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Pedagogia da Autonomia.

Saberes Necessários à Prática Docente


Sı́ntese do Capı́tulo 02
Aluna: Luciana Farias Arruda da Silva
Professora: Marı́lia Gabriela de Menezes Guedes
Departamento de Quı́mica Fundamental
Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino
UFPE
19 de março de 2021

Capı́tulo 2: Ensinar não é transferir conhecimento


Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades de uma construção
autêntica que parta do estudante. Para isso o professor deve entrar em sala de aula
criando indagações e induzindo os estudantes a pensarem e entenderem os processos do
aprender.

Paulo Freire dá enfase nessa colocação, que ensinar não é transferir conhecimento, de
forma que adiciona o fato de que não basta apenas teorizar e ficar na sua parte ontológica,
polı́tica, pedagógica, ética, mas sim vivenciar tal experiência.

O pensar certo se torna penoso uma vez que percebemos que ensinar não é meramente
transferir conhecimento. O pensar certo tem sua rigorosidade metódica.

1 Ensinar exige consciência do inacabamento


Enquanto sermos seres culturais e histórico, então é demasiadamente importante
compreendermos a consciência do inacabado. Sendo assim, o processo de criação e cons-
trução permanece.

O inacabamento dos seres vivos é inerente, contudo o homem e a mulher tem consciência
de tal inacabamento. A consciência nos permitem sermos reflexivos, modificar e intervir
no mundo para a sua melhora.

Os obstáculos não se eternizam, e para contornar as dificuldades é necessário cons-


cientização. A consciência nos liberta da fatalidade possı́vel.

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2 Ensinar exige o reconhecimento de ser condicio-


nado
Paulo Freire sabe que é condicionado, contudo tem consciência do inacabamento, e
isso faz a diferença quando ele se insere no mundo e participa do processo histórico. Gos-
tar de ser gente é perceber que a construção da nossa presença não se faz no isolamento.
É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da História.

As barreiras polı́ticas, ideológicas, éticas e econômicas não impedem que Paulo Freire
goste de ser gente, de olhar o mundo como inacabado e aplicar a sua conscientização, pois
essa última é exigência humana.

A curiosidade é inerente a nós, homens e mulheres. Ela, a curiosidade, já é em si co-


nhecimento, é ela que nos movimenta na inquietação. E junto a consciência nos tornamos
seres responsáveis, seres éticos. Evidente que podemos romper com a ética, mas estamos
aı́ para retomá-la, para nos reconstruirmos.

Estar no mundo é participar da história, é cantar, é filosofar, é pintar, é produzir


conhecimento, é estudar teologia, é vivenciar todas as possibilidades do inacabado.

3 Ensinar exige respeito à autonomia do ser do edu-


cando
Cada ser que está a aprender tem suas curiosidades, sua inquietudes. Cabe ao
docente saber respeitar tais curiosidades, não quebrando-as, mas se estimulando-as. O
inacabamento é que nos trás consciência e nos fazem seres éticos. O respeito à autonomia
e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não
conceder uns aos outros.

O professor que ironizar e que desdenha do estudante rompe a ética estabelecida. A


ruptura de tal ética é uma indecência implicando numa não virtude.

4 Ensinar exige bom senso


O bom senso trás a tona a coerência na prática docente. Assim, cai por terra certos
formalismos que as vezes são autoritários e rigoroso, fazendo com que o estudante perca
interesse no aprendizado. Dessa forma, o bom senso adverte que o professor terá sua
autoridade de cobrar atividades individuais ou em grupos.

Com o bom senso, se torna natural o respeito da autonomia e dignidade do edu-


cando. Tal conhecimento trás virtudes ou qualidades que melhoram o nosso agir. Neste
sentido, quanto mais pomos em prática de forma metódica a nossa capacidade de indagar,
de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar
e mais crı́tico se pode fazer o nosso bom senso.

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Com o bom senso é possı́vel identificar as dificuldades de interação do estudante


tı́mido, nervoso e quieto. Com isso é notório que tem algo que precisa ser sabido e agido.
O bom senso não deixo um professor seguro de si, mas sim um professor que entende e
sabe das suas limitações.

5 Ensinar exige humildade, tolerância e luta em de-


fesa dos direitos dos educadores
Nesse tópico Paulo Freire frisa muito bem a importância de sermos politizados, pois
um professor não é apenas aquele que detém o conhecimento de sua disciplina, mas sim
um professor conectado com a polı́tica. O docente tem que ser militante das causas da
educação, tem que lutar pela melhora da educação e condições de trabalho.

Os professores devem se manter unidos, uma condição difı́cil, e além disso não fazer
a sua profissão um mero bico. O descaso com a educação provinda dos polı́ticos trás essa
realidade. Contudo o professor não pode deixar se abater, pois a luta dos professores
em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento
importante de sua prática docente, enquanto prática ética.

6 Ensinar exige apreensão da realidade


A inconclusão do ser humano nos capacidade de aprender, não apenas para nos
adaptar mas sobretudo para transformar a realidade, para nela intervir, recriando-a, fala
de nossa educabilidade a um nı́vel distinto do nı́vel do adestramento dos outros animais
ou do cultivo das plantas. Aprender não está em decorar de forma mecânica os objetos,
mas sim compreendê-los.

Mulheres e homens são capazes de apreender na sua historicidade. Apreende a rea-


lidade dentro do contexto apresentado. Sendo assim, a prática educativa é polı́tica e não
neutra. Como seres polı́ticos o professor não pode omitir sua posição polı́tica, o que não
implica na interferência polı́tica do estudante, pois esse tem o direito de escola.

Ser professor é assumir sua convicções e limitações.

7 Ensinar exige alegria e esperança


A alegria e a esperança tem uma relação entrelaçada. Ensinar também é aprender,
é viver e evidenciar o próprio saber construı́do. O professor induz ao aluno os verdadeiros
insights do conhecimento. Já a esperança, na verdade, do ponto de vista da natureza
humana, não é algo que a ela se justaponha. A negação da esperança é uma fatalidade,
uma vez que a esperança é o que nos possibilita a mudar a realidade.

É necessário ficar evidente que a desesperança não é maneira de estar sendo natural
do ser humano, mas distorção da esperança. A desesperança nos limitam e nos colocam
na real situação de aceitação e conformismo da realidade. Essa seria, com efeito, o trágico.

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Não devemos nos conformar com as frases: é assim mesmo. Essa é a mais pura falta de
ação apresentada.

8 Ensinar exige a convicção de que a mudança é


possı́vel
A mudança da realidade é possı́vel, pois o futuro não é inexorável. Sendo assim,
temos que percebermos que não somo objetos da História, mas sim sujeito participativo e
construtivo. A partir dessa ideia é possı́vel perceber que a mudança chega. A acomodação
é apenas caminho para a inserção, que implica decisão, escolha, intervenção na realidade.
Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impos-
sibilidade de estudar por estudar. Não devemos ficarmos alheio ao mundo, uma vez que
este infere no nosso ambiente.

É necessário que a resistência apresentada tenha uma compreensão do futuro, pois se


não for assim, não adianta se articular. O ato de estudar é se compreender e compreender
o mundo que o cerca. A mudança é possı́vel quando nos preparamos, quando conseguimos
enxergar o que é necessário mudar.

Deste saber fundamental: mudar é difı́cil mas é possı́vel, que vamos programar nossa
ação polı́tico-pedagógica, não importa se o projeto com o qual nos comprometemos é de
alfabetização de adultos ou de crianças, se de ação sanitária, se de evangelização, se de
formação de mão-de-obra técnica.

Não aceitemos a polı́tica do quanto pior melhor, nem muito menos a polı́tica assisten-
cialista que oferece migalhas para seu povo. Devemos estar preparados para essa situação.

9 Ensinar exige curiosidade


É necessário ter o cuidado de não tolher a curiosidade do educando. A curiosidade,
como já foi dito, já o próprio conhecimento, sem ele a iniciativa do estudo morre.

O professor, por sua vez, deve nunca deixar de estimular a sua curiosidade. Por
outro lado, sua curiosidade não pode invadir o espaço do outro de forma que iniba a ou
se sobressaia sobre a curiosidade do aluno. Com isso, o fundamental é que professor e
alunos saibam que a postura deles, do professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa,
indagadora e não apassivada, enquanto fala ou enquanto ouve.

O professor revela para os alunos o pensamento através da indução de ideias, e não


de conceitos pré fixados.

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