Você está na página 1de 19

Direito empresarial II

Professor: Cleanto Fortunato da


Silva
Teoria geral dos contratos empresariais
Teoria geral dos contratos
empresariais
• I – Conceito de direito das obrigações:
• O direito das obrigações é o complexo de
princípios e regras que regula os vínculos
jurídicos, de natureza patrimonial, que se
formam entre sujeitos determinados ou
determináveis, para a satisfação de interesses
tutelados pela lei.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• Assim, visa reger as relações jurídicas que têm por objeto
prestações de um sujeito (ou sujeitos) em proveito de
outro(s).
• Regem a matéria das obrigações, de modo geral, as
normas de Direito Civil, visto que os princípios relativos
aos vínculos obrigacionais, que fazem com que as pessoas
se vejam constrangidas a dar, fazer ou não fazer alguma
coisa em favor da outra, são comuns a todas as pessoas.
Entendem alguns autores, assim, que não há diferença
essencial entre a obrigação civil ou a empresarial.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• II – Caracterização da atividade empresarial:
• O que distingue o empresário do não empresário é a
atividade profissional, visto que aquele exerce atos de
produção, intermediação ou prestação de serviço, com
intuito de lucro, mediante a organização dos fatores
utilizados. E por tal razão, possui regras jurídicas próprias
para o exercício da atividade profissional – que
constituem o Direito Comercial, modernamente também
denominado Direito Empresarial – enquanto os demais
entes têm as suas atividades regidas pelo direito comum,
isto é, o Direito Civil.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• III – Unicidade ou dicotomia do direito das obrigações:
• No tocante às obrigações, alguns entendem que não há
diferença de natureza essencial, entre aqueles que exercem a
atividade empresarial e os demais. Em decorrência disso, tem-
se unificado o direito das obrigações, em diversos países, com
a adoção de apenas um código para regular as atividades de
empresários e não empresários. É o que acontece em nosso
país, pois o Código Civil de 2002 fez essa unificação, tendo
revogado a parte primeira do Código Comercial, em que
estavam as regras sobre as obrigações comerciais, assim como
as demais referentes a direito comercial terrestre.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• Quanto ao direito das obrigações, muitos entendem
que essa unificação é substancial, já no que tange aos
demais institutos de Direito Empresarial tratados no
Código Civil, tais como empresário, sociedade
empresária, estabelecimento, nome empresarial,
interpreta-se que há somente uma unificação formal,
por justaposição, sendo eles tratados em um livro
específico, acrescido aos demais antes existentes,
denominado do “Direito de empresa”.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• Contudo, esse entendimento, que defende a
unicidade do direito das obrigações, não é pacífico.
Outros autores entendem que, mesmo tendo havido a
unificação legislativa do direito privado, os contratos
empresariais não estariam sujeitos à mesma disciplina
dos contratos civis. Segundo eles, os contratos
empresariais estariam sujeitos a pressupostos e
princípios próprios, tais como a habitualidade, o
intuito lucrativo e a livre concorrência, ausentes nas
relações civis.
Teoria geral dos contratos
empresariais
Há dois projetos de lei (1.572/2011 e 487/2013) que
tramitam no Congresso Nacional, os quais visam criar um
novo Código Comercial, e ambos regulam as obrigações
empresárias de modo exaustivo, aplicando-se as normas ali
previstas, a priori, quando a relação envolver como credor e
devedor principal apenas empresários ou sociedades
empresárias.
Criam assim uma disciplina própria e preveem a aplicação do
Código Civil apenas subsidiariamente. Excluem totalmente a
aplicação do Código de Defesa do Consumidor às relações
empresárias.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• IV – Relações de consumo:
• O Código de Defesa do Consumidor trouxe
modificações importantes ao cenário do direito das
obrigações pátrio. Às relações entre empresários,
assim como aos negócios jurídicos realizados entre
não-empresários, aplicam-se as normas do Código
Civil e da legislação extravagante. Já às relações entre
fornecedores e consumidores, sendo estes
destinatários finais dos produtos e serviços, aplicam-
se as normas consumeristas. Neste caso, as regras
civis e comerciais têm uso subsidiário.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• V – Conceito de contratos empresariais:
• A atividade econômica engloba uma série
aberta de negócios jurídicos. Na verdade, sob o
manto de contratos empresariais podem ser
incluídos vários contratos típicos regulados na
legislação brasileira, assim como também
múltiplas outras avenças que são inominadas e
que delas se utilizam aqueles que exercem a
atividade econômica.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• Porém, como forma de ter uma delimitação
capaz de proporcionar uma melhor
compreensão do tema, pode-se conceituar
contratos empresariais como sendo os acordos
de vontades celebrados em que ambas as
partes estejam atuando no exercício da sua
atividade empresarial.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• VI – Espécies de contratos e legislação vigente:
• O Código Civil faz a unificação das normas
referentes ao Direito Obrigacional, inclusive
quanto aos contratos em espécie, que passam
a ocupar, os mais tradicionais, apenas um
corpo legislativo. Alguns outros, mormente os
tipicamente empresariais, são regulados por
leis especiais.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• Assim, são regulados no Código Civil os contratos de
compra e venda, troca, doação, estimatório, locação
de coisas móveis, comodato, mútuo, prestação de
serviço, empreitada, depósito, mandato, comissão,
agência, distribuição, corretagem, transporte, seguro,
constituição de renda, jogo, aposta e fiança.
Teoria geral dos contratos
empresariais
• São regulados por leis específicas, por exemplo, a
alienação fiduciária em garantia (Decreto-lei 911/69;
Lei nº 9.514/97), a concessão comercial de
automóveis (Lei 6.729/79), a representação comercial
(Lei 4.886/65), o seguro (Decreto-lei 73/66), o
arrendamento mercantil ou “leasing” (Lei n.
6.099/74), a franquia empresarial ou “franchising”
(Lei 13.966/2019) e a assistência médico-hospitalar
(Lei 9.656/98).
Teoria geral dos contratos
empresariais
• Outros contratos, como os de natureza bancária, o
cartão de crédito, a faturização ou “factoring” , a
transferência de tecnologia ou “know-how”, a viagem
turística, o de estacionamento, o “built to suit”, não
possuem regulamentação legal específica, ou
possuem apenas regulamentação esparsa, ou então
de natureza administrativa.
Teoria geral dos contratos
empresariais
 VII – Classificação dos contratos empresariais:
 Há vários critérios que se utilizam para classificar esse
tipo de contrato. Seguem alguns.
 A) Contratos-quadro e contratos-satélite
 Os contratos-quadro são acordos que estabelecem
um quadro de cláusulas para regular contratos
futuros nos quais a relação se desdobra.
 Ocorrem em negócios complexos, com cláusulas
abrangentes, destinados a formatar a operação
Teoria geral dos contratos
empresariais
 Já os contratos-satélite são celebrados no decorrer da
relação, a cada negócio específico realizado, em que
se fixam, por exemplo, preços, tipos de produtos ou
serviços, quantidades etc.

 B) Contratos paritários e contratos em que há


situação de dependência econômica
 Os contratos paritários são aqueles em que há
relações equilibradas, nos quais há certa igualdade
entre as empresas, sem a marcada preponderância
dos interesses de um dos polos.
Teoria geral dos contratos
empresariais
 Por sua vez, há relações interempresariais em que
uma parte depende economicamente da outra, em
face do que um sujeito impõe as suas condições e o
outro se limita a aceitá-las. Além disso, na maioria
dos casos, a atividade econômica do dependente se
torna inviável sem a manutenção do contrato.
 C) Contratos típicos, atípicos e economicamente
típicos
 Os típicos são aqueles expressamente previstos e
disciplinados por textos normativos.
Teoria geral dos contratos
empresariais
 Os economicamente típicos são aqueles que, embora
não sejam nominados pelo legislador, estão
consolidados pela reiterada prática dos empresários e
reconhecidos como tipos contratuais.
 Já os atípicos são aqueles cuja prática não é
disseminada no mercado, e são engendrados
especialmente para novos tipos de negócios,
conforme as necessidades econômicas.

Você também pode gostar