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Aluno(a)________________________________________________________nº_________
“Por mais violento que seja o argumento contrário, por mais bem formulado, eu tenho sempre uma resposta que
fecha a boca de qualquer um: ‘Vocês têm toda a razão’.”
Millôr Fernandes
“A solidariedade entre o verbo e o sujeito, que ele faz viver no tempo, exterioriza-se na CONCORDÂNCIA, isto é, na
variabilidade do verbo para conformar-se ao número e à pessoa do sujeito.” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 496).
CONCORDÂNCIA VERBAL
REGRA GERAL:
O verbo se flexiona em concordância com o número (singular ou plural) e a pessoa (1ª, 2ª e 3ª) do sujeito.
A multidão cantava alegre. Sujeito formado por substantivo coletivo – verbo concorda com o sujeito coletivo (no
singular ou no plural)
As torcidas invadiram o estádio.
Se o sujeito coletivo estiver seguido de adjunto adnominal, a gramática aceita o verbo no plural.
OBS.: Silepse de número? O elenco se reuniu e, depois de quinze minutos de muita discussão, resolveram (ou
resolveu) o problema.
Segundo Bueno (2014, p. 454), “Mesmo que sutil, há uma diferença entre as duas formas. Na frase Aquele rapaz é um dos
que mora na periferia, o destaque está no rapaz (um entre todos); na frase Aquele rapaz é um dos que moram na periferia,
valoriza-se todo o grupo de rapazes que moram na periferia.”.
Para Cipro Neto e Infante (2008, p. 481), “A tendência, na linguagem corrente e mesmo em textos literários, é a concordância
no singular. [...] O que se costuma dizer nesses casos é que o emissor da frase acaba optando pelo verbo no singular porque
com isso enfatiza o ser ao qual o processo é atribuído [...]. Em se tratando de linguagem jornalística, informativa, técnica, em
que se busca a neutralidade, parece aconselhável optar pela concordância que mais aproxime a frase do que efetivamente se
informa.”.
Segundo Cipro Neto e Infante (2008, p. 481), “Com nome de obra e artigo no plural, o verbo ser pode ficar no singular, desde
que o predicativo do sujeito esteja no singular. [Exemplo:] Os Sertões é a obra máxima de Euclides da Cunha.”.
Para Cipro Neto e Infante (2008, p. 481), “Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de
substantivo, o verbo costuma concordar com o substantivo.”. Bueno (2014) reconhece tal concordância como válida, visto que
é usual atualmente.
Os numerais da discórdia
A prevenção depende do governo e da gente, mas com a frequência com que a gripe suína tem povoado as
conversas brasileiras nos últimos tempos, talvez seja bom retomar o modo como lidamos com numerais –
cada vez mais comuns em época de números crescentes e globais de
uma epidemia de alcance mundial (pandemia) que a Organização
Mundial de Saúde inicialmente julgou que atingiria dois bilhões de
pessoas em todo o mundo, e de uma crise que fez escoar pelo ralo
mais de um trilhão de dólares em todo o mundo.
UM milhar, UM milhão; DOIS milhares, DOIS bilhões, ESTES milhares, AQUELE trilhão.
Algumas pessoas, distraídas, tendem a fazer a concordância indevida. A concordância adequada é dada
pelos exemplos:
Aqueles MILHÕES de pessoas que votaram se arrependeram. (NÃO: Aquelas milhões de pessoas.)
Concordância verbal
Um milhão “votou” ou “votaram”?
A concordância verbal de “milhão” se faz com o número, no singular, ou com o especificador ou
determinante, se plural, no plural.
UM MILHÃO de pessoas votou nele. Ou: UM MILHÃO de pessoas votaram nele.
UM MILHÃO de reais foi oferecido ao delegado pelo banqueiro. Ou: UM MILHÃO de reais foram
oferecidos ao delegado pelo banqueiro.
Se estiver antes de MILHÃO ou MILHÕES na frase, o verbo concorda com o numeral, singular ou
plural:
Ocorre 1,6 MILHÃO de acidentes domésticos ao ano na zona leste. Ocorrem 3 MILHÕES de
atropelamentos ao ano.
Foi derrubado 1,9 MILHÃO de árvores da reserva. (Note-se que a concordância se faz no singular,
porque 1,9 não chega a 2, que exigiria o plural.)
Foram lesados 2 MILHÕES de pessoas pelo falso empreendedor.
A concordância da fração
Em relação aos numerais fracionários, o verbo concorda com o numerador (o primeiro número da fração)
ou com o determinante.
Apenas UM centésimo dos deputados trabalha mal.
Apenas um centésimo DOS DEPUTADOS trabalham mal.
Só DOIS quinquagésimos do Senado trabalham mal.
O caso de “mil”
“Mil” é um numeral cardinal adjetivo. E os numerais flexionáveis em número – um, uma, dois, duas e
as centenas a partir de duzentos(as) – concordam com o substantivo a que se referem:
DUAS mil garrafas; DUZENTAS mil árvores derrubadas; DOIS mil litros; DUAS mil,
QUATROCENTAS e DUAS vacas.
Referência:
MACHADO, Josué. Os numerais da discórdia. In: Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, ano
3, n. 44, junho de 2009.
Analisando a concordância com sujeito composto:
O prefeito e seus secretários estão em reunião. Atenção: Se o sujeito composto estiver anteposto, o verbo
ficará no plural. Se o sujeito composto estiver posposto, o
Estão em reunião o prefeito e seus secretários.
verbo concordará com o núcleo mais próximo ou com
Está em reunião o prefeito e seus secretários. todos.
Minhas amigas e eu faremos um belo passeio. Regra da prevalência: quando o sujeito é composto de elementos
de pessoas gramaticais distintas, o verbo vai para a 1ª pessoa do
Tu e eu somos amigos. plural (se figurar entre os sujeitos um pronome da 1ª pessoa); para
a 2ª pessoa do plural (se figurar entre eles um pronome de 2ª
Tu e ela brigais muito. pessoa e não houver um pronome de 1ª pessoa); para a 3ª pessoa
do plural (se os sujeitos forem apenas de 3ª pessoa).
É comum encontrar o verbo na 3ª pessoa do plural quando há mistura de 2ª com 3ª pessoa (BUENO, 2014). Cunha e Cintra
(2001) afirmam que se evitam formas de sujeito composto que levam o verbo para a 2ª pessoa do plural, uma vez que o
pronome vós está em desuso.
“Se os sujeitos ligados por ou ou por nem não são da mesma pessoa, isto é, se entre eles há algum expresso por pronome da 1ª ou da 2ª
pessoa, o verbo irá normalmente para o plural e para a pessoa que tiver precedência.” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 513).
Exemplo: Ou ela ou eu devemos sair por estas portas e não retornarmos mais.
Revistas, cadernos, livros, tudo era comprado por ela. Sujeito composto resumido por pronome indefinido (nada,
tudo, ninguém, etc) – verbo concorda com pronome.
O prefeito com seus secretários tomaram algumas providências. Sujeito ligado pela partícula com: o verbo pode ser
usado no plural ou em concordância com o primeiro
O cantor e seus dançarinos levaram o público ao delírio. sujeito, se o intuito for valorizá-lo. Ex.: A jovem
com as amigas chegou ao local. (A jovem chegou
ao local na companhia das amigas.)
Não só os carros, mas também as casas foram a leilão. Núcleos do sujeito compostos por expressões como: não
só...mas também, assim...como, não só...como também,
Tanto o professor como o aluno cuidavam da escola. tanto...como etc. – o verbo será flexionado no plural.
“O verbo ser, quando empregado como verbo de ligação, pode concordar com o sujeito ou com o predicativo do sujeito.
Esse caso é uma exceção à regra.” (BUENO, 2014, p. 458).
Tudo eram
Tudo eram promessas. Isto, isso, aquilo, tudo (pronomes figurando como sujeitos) – verbo concorda com o
predicativo.
Aquilo eram sobras do jantar.
A roupa do menino eram trapos. Quando o sujeito (nome de coisa) estiver no singular e o predicativo for um
substantivo plural, o verbo concorda com o predicativo.
A alegria da mãe eram as filhas.
A grande maioria eram alunos jovens. Sujeito constituído de uma expressão coletiva ou partitiva – verbo concorda
com o predicativo.
Grande parte eram caminhoneiros.
Quem eram elas? Quando o sujeito for um pronome relativo (quem, que), a concordância se dará com
o predicativo do sujeito.
Que eram aquelas dúvidas?
Reclamações era o que ficou daqueles dias. “Quando o predicativo for representado pelo pronome demonstrativo
o, o verbo concordará com ele no singular, ainda que o sujeito esteja
Fama e dinheiro é o que importa para ela. no plural.” (BUENO, 2014, p. 459).
Cláudio era o motivo do riso. Quando o sujeito for constituído de nome próprio, o verbo concordará com
ele, ainda que o predicativo esteja no singular ou no plural.
Augusto era as esperanças de vitória.
Duzentos reais para o passeio é muito. As expressões é muito, é pouco, é mais de, é menos de, é tanto, quando
indicarem quantidade, preço ou medida, ficarão invariáveis.
É suficiente dois refrigerantes.
Hoje é 1º de abril. Nas indicações de dia do mês, de hora, de distância, de período de tempo, o
verbo ser concordará com a expressão numérica.
Hoje são 26 de maio.
Obs.: O verbo é impessoal e a oração é sem sujeito.
Hoje é (dia) 25 de maio.
Cereja e Magalhães (1999, p. 342) afirmam “Nas indicações referentes a dia
Daqui até o salão são 10 quilômetros. do mês, o verbo ser admite duas construções: É (dia) doze de junho. [/] São
doze (dias) de junho).”.
“Nas locuções verbais, o verbo impessoal transmite sua impessoalidade ao verbo auxiliar. Veja: Ainda deve haver ingressos
para o espetáculo de amanhã. / Está fazendo alguns dias que ela esteve aqui.” (CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 342).
Verbos que indicam fenômeno da natureza (anoitecer, chover, nevar, relampejar, etc.)
Choveu a noite toda.
Quando esses verbos que indicam fenômeno da natureza forem empregados no sentido figurado, serão flexionados de acordo
com o sujeito da oração. Exemplo: Choveram canivetes.
Verbo parecer
As filas parecem durar horas. Verbo parecer é flexionado, concordando com o sujeito, OU o verbo parecer
As filas parece durarem horas. fica no singular e o infinitivo que o acompanha é flexionado.
Sujeito oracional
Convém que você aguarde do outro lado da rua. Sujeito formado por oração: verbo apenas na 3ª pessoa do singular.
É essencial que as pessoas se valorizem.
CONCORDÂNCIA NOMINAL
“A concordância nominal se ocupa da relação entre os nomes, ou seja, entre as classes de palavras que compõem o
chamado grupo nominal (substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e numerais). Para estudar como essa relação se
estabelece, é necessário lembrar que adjetivos e palavras de valor adjetivo podem atuar como adjuntos adnominais
ou predicativos dos substantivos a que se referem).” (CIPRO NETO; MAGALHÃES, 2008, p.490).
Velhas luminárias e armários estavam à venda. Substantivos de gênero e número diferentes – adjetivo,
embora se refira a ambos, concorda com o mais próximo.
Velhos armários e luminárias estavam à venda.
Adjetivo posposto:
Compramos camisas e sapatos novos. Adjetivo concorda com o substantivo mais próximo, ou pode ir
para o plural, concordando com os substantivos de mesmo
Compramos camisas e meias novas.
gênero, ou, se os gêneros dos substantivos forem diferentes, vai
Compramos sapatos e camisas novos. para o plural no masculino.
Segundo Bueno (2014), quando os adjetivos forem sinônimos, a concordância somente se dará com
o último. Caso sejam antônimos, o adjetivo será flexionado no plural, prevalecendo o masculino se
os substantivos forem de gêneros diferentes.
Apresentaram conceitos e ideias novas. / Não esperavam noite e dia tão frios.
O aluno e a aluna ficaram quietos. Se o adjetivo, funcionando como predicativo do sujeito, vier depois dos
substantivos (sujeitos), concordará com todos os núcleos desses termos.
Pai e filha são alegres. Prevalece o masculino plural, se forem de gêneros distintos.
Adjetivo anteposto
Se o adjetivo, funcionando como predicativo do sujeito, vier antes dos
Estão cansados professor e aluna. substantivos (sujeitos), irá para o plural no gênero dos núcleos (caso
estejam apenas no masculino ou no feminino) ou prevalecerá o
Estava cansado professor e aluna.
masculino plural (caso estejam em gêneros diferentes). Também, poderá
Estava cansada aluna e professor. ser feita a concordância com o núcleo mais próximo.
Adjetivo como predicativo do objeto
Outros casos
Segundo Bueno (2014, p. 440), “O particípio, como os adjetivos, concorda em gênero e número com
os substantivos a que se referem [...].”
Encerrados os trabalhos, os funcionários foram ao parque. (Oração subordinada adverbial temporal reduzida
de particípio)
Muito, pouco, bastante, meio, caro, barato, longe – funcionam como adjetivos e advérbios.
Os itens baratos foram vendidos logo./ As lojas poderiam vender mais barato.
Locução adverbial a sós (invariável) – sentido de sozinho, sem companhia. Ex.: Eles ficaram a sós.
Segundo Cereja e Magalhães (1999, p. 336), “O adjetivo possível, nas expressões superlativas o mais
possível, o melhor possível, o menos possível, o pior possível, concorda em número com o artigo.”.
Os refrigerantes eram o mais barato possível./ Os refrigerantes eram os mais baratos possíveis.
Expressões: é proibido, é bom, é preciso, é necessário e similares – podem ser variáveis ou invariáveis.
Concordância ideológica (silepse) – concordância se dá pela ideia subentendida e não pelas palavras
expressas no texto. Plural de modéstia- a pessoa que fala refere-se a si como nós. Os adjetivos referentes ao falante
ficam no singular. Ex.: Nossos vídeos fizeram sucesso na escola, o que nos deixa feliz e alegre.
REFERÊNCIAS:
BUENO, Silveira. Sintaxe de concordância. In: Gramática de Silveira Bueno. 20. ed. rev. e atual. São Paulo:
Global, 2014. p. 437-474.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Concordância verbal e nominal. In: Gramática
reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 1999. p. 333-348.
CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Concordância verbal e nominal. In: Gramática da Língua
Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2008. p. 477-507.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Concordância verbal. In: Nova gramática do português
contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 496-516.
FREITAS, Abrahão Costa de. Que língua falo eu? In: Língua Portuguesa: conhecimento prático. São Paulo,
ano 8, ed. 69, fev./mar. 2018. p. 31.
MACHADO, Josué. Os numerais da discórdia. In: Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, ano 3, n.
44, junho de 2009.