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É uma questão de profunda responsabilidade moral usar essa visibilidade que a arte tem
e através dela dar voz ao povo ou ao grupo social menos favorecido.
Em minhas leituras, até mesmo nas mais fantasiosas e de puro entretenimento há uma
questão social tratada. Acredito que essa faceta se transformou em elemento primordial,
em matéria-prima. Como se uma criticidade fosse razão de existir da arte literária. A
famosa “lição de moral” da fábula. Vejo isso nas letras do cancioneiro caipira, em
novelas televisivas, filmes, séries de teve. Lembrando que tudo isso se abastece em
fontes literárias, mesmo que seja uma parábola bíblica, o pedagogismo está presente.
Devolvo a questão inicial com outra: Como fugir dessa função social? Desse serviço de
utilidade pública que até em jornalecos sensacionalistas vemos? Não vejo como não
haver esse “ativismo”, esse engajamento.
Talvez o charme dos personagens e o cenário fantástico não permitam essa visão mais
comparativa ao nosso mundo e talvez, também, a leitura fique em um nível de
escapismo e entretenimento. Mas a “intenção” do autor do livro claramente foi criticar
nossa sociedade. Ele, em alguns momentos, fala de guerra de narrativa, expressão muito
na moda nos últimos anos.
Penso que é isso mesmo que vivemos: uma guerra de narrativas reais ou ficcionais.
Devemos aproveitar a empatia, que é criada na leitura, entre o leitor e os personagens,
para fazer que sensações físicas sejam sentidas por quem lê. Como essa resposta física
do leitor é provada, devemos usá-la para criar relações empáticas com que está fora do
grupo social que é atingido pela injustiça, seja qual a forma que ela se apresente.
Fazendo aumentar a voz do oprimido e tentar mudar as realidades injustas que existem.