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TST - AIRR - 61913/2002-900-04-00 (DJ - 02/04/2004)

Ementa
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESPROVIMENTO. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. Não pode ser provido o agravo de instrumento que
tem por objetivo o processamento de recurso de revista, quando o
que se pretende é o reexame do fato controvertido e da prova
produzida. Entendimento consagrado no Enunciado nº 126 desta
Colenda Corte.

Íntegra do Acórdão
PROC. Nº TST-AIRR-61913/2002-900-04-00.4
C:
ACÓRDÃO
1ª Turma
ACV/gfr
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DESPROVIMENTO. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE.
Não pode ser provido o agravo de instrumento que tem por objetivo o
processamento de recurso de revista, quando o que se pretende é o
reexame
do fato controvertido e da prova produzida. Entendimento consagrado
no
Enunciado nº 126 desta Colenda Corte.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de
Instrumento
em Recu r so de Revista nº TST-AIRR-61913/2002-900-04-00.4, em
que é
Agravante A. GUERRA S.A. - I M PLEMENTOS RODOVIÁRIOS e
Agravado JOSÉ
VALENTIN BOEIRA .
Inconformada com o r. despacho de fl. 70, que denegou seguimento
ao
recurso de revista interposto, agrava de instrumento a reclamada.
Com as razões de fls. 02/06, alega plenamente cabível o recurso de
revista, sustentando a violação dos artigos 5º, inciso II, da
Constituição
Federal, 189, 190, 191, 192 e 194 da CLT, bem como do Anexo 13 e
item 15.4
da NR-15 da Portaria nº 3.214/78. Aponta, ainda, contrariedade às
Súmulas
194 e 460 do STF e à Orientação Jurisprudencial nº 4 da SDI do C.
TST, bem
como dive r gência jurisprudencial, colacionando arestos para o
confronto
de teses.
Não houve apresentação de contraminuta, conforme certificado à fl.
74-verso.
A douta Procuradoria do Trabalho deixa de se manifestar, nos termos
da R
e solução Administrativa nº 322/96 do C. TST.
É o relatório.
VOTO
I - CONHECIMENTO
Conheço do agravo de instrumento, uma vez que está adequado,
tempestivo
e processado regularmente.
II - MÉRITO
Insurge-se a reclamada contra o r. despacho de fl. 70, que denegou
seguimento ao recurso de revista, mediante o qual pretendia a
reforma do
v. acórdão regional de fls. 54/60, no que tange ao pagamento de
adicional
de insalubridade, em grau máximo, honorários periciais e
advocatícios.
No recurso de revista, às fls. 62/69, a reclamada aponta violação dos
artigos 5º, inciso II, da Constituição Federal, 189, 190, 191, 192 e 194
da CLT, bem como do Anexo 13 e item 15.4 da NR-15 da Portaria nº
3.214/78.
Aponta, ainda, contrariedade às Súmulas 194 e 460 do STF, à Orient a
ção
Jurisprudencial nº 4 da SDI e ao Enunciado nº 80, ambos do C. TST,
bem
como divergência jurispr u dencial, colacionando arestos para o
confronto
de teses.
Sustenta que o recorrido não ficava exposto permanentemente a
inalação
dos fumos metálicos liberados pelo cobre ; ao contrário do afirmado,
sempre recebeu EPI adequado, s e gundo determinava a legislação
aplicável
ao tempo da relação jurídica havida entre as partes litigantes (fl.
64);
que a máscara facial previne a ação dos agentes agressores, não
tendo
qualquer base científ i ca entendimento em contrário (fl. 64); que o
equipamento utilizado pela recorrente era considerado pela legislação
da
época, como suficiente para elidir a inalação de gases tóxicos e
outras
substâncias nocivas, pois seguia as disposições contidas no Quadro I,
anexo a NR 06 (fl. 64); que o próprio laudo pericial atesta o
fornecimento de equipamento de segurança e a exigência de seu uso.
Acrescenta que, com a alteração promovida na redação da NR 6,
Portaria nº
22 de 15 de outubro de 2001, quando já extinta a relação jurídica
entre as
partes, é que se passou a exigir o uso de respirador purificador de ar
para a proteção das vias respiratórias.
Argumenta que o perito não realizou qualquer medição a fim de
verificar
se a concentração de gases está acima do legalmente previsto,
desprezando
o controle realizado pela reco r rente em tabela que lhe foi exposta
(fl. 65); que o laudo pericial apresenta contradição, uma vez que a
solda Mig é composta de manganês e cobre, o que foi parcialmente
informado. Citados componentes não liberam chumbo, que é o item
que dá
sustentação aos fundamentos jurídicos de convicção dos nobres
julgadores,
que sequer se faz presente na liga (fl. 66).
Alega que a competência para o reconhecimento dos pressupostos a
estabelecer uma determinada atividade como insalubre é do
Ministério do
Trabalho; que a r. decisão nega vigência aos artigos da CLT, às
Súmulas
do STF e ao Precedente do SDI do TST, uma vez que consagra entend
i mento
particular do Sr. Perito quanto ao trabalho de soldagem deve ser
enquadrado como atividade i n salubre em grau máximo (fl. 67)
Pretende, no caso de provimento do recurso, que seja absolvida da
condenação ao pagamento de honorários periciais e advocatícios.
Todavia, razão não assiste a reclamada.
O E. Tribunal Regional, assim se manifestou sobre a matéria, in
verbis :
A sentença acolheu as conclusões do laudo pericial que entendeu
que as
atividades exercidas pelo reclamante eram insalubres em grau m á
ximo,
pela inalação de fumaça decorrente da fusão de metais, especialme n
te de
cobre, quando do uso de solda.
O laudo pericial, fls. 137/145, e complementação nas fls. 155/156,
considerou as atividades desempenhadas pelo reclamante, na função
de
soldador, como insalubres em grau máximo, pelos fumos metálicos
que
oferecem altos riscos de problemas respiratórios, câncer de
brônquios,
pulmão e intoxicação , conforme NR-15, anexo 13 da Portaria
1432/78.
Esclareceu o perito que a via de penetração do cobre e demais metais
no
organismo do reclamante é através da inalação prolongada da
fumaça, p o
eira ou neblina contendo sais de cobre.
A reclamada em manifestação sobre as conclusões periciais nas fls.
151/152, não concordou com as assertivas do perito, que foram devid
a
mente esclarecidas pela complementação ao laudo fls. 155/156.
Segundo o Novo Dicionário Aurélio (2ª edição, ed. Nova Fronteira),
fusão
significa ato ou efeito de fundir ou fundir-se; derretimento, pela ação
do calor (p. 823). Na medida que a solda possui esta propriedade,
tem-se
como adequado o enquadramento no Anexo 13 da NR 15 da Port a ria
3214/78.
Não há notícia de fornecimento de equipamento capaz de proteger
trabalhador da inalação prolongada da fumaça contendo sais de
cobre.
Restou demonstrado que o autor não utilizava máscaras com
respiradores no
desempenho de suas atividades, pois a inalação da fumaça ocasiona
a l tos
riscos de problemas respiratórios, câncer nos brônquios, pulmão e i n
toxicação. Não há qualquer violação ao disposto no artigo 190 da CLT,
pois
o agente está relacionado na NR-15 (fls. 57/58).
O E. Tribunal Regional manteve a condenação ao pagamento de
adicional
de insalubridade, em grau máximo, com base no laudo pericial, que
atestou
a exposição do reclamante aos fumos metálicos que oferecem altos
riscos
de problemas respiratórios, câncer de brônquios, pulmão e
intoxicação ,
quando do uso da solda, enquadrando-se a atividade exercida pelo
empregado
na Portaria nº 3.214/78, NR-15, Anexo 13.
No que tange à alegação do reclamado no sentido de que fornecia
equipamento adequado e suficiente para elidir a inalação de gases
tóxicos,
o v. acórdão deixou consignado que Não há notícia de fornecimento
de
equipamento capaz de proteger o trabalhador da inalação prolongada
de
fumaça contendo sais de cobre .
A alegada violação do artigo 5º, inciso II, da Constituição Federal,
em
face do sustentado no recurso de que o equipamento fornecido pela
recorrente era considerado pela legislação da época, como suficiente
para
elidir a inalação de gases tóxicos, não foi objeto de manifestação do
v.
acó r dão regional, que não emitiu qualquer tese a esse respeito, o
que
impede o conhecimento do recurso de revista, no particular, por
ausência
de prequestionamento, incidindo, no caso, o Enunciado nº 297 do C.
TST.
Desta forma, não se vislumbra a alegada violação dos artigos 5º,
inciso
II, da Constituição da República, 189, 190, 191, 192 e 194 da CLT,
bem
como contrariedade à Orientação J u risprudencial nº 4 da SDI e ao
Enunciado nº 80, ambos do C. TST.
Incabível qualquer apreciação acerca da alegada violação do Anexo
13 da
NR-15 da Portaria nº 3.214/78, bem como de contrariedade às
Súmulas do
STF, nos termos do disposto nas alíneas a , b e c do artigo 896 da
CLT.
No mais, quanto às impugnações ao laudo pericial, ou verificar se
restou
ou não comprovada nos autos o exercício da atividade insalubre, pelo
reclamante, necessário se faria o re e xame dos fatos e da prova
produzida, bem como a sua valoração, o que não é cabível nesta
Instância r
e cursal, dada a natureza extraordinária do recurso de revista, a teor
do
Enunciado nº 126 do C. TST.
E, justamente quanto à valoração da prova, assim já decidiu
anteriormente
a SDI desta C. Corte, a qual transcrevemos:
"PROVA - LIVRE APRECIAÇÃO PELO MAGISTRADO - PRI N CÍPIO DA
PERSUASÃO
RACIONAL. Na sistemática processual bras i leira, inexiste o princípio
da
hierarquia das provas. Realmente, a valor a ção da prova é regida
pelo
princípio da persuasão racional, por meio do qual o juiz é livre para
apreciar os elementos probatórios produzidos nos autos, devendo,
apenas,
atentar para os fatos e circunstâncias em torno dos quais gira a
relação
jurídica controvertida, e indicar os motivos que lhe formaram o
convencimento (CPC, art. 131). Nesse contexto, não há como se ter
por
inválida a decisão fundada na prova testemunhal, sob o fundamento
de que
esta é hierarquicamente inferior à prova documental. Recurso de
embargos
não conhecido" (TST-E-RR-467.771, DJ 28.09.2001, Ministro Milton de
Moura
França).
A pretensão da reclamado em ver autorizado o seguimento do
recurso de
r e vista por divergência jurisprudencial também é incabível, pelas
mesmas
razões acima expostas, qual seja, o obstáculo existente no Enunciado

126 deste C. Tribunal.
E ainda que assim não o fosse, os arestos de fls. 68/69 são
inespecíficos
na m e dida em que têm como premissa o fornecimento de
equipamento, o que
não restou configurado nos autos, atraindo o óbice contido no
Enunciado nº
296 desta C. Corte Superior. Além disso, o primeiro aresto de fl. 68 é
inservível, porque oriundo de uma das Turmas deste C. TST, o que
desatende
a norma inserta no artigo 896, alínea a , da CLT.
Portanto, correto o r. despacho que denegou seguimento ao recurso
de
revista.
Em face do exposto, nego provimento ao agravo de instrumento.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal Superior do
Trab a
lho, por unanimidade, negar provimento ao Agravo de Instrumento.
Brasília, 17 de março de 2004.
JUIZ CONVOCADO ALOYSIO CORRÊA DA VEIGA
Relator

ARCO ELÉTRICO = FUSÃO POR CORRENTE ELÉTRICA ENTRE OS


METAIS •COM GRANDE CONSUMO DE ELETRODO
–MMA - MANUAL METAL ADITION
–MIG - METAL INERT GAS
–MAG - METAL ACTIVE GAS (↑ CONSUMO)
•COM POUCO CONSUMO DE ELETRODO –TIG - TUNGSTÊNIO INERT
GAS

2 – Proveniente do eletrodo:
•Mais comum em solda a arco
elétrico
•Maior quantidade de fumos se há
consumo do
eletrodo (MAG, MIG e comum)
•Menor se não há consumo do eletrodo
(TIG)
•Eletrodos tem composição
variável:
•Os mais comuns tem o interior
(alma) de
ferro e revestidos de um
fundente.
•Os usados em solda MAG e MIG são
um
arame contínuo com alma de ferro e
fundente
de cobre

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