roubar seus dados sobre 2003 EL61 pela Internet e anunciar a descoberta do
transnetuniano antes de sua equipe. E em 11 de setembro de 2006, após todo o
alvoroço do anúncio de 2003 EL61 pelos espanhóis e a tentativa de Brown de se
apropriar do direito de descoberta, o Instituto de Astrofísica da Andaluzia mandou
uma proposta formal de nome ao MPC propondo o nome de Ataecina (Atégina em
português), uma deusa ibérica, para o objeto que até então tinha o nome científico
de 2003 EL61.

O comitê aceitou a proposta do nome enviada pelos espanhóis, mas em 17 de setembro


de 2008 anunciou que o nome escolhido era Haumea, uma divindade havaiana, e que o
nome era proposto pelo americano Mike Brown. Desse modo a I.A.U. (International
Astronomical Union) cerceou o direito de descoberta e de nomenclatura dos espanhóis
e quebrou umas de suas mais antigas leis de astronomia: a de que aquele que anuncia
primeiro e oficialmente um corpo celeste tem o pleno direito de batizá-lo.

Assim, a I.A.U. cedeu, não sem controvérsia, o direito a Brown e sua equipe, o que
causou mal estar em toda a comunidade astronômica, que viu com maus olhos a atitude
da I.A.U. e classificou-a como protecionismo e corrupção política no meio
científico. A discórdia estava plantada, a União Astronômica Internacional ficou em
cima do muro: deixou o nome do descobridor em branco, colocando apenas o local de
descobrimento como sendo o observatório de Andaluzia e batizou o planeta-anão com o
nome sugerido pela equipe do Caltech.

Muitos consideraram a atitude tendenciosa, pelo simples fa(c)to de que o nome


proposto pelo americano Brown é o de uma deusa havaiana, e o mais novo presidente
dos Estados Unidos(campanha de 2008), Barack Hussein Obama é um havaiano.

Os espanhóis se sentiram "furtados" em seu direito e alegaram que Brown tinha


apenas o direito de batizar os satélites de "Atégina", já que, esses sim, foram
descobertos e anunciados oficialmente pelo americano e sua equipe. Ortiz e Aceituno
chegaram a propor à I.A.U. que indicasse um nome neutro a fim de dar por encerrada
a disputa com a equipe de Brown, mas a União Astronômica não se pronunciou quanto a
isso. Assim permanece a discussão astronômica sobre o nome aprovado pela I.A.U. e o
nome de direito; cabe ao senso comum decidir por qual nome o novo planeta deve ser
chamado, decidindo pelo que é correto e justo.

Descobertas e classificações
Astrônomos descobriram um novo conjunto de corpos celestes no Cinturão de Kuiper,
uma região do sistema solar além da órbita de Netuno repleta de pequenos astros
gélidos. É possível que se trate dos destroços de uma enorme colisão sofrida por
Haumea. Isso porque, de acordo com o grupo do Instituto de Tecnologia da Califórnia
- (Caltech), nos Estados Unidos, os corpos encontrados têm superfície e
propriedades orbitais semelhantes às de Atégina/Haumea, cujo tamanho o coloca na
categoria dos planetas anões, que inclui Plutão.

A equipe de Michael Brown, do Caltech, propõe que os fragmentos descobertos são


pedaços da camada de gelo que cobre o planeta-anão, que tem cerca de um terço da
massa de Plutão. Essas “famílias” de rochas com órbita e superfície similares já
haviam sido observadas na cintura de asteroides localizada entre Marte e Júpiter,
mas esta é a primeira ocorrência de objetos oriundos de colisões registrada no
cinturão de Kuiper. A descoberta pode fornecer um campo de estudos de choques de
astros em grande escala – a teoria mais aceita sobre a formação da Lua diz que o
satélite se originou a partir da colisão de um objeto enorme com a Terra. Além
disso, esse campo de estudo possibilita análises mais detalhadas dos objetos do
cinturão de Kuiper e uma melhor compreensão da história do sistema solar.

Anéis
Uma ocultação estelar observada em 21 de janeiro de 2017 revelou a presença de um
anel ao redor de Haumea, o primeiro sistema de anéis descoberto em um corpo
transnetuniano. Esse anel tem um raio de 2 287 km, largura de 70 km e é coplanar
com o equador de Haumea e com a órbita do satélite Hi’iaka. Ele está próximo de uma
ressonância 3:1 com a rotação de Haumea, completando uma revolução no tempo que
Haumea faz três rotações.[1]

Você também pode gostar