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Pós-graduação – Guto – Concordância – 03/10/2020

Aluno(a)________________________________________________________nº_________

“Por mais violento que seja o argumento contrário, por mais bem formulado, eu tenho sempre uma resposta que
fecha a boca de qualquer um: ‘Vocês têm toda a razão’.”
Millôr Fernandes

“A solidariedade entre o verbo e o sujeito, que ele faz viver no tempo, exterioriza-se na CONCORDÂNCIA, isto é, na
variabilidade do verbo para conformar-se ao número e à pessoa do sujeito.” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 496).

CONCORDÂNCIA VERBAL
REGRA GERAL:
O verbo se flexiona em concordância com o número (singular ou plural) e a pessoa (1ª, 2ª e 3ª) do sujeito.

As crianças foram à escola.


3ª pessoa do plural

Sujeito determinado simples (núcleo: crianças) – 3ª


pessoa do plural

Analisando a concordância com o sujeito simples:

Todos chegaram à noite.


Sujeito determinado simples (todos) anteposto ou posposto – verbo concorda com o sujeito.
Chegaram todos à noite.

A multidão cantava alegre. Sujeito formado por substantivo coletivo – verbo concorda com o sujeito coletivo (no
singular ou no plural)
As torcidas invadiram o estádio.

Se o sujeito coletivo estiver seguido de adjunto adnominal, a gramática aceita o verbo no plural.

O grupo de crianças gritavam (gritava) palavras de ordem.

OBS.: Silepse de número? O elenco se reuniu e, depois de quinze minutos de muita discussão, resolveram (ou
resolveu) o problema.

Sujeito representado por expressão partitiva/


A maioria dos funcionários preferiu (preferiram) aderir à greve.
quantitativa (parte de, uma porção de, metade de,
A maior parte dos alunos fez (fizeram) a prova de matemática. grande parte de) – verbo fica no singular ou vai para
o plural (se o intuito for destacar a quantidade
proposta pelo sujeito)

Vossa Majestade está melhor? Verbo permanece na 3ª pessoa.


Descobrimos que Vossa Senhoria será homenageado na festa.
Se o sujeito for constituído por expressão que denota
Cerca de dez mil pessoas assistiram ao espetáculo. quantidade aproximada (cerca de, perto de, mais de,
Mais de uma pessoa correu para a parte externa da casa.
menos de), o verbo concorda com o numeral que o
Mais de vinte pessoas foram resgatadas.
acompanha.
“Se a expressão mais de um estiver associada a verbos com ideia de reciprocidade, o verbo ficará no plural.” (CEREJA;
MAGALHÃES, 1999, p. 339). Exemplo: Mais de um atleta se abraçaram durante o evento.
Ontem, fomos nós que cuidamos das crianças.
Sujeito representado pelo pronome relativo que – verbo concorda
Fui eu quem fez a atividade. com antecedente do pronome. Sujeito representado pelo pronome
relativo quem – verbo fica na 3ª pessoa do singular ou concorda
Fui eu quem fiz a atividade. com a pessoa do antecedente do pronome.

Quando o sujeito for o pronome relativo da expressão um


dos que, o verbo ficará no plural ou no singular. Segundo
Um dos meninos que fizeram (fez) bagunça foi suspenso. Cereja e Magalhães (1999), o mais comum é ficar no
plural.

Segundo Bueno (2014, p. 454), “Mesmo que sutil, há uma diferença entre as duas formas. Na frase Aquele rapaz é um dos
que mora na periferia, o destaque está no rapaz (um entre todos); na frase Aquele rapaz é um dos que moram na periferia,
valoriza-se todo o grupo de rapazes que moram na periferia.”.

Para Cipro Neto e Infante (2008, p. 481), “A tendência, na linguagem corrente e mesmo em textos literários, é a concordância
no singular. [...] O que se costuma dizer nesses casos é que o emissor da frase acaba optando pelo verbo no singular porque
com isso enfatiza o ser ao qual o processo é atribuído [...]. Em se tratando de linguagem jornalística, informativa, técnica, em
que se busca a neutralidade, parece aconselhável optar pela concordância que mais aproxime a frase do que efetivamente se
informa.”.

Sujeito representado por nomes próprios no plural –


Os Estados Unidos são a maior potência mundial. verbo ficará no plural, se o nome estiver precedido
de artigo no plural, ou no singular, se o nome não
Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra de Machado de Assis. estiver precedido de artigo ou se o artigo estiver no
singular.
Atenção: Embora a gramática traga na regra “nomes
As férias fazem bem à saúde.
próprios”, nos exemplos não aparecem apenas
nomes próprios.

Segundo Cipro Neto e Infante (2008, p. 481), “Com nome de obra e artigo no plural, o verbo ser pode ficar no singular, desde
que o predicativo do sujeito esteja no singular. [Exemplo:] Os Sertões é a obra máxima de Euclides da Cunha.”.

Qual de nós apoiará a greve?

Algum dentre vós é o culpado?


“Quando o sujeito for um pronome interrogativo ou indefinido
singular seguido das expressões de nós, de vós, dentre nós, dentre
Quais de nós sabem (ou sabemos) de toda a verdade? vós, o verbo ficará na 3ª pessoa do singular. Se o pronome
interrogativo ou indefinido estiver no plural, o verbo ficará na 3ª
Quais de vós sabem (ou sabeis) de toda a verdade? pessoa do plural ou concordará com o pronome pessoal da
expressão.” (CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 338).
85% dos moradores foram às ruas.
Sujeito formado por número percentual ou fracionário – verbo, em geral,
¼ dos alunos do 1º ano não está alfabetizado. concorda com o numeral (BUENO, 2014). Caso a expressão que indica
porcentagem não seja seguida de substantivo, o verbo deve concordar com
85% querem paralisação total. o número.

Para Cipro Neto e Infante (2008, p. 481), “Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de
substantivo, o verbo costuma concordar com o substantivo.”. Bueno (2014) reconhece tal concordância como válida, visto que
é usual atualmente.
Os numerais da discórdia

As várias combinações dos numerais com os termos que deles dependem

Por Josué Machado

A prevenção depende do governo e da gente, mas com a frequência com que a gripe suína tem povoado as
conversas brasileiras nos últimos tempos, talvez seja bom retomar o modo como lidamos com numerais –
cada vez mais comuns em época de números crescentes e globais de
uma epidemia de alcance mundial (pandemia) que a Organização
Mundial de Saúde inicialmente julgou que atingiria dois bilhões de
pessoas em todo o mundo, e de uma crise que fez escoar pelo ralo
mais de um trilhão de dólares em todo o mundo.

“Trilhão”, “milhar”, “milhão”, “bilhar” e “bilhão” são numerais


cardinais substantivos do gênero masculino; com eles concordam em
número os artigos, os adjetivos e os pronomes:

UM milhar, UM milhão; DOIS milhares, DOIS bilhões, ESTES milhares, AQUELE trilhão.

Algumas pessoas, distraídas, tendem a fazer a concordância indevida. A concordância adequada é dada
pelos exemplos:

Vendeu alguns MILHARES de cabeças de gado.

Aqueles MILHÕES de pessoas que votaram se arrependeram. (NÃO: Aquelas milhões de pessoas.)

Entre os 55 MILHÕES de mulheres do país, a metade quer se casar.

Recusou um MILHAR de oportunidades de trabalho.

Concordância verbal
Um milhão “votou” ou “votaram”?
A concordância verbal de “milhão” se faz com o número, no singular, ou com o especificador ou
determinante, se plural, no plural.
UM MILHÃO de pessoas votou nele. Ou: UM MILHÃO de pessoas votaram nele.
UM MILHÃO de reais foi oferecido ao delegado pelo banqueiro. Ou: UM MILHÃO de reais foram
oferecidos ao delegado pelo banqueiro.
Se estiver antes de MILHÃO ou MILHÕES na frase, o verbo concorda com o numeral, singular ou
plural:
Ocorre 1,6 MILHÃO de acidentes domésticos ao ano na zona leste. Ocorrem 3 MILHÕES de
atropelamentos ao ano.
Foi derrubado 1,9 MILHÃO de árvores da reserva. (Note-se que a concordância se faz no singular,
porque 1,9 não chega a 2, que exigiria o plural.)
Foram lesados 2 MILHÕES de pessoas pelo falso empreendedor.

A concordância da fração

Em relação aos numerais fracionários, o verbo concorda com o numerador (o primeiro número da fração)
ou com o determinante.
Apenas UM centésimo dos deputados trabalha mal.
Apenas um centésimo DOS DEPUTADOS trabalham mal.
Só DOIS quinquagésimos do Senado trabalham mal.

O caso de “mil”

“Mil” é um numeral cardinal adjetivo. E os numerais flexionáveis em número – um, uma, dois, duas e
as centenas a partir de duzentos(as) – concordam com o substantivo a que se referem:
DUAS mil garrafas; DUZENTAS mil árvores derrubadas; DOIS mil litros; DUAS mil,
QUATROCENTAS e DUAS vacas.

Referência:

MACHADO, Josué. Os numerais da discórdia. In: Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, ano
3, n. 44, junho de 2009.
Analisando a concordância com sujeito composto:

O prefeito e seus secretários estão em reunião. Atenção: Se o sujeito composto estiver anteposto, o verbo
ficará no plural. Se o sujeito composto estiver posposto, o
Estão em reunião o prefeito e seus secretários.
verbo concordará com o núcleo mais próximo ou com
Está em reunião o prefeito e seus secretários. todos.

Minhas amigas e eu faremos um belo passeio. Regra da prevalência: quando o sujeito é composto de elementos
de pessoas gramaticais distintas, o verbo vai para a 1ª pessoa do
Tu e eu somos amigos. plural (se figurar entre os sujeitos um pronome da 1ª pessoa); para
a 2ª pessoa do plural (se figurar entre eles um pronome de 2ª
Tu e ela brigais muito. pessoa e não houver um pronome de 1ª pessoa); para a 3ª pessoa
do plural (se os sujeitos forem apenas de 3ª pessoa).

É comum encontrar o verbo na 3ª pessoa do plural quando há mistura de 2ª com 3ª pessoa (BUENO, 2014). Cunha e Cintra
(2001) afirmam que se evitam formas de sujeito composto que levam o verbo para a 2ª pessoa do plural, uma vez que o
pronome vós está em desuso.

Pedro ou Bino dirigirá o caminhão agora.


Se os núcleos do sujeito estiverem no singular e forem ligados por
Cinema ou teatro agradam-me. ou, o verbo poderá ir para o plural ou ficar no singular. Se prevalecer
a ideia de exclusão, ficará no singular. Se trouxer uma noção de
Um ou outro assumirá a culpa. adição, ficará no plural. A mesma regra vale para nem.
Um ou outro/ nem um nem outro – verbo no singular (prevalece
Nem um nem outro assumirá a culpa. noção de exclusão).
Um e outro – verbo pode ficar no singular ou no plural.
Um e outro chegou/chegaram pontualmente.

“Se os sujeitos ligados por ou ou por nem não são da mesma pessoa, isto é, se entre eles há algum expresso por pronome da 1ª ou da 2ª
pessoa, o verbo irá normalmente para o plural e para a pessoa que tiver precedência.” (CUNHA; CINTRA, 2001, p. 513).
Exemplo: Ou ela ou eu devemos sair por estas portas e não retornarmos mais.

Revistas, cadernos, livros, tudo era comprado por ela. Sujeito composto resumido por pronome indefinido (nada,
tudo, ninguém, etc) – verbo concorda com pronome.

O prefeito com seus secretários tomaram algumas providências. Sujeito ligado pela partícula com: o verbo pode ser
usado no plural ou em concordância com o primeiro
O cantor e seus dançarinos levaram o público ao delírio. sujeito, se o intuito for valorizá-lo. Ex.: A jovem
com as amigas chegou ao local. (A jovem chegou
ao local na companhia das amigas.)

Não só os carros, mas também as casas foram a leilão. Núcleos do sujeito compostos por expressões como: não
só...mas também, assim...como, não só...como também,
Tanto o professor como o aluno cuidavam da escola. tanto...como etc. – o verbo será flexionado no plural.

Se os infinitivos estiverem acompanhados de determinantes (artigos), o


O viver e o sonhar sempre me acompanham. verbo será flexionado no plural. Caso não estejam determinados, o verbo
ficará no singular. Cunha e Cintra (2001) afirmam que o verbo pode ir
Ir e vir é um direito constitucional. para o plural se os infinitivos trouxerem uma ideia de contrariedade.

Quando os núcleos dos sujeitos forem sinônimos ou


A coragem e o destemor fez (fizeram) dele um herói. vierem dispostos em gradação (ascendente ou
descendente), o verbo poderá ficar no singular ou no
A brisa, o vento e a tempestade não os amedrontava (m). plural.
Concordância do verbo ser

“O verbo ser, quando empregado como verbo de ligação, pode concordar com o sujeito ou com o predicativo do sujeito.
Esse caso é uma exceção à regra.” (BUENO, 2014, p. 458).

Tudo eram
Tudo eram promessas. Isto, isso, aquilo, tudo (pronomes figurando como sujeitos) – verbo concorda com o
predicativo.
Aquilo eram sobras do jantar.

A roupa do menino eram trapos. Quando o sujeito (nome de coisa) estiver no singular e o predicativo for um
substantivo plural, o verbo concorda com o predicativo.
A alegria da mãe eram as filhas.

A grande maioria eram alunos jovens. Sujeito constituído de uma expressão coletiva ou partitiva – verbo concorda
com o predicativo.
Grande parte eram caminhoneiros.

Nós seremos os selecionados.


Quando for um pronome do caso reto (eu, tu, ela/ele, nós, vós, elas/eles), a
Antônio sou eu. concordância se dará com o pronome. Caso o sujeito e o predicativo sejam pronomes
pessoais do caso reto, o verbo ser fará concordância com o sujeito.
Nós não somos eles.

Quem eram elas? Quando o sujeito for um pronome relativo (quem, que), a concordância se dará com
o predicativo do sujeito.
Que eram aquelas dúvidas?

Reclamações era o que ficou daqueles dias. “Quando o predicativo for representado pelo pronome demonstrativo
o, o verbo concordará com ele no singular, ainda que o sujeito esteja
Fama e dinheiro é o que importa para ela. no plural.” (BUENO, 2014, p. 459).

Cláudio era o motivo do riso. Quando o sujeito for constituído de nome próprio, o verbo concordará com
ele, ainda que o predicativo esteja no singular ou no plural.
Augusto era as esperanças de vitória.

Duzentos reais para o passeio é muito. As expressões é muito, é pouco, é mais de, é menos de, é tanto, quando
indicarem quantidade, preço ou medida, ficarão invariáveis.
É suficiente dois refrigerantes.

Hoje é 1º de abril. Nas indicações de dia do mês, de hora, de distância, de período de tempo, o
verbo ser concordará com a expressão numérica.
Hoje são 26 de maio.
Obs.: O verbo é impessoal e a oração é sem sujeito.
Hoje é (dia) 25 de maio.
Cereja e Magalhães (1999, p. 342) afirmam “Nas indicações referentes a dia
Daqui até o salão são 10 quilômetros. do mês, o verbo ser admite duas construções: É (dia) doze de junho. [/] São
doze (dias) de junho).”.

Síntese: A salvação éramos nós.


A vida são desafios. O homem é suas esperanças. O verbo ser tende a concordar sempre com
Sujeito do verbo ser é coisa (no o pronome pessoal, seja ele sujeito, seja o
Sujeito do verbo ser é pessoa predicativo. No caso de o sujeito e o
singular) e predicativo está no (no singular). Verbo concorda
plural. Verbo prefere concordar predicativo trazerem pronome pessoal, a
com o sujeito. concordância se dará com o primeiro.
com predicativo.
Casos especiais

 Verbos impessoais (à exceção do verbo ser, são conjugados na 3ª pessoa do singular)


 Verbo haver (sentido de existir)
Há muitas reclamações de barulho.
Atenção: Existir é verbo pessoal e concorda com o sujeito ao ser conjugado.
Existem muitas reclamações de barulho.
 Verbos haver, fazer, estar, ir (quando indicam tempo)
Há anos não o vejo. / Faz dois anos que não o vejo. / Está quente hoje. / Vai em dois ou mais anos que eles se separaram.

“Nas locuções verbais, o verbo impessoal transmite sua impessoalidade ao verbo auxiliar. Veja: Ainda deve haver ingressos
para o espetáculo de amanhã. / Está fazendo alguns dias que ela esteve aqui.” (CEREJA; MAGALHÃES, 1999, p. 342).

 Verbos que indicam fenômeno da natureza (anoitecer, chover, nevar, relampejar, etc.)
Choveu a noite toda.
Quando esses verbos que indicam fenômeno da natureza forem empregados no sentido figurado, serão flexionados de acordo
com o sujeito da oração. Exemplo: Choveram canivetes.

 Verbo parecer
As filas parecem durar horas. Verbo parecer é flexionado, concordando com o sujeito, OU o verbo parecer
As filas parece durarem horas. fica no singular e o infinitivo que o acompanha é flexionado.

Construção mais frequente: verbo invariável,


 Expressão haja vista independente de o substantivo que o segue estar
O atual presidente não deve ser reeleito, haja vista os últimos números. no singular ou no plural. Também pode ocorrer
O atual presidente não deve ser reeleito, hajam vista os últimos números. a construção no plural, considerando o
substantivo que o segue como sujeito. A
O atual presidente não deve ser reeleito, haja vista aos últimos números. construção invariável admite a expressão
 Expressão expletiva é que seguida ou não de preposição.

Eu é que faço tudo.


As expressões de realce ou expletivas mantêm-se invariáveis.
Serenidade é que me falta.
Idiotismo
“Idiotismo (do grego idios = próprio, peculiar) é a característica típica de uma determinada língua e que não é encontrada em nenhum
outro idioma. É também chamado idiotismo linguístico, idiomatismo ou expressão idiomática. A palavra saudade e expressões como
‘eu é que paguei a conta’ são exemplos de idiotismo típicos de língua portuguesa. Essas expressões, na maioria das vezes, são de difícil
compreensão para um estrangeiro. Variante de idiomatismo.”
FREITAS, Abrahão Costa de. Que língua falo eu? In: Língua Portuguesa: conhecimento prático. São Paulo, ano 8, ed. 69, fev./mar.
2018. p. 31. (grifo meu)

 Verbos bater, soar, dar


Bateram nove horas no relógio da igreja. Os verbos bater, soar, dar (quando indicam horas do dia)
Soaram vinte horas no relógio da escola. concordam com o numeral (sujeito da oração).
Deram três horas e o condomínio continuou em festa.

 Pronome apassivador e índice de indeterminação do sujeito


Consertam-se carros.
Verbos transitivos diretos e transitivos diretos e indiretos, quando apassivados
Come-se muito naquela pizzaria.
pelo pronome se, concordam com o sujeito. Já os verbos de ligação, intransitivos
ou transitivos indiretos seguidos do se (Í.I.S.) ficam na 3ª pessoa do singular.

 Sujeito oracional
Convém que você aguarde do outro lado da rua. Sujeito formado por oração: verbo apenas na 3ª pessoa do singular.
É essencial que as pessoas se valorizem.
CONCORDÂNCIA NOMINAL

“A concordância nominal se ocupa da relação entre os nomes, ou seja, entre as classes de palavras que compõem o
chamado grupo nominal (substantivos, adjetivos, pronomes, artigos e numerais). Para estudar como essa relação se
estabelece, é necessário lembrar que adjetivos e palavras de valor adjetivo podem atuar como adjuntos adnominais
ou predicativos dos substantivos a que se referem).” (CIPRO NETO; MAGALHÃES, 2008, p.490).

 Adjetivo refere-se a mais de um substantivo


 Adjetivo anteposto:

Velhas luminárias e armários estavam à venda. Substantivos de gênero e número diferentes – adjetivo,
embora se refira a ambos, concorda com o mais próximo.
Velhos armários e luminárias estavam à venda.

 Adjetivo posposto:

Compramos camisas e sapatos novos. Adjetivo concorda com o substantivo mais próximo, ou pode ir
para o plural, concordando com os substantivos de mesmo
Compramos camisas e meias novas.
gênero, ou, se os gêneros dos substantivos forem diferentes, vai
Compramos sapatos e camisas novos. para o plural no masculino.

Segundo Bueno (2014), quando os adjetivos forem sinônimos, a concordância somente se dará com
o último. Caso sejam antônimos, o adjetivo será flexionado no plural, prevalecendo o masculino se
os substantivos forem de gêneros diferentes.

Apresentaram conceitos e ideias novas. / Não esperavam noite e dia tão frios.

 Dois adjetivos referem-se a um substantivo


O substantivo fica no singular e o artigo é colocado antes do
Ela estuda a literatura inglesa e a francesa.
adjetivo OU o substantivo vai para o plural e o artigo é
Ela estuda as literaturas inglesa e francesa. omitido.

 Adjetivo como predicativo do sujeito


 Adjetivo posposto

O aluno e a aluna ficaram quietos. Se o adjetivo, funcionando como predicativo do sujeito, vier depois dos
substantivos (sujeitos), concordará com todos os núcleos desses termos.
Pai e filha são alegres. Prevalece o masculino plural, se forem de gêneros distintos.

 Adjetivo anteposto
Se o adjetivo, funcionando como predicativo do sujeito, vier antes dos
Estão cansados professor e aluna. substantivos (sujeitos), irá para o plural no gênero dos núcleos (caso
estejam apenas no masculino ou no feminino) ou prevalecerá o
Estava cansado professor e aluna.
masculino plural (caso estejam em gêneros diferentes). Também, poderá
Estava cansada aluna e professor. ser feita a concordância com o núcleo mais próximo.
 Adjetivo como predicativo do objeto

A menina considerou o local distante. O adjetivo posposto, funcionando como predicativo do


objeto, concorda com o(s) núcleo(s) do objeto. Se vier
A menina considerou a escola e o prédio afastados. anteposto, concordará com o núcleo mais próximo ou
com os dois (se forem de gêneros distintos, o adjetivo
Ela achou maravilhosa a escola e o prédio. ficará no masculino plural).

Ela achou maravilhosos a escola e o prédio.

Outros casos

 Segundo Bueno (2014, p. 440), “O particípio, como os adjetivos, concorda em gênero e número com
os substantivos a que se referem [...].”

Foi divulgada a lista de jogadores. (Voz passiva)

Encerrados os trabalhos, os funcionários foram ao parque. (Oração subordinada adverbial temporal reduzida
de particípio)

 Adjetivos adverbializados – alguns adjetivos desempenham a mesma função de advérbios terminados


em “mente”. Passam a ser invariáveis nessa função. Ex.: A cerveja que desce redondo.
 Anexo, obrigado, mesmo, próprio, incluso, quite, leso – concordam com o substantivo a que se
referem. Exemplos: Os documentos seguem anexos./ Muito obrigada, disse a professora./ Ela mesma
fez a tarefa./ Ela própria custeará sua faculdade./ Foram inclusos todos os itens./ Estamos quites com
a Receita Federal./ O que é crime de leso-patriotismo?
ATENÇÃO: A palavra mesmo pode ser adjetivo ou advérbio. Quando funcionar como adjetivo, será variável e
terá um sentido de “próprio”. Como advérbio, será invariável e poderá ser trocada por “realmente, de fato”.
Em anexo – invariável. Ex.: Os documentos estavam em anexo.

 Muito, pouco, bastante, meio, caro, barato, longe – funcionam como adjetivos e advérbios.

A moça comprou muitos livros./ A moça falava muito.

Poucas pessoas ajudaram a cozinhar./ Estava pouco à vontade.

Havia bastantes reclamações./ Atuou bastante ontem.

Tomou meia garrafa de vinho./ A porta estava meio aberta.

Comprou uma camiseta muito cara./ Os livros custaram caro.

Os itens baratos foram vendidos logo./ As lojas poderiam vender mais barato.

Avistaram longes paisagens./ Não pensei que morasse tão longe.

 Alerta, menos – por funcionarem como advérbios, são invariáveis.


Os policiais estão alerta.

Havia menos alunas e mais alunos na sala.


 A palavra só – pode ser empregada como adjetivo (sentido de sozinho(a)) ou advérbio (sentido de
somente). Elas estavam sós./ Só a morte a impediria de conquistar seus objetivos.

Locução adverbial a sós (invariável) – sentido de sozinho, sem companhia. Ex.: Eles ficaram a sós.

 Segundo Cereja e Magalhães (1999, p. 336), “O adjetivo possível, nas expressões superlativas o mais
possível, o melhor possível, o menos possível, o pior possível, concorda em número com o artigo.”.

Os refrigerantes eram o mais barato possível./ Os refrigerantes eram os mais baratos possíveis.

 Expressões: é proibido, é bom, é preciso, é necessário e similares – podem ser variáveis ou invariáveis.

É proibido entrada de bebida alcoólica.


“Substantivos desacompanhados de determinantes (artigos,
É proibida a entrada de bebida alcoólica. pronomes e numerais adjetivos) podem ser tomados em sentido
amplo, genérico. Nesse caso, [...] não variam.” (CIPRO NETO;
É preciso medidas urgentes. INFANTE, 2008, p. 493).
São precisas várias medidas urgentes.

 Concordância ideológica (silepse) – concordância se dá pela ideia subentendida e não pelas palavras
expressas no texto. Plural de modéstia- a pessoa que fala refere-se a si como nós. Os adjetivos referentes ao falante
ficam no singular. Ex.: Nossos vídeos fizeram sucesso na escola, o que nos deixa feliz e alegre.

Número O público chegou motivado. Com o frio e a chuva, ficaram desanimados.


SILEPSE Gênero Sua Santidade ficou impressionado com o acolhimento dos jovens.

Pessoa Os brasileiros queremos melhorias em diferentes setores.

 Numerais milhar e milhões – são palavras masculinas e não se flexionam no feminino.

Os milhares de vítimas foram atendidos.

Dois milhões de pessoas foram salvas.

REFERÊNCIAS:

BUENO, Silveira. Sintaxe de concordância. In: Gramática de Silveira Bueno. 20. ed. rev. e atual. São Paulo:
Global, 2014. p. 437-474.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Concordância verbal e nominal. In: Gramática
reflexiva: texto, semântica e interação. São Paulo: Atual, 1999. p. 333-348.
CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Concordância verbal e nominal. In: Gramática da Língua
Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2008. p. 477-507.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Concordância verbal. In: Nova gramática do português
contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 496-516.
FREITAS, Abrahão Costa de. Que língua falo eu? In: Língua Portuguesa: conhecimento prático. São Paulo,
ano 8, ed. 69, fev./mar. 2018. p. 31.
MACHADO, Josué. Os numerais da discórdia. In: Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, ano 3, n.
44, junho de 2009.

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