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UNIVERSIDADE
VOL. 3
1ª Edição
VOL. 3
1ª Edição
Rio de Janeiro
Brasil
Mares
2018
Copyright © da editora, 2018
ISBN 978-85-5927-048-8
CDD 796
CDU 796
2018
APRESENTAÇÃO............................................................................08
SOBRE OS AUTORES....................................................................387
APRESENTAÇÃO
8
Educação Física e Esporte e Lazer (LEPEL-UNEB) e o Grupo de
estudos, pesquisa e extensão Educação, Cultura e Saúde
(GEPEECS).
Especificamente este volume 3 foi organizado juntamente
com a Professora Amália Catharina Lima Costa, colega de trabalho
que conheci no curso de Educação Física da Uneb e que se tornou
uma grande amiga pra mim e importante referência acadêmica e
política para os alunos.
Os capítulos aqui apresentados neste volume 3 trazem um
pouco do que foi produzido por alunos e seus orientadores nos
diversos campos de atuação da Educação Física e compõem
importantes referencias para estudos futuros.
Com o curso em funcionamento desde 2005 é natural que
quantidade e a qualidade dos trabalhos de pesquisa dos alunos
aumentem no decorrer do tempo e diversifiquem cada vez mais
em temas e desenhos metodológicos.
E porque a alegoria do jogo de Sinuca? (jogo que acho
fascinante apesar de ter uma técnica que beira a mediocridade). A
ideia da bola branca, representando a ciência, batendo nas outras
bolas, que representam as diversas áreas da Educação Física, nos
pareceu instigante (e polêmica).
Assim, como essa representação, o conhecimento
científico, quando encontra os diversos campos de atuação e suas
problemáticas, acaba por ataca-lo, agredi-lo, fazendo com que
haja um movimento de concussão, busca de respostas e
consequentemente uma evolução daquela área da Educação
Física.
Assim, nosso objetivo está em impedir a “sinuca de bico”.
Evitar que o conhecimento científico fique inerte, sem movimento,
sem relação com as áreas e dificulte a evolução da Educação Física.
9
Assim, é essencial fazer tacadas que gerem movimento, golpes que
descontruam e (re)construam novas possibilidades de enxergar
e/ou compreender um problema, afim de superá-lo.
Por isso, para além de servir como uma das tochas que
adornam o brasão das Universidades, a pesquisa, a produção de
novos conhecimentos e a divulgação dessas produções é um dever
de qualquer Instituição de ensino superior que se julga pública,
gratuita, de qualidade e socialmente referenciada.
10
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
11
travados entre os Movimentos sociais que lutam a favor dos
trabalhadores e os órgãos que normatizam e regulamentam a
profissão.
A temática sobre formação de professores de Educação
Física vem sendo muito discutida no âmbito acadêmico, isso se
deve ao fato de alguns problemas permearem essa área, são elas:
base teórica inconsistente, a fragmentação entre Licenciatura e
Bacharelado, ingerências do sistema CONFEF/CREF, as investidas
do sistema capitalista para assegurar o atual modelo de formação
profissional em Educação Física, sendo que estas muitas vezes vêm
asseguradas em aparatos legais, como destaca Taffarel, (2012).
12
os currículos veremos disciplinas iguais,
ou currículos sendo “regulados” para
diferenciar a formação entre licenciatura
e bacharelado a partir da carga horária
ou da mudança de nome da disciplina.
(CRUZ, 2009 p. 118).
13
anula a 03/87 o grupo que defende a fragmentação se apoiou
neste material para sustentar sua defesa.
Esta pesquisa foi alicerçada tendo como base
epistemológica o Materialismo Histórico Dialético (CHEPTULIN,
1982). A pesquisa é de caráter qualitativo e teve como
característica a pesquisa bibliográfica que segundo Gil (2008) é
“desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos”. E tratou-se também
de uma pesquisa documental que para Gil (2008) a pesquisa
documental:
14
formação humana em disputa. E por fim, discuto como se situa o
Ordenamento legal no período de 2004 a 2015, a fim de situar o
debate sobre as leis que asseguram os trabalhadores e discutir o
quão contraditório se encontra o sistema CONFEF/CREF, trazendo
ainda a Licenciatura Plena de Caráter Ampliado como estratégia
superadora.
2 – METODOLOGIA
15
operacionalização de variáveis.
(MINAYO, 1999, p. 21).
16
Nacional Contra a Regulamentação (MNCR), por outro lado os
conselhos que regulamentam a profissão: Conselho Federal de
Educação Física (CONFEF) e Conselho Regional de Educação Física
(CREF), ainda discutimos como se situa o Ordenamento Legal nos
dias de hoje, para fins do nosso trabalho levamos em consideração
o período de 2004 a 2015.
17
trabalho, para então nos debruçarmos sobre os termos mundo do
trabalho, mercado de trabalho, campo de trabalho e a relação com
a Educação Física.
18
O trabalho possui duas dimensões: a dimensão
ontológica e a dimensão histórica. Para compreendermos o
trabalho como condição própria do ser humano, sugere Nozaki
(2005) que devemos entender sob a ótica do caráter ontológico do
trabalho, mas este ressalta ainda que o caráter ontológico e o
caráter histórico não são dimensões antagônicas:
19
econômicas e sociais de intensa desigualdade e opressão”.
(NOZAKI, 2005 p. 17).
Dessa forma, o trabalho passa a ser desenvolvido pelo
modo capitalista de produção da vida (propriedade privada e a
venda da força de trabalho), como afirmou Marx (1989) citado por
Taffarel (2010, p.22) “O trabalho converte-se em valor de troca
tornando-se única ‘mercadoria’ de uma parcela dos homens
vendida por salários”. O trabalhador, sob a perspectiva capitalista,
tendo a sua força de trabalho como única propriedade que possui,
vende-a pela necessidade de subsistência, que outrora era
garantido pelo trabalho ontológico.
Devido a essas mudanças no entendimento do trabalho,
as relações trabalhistas também mudaram, como citado
anteriormente. Portanto, no modo de produção capitalista o
trabalho acaba sendo reduzido à troca de mercadoria, tornando o
trabalhador um ser manipulável pelos interesses capitalistas.
Devido a este modo de produção e devido às mudanças
no conteúdo/forma do trabalho, o trabalhador teve que se
reconfigurar em sua formação, isto significa que este deveria se
qualificar para o trabalho, ou seja, atender às demandas exigidas
pelo modo de produção capitalista. Assim, na área da educação,
usam-se algumas disciplinas escolares (matemática, português,
etc.), tratadas como essenciais para a criação do trabalhador
pronto para o mercado de trabalho na visão capitalista. Nesse
sentido, o campo da formação humana, busca criar um
trabalhador polivalente (MANACORDA, 1996; FRIGOTTO, 1997;
NOZAKI, 2005; CRUZ, 2009), para atuar em diversos campos de
trabalho. A partir daí são exigidas competências dos trabalhadores
para exercerem determinado cargo nos setores de serviço, já que
para o setor produtivo este exige um tipo de trabalhador que seja
polivalente e flexível. Este “novo” modelo de trabalhador
20
(polivalente, flexível, etc.) terá respaldo também no novo modelo
de organização capitalista, com base no toyotismo, que irá impor
ajustes nas políticas públicas educacionais (a partir dos anos de
1990, no Brasil são adotadas as políticas neoliberais), causando
impactos na formação de professores, consequentemente na
forma/conteúdo do trabalho.
Essas exigências do capitalismo podem ser observadas,
por exemplo, nas ideias de John Locke (1632 – 1704), que já
defendia a criação de escolas profissionalizantes em todas as
paróquias para as crianças filhos de trabalhadores pobres. Para
que estes desenvolvessem habilidades para o trabalho futuro.
Obviamente, então, as medidas que tinham que ser aplicadas aos
“trabalhadores pobres” eram radicalmente diferentes daquelas
que os “homens da razão” consideravam adequadas para si
próprios (MÉSZÁROS, 2008). Instituía-se ai então, as relações de
poder que permeiam nas sociedades até os dias de hoje.
Contudo, atualmente, devido à crise estrutural do
trabalho, Nozaki (2005, p.20) aponta que: “instaura-se a ideologia
da empregabilidade, ou seja, não se trataria de falta de empregos,
mas de falta de condições de se empregar do trabalhador”. Dessa
forma, tais exigências e modificações no trabalho se devem ao fato
de investidas do capital, afim de “desqualificar” o trabalhador para
tais empregos, ou seja, retorna a ideia da polivalência e
flexibilidade do trabalhador frente à crise estrutural do trabalho
abstrato1, forçando-os ao trabalho precarizado.
21
A educação por sua vez, serviu/serve de ferramenta para
o capitalismo para a manutenção do seu modo de produção, em
tese a escola precisaria minimamente formar os trabalhadores
para atuarem no mercado de trabalho. Em um recente texto
Nozaki aponta que:
22
competências necessárias para o enquadramento do trabalhador”
(NOZAKI, 2005, p. 21), já criticado por estudiosos que não
compactuam com essa lógica do sistema de ensino, cartesiana e
alienada, por exemplo, e que visa apenas a conformação do
trabalhador para atender às demandas do capital.
23
pela técnica, desconsiderando os fatores políticos, econômico e
históricos.
Trago esta discussão para elencar alguns interesses do
capital frente à Educação Física e assim se faz em todas as áreas do
conhecimento. Portanto, este reordenamento ao qual Nozaki se
referiu, traz todo um contexto, que visa os interesses do sistema.
É neste sentido que o modelo de formação humana para o mundo
do trabalho sofre alterações, como o autor ressalta:
24
competências, não se torna central na
escola, sob um ponto de vista imediato,
como historicamente se colocou.
(NOZAKI, 2005 p. 23).
25
§ 3o A educação física, integrada à
proposta pedagógica da escola, é
componente curricular obrigatório da
educação básica, sendo sua prática
facultativa ao aluno:
I – que cumpra jornada de trabalho
igual ou superior a seis horas;
II – maior de trinta anos de idade;
III – que estiver prestando serviço
militar inicial ou que, em situação
similar, estiver obrigado à prática da
educação física;
IV – amparado pelo Decreto-Lei
no 1.044, de 21 de outubro de 1969;
V – (VETADO)
VI – que tenha prole. (BRASIL, 2003)
26
trabalho, para gerar algo, é
mercantilizado, pois no processo de
trabalho isto passa a ser trocado por
outras mercadorias. (TAFFAREL, 2010 p.
22).
27
momento, fazer justamente o jogo do
capital, ceder aos seus fetiches que, mais
do que simples caprichos, têm trazido
duras penas históricas para a classe
trabalhadora. (NOZAKI, 2005 p. 13)
28
enquanto relações econômicas e sociais,
engendrando formas para a sua
perpetuação, segundo suas próprias leis.
(TAFFAREL, 2010, p.23)
29
maneira antiga, e as classes subalternas
já não querem viver à maneira antiga”.
Esses são momentos absolutamente
extraordinários na história, e não podem
ser prolongados como se poderia
desejar, como o demonstraram no
passado os fracassos das estratégias
voluntaristas. Portanto, seja em relação
à “manutenção” seja em relação à
“mudança” de uma dada concepção do
mundo, a questão fundamental é a
necessidade de modificar, de uma forma
duradoura, o modo de internalização
historicamente prevalecente. Romper a
lógica. (MÉSZÁROS, 2008 p. 51-52).
30
base material de produção da vida – que através dela, produz
conhecimento e gera uma “superação da alienação”, este
processo de superar a alienação (MÉSZÁROS, 2008) é
caracterizado por estas mudanças, principalmente na educação,
sendo que esta, fora utilizada historicamente para dominar o
proletariado, quando, o modo de produção hegemônico,
propunha elementos intrínsecos da educação, para apenas
formar indivíduos com as “competências” requeridas pelo
sistema.
Mészáros (2008) trata desse processo como “um
processo de auto alienação escravizante”. Faz-se necessário
então superar a alienação, para que haja emancipação da classe
trabalhadora, considerando sempre a base material de
produção.
31
circunscritas à “legitimação
constitucional democrática” do Estado
capitalista que defende seus próprios
interesses...” (MÉSZÁROS, 2008 p. 61).
32
sociedade, precisamos recuperar também a identidade
mencionada por Manacorda.
O trabalho que Taffarel (2010), aponta como “trabalho
pedagógico”, foi baseado em Manacorda em (1991), como
“trabalho como processo educativo”, diferente do trabalho
historicamente construído e corrompido pelo capital, a simples
compra e venda de força de trabalho, pode ser o “libertador” do
homem, como defende Manacorda:
33
sociais, produzindo e reproduzindo a
vida e suas condições de existência. Essa
apropriação se dá pelo conhecimento,
que é uma objetivação da atividade
humana nas suas relações de produção
da vida, e constitui-se pela unidade
sujeito-objeto. (TAFFAREL, 2011, p.9)
34
denominam de “neotecnicismo”, devido à negligência do sistema
frente aos problemas sociais que assolam o país. Evidencia-se,
então, que o interesse do capital em fragmentar a profissão, nada
mais é do que gerar dois modelos de formação, jogando
trabalhador contra trabalhador. Para isso, utiliza-se de um discurso
de uma pretensa formação baseada mais na técnica, ao formar o
graduado/ bacharel, para atuar no âmbito da atividade física e
saúde, campo não escolar/ não formal. E o licenciado seria o
sujeito que trabalharia no âmbito escolar/formal na educação
básica.
35
modelo de sociedade estão sendo
formados para atuar em um mundo do
trabalho cada vez mais precarizado e
privatista. (EXNEEF, 2015 p. 17)
36
desconsidera a docência como a base em
qualquer local de intervenção
profissional. (CRUZ, 2009 p. 118).
37
Entendemos que a formação da
Educação Física é baseada na docência,
independentemente do seu campo de
atuação, amparado nos autores já
citados anteriormente, ficaria sem
sentido uma formação em bacharelado
que não levasse em consideração os
conhecimentos pedagógicos que
auxiliam em sua intervenção, quanto à
formação nas duas habilidades. (SILVA,
2015 p.66).
38
profissionais, limitando-os a
determinadas áreas de atuação e
culpando-os quando estes não
conseguem emprego. (CRUZ, 2009 p.
111)
39
caráter arbitrário e que visa os interesses do capital, este sendo o
lucro.
Em outras palavras, o sistema CONFEF/CREF busca
veementemente assegurar a fragmentação da profissão para
permanecer com certas relações de poder e, de certa forma, lucrar
com as diversas áreas que a Educação Física dispõe, para que
assim, haja sustentação do modo de produção vigente que passa
por uma crise estrutural. A tabela abaixo detalha a receita obtida
pelo CONFEF na gestão de 2014.
ARRECADAÇÃO
DEMONSTRAÇÃO DA RECEITA POR ORIGEM
(R$)
40
Este mesmo sistema se interessa mais pelo graduado 3
em Educação Física, considerando que esta área fora da escola,
gera mais lucro para o sistema, são muitos patrocínios para suas
campanhas publicitárias e campeonatos desenvolvidos pelo
sistema, além do campo fitness ter crescido bastante nos últimos
anos, segundo dados do CONFEF, em 2000 o Brasil possuía 797
academias, no ano de 2010 esse número aumentou absurdamente
para mais de 16 mil estabelecimentos (informações disponíveis no
site do CONFEF), dados esses de seis anos atrás. É possível que este
número tenha aumentado desde esta última pesquisa, pois em
meio às resistências, o sistema tem influenciado concursos
públicos, continua coagindo professores, coagindo academias e
seus donos, dentre outras ações. No entanto, o prometido retorno
aos professores filiados não tem se efetivado na prática, como tem
sido relatado em periódicos da área (CBCE, CAPES, etc.).
Observamos que o campo da Educação Física tem gerado
muito dinheiro para poucos, portanto, os interesses do capital
estão sendo garantidos com a regulamentação. A carta de serviço
ao cidadão disponível no site do CONFEF é um texto que explicita
algumas das funções do CONFEF, no que se trata aos valores
cobrados pela associação ao sistema:
3Nas DCN 07/2004 o termo bacharel não existe, havendo outras categorizações,
por exemplo, de Graduado, como termo em geral e como Professor da
Educação Básica, no específico.
41
lei possibilitou o reajuste anual dos
valores da anuidade pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA.
Assim, os CREF, de acordo com seu
planejamento anual, poderão
estabelecer descontos e prazos de
pagamento. (CONFEF, 2015, p.20)
42
A regulamentação da profissão de
educação física não prevê o registro no
Conselho Profissional para os
professores do magistério. Mesmos os
seus defensores, nos debates anteriores
à Lei 9696/98, confessavam que tal
regulamentação se destinava aos
campos não escolares, já que o campo
escolar já era regido pelo MEC. Não
obstante, o sistema CONFEF/CREF,
desde sua criação, vem praticando
ingerência no campo escolar.
Inicialmente, começaram uma
fiscalização nas escolas particulares, sob
o pretexto de procurar professores que
trabalhavam também nos campos não
escolares. Depois, cobravam, mesmo dos
que trabalhavam unicamente nas
escolas, o registro no Conselho. Porém, a
maior investida, neste campo, foram os
concursos públicos para o cargo de
professor, pelo país afora. A tática
normalmente utilizada pelos vários CREF
é induzir ao erro as várias Secretarias
Estaduais e Municipais de Educação.
Uma vez tomada ciência de um concurso
para a carreira do magistério que
envolva a contratação de professores de
educação física, o CREF da região envia
um ofício para a Secretaria de Educação,
alertando para a suposta ilegalidade de,
43
no edital, não constar a obrigatoriedade
do registro profissional. Várias
Secretarias, com o temor de ter seu
concurso impugnado, sem buscar um
estudo jurídico aprofundado sobre a
questão, acabam por incluir a
obrigatoriedade do registro,
normalmente em dispositivo posterior
ao lançamento do edital. Isso faz com
que a maior parte dos professores não
perceba o acréscimo da exigência, posto
que está orientado pelo edital do
concurso e não acompanha,
normalmente, os seus acréscimos,
avisos, atos complementares,
retificações, aditamentos, entre outros.
Quando o professor recebe a
convocação para sua posse, é
surpreendido com a exigência do
registro profissional. (MNCR, 2015)
44
para evitar ou para retirar a
obrigatoriedade do registro no edital do
concurso. Já na segunda linha de ação,
junta-se aos sindicatos e ao Ministério
Público para entrar com mandados de
segurança preventivos e ações que
assegurem o direito do professor para
tomar posse do concurso. Assim, a via
jurídica pode ser tentada antes ou depois
da posse do professor. Para o segundo
caso, o MNCR indica que o professor se
registre, para que assegure sua posse,
condição central para efetivar seu meio
de vida. (MNCR, 2015)
45
Art. 3º. Os cursos de Educação Física
deverão assegurar uma formação
generalista, humanista e crítica,
qualificadora da intervenção acadêmico-
profissional, fundamentada no rigor
científico, na reflexão filosófica e na
conduta ética. (CNE/CES, 2015)
46
formação de licenciados que a
distinguam da formação de bacharel,
pois apenas reitera que a formação em
licenciatura precisa ter conhecimentos
que proporcionem as bases para uma
boa atuação no ensino básico. Isso causa
um problema para os cursos que
queiram criar formações específicas para
atuação escolar, pois de acordo com o
artigo oitavo dessa mesma resolução, os
conteúdos exigidos são praticamente os
mesmos para qualquer curso de
graduação em Educação Física. (SILVA,
2015, p. 59).
47
Educação Física nos campos acadêmico,
científico e profissionalizante,
impedindo que posições cristalizadas e
historicamente superadas, se
mantenham dominantes no sentido de
advogar uma única formação para a
área, uma formação que tudo pode e
tudo resolve. Tudo isso, impõe aos
envolvidos analisar os elementos
integrantes da formação acadêmica e do
exercício profissional na perspectiva
do aumento dos seus níveis de qualidade
e de excelência. (CONFEF, s.d.)
48
As instituições que oferecem o modelo de formação
bacharelado terão um ano, contar da data da publicação da
resolução para ajustar-se ao modelo de formação de Licenciatura:
49
ontológica, epistemológica e
gnosiológica a formação em Educação
Física dividida em licenciados x
bacharéis, por desconsiderar a natureza
e a especificidade da identidade da
formação e da intervenção profissional
pautada no trabalho pedagógico. (CBCE,
2016, p.2)
E reforçam:
50
Apontamos a necessidade da luta
organizada contra essa estrutura do
capital, sendo o MNCR e a EXNEEF
(Executiva nacional de estudantes de
Educação Física), organizações 19
combativas e capazes de denunciar e
travar a luta sobre as questões imediatas
que dizem respeito à formação e
regulamentação, porém acreditamos ser
essencial a luta orgânica contra o
sistema que dá condições e contribui
com todos estes meios de exploração
acima citamos, para isso o militante do
MEEF precisa estar dialeticamente
articulado e organizado em ações
específicas e gerais, visando à
construção de uma nova alternativa a
sociabilidade humana, que hoje
compreendermos ser uma sociedade
socialista. (EXNEEF, 2015 p. 18).
51
licenciatura plena de caráter ampliado, surge, não
instantaneamente como solução para a Educação Física, mas esta
vem sendo construída na perspectiva de melhorias na profissão
pelos movimentos e grupos de estudo que lutam contra a
regulamentação da profissão e que defendem uma formação
unificada (MNCR, EXNEEF, MEEF, LEPEL).
52
ensino a distância (EaD). Tratando dos currículos atuais existentes
nos cursos de Educação Física, observemos o que diz Taffarel:
53
psicológicas superiores; sem delimitação
de habilidades daí decorrentes para o
exercício da profissão do professor de
Educação Física; currículo disperso
epistemologicamente em um relativismo
científico prejudicial à formação
acadêmica; currículo sem delimitação de
um objeto preciso de estudo; currículo
baseado na teoria pedagógica
escolanovista. (TAFFAREL, 2012 p. 109)
54
coerção, pela regulamentação e pela
criação de conselhos de caráter
privatista. (TAFFAREL, 2012 p. 106)
55
educativas orientadoras do trabalho
científico (200 horas); currículo com
previsão da autodeterminação dos
estudantes na organização livre dos seus
conteúdos curriculares (200 horas);
currículo com inserção nas redes
públicas – de educação, de saúde, de
esporte, de lazer, de treino de alto
rendimento; currículo com delimitação e
avaliação sistemática do grau de
desenvolvimento da capacidade teórica
dos estudantes e das competências
globais e habilidades para o exercício do
professor de Educação Física que se
caracteriza historicamente pela
docência, ou seja, o trabalho
pedagógico, a atitude científica, a gestão
e administração científica, a organização
do conhecimento pelo trabalho
pedagógico; currículo com uma
orientação epistemológica com base na
teoria crítica, de referencia marxista;
currículo com delimitação de um objeto
preciso de estudo – a cultura corporal.
(TAFFAREL, 2012 p. 109)
56
Tabela 2. Principais diferenças entre a Resolução
CNE/CES nº 07/04 e a proposta de Licenciatura ampliada.
Diretrizes atuais (CNE/CES nº Proposta de Licenciatura de caráter
07/04) ampliado
Caracterização da Área
A Educação Física é uma área de A Educação Física é um campo
conhecimento e de intervenção acadêmico-profissional que se
acadêmico-profissional que tem fundamenta em conhecimentos das
como objeto de estudo e de ciências humanas, sociais, da saúde,
aplicação o movimento humano, exatas e da terra, da arte e da filosofia.
com foco nas diferentes formas e Portanto, sua matriz científica é a
modalidades do exercício físico, história, do homem e sua relação com a
da ginástica, do jogo, do esporte, natureza, com os demais seres
da luta/arte marcial, da dança, humanos e consigo mesmo.
nas perspectivas da prevenção de
problemas de agravo da saúde,
promoção, proteção e
reabilitação da saúde, da
formação cultural, da educação e
da reeducação motora, do rendi
mento físico-esportivo, do lazer,
da gestão de empreendimentos
relacionados às atividades físicas,
recreativas e esportivas, além de
outros campos que oportunizem
ou venham a oportunizar a
prática de atividades físicas,
recreativas e esportivas.
Princípios
a) Autonomia 1) Trabalho pedagógico como
institucional; base da identidade do
b) Articulação entre professor, profissional de
ensino, pesquisa e Educação Física;
extensão; 2) Compromisso social da
c) Graduação como formação na perspectiva da
formação inicial; omnilateralidade;
d) Formação continuada; 3) Sólida e consistente formação
e) Ética pessoal e teórica, formação política;
profissional; 4) Elevação da consciência de
classe;
57
f) Ação crítica, 5) Articulação entre ensino,
investigativa; pesquisa e extensão;
g) Construção e gestão 6) Indissociabilidade teoria-
coletiva do projeto prática;
pedagógico; 7) Tratamento coletivo e
h) Abordagem interdisciplinar do
interdisciplinar do conhecimento;
conhecimento; 8) Ação investigativa crítica,
i) Indissociabilidade solidária, coletiva,
teoria-prática; interdisciplinar na produção
j) Articulação entre do conhecimento científico;
conhecimentos de 9) Articulação entre
formação ampliada e conhecimentos de formação
específica; ampliada, formação especifica
e aprofundamento a partir de
sistemas de complexos que
assegurem a compreensão
radical, de totalidade e de
conjunto;
10) Avaliação permanente
11) Formação continuada
12) Respeito à autonomia
institucional;
13) Gestão democrática;
14) Condições objetivas de
trabalho;
15) Autodeterminação dos
estudantes;
Dimensões
A Formação Ampliada deve Os conhecimentos de Formação
abranger as seguintes dimensões Ampliada advêm das áreas das ciências
do conhecimento: sociais, humanas, da terra, da saúde,
ciências exatas e da natureza e
a) Relação ser humano- abrangem as seguintes dimensões:
sociedade
b) Biológica do corpo a) Relação ser humano – Modo
humano de produção;
c) Produção do b) Relação ser humano –
conhecimento científico Trabalho – Modo de vida;
e tecnológico c) Relação ser humano –
sociedade – Poder;
58
A Formação específica, que d) Relação ser humano –
abrange os conhecimentos Educação, saúde e lazer –
identificadores da Educação Cultura;
Física, deve contemplar as
seguintes dimensões: Os Conhecimentos Identificadores da
Educação Física abrangem as seguintes
a) Culturais do movimento dimensões:
humano
b) Técnico-instrumental a) Cultura corporal – natureza
c) Didático-pedagógico humana e meio ambiente;
b) Cultura corporal – mundo do
trabalho/ campos de
trabalho;
c) Cultura corporal –
Territorialidade e Cultura;
d) Cultura corporal – Política
cultural (Educação, saúde,
lazer, treino de alto
rendimento).
Fonte: Silva (2015)
59
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
60
Consideramos que o MEEF tem papel fundamental neste
processo de reformulação da Educação Física, visto que a proposta
da Educação Física unificada parte deste movimento. E
entendemos a importância da união dos estudantes neste
processo de luta. Todavia, essa luta necessita do apoio de todos os
estudantes de Educação Física, que por sua vez, corroboram com
os ideais do MEEF, no sentido de tornar a Educação Física uma
profissão mais antenada com os anseios da sociedade. Diante
disto, os movimentos estudantis e movimento contra a
regulamentação, fazem um chamado de apoio aos estudantes e
profissionais da área a unir forças para pôr fim nesta fragmentação
e por consequência, trazer para a Educação Física a “mudança”,
conceito defendido por Mészáros (2008). Nesta perspectiva de
mudanças, reforço que se faz necessário que as propostas para as
novas DCN sejam efetivadas, pois, são passos, ainda que curtos
que farão a diferença.
Consideramos que o atual debate frente à Educação Física,
tem avançado na perspectiva de transformação da realidade
posta, as produções sobre formação de professores têm tomado
boa parte das publicações, a fim de promover discussões
relevantes que tragam melhorias para a Educação Física, visto que
a presente fragmentação, não beneficia os trabalhadores em
nenhum aspecto, além disso, propicia uma separação entre os
trabalhadores, obriga-os a lutarem cada um por suas próprias
causas. Colocando-os em uma luta sobre saúde x educação,
quando na verdade, seja na área da saúde, seja na área da
Educação, o profissional de Educação Física, atuará como docente.
Portanto, a diferença persistente entre esses dois profissionais,
será o trato pedagógico para determinado assunto ao qual se
pretende trabalhar. Neste sentido, não havendo diferenças nos
profissionais e sim no trato pedagógico para determinado
conteúdo, não se faz necessário à fragmentação da profissão. Uma
vez que, tal fragmentação, não passa de uma das estratégias do
61
capital, visando apenas o lucro. Não se importando por sua vez
com o trabalhador.
Diante do exposto, conclui-se que, a Licenciatura plena de
Caráter Ampliado, corroborada por todos os movimentos sociais e
grupos de estudos que lutam contra a regulamentação (MNCR,
MEEF, EXNEEF, Rede LEPEL), aparece neste cenário como uma
necessária ferramenta para tais problemas da Educação. Aparece,
não instantaneamente, mas sim, após longos anos de estudos e
amadurecimento de uma proposta de currículo que venha atender
às necessidades da sociedade, e que não forme um profissional
alienado. Esta apresenta-se em contraponto ao que está proposto,
buscando acabar com a fragmentação da Educação Física,
unificando-a. Formando um profissional capaz de atuar na saúde,
na escola, no esporte. Profissional este capaz de compreender a
realidade, e transformá-la.
REFERÊNCIAS
62
"estabelece as diretrizes e bases da educação nacional", e dá
outras providências. Brasília, 2003.
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66
CAPÍTULO II
1. INTRODUÇÃO
67
de seus membros para conseguirem a sua automanutenção. Por
esta razão, acabam buscando nos cursos noturnos a possibilidade
de no futuro obterem condições mais favoráveis de sobrevivência.
Silva e Sales (2002) consideram que a maioria da juventude
brasileira tem no ensino noturno o espaço escolar onde é possível
combinar o trabalho com a educação escolar.
Entendemos que o ensino noturno é regulamentado e
garantido enquanto um dever do Estado pela Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/1996, em seu art. 4º,
inciso VI que determina ser dever do Estado a “oferta de ensino
noturno regular, adequado às condições do educando”.
Quando analisamos as etapas da educação básica
(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) o ensino
médio ocupa a maior proporção de estudantes matriculados no
ensino noturno. De acordo com dados do Censo escolar de 2015
(INEP, 2015) o ensino médio tem cerca de 28,5 milhões de
matrículas, destes, a rede estadual tem uma participação de 84,4%
no total de matrículas e concentra 97,1% dos alunos da rede
pública. Os dados ainda revelam que o ensino médio conta com
76, 4% dos alunos matriculados no turno diurno e 1,9 milhões
(cerca de 23,6%) de alunos matriculados no período noturno.
Identificamos que as primeiras relações legais entre a
Educação Física e a escola através da Lei Constitucional n° 01 da
Constituição dos Estados Unidos de Brasil, promulgada em 10 de
novembro de 1937 onde apresentava em seus artigos 131 e 132,
respectivamente que,
68
podendo nenhuma escola de qualquer
desses graus serem autorizada ou
reconhecida sem que satisfaça aquela
exigência.
Art 132 - O Estado fundará instituições
ou dará o seu auxílio e proteção às
fundadas por associações civis, tendo
umas; e outras por fim organizar para a
juventude períodos de trabalho anual
nos campos e oficinas, assim como
promover-lhe a disciplina moral e o
adestramento físico, de maneira a
prepará-la ao cumprimento, dos seus
deveres para com a economia e a defesa
da Nação. (BRASIL, 1937, p. 84.).
69
término da instrução escolar para o início no mercado de trabalho.
Sendo assim não caberia mais a escola cuidar do físico, mas seria o
mercado de trabalho o agora responsável pelos cuidados do corpo
dos seus trabalhadores.
Porém, nos anos de 1970 marcados por uma nova
revolução industrial na qual houve transformações nas técnicas de
produção onde as máquinas passaram a ser utilizadas em larga
escala, tornando ultrapassados os métodos de produção de
caráter artesanal e o aprofundamento da eficiência no trabalho,
identificamos a primeira vez em que a Educação Física será
facultativa no ensino noturno. Essa facultatividade tem respaldo
no Decreto 69.450 de 1 de novembro de 1971.
70
estabelecimento. (BRASIL, 1971. grifo
nosso).
71
enquanto componente curricular ligada principalmente ao
higienismo e militarismo. Essas influências deixaram suas marcas
por meio dos princípios higienistas como os hábitos saudáveis e
higiênicos e princípios militarista na qual ensinavam aos alunos a
serem disciplinado, obediente às ordens, fortes e saudáveis.
De acordo com a LDB lei no 6.503, de 13 de dezembro de
1977 ao longo da trajetória da Educação Física na escola houve
uma série de possibilidades que permitiram aos alunos solicitarem
dispensas das aulas. Mais especificamente, essas leis foram
aprovadas nas décadas de 1960 e 1970. Dentre os critérios de
facultatividade mais presentes nessas leis destacamos os
seguintes: 1) alunos com problemas de saúde; 2) que servissem ao
exército; 3) que possuíssem filhos (prole) e; 4) que trabalhassem e
tivessem mais que trinta anos.
Essas práticas de dispensa eram ou podiam ser
respaldadas pelo fato da Educação Física ser considerada na lei
como atividade e não disciplina como as demais áreas que
compõem o currículo escolar. Pois as próprias concepções
higienistas e militarista da Educação Física consideravam como
atividades essencialmente práticas, não precisando ter uma
fundamentação de forma teórica que lhe desse suporte
necessário.
Para Machado (2009) um dos fatores que determinou a
não obrigatoriedade da Educação Física é que a maioria dos alunos
que estuda no período noturno, cumpre uma jornada de trabalho
desgastante durante o dia e a prática de atividades corporais
torna-se incompatível com a prática educacional destes. Mas
segundo o autor acima, isso não se justifica, pois a Educação Física
não é composta somente por exercícios físicos desgastantes e
treinamento corporal, e deve ser entendida a partir de uma visão
muito mais ampla que apenas o gesto motor.
72
Em uma visão geral a Educação Física limita-se apenas ao
ensino noturno a sua facultatividade, sendo que ela existe de uma
forma camuflada também nos períodos matutino e vespertino em
que a Educação Física se constitui com base na Lei que garante essa
facultatividade. Porém o período noturno é o que prevalece os
elementos legais, não ocorrendo à oferta da Educação Física neste
turno.
Nesse sentido, nosso tema de estudo foi sobre a produção
do conhecimento sobre a Educação Física no ensino noturno,
realizando uma revisão sistemática nos periódicos da área de
Educação Física entre os anos de 1996 a 2015.
Desta forma, nosso problema de pesquisa foi: Quais as
problemáticas significativas que os periódicos da área apontam
sobre a relação da Educação Física com o Ensino Noturno entre os
anos de 1996 a 2015?
Na tentativa de responder a questão acima, elencamos
como objetivo geral do trabalho analisar as problemáticas
significativas presentes nos periódicos da área sobre a relação
entre Educação Física e o ensino noturno. E os objetivos
específicos: 1) Discutir os principais elementos na história da
legitimação da Educação física na educação básica no período
noturno; 2) Identificar e refletir sobre a produção científica nas
revistas analisadas, relacionando a Educação Física com o ensino
noturno e; 3) Analisar documentos legais sobre a relação entre a
Educação Física e o ensino noturno.
A relevância desta pesquisa do ponto de vista teórico
justificou-se pela pouca discussão sobre a Educação Física no
Ensino Noturno e também pela pouca produção de texto que
debatam a relação entre a Educação Física e a sua legitimação, que
ao longo da sua história vem causando vários impasses como a
obrigatoriedade, a facultatividade e consequentemente a sua
73
ausência. Para Correia (2009) a Educação Física seja numa
perspectiva crítica e inovadora ou como componente curricular
inserido na escola, deve subsidiar a construção de saberes de
modo que propicie aos educando a compreensão de sua condição
social e existencial, buscando uma libertação no que tange aos
processos sociais de opressão, alienação, exclusão e
discriminação.
Este estudo tem grande importância social, pois ajudará a
favorecer o debate sobre a Educação Física no segmento noturno
e como ela vem sendo organizada por meio de leis e decretos.
Este estudo também justifica pela inquietação pessoal em
saber o quanto a Educação Física vem sofrendo mudanças e a
forma como ela tem perdido espaço na escola no ensino noturno.
Apesar da Educação Física ser obrigatória segundo a LDB, essa
obrigatoriedade não o tem garantido a sua legitimidade e
efetividade.
2. METODOLOGIA
74
básicos do marxismo devem ser completados com a ideia de que
existe uma realidade objetiva fora da consciência, sendo que a
consciência é um produto resultado da evolução do material.
Segundo Gomide
75
[...] responde a questões muito
particulares. Ela se ocupa, nas Ciências
Sociais, com um nível de realidade que
não pode ou não deveria ser qualificado.
Ou seja, ela trabalha com o universo dos
significados, dos motivos, das
aspirações, das crenças, dos valores e
das atitudes.
76
Movimento, Motrivivência, Motriz, Revista Brasileira de Ciências
do Esporte, Conexões, Revista da Educação Física.
Realizamos a escolha destas revistas digitais, pois
identificamos que elas representam espaços consolidados de
divulgação do conhecimento científico na área da Educação Física
e também apresentam respectivamente o qualis em Educação
Física: A2, B2, B3, B4 e B5 da CAPES.
77
ESCOLAS Gislaine
PÚBLICAS DE Lisboa
MARINGÁ
DISPENSAS DAS
AULAS DE
EDUCAÇÃO Osmar M.
FÍSICA: de S.
Revista
APONTANDO Júnior,
2009 12 02 Pensar a
CAMINHOS PARA Suraya C.
Pratica/UFG
MINIMIZAR OS Darido
EFEITOS DA
ARCAICA
LEGISLAÇÃO
Fernanda
M.
Impolcetto,
Osmar M.
de S.
Junior,
Heitor de
A.
O QUADRO DAS
Rodrigues,
DISPENSAS DA CONEXÕES:
André L. R.
EDUCAÇÃO Revista da
Barroso,
FÍSICA ESCOLAR Faculdade
André M. 2014 12 2
NA REDE de Educação
de Barros,
ESTADUAL Física da
Anoel
PAULISTA UNICAMP
Fernandes,
Laércio C.
Franco,
Odainton
P. Lopes,
Augusto B.
Guimarães,
João R. de
S. Junior,
78
Matheus
de F. S. de
Oliveira,
Suraya C.
Darido
Fonte: Elaboração própria, 2016
79
3. O ENSINO NOTURNO: O PAPEL DA ESCOLA E ASPECTOS
LEGAIS
80
atuais, da época em que estamos
vivendo. É utopia esperar que venham
para os bancos escolares alunos com
comportamento e interesses de trinta
anos atrás, para que a escola se sinta
segura em transmitir as informações da
mesma maneira das décadas passadas.
(BUOSI, 2007, p.1).
A escola torna-se um espaço fundamental para que se
possa transmitir e assimilar os conhecimentos que foram
sistematizados. De acordo com Saviani (1992) a educação se torna
uma atividade indispensável para a existência humana.
Segundo Saviani (1992, p.27)
81
quando se trata de instituição responsável pelo processo de
transmissão e assimilação de conhecimentos.
Em relação à escola como instituição no processo de
mudança histórica da sociedade Ramos (2014) também aponta
que
82
do tempo do Brasil Império. Entre os anos de 1869 e 1886, escolas
noturnas funcionavam para adultos analfabetos e que devido à
ocupação do trabalho no período diurno não lhes sobravam tempo
para poder frequentar as aulas.
As escolas noturnas foram às primeiras formas de
organização do ensino noturno na qual era assumido pelo poder
público, pois segundo Vieira (2005) as iniciativas para oferecer
escolarização eram de ordem privada, diferente das escolas
públicas que teve um nascimento tardio no Brasil tendo o seu
sistema de ensino conquistado apenas nos anos 1930.
O acesso aos cursos noturnos eram restritos e apenas
oferecidos nas capitais das províncias ou em centro urbanos
grandes. De acordo com Togni e Carvalho (2007, p.1)
83
só era permitida se não interferisse nas atividades das escolas
regulares diurnas e; 4) o programa, a legislação, os critérios e as
disciplinas oferecidas eram as mesmas dos cursos diurnos.
Quando se fala em ensino noturno é preciso abordar sobre
a educação de jovens e adultos e o seu reconhecimento social, pois
segundo Vieira (2015) está educação veio sendo reconhecida a
partir dos anos 1930 ganhando relevância juntamente com as
campanhas de alfabetização entre as décadas de 1940 e 1950 e
também com os movimentos de cultura popular de 1960, o ensino
supletivo dos governos militares e fundação Educar da Nova
República.
A LDB nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 elaborada pelos
governos militares garantiu a implementação do ensino supletivo,
que ampliava o direito a escolarização daqueles que não puderam
frequentar a escola durante a infância e adolescência
84
independente da idade, colocando a educação de pessoas jovens
e adultas no mesmo patamar da educação infantil como podemos
ver na seguinte citação do artigo que diz: “I - educação básica
obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a
ela não tiveram acesso na idade própria”.(BRASIL, 1988).
De acordo com Viera (2007) em 1988 foi elaborado o
Projeto Octávio Elísio, que visava superar a concepção de
educação de pessoas jovens e adultas referidas ao ensino
fundamental regular e buscava estabelecer uma concepção
peculiar de educação, voltada para o universo do jovem e adulto
trabalhador. Este projeto definiu que o Estado deveria criar as
condições a quais o aluno pudesse frequentar a escola e garantido
escolas noturnas, após as dezoito horas, e alguns direitos como
merenda e livros didáticos. Atualmente temos em vigo a LDB de nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996 sobre o direito à educação e
do dever de educar citado no Art. 4º diz que “O dever do Estado
com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia
de: VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
do educando”.
85
Couto Ferraz na qual tornou obrigatória a Educação Física nas
escolas do município da Corte.
Rui Barbosa, no ano de 1882, por meio Reforma Leôncio
de Carvalho, Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879, defendeu a
inclusão da ginástica nas escolas, recomendando que fosse
obrigatória a prática da ginástica tanto para homens como
também para mulheres e que fosse oferecida para as escolas
normais. Porém, isto só foi possível em alguns lugares como o Rio
de Janeiro que na época era capital da república e nas escolas
militares.
A partir então de 1920 vários estados da federação
realizaram suas reformas educacionais. Oliveira (1994, p.24),
afirma que
86
exercícios e perspectiva militarista que desenvolveu a Educação
física desde o século XIX, tendo por objetivo formar homens fortes,
saudáveis para que fossem úteis no processo de desenvolvimento
do país. Podemos perceber que existe uma ligação entre as duas
concepções onde os médicos recorriam da prática da educação
física para a criação do corpo dito saudável e forte.
De acordo com Martins (2009) a Educação Física recebeu
diferentes influências e a partir da década de 1970 surgiram novas
concepções na Educação Física escolar pela qual vieram tentar
mudar o modelo tecnicista, militar e higienista.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) no
século passado, a Educação Física permaneceu estreitamente
ligada às instituições militares e as ideias da classe médica,
portanto sua inserção nas escolas contribuiu para portar uma
ideologia das práticas de higienização e disciplina dos corpos.
Segundo Costa et al.(2007) a Educação Física como
disciplina escolar passou ao longo dos anos por inúmeras
modificações, obviamente, estão vinculadas ao próprio papel e
função exercida pela escola nos diferentes contextos e períodos.
De acordo com Castellani Filho (1998) os pretextos
justificadores do tratamento por ela recebidos já permaneciam
presentes há três décadas. Basicamente, centravam-se no
processo de industrialização do modelo econômico brasileiro em
substitutivo ao agrário de caráter comercial-exportadora que
foram implantados nos anos de 1930, e apoiavam-se na
necessidade da capacitação física do trabalhador ao lado daquela
natureza técnica.
Sob essa influência militar e médica, o foco da Educação
Física era desenvolver apenas o corpo, com isto predominavam no
ensino dessa disciplina conteúdos respectivos às ciências
biológicas e as atividades desenvolvidas tendiam principalmente
87
ao desenvolvimento e obtenção de habilidades motoras e aptidão
física.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) é a
principal lei que rege, define e regulariza o sistema de educação
brasileiro com base nos princípios presentes na Constituição. Ela
foi citada pela primeira vez na Constituição de 1934.
Porém a inclusão da Educação Física oficialmente na escola
brasileira ocorreu ainda no século XIX. Mas de acordo com Betti
(1991), apenas em 1937 uma constituição referiu-se diretamente
a ela, por meio de seu artigo 131, quando determina a
obrigatoriedade da Educação Física nas escolas de ensino primário
e secundário.
88
de todo o país, nos termos do presente
decreto-lei.
[...]
Art. 4º A educação física, a ser ministrada
de acordo com as condições de cada
sexo, por meio da ginástica e dos
desportos, terá por objetivo não
somente fortalecer a saúde das crianças
e dos jovens, tornando-os resistentes a
qualquer espécie de invasão mórbida e
aptos para os esforços continuados, mas
também dar-lhes ao corpo solidez,
agilidade e harmonia.
Parágrafo único. Buscará ainda a
educação física dar às crianças e aos
jovens os hábitos e as práticas higiênicas
que tenham por finalidade a prevenção
de toda a sorte de doenças, a
conservação do bem-estar e o
prolongamento da vida. Será, neste
particular. objeto de especial atenção o
esclarecimento do papel que, na
manutenção da saúde, desempenha a
alimentação, e bem assim dos preceitos
que sobre ela devam ser continuamente
observados.
A base higiênica da apoio e sustentação
para a sua realização, tendo como
objetivo final a formação de corpos mais
fortes para o trabalho. (BRASIL, 1940).
89
Do ponto de vista legal, a Educação Física esteve
contemplada na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação
nacional (Lei n° 4024 de 20 de dezembro de 1961) em seu artigo
22 que cita: “Será obrigatória à prática da educação física nos
cursos primário e médio, até a idade de 18 anos”.
O caráter da Educação Física presente nesta legislação
estava diretamente relacionado à capacitação física do aluno,
visando formar o futuro trabalhador com saúde que seria
fundamental para o processo de industrialização vivido pelo país
naquele período. A própria limitação com relação aos 18 anos de
idade indica uma interrupção da necessidade da Educação Física e,
consequentemente, de exercícios físicos que causariam desgaste
ou exaustão no período em que os indivíduos, supostamente,
necessitariam de um maior aporte energético em função de sua
inserção no mercado de trabalho. (DARIDO, 2012)
Mas foi a partir do decreto Lei n° 58130/66 que foi
regulamentada a obrigatoriedade do ensino da disciplina:
90
Já o Decreto Lei 69450 de 1° de novembro de 1971 traz
como novidade da ampliação da obrigatoriedade da disciplina
Educação Física nos níveis de escolarização do ensino primário,
médio e no superior como mostra o texto a seguir:
91
II - No ensino médio, por atividades
que contribuam para o aprimoramento e
aproveitamento integrado de todas as
potencialidades físicas, morais e
psíquicas do indivíduo, possibilitando-
lhe pelo emprego útil do tempo de lazer,
uma perfeita sociabilidade a
conservação da saúde, o fortalecimento
da vontade, o estímulo às tendências de
liderança e implantação de hábitos
sadios.
III - No nível superior, em
prosseguimento à iniciada nos graus
precedentes, por práticas, com
predominância, de natureza desportiva,
preferentemente as que conduzam à
manutenção e aprimoramento da
aptidão física, à conservação da saúde, à
integração do estudante no campus
universitário à consolidação do
sentimento comunitário e de
nacionalidade.
§ 1º A aptidão física constitui a
referência fundamental para orientar o
planejamento, controle e avaliação da
educação física, desportiva e recreativa,
no nível dos estabelecimentos de
ensino.
§ 2º A partir da quinta série de
escolarização, deverá ser incluída na
92
programação de atividades a iniciação
desportiva.
93
A Educação Física, integrada à proposta
pedagógica da escola, é componente
curricular da Educação Básica,
ajustando-se às faixas etárias e às
condições da população escolar, sendo
facultativa nos cursos noturnos. (BRASIL,
1996)
94
Segundo Lima (2012) a Educação Física deixar de ser
considerada como uma atividade (LDB 5.692/71) para ser
considerada como um componente curricular (LDB 9394/96),
portanto essa mudança de compreensão levará a Educação Física
a adotar um novo papel no contexto educacional. Esse novo papel
vem atender aos longos processos de discussões e produções
desenvolvidas na década de 1980.
A Lei 9394/96 em seu artigo 26, parágrafo 3º determina que
a Educação Física seja facultativa nos cursos noturnos, porém sua
redação já foi modificada por duas vezes. Como podemos ver nas
redações a seguir, dada pelas Leis lei nº 9.394, de 20 de dezembro
de 1996 § 3º
95
A Lei vigente (10.793 de 1º de Dezembro de 2003)
demonstra que o caráter facultativo não é mais da escola como foi
estabelecido anteriormente, esta tem a obrigação de oferecer o
componente curricular, mas os alunos que se enquadrem nos
critérios facultativos estabelecidos pela Lei.
96
A Educação, portanto tem passando por um processo de
transição e precisa ser repensada quanto ao seu papel dentro da
sociedade em que se encontra. A Educação Física como parte
integrante da Educação institucionalizada por meio da escola,
também vem sofrendo modificações.
As mudanças aparecidas em função da aprovação da nova
LDB de 2003, e a Educação Física, especialmente a ministrada no
Ensino Médio noturno, vem sofrendo uma gradativa exclusão
dentro da escola enquanto componente curricular. Para Darido
(2012), essa lei aprovada em 2003 tem uma visão excludente do
papel da Educação Física na escola, pois vem retornando os
pressupostos antes dirigidos como corpo biológico, homogêneo,
cansado do trabalho e que não dispõe de condições para que
realizem as aulas da escola.
Ao invés da discussão sobre a Educação Física avançar no
ponto de vista da inclusão de todos os alunos a LDB traz um
retrocesso bastante excludente da Educação Física na escola.
97
2. A Educação Física no ensino noturno das escolas públicas
de Maringá de autoria de Amauri Aparecido Bássoli de
Oliveira, Gislaine Lisboa (2000);
3. Dispensas das aulas de Educação Física: apontando
caminhos para minimizar os efeitos da arcaica legislação
de autoria de Osmar Moreira de Souza Junior, Suraya
Cristina Darido (2009);
4. Quadro das dispensas da Educação Física escolar na rede
estadual paulista de autoria de Fernanda M. Impolcetto,
Osmar M. de S. Junior, Heitor de A. Rodrigues, André L. R.
Barroso, André M. de Barros, Anoel Fernandes, Laércio C.
Franco, Odainton P. Lopes, Augusto B. Guimarães, João R.
de S. Junior, Matheus de F. S. de Oliveira, Suraya C. Darido
(2014).
98
noturno. Pensamos que isto é um dado preocupante quando
pensamos a produção do conhecimento e a importância que esses
periódicos representam para a área.
Ainda sobre o ano de publicação, constatamos que esses
artigos foram publicados em: 2000 (2 artigos), 2009 (1 artigo) e
2014 (1 artigo).
Podemos perceber que os dois primeiros trabalhos
publicados são datados de 2000, ou seja, 4 anos após a publicação
da LDB. Nesse caso, a partir desses dados identificamos um
silenciamento de quase meia década (4 anos) sobre a Educação
Física no ensino noturno.
Outro ponto de destaque refere-se aos intervalos
extremamente grandes entre uma produção e outra. Ou seja, após
as duas primeiras produções em (2000) a produção seguinte veio
ocorrer após nove anos (2009), quase uma década, e depois em
(2015) meia década depois.
O cenário fica mais tenebroso, quando comparamos o
quantitativo total de artigos publicados pelas revistas nos anos
pesquisados. O gráfico 1 abaixo mostra a quantidade de artigos
publicados entre os anos de 1996 a 2000, na revista Movimento e
na revista Educação Física em que encontramos os dois primeiros
trabalhos do nosso estudo.
99
GRÁFICO 1. Distribuição total de artigos por ano publicado nas revistas
Movimento e Revista Educação Física entre 1996 à 2000.
ARTIGOS
100
5.2 PROBLEMÁTICAS SIGNIFICATIVAS SOBRE A PRODUÇÃO DO
CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO FÍSICA E O ENSINO NOTURNO
101
da educação básica. E uma segunda sobre a negligência de estudos
e ações para avançar na qualidade do ensino.
Segundo o Censo de 2015 (INEP, 2015) o ensino
fundamental é a maior etapa de toda educação básica com (27,8
milhões de alunos) – 15,5 milhões nos anos iniciais e 12,4 milhões
nos anos finais. Enquanto o ensino médio representa 8,1 milhões
de alunos matriculados.
Outro ponto de discussão destacado neste trabalho
refere-se a falta de legitimação da Educação Física e a sua situação
nas escolas
102
Existe uma necessidade básica para o
desenvolvimento de estratégias
participativas, qual seja, a convicção de
que ela pode ser o passo inicial para o
desvelar da realidade e das
potencialidades encobertas pelo
autoritarismo do sistema educacional.
103
Outro ponto em que Oliveira e Lisboa concentra esforço
em seu trabalho é sobre a condição facultativa determinada pela
LDB 9.394/96 para a Educação Física. Os autores apontam que os
estudantes que estudam no período noturno, ao não terem aulas
de Educação Física, passam por um processo de discriminação do
conhecimento. E defendem que ao invés de facultá-la deve
proporcionar a eles uma formação que contemple os
conhecimentos sobre o seu corpo e suas possibilidade e vivencias
da cultura corporal.
Segundo Oliveira e Lisboa (2000) o papel do Professor
torna-se indispensável pois
104
base ao enfrentamento das atuais necessidades do ensino, com o
finalidade de torná-lo efetivo e útil a todos que dele participam.
No terceiro artigo de Souza Junior e Darido (2009)
abordam sobre as dispensas das aulas de Educação Física e tem
como base de pesquisa um estudo de caso. Os autores têm como
objetivo, investigar a trajetória dos pedidos de dispensa nas aulas
de Educação Física no ensino médio em uma escola particular e
apresentar uma proposta que foi desenvolvida durante este
estudo em uma escola particular, apontando algumas
possibilidades pedagógicas que diminuísse essa prática de
dispensa das aulas.
Souza Junior e Darido (2009) trazem duas problemáticas
importantes
105
como isso acontece em comparação a dispensa de outras
disciplinas.
Os resultados apontam que apesar da legislação que
permite a dispensa em Educação Física, é possível minimizá-las por
meio da construção de mecanismos pedagógicos.
A atual LDB (10.793 de 1º de Dezembro de 2003) apresenta
o seguinte texto:
106
Portanto, as considerações de Souza Junior e Darido (2009,
p.1) apontam para possibilidades de superação sobre o dilema das
dispensas nas aulas de Educação Física
107
Impolcetto et al. (2014) apontam algumas problemáticas
relevantes, pois segundo eles
108
sentem perante essas dispensas? Como
lidam com elas no cotidiano escolar?
Quantos alunos têm se utilizado delas?
Em quais situações?
109
alunos de que as dispensas eram
comuns.
6. CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS
110
científicos da área de Educação Física tendo como objetivo fazer
uma analise da produção do conhecimento a respeito desta
temática que envolve a educação Física no ensino noturno a partir
de 1996 a até 2015.
O Objetivo desta pesquisa foi analisar as problemáticas
significativas presentes nos periódicos da área sobre a relação
entre Educação Física e o ensino noturno. A análise dos artigos
encontrados nos periódicos e a discussão de outros autores nos
permitiu compreender e refletir um pouco mais sobre a Educação
Física. Mas para que isso fosse possível foi preciso primeiro tentar
responder o questionamento, Quais as problemáticas
significativas que os periódicos da área apontam sobre a relação
da Educação Física com o Ensino Noturno entre os anos de 1996 à
2015?
Os dados da pesquisa revelam que o ensino noturno é
regulamentado e garantido enquanto um dever do Estado pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/1996, em
seu art. 4º, inciso VI que determina ser dever do Estado a “oferta
de ensino noturno regular, adequado às condições do educando”.
Outro dado relevante é que o ensino noturno tem a maior
quantidade de alunos matriculados comparados com outras
etapas da educação.
Porém percebemos que a principal Lei (neste caso LDB)
que rege a educação tem deixado lacunas para duplas
interpretações e mecanismos que viabilizem a não efetivação da
educação Física no período noturno, permitindo a sua
facultatividade e até mesmo exclusão.
A literatura nos mostra que a Educação Física serviu-se de
um dos aparelhos ideológicos do Estado para adestrar e disciplinar
moralmente o trabalhador associado a formatação de um corpo
produtivo que atende-se a lógica de trabalho. Este ideia
111
permaneceu até o ano de 1970 que foi marcado por uma nova
revolução industrial na qual houve transformações nas técnicas de
produção onde as máquinas passaram a ser utilizadas em larga
escala, não precisando tanto do trabalho braçal.
A Educação Física também foi caracterizada na perspectiva
da esportivização e aptidão física. Estas ideias na época de 1970
justificavam a facultatividade da Educação Física por ser ela
considerado como atividade física, ou seja atividades meramente
praticas isenta de fundamentação de forma teórica que lhe desse
suporte necessário.
Alguns critérios estabelecidos na LDB permitiam aos
alunos solicitarem dispensas das aulas. Estas leis foram aprovadas
nas décadas de 1960 e 1970. Dentre os critérios de facultatividade
mais presentes nessas leis destacamos os seguintes: 1) alunos com
problemas de saúde; 2) que servissem ao exército; 3) que
possuíssem filhos (prole) e; 4) que trabalhassem e tivessem mais
que trinta anos.
A educação Física ao longo dos anos deixa de ser
considerada como atividade física e passa a ser considerada como
componente curricular. Portanto isso não muda muito no cenário
da Educação Física, pois os processos que permitem a
facultatividade continuam existindo até os dias atuais. Mesmo
com a mudança no texto da legislação, os mecanismos que
viabilizam a evasão, ou mesmo o não oferecimento das aulas de
Educação Física no ensino Noturno continuam presentes, como
visto na LDB de 2003.
As mudanças ocorridas em função da aprovação da nova
LDB de 2003, e a Educação Física, especialmente a ministrada no
Ensino Médio noturno, vem sofrendo uma gradativa exclusão
dentro da escola enquanto componente curricular.
112
O números relativamente baixo de trabalhos publicados
em relação a Educação Física e o ensino noturno nos faz refletir o
total desinteresse acerca do tema abordado. Principalmente
quando se percebe que a escolas no período noturno não tem
educação física e poucos estudos defendem a sua inclusão.
Acreditamos que falta uma produção maior de estudos
em relação a Educação Física no ensino noturno que comprovem
a sua viabilidade e desmitifiquem a ideia concebida a ela de uma
Educação Física voltada somente ao desgaste físico.
Portanto ao finalizar esta pesquisa indicam-se trabalhos
similares sejam realizados para que auxiliem no desenvolvimento
de estratégias que possibilitem a e contribuam para a inclusão da
Educação Física no ensino noturno.
REFERÊNCIAS
113
CASTELLANNI FILHO, L. Política Educacional e Educação Física.
Campinas: Autores Associados, 1998.
114
Dezembro: A crise estrutural do capitalismo e seus impactos na
educação pública brasileira. Caxias, MA: Histedbr, MA / CESC,
2014.
115
MARTINS, T. A. ; SILVA, G. M. . As LDB s no Brasil: implicações na
prática de ensino da Educação Física na Educação Básica. Lecturas
Educación Física y Deportes (Buenos Aires), v. 17, p. 1-1, 2012.
116
SAVIANI. D. Pedagogia Histórico-crítica: primeiras aproximações.
3.ed. Campinas – SP: Cortez; Autores Associados, 1992. (Coleção
Polêmicas do nosso tempo, vol. 40).
117
CAPÍTULO III
1. INTRODUÇÃO
118
tem como objetivo prevenir das Lesões por esforço repetitivo (LER)
e as Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT), além de proporcionar a redução do estresse.
Mendes e Leite (2008) ainda fala que as sessões da
Ginástica Laboral são combinadas por exercícios aeróbios e
exercícios localizados, muito próximos aos executados em
academias. Nesse caso as atividades físicas aeróbias mais
comumente executadas são as caminhadas, a bicicleta e a esteira
ergométrica.
Tendo em vista que os profissionais de embelezamento
sofrem com a longa jornada diária de trabalho e os ambientes
inadequados, trazendo para os mesmos sérios problemas de
saúde, assim este estudo vem como intuito de mostrar para esses
profissionais que a ginástica laboral pode ajudar esses
profissionais, na sua vida profissional e também a melhora a sua
qualidade de vida.
Assim este estudo tem como objetivo geral analisar por meio
de revisão de literatura as implicações da ginástica laboral na
prevenção de lesões em profissionais de embelezamento.
119
Educação Física, no período de 2000 2013. Para esse capítulo
foram elaborados resumos, onde foram analisados os objetivos, a
metodologia utilizada, a quantidade de sujeitos e os resultados
encontrados.
A primeira pesquisa é o de Oliveira (2007) que apresenta
como temática: A Importância da Ginástica Laboral na Prevenção
de Doenças Ocupacionais tem como objetivo de verificar através
de revisão bibliográfica, a importância da Ginástica Laboral na
prevenção de doenças ocupacionais. Para a realização do estudo,
foi feito um resumido histórico sobre as Lesões por Esforços
Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho (DORT), e também sobre Ginástica Laboral, analisando-
se os aspectos relacionados às LER/DORT, os diferentes métodos
de Ginástica Laboral, e os resultados positivos obtidos através
desta ginástica. Assim os resultados apresentados na pesquisa
foram de diferentes autores, que ressaltaram a importância da
Ginástica Laboral, tanto para o trabalhador no alívio das dores
corporais, na diminuição dos casos de LER/DORT, quanto para a
empresa no aumento da produtividade e no maior retorno
financeiro para empresas.
O estudo de Militão (2001) que tem como tema: A influência
da ginástica laboral para a saúde dos trabalhadores e sua relação
com os profissionais que a orientam, tem como objetivo, verificar
se a ginástica laboral contribui para a saúde dos trabalhadores e se
existe diferença nos resultados quando esta é orientada
diretamente pelos professores de educação física e facilitadores. A
metodologia empregada foi uma pesquisa de abordagem
quantitativa de caráter descritivo, e para realização da pesquisa
foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevista e
questionário, onde foi divido em duas etapas, na primeira foi feito
uma entrevista com os responsáveis da ginástica laboral das
120
empresas de Florianópolis, que aplicava a ginástica laboral. Na
segunda etapa foram utilizados questionários com perguntas
abertas e fechadas, relacionadas com a saúde, estilo de vida, o que
eles gostariam que mudasse e os efeitos da ginástica percebida
pelos funcionários. Foram selecionadas quatro empresas do
Estado de Santa Catarina que aplicam programa de ginástica
laboral a mais de um ano, duas utilizam dois professores de
educação física e os outros dois monitores. Os resultados da
pesquisa apontaram que perguntas abertas mostraram que 55.5%
dos funcionários orientados por professor de educação física,
ficaram mais motivados a fazerem exercícios e 37% tiveram
mudanças nos hábitos relacionados ao lazer, e que a ginástica
laboral quando orientada pelo profissional de educação física,
reduz os problemas relacionados a dores, desanimo, falta de
disposição, insônia, irritabilidade, promovendo o bem-estar para
os funcionários.
No estudo de Mancilha (2007) tem como temática ginástica
laboral: um meio de promover qualidade de vida. A pesquisa tem
como objetivo promover a melhora da qualidade de vida, a
integração e a socialização dos participantes, através da prática de
atividade física. A metodologia do estudo foi desenvolvida com
trabalhadores de uma universidade pública, localizada na cidade
de Campinas, interior do Estado de São Paulo. A pesquisa
constituiu-se duas etapas: a primeira delas foi baseada em uma
parte teórica de pesquisa bibliográfica, e a segunda teve a
aplicação prática de um questionário. Foram realizadas aulas
diariamente de segunda à sexta-feira, durante 15 minutos no
saguão no prédio, onde há bastante ventilação e iluminação. Para
a realização do participaram do programa de Ginástica Laboral e
responderam aos questionários 28 funcionários, de ambos os
sexos, sendo 25 mulheres e 03 homens, com idade entre 18 e 60
121
anos. Resultados mostraram que os funcionários têm maior
qualidade de vida nos domínios psicológico e físico é menor nos
domínios social e ambiental.
A pesquisa de Avelar e Fujimoto (2012) apresenta à
temática: A influência da ginástica laboral na minimização do
estresse ocupacional, tendo como objetivo análise da ginástica
laboral na minimização do estresse ocupacional na ótica dos
trabalhadores de uma empresa de energia elétrica. A metodologia
utilizou-se abordagem quantitativa de caráter descritivo, o estudo
foi realizado na companhia energética de Minas Gerais (CEMIG),
os sujeitos da pesquisa foram 11 trabalhadores praticantes da
ginástica laboral. Os resultados indicaram que 100% dos
participantes reconhecem a atividade laboral como minimizadora
do estresse, e dentre as principais mudanças que ocorreram na
vida dos trabalhadores após a adesão à ginástica laboral se
encontra o aumento da interação entre os funcionários com 91%,
seguido da diminuição do estresse no ambiente de trabalho e do
incentivo a prática de exercícios fora do ambiente de trabalho com
55%.
Salate e Silva (2007) apresentam como temática a ginástica
laboral como forma de promoção à saúde, o objetivo do estudo foi
implantar um programa de ginástica laboral e avaliar sua eficácia
após um determinado período de tempo. A metodologia utilizou-
se de um protocolo de avaliação que constava com questionários
e exames físicos. Os procedimentos metodológicos da pesquisa foi
um programa de ginástica laboral, realizado quatro vezes por
semana (segunda à quinta-feira), no início do expediente da tarde
(dois dias intercalados) e final de expediente da tarde (dois dias
intercalados), com duração mínima de vinte minutos e máxima de
trinta minutos, ficando a critério do funcionário (a) o melhor
horário de participação da atividade devido a sua demanda no
122
trabalho. Os sujeitos da pesquisa seis funcionários (as) (n=6) de
alguns setores de trabalho do Centro de Estudos da Educação e
Saúde (CEES) – UNESP/Campus de Marília. Os seis participantes
três eram do sexo masculino e três do sexo feminino. Tanto a
média como o desvio-padrão eram maiores no sexo masculino em
relação ao sexo feminino, sendo de 51,3 ± 7,4 anos para homens e
39,3 ± 2,03 anos para mulheres. Os resultados demostraram que o
programa de ginástica laboral proporcionou para os participantes
maiores facilidades das AVD e AVP, melhora da concentração no
trabalho e diminuição do estresse.
A pesquisa de Gondim et al (2009) tem como temática
avaliação da prática de ginástica laboral pelos funcionários de um
hospital público, e tem como objetivo conhecer aspectos
relacionados à saúde ocupacional de funcionários de um hospital
público de Fortaleza e avaliar a prática de ginástica laboral, bem
como sua influência na qualidade de vida no trabalho do traba-
lhador de saúde. A metodologia tem como abordagem
quantitativa do tipo transversal, onde foi realizado no período de
2008. Os dados foram coletados no Hospital Universitário Walter
Cantídio – HUWC através de um questionário, as perguntas foram
referentes ao programa de ginástica do hospital elaboradas a
partir dos objetivos propostos. Os sujeitos do estudo foram 22
funcionários que frequentavam o programa de ginástica laboral. O
programa apontou resultados positivos, relacionados à melhoria
no desempenho pessoal no trabalho (77,2% dos entrevistados);
melhora na postura durante a jornada de trabalho (54,5% dos
participantes); bem como redução das queixas físicas (54,5% dos
funcionários).
A pesquisa de Joia e Souza (2007) têm como temática a
relação entre ginástica laboral e prevenção das doenças
123
ocupacionais: Um estudo teórico. O objetivo foi de verificar a
eficácia da atividade física na prevenção dos distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT). A
metodologia trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico, para
cujo princípio de análise das informações foi comparativo. As
consultas foram mediadas pela Biblioteca Virtual em Saúde, e pelo
acervo da Biblioteca da Faculdade São Francisco de Barreiras, onde
foi utilizada palavras- chave instituídas de acordo com os
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): saúde; engenharia
humana; e terapia por exercício. Utilizamos também o Localizador
de Informações em saúde (LIS), na busca de trabalhos científicos
publicados sobre a temática da saúde ocupacional. Os resultados
demonstram que a ginástica laboral apresenta benefícios
primários ao trabalhador na prevenção das doenças ocupacionais,
associada a um programa mais individualizado, somado a
melhoras ergonômicas e a participação voluntária do funcionário
na terapia.
O estudo de Leal e Mejia (2011) traz como temática a
ginástica laboral como ferramenta de prevenção para a melhoria
da qualidade de vida, onde tem como objetivo mostrar como a
ginástica laboral e utilizada para a prevenção de melhorias da
qualidade de vida de trabalhadores, destacando as principais
doenças ocupacionais LER/DORT. Os resultados da pesquisa
mostraram que a ginástica laboral, quando orientada diretamente
pelo profissional habilitado reduz significativamente as dores nas
costas, cabeça, ombro e pescoço, nos membros superiores e
inferiores, e que o programa de ginástica laboral aparece
interligado ao programa de qualidade de vida e promoção de
saúde e lazer, que visam amenizar os efeitos que o mau uso da
tecnologia causa no ser humano.
124
A pesquisa de Grande et all (2011) apresenta como temática
comportamento relacionados à saúde entre participantes e não
participantes da ginástica laboral. E tem como objetivo verificar a
prevalência de comportamentos relacionados a saúde em
trabalhadores participantes e não participantes da ginástica
laboral da Universidade Estadual de Londrina. A metodologia
utilizada foi no primeiro momento levantamento de informações
junto à coordenação do Programa de GL da UEL, que informou
serem 65 os setores e repartições participantes da GL do Campus
Universitário. E para o estudo foram escolhidos 20 setores
aleatorizados a partir de uma avaliação do Campus Universitário,
utilizou-se um questionário e para a análise de dados utilizou-se a
estatística descritiva e o teste do qui-quadrado. Os resultados do
estudo mostraram que os comportamentos relacionados à saúde
investigados, os participantes de GL apresentaram menor
prevalência de inatividade física, no lazer, e consumo abusivo de
álcool, do que seus pares não participantes.
O estudo de Hereczuck e Ulbricht (2013) tem como temática
prescrição de um programa de ginástica Laboral para o trabalho
frente ao computados: uma abordagem ergonômica. E que tem
como objetivo identificar os principais pontos de sobrecarga
musculoesqueléticas e o grau de fadiga mental que atinge os
trabalhadores administrativos discuti-los e a partir dos dados
obtidos sugerir um programa de ginástica laboral. A metodologia
empregada teve uma abordagem quali-quantitativa de caráter
exploratório e descritivo. Os sujeitos da pesquisa foram
funcionários do setor técnico administrativo de uma instituição
pública da cidade de Curitiba, sendo escolhido o setor que entre
os 13 setores incluídos no programa de Ginástica Laboral, os
funcionários passavam a maior parte do tempo frente ao
computador, os instrumentos utilizados para a parte quantitativa
125
foram questionários bipolar, para a avaliação da fadiga e
questionário nórdico padrão para a análise dos sintomas
musculoesqueléticos, os dados coletados foram analisados os
principais focos que prejudicavam o trabalho dos indivíduos e
elaborado um programa de Ginástica Laboral visando minimizar os
problemas que esses incômodos podem causar. Os resultados
apontaram que os indivíduos envolvidos na pesquisa
apresentaram um grau considerável de fadiga mental, e de
segmentos corporais afetados por dores, assim levasse em
consideração para a prescrição de um programa de ginástica
laboral para que não se torne apenas uma ferramenta sem
utilidade.
Portanto como foi mostrado nas pesquisas, que a Ginástica
Laboral é proporciona benefícios para o trabalhador e para
empresa, e também na prevenção das doenças ocupacionais.
126
(Distúrbios Osteosmusculares Relacionados ao Trabalho), isso
pede uma atenção redobrada em relação à posição durante o
trabalho.
Para Prôa et al. (2005) com o passar do tempo, reconheceu-se
que um serviço de manicure ou pedicure executado de forma
inadequada pode vir a causar danos graves à saúde dos
profissionais.
Tendo em vista as condições de trabalho dos profissionais de
manicure, o programa de ginástica laboral vem como uma aliada
na prevenção de doenças ocupacionais e LER (Lesão por Esforço
Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteosmusculares Relacionados ao
Trabalho) com exercícios físicos de alongamentos, relaxamento e
atividades de recreação.
O programa de Ginástica Laboral tem como propósito de
prevenção de doenças ocupacionais, segundo Cañete (2001,p
147)
127
prevenção das LER/DORT e a diminuição do estresse, através dos
exercícios de alongamento e de relaxamento.
Vieira (2000) defende o fato de que a atividade laboral é
uma alternativa significante na prevenção das doenças
osteomusculares através de uma pesquisa sobre prevenção das
LER/ DORT em pessoas que trabalham sentadas e usuárias de
computador. A prática de exercícios físicos para esse tipo de
trabalhador é fundamental, porque alonga e relaxa a musculatura
tensionada, principalmente os músculos estabilizadores da coluna
(paravertebrais), permitindo que haja diminuição da dor, da fadiga
e aumento do desempenho profissional.
Desta forma Militão (2001) fala que os principais benefícios
que a ginástica laboral proporciona para os trabalhadores são a
melhora da autoimagem; minimização das dores, do estresse e das
tensões; melhora do relacionamento interpessoal; aumento da
resistência à fadiga; mais motivação para o trabalho; além da
melhora de saúde mental, espiritual e física.
A partir das colocações dos autores citados acima, sobre a
ginástica laboral que tem como objetivo nas empresas a prevenção
contra doenças ocupacionais, estresse e o aumento do bem estar
dos trabalhadores. Assim tendo como base nas considerações dos
autores e das pesquisas sobre as características e os benefícios do
programa de ginástica laboral, que pode perceber que a ginástica
laboral pode ser capaz de ajudar os profissionais de
embelezamento em especial às manicures.
Para Militão (2001) a ginástica laboral quando bem
orientada, pode contribuir com a ergonomia reduzindo as dores,
fadiga, monotonia, estresse, acidentes e doenças ocupacionais dos
trabalhadores.
O profissional de Educação Física tem um papel fundamental
na realização do programa de ginástica laboral, pelo fato de ter
128
conhecimentos fundamentais de fisiologia do exercício,
cinesiologia, alongamentos e flexibilidade e atividades de
recreativas.
Segundo o CONFEF/CREF o Conselho Federal e programa de
Educação Física o profissional de Educação Física está capacitado
tecnicamente e está legalmente apto para promover e orientar
atividades de Ginástica Laboral. Sua competência é reconhecida
nessa área específica, onde está legitimada para atuar na
prevenção e promoção da saúde em geral, condição
inquestionável para uma vida ativa e com qualidade.
A seguir uma proposta de uma sessão de programa de
ginástica laboral desenvolvido por nós constando de atividades de
aquecimento, correção, alongamento, força e relaxamento para os
profissionais de embelezamento em especial as manicures.
129
4 PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL PARA MANICURES
130
Figura2: Flexão dos dedos
131
Figura 3: Flexão do joelho e alongamento da coxa
132
Figura 4: Flexão dorsal do Pé
133
Figura 5: Flexão do tronco
134
Figura 6: Alongamento do tríceps
135
Figura 7: Alongamento do Quadríceps
136
CONSIDERAÇÕES FINAIS
137
doenças ocupacionais e na promoção do bem-estar dos
funcionários, mas o programa deve ser planejado de maneira que
respeite as condições e os limites de cada indivíduo participante
do programa.
Mas é importante lembra que o programa de ginástica
laboral seja aplicado por um profissional de Educação Física que
tenha conhecimento teórico e prático, para que as atividades
propostas no programa de ginástica laboral sejam realizadas de
maneira correta, para que alcancem os objetivos e os benefícios
para participantes do programa de ginástica laboral.
Assim apesar das dificuldades na realização deste estudo, o
trabalho terá continuidade com novas pesquisas e estudos com
aplicação do programa de ginástica laboral proposto neste estudo
para os profissionais de embelezamento em especial as manicures.
REFERÊNCIAS
138
Brasileira de Cineantropometria Desempenho Humano, v 13, n. 2
p 131-137, 2011.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed.
São Paulo: Atlas, 2002.
GONDIM et al. Avaliação da prática de Ginástica Laboral pelos
funcionários de um hospital público. Revista rene, v 10, n.2 p.
95-102, 2009
GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de metodologia da
pesquisa científica. 1ed. – São Paulo: Avercamp, 2005.
HERECZUCK, D.V; ULBRICHT, Leandra. Prescrição de um
programa de Ginástica Labora para o trabalho frente ao
computador: uma abordagem ergonômica. Revista Uniandrade,
v12, n. 2, 112-124, 2013.
LEAL, L. F. C; MEJIA, D. P.M. Ginástica Laboral como ferramenta
de prevenção para a melhoria da qualidade de vida. Maio 2011.
139
Federal de Educação Tecnológica (Dissertação de Mestrado em
Tecnologia), 2000.
140
CAPÍTULO IV
1. INTRODUÇÃO
141
biologicista que levava em conta a ênfase nos aspectos biológicos
e fisiológicos. (FERREIRA; SAMPAIO, 2013).
Na tendência Militarista as aulas de Educação Física, além
da influência médica, passam a sofrer influências pelos valores,
códigos e princípios militares. Nessa conjuntura a saúde individual
era gerada sob a prática de exercícios e a Educação Física na escola
tinha como tarefa principal o seu desenvolvimento. (GHIRALDELLI
JÚNIOR, 1998).
De acordo com Silva (2015) na Educação Física Higienista e
Militarista os professores eram preparados para atuarem no
ambiente escolar compreendendo o ser humano com ênfase na
esfera biológica. Neste modelo, a saúde/atividade física/exercício
físico era o elemento principal da Educação Física, porém, sendo
abordada de maneira simplista e reduzida. Nestas perspectivas o
conceito de saúde estava relacionado ao binômio saúde/doença.
Já na tendência Pedagogicista, de acordo com Ghiraldelli
Júnior (1998), a disciplina Educação Física torna-se o núcleo da
escola, pois, está presente nos ritmos do cotidiano e responde a
preparação de alunos para as festividades da escola e atividades
como torneios, desfiles, formação das fanfarras, entre outras.
Assim, o envolvimento dos estudantes passou a ser mais
participativo. Portanto, Ferreira e Sampaio (2013) lembram que a
Educação Física brasileira parecia caminhar a largos passos para
um bom uso de seus métodos, contudo, estava por vir uma
barreira que a levaria de volta ao biologicismo: a ditadura militar.
No período da ditadura militar (1964/1985) surgiu então,
a tendência Competitivista ou Esportivista. Nessa tendência a
Educação Física e a saúde física, se tornam temas importantes, pois
é necessário atender aos futuros atletas, visto que era do interesse
142
dos governantes que a população estivesse a todo o momento
mais entusiasmada com os esportistas e suas medalhas, a intenção
era além de tornar o Brasil uma potência olímpica reconhecida
mundialmente, fazer com que as pessoas esquecessem o
momento complexo em que viviam. Conteúdos como fisiologia e
treinamento esportivo, alcançam amplo desenvolvimento
(FERREIRA, 2009).
Observamos que a quinta tendência apontada por
Ghiraldelli Júnior (1998) foi a popular, que começou em 1985 e
teve um envolvimento com os movimentos sociais e uma
preocupação com a transformação social, fazendo diversas críticas
à Educação Física.
Vimos que a partir desse movimento de crítica da
Educação Física na escola no final da década de 1970 e início da
década de 1980, que foram identificadas, de acordo com Darido
(2003) a constituição e sistematização de várias abordagens6
pedagógicas da Educação Física.
Segundo Darido (2003) a abordagem Desenvolvimentista
apresenta como conteúdos centrais o desenvolvimento das
habilidades motoras básicas e específicas através do jogo, esporte
e dança. Sua finalidade é a adaptação aos valores presentes na
sociedade, para isso fazem uso da equifinalidade, variabilidade,
solução de problemas. A temática principal fica por conta das
habilidades, aprendizagem e desenvolvimento motor, com foco no
desenvolvimento dito normal, de acordo com a idade da criança.
Nessa concepção da Educação Física a saúde é tratada de
forma indireta através de atividades que desenvolvem as
143
habilidades motoras, tais aulas, têm predominantemente o viés
prático apresentando uma visão biologicista e individualista de
saúde.
Nesse contexto, a abordagem Construtivista tem como seu
conteúdo fundante as brincadeiras populares, o jogo simbólico e o
jogo de regras. Sua finalidade é a construção do conhecimento
através do resgate de conhecimento do aluno para a solução de
problemas. A temática principal fica por conta da cultura popular,
do jogo e do que é lúdico, (DARIDO, 2003).
É válido mencionar que a saúde é tratada de forma indireta
através de atividades lúdicas envolvendo o jogo. Apresenta uma
visão não biologicista, porém individualista de saúde, (FERREIRA;
SAMPAIO, 2013).
Já a perspectiva Critico-Superadora de acordo com Darido
(2003) foi fundamentada baseada nas ideias da Pedagogia
Histórico-crítica de Demerval Saviani e é apresentada na obra
Coletivo de Autores (1992). Valter Bracht resume essa proposta da
seguinte maneira:
144
aprofundamento da sistematização do
conhecimento), propõe que este seja
tratado de forma historicizada, de
maneira a ser apreendido em seus
movimentos contraditórios [...].
(BRACHT, 1999, p.80).
145
e efeito. Visão não é completamente biologicista, no entanto,
defende de maneira muito intensa as questões orgânicas como
única fonte de saúde. Visão individualista de saúde, (FERREIRA;
SAMPAIO, 2013).
146
suas práticas enquanto cidadão e que o mesmo compreenda os
impactos e as influências que sua condição social tem na sua
saúde, desse modo a Educação Física assume, portanto como
esclarece Silva, Martins e Silva (2013) um papel educativo e não
mais recreativo ou medicamentoso.
Segundo Silva (2015) a formação de uma profissão está em
constante transformação através do progresso científico, por mais
que a base de uma profissão continue inalterada, há uma
constante revolução em seus conteúdos, métodos de trabalho e
espaços de atuação. Na Educação Física não foi diferente, como
pudemos constatar através do breve relato histórico e conceitual
citado aqui. Prova disso é que a cada dia novas pesquisas e novos
interesses relacionados com a Educação Física surgem nos bancos
de dados on-line, tornando-se acessível a milhares de pessoas em
questão de segundos.
O interesse em pesquisar sobre esse tema surgiu por meio
da participação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID) da Universidade do Estado da Bahia (UNEB),
enquanto Bolsista de Iniciação à Docência (Bolsista ID). Um dos
conteúdos desenvolvidos durante uma unidade escolar foi sobre o
conhecimento saúde, sentimos muita dificuldade em desenvolver
esse conteúdo e nos preocupamos em verificar as práticas
pedagógicas atuais sobre o tema.
Nesse sentido, elencamos como problema de pesquisa
para este trabalho: De que forma a produção científica vem
apontando o trabalho com o conhecimento saúde na Educação
Física escolar?
Assim, o objetivo geral foi o de verificar por meio de
revisão sistemática como o conhecimento acerca da saúde está
sendo desenvolvido na Educação Física escolar. Como intuito de
atender a tal objetivo, surgiram os seguintes objetivos específicos:
147
1) Sistematizar os artigos que discutem o conhecimento saúde na
Educação Física escolar nos periódicos analisados; 2) Refletir sobre
o conhecimento saúde e a Educação Física na escola.
Acreditamos que esse estudo pode contribuir,
principalmente, para uma reflexão sobre a prática pedagógica do
professor de Educação Física escolar a partir do conhecimento
saúde, bem como a/as abordagem/ns que o norteia para suas
práticas.
Ademais, acreditamos que estudos como esse são de
grande relevância para atualizar o debate sobre saúde e Educação
Física Escolar, bem como os conteúdos que são desenvolvidos,
buscando uma interpretação da realidade que poderá ser
encontrada pelos professores na Educação Física Escolar.
2. METODOLOGIA
148
dos valores e das atitudes. Esse conjunto
de fenômenos humanos é entendido
aqui como parte da realidade social, pois
o ser humano se distingue não só por
agir, mas por pensar sobre o que faz e
por interpretar as suas ações dentro e a
partir da realidade vivida e partilhada
com seus semelhantes, (MINAYO, 2010,
p. 21).
149
Março de 2016. Utilizamos os seguintes descritores: Educação
Física, Saúde e Escola. Para a seleção dos textos foi utilizado o
indicador booleano AND.
Foram adotados como critérios de inclusão artigos
disponíveis na integra de forma gratuita, publicados dentro do
recorte temporal e que estivessem disponíveis em Espanhol, Inglês
ou Português e que apresentassem resultados.
Na busca inicial foram encontrados 465 artigos, após a
leitura dos títulos permaneceram 27 artigos, após a leitura dos
resumos restaram 20 artigos, lidos os textos na integra,
permaneceram 08 artigos.
A amostra final do estudo foi de 08 artigos que foram
encontrados nos periódicos: Motriz (2), Motrivivência (2), RBCE
(1), Revista Movimento (1) e Pensar a prática (2).
Para analisar os dados partimos da análise de
conteúdo, pois a jugamos ser a mais apropriada para a
pesquisa em questão, entendemos tal análise como sendo:
150
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
151
saberes LARA, L. base das aulas
necessários M. de educação
sob a ótica física.
docente. RINALDI, I.
P. B.
Atividade PINA, L. D. Angra Experiências Nova forma de
Física e Saúde: dos dos alunos entender a
Uma Reis, RJ, sobre o tema, relação entre
experiência 2008. exposição saúde e
pedagógica dialogada do atividade física
orientada pela professor, por parte dos
Pedagogia pesquisa com alunos.
Histórico os integrantes
Crítica. da
comunidade,
exposição e
discussão de
filmes.
Concepções SILVA, F. A. Rio de Entrevista Conscientizar e
de corpo e a G. Janeiro, semiestrutura apresentar as
prática RJ, da. múltiplas
pedagógica SILVA, L. A. 2010. possibilidades
dos I. de exercitar o
professores corpo,
de educação LÜDORF, principalmente
física do S. M. A. pelo esporte;
ensino médio. Aptidão física
relacionada à
saúde;
Desenvolviment
o das
capacidades
físico-esportivas
dos alunos.
Tematizando SILVA, A. São Diário de Valorização da
o discurso da C. José, SC, campo, prática; esporte
mídia 2010. filmagens, espetacularizad
Sobre saúde textos, o sobrepunha-
com alunos do produções se à saúde;
Ensino médio midiáticas, Referências
semelhantes às
152
entrevistas que a mídia
em grupos. veicula como
discurso; Saber
médico
respaldando
qualquer prática
saudável do ser;
Reprodução dos
discursos dos
meios de
comunicação de
massa; Novas
reflexões.
153
Através do Quadro 01 é possível visualizar as informações
fundamentais e resumidas dos trabalhos selecionados e analisados
na presente revisão sistemática.
O número de artigos selecionados para a presente revisão
representa um total de 1,7% das pesquisas encontradas (465) com
as palavras-chave. Através desse resultado podemos verificar que
a quantidade de publicações que abordam a saúde na Educação
Física escolar é muito pequena, quase insignificante se
observarmos o total das produções.
Constatou-se que os 08 artigos selecionados nesta revisão
foram publicados no período de 1997 a 2013. Sendo: 01 artigo
realizado nos anos de 1997 a 1998; 01 estudo desenvolvido em
2003; 02 pesquisas feitas em 2008; 02 artigos elaborados em 2010
e 02 outras pesquisas em 2013.
O número de artigos encontrados com a temática, além de
apresentar escassez, não acompanha o movimento de produções
científicas na área da Educação Física e saúde, pois há uma
ausência de publicações nos últimos três anos.
Observou-se certa concentração geográfica nas regiões Sul
e Sudeste, com igual número de publicações (03 estudos para cada
região), seguidos pela região Nordeste e Victória (AUS), com 01
publicação cada.
Com esses resultados é possível observar que houve um
número maior de publicações nacionais sobre a temática do trato
com o conhecimento saúde na Educação Física escolar,
encontrando apenas um trabalho internacional oriundo de
Victória, Austrália. A quantidade menor de trabalhos
internacionais diz respeito a características de produção das
revistas pesquisadas, pois não há um hábito de publicações
internacionais nos referidos periódicos.
154
Sobre o público alvo dos estudos, observou-se que dos 08
artigos analisados: a) 02 estudos foram realizados com professores
de escolas da rede municipal; b) 01 estudo realizado apenas com
alunos do ensino médio; c) 01 artigo elaborado em um programa
de educação de jovens e adultos, unicamente com os alunos; d) 01
estudo realizado em turmas de ensino médio noturno, com
professores e alunos; e) 02 pesquisas com professores do ensino
médio público e privado, em um dos estudos os professores eram
da área de Educação Física e professores de outras áreas do
conhecimento, apresentando relação interdisciplinar e; f) 01
estudo feito com professores, diretores e vice-diretores de escolas
primárias e secundárias em Victoria (AUS).
Nesse sentido, identificamos que houve nos 8 estudos
analisados uma maior preocupação em investigar o trabalho
docente do que a percepção, sentidos e significados dos discentes
em relação ao tema estudado.
Em relação ao segmento da educação onde as pesquisas
foram realizadas, podemos constatar através dos achados que
existe uma preocupação maior com o ensino médio (4 trabalhos)
já que este foi o público alvo com o maior número de publicação.
No Ensino Fundamental identificamos (3) trabalhos. Na Educação
de Jovens e Adultos identificamos (1) artigo.
Percebemos a pouca produção relacionada com a etapa da
Educação de Jovens e Adultos reflete a ausência da Educação Física
enquanto componente curricular obrigatório nesta etapa.
Identificamos também a ausência de trabalhos no âmbito da
Educação Infantil, refletindo a fragilidade da constituição da
Educação física nesta etapa escolar.
Basicamente a entrevista foi o instrumento mais utilizado
pelos pesquisadores, seguida por questionários e diários de campo
e outros instrumentos menos citados.
155
3.1 Apontamentos introdutórios dos artigos
156
sempre a ampliação desses saberes e não somente a reprodução
midiática por si somente.
Pina (2008) realizou um trabalho, no qual apresenta a
experiência desenvolvida nas aulas de Educação Física com alunos
de um programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Segundo
o autor a experiência partiu do método dialético de construção do
conhecimento escolar, pautado pela Pedagogia Histórico-crítica.
Na pesquisa de Silva e Maciel (2009), os autores reforçam
a importância de investigações contínuas no Ensino Médio
noturno, por entenderem que o mesmo apresenta dificuldades
administrativas e pedagógicas. Tiveram o objetivo de analisar as
características da Educação Física desenvolvida no Ensino Médio
noturno da rede pública estadual. Apesar do relato sobre as
dificuldades, no que se refere à legislação educacional sobre o
tempo e o número de aulas semanais os autores apontam que os
mesmos estão sendo cumpridos.
No trabalho desenvolvido por Lupton (2003) foram
analisados os documentos que norteiam a Educação, o Curriculum
Standards Framework (traduzido para Estrutura Curricular e
Normativa - ECN) e foram realizadas entrevistas com os
professores. O artigo apontou os discursos a respeito de saúde que
se evidenciam no contexto de um currículo contemporâneo de
educação física em saúde, especificamente aquele que está sendo
aplicado nas escolas australianas do Estado de Victoria. A autora
encontra relação nos discursos dos professores e no conteúdo do
ECN sobre Educação em saúde e Educação Física com os discursos
neoliberais de sociedade.
O estudo de Miranda, Lara e Rinaldi (2009) teve como
objetivo o de expor a noção dos professores atuantes na rede
pública e privada do ensino médio, sobre a importância da
Educação Física e sua relação com as demais áreas, acerca dos
157
saberes que consideram necessários para o trato pedagógico dos
conteúdos da educação física na escola. Esse estudo apresentou
uma característica diferenciada, pois, considerou na pesquisa a
relação interdisciplinar e chamou a atenção sobre a tomada de
consciência coletiva sobre o que é a Educação Física, o seu campo
de conhecimento, trato pedagógico e a relação com as outras
áreas da escola.
Outro estudo analisado foi o de Silva, Silva e Lüdorf
(2015), os autores apontam como objetivo do estudo analisar e
discutir as concepções de corpo, presentes nos discursos dos
professores de Educação Física atuantes no ensino médio. Foi
detectado que os docentes estão apresentando concepções de
corpo diferentes uns dos outros e perceberam que tais concepções
são produtos do meio ao qual estão inseridos. Os pesquisadores
apontam ainda, que a preocupação com a saúde é o tema principal
que marca a prática pedagógica neste nível de ensino, contudo
continuam a se preocupar com o desenvolvimento das
capacidades físico-esportivas dos alunos.
Oliveira, Martins e Bracht (2015) tratam do tema da
educação para a saúde em escolas públicas municipais a partir do
Programa Saúde na Escola (PSE) e suas relações com a Educação
Física. Por causa da falta de projetos sobre o tema da saúde e
Educação Física houve o desenvolvimento de um projeto de
formação continuada para os professores da rede. Os autores
encontraram possíveis relações a serem desenvolvidas mesmo
com a ausência da Educação Física, que não foi citada diretamente
nos documentos do referido programa. Mesmo considerando
válido o Programa Saúde na Escola, os autores indicam que existe
uma insegurança e pouca clareza por parte dos professores e dos
profissionais da saúde sobre como executa-lo e como devem
desenvolver as ações previstas pelo programa.
158
Ao analisarmos os artigos selecionados para este estudo,
identificamos duas categorias que se destacaram frente as demais,
são elas: o conceito de saúde e o trato com a saúde na escola.
Nessa perspectiva, tais categorias serão desenvolvidas a seguir.
159
também sofreu grande influência, surgindo assim abordagens
pedagógicas que tratam da saúde de forma direta nas aulas de
Educação Física e outras que tratam sobre a temática de forma
mais indireta.
Segundo Guedes (1999), um dos teóricos que elaborou
uma abordagem voltada para a promoção da saúde, “[...] os
conceitos elaborados quanto ao que vem a ser saúde devem ser
objeto de cuidadosa reflexão, para que se possa perceber e atuar
de forma coerente no sentido de contribuir efetivamente na
formação dos educandos” (GUEDES, 1999, p.11)
O autor defende ainda que nessa perspectiva, os
professores de Educação Física devem incorporar nova postura
diante da estrutura educacional, abandonando de suas práxis, a
mera vivência prática de atividades esportivas e recreativas, e de
maneira fundamentada impetrar metas direcionadas à educação
para a saúde.
Scliar (2007) aponta que os cuidados primários de saúde,
devem incluir entre outros elementos a educação em saúde,
nutrição adequada, saneamento básico, planejamento familiar,
imunizações, prevenção e controle de doenças endêmicas e de
outros frequentes agravos à saúde, mesmo com a visão biológica
de saúde presente no discurso do autor é notável que o mesmo
considera outros fatores como sendo importantes quanto ao
cuidados com a saúde e destaca que deveria existir maior relação
e participação entre o setor de saúde e os demais.
A urgência em ampliar os conceitos sobre saúde não é
nova, como podemos constatar através da Organização Mundial
da Saúde (OMS) (1948), que define saúde não apenas como a
ausência de doenças, mas como uma situação de perfeito bem-
estar físico, mental e social.
160
Desde a divulgação desse novo significado, muitos
estudiosos aceitam e propagam esse conceito de saúde,
entretanto, outros pesquisadores fizeram diferentes apreciações,
como é o caso de Almeida filho (2011) que traz uma dura crítica a
essa definição: “A primeira vista, poderíamos não dar atenção a
essa intrigante definição que teve o duvidoso mérito de alimentar,
em todo o mundo que se diz civilizado, um novo misticismo
sanitário” (ALMEIDA FILHO, 2011, p. 8). O autor esclarece sua
crítica explicando que os governantes demostram desejo e energia
em propagar esse conceito, ao mesmo tempo em que criam
barreiras burocráticas bastante eficientes para o acesso à saúde.
Segundo Soares (1993) as necessidades pedagógicas e as
funções a serem atendidas e desempenhadas pela Educação Física
em tempos anteriores limitavam-se ao desenvolvimento da
aptidão física para a saúde em sua relação com o mundo da
produção, com o intuito de promover homens fortes e saudáveis
para o trabalho. É sabido, através da História da Educação Física
que a saúde sempre esteve presente de uma forma ou de outra.
Através de vários estudos podemos perceber que houve uma
preocupação principalmente no que se refere à função da
Educação Física escolar, bem como sua relação com o
conhecimento saúde, buscando ampliar os conceitos e buscar uma
reflexão mais profunda sobre tais relações. A seguir, a partir dos
artigos selecionados para este estudo veremos como esse conceito
está presente na Educação Física escolar da atualidade.
Dentre os trabalhos analisados, Ferreira, Oliveira e
Sampaio (2013) sinalizam que o conceito de saúde adotado pelas
pessoas analisadas em seu estudo não contempla o sentido
ampliado, e, segundo os autores torna-se necessário superar os
aspectos individuais e biológicos de suas práticas. Esse estudo
confirma o que Souza, Pina e Lopes (2013) evidenciam quando
161
explicam que o esporte é concebido como meio de prevenção e
promoção da saúde, de maneira que se um indivíduo optar por um
estilo de vida saudável é certo que terá saúde. A visão
funcionalista sobre a saúde é que promove o esporte, bem como
outras atividades físicas como solução aos malefícios da vida
moderna. Nessa visão as doenças nada têm a ver com as relações
sociais concretas e sim com a não adesão dos indivíduos às práticas
saudáveis.
Darido (2012) enfatiza que a relação da saúde com as
condições socioeconômicas também é um fator importante para
compreendermos saúde, a autora cita que quanto maior a
condição socioeconômica e maior o grau de escolaridade, menor
é o risco de desenvolver alguns tipos de doenças. Portanto, não
devemos responsabilizar unicamente o sujeito pela adoção de um
estilo de vida ativo, esperando que este mantenha sua saúde
ilibada. A questão da saúde deve ser compreendida como fator
social, inteiramente ligado às condições socioeconômicas do
indivíduo.
Em Silva (2011) o conceito apontado como sendo o que as
pessoas mais conhecem é o efeito causa/produto, em que
atividade física gera saúde ou a falta dela gera doença. Os alunos
reproduziram a ideia de que o saber médico deve respaldar
qualquer prática saudável. Segundo a autora essa noção de
saúde/doença é reflexo dos discursos sobre saúde e atividade
física, repetidos diariamente nos meios de comunicação de massa.
Em trabalho anterior, Carvalho (1995) em “o “mito” da atividade
física e saúde” além de mencionar esse ideário presente na
sociedade, que atividade física promove saúde, refere-se a
propagação de outro que atrela a atividade física ao poder de
remediar a doença sem observar outros fatores.
162
Sobre a relação saúde e atividade física, concordamos com
Souza, Pina e Lopes (2013) quando mencionam que tal discurso é
semelhante ao encontrado na relação esporte e saúde. Mezzaroba
(2012), assim como Silva (2011) chama a atenção para
ultrapassarmos a barreira conceitual que prende a saúde ao
campo da causa e efeito evidenciado também nos espaços
escolares, o autor afirma que existe uma relação histórica e que
ela merece atualmente, considerações mais aprofundadas aos
professores de Educação Física e que estes ultrapassem o plano da
unicausalidade.
No trabalho de Pina (2008) os alunos reproduziram o
discurso dominante (prática de exercício físico e/ou esportes e
obtenção de saúde), já os pesquisadores declararam entender a
saúde
163
saúde, revelando a complexidade e aprofundando o diálogo a
partir das questões sociais e culturais, segundo a autora:
164
entendem ser atividade física e saúde o conhecimento base das
aulas de Educação Física.
Silva, Silva e Lürdof (2015) explicam que de modo recente,
alguns pesquisadores identificaram que corpo e Educação Física
escolar no ensino médio relacionam-se à saúde em uma
perspectiva de combate ao sedentarismo e à defesa da prática
regular de exercícios físicos. Os autores entendem que este
conceito de saúde não contempla os anseios da Educação Física.
Oliveira, Martins e Bracht (2015) de acordo com os autores
o conceito de saúde do PSE está relacionado com a prevenção e
promoção da saúde. Alguns professores concordam, deixando
evidente durante a entrevista, porém existem outros que possuem
uma noção diferenciada e mais ampliada sobre saúde, incluindo
aspectos sociais e políticos, entre outros. Os autores entendem
por concepção ampliada de saúde aquela que rompe com o
modelo limitado da relação saúde/doença.
A partir dos resultados das pesquisas constatamos que há
uma confusão sobre os conceitos de saúde, o que ela representa e
como trata-la na escola.
Almeida Filho (2011) menciona que logo no início dos anos
1980 houve uma preocupação em ‘mudar’ o conceito de saúde,
podemos verificar tal preocupação surgida na década de 1980
através da seguinte citação:
165
nosso objeto, afinal, o que é saúde?
(ALMEIDA FILHO, 2011, p.11).
166
sociedade capitalista. Concordamos, portanto, com Rosas et al
(2001) quando afirma que esta é uma discussão ainda em aberta
Sobretudo, com o que foi explicitado aqui, não é intenção
negarmos os benefícios fisiológicos promovidos por exercícios
físicos e/ou atividades físicas, mas que a função da Educação Física
Escolar não deve ficar submersa em meio aos conceitos
reducionistas de saúde, aproveitamos para citar Almeida Filho
(2011) quando ele enfatiza que o conceito saúde/doença deve ser
entendido como um problema filosófico e científico, portanto um
conceito restrito e biologicista que responsabiliza apenas o
indivíduo pela sua saúde ou falta dela, não nos cabe mais.
7 Grifo nosso para destacar a visão dos PCN’s com relação a função da Educação
Física escolar atrelada ao binômio saúde e atividade física.
167
pedagógica, como as demais disciplinas, talvez isso explique o que
destacamos acima com aspas, sobre os conhecimentos tidos como
importantes para a Educação Física escolar pelos PCN’s.
Espelhados nos PCNs, vários Estados elaboraram, cada um
no seu entendimento, propostas curriculares que se inspiraram na
perspectiva cultural da Educação Física, um exemplo é o estudo de
Oliveira, Oliveira e Vaz (2008) que apresentam uma proposta para
novas Diretrizes Curriculares para o ensino de Educação Física no
Estado do Paraná. Os autores consideram que seus apontamentos
servem como orientações e os dividiram em eixos, estes, segundo
os pesquisadores são muito mais do que ingênuas temáticas,
devem constituir o apoio à organização das práticas pedagógicas
do professor, um apoio sobre o qual a sua ação poderá se
organizar. Contudo, essas ações isoladas não preenchem a lacuna
sobre a qual paira a incerteza dos profissionais da educação
quanto ao que abordar em cada etapa do ensino, pois são
geograficamente limitadas.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é uma exigência
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Brasil, 1996)
para o sistema educacional brasileiro, com o objetivo de fomentar
a qualidade da Educação Básica e tornar a educação mais
igualitária. Desta forma, está em fase de construção a proposta da
Base Nacional Comum Curricular, o documento está em etapa
preliminar, mais especificamente na 2ª versão e segundo o
ministério da Educação, até junho de 2016 ela estará disponível na
versão final.
No que se refere a Educação Física o documento aponta
que através da dimensão do Lazer ou da saúde o indivíduo é capaz
de demostrar sua singularidade e subjetividade, sendo o papel da
Educação Física desenvolvê-los na escola. Conforme a BNCC a
referência central para a estruturação dos conhecimentos em
168
Educação Física são as práticas corporais. Dentre os elementos
fundamentais comuns a todas as práticas corporais a BNCC
destaca que “são produtos culturais vinculados com o
lazer/entretenimento e/ou o cuidado com o corpo e a saúde”
(BRASIL, 2016, p. 100). O que podemos confirmar no seguinte
fragmento da BNCC
169
Os resultados dos artigos analisados nos levam a uma
reflexão sobre como os professores estão tratando esse tema,
quais metodologias e/ou abordagens eles estão utilizando durante
sua práxis no ambiente escolar.
No artigo de Oliveira, Martins e Bracht (2015) o
conhecimento saúde é trabalhado através do Programa Saúde na
Escola, contudo, os autores não deixam claro o que poderia ser
feito nesta perspectiva de trabalho. A partir das incertezas e pouca
clareza por parte dos agentes responsáveis em desenvolver as
ações do programa, foram identificadas algumas necessidades,
entre elas, a de criarem um programa de formação que capacitem
esses agentes, principalmente para diferenciarem, segundo os
autores a “saúde na escola” da “saúde da escola”. A primeira seria
a saúde trazida dos postos de saúde e dos hospitais sem o devido
trato pedagógico, já a segunda diz respeito a saúde tratada de
forma pedagógica no ambiente escolar, seria nesse caso, a
educação para a saúde.
Silva, Silva e Lüdorf (2015), descrevem que no estudo
aparentemente há uma tentativa do professor de direcionamento
da prática pedagógica voltada à cultura corporal. Os professores
demonstram preocupação com a saúde em suas práticas
pedagógicas, utilizam-se do termo “higiene” ligado ao “cuidado
com o corpo” para se referirem à sua prática pedagógica sobre
saúde com os alunos, independente da concepção de corpo
incutida na prática pedagógica docente. Segundo os autores, o
trabalho nas perspectivas de saúde vem a se constituir em um
significativo marco no contexto da Educação Física no ensino
médio.
Nesse artigo podemos perceber a tentativa dos
professores em trabalhar com o conceito ampliado de saúde, ao
mesmo tempo em que nas suas falas remetem ao sentido mais
170
biológico de saúde. Foi identificado o trabalho técnico envolvendo
o desenvolvimento físico e/ou esportivo como procedimentos
exclusivos da prática pedagógica, além da ideia de que prática
pedagógica se direciona a uma perspectiva de conscientizar e
apresentar as múltiplas possibilidades de exercitar o corpo,
principalmente pelo esporte. Como podemos perceber, mesmo
com alguns professores citando a Cultura Corporal como
referencial teórico o conceito biológico de saúde e a relação
atividade física e saúde a qual Carvalho (1995) faz um contraponto,
estiveram presentes na maioria dos discursos.
O estudo de Miranda, Lara e Rinaldi (2009) apontaram os
conhecimentos que têm maior frequência no discurso dos
professores, como sendo a atividade física e saúde, primeiros
socorros, aspectos da saúde, qualidade de vida, obesidade,
nutrição, perigo de uma vida sedentária, estudos de anatomia e
alongamento, voltados para a saúde e prevenção de doenças.
Além desses conteúdos totalmente voltados para o biológico
foram apresentados pelos professores das escolas públicas e
particulares, tanto os da área da Educação Física quanto das outras
áreas os conteúdos relacionados aos esportes, no entanto,
resumiram-se em consciência crítica do esporte, esportes e mídia,
vivências motoras diferenciadas, técnicas das diferentes
modalidades desportivas e xadrez para concentração.
Todos os professores apontaram a possibilidade de
trabalhar relacionando os conteúdos da Educação Física com as
demais disciplinas, as respostas aparecem em ambos os grupos
questionados, tais como: relacionar a Educação Física com temas
da biologia, abordar o metabolismo dentro da biologia e química,
e aspectos químicos e biológicos da atividade física, esses
conteúdos foram encontrados nas respostas dos quatro grupos
171
analisados. Isso reforça, ainda mais o viés biológico atribuído à
educação física.
No trabalho de Lupton (2003) não foram descritas as
práticas pedagógicas nem os conteúdos desenvolvidos, a autora se
propôs a analisar os documentos norteadores e suas relações com
a prática docente, porém a práxis não foi apontada.
Silva e Maciel (2009) relatam que os docentes investigados
distinguem a avaliação recíproca como a estratégia de ensino mais
empregada e que a técnica de ensino é a aula prática. Apontam
ainda que abordagem da atividade física relacionada à saúde e a
abordagem humanista são as mais utilizadas para a
fundamentação teórica. Sobre as atividades lecionadas pelos
professores, segundo os autores, ficou evidente, que nas aulas
ainda predominam os esportes coletivos, de duplas e individuais.
Foram elencados os seguintes conteúdos considerados
diversificados, recreação, Educação Física e Lazer, futebol,
voleibol, handebol, basquetebol, tênis de mesa, ginástica,
atividades sociais, dança, capoeira e atividades teóricas.
Na intervenção de Pina (2008) o processo pedagógico foi
pautado no materialismo histórico, o qual tem como finalidade a
transformação social, os cinco passos do método dialético de
construção do conhecimento foram seguidos, a saber, a prática
social, a problematização, a instrumentalização, catarse e a prática
social final. Foram apresentados aos alunos os seguintes tópicos a
serem trabalhados: (1) Exercício físico: seus benefícios e sua
importância; (2) Saúde: uma questão social; (3) Exercício físico
garante saúde? No quadro 2 as ações estão melhor detalhadas.
172
QUADRO 2 – Propostas de ação sistematizada no trato com a saúde por
Pina (2008)
Intenções e proposta de ação
Manifestação da nova atitude Proposta de ação da nova
prática postura prática
173
QUADRO 3 – Estratégias metodológicas e temas trabalhados por
aula/encontro apontada no trabalho de Silva (2011).
Estratégia Datas Temática central de cada intervenção
realizadas
174
22/06/201
6 0 Discussão envolvendo a temática Copa do
Mundo, Esporte e saúde.
175
Podemos fazer dois destaques interessantes com relação
ao trato do conhecimento saúde nas aulas e a percepção dos
educandos, o primeiro diz respeito a opção dos alunos em discutir
a temática de forma teórica em sala de aula, o que seria positivo
pois se distancia da velha ideia de que a aula de Educação Física
deve ser sempre na quadra. O segundo destaque é a limitação no
entendimento de que o trato com o conhecimento saúde não pode
ter relação com a prática, pois são conhecimentos relacionados ao
biológico e ao anatomofisiológico.
4. CONSIDERAÇÕES PROVISÁRIAS
176
foram: 1) Sistematizar os artigos que discutem o conhecimento
saúde na Educação Física escolar nos periódicos analisados; 2)
Refletir sobre o conhecimento saúde e a Educação Física na escola.
Nosso problema de pesquisa foi: De que forma a produção
científica vem apontando o trabalho com o conhecimento saúde
na Educação Física escolar? Acreditamos ter respondido a esse
problema através dos achados nas pesquisas selecionadas para a
análise.
Como podemos confirmar a partir da síntese dos principais
resultados: 1) Abordagem mais utilizada para tratar o tema:
promoção da saúde; 2) Distanciamento na prática pedagógica do
conceito ampliado de saúde; 3) Conteúdos mais desenvolvidos:
vinculados com aspectos da fisiologia, anatomia, biologia,
prevenção e promoção da saúde, recuperação, entre outros; 4)
Apontamentos para a necessidade do redimensionamento do
currículo; e 5) Articulação da Educação Física com políticas públicas
da saúde.
Embora os objetivos propostos tenham sido alcançados,
não podemos ser indiferentes quanto aos fatores limitantes,
dentre os quais podemos citar, a pouca produção na área e falta
de publicação nos últimos três anos, o que não nos permite um
diagnóstico mais preciso.
Por esta razão, existe a necessidade de mais pesquisas que
tratem especificamente do conhecimento saúde na Educação
Física escolar.
Esperamos que as reflexões aqui apresentadas,
contribuam não somente para o debate acerca do que venha a ser
saúde, ou sua abordagem na escola, como também para a
conscientização de que o dever, enquanto professores de
Educação Física é proporcionar aos alunos os mais diversos
conhecimentos, de maneira que os tornem sujeitos críticos e
177
capazes de compreender e atuar de forma direta e na realidade
social em que vivem.
REFERÊNCIAS
178
CASTELLANI FILHO, Lino. Educação Física no Brasil: A História que
não se conta. Campinas, SP: Papirus, 1988.
179
GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. Educação Física Progressista. São
Paulo: Edições Loyola, 1998.
180
OLIVEIRA, M. A. T.; OLIVEIRA, L. P. A; VAZ, A. F. Sobre
corporalidade e escolarização: contribuições para a reorientação
das práticas escolares da disciplina de educação física. Pensar a
Prática. p. 303-318, set./dez. 2008.
181
partir de Paulo Freire. Colóquio Internacional Paulo Freire,
Recife-PE, 2001.
182
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view
/15009/13689>. Acesso em: 26 março/2016.
doi:http://dx.doi.org/10.5007/15009.
183
CAPÍTULO V
1 INTRODUÇÃO
184
pois procuram identificar os aportes
significativos da construção da teoria e
prática pedagógica, apontar as restrições
sobre o campo em que se move a
pesquisa, as suas lacunas de
disseminação, identificar experiências
inovadoras investigadas que apontem
alternativas de solução para os
problemas da prática e reconhecer as
contribuições da pesquisa na
constituição de propostas na área
focalizada.
185
a esse fato, tem se multiplicado o número e o tipo de indicadores
para mensurar a qualidade dos materiais divulgados, por exemplo,
os indicadores bibliométricos (BUFREM E PRATES 2005; FERREIRA
2010).
186
cientometria, patentometria, biblioteconometria e webometria,
são respectivas ao universo ou tipo de objeto quantificável a que
se referem, ou seja, a prática de mensuração da informação da
ciência ou de suas representações em modalidades mais
convencionais ou na Web.
187
uma área de aplicação do que de produção de conhecimento. De
acordo com Bracht et al (2011) essa prática de mapear e avaliar a
produção de conhecimento, embora estivesse sendo desenvolvida
de forma tímida, já estava presente como demonstra as pesquisas
de Matsudo em 1983 e a de Faria Júnior em 1987/1991, que
procuraram classificar e avaliar a produção da área sob diferentes
perspectivas. Dentre os estudos mais recentes na área com o
mesmo foco de análise apontados por grande parte da literatura
referencial estão: Petrúcia et al. (2003), Antunes et al (2005), Rosa
e Leta (2010, 2011), Carvalho e Linhales (2007), Lüdorf (2002),
Nascimento (2010) e Almeida e Vaz (2010), Alves e Pringolato
(1996), Souza e Silva (1990, 1997), Souza e Silva et al (1998a,
1998b), Gamboa (1987), Gamboa, Chaves e Taffarel (2007), Santos
(2012), Coutinho et al. (2012), Kirk (2010), Betti, Ferraz e Dantas
(2011), Matos et al. (2013) eMuglia-Rodrigues e Correia (2013) e
outros (BRACHT et al, 2011).
188
revistas/periódicos nacionais mais revisitados da nossa área
visando futuramente o desenvolvimento e proposição não apenas
de práticas de pesquisa mais específicas e aprofundadas sobre o
tema como também de práticas pedagógicas, as quais a partir do
presente estudo possibilitará uma aproximação maior com o tema
e suas abordagens.
189
A partir dessas considerações preliminares, considera-se
relevante efetuar a análise da produção do conhecimento sobre a
temática explicitada. De tal modo, pretendeu-se mapear e analisar
sob o ponto de vista quantitativo-descritivo e qualitativo-
interpretativo, as produções veiculadas nas principais revistas da
área disponíveis online tendo como objetivos específicos: 1)
Identificar artigos científicos dos quais que possuíam as palavras-
chave “Esportes de Aventura” e “Esportes radicais” publicados em
periódicos nacionais especializados da área no período de 1986 à
2015; 2) Refletir sobre a produção científica publicada nas revistas
analisadas no tocante á relação dada Educação Física com os
conteúdos Esportes Radicais e de Aventuras; 3) Verificar quais os
aportes teóricos e metodológicos que fundamentam a discussão
sobre a temática pretendida em seis Revistas Brasileiras da
Educação Física.
190
3) Identificar, entre as seis revistas, tendências das
investigações em termos de temáticas e dos aportes teórico-
metodológicos utilizados.
2 METODOLOGIA
191
(1978, p. 38, tradução nossa), a diferença essencial entre a
tradicional bibliografia e a bibliometria é que esta utiliza mais
métodos quantitativos do que discursivos. Assim, a utilização de
métodos quantitativos na busca por uma avaliação objetiva da
produção científica é o ponto central da bibliometria: Deixando de
lado os julgamentos de valor, parece clara a importância de se
dispor de uma distribuição que informe sobre o número de
autores, trabalhos, países ou revistas que existem em cada
categoria de produtividade, utilidade ou o que mais desejarmos
saber. (PRICE, 1976, p. 39).
192
Para a realização desta pesquisa foram selecionadas seis
(6) revistas/periódicos como fonte de investigação, a proceder
uma análise do seu conteúdo. A escolha destas revistas se deu por
alguns motivos: 1) Ocupam estratos elevados no qualis-periódicos
da CAPES; 2) Pela importância no campo ou por sua longevidade;
3) todas elas publicam, embora não exclusivamente, artigos da
subárea sociocultural/pedagógica. Já o recorte temporal adotado
inicia-se no ano da primeira publicação da revista mais antiga até
as edições (de todas as revistas) atuais, apontando como limite os
artigos publicados até o ano de 2015. A escolha destes dois temas
para desenvolver esse estudo surgiu a partir da restrição e da
quantidade de textos encontrados numa busca previa. Por se
tratarem de conteúdos que se aproximam no sentido da sua
abordagem, em se tratando do campo da Educação Física, decidiu-
se optar pelos dois e garantir uma quantidade um pouco mais
elevada de bibliografia para análise.
193
2.1 Procedimentos
RBCE 1
Motriz 39
Motrivivência 1
RBEFE 13
Ciência e Movimento 2
Movimento 4
194
TOTAL 60
195
Quadro 3 - Quantidade de artigos depois do corte.
RBCE 0
Motriz 5
Motrivivência 1
RBEFE 2
Ciência e Movimento 2
Movimento 3
TOTAL 13
(Fonte: Elaboração própria, 2016).
196
nenhum outro dado senão os disponibilizados
exclusivamente pela plataforma online da revista.
6) Para a análise qualitativa-interpretativa, o segundo
momento a qual segue a nossa análise, foram lidos
todos os artigos na integra para identificação das suas
respectivas abordagens bem como dos principais
aspectos teóricos-metodológicos.
3 ANÁLISE QUANTITATIVA-DESCRITIVA
197
Gráfico 1 - Distribuição total de artigos publicado nas seis (06)
revistas entre 1986 a 2015.
6 5
5
4 3
2
3 2
2 1
1 0
0 Revistas
MOTRIZ
RBCE
MOTRIVIVÊNCIA
RBEFE
MOVIMENTO
MOVIMENTO
CIÊNCIA E
198
Gráfico 2 - Quantitativo total em todas as revistas de artigos publicados
entre as décadas de 90 a 2000 em todas as revistas pesquisadas.
15 13
10 6 4 7
5 0 000 0 0 000 0 2 211 011
0
Década
Década
Década
Década
2000
2010
80
90
Motriz Motrivivência
Rbefe Ciência e Movimento
Movimento Rbce
Total
199
Gráfico 3- Quantitativo total em todas as revistas de artigos publicados
entre os anos de todas as revistas pesquisadas.
3,5
3 3 3
3
2,5
2 2
2
1,5
1 1 1 11 1 1 1 1 11 1 1
1
0,5
0000000 00000 000000000 000 0 0 0 00 00 00 00 0000 0 0 0000 00000000000000
0 2011
2015
2006
2007
2008
2009
2010
2012
2013
2014
1986 - 2005
200
Analisando as instituições nacionais e internacionais
detectadas no campo das produções pelas quais estão vinculados
os respectivos autores responsáveis pelas publicações,
apresentada sob ilustração do quadro 4, observa-se que a
Universidade Estadual de Maringá (UEM) lidera o ranking de maior
quantitativo de vínculos entre os autores que publicaram nas
revistas de modo geral. Com nove (09) autores vinculados coloca-
se entre a universidade com o maior nível de publicação. Em
seguida, destaca-se a Universidade Estadual Paulista (UNESP), com
seis (06) autores e a Universidade Santa Cruz do Sul (UNISC) em
terceiro com cinco (05). Os demais números estatísticos a estes
relacionados seguem na tabela abaixo que somados apresentam
um total de 42 vínculos (autores).
INSTITUIÇÃO Nº DE
AUTORES
VÍNCULADOS
UEM - Universidade Estadual de Maringá 09
UNESP- Universidade Estadual Paulista 06
UNISC -Universidade Santa Cruz do Sul 05
UFRGS- Universidade Federal do Rio Grande do Sul 04
UFG - Universidade Gama Filho 04
UPE- Universidade Pernambuco 02
UFMG- Universidade de Minas Gerais 02
UTFPR — Universidade Tecnológica Federal do Paraná 01
USIT- Universidade São Judas Tadeu 01
UNIVERSO – Universidade Salgado de Oliveira 01
University of Otago – Nova Zelândia 01
UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo 01
201
UNICENTRO – Universidade do Centro-Oeste 01
UNICASTELO – Universidade Castelo Branco 01
UESC – Universidade Santa Cruz - Bahia 01
UESC - Universidade Estadual de Santa Catarina 01
UCB - Universidade Católica de Brasília 01
TOTAL DE VÍNCULOS 42
(Fonte: Elaboração própria, 2016).
9 8
8
7
6
5 4
4 3
3
2 1 1
1 0
0
202
Partindo da detecção de quarenta e dois (42) autores
identificados, a próxima categoria propôs-se a destrinchar essa
classificação por “Gênero”. Neste sentido, é possível mensurar os
níveis de produções por autores referentes ao gênero masculino e
feminino. Verifica-se que vinte e quatro (24) se classificaram como
sendo do gênero masculino contra dezoito (18) do gênero
feminino, no qual surge uma diferenciação irrisória de sete (07)
autores entre os gêneros quanto ao interesse sobre os Esportes de
aventuras e Esportes Radicais. O gráfico 5, que segue logo abaixo,
demostra o Gênero dos autores.
203
Gráfico 6 - Titulação dos autores.
35 33
30
25
20
15
10 2 1 1 1 3
5
0
8 7
4 3
2
2 1
0 0 0
0
Um Dois Três Quatro Cinco Seis Sete
(Fonte: Elaboração própria, 2016).
204
O próximo indicador de análise estar a referenciar a
tipologia do artigo, no qual do total de 13 artigos analisados, sete
(07) não informaram tipologia, quatro (04) foram classificados pela
revista como “Artigos Originais”, um (01) como “Ponto de vista” e
um (01) “Artigo de Revisão”. Assim, no gráfico 8, verifica-se:
8 7
7
6
5 4
4
3
2 1 1
1
0
Artigo Artigo de Artigo Não
Original Revisão Ponto de Informado
Vista
205
que mais obteve autores vinculados. Desta feita, têm-se a (UEM)
Universidade Estadual de Maringá com 09 (nove) autores de
quarenta e dois (42) vínculos identificados e, logo, a região sudeste
foi quem liderou o ranking de publicações sobre o tema com total
de oito (08) instituições das dezessete (17) instituições
apresentadas.
4 ANÁLISE QUALITATIVA-INTERPRETATIVA
206
os treze (13) artigos implicados para esta pesquisa foi possível
dividi-los em categorias e subcategorias, a fim de identificar as
principais temáticas abordadas, os aspectos teóricos e
metodológicos e as principais referências às quais se pautaram os
estudos/pesquisas/publicações sobre os Esportes de Aventura e
Esportes Radicais. No primeiro momento desta sessão,
apresentamos as categorias e subcategorias de forma generalizada
e a distribuição dos artigos nesta ocasião e no segundo momento
discorre-se de forma mais aprofundada destacando os demais
aspectos propostos.
207
Quadro 5: Agrupamento dos artigos por categorias e subcategorias.
CATEGORIAS SUBCATEGORIAS
208
psicológicos com total de oito (08) artigos, e as subcategorias
aspectos fisiológicos com dois (02) e biomecânicos ambas com um
(01) artigo alocado. O Artigo 03 e o Artigo 13 se enquadraram
simultaneamente em duas subcategorias, Aspectos Psicológicos e
Aspectos fisiológicos, logo em alguns casos desta análise
encontrar-se-ão somados duplamente.
CATEGORIA 1: FUNDAMENTOS
Nº TÍTULO REVISTA ANO
ARTIGOS
209
Estado de fluxo em praticantes de
Artigo 08 Motriz 2011
escalada e skate downhill.
Mulheres e esporte de risco: um
Artigo 10 Motriz 2011
mergulho no universo das apneístas.
Alterações fisiológicas do salto de Revista Ciência
Artigo 13 2009
pára-quedas: uma revisão. e Movimento
210
comportamentos dos escolares que já praticam tais modalidades
(01 texto).
CATEGORIA 2: INTERVENÇÃO
Nº ARTIGOS TÍTULO REVISTA ANO
O parkour como
Artigo 11 possibilidade para a Motrivivência 2013
educação física escolar.
Pluralidade cultural: Os
Artigo 12 esportes radicais na Movimento 2012
Educação Física escolar.
211
Educação Física enquanto representativos da produção científica e
outros produtos acadêmicos. Assim, busca investigar e analisar
sobre a produção de conhecimento cientifico sobre as atividades
de aventura pelos grupos. A categoria “Epistemologia” artigos
selecionados de qual trata especificamente da produção de
conhecimento cientifico, única subcategoria designada, como
segue na tabela abaixo.
CATEGORIA 3: EPISTEMOLOGIA
Nº ARTIGOS TÍTULO REVISTA ANO
Atividades de aventura:
Artigo 02 reflexões sobre a produção Motriz 2010
científica brasileira.
(Fonte: Elaboração própria, 2016).
212
nesta categoria Fundamentos dividido em três subcategorias que
serão analisadas separadamente.
213
de se compreender a forma complexa como essas práticas de
aventura na natureza sensibilizam os indivíduos e os despertam
para um conjunto de interações ativas, com base em afetos,
emoções, e sensações vivenciadas no ambiente natural.
214
(2002), salienta a necessidade dos indivíduos terem participação
efetiva em atividades significativas ligadas ao âmbito do lazer, o
qual, por algumas de suas características, como liberdade, prazer,
ludicidade, torna-se importante elemento na promoção da
maximização da alegria no viver e tem direta intervenção na
qualidade existencial.
215
desafios, entre outros elementos. As possibilidades de lazer
enfatizam a necessidade e o interesse do homem urbano na busca
por atividades que nos permitam o contato com a natureza, seja
através de simples passeios ou por práticas esportivas organizadas
formalmente. Monteiro (2003, p.54) considera ser necessário
“pensar o lazer contemporâneo como uma prática social
engendrada pelas transformações no mundo do trabalho, pela
complexificação das sociedades e pelo advento da urbanização,
entre outros fenômenos situados na história”.
216
desafio e adrenalina. Motivos vinculados ao objetivo do lazer e
seus vivências não foram mencionados diretamente, pois a palavra
lazer não foi citada em momento algum. Outros ligados à saúde e
à melhoria da qualidade de vida, como manutenção de um
condicionamento físico ou cuidados com a saúde foram citados
pouquíssimas vezes.
217
sensações de prazer em verdadeiras lesões, por imprudência, e
falta ou falha na segurança dos equipamentos de determinadas
práticas. Nesta perspectiva, as práticas corporais na natureza
estão se desenvolvendo em um ritmo acelerado, o que necessita
ampliar os conhecimentos nos mais diversos contextos que estas
atividades proporcionam aos sujeitos praticantes, seja no âmbito
educacional, social ou econômico. Observa-se, nos artigos
selecionados uma complexidade dos temas explorados pelos
investigadores, que por meio de discussões apropriadas tentam
compreender este fenômeno social.
218
Destacam-se três importantes estados psíquicos
estritamente relacionados: ansiedade (pré-competitiva),
autoconfiança e auto-eficácia. Entende-se por ansiedade pré-
competitiva o estado de apreensão e tensão, imagina-se a
possibilidade de risco ou ameaça à realização da atividade. Pode
ser negativa, quando se refere à expectativa e auto-avaliação
negativas, ou somática, revelando-se na auto-percepção dos
elementos fisiológicos, desencadeando uma série de sintomas.
219
valorização das próprias capacidades para executar a atividade
num nível determinado.
220
conjunto de metas enseja o desenvolvimento do intitulado “self
coerente”, ou seja, a soma dos conteúdos de consciência e da
estrutura das metas.
221
Os principais autores citados foram: MASSARELLA (2009),
CSIKSZENTMIKALYI (1990-1992-1999) (autor da teoria do fluxo) e
LAVOURA (2006-2008-2009).
222
pesquisa, alguns sentidos próprios deste grupo emergiram nas
falas das mulheres.
Assim, apresentou como principais autores citados:
ORLANDI (1987-1993-1999), LE BRETON (1006-2009).
O Artigo 13 com a temática “Alterações fisiológicas do
salto de pára-quedas: uma revisão”, por possuir uma abordagem
maior sobre os aspectos fisiológicos em detrimento aos
psicológicos será desmembrado no tópico posterior.
De modo geral, podemos observar que na maioria dos
artigos os autores MARINHO (2006), SCHWARTZ (2006), BRUHNS
(2003) e BETRAN (2003). foram mais citados quando tratados
sobre as questões psicológicas. BRUHNS (2003) e MARINHO (2006)
foram citados ambos em quatro (04) artigos dos oito (08) artigos
reservados nesta subcategoria.
Nos artigos dessa subcategoria também foi possível
identificar os aspectos metodológicos. No corpo dos oito (08)
artigos, observou-se a presença de metodologia com as seguintes
classificações: descritiva exploratório-qualitativa; quali-
quantitativa com entrevista semi-estruturada; analítica de revisão
com pesquisa de campo e aplicação de questionários; Revisão
sistemática; descritiva de diagnóstico; descritiva com entrevista e,
por fim, pesquisa do tipo bibliográfica.
223
4.1.2 Aspectos fisiológicos
224
confundem ou até mesmo promovem sensações de prazer. Assim,
este artigo visa contribuir com a compreensão das alterações
fisiológicas, ocorridas no organismo de praticantes de pára-
quedismo, em decorrência do salto.
225
Esta subcategoria a qual relacionada a Biomecânica estuda as
forças físicas que agem sobre os corpos, aspectos físicos e
biofísicos entre as articulações etc.
226
4.2.1 Propostas pedagógicas
227
basicamente de movimentos de transposição, saltos e
aterrissagens. No Brasil, foi difundido em meados do ano 2004,
entre os paulistas e brasilienses.
228
Em suma, o sistema carece de uma mudança de
paradigma, principalmente, com a inclusão de atividades
contemporâneas e desafiadoras, com maior diversificação de
conteúdo. O desenvolvimento do educando deve observar a
esfera da motricidade e da cognição, ou seja, deve ser
desenvolvido o motor, o social e o afetivo. Por fim, a inserção das
referidas atividades, mais precisamente do Parkour, permite a
multidisciplinariedade, tão importante para a formação do
educando.
229
assumida a respeito do referido enfrentamento. Ademais, o
confronto ajuda a lidar com o medo, diminuindo o isolamento e a
fuga do ser. Deste modo, entendendo-se que o risco está presente
a todo momento, torna-se inevitável concluir que a inserção dos
esportes radicais no currículo escolar é interessante para formação
do educando.
230
Deste modo, deve ser considerada a cultura e o interesse dos
educandos no contexto escolar para fins de inserção dos
conteúdos do esporte radical.
231
Neste artigo, observou-se como principais autores citados:
MARINHO (2006-2009-2011), PEREIRA (2008-2010); AMBRUST
(2010), MORIN (2002-2007).
232
educação, da cultura da atividade física e desportiva, do contexto
social em que o ser está inserido, bem como de toda a dinâmica
globalizada. É o conjunto de padrões de comportamento de cada
ser, que sofre influência da sua realidade socioeconômica.
233
grandes malefícios, a obesidade, os problemas cardiovasculares e
a depressão.
234
fora das escolas, sendo imprescindível, ainda, o apoio e incentivos
dos pais ou responsáveis e dos educadores físicos.
235
lazer em casa e fora dela e atividades lúdico-desportivas,
estratificados por sexo e região (centro, periferia e rural).
236
cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa, desenvolvido
pelo CNPq e analisar a produção científica dos líderes e vice-líderes
desses grupos, apresentada em periódicos científicos, livros e
capítulos de livros no triênio 2006-2008. Esta pesquisa refere-se à
abordagem descritiva, tendo como finalidade conhecer e
interpretar a realidade sem nela interferir e modificá-la.
Além do referido estudo, não foram encontradas outras
pesquisas que tivessem realizado este tipo de levantamento
específico sobre as atividades de aventura, justificando, portanto,
a realização do presente trabalho. Esta iniciativa, inclusive, pode
representar uma importante ferramenta para a identificação do
estado da arte das atividades de aventura no Brasil, auxiliando
outros pesquisadores e interessados pelo tema, além de
disseminar conhecimentos sobre as necessidades e demandas
desse campo científico.
237
Destaca-se que este tipo de estudo adotou uma
metodologia quantitativa e descritiva.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
238
A análise dos artigos encontrados nos períodos e a
discursão de outros autores nos permitiram compreender e
refletir mais sobre os Esportes Radicais e de Aventuras. Diante
desta análise, foi preciso primeiro tentar responder a nossa
problemática: Quais as características das publicações cientificas
que tratam sobre a temática ¨Esportes Radicais¨ e Esportes de
Aventura e como estes conteúdos vem sendo discutidos nos
períodos nacionais da educação física no período de 1986 a 2015?
Os dados analisados quantitativas descritiva da pesquisa foi
possível chegar a algumas reflexões. Se observamos o gráfico 1,
poderemos concluir que o periódico que mais tem artigos
publicado com a temática, foi a revista Motriz, tendo também
averiguado no gráfico 2 e 3, que as décadas que mais publicaram
surge entre 2000 e 2010 e os anos que mais publicaram foram
2009, 2010 e 2011. Tais fatos nos levam a alguns questionamentos:
Porque não houve interesse das demais revistas para publicação
desta temática? Acreditamos que a revista Motriz tenha mais
interesse na discursão sobre esta temática.
Na sequência, o quadro 4 e gráfico 4 da relação das
instituições e das regiões do número de autores vinculados,
observa-se que das 17 instituições a Universidade de Maringá
lidera o ranking de 09 autores vinculados dos 42, e a região sudeste
tem maior incidência de pesquisadores interessados nesta
temática. Outros parâmetros analisados trata do gênero dos
autores, titulação dos autores, relação da quantidade dos autores
por artigos e tipologia dos artigos. Dos quarenta e dois (42)
autores; Vinte e quatro (24) são do gênero masculino, contra
dezoito (18) do gênero feminino, sobre a titulação dos quarenta e
dois (42) autores, apenas cinco (05) tiveram a devida identificação
quanto a titulação, as demais não informaram. Em que diz respeito
239
a quantidade de autores por artigos publicados, apresentou em
sua maioria, artigos com dois (02) autores como mostrou o gráfico
7, o quesito em relação a tipologia como mostra no gráfico 8, a
maioria não informaram a tipologia e as demais se enquadram nas
outras tipologia .
240
(01) artigo, a primeira trata da inclusão desta modalidade no
âmbito escolar e o segundo está relacionada ao comportamento
dos escolares que já praticam tais modalidades. Como podemos
observar ainda são poucos os artigos relacionado a prática
pedagógica destas modalidades e sua inserção na escola. Na
categoria da epistemologia, foi alocado um (01) artigo na
subcategoria na produção do conhecimento cientifico que foi o
único artigo que realizo este tipo levantamento cientifico sobre as
atividades de aventura.
REFERÊNCIAS
241
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Lausanne: Delachaux et Niestlé, 1994. p.73-84.
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BUONOCORE, José Domingo. Vocabulário bibliográfico: términos
relativos al libro, al documento, a la biblioteca y a laimprenta,
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244
CAPÍTULO VI
I INTRODUÇÃO
245
descentralizadas de serviços de saúde, promovendo a participação
da comunidade em todos os níveis de governo. E assim, através da
Promoção da Saúde busca promover a qualidade de vida e reduzir
a vulnerabilidade das pessoas a riscos de saúde ligados a
determinantes sociais. Portanto, objetivando o desenvolvimento
da Atenção Básica (AB), utiliza de diversas estratégias de repasse
de recursos e organizações, a exemplo do Programa de Saúde da
Família (PSF) (PAIM et al.,2011).
A AB se caracteriza por um conjunto de ações de saúde,
no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a
proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o
tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da
saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que
impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos
determinantes e condicionantes de saúde da coletividade, pela
oferta de acesso universal e serviços abrangentes, coordenando e
expandindo a cobertura para níveis mais complexos de
cuidado(PAIM et al., 2011).
Assim, o Ministério da Saúde cria o PSF em 1994, pela
Portaria Ministerial nº 692 de 25 de março de 1994, estratégia
prioritária adotada para a organização da AB, no âmbito do SUS,
dispondo de recursos específicos para seu custeio, dando ênfase
na reorganização da Unidade Básica de Saúde (UBS) para que se
concentrem nas famílias e comunidades e integrem a assistência
médica com a promoção de saúde e as ações preventivas. Dividido
por área, cada equipe (médico, enfermeiro, auxiliar de
enfermagem, quatro a seis agentes comunitários de saúde e desde
2004, equipes de saúde bucal) deve atender no mínimo 2.400 e no
máximo 4.500 pessoas, podendo solucionar 80% dos casos em
saúde das pessoas sob sua responsabilidade (PAIM et al., 2011;
BRASIL, 2007; BRASIL, 1994).
246
Devido a algumas limitações encontradas no termo
programa, o PSF, passou a ser nomeado como Estratégia Saúde da
Família (ESF), de modo que visa à reorganização da AB no País,
considerada como estratégia de expansão, qualificação e
consolidação da AB por favorecer uma reorientação do processo
de trabalho com maior potencial de aprofundar os princípios,
diretrizes e fundamentos, de ampliar a resolutividade e impacto na
situação de saúde das pessoas e coletividades, além de propiciar
uma importante relação custo-efetividade (BRASIL, 2012).
Além disso, a ESF imprime uma nova dinâmica nos
estabelecimentos vinculados a UBS, ou seja, locais de atendimento
básicos e gratuitos de saúde a população, possibilitando o resgate
da relação de compromisso e corresponsabilidade entre os
profissionais e os usuários, permitindo um resgate da
humanização na atenção às pessoas (BARRETOet al., 2009).
Julio e Pinto, (2011) falam do objetivo final da ESF, sendo
o de promover a qualidade de vida e o bem-estar individual e
coletivo por meio de ações e serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde. A ESF tem se expandido grandemente: em
2010, havia aproximadamente 236.000 agentes comunitários de
saúde e 30.000 equipes de saúde da família, que atendiam cerca
de 98 milhões de pessoas em 4.737 (85%) dos municípios
brasileiros (PAIM et al., 2011).
Os conceitos de Educação e Promoção da Saúde são
considerados paradigmas norteadores do novo modelo e das
novas abordagens para a saúde coletiva. Com o desenvolvimento
de campanhas para melhoramento das condições sanitárias, a
Educação em Saúde e a Promoção da Saúde, destacaram-se como
duas correntes nas abordagens das campanhas brasileiras de
saúde pública, a Educação em Saúde voltada a instruções para
mudanças de comportamento pessoal em relação à própria saúde,
247
enquanto a Promoção da Saúde voltada a uma macroestrutura
organizacional, compreendendo uma mudança de
comportamento de grupos sociais, estando centradas no objetivo
de conduzir o comportamento individual dos grupos sociais para
adoção de práticas saudáveis, ou seja, um conjunto de atitudes
que resultariam em melhora na qualidade de vida e diminuição das
doenças (BERBEL, RIGOLIN, 2011).
Diante disso, com a intenção de ampliar a capacidade de
resposta à maior parte dos problemas de saúde da população na
AB, a partir de experiências municipais e de debates nacionais, em
2008, o Ministério da Saúde cria o Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF), mediante a Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro
de 2008, republicada em 04 de março de 2008 (BRASIL, 2014).
O NASF sendo composto por nove áreas estratégicas,
atuando na saúde da criança/do adolescente e do jovem; saúde
mental; reabilitação/saúde integral da pessoa idosa; alimentação
e nutrição; serviço social; saúde da mulher; atividade física/
práticas corporais, dentre outras, a organização e
desenvolvimento do seu processo de trabalho dependem de
algumas ferramentas já amplamente testadas na realidade
brasileira, como é o caso do Apoio Matricial, da Clínica Ampliada,
do Projeto Terapêutico Singular (PTS), do Projeto de Saúde no
Território (PST) e da Pactuação do Apoio (BRASIL, 2009).
Aumentar efetivamente a resolutividade e a qualidade
da AB são objetivos do NASF devendo ser feito por meio da
ampliação e suporte das ofertas de cuidado e à intervenção sobre
problemas e necessidades de saúde, tanto em âmbito individual
quanto coletivo. Dessa forma, amplia-se o repertório de ações da
AB, a capacidade de cuidado de cada profissional e o acesso da
população a ofertas mais abrangentes e próximas das suas
necessidades (BRASIL, 2014).
248
Com o mesmo pensamento, Scabar et al.,(2012)
discutem sobre a atuação do NASF onde, estando dentro das
diretrizes da AB, deve priorizar o atendimento compartilhado e
interdisciplinar, com troca de saberes, capacitação e
responsabilidades mútuas, possibilitando a construção do
conhecimento e de experiências a todos os envolvidos. Assim, o
Professor de Educação Física (PEF), por ter no exercício físico e na
atividade física seu objeto de intervenção, assumindo esse objeto
como sinônimos de saúde, pode corroborar com essa atuação. As
ações devem diminuir o surgimento das doenças, priorizando sua
prevenção e a promoção da saúde (MENDONÇA, 2012).
Como prova desta atuação, a Política Nacional de
Atenção Básica (PNAB), com o papel de revisar a regulamentação
de implantação e operacionalização vigentes, estabelece a revisão
de diretrizes e normas para a organização da AB, para a ESF e o
Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) sendo,
resultado da experiência acumulada por conjunto de atores
envolvidos historicamente com o desenvolvimento e a
consolidação do SUS, como movimentos sociais, usuários,
trabalhadores e gestores das três esferas de governo (BRASIL,
2012).
O PNAB define o NASF como um conjunto composto por
uma equipe multiprofissional de diferentes profissões ou
especialidades, que devem atuar de maneira integrada e apoiando
os profissionais das equipes da ESF e das equipes de AB para
populações específicas, compartilhando práticas e saberes em
saúde com as equipes de referência apoiadas, buscando auxiliá-las
no manejo ou resolução de problemas clínicos e sanitários, assim
como agregar práticas, que ampliem a sua finalidade de oferta
(BRASIL, 2012).
249
A equipe multiprofissional que compõe o NASF inclui
Assistente social; Professor de Educação Física; Fisioterapeuta;
Fonoaudiólogo; Nutricionista; Psicólogo; Médico
ginecologista/obstetra; Médico homeopata; Médico pediatra;
Médico psiquiatra; Médico geriatra; Médico internista (clínica
médica); Médico do trabalho; Profissional de saúde sanitarista,
dentre outros profissionais, ou seja, profissionais graduados na
área de saúde com pós-graduação em saúde pública ou coletiva ou
com graduações diretamente relacionadas a uma dessas áreas
(BRASIL, 2014).
Acrescentando o exposto acima, a Lei nº 12.864, de 24
de setembro de 2013, altera o caput do art. 3º da Lei no 8.080, de
19 de setembro de 1990, incluindo a atividade física como fator
determinante e condicionante da saúde, afirmando que os níveis
de saúde expressam a organização social e econômica do País,
tendo a saúde como determinante e condicionante (BRASIL, 2013).
Onde, Mendonça (2012), alerta que a inatividade física
se configura como o mal da sociedade contemporânea, um dos
fatores determinantes do crescente aumento das doenças
cardiovasculares e responsável pela ampliação crescente dos
gastos públicos com saúde, tanto nos países desenvolvidos como
nos em desenvolvimento. A proposta de atividade física para todos
trata-se de um grande investimento político combinado com um
baixo investimento econômico, e constitui-se também em uma
estratégia política para diminuir os elevados gastos na atenção a
diversidade das necessidades em saúde demandadas.
Assim, conhecendo as ações realizadas pelos diferentes
profissionais de nível superior, constituindo um avanço no que
tange à concepção de saúde e à integralidade da atenção, e
reconhecendo como profissionais de saúde de nível superior os
Professores de Educação Física, regulamentados através da
250
Resolução do Conselho Nacional de Saúde - N° 218, de 06 de março
de 1997, que até recentemente, estavam limitados a uma atuação
no âmbito educacional ou nos clubes esportivos e academias de
ginástica, e tendo o exercício físico e a atividade física com base
em critérios epidemiológicos, passa a justificar sua intervenção no
âmbito da saúde, ficando clara a necessidade da inserção e
consequentemente da intervenção do PEF no NASF (MENDONÇA,
2012; BRASIL, 1997).
De tal modo, a atividade física é caracterizada como
movimento corporal produzido pela musculatura esquelética
resultando em gasto energético, sendo um comportamento
humano complexo. Já o Exercício Físico é a atividade repetitiva,
planejada e estruturada objetivando a manutenção e melhoria de
um ou mais componentes da aptidão física (PITANGA, 2008;
PITANGA, 1998).
Conforme Luz (2007), o objeto de trabalho dominante da
área da Educação Física é o corpo em movimento, através das
atividades corporais, que não podem ser ignoradas, ou deixadas
em segundo plano, sobretudo na medida em que reúne diferentes
tradições de práticas. Assim, seu papel na grande área da saúde
está centrado na prevenção de doenças crônicas e agudas, seja na
recuperação terapêutica ou na promoção da saúde.
Ceccim e Bilibio (2007) falam da importância de
reconhecermos que os saberes e práticas da educação física se
ocuparam fundamentalmente de colocar o corpo biológico
humano em movimento, efetivando assim sua potência protetora
e recuperadora da saúde, ou seja, o papel do PEF é movimentar o
corpo biológico humano no intuito de proteção e recuperação da
saúde. Nessa perspectiva, o presente estudo parte do pressuposto
de que existe uma contribuição significativa do Professor de
Educação Física no Núcleo de Apoio à Saúde da Família, atuando
251
na prevenção de doença e promoção da saúde da população,
numa perspectiva muito mais ampla e mais complexa de Educação
em Saúde.
Diante disso, o objeto de estudo deste trabalho é a
percepção que os profissionais e usuários de saúde têm diante da
atuação do Professor de Educação Física no Núcleo de Apoio à
Saúde da Família. Tendo como ponto de partida a percepção dos
Profissionais de Saúde do Núcleo de Apoio à Saúde da Família
diante da atuação do Professor de Educação Física nesse campo.
Diante disso, na existência da atuação do PEF no NASF e na
Educação Física e saúde do Município de Quixabeira-BA, onde, o
objetivo do SUS e da ESF está ligado a uma atenção na prevenção
e cura de doenças, em promover a qualidade de vida e o bem-estar
individual e coletivo, ficando evidente a importância da atuação da
Educação Física nesse campo, até mesmo, diante do quadro
sanitário mundial, em que a maior parte das doenças crônicas da
população está associada ao regime alimentar e a inatividade
física.
Oliveira (2011), fala da atuação do PEF na consecução do
bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da expressão e
estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes,
de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais,
contribuindo ainda para o fomento da autonomia, da autoestima,
da cooperação, da solidariedade, da integração, da cidadania, das
relações sociais e a preservação do meio ambiente.
Assim sendo, o PEF quando voltado para a saúde, pode
ser um membro da equipe do NASF tal como é o médico, o
enfermeiro, o fisioterapeuta, o nutricionista etc. (LUZ, 2007). A
contribuição dos PEF pode e deve ser oferecida à sociedade, seja
através da produção de conhecimento sobre o assunto, seja
através da própria atuação profissional (SANTOS, SIMÕES, 2012).
252
Diante das questões supracitadas, esta pesquisa se faz
jus no momento que conhecendo a importância de estudar a
saúde pública tanto brasileira como municipal, da percepção da
importância da atuação do Professor de Educação Física no
Núcleo de Apoio à Saúde da Família, por entender que a presença
deste profissional neste campo também colabora com a melhoria
da saúde dessa população, será de extrema importância, tanto no
intuito de apresentar os benefícios e os resultados dessa
iniciativa a esse município, quanto como estímulo para que
outras populações busquem a implantação de políticas voltadas
para a saúde coletiva, assim como exibir um novo campo de
atuação para os Professores de Educação Física.
Para tanto, busca analisar a percepção dos Profissionais
e Usuários de Saúde inseridos no Núcleo de Apoio à Saúde da
Família – NASF do município de Quixabeira-BA, diante da atuação
do Professor de Educação Física nesse campo.
II MÉTODOS
253
O estudo tem como natureza a abordagem qualitativa,
onde, não são empregados procedimentos estatísticos como
centro do processo de análise de um problema. Sendo
especialmente eficaz no estudo de nuances sutis da vida humana
e na análise dos processos sociais ao longo do tempo. Dando
oportunidade de explorar pressupostos que interferem na nossa
compreensão do mundo social. (KERR, KENDALL, 2013; SOARES,
2003).
A pesquisa se caracteriza ainda como uma pesquisa de
campo, envolve a observação direta do fenômeno estudado, em
seu próprio ambiente. O pesquisador realiza a maior parte do
trabalho pessoalmente, pois é enfatizada a importância do
pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência direta com a
situação de estudo, sendo exigido sua permanecia por maior
tempo possível na comunidade, pois somente com essa imersão
na realidade é que se podem entender as regras, os costumes e as
convenções queregem o grupo estudado, tornando maior a
probabilidade de os sujeitos oferecerem respostas mais
confiáveis.Uma possibilidade de conseguir não só uma
aproximação com aquilo que deseja conhecer e estudar, mas
também de criar um conhecimento, partindo da realidade
presente no campo (APPOLINÁRIO, 2007; GIL, 2002).
254
trabalho compartilhado e colaborativo em duas dimensões, clínico
assistencial e técnico-pedagógica. A primeira está relacionada com
a ação Clínica direta ao usuário, e a segunda produz ação de apoio
educativo com e para as equipes.
As atividades realizadas no NASF são ações de apoio
desenvolvidas pelos profissionais de saúde estando relacionadas
com a discursão de caso, o atendimento conjunto ou não, a
interconsulta, a construção conjunta de projetos terapêuticos, a
educação permanente, as intervenções no território e na saúde de
grupos populacionais e da coletividade, as ações de prevenção e
promoção de saúde, discussão do processo de trabalho das
equipes, entre outros. Atendendo aproximadamente 45 famílias
em situação de risco.
Os Profissionais de Saúde atuando atualmente no
Núcleo, de dividem em uma Psicóloga, uma Fisioterapeuta, uma
Nutricionista e um Professor de Educação Física, todos graduados
na área que atuam, estando vinculados há um ano nas atividades
do Núcleo.
Os usuários de Saúde atendidos pelos NASF estão
divididos por Povoados sendo, Ramal de Quixabeira, Campo
Verde, Jabuticaba, Várzea do Campo e Alto Campo. Várias
atividades físicas são oferecidas como dança, ginástica, circuitos
anaeróbicos e aeróbicos, alongamentos, exercícios localizados
(sendo realizados com alteres e caneleiras) e o treino funcional.
Com aulas duas vezes por semana em cada Município, com
duração de uma hora cada aula, todas realizadas em coletivo,
ministrada pelo Professor de Educação Física.
255
2.3 Os Sujeitos da pesquisa
256
Consentimento Livre e Esclarecido, está apto a responder os
questionamentos realizados na pesquisa.
O estudo possui como critérios de inclusão para os
Usuários de Saúde, todos devem estar participando das atividades
desenvolvidas pelo professor de Educação Física do Núcleo de
Apoio à Saúde da Família há mais de 06 meses, serem beneficiários
de todas as atividades desenvolvidas no Núcleo de Apoio à Saúde
da Família, permitir a realização da pesquisa assinando o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e está apto a responder os
questionamentos realizados na pesquisa.
Como critérios de exclusão para os Profissionais de
saúde, não poderão desvincular-se das atividades do Núcleo de
Apoio à Saúde da Família no período da pesquisa, se no decorrer
da pesquisa acontecer algum problema que impossibilite a
continuação da pesquisa ou na ocorrência de algum evento que
possa alterar ou interferir no resultado da pesquisa, estes serão
afastados.
Como critérios de exclusão para os Usuários de saúde,
não poderão desvincular-se das atividades desenvolvidas pelo
profissional de Educação Física do Núcleo de Apoio à Saúde da
Família no período da pesquisa, se no decorrer da pesquisa
acontecer algum problema que impossibilite a continuação da
pesquisa ou na ocorrência de algum evento que possa alterar ou
interferir no resultado da pesquisa, estes serão afastados.
257
2.5 Variáveis e Instrumentos de pesquisa
258
2.6 Procedimentos
259
a importância de cada um na pesquisa, e da assinatura do TCLE,
seguindo ao início da aplicação dos questionários de forma
individual.
Logo após, nos deslocamos ao Povoado Ramal de
Quixabeira para a coleta de dados com as usuárias, onde foi
realizada uma conversa sobre o objetivo da pesquisa, o interesse
de cada usuária em estar inserida nas atividades, podendo
perceber a grande satisfação de cada uma na atenção prestada a
sua população pelos Profissionais do NASF, continuando com a
aplicação dos questionários de forma coletiva. No dia seguinte foi
realizada a aplicação dos questionários no Município de Campo
Verde também da cidade de Quixabeira-BA.
260
procedimentos sistemáticos e objetivos
de descrição do conteúdo das
mensagens indicadores (quantitativos
ou não) que permitem a inferência de
conhecimentos relativos às condições de
produção/recepção destas mensagens.
261
curso da análise e desta maneira, o conhecimento das experiências
vivenciadas pelos profissionais e usuários do NASF e os conteúdos
anteriormente descritos, que compuseram esta pesquisa,
resultaram em três categorias:
262
2.8 Aspectos éticos
III RESULTADOS
263
trabalham como lavradora, atuando diretamente com a terra,
assíduas das atividades por duas vezes na semana. Várias
atividades físicas são oferecidas como dança, ginástica, circuitos
anaeróbicos e aeróbicos, alongamentos, exercícios localizados e o
treino funcional. Com aulas duas vezes por semana, com duração
de uma hora cada aula, todas realizadas em coletivo, ministrada
pelo Professor de Educação Física.
O instrumento de pesquisa utilizado para a coleta de
dados foi o questionário semiestruturado com questões abertas e
fechadas, onde foram elaborados para os dois grupos.
Para análise dos dados, o estudo entende o Conceito de
Percepção como: processo pelo qual o indivíduo se torna
consciente dos objetos e relações no mundo circundante, na
medida em que essa consciência depende de processos sensoriais
(CABRAL, 2006). Sendo analisados segundo a técnica Análise de
Conteúdo, baseado em Bardin (2007).
264
Relação com a área de
Indivíduo Atividade Física e Saúde
atuação
Se faz de extrema importância, Inclui bem-estar físico
pois é relevante para melhorar e emocional, além de
01
a qualidade de vida do promover a
indivíduo como um todo. socialização.
Em sua totalidade
02 Prazer e bem-estar.
estão relacionadas.
Está completamente
relacionada. A saúde
mental depende do
Proporciona bem-estar, físico, está muito
03
qualidade de vida melhor. interligado e a melhora
é visível, quando
relacionado, atividade
física e saúde mental.
Fonte: Próprio autor (2015)
265
Tabela 01 – Importância da prática de atividade física em prol da saúde.
Alternativas Quantitativo
Ótimo 14
Bom 03
Regular 0
Ruim 0
Total 17
Fonte: Próprio autor (2015)
266
Em atividades em grupos
com os usuários da academia
de saúde, palestras de
Sempre realizamos conscientização para os
03 eventos voltados para grupos relacionados à
as práticas corporais prevenção e promoção de
saúde, atividades corporais
também com o grupo de
saúde mental.
Fonte: Próprio autor (2015).
Alternativas Quantitativo
Ótimo 15
Bom 02
Regular 0
Ruim 0
Total 17
Fonte: Próprio autor (2015)
267
clínica, as Profissionais, comprovam a tão importante prática da
Atividade Física no NASF.
268
melhora real na situação clínica e nas atividades do dia-a-dia.
Sendo que, a sua total maioria, desejam a continuação do PEF
junto as Atividades praticadas no NASF.
Alternativas Quantitativo
Sim 17
Não 0
Total 17
Fonte: Próprio autor (2015)
IV DISCUSSÃO
269
Nesta perspectiva, o professor de educação física está
incluído em ambas as modalidades do NASF, confirmando a
relevância da sua participação na equipe multidisciplinar. Sua
inserção e o conhecimento de abrangência do NASF permitem
identificar as potencialidades e necessidades de mudança para
garantia do progresso e futuramente, do impacto de seus
resultados no quadro de saúde da população (SANTOS,
BENEDETTI, 2012; SCABAR et al., 2012). Segundo depoimento da
Profissional:
270
Realizar atividade física de forma
contínua contribui consideravelmente a
reduzir doenças e/ou patologias
associadas aos hábitos não saudáveis.
(ENTREVISTA REALIZADA DIA
01/09/2015)
271
No NASF, cada profissional deve comprometer-se com o
trabalho por meio da sua especialidade e todos devem se
comprometer com as propostas de promoção da saúde integral
uma vez que é insuficiente pensar o indivíduo de forma
fragmentada, por áreas de estudo no campo da saúde ou mesmo
considerar que sua saúde está restrita ao adequado
funcionamento dos sistemas fisiológicos (SCABAR et al., 2012).
272
onde não eram negligenciadas, e sim buscavam adequar as
estratégias dos profissionais ao perfil dos usuários sendo
desenvolvido em parcerias, visualizando os pacientes de forma
integral e humanizada, além disso, o PEF realiza series de
exercícios visando prevenir essas patologias aos outros grupos. Em
depoimentos:
273
Diminuição de algias; Aumento da
capacidade físico-funcional para realizar
suas AVD’s; Socialização através dos
grupos de práticas corporais; Redução
do peso corpóreo para alguns indivíduos
com sobrepeso. (ENTREVISTA
REALIZADA DIA 01/09/2015)
274
Assim, Neto et al.,(2012) reforça que Atividade física,
além dos benefícios físicos, tem um papel importante na qualidade
de vida, que engloba domínios, como capacidade funcional, estado
emocional, interação social, atividade intelectual, autocuidado,
suporte familiar, estado de saúde, valores culturais, éticos,
religiosos, estilo de vida, satisfação com o emprego e/ou com
atividades diárias no ambiente em que se vive.
275
Além desta perspectiva, é necessário enfatizar, quando
partimos dos resultados obtidos, onde a maioria das usuárias
entrevistadas, no total de 17, 13 são lavradoras, mulheres que
lidam diariamente com o trabalho manual da terra. Essas mulheres
guardam vários traços em comum, a sua grande maioria é de
origem rural trabalham desde cedo como lavradoras, devido à
baixa renda familiar e por seus pais acreditarem que o trabalhar
cedo é mais importante que o estudar, onde observamos que
possuem escolaridade abaixo do ensino fundamental completo,
que se matricularam na escola já com idade avançada, algumas
delas após o casamento, e que infelizmente algumas ainda são
analfabetas (BRUNOet al., 2013), e relatam em suas falas:
276
geral. (ENTREVISTA REALIZADA DIA
01/09/2015)
277
Sem dúvida é bastante satisfatório e
notório nas pessoas o papel do professor
nos povoados, tem-se visto que as
pessoas ficam ansiosas e prazerosas com
aulas, as donas de casas que deixam seus
afazeres ou até mesmo uma consulta
médica só pra não perderem a aula com
o Professor. (ENTREVISTA REALIZADA
DIA 01/09/2015)
278
mudanças “relatas” pelos próprios
usuários do sistema de saúde, bem como
vista pela sociedade. A responsabilidade
e a interação desse profissional também
é algo notável pela população em geral,
contudo os resultados são positivos.
(ENTREVISTA REALIZADA DIA
01/09/2015)
279
elaboração e organização em prol exclusivamente da saúde e do
bem-estar social de todos.
Esse sentimento de acolhimento justifica-se pela
valorização dos aspectos físicos, cognitivos e sociais desenvolvidos
pelo educador físico na melhoria da qualidade de vida dos usuários
junto à equipe multiprofissional do Núcleo de Apoio à Saúde da
Família, ampliando a abrangência da atenção básica como
profissional responsável para as ações de atividade física/práticas
corporais, assim como Jerônimo (2015), também identificou em
seu estudo.
O PEF pode conquistar na sua atuação um papel
importante na modificação do estilo de vida da população,
mostrando que as alternativas disponíveis para a prática da
atividade física muitas vezes estão ao alcance das pessoas, mas
passam despercebidas. Assim, a percepção dos sujeitos sobre a
sua qualidade de vida é um elemento fundamental no processo de
reorganização do modelo de atenção à saúde que norteia a sua
implementação (SOUZA et al., 2013; NETO et al., 2012). Relatos
das Usuárias mostram essa percepção, onde:
280
Nesse sentido as ações desenvolvidas trazem mudanças nos
conceitos de autocuidado e promoção de saúde alterando
consideravelmente o cotidiano dos usuários.
Souza et al. (2013) continua afirmando, que as usuárias
entendem que as atividades propostas pelo NASF, de alguma
maneira, fazem parte do cotidiano de suas vidas com uma boa
perspectiva, elevando a amplitude de atividades de vida diária
executadas, além da importância da informação como
instrumentos para melhorar suas vidas e da ação multidisciplinar
que é oferecida.
Dessa forma, a atividade física, além dos benefícios
físicos, tem um papel importante na qualidade de vida, que
engloba domínios, como capacidade funcional, estado emocional,
interação social, atividade intelectual, autocuidado, suporte
familiar, estado de saúde, valores culturais, éticos, religiosos, estilo
de vida, satisfação com o emprego e/ou com atividades diárias no
ambiente em que se vive (NETO et al., 2012).
281
Dentro desta perspectiva, os programas de atividade
física orientados, como caminhadas, alongamento e
fortalecimento com periodicidade semanal, inseridos na atenção
primária à saúde, melhoram a dinamicidade, promovem a
socialização, o divertimento, contribuindo para a adesão e
permanência dos participantes (SOUZA et al., 2013; SILVA, et
al.2012).
As Usuárias fazem um resumo das principais atividades
desenvolvidas no NASF pelo PEF, sendo:
282
Assim, os avanços e conquistas da ESF, o NASF
representa um marco importante na ampliação das possibilidades
de se alcançarem melhores resultados em saúde, com enfoque na
promoção da saúde e no cuidado à população, principalmente
devido ao apoio e suporte que oferece à ESF. A inserção do
acolhimento nas práticas de saúde tem proporcionado o
aprofundamento de uma questão extremamente importante e
delicada, que é vivenciada no interior das unidades de saúde, a
relação entre profissionais e usuários, visto que a adoção da
postura de acolher favorece uma maior intimidade entre esses
dois sujeitos (GARUZI, et al., 2014; LOPES et al., 2014; ANJOS, et
al. 2013).
Acredita-se que o entendimento do vínculo possa trazer,
no âmbito do serviço, a concretização do princípio da
integralidade, uma vez que permite aos usuários exercerem seu
papel de cidadãos, conferindo maior autonomia em relação à sua
saúde, tendo garantidos os seus direitos de fala, argumentação e
escolha, permitindo ao profissional conhecer o usuário para que
colabore na manutenção de sua saúde e redução dos agravos.
(GARUZIet al.,2014) Como prova disso, as usuárias aos serem
questionadas sobre a continuidade das atividades desenvolvidas
pelo PEF no NASF afirmam:
283
No estudo de Garuzi (2014), o acolhimento pode ser
apontado como ferramenta capaz de promover o vínculo entre
profissionais e usuários, possibilitando o estímulo ao autocuidado,
melhor compreensão da doença, podendo auxiliar ainda na
universalização do acesso, fortalecendo o trabalho
multiprofissional e intersetorial, qualificando a assistência à saúde,
humanizando as práticas e estimulando ações de combate ao
preconceito. Merecendo destaque no nosso estudo, o
comprometimento dos usuários com a equipe tornou-se um
estímulo importante para a sequência das atividades propostas.
Portanto, a partir dos discursos, evidenciou-se a relação
de reciprocidade, há o entendimento de que o acolhimento
estabelece um encontro entre profissional e usuário possibilitando
o exercício da capacidade de perceber a subjetividade do outro.
Com a presença de afetividade, justiça, equidade, obrigação,
respeito, gratidão e responsabilidade perante o outro. Esse
encontro permite uma suposição bastante acertada dos
sentimentos do usuário, a compreensão das necessidades que o
levaram à unidade de saúde e, consequentemente, a busca de
possibilidades de respostas às problemáticas elencadas (LOPES et
al., 2015; ROCHA, SPAGNUOLO, 2015).
V CONCLUSÃO
284
Dessa forma, somos levadas a acreditar que todos os
indivíduos participantes da pesquisa, na sua total maioria,
acreditam e reconhecem à importância da atuação do PEF,
apresentando as melhorias reais à saúde da população,
comprovando a tão grande resolutividade e positividade trazida
pela prática da atividade física no NASF.
Assim, podemos afirmar a grande conquista do
Município ao garantir o acesso da saúde a toda a População,
quando eles descentralizam o NASF e permitem uma maior
abrangência das atividades desenvolvidas pelo PEF, assumem a
real função dada ao Núcleo de Apoio à saúde da Família, conquista
esta adquirida por poucas populações, como visto em outros
estudos.
Levando-se em consideração esses aspectos, foi possível
detectar com clareza, a satisfação e o prazer das Usuárias ao
sentirem-se acolhidas por toda a equipe do NASF, sendo provada
pelo pedido de permanência e continuação da atividade Física
realizada pelo PEF. Diante disso, os avanços e conquistas do NASF
representa um marco importante na ampliação das possibilidades
de se alcançarem melhores resultados em saúde para essa
população.
Dado o exposto, as atividades propostas pelo NASF, de
alguma maneira, já fazem parte do cotidiano da vida das usuárias
de Saúde com uma boa perspectiva, uma vez que todas as ações
partem da necessidade dessa população atendida, e isto deve
servir como guia para outros Munícipios que implantaram ou irão
implantar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família e para estimulo a
produção de novos trabalhos nesta perspectiva.
285
REFERÊNCIAS
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Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Departamento
de Química. Metodologias de Investigação em Educação.
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286
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Auditoria do SUS Coordenação de Sistemas de Informação.
Sistema Único de Saúde - Legislação Federal. Resolução n.º 218,
DE 06 DE MARÇO DE 1997. DOU 83, de 05 de maio 1997.
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<http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-
294
2.2.2/index.php/revistasaude/article/view/10514> Acessado em
29 de setembro de 2015.
295
CAPÍTULO VII
INTRODUÇÃO
296
Entendemos que o trabalho educativo é uma dimensão do
trabalho ontológico. Sobre o entendimento do trabalho
entendemos a partir do Materialismo Histórico-dialético que o
homem ao invés de adaptar-se a natureza, ele adapta a natureza a
partir de suas necessidades, ou seja, a modifica, e esse processo
ocorre através do trabalho. Esse processo de modificação da
natureza é para atender suas necessidades garantindo a sua
sobrevivência e produção do saber criando o mundo da cultura
(SAVIANI, 2013).
297
[...] se a educação não se reduz ao
ensino, é certo, entretanto, que ensino é
educação e, como tal, participa da
natureza própria do fenômeno
educativo. Assim, a atividade de ensino,
a aula, por exemplo, é alguma coisa que
supõe. Ao mesmo tempo, a presença do
professor e a presença do aluno. Ou seja,
o ato de dar aula é inseparável da
produção desse ato e de seu consumo. A
aula é, pois, produzida e consumida ao
mesmo tempo (produzida pelo professor
e consumida pelos alunos). (SAVIANI,
2013, p. 12)
Sendo assim,
298
dosado e sequenciado neste processo de transmissão e
assimilação no espaço e tempo escolar. Nesse sentido, podemos
dizer que o papel da educação escolar implica:
299
atividades expressivas corporais, como
jogo, esporte, dança, ginástica, formas
estas que configuram uma área de
conhecimento que podemos chamar de
cultura corporal.” (COLETIVO DE
AUTORES, 2012, p. 50).
300
e acúmulo de conhecimentos na interação do homem com a
natureza é o que vamos chamar de patrimônio cultural, as
atividades as quais os homens com a sua capacidade foi criando
para sua própria sobrevivência.
301
contexto próprio da realidade de cada um onde se valorize a
identidade e diversidade cultural do ser com expressões
valorativas e intensas, analisa e pesquisa minuciosamente o ato de
ensinar desvelando seus conceitos e contradições em uma busca
constante de conhecer sua essência.
302
Partindo do exposto acima levantamos algumas questões:
o conteúdo dança está presente nas aulas de Educação Física
atualmente? A produção científica da área da Educação Física tem
se preocupado em tratar o conteúdo dança? Qual o perfil dos
trabalhos na produção acadêmica quando o conteúdo dança é
abordado no contexto da educação escolar?
303
construções coreográficas ou vinculada com o contexto cultural
dos indivíduos.
304
No segundo capítulo “Metodologia” discorremos sobre o
caráter da pesquisa e os procedimentos metodológicos que foram
realizados na pesquisa.
1. METODOLOGIA
305
Marconi e Lakatos (2002, p. 16) apontam que:
306
Esporte, entre os anos de 1979 à 2014, pois a mesma permite que
o pesquisador entre em contato direto com o que já foi estudado,
dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive com o que
há de mais atual sobre o tema. (LAKATOS; MARCONI, 2002).
8
A Revista Brasileira de Ciência do Esporte é um dos mais tradicionais e
importantes periódicos científicos brasileiros na área de Educação Física/
Ciência do Esporte. Atualmente é publicada trimestralmente.
9
Eixo Dança e Educação escolar: artigos que abordaram em seu objeto
de estudo central a relação entre a dança e a escola.
307
Sendo que 4 sobre a dança enquanto uma manifestação artística e
estética, 3 abordavam a dança na formação de professores e 7
artigos relacionava a dança com a educação escolar. Em nosso
estudo, iremos aprofundar a análise nos 7 artigos vinculados com
a dança e a educação escolar.
308
Tabela 1. Distribuição dos artigos na RBCE entre os anos 1979 à
2014.
309
estatísticas, onde o pesquisador poderá fazer inferências e discutir
sob as bases do seu quadro teórico.
310
ANDRADE 1994 Propost 16 Contribuir Enfatiza a relação
, Cecília a para o pedagógica,
Fonseca Dança/E ensino entendida como
Pessoa de. ducação sistematiz vínculo afetivo-
et al. : por ado da emocional. Professor
que, dança e e aluno numa relação
como e desencade dialógica.
para ar uma
quê? transform
ação na
“práxis”.
311
Sérgio na ético- entre as partes e o
Pérez. escola moral para todo em um mundo
que se complexo.
obtenham
informaçõ
es
sistematiz
adas de
como
utilizar a
dança.
312
escola: a escola, na
perspect perspectiv
iva da a da
educaçã educação
o estética.
estética
313
Entre o período de 1979 à 2014, o que equivale a 35 anos
de publicação da RBCE identificamos 1151 artigos no geral. Nossa
amostra é representada por 7 artigos desse montante, o que
equivale a 0,6 % do total identificado. Isto demonstra um
quantitativo inexpressivo no que diz respeito ao total.
314
como os diferentes gêneros e estilos de dança, tendo a visão de
contribuir para reduzir a carência de informações sobre o ensino
sistematizado da dança.
315
enquanto conteúdo estruturante nas diretrizes no intuito de
descobrir avanços e limites, bem como fomentar reflexões que
contribuam com a prática pedagógica do professor.
316
Brasileiro (2002) discorre sobre a ausência da dança
enquanto conteúdo a ser tratado na escola, e igualmente discute
a sua presença neste ambiente, mesmo que de maneira
descontextualizada. Mostra uma preocupação em reconhecer com
quais elementos os profissionais de Educação física estão se
aproximando do trato da dança dentro da escola. Para a autora, a
dança, é “[...]uma das formas da Cultura corporal de diversos
povos que se insere no universo cultura/Arte” (BRASILEIRO, 2002,
p. 9).
317
na percepção de cada um sobre si e sobre os outros. Sendo que a
dança, utilizada como ferramenta pedagógica é capaz de
contribuir para o desenvolvimento emocional e na constituição da
identidade, desenvolvendo a formação de um sujeito singular,
com atitudes próprias de ser, sentir e agir.
318
social, a reprodução e a forma. Compreende que o processo de
ensino-aprendizagem na idade pré-escolar deve-se levar em
consideração as fases de desenvolvimento motor, cognitivo e
afetivo social das crianças. Fundamentando essa ideia Porto (1992)
se orienta teoricamente a partir de Gallahue (1987) a qual aponta
que a idade ideal para a apreensão das habilidades motoras
fundamentais é de 2 a 7 anos, sendo nesta fase onde a criança
responde com adequabilidade e versatilidade aos estímulos,
adquirindo maior domínio no desempenho de quaisquer
movimentos, ou seja, as atividades são desenvolvidas baseadas na
idade da criança e no conhecimento sobre os processos de
ampliação e desenvolvimento motor, havendo uma relação direta
entre as etapas normais do desenvolvimento infantil.
319
crianças, sendo que todas passam pelas mesmas etapas de
desenvolvimento.
320
[...] de Dança, como manifestação
cultural inerente ao homem e uma das
linguagens que o indivíduo dispõe para
expressar e comunicar seus sentimentos,
emoções e valores, refletindo as relações
sociais e culturais.” (ANDRADE et al.,
1994, p. 29).
321
representativas (que simulam a relação mítico/religiosa e os
costumes de um grupo social, como danças de caçaria e de
colheita), danças sensoriais (derivadas de sensações,
caracterizadas pelas elaborações coreográficas), danças sensuais
(que representam a busca de parceiros, mostrados de forma sutil
por meio de olhares), danças sexuais (que possuem um sentido
direto com a procura do parceiro sexual), danças eróticas (que
representam a vontade explícita de copulação utilizando
movimentos provocantes) e danças pornográficas (que pretendem
imitar o ato sexual, são de caráter comercial com finalidade de
provocar excitação. (SBORQUIA e GALLARDO, 2002, p.115)
322
aprendizagem da dança visa-se o “sujeito criador” que para a
autora essas condições são fornecidas pela dança-improvisação.
Proposta a qual articula a partir dos teóricos Barbara Haselbach
(1987,1991), Fritsch (1985), Madeleine Mahler (1989) e Uta
Münstermann(1983).
323
procedimentos metodológicos; Rezende (1990)tratando sobre
fenomenologia.
324
sensibilidade e a livre expressão; c) utilização de diversos materiais
de forma lúdica, como ênfase nos jogos e brincadeiras.
a consciência corporal;
a utilização do ritmo enquanto
distribuição e suas variações de duração,
intensidade e sequência;
as formas de relacionamento no
espaço em relação ao próprio indivíduo,
com os outros e com os outros e com
objetos;
o produto coreográfico, que
reflete o processo histórico do grupo e
da realidade na qual está inserido.
(ANDRADE et al., 1994, p. 29).
325
fontes a serem exploradas dentro da escola que são as danças,
cantigas de roda, músicas e brincadeiras.
326
um conhecimento prévio ou uma memória, Saraiva (2009) propõe
também a implementação na capacidade mimética. Neste aspecto
a autora se fundamenta em Fritsch (1988) a partir da psicogenética
de Piaget, que segundo seus estudos “o comportamento imitativo
aproximativo e presentificante de crianças pequenas configuram
uma representação plástica” (SARAIVA 2009, p. 164), que
igualmente está presente na teoria psicopedagógica de Wallon
(apud SARAIVA,2009) que também fala da imitação como gênese
do comportamento. Saraiva (2009) também alerta sobre a
indústria de consumo a qual exerce uma grande influência nos
consumidores em relação a dança, como aporte teórico ela cita
Nabuco (2000, p. 178) dizendo que “a cultura de massa põe em
destaque os aspectos recreativos da arte, excluindo assim toda e
qualquer necessidade de esforço mental”.
327
corporais, que pertençam aos hábitos
dominantes, mas também aqueles que
constituem um “se soltar” a balançar
pático, uma “apropriação’ de formas
expressivas apresentativas (SARAIVA,
2009, p. 167).
328
referenciais estéticos, que sejam próprio
dos seres que os constroem, sendo,
assim, uma manifestação natural do
potencial criativo desses sujeitos
(MAYER, 1999, p. 186).
329
que podem ajudar na intervenção pedagógica na educação física
escolar.
Kunz citado por Lara (2007), diz não ser possível afirmar se
a dança e a ginástica estão presentes nas aulas de educação física.
Quanto a sistematização desses conhecimentos, explica que
devem estar presentes nas aulas de maneira estruturada, mas que
primeiro devem passar por uma transformação didático-
pedagógica do arquétipo esportivizado para que possa atender os
princípios da pedagogia Crítico-emancipatória.
330
nenhuma, mas entende que os temas devem ser separados no
decorrer dos ciclos escolares.
331
al. (1994) expressa que os professores devem ter uma capacidade
crítica, reflexiva e consciente, fazendo com que o exercício da
criatividade aconteça de forma progressiva no processo de
construção do conhecimento juntamente com os alunos.
332
relacionadas com a locomoção, o espaço além de fornecer
condições para a melhoria de vida, já que a dança também
proporciona o alongamento e fortalecimento dos músculos e
melhoras psicológicas dos praticantes, que conseguem reeducar
seus corpos como parte de uma educação corporal na formação
de indivíduos críticos e criativos e sensíveis aos processos sociais
existentes.
333
confusões teórico-conceituais dentro da proposta das DCE. Pois
segundo Bouco e Lara (2011).
334
de elucidar o campo de conhecimento da
dança;
d) Orientações metodológicas
insuficiente para explicitar “oque” e
“como” tratar pedagogicamente esses
conteúdos, no sentido de que o
professor possa contar com subsídios
teóricos-práticos para orientar,
efetivamente, sua ação docente;
e) Linguagem messiânica em relação
à opção pelo materialismo histórico
dialético sem possibilitar o
reconhecimento de outros caminhos
possíveis para o trato com a dança na
escola. (BUOGO e LARA, 2011, p. 885)
335
Como conclusões do seu estudo Mayer (1999) percebe
que em relação a composição coreográfica na perspectiva de
dança-educação, a visão de corpo necessita ser re-apropriada, re-
conhecida e re-locada em seu lugar de origem, que é em sua
própria existência e acredita que a busca de formas de trabalho
que priorizem a dança como recurso educativo deverá ter
continuidade.
a) As abordagens metodológicas da
educação física. De modo geral, não
apresentam uma sistematização da
dança e da ginástica. Buscam elucidar
por vezes, questões de caráter histórico-
cultural e didático para orientar a prática
docente sem preocupações com o
conhecimento ao longo das séries
escolares, salvo na abordagem crítico-
superadora em que essa organização
pode ser visualizada;
336
b) Parte dos conhecedores da
abordagens metodológicas da educação
física, não entende sua produção teórica
como “metodologia de ensino”, mas
como abordagem metodológica,
princípio, proposta ou concepção.
c) Os pesquisadores inquiridos
apresentam convergências e
divergências no que se refere aos
conhecimentos a serem desenvolvidos
na educação física, sendo que alguns
citam a dança, a ginástica, o espore e os
jogos, e outros preferem não mapeá-los,
apenas explicando como podem ser
selecionados a partir de sua teoria;
e) Os representantes, de maneira
geral, apresentam certa dificuldade o
trato e sistematização da dança e a
ginástica a partir dos interesses de sua
proposta, sendo que alguns desses
337
buscam complementar suas ideias com
outros referenciais, geralmente, de
orientandos que seguem a mesma linha
teórica;
f) A dificuldade de concretização de
uma abordagem metodológica que dê
conta de explicar “o que” e o “como” da
prática pedagógica gera lacunas pelo
fato de que os professores de educação
física ficam carentes de uma discussão
que os conduza a perceber como efetivar
sua ação docente (LARA et al. 2007, p.
167).
3. CONSIDERAÇÕES PROVISÓRIAS
338
compreensão do movimento de produção do conhecimento
científico (Problema-Resposta).
339
5) a produção aponta a necessidade de estudar o conhecimento
dança pautado também na dimensão estética; 6) e de maneira
geral todos os estudos encontrados mencionaram a necessidade
de se desenvolver uma postura crítica em relação ao ensino da
dança no contexto escolar.
340
Neste sentido, constatamos que a busca de formas de
trabalho que priorizem a dança como recurso educativo deverá ter
continuidade. Assim como evidenciado aqui nos estudos. Existe
sim uma necessidade de se desenvolver orientações teórico-
metodológicas que explicitem, “o que” e “de que maneira” tratar
pedagogicamente esse conteúdo. Talvez as abordagens
metodológicas pré-existentes, ainda não consigam dar conta de
atender a essa necessidade.
4. REFERÊNCIAS
341
Diretrizes Curriculares da Educação Básica no Paraná. RBCE,
Florianópolis, v. 33, n. 4, p. 873-888, out/dez. 2011.
342
PAIVA, Ana Clara de Souza et al. Efeitos de uma Atividade de
Dança dentro da escola nos Estads de ânimo de alunos. Pensar a
Prática, Goiânia, v. 17, n.2, p.295-312, jan/mar. 2014.
343
CAPÍTULO VIII
CAMINHOS INICIAIS
344
Segundo Pescud et al. (2010), os programas de
treinamento de força tem sido lembrados como uma nova forma
de auxiliar crianças o aumento da massa magra e redução da
gordura corporal, porém Benedet et al. (2013) ressaltam que esse
tipo de treinamento para crianças e adolescentes ainda encontra
relutância na sociedade e não está livre de riscos.
345
treinamento de força apropriadas à idade, que incluem supervisão
profissional qualificada.
346
supervisionado, Behringer et al. (2010) ressaltam que as decisões
sobre a validade de uma intervenção de treinamento de força em
crianças não pode basear-se nos resultados de um único estudo,
pois é importante analisar as variáveis e a comparabilidade dos
efeitos ocasionados.
MÉTODOS
347
seguintes descritores (descriptors), retirados da base de dados
Descritores em Ciências da Saúde (DECS): Treinamento de força
(Strength training); crescimento (Growth); criança (Child); e para a
execução referente ao momento de seleção dos textos utilizou-se
o indicador booleano AND, sendo feitas buscas a partir de
combinações múltiplas entre os descritores, Strength training”
AND Growth AND Child.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
348
Tabela 1 – Amostra e Instrumentos.
349
intensificados e
variados.
Aerobic SoJung Lee, EUA, 2013 44 meninas Um grupo
exercise but um Anthony em idade realizou três
not R. Deldin, puberal não vezes por
resistance David White, fumantes, semana
exercise YoonMyung não exercícios
reduce Kim, Ingrid diabéticas e durante 60 min
sintra Libman, sem atividade usando esteiras
hepatic lipid Michelle física e / ou elípticas
contentand Rivera-Vega, estruturada progressivamen
visceral Jennifer L. nos últimos 3 te aumentadas
fatand Kuk, Sandra meses. em duração e
improves Sandoval, um intensidade.
insulin Chris Boesch, Outro grupo
sensitivity in e Silva realizou
obese Arslanian exercícios de
adolescent força três vezes
girls: a por semana
randomized durante 60 min
controlled / sessão.
trial
Differentiati Carlos C. Portugal, 134 Exercícios de
ng Marta, 2014 estudantes força 3 vezes
Maturation Daniel A. de uma por semana por
al Influence Marinho, escola um período de
on Training- Mikel izquierd primária seis meses.
Induced and Mario C.
Strength Marques
and
Endurance
Adaptations
in
Prepubesce
nt Children
Eccentric Trevor C. Springer- Treze Exercícios
exercise- Chen. Hsin-ian Verlag homens excêntricos
induced Chen Yi-Chuen Berlin destreinados indiretos
muscle Liu-Kazunori Heidelberg de cada faixa máximos dos
damage of Nosaka 2014 etária pré- flexores do
pre- adolescentes cotovelo (FC)
350
adolescent (9-10 anos), realizando duas
and adolescentes series (ECC1,
adolescent (14-15 anos) ECC2) de 30
boys in e pós- contrações
comparison adolescente excêntricas
to young (20-25 anos) máximas.
men
Variação da André Luiz Londrina, Selecionou- Para obtenção
força Demantova 2005. se de dados para o
muscular Gurjão, inicialmente teste de 1 RM
em testes Edilson 15 meninos foram utilizados
repetitivos Serpeloni para uma balança.
de 1-RM em Cyrino, Lúcio participar Estatura
crianças Flávio Soares deste estudo, determinada
pré- Caldeira, após em um
púberes. Fábio Yuzo divulgação estadiômetro. A
Nakamura, realizada no composição
Arli Ramos de Colégio de corporal foi
Oliveira, Aplicação da determinada
Emanuel Universidade pela técnica de
Péricles Estadual de espessura de
Salvador e Londrina, na dobras cutâneas
Raphael qual todos os
Mendes Ritti sujeitos
Dias. foram
classificados
como pré-
púberes,
segundo os
critérios
propostos
por Gurjão
(2005) apud
Tanner
(1962).
Porém
apenas 9
desses
meninos
participaram
351
de todas as
seções.
Fonte: autoria própria (2017)
Qualis
Titulo JCR Idioma
CAPES 2015
Strength Training and Physical Não Não consegui Inglês
Activity in Boys: a Randomized Trial consegui identificar.
identificar.
352
Quadro 3 – Resultados e Conclusões
353
reduce lipídico, além de melhorias na gordura corporal e IMAT foram
sintra sensibilidade à insulina e CRF. alcançadas após 3 meses (3 dias
hepatic lipid / semana) de AE e programas de
contentand ER. Além disso, AE, mas não RE
visceral foi associado a reduções
fatand significativas na adiposidade
improves visceral e intra-hepática lipídico
insulin e melhorias na sensibilidade à
sensitivity in insulina e CRF. Estes resultados
obese sugerem, pela primeira vez, que
adolescent AE pode ser um melhor modo
girls: a de exercício de RE em meninas
randomized adolescentes obesos para
controlled reduzir a adiposidade
trial abdominal e fígado gordo e
melhorar a resistência à
insulina.
Differentiat Após 8 semanas de Estes dados sugerem que
ing treinamento, houve biologicamente mais maduro
Maturation melhorias em todas as crianças pré-púberes parecem
al Influence medidas de força e ter nenhuma vantagem em
on Training- resistência (P <0,01) para os força e resistência adaptações
Induced dois grupos de estágio Tanner induzidas pelo treinamento em
Strength I e II crianças. Não há comparação com os seus pares
and diferenças significativas na menos maduros. Além disso, o
Endurance resposta ao treinamento gênero não afetam as
Adaptations foram observados em relação mudanças induzidas pelo
in a maturidade biológica ou treinamento de força ou
Prepubesce sexo (P> 0,05). condicionamento aeróbio. Estes
nt Children resultados são significativos
para o desenvolvimento de
programas de formação
optimizados bem-arredondado
em crianças pré-púberes.
354
Eccentric MVC antes do exercício foi Estes resultados indicam que a
exercise-ind menor (P <0,05) para pré- magnitude da lesão muscular é
uced muscle adolescentes (8,9 ± 1,9 Nm) aumentada a partir de pré-
damage of do que adolescentes (25,1 ± adolescentes, adolescente para
pre-adolesc 3,9 Nm) e adultos (35,3 ± 4,6 homens pós-adolescentes.
ent and Nm). Mudanças em todas as
adolescent variáveis após ECC1 foram
boys in menores (P <0,05) para pré-
comparison adolescentes e adolescentes
to young quando comparado com o
men adulto, e todos, exceto
mudanças CIR foram
menores (P <0,05) para pré-
adolescente de
adolescente. Após ECC2,
alterações em todas as
variáveis foram
menores (P <0,05) do que
aqueles que depois ECC1 para
todos os grupos, mas a
magnitude das mudanças foi
diferente entre os
grupos (P <0,05) na mesma
maneira como que depois
ECC1.
Variação da Aumentos significativos de Os resultados indicam que o
força 30,2% e 22,7% foram número necessário de sessões
muscular observados entre a primeira e para a estabilização da força
em testes a oitava sessão de testes nos muscular em testes de 1-RM
repetitivos exercícios mesa extensora e parece ser dependente da
de 1-RM em rosca direta de bíceps, tarefa motora executada e,
crianças respectivamente (P < 0,05). possivelmente, do tamanho do
pré- Entretanto nenhuma grupamento muscular agonista
púberes. diferença estatisticamente envolvido na execução da tarefa
significativa foi encontrada motora. Portanto, os resultados
entre a terceira e a oitava sugerem que para uma
sessão de testes na mesa avaliação mais precisa da força
extensora e entre a quinta e a muscular de meninos pré-
oitava sessão na rosca direta púberes, por meio de testes de
de bíceps (P > 0,05). 1-RM, são necessárias de três a
cinco sessões de familiarização.
355
RESULTADOS E DISCUSSÃO
356
com que as crianças não só elevem sua massa muscular, mas
aumentem significativamente as suas atividades naturais fora do
período de intervenção do treinamento.
357
meninos e meninas foram separados de forma aleatória para
manter o equilíbrio entre os grupos.
358
Com o tempo, a partir do desenvolvimento do grupo, as mudanças
começaram a surgir. Os meninos do grupo de intervenção
aumentaram o gasto energético em 10%, a alteração desse gasto
energético dentre os meninos se manteve maior desde o início do
programa no grupo de intervenção do que no grupo de controle.
359
consequência da coordenação dos neurônios motores ativados,
assim como a taxa padrão de disparo.
360
Este estudo, no entanto teve como objetivo proporcionar um
programa de treinamento de força em meninas, com idade entre
11-12 anos, em um tempo determinado de sete meses e duas
vezes por semana alvejando resistência incorporado em aulas de
Educação Física.
361
Contudo, SoJung Lee et al. (2013), em seu estudo afirma
que a epidemia de obesidade infantil surge como um grave
problema de saúde, pois os jovens com sobrepeso e obesos têm
um risco aumentado de desenvolvimento de comorbidades como
doença gordurosa não alcoólica do fígado, diabetes tipo 2, e
síndrome metabólica, uma vez consideradas doenças da vida
adulta. Assim, diante de tais evidências SoJung Lee et al. (2013),
acabam diagnosticando a necessidade de realizar um estudo
randomizado com o proposito de determinar qual técnica de
exercício melhor atua na diminuição da gordura visceral e o teor
lipídico intra-hepático.
362
regular sozinho na sensibilidade à insulina e distribuição de
gordura este procedimento é importante, pois segundo Trombetta
(2003), existe consenso na literatura sobre o efeito da dieta na
redução do peso corporal, entretanto, a inclusão de exercícios
nem sempre resulta numa perda adicional de peso. Assim,
segundo SoJung Lee et al. (2013), não está claro se o exercício
regular sozinho (sem restrição calórica) é uma estratégia útil para
reduzir a adiposidade e fatores de risco metabólico relacionados à
obesidade em meninas.
363
crianças e de adolescentes, desde que as recomendações
existentes sejam seguidas apropriadamente. Dessa forma, Marta
et al. (2014), ressaltam que crianças com idade entre 10-11 anos
estão passando por um período de desenvolvimento dinâmico que
é marcado pela rápida mudanças no tamanho do corpo, forma e
composição, dessa forma, Valente (2002), retrata que estudos
realizados nos Estados Unidos e citados por Siegel, 1989 (New
England Medicine Fitness), com vários grupos de pré-adolescentes
utilizando programas variados, inclusive adaptados para faixa
etária, demonstrou um ganho de força considerável naqueles que
adotaram uma média duração e intensidade, frequência e técnicas
de execução relativas ao treinamento de adultos.
364
procedimento foi estabelecido em acordo com a declaração
"CONSORT" (http://www.consort-statement.org/).
365
Marta et al. (2014), relatam que antes do início do
treinamento, os indivíduos completaram duas sessões de
familiarização de praticar de acordo com as rotinas que seriam
esperados para executar durante o período de formação (ou seja,
exercícios de treinamento de força e de 20 m teste de shuttle run).
Sendo assim, Gurjão et al. (2005), ressaltam a importância de um
processo de familiarização prévia aos gestos técnicos exigidos nos
exercícios de força. Contudo, Marta et al. (2014), alertam que
durante este tempo crianças eram instruído sobre a técnica
adequada para cada exercício de treinamento de força, e suas
perguntas foram respondidas para limpar qualquer dúvidas.
Foram fornecidas instruções claras sobre a importância da
nutrição adequada. Durante o processo o mesmo pesquisador
conduziu o programa de formação, o de antropométrica e o de
avaliação de aptidão física. Durante os períodos experimentais
preliminares os sujeitos relataram não estavam envolvidos em
qualquer adicional programas de exercícios regulares para
desenvolver ou manter força e performance de endurance.
366
realização do alongamento com contração, ou seja, uma força
contrária maior que a força do grupo muscular solicitado (KOMI,
2000).
367
desconforto para o aluno, o que pode causar um desinteresse
pelas aulas de Educação Física.
368
evolução nessa capacidade física e que o sedentarismo pode
diminuir o potencial de desenvolvimento do indivíduo.
369
treinamento de força era ineficiente para esses grupos. Em 1983,
através de um trabalho a Academia Americana de Pediatria (2001)
concluiu que o treinamento de força em crianças pré-púberes era
aceitável se apropriadamente supervisionado, porém, em sua
maior parte ineficiente.
370
muscular. Segundo Peake (2005), a resposta inflamatória à lesão
muscular induzida pelo exercício é caracterizada por infiltração de
leucócitos e produção de citosinas pró-inflamatórias dentro do
tecido muscular danificado, liberação sistêmica de citosinas e
leucócitos, além de alterações na expressão do receptor de
leucócitos e atividade funcional (PEAKE 2005).
371
Segundo Proske (2005), quando miofibrilas dentro de uma
fibra muscular são alongadas durante a contração, alguns
sarcômeros são mais resistentes ao alongamento do que outros.
Consequentemente, os sarcômeros absorvem o mais fraco do
trecho, e em função da relação comprimento-tensão, os
sarcômeros se tornam mais fracos até que haja pouca ou nenhuma
sobreposição entre os miofilamentos. Durante repetidas
contrações excêntricas, em primeiro lugar os mais fracos e, em
seguida, os sarcômeros são progressivamente mais
sobrecarregados. Durante a fase de relaxamento muscular, os
miofilamentos de sarcômeros sobrecarregados podem não
conseguir reconectar, resultando em sarcômeros interrompido.
Este rompimento estrutural pode se espalhar para áreas
adjacentes do músculo, e podem levar a danos nas membranas do
retículo sarcoplasmático, túbulos transversais ou o sarcolema. Ao
mesmo tempo, acoplamento excitação-contração é interrompida,
e Ca2 + move-se livremente no sarcoplasma onde ativa vias
proteolíticas relacionadas com a degradação da fibra muscular e
reparação.
372
exercício que gerou o dano muscular (MACINTYRE; REID;
McKENZIE, 1995), ao passo que a concentração de CK tem seu pico
de 1 a 4 dias (CLARKSON; NOSAKA; BRAUN, 1992).
373
(ROWLAND, 1996), que tipicamente envolvem pular, saltar,
escalar, ou seja, atividades protetoras que podem justificar menor
presença de dor muscular tardia. Esse resultado foi confirmado por
Margison et al. (2005) ao analisar comparativamente a dor
muscular tardia de adultos e crianças, após protocolo de 8 séries
de 10 saltos. Margison et al. (2005) fizeram uma comparação entre
a resposta da dor muscular tardia de crianças e adultos após um
protocolo de exercícios excêntricos, demonstrando os menores
valores para as crianças. Neste mesmo estudo foi possível ainda
identificar o maior efeito protetor do exercício excêntrico nos
adultos do que nas crianças, quando analisada a dor tardia após
um segundo protocolo de exercícios excêntricos com o intervalo
de uma semana.
374
produzir maior performance do que os valores iniciais (MARGISON
et al., 2005).
375
tem incentivado a procura de parâmetros bem estabelecidos para
a prescrição dos exercícios. Assim, o estudo de Gurjão et al. (2005),
tem como objetivo analisar o comportamento da força muscular
em crianças pré-púberes durante testes repetitivos de 1-RM.
376
Dessa forma Gurjão et al. (2005), destaca que os dados
antropométricos foram obtidos através balança digital, da marca
Filizola, com precisão de 0,1kg, estatura determinada em um
estadiômetro de madeira, com precisão de 0,1cm. A composição
corporal foi determinada pela técnica de espessura de dobras
cutâneas. Para tanto, as espessuras das dobras cutâneas tricipital
e subescapular foram medidas por um único avaliador com um
adipômetro científico da marca Lange (Cambridge Scientific
Industries, Inc., Cambridge, Maryland). O coeficiente teste-reteste
excedeu 0,95 para cada um dos pontos anatômicos com erro de
medida < 5%. Todas as medidas foram tomadas de forma
rotacional e replicadas três vezes, sendo registrado o valor médio.
Com base nos valores das espessuras de dobras cutâneas, a
gordura corporal relativa foi estimada por meio das equações
propostas por (GURJÃO et al. 2005 apd SLAUGHTER et al. 1988).
377
Assim, Gurjão et al. (2005), propõe três tentativas de
execução para cada um desses exercícios, intervaladas por 3-5
minutos de descanso. A ordem de execução obedeceu ao tamanho
do maior grupo muscular agonista envolvido, ou seja, mesa
extensora e rosca direta de bíceps, respectivamente. O intervalo
de transição entre os exercícios foi de cinco minutos. Assim, Cada
um dos dois exercícios foi precedido por uma série de
aquecimento (6 a 10 repetições) com aproximadamente 50% da
carga estimada para a primeira tentativa no teste de 1-RM. Após
dois minutos de repouso os testes eram iniciados.
378
Assim, Esses resultados indicam que o número necessário de
sessões para a estabilização da força muscular em testes de 1-RM
parece ser dependente da tarefa motora executada e,
possivelmente, do tamanho do grupamento muscular agonista
envolvido na execução da tarefa motora. Portanto, os resultados
sugerem que para uma avaliação mais precisa da força muscular
de meninos pré-púberes, por meio de testes de 1-RM, são
necessárias de três a cinco sessões de familiarização.
CONCLUSÃO
379
e individualizada garante melhorias à saúde de crianças e
adolescentes.
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21 de out. 2015.
386
SOBRE OS AUTORES
387
JESSICA VITORINO DA SILVA TERRANOVA – Licenciada em
Educação Física e Mestre em Educação pela Universidade Federal
de Sergipe (UFS). Professora do Departamento de Ciências
Humanas - Campus IV da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
388
Bahia (UFBA). Professor do Departamento de Ciências Humanas -
Campus IV da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Líder do
Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação Especial e
Educação Física Adaptada (GEPEFA) e pesquisador do Grupo de
Estudo, Pesquisa e Extensão em Educação Física, Esporte e Lazer
(GEFEL/UNEB).
389
Os capítulos que compõem os três volumes desta série são
originários de vários estudos, derivados de trabalhos de
conclusão de curso e apresentados entre os anos de 2013 a 2017
no curso de Licenciatura em Educação Física do Departamento de
Ciências Humanas da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) -
campus IV.
390