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dos Advogados
Elaboração
Produção
sumário............................................................................................................................................3
Apresentação...................................................................................................................................4
Introdução.....................................................................................................................................7
Unidade Única
OAB e as Prerrogativas dos Advogados......................................................................................... 9
Capítulo 1
Prerrogativas profissionais como garantia constitucional.............................................. 9
Capítulo 2
Direitos e garantias em espécie............................................................................................... 17
referências....................................................................................................................................26
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo
de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam
verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do
curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não
receber a certificação.
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Introdução
Sempre que se fala em prerrogativas profissionais de qualquer classe ou segmento, ouve-se o mesmo
discurso de que estas seriam beneplácitos corporativos e vantagens das quais não poderiam gozar
o cidadão comum.
O próprio significado da palavra prerrogativa nos remete a essa ideia, já que vem do latim
praerogativa, que exprimia, primitivamente, a possibilidade de falar antes, com origem na outorga
legal conferida aos cavalheiros das centúrias, no império romano, que detinham a praerogativa do
primeiro voto, por ocasião das decisões obtidas pelo sufrágio.
Ocorre que, como se verá adiante, a aplicação do vocábulo à atividade da advocacia muito mais
se aproxima do conceito de “garantia” do que propriamente “privilégio”, pois representa a
exteriorização da vontade constitucional e legal de proteção à liberdade profissional dos advogados,
que dela necessitam para exercitar seu múnus público e resguardar o sagrado direito de defesa do
seu constituinte e da própria ordem jurídica e constitucional, conforme prometem em seu juramento
ao se tornarem advogados1.
Torna-se importante dizer que o exercício das prerrogativas profissionais constitui-se como um
poder-dever do advogado, pois o profissional que não exerce plenamente todo seu espectro de
direitos e garantias está consequentemente deixando de proporcionar uma defesa qualificada e
ampla a seu cliente.
Alçada a garantia constitucional, os direitos dos advogados estão protegidos contra o arbítrio de
qualquer autoridade, que pode ser punida nos termos da Lei 4.898/65.
Sob essa ótica, este caderno pretende, de forma objetiva e didática, transmitir os principais temas
relacionados às prerrogativas, bem como, exercitar de maneira crítica a compreensão acerca dos
direitos dos advogados, segundo nossa mais moderna doutrina e jurisprudência.
Objetivos
Falta
1 Art. 20. Do regulamento geral do estatuto da advocacia e da OAB. : “Art. 20. O requerente à inscrição principal no quadro
de advogados presta o seguinte compromisso perante o Conselho Seccional, a Diretoria ou o Conselho da Subseção:
“Prometo exercer a advocacia com dignidade e independência, observar a ética, os deveres e prerrogativas profissionais
e defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático os direitos humanos, a justiça social, a boa aplicação
das leis, a rápida administração da justiça e o aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas.”
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Unidade Única
OAB e as Prerrogativas dos Advogados
Capítulo 1
Prerrogativas profissionais como garantia
constitucional
Tais dispositivos, em conjunto com as demais disposições legais acerca da atividade da advocacia,
conferem à profissão dos advogados as características de I) essencialidade ou indispensabilidade, 2)
inviolabilidade; 3) múnus público e função social; 4) independência.
Essencialidade ou indispensabilidade
Por essencialidade ou indispensabilidade entende-se a necessária participação do advogado
na busca do cidadão pelo acesso à justiça de forma igualitária e ampla.
Dessa forma, a interveniência do advogado na busca pela consecução do direito de seu constituinte,
na esfera estatal ou não, é requisito essencial sem o qual vários atos descritos na legislação, praticados
pelos não advogados são nulos ou inexistentes.
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
Não por outro motivo é que se considera contravenção penal o exercício da advocacia por não
advogado ou por advogado que esteja impedido ou suspenso.
Entende o STF :
Dessa forma, o trabalho de assessoria jurídica pode ser praticado pelo estagiário isoladamente,
desde que autorizado e supervisionado por advogado, o que não ocorre nas modalidades consultoria
e direção.
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OAB e as Prerrogativas dos Advogados UNIDADE única
A capacidade postulatória conferida aos advogados torna os atos praticados sem assistência nulos
de pleno direito.
Com relação ao habeas corpus, justifica-se a exceção em razão da necessária proteção da liberdade
como valor constitucional sem qualquer condicionamento ou restrição. Dessa forma, o próprio
EOAB excluiu a necessidade de interveniência do advogado para a impetração do remédio heroico.
Nos juizados especiais, a Lei 9.099/95 dispensou a atuação de advogado nas causas cujo valor
seja igual ou inferior a 20 salários mínimos3.
Nos Juizados Especiais Federais, a lei 10.259/01 facultou à parte demandar em nome próprio
ou designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou não.
Já na justiça do trabalho, foi conferido o jus postulandi às partes pelo art. 791 da CLT. Muito
embora as partes desacompanhadas de advogado, inequivocamente, colocam-se em posição
desvantajosa com relação aos representados por causídicos, há de se respeitar a disposição legal
que permite às partes postularem em juízo sem o patrocínio de advogado.
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
Independência
O art. 6o do EOAB traz em sua redação a ausência de subordinação entre advogados, membros do
Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Da mesma forma, em seu parágrafo único, estende às demais autoridades e aos servidores e
serventuários o dever de tratamento urbano e compatível com a dignidade e nobreza da profissão.
Segundo Paulo Lôbo, “(...) Cada figurante tem um papel a desempenhar : um postula, outro fiscaliza
a aplicação da lei e o outro julga. As funções são distintas mas não se estabelece entre elas relação
de hierarquia e subordinação. Em sendo assim, mais forte se torna a direção ética que o preceito
encerra no sentido do relacionamento profissional, independente, harmônico, reciprocamente
respeitoso e digno.7 “
Também representa um poder-dever, eis que o advogado que cede ao poder arbitrário de qualquer
autoridade está desrespeitando o mandato conferido por seu constituinte e seu dever ético de
portar-se com destemor e altivez.
Não são, dessa forma, os advogados agentes públicos, tal qual o promotor e o juiz, mas como eles,
exercem função pública, derivada justamente da inserção de sua função no rol dos profissionais
indispensáveis à administração da justiça.
A busca pela consecução da justiça e pela pacificação social são atribuições que tornam os advogados
detentores de misteres que se revestem de interesse público, mas por outro lado tornam o advogado
um profissional com limitações inexistentes em outras categorias profissionais, como, por exemplo,
7 LÔBO, Paulo Luiz Netto. Comentários ao Estatuto da Advocacia e da OAB. 7. ed. São Paulo : Saraiva, 2013, pág. 65.
8 http://www.oabgo.org.br/Revistas/39/juridico7.htm
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OAB e as Prerrogativas dos Advogados UNIDADE única
Já a função social, também prevista no art. 2o do EOAB, está diretamente relacionada à própria
função do direito que busca a construção da justiça social. “No exercício desse mister privado e
prestação de serviço público, o advogado exerce função social, o que decorre diretamente da própria
função social do direito de promover a paz social, pela promoção do respeito à ordem jurídica que
regula a vida em sociedade.”9
Inviolabilidade
Prevista no art.133 da Constituição, a inviolabilidade é também referida em várias passagens do
EOAB, mais diretamente nos arts. 2o §3o; 7o, II e §2o.
10 ART 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do Juízo com respeito, discrição e
independência, exigindo igual tratamento e zelando pelas prerrogativas a que tem direito.
Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza, emprego de linguagem escorreita e polida, esmero e disciplina na execução dos
serviços.
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
o cometimento do crime de calúnia, que é imputar a outrem falsamente fato tido como
crime. 2. A inviolabilidade das prerrogativas dos advogados, quando no exercício da
profissão, é constitucionalmente assegurada, nos termos da lei. Estabelece o art. 133
da Constituição Federal que o advogado é “inviolável por seus atos e manifestações
no exercício da profissão, termos da lei”. 3. O art. 142, I, do Código Penal exclui a
punibilidade nos casos de injúria ou difamação, quando a ofensa é irrogada em juízo,
ou seja vinculada à discussão da causa; e o § 2o do art. 7o da L. 8.906, de 04.07.1994
(Estatuto da Advocacia e da OAB), estabelece que: “O advogado tem imunidade
profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato (O STF, em liminar
concedida em 06.10.1994, julgando a ADI 1.127-8, suspendeu a eficácia do termo
desacato) puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade,
em juízo ou fora dele,sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos
excessos que cometer” TRF1. HC - HABEAS CORPUS – 200701000163658. Terceira
Turma., DJ 01/06/2007
Da mesma forma, excluído da imunidade o crime de desacato, muito embora vedada a prisão do
advogado por esse motivo por ser crime afiançável, como se verá a seguir.
Também nesses casos, os advogados não podem sofrer consequências no âmbito criminal ou sob a
égide da Lei 8.429/92, relacionadas à improbidade administrativa, eis que cobertos pela imunidade
quanto a atos e opiniões. Além de não se vincularem à administração, os pareceres dos advogados
exprimem apenas sua opinião acerca da legalidade dos contratos em análise, não se atendo a
aspectos fáticos relacionados ao cumprimento da avença.
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OAB e as Prerrogativas dos Advogados UNIDADE única
Já o sigilo profissional, também, configura-se como um poder–dever, eis que não pode o
advogado ser obrigado a revelar o conteúdo de suas comunicações com seu constituinte, da mesma
forma que não pode, por um imperativo ético, revelar as informações por ele prestadas.
O sigilo engloba a recusa em depor sobre fatos que tenha conhecimento, em segredo
profissional, de seu cliente ou ex-cliente. (inciso XIX, art. 7o do EOAB). Tal restrição é prevista também
no art. 26 do CED, que impede o advogado de revelar informações, mesmo com o consentimento de
seu constituinte , com exceção nos casos em que se vê atacado pelo próprio cliente.
Já a proteção de seus meios de trabalho, também derivada da proteção do sigilo, e, por esse
motivo, já antes implícita na legislação, recebeu nova redação pela Lei 11.767/2008, modificando o
inciso II do parágrafo 7o e suprimindo as exceções antes existentes, como, por exemplo, a possibilidade
de busca e apreensão determinada por magistrado e acompanhada por representante da OAB.
Para gozar da inviolabilidade, exige-se que o advogado esteja no exercício da profissão e que o
local investigado e as interceptações estejam relacionados à sua atividade profissional.
Também coberta pela inviolabilidade a correspondência recebida pelo advogado, que não
se relaciona à atividade criminosa investigada (art. 5o, XII da CF), e os demais documentos,
dados, arquivos, objetos igualmente estranhos à investigação. Não é possível, dessa forma, que se
use como prova ou indício para nova investigação qualquer objeto ou documento de terceiro, obtido
de maneira fortuita, no bojo de investigação contra o advogado.
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
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Capítulo 2
Direitos e garantias em espécie
A imposição de qualquer elemento exógeno no momento da entrevista, além de violar o inc. III do
art. 7o do EOAB representa grave violação ao amplo direito de defesa garantido constitucionalmente
(art. 5o, LV).
A incomunicabilidade não pode ser imposta ao advogado, ainda que não munido de procuração.
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
fez publicar a Resolução n. 92/03, que assim dita: “Art. 6o. Durante a permanência
do preso no Regime de Adequação ao Tratamento Penal - RATP, serão observados os
seguintes procedimentos:(...) V - O advogado interessado em manter entrevista com
o preso deverá requerer, por escrito, à Direção da Unidade Penal que abriga o preso
no Regime de Adequação ao Tratamento Penal - RATP, que designará data e horário
para o atendimento, após apreciação do requerimento. Em caso de indeferimento, o
diretor da unidade comunicará ao Juízo da Vara de Execuções Penais, no prazo de
24 (vinte e quatro) horas, para os fins que julgar cabíveis.” 2. Ilegalidade manifesta.
Nítido contraste com a Lei Federal n. 8.906/94 (Estatuto da OAB), que em seu art.
7o assim registra: “Art. 7o. São direitos do advogado: (...) III - comunicar-se com
seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se
acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda
que considerados incomunicáveis; (...) VI - ingressar livremente: (...) b) nas salas
e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços
notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de
expediente e independentemente da presença de seus titulares.” Também a referida
Resolução foi além do que as leis penais e processuais penais regulam sobre o tema.
3. Ausência de razoabilidade. Análise da adequação, necessidade e proporcionalidade
em sentido estrito. Todos esses elementos não configurados. Finalidade pública
almejada com a Resolução não atendida, tendo ainda a Administração outros
meios menos lesivos para alcançar o seu desiderato discricionário para a regulação
de visitas em presídios, sem ultrapassar os ditames da lei federal. 4. Declaração de
ilegalidade do art. 6o, V, da Resolução n. 92/03 da Secretaria de Estado da Justiça e da
Cidadania. Prerrogativas da advogada impetrante restabelecidas. Recurso ordinário
provido. ROMS 200400406721. Rel. HUMBERTO MARTINS. Segunda Turma. DJE
DATA:04/08/2008
Isto exclui a prisão por desacato, tão comum, em razão do constante choque entre magistrados
com os advogados, no desempenho de seus misteres profissionais.
O representante da OAB deve ser indicado pela diretoria do Conselho Seccional ou Subseccional do
local da ocorrência do fato.
Também o regulamento geral da Advocacia prevê em seu art. 16, que o advogado será assistido
por representante da OAB nos inquéritos policiais e ações penais onde conste como
indiciado.
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OAB e as Prerrogativas dos Advogados UNIDADE única
A autoridade que determinar a prisão de advogado por crime que comporte fiança ou sem a
comunicação prévia da OAB incorre em crime de abuso de autoridade e pode responder
criminalmente e administrativamente, tanto perante as corregedorias locais, quanto o CNJ.
Tal direito decorre da especificidade da profissão do advogado que no dia a dia forense é naturalmente
exposto a vendetas e sentimentos de ira por parte de detentos e mesmo de autoridades policiais.
Desta forma o legislador andou bem ao garantir não só o direito do advogado de ser recolhido nesse
tipo de estabelecimento prisional até o trânsito em julgado da decisão condenatória, mas também
de, na ausência de sala, ser recolhido em prisão domiciliar.
Segundo o entendimento prevalecente no STF, a Sala de Estado Maior deve ser aquela destinada ao
recolhimento de oficiais do exército, não se confundindo com prisão especial dos detentores
de diploma universitário. Como bem ressaltou o Min. Ayres Brito, sala não é cela, posto que tais
instalações devem ser condignas com a condição de advogado do detento, não podendo possuir grades.
Na ausência de tal estabelecimento, certificado como tanto pela competente Secretaria de Segurança
Pública ou Superintendência da Policia Federal do Estado onde ocorreu o delito, deve o advogado
se recolhido à prisão domiciliar.
Nesse sentido :
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
Dessa forma tem a prerrogativa de livre acesso, além dos cancelos, nas secretarias, cartórios,
salas de audiência, tribunais, cartórios ou serviços notariais e de registro, estabelecimentos
prisionais, delegacias, ou qualquer local onde funcione serviço público.
Obviamente tal direito deve ser exercido com proporcionalidade e razoabilidade, não se
justificando que o advogado interrompa, sem qualquer justificativa, outras atividades urgentes dos
serventuários ou titulares do serviço ou atrapalhe o regular andamento dos trabalhos nas secretarias.
O pleno acesso não se condiciona à existência de mandato conferido ao advogado, mas o bom
senso recomenda que o ingresso de tais profissionais tenha relação com o patrocínio de causa em
favor de cliente.
O direito ao livre acesso também abrange qualquer reunião, desde que, munido de procuração, o
advogado esteja atuando em favor do legítimo interesse de cliente.
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OAB e as Prerrogativas dos Advogados UNIDADE única
(Decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com base em voto do conselheiro Marcus Faver,
ao responder consulta do juiz de Direito da 1ª Vara da Comarca de Mossoró, no Rio Grande do
Norte).
Embora tal decisão não tenha produzido efeitos erga omnes, conforme decidiu o próprio CNJ,
não se pode ignorar que o órgão de controle externo do judiciário, em análise de caso concreto,
posicionou-se pela ilicitude da restrição de horário ou assunto para atendimento do advogado.
Obviamente o atual regime é algo que não contribui para o aperfeiçoamento dos julgamentos, já que
a sustentação da Tribuna é fundamental para o convencimento dos julgadores, especialmente em
um julgamento colegiado.
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
Serve também para elucidar eventuais dúvidas no relatório e voto, razão pela qual, o uso da palavra
antes do relator diminui a importância de tão relevante instituto.
A OAB dá exemplo, na medida em que, em todos os julgamentos colegiados que ocorrem no Conselho
Federal, é respeitada a redação original do Estatuto, permitindo sempre a sustentação após o voto
do relator.
Já o uso da palavra em situações excepcionais, de forma breve e sucinta para esclarecer questão
de fato, erro ou defesa do advogado de suas prerrogativas, contra ofensas ou protestar contra
inobservância de preceito de lei, regimento ou regulamento, não pode sofrer qualquer limitação
regimental, devendo e podendo o advogado se pronunciar sentado ou em pé, conforme preceitua o
inciso XII do EOAB.
Já o direito de vistas, que engloba o direito à retirada dos autos no prazo legal, é amplo e irrestrito,
não podendo sofrer embargo, além das hipóteses previstas legalmente.
Enquanto o acesso está limitado à realização de anotações, fotocópias e restrito aos processos
que não se encontram sob o regime de sigilo, o direito a vistas de procurador regulamente
constituído tem caráter absoluto.
No caso dos processos findos, podem ser retirados, mesmo sem procuração, por um prazo de 10
dias.
No entanto, nos processos findos que tramitaram em segredo de justiça, o direito de vista e
retirada de autos somente será admitido aos advogados das partes, devidamente constituídos nos
autos.
Da mesma forma, o direito de vista e retirada dos autos dos processos, ainda que findos, também
poderá ser limitado quando contiverem documentos originais de difícil reparação ou, ainda, quando
houver decisão motivada, apontando circunstância relevante para a permanência dos autos em
cartório ou na repartição pública, ressalvado o direito do advogado de obter cópias dos
documentos, sob pena da ocorrência de cerceamento de defesa.
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OAB e as Prerrogativas dos Advogados UNIDADE única
Por fim, também não se aplica o amplo acesso de vistas ao advogado que mesmo intimado apenas
restitui os autos após o final de seu prazo. Fica o advogado, até o Trânsito em julgado, apenas com
direito ao acesso.
É o ato pelo qual a classe externa seu repúdio à ofensa às prerrogativas profissionais de um colega e
solidariedade pelo agravo a ele imposto por ato arbitrário de qualquer autoridade.
Não depende da concordância do advogado (art. 18, §7o do Regulamento Geral), justamente porque
ofensas graves maculam preceitos que devem ser defendidos pela OAB e ultrapassam a esfera
individual do ofendido.
Não pode ser deferido por motivo banal ou que represente mero dissabor, sob pena de
enfraquecimento do instituto. Na verdade o desagravo público é reservado apenas para situações
com grande repercussão social e que maculem a imagem da advocacia.
Após a aprovação pelo conselho, o presidente da seccional efetua a leitura em sessão designada
para tanto, sendo posteriormente enviada a nota para publicação na imprensa, ao ofensor e às
autoridades, além de registro nos assentamentos funcionais do advogado desagravado.
Sempre que possível, deve ser feita na subseção ou no local onde ocorreu o agravo, como forma de
aumentar a repercussão do ato.
Apenas excepcionalmente o desagravo pode ser promovido pelo Conselho Federal, quando a ofensa
se der em desfavor de Conselheiro Federal no exercício de suas atribuições, ou quando a ofensa se
revelar grave a ponto de alcançar repercussão nacional.
Não se confundem com figuras que podem ser popularmente associadas à advocacia, como a deusa
Themis, balança, anel de formatura, mas que não possuem vinculação oficial com a OAB.
O logotipo da OAB é de uso exclusivo da entidade, sendo vedada a sua reprodução e uso, não
autorizado, pelos advogados (art. 31 do Código de Ética de Disciplina).
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UNIDADE única OAB e as Prerrogativas dos Advogados
No entanto o mesmo cuidado com a pontualidade não é comum nos magistrados, que costumam
atrasar injustificadamente a realização de audiências, forçando as partes e os advogados a
reprogramar suas agendas e a adiar compromissos.
Nesses casos, o EOAB garante o direito do advogado a retirar-se após 30 minutos da hora marcada
para a realização do ato, devendo, para tanto, anunciar oficialmente sua retirada do recinto por
meio de petição protocolada, como modo de prevenir responsabilidades.
Tal direito não pode ser invocado quando o magistrado se encontra presente e o atraso se der em
consequência da demora ou prolongamento de audiências anteriores.w
24
Para (não) Finalizar
Falta Todos estes direitos aqui tratados são, na verdade, mais do que simplesmente garantias
previstas em nossa legislação. O caráter essencial, publico, inviolável e independente de nossa
profissão, longe de ser um privilégio, na verdade se constitui como uma garantia da democracia
brasileira que protege, de forma canina, no âmbito constitucional, o sagrado direito de defesa do
cidadão. Dar o advogado liberdade e independência, significa garantir ao seu constituinte uma
defesa igualmente livre da ingerência do poder arbitrário de qualquer autoridade.
Obviamente tal liberdade não é absoluta. Deve obedecer aos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade, assim como aos limites éticos da profissão. Para tanto, a OAB deve ao mesmo
tempo defender e pugnar pelas prerrogativas profissionais, mas também efetivamente exercer o
controle sobre a atividade dos advogados através de seus Tribunais de Ética e demais instancias
disciplinares.
Tal equilíbrio garante a nossa entidade a isenção para continuar propugnando pelas garantias
profissionais da classe, sem, contudo, agredir a ordem jurídica, nem tampouco violar as liberdades
individuais de terceiros.
Deve-se, contudo, ter em mente que o primeiro defensor das prerrogativas profissionais da advocacia
é o próprio advogado. Faz parte do núcleo de sua profissão se portar de maneira altiva e corajosa.
Não se vergar, significa reafirmar a sua condição de defensor de princípios, sem os quais o advogado
se torna apenas um profissional que se legitima por seus procedimentos, e não pelas causas que
defende.
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referências
FERNANDES, Paulo Sérgio Leite. Na defesa das prerrogativas do advogado. São Paulo: OAB/
SP. Departamento Editorial, 1994. Brasília: OAB Editora, 2004.
LOBO, Paulo. Comentários ao estatuto da advocacia e da OAB. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.
LÔBO, Paulo Luiz Netto. Comentários ao estatuto da advocacia e da OAB. 7. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.
MAMEDE, Gladston. A advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil. 3. ed. São Paulo:
Atlas, 2008.
NINA, Carlos Sebastião Silva. A Ordem dos Advogados do Brasil e o Estado brasileiro.
Brasília: OAB, 2001.
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Bibliografia complementar:
ANÁLISE JUSTIÇA. Supremo e Superior Tribunal. São Paulo: Análise Editorial e Consultor
Jurídico, Revista. 2009
ANUÁRIO DA JUSTIÇA. STF, STJ, TST, TSE e STM. São Paulo: Consultor Jurídico e FAAP,
Revista. 2009.
Jurisprudência complementar
TRT 12ª R. – RO-V 02527-2004-035-12-00-9 – (07077/2005) – Florianópolis – 2ª T. – Relª Juíza
Ione Ramos – J. 7.6.2005.
STJ, Segunda Turma, RMS no 416, MG, julgado em 20/1/1991, publicado no DJ 18/3/1991, p. 2789,
RSTJ vol. 18, p. 314.
STF, pleno, ADI no 1.105-DF, relator para o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
17/5/2006, publicado no DJe 4/6/2010.
STF, pleno, Inquérito no 2.424, RJ, Rel. Min. Cézar Peluso, julgado em 26/11/2008, publicado no
DJe em 26/3/2010.
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