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1. Definição
Direito Civil é o ramo do Direito que trata das normas jurídicas responsáveis por
regular os direitos e obrigações de ordem privada em relação às pessoas, seus
bens e atos.
2. Princípios Básicos
• Exemplos: O art. 1228 (função social da propriedade); art. 421 (função social do
contrato); desapropriação.
• Neste princípio está implícito o da concretude, que é a obrigação que tem o legislador
de não legislar em abstrato, mas, tanto quanto possível, legislar para o indivíduo situado: para
o homem enquanto marido; para a mulher enquanto esposa; para o filho enquanto um ser
subordinado ao poder familiar.
Direito Civil I
1. Generalidades
A Lei de Introdução (Decreto-lei 4.657/1942) não faz parte do Código Civil. Embora
anexada a ele, antecedendo-o, trata-se de um todo separado. Com o advento da Lei nº 12.376,
de 30 de dezembro de 2010, alterou-se o nome desse diploma legislativo, substituindo-se a
terminologia “Lei de Introdução ao Código Civil” por outra mais adequada, isto é, “Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro”, tirando qualquer dúvida acerca da amplitude do
seu campo de aplicação.
A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é norma de SOBREDIREITO (ou
de apoio), consistente num conjunto de normas cujo objetivo é disciplinar as próprias normas
jurídicas. De fato, a norma de sobredireito é a norma que disciplina a criação, aplicação e
extinção de outras normas jurídicas.
➢ regular a vigência e eficácia das normas jurídicas (arts. 1º e 2º), apresentando soluções
ao conflito de normas no tempo (art. 6º) e no espaço (arts. 7º a 9º);
➢ fornecer critérios de hermenêutica (art. 5º);
➢ estabelecer mecanismos de integração de normas quando houver lacunas (art. 4º);
➢ garantir não só a eficácia global da ordem jurídica, não admitindo o erro de direito
(art. 3º) que a comprometeria, mas também a certeza, a segurança e a estabilidade do
ordenamento, preservando as situações consolidadas em que o interesse individual prevalece
(art. 6º).
Art. 1 o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.
§ 1 o Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se
inicia três meses depois de oficialmente publicada.
§ 2 o (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
§ 3 o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada
a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova
publicação.
§ 4 o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.
4. Sistemas de Vigência
- O Direito é uno. Por isso, o estudo da vigência e eficácia da lei é aplicável a todas as
normas jurídicas e não apenas às do Direito Civil. “As normas jurídicas têm vida própria, pois
nascem, existem e morrem”.
• Espécies de Sistemas:
A. PRAZO DE VIGÊNCIA ÚNICO (ou simultâneo ou sincrônico), segundo o qual a
lei entra em vigor de uma só vez em todo o país (art. 1º LINDB);
B. VIGÊNCIA SUCESSIVA (ou progressiva), pelo qual a lei entra em vigor aos
poucos, era adotado pela antiga Lei de Introdução. Exemplo: três dias depois de publicada, a
lei entrava em vigor no DF, 15 dias depois no RJ, e 100 dias depois nos demais Estados.
OBSERVAÇÃO: Mesmo termos adotado o sistema de vigência único, nada impede que
a lei pode fixe o sistema sucessivo. No silêncio, porém, a lei entra em vigor simultaneamente
em todo o território brasileiro.
• Cláusula de vigência é a que indica a data a partir da qual a lei entra em vigor. Na
ausência desta cláusula, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente
publicada.
– Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida,
inicia-se 3 meses depois de oficialmente publicada. LINDB
- Em três hipóteses, a vigência é imediata, sem que haja vacatio legis, a saber:
– Atos Administrativos. Salvo disposição em contrário, entram em vigor na data da
publicação (art. 103, I, do CTN);
– Emendas Constitucionais. No silêncio, como esclarece Oscar Tenório, entram em
vigor no dia da sua publicação;
– Lei que cria ou altera o processo eleitoral. Tem vigência imediata, na data da sua
publicação, todavia, não se aplica à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência (art.
16 da CF).
ESPÉCIES DE REVOGAÇÃO:
– Quanto à forma:
• Expressa (ou direta) - é aquela em que a lei indica os dispositivos que estão sendo por
ela revogados. A propósito, dispõe o art. 9º da LC 107/2001: “A cláusula de revogação deverá
enumerar, expressamente, as leis ou disposições legais revogadas”;
• Tácita (ou indireta) - ocorre quando a nova lei é incompatível com a lei anterior,
contrariando-a de forma absoluta (“revogam-se as disposições em contrário”). A revogação
tácita não se presume, pois é preciso demonstrar essa incompatibilidade.
• Observação: que a lei posterior geral não revoga lei especial. A lei especial não revoga
a geral (§2º do art. 2º da LINDB).
• Uma vez em vigor, todas as pessoas sem distinção devem obedecer a lei, pois ela se
dirige a todos.
• Diversas teorias procuram justificar a regra acima. Para uns, trata-se de uma
presunção juris et de jure, legalmente estabelecida (teoria da presunção absoluta). Outros
defendem a teoria da ficção jurídica. Há ainda os adeptos da teoria da necessidade social,
segundo a qual a norma do art. 3º da LINDB é uma regra ditada por uma razão de ordem
social e jurídica, sendo, pois, um atributo da própria norma.
7. Presunções
Art. 4 Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.
O Meios de integração:
c) Princípios gerais de direito - São regras que se encontram na consciência dos povos e
são universalmente aceitas, mesmo não escritas. A equidade não constitui meio supletivo de
lacuna da lei, sendo mero auxiliar da aplicação desta.
• A Lei de Introdução apresenta uma norma especial que irá guiar a aplicação das
normas jurídicas.
• Esse dispositivo fornece ao legislador uma flexibilidade interpretativa, permitindo a
adequação das normas no momento de sua aplicação.
• Essa elasticidade é fundamental para permitir ao Direito a possibilidade de
acompanhar as mudanças sociais que estão ocorrendo.
• Exemplo: Revogação diante da comprovação da adoção de filho incestuoso.
Conversão em tutela.
Art. 5 Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada.
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo
em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele,
possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba
recurso.
10. Princípio da segurança e da estabilidade social. (art. 5º, inc. XXXVI da CF)
De acordo com esse princípio, a lei não pode retroagir para violar o direito adquirido, o
ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Devem ser respeitadas, portanto, as relações jurídicas
constituídas sob a égide da lei revogada.
A. DIREITO ADQUIRIDO - é o que pode ser exercido desde já por já ter sido
incorporado ao patrimônio jurídico da pessoa. O §2º do art. 6º da LINDB considera também
adquirido:
– O direito sob termo. O art. 131 do CC também reza que o termo, isto é, o fato futuro e
certo, suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
– O direito sob condição preestabelecida inalterável a arbítrio de outrem: Trata-se, a
rigor, de termo, porque o fato é futuro e certo, porquanto inalterável pelo arbítrio de outrem.
Exemplo: Darte-ei a minha casa no dia que chover, sob a condição de João não impedir
que chova. Ora, chover é um fato certo e inalterável pelo arbítrio de João e, portanto, trata-se
de termo, logo o direito é adquirido.
C. COISA JULGADA - é o efeito da sentença judicial de que já não caiba mais recurso.
É a imutabilidade da sentença.
Art. 7 o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e
o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1º o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas
ou consulares do país de ambos os nubentes.
§ 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio
a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4 º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa
anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se
apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos
de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros,
só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido
antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito
imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no
país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a
requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças
estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
[...]
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado
o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre
que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
§ 2 o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder.
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros
provas que a lei brasileira desconheça.
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova
do texto e da vigência.
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os
seguintes requisitos:
a) haver sido proferida por juiz competente;
b) terem sido os partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a
execução no lugar em que foi proferida;
d) estar traduzida por intérprete autorizado;
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único.
Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela
feita a outra lei.
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de
vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes.
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares
brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato,
inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no
país da sede do Consulado.
§ 1º As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação
consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes
do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva
escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão
alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à
manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.
§ 2 o É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará
mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas,
caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do
advogado conste da escritura pública.
Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados
pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942,
desde que satisfaçam todos os requisitos legais. Parágrafo único. No caso em que a celebração
desses atos tiver sido recusada pelas autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do
mesmo Decreto-lei, ao interessado é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias
contados da data da publicação desta lei.
Pessoa Natural
Todo aquele que nasce com vida torna- se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade.
No direito romano, o escravo era tratado como coisa.
• “É a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem
civil” (Gonçalves).
• “É a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações” (Stolze).
• “A aptidão, reconhecida pela ordem jurídica a alguém, para exercer direitos e contrair
obrigações” (Beviláqua).
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.
• CAPACIDADE - é a aptidão para o exercício dos direitos. Ela pode ser dividida em
capacidade de direito e capacidade de fato.
• CAPACIDADE CIVIL PLENA - é a aptidão para a pessoa praticar todos os atos da vida
civil por si própria. São plenamente capazes para os atos da vida civil os maiores de 18 anos
não impedidos por outra circunstância.
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
4. Início da Personalidade
Constatamos que o nosso sistema jurídico reconhece alguns direitos ao nascituro, que
não dependem de seu nascimento com vida, mas que garantem esse nascimento com vida.
Exemplos: – Direito à integridade física e à vida.
O Pacto de São José da Costa Rica, em seu art. 4º, item I, garante o direito à vida no
nascituro, nos seguintes termos: “Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse
direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode
ser privado da vida arbitrariamente”. Essa proteção também é perceptível quando o
ordenamento jurídico incrimina o aborto, nos artigos 124 a 126, do Código Penal.
– Direito ao nascimento sadio, harmonioso e em condições dignas e direito da gestante
ao atendimento pré e perinatal. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 7º,
afirma: “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
e harmonioso, em condições dignas de existência”;
– Direito a receber alimentos (alimentos gravídicos), previstos na Lei Federal 11.804,
de 2008. A lei protege não apenas a gestante, autora da ação de alimentos gravídicos, mas o
próprio nascituro, ao viabilizar a percepção de um auxílio financeiro, a ser pago por aquele
em face de quem existam “indícios de paternidade”. Esse auxílio se destina a cobrir “as
despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao
parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e
terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes”. Início da Personalidade
– Direito ao nascimento sadio, harmonioso e em condições dignas e direito da gestante
ao atendimento pré e perinatal. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu art. 7º,
afirma: “A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio
e harmonioso, em condições dignas de existência”;
– Direito a receber alimentos (alimentos gravídicos), previstos na Lei Federal 11.804, de
2008. A lei protege não apenas a gestante, autora da ação de alimentos gravídicos, mas o
próprio nascituro, ao viabilizar a percepção de um auxílio financeiro, a ser paga por aquele em
face de quem existam “indícios de paternidade”. Esse auxílio se destina a cobrir “as despesas
adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto,
inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames
complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e
terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere
pertinentes”.
• A doutrina dominante sustenta que o Código Civil adotou a teoria natalista, de modo
que nascituro não é pessoa.
• Prevalece a opinião de Maria Helena Diniz, que o Brasil acolheu uma teoria mista,
pois os direitos da personalidade são adquiridos desde a concepção, como o direito à vida, à
integridade física, aos alimentos, à imagem, à sepultura, etc., enquanto os direitos
patrimoniais só são adquiridos a partir do nascimento com vida, como é o caso do direito de
comprar, vender, aceitar doação, testamento, etc. Por consequência, o nascituro não tem
personalidade jurídica em relação aos direitos patrimoniais, mas tem personalidade jurídica
quanto à aquisição dos direitos da personalidade.
Enquanto o nascituro é pessoa condicional, pois a aquisição da personalidade depende
do nascimento com vida, o Concepturo é o que ainda não foi concebido, mas há esperança de
ser (arts. 1.798 e 1.799).
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento
da abertura da sucessão.
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas
estas ao abrir-se a sucessão;
5. Direitos do Nascituro
• Embora não seja expressamente considerado pessoa, tem a proteção legal dos
seguintes direitos desde a concepção:
– o nascituro é titular de direitos personalíssimos (como o direito à vida, o direito à
proteção pré-natal, direito à saúde etc.);
– o Código Penal tipifica o crime de aborto;
– tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade
(art. 1.609, parágrafo único);
– pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (arts. 877 e 878 do
CPC);
– pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter
vivos; (art. 542)*
– pode ser beneficiado por legado e herança (art. 1.798 e 1.799)*.
Personalidade e Capacidade
1. Capacidade Jurídica
6. Incapacidade Absoluta
7. Incapacidade Relativa
8. Representação e Assistência
9. Capacidade e Emancipação
Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a
incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor,
se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Fim da Personalidade
A existência da pessoa natural termina com a morte (art. 6º, primeira parte, do CC).
Art. 6º A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data
provável do falecimento.
1. Espécies de Morte
B. MORTE PRESUMIDA (ou ficta) – ocorre quando, a despeito de o cadáver não ser
encontrado, há um juízo de probabilidade acerca de sua ocorrência, apurada por meio do
silogismo lógico. Pode verificar-se em duas hipóteses:
• se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (art. 7º, I, do
CC). No Código Civil não se exige o desaparecimento em catástrofe, isto é, em um grande
acontecimento, bastando dois requisitos: o perigo de vida e a probabilidade da morte.
• se alguém desaparecido em campanha ou feito prisioneiro não for encontrado até dois
anos após o término da guerra (art. 7º, II, do CC). Antes desse prazo, a morte não pode ser
declarada, ao passo que na hipótese anterior esse prazo não é exigido.
D. MORTE CIVIL
- Consistente na perda da personalidade durante a vida, correspondente a capitis
deminutio máxima do direito romano, não encontra guarida em nosso ordenamento jurídico,
pois a personalidade é irrenunciável.
Há, porém, um resquício de morte civil em relação ao herdeiro excluído por
indignidade (art. 1.814), que, para o fim de herança, é considerado morto, tanto que os seus
descendentes herdam em seu lugar, por representação.
4. Comoriência
– apura-se que o marido (A) pré-morreu à esposa (B). Esta recolhe a herança
daquele, transmitindo em seguida à sua irmã ;
– apura-se que a mulher pré-morreu ao marido. Este recolhe a herança daquela,
transmitindo em seguida ao seu primo;
– não se apura quem morreu primeiro. Nesse caso, presume-se a comoriência, sendo
certo que os comorientes não herdarão entre si. Assim, a herança do marido será transmitida
para seu primo; a herança da esposa, para a sua irmã. Em cada herança, incidirá um único
imposto causa mortis.
Direitos da Personalidade
“Age de tal forma que possas usar a humanidade, tanto em sua pessoa como na pessoa
de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes e outros escritos. São Paulo:
Martin Claret, 2008, p.59)
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único.
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente,
nos termos desta Constituição.
• Núcleo duro ou conteúdo mínimo do princípio da dignidade - significa dizer que não
se sabe exatamente onde ele está, mas sabe o caminho. O princípio aponta um caminho. Não
dá para dar um conceito fechado de dignidade, que é algo aberto.
3. Direitos da Personalidade
DIREITO À VIDA - A vida é o direito mais precioso do ser humano. Sem ela, nada
existe, sendo o advento de seu termo final a única certeza absoluta de toda a humanidade.
• O Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de 1966, em seu art. 6.º, III,
referindo-se ao direito à vida, dispõe que:
“1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser protegido pela
lei, e ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida”.
A ordem jurídica assegura o direito à vida de todo e qualquer ser humano, antes mesmo
do nascimento, punindo o aborto e protegendo os direitos do nascituro.
• Implica o reconhecimento estatal da legitimidade do combate individual e coletivo a
todas as ameaças à sadia qualidade de vida. Exemplos: Aborto do anencéfalo (ADPF 54),
eutanásia, utilização das células-tronco embrionárias etc.
Art. 4.º Salvo manifestação de vontade em contrário, nos termos desta lei, presume-se
autorizada a doação de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano, para finalidade de
transplantes ou terapêutica post mortem.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio
corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
DIREITO À VOZ
- A tutela da voz traduz a proteção jurídica de um importante componente físico de
identificação do ser humano. A voz ganha individualidade, identificando pessoas e estilos.
• A voz do ser humano, entendida como a emanação natural de som da pessoa, é
também protegida como direito da personalidade.
• De fato, dispõe o inciso XXVIII, a, do art. 5.º da Constituição Federal de 1988:
art. 5.º - [...] XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações
individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas
atividades desportivas.
Art. 5º CF (...) II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei;
• Liberdade – desdobramentos:
– LIBERDADE DE PENSAMENTO:
• Manifestação do pensamento e vedação ao anonimato:
• Liberdade de culto:
– Ensino religioso facultativo;
– Casamento religioso com efeito civil.
• Liberdade de cátedra;
• Liberdade da informação;
• Liberdade jornalística (ou de comunicação social) – Sigilo da fonte – Direito de
Resposta.
– LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO;
– LIBERDADE DE EXPRESSÃO COLETIVA:
• Liberdade de reunião;
• Liberdade de associação.
– LIBERDADE DE AÇÃO PROFISSIONAL.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e
reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida
prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral
até o quarto grau.