Você está na página 1de 2

III.

A Imperatriz
O Arcano da Magia Sagrada, da Força Mediadora, da Mãe
Compilação de
Constantino K. Riemma

Uma mulher coroada, sentada num trono, mantém contra si, com
sua mão direita, um escudo ornado com uma águia amarela,
enquanto que com a esquerda sustenta um cetro que termina por
um globo encimado pela cruz.
Está representada de frente, com os joelhos separados e com os
pés ocultos nas dobras da túnica. A cintura da Imperatriz está
marcada por um cinto, que se une a uma gola dourada. A coroa
leva florões amarelos e permite que os cabelos da figura se
derramem sobre os ombros.
O trono está bem visível e seu espaldar sobressai à altura da
cabeça da Imperatriz. No ângulo inferior esquerdo da estampa
cresce uma planta. A águia desenhada no escudo olha para a
direita.
Significados simbólicos
O verbo, o ternário, a plenitude, a natureza, a fecundidade, a
geração nos três mundos.
Sabedoria. Discernimento. Idealismo. Influência solar intelectual.
Marselha-Camoin (1750) É o arcano da Magia Sagrada, instrumento do poder divino.

Interpretações usuais na cartomancia


Gravidez, criatividade, sucesso. Compreensão, inteligência,
instrução, encanto, amabilidade. Elegância, distinção, cortesia.
Domínio do espírito, abundância, riqueza.
Mental: Penetração na matéria por meio do conhecimento das
coisas práticas. Os problemas vêm à tona e podem ser
reconhecidos.
Emocional: Capacidade para penetrar na alma dos seres.
Pensamento fecundo e criador.
Físico: Esperança, equilíbrio. Soluciona os problemas. Renova e
melhora as situações. Poder contínuo e irresistível nas ações.
Desafios e sombra: Desavenças, discussões em todos os planos.
As coisas se embaralham e ficam confusas. Atraso na realização
de um acontecimento que, no entanto, ocorrerá.
Afetação, pose, coqueteria. Vaidade, presunção, desdém.
Futilidade, luxo, prodigalidade. Deixa-se levar pelas adulações,
falta de refinamento, modos de novo-rico.

História e iconografia
A Imperatriz
O arcano da Imperatriz, adornada com os símbolos atribuídos à Tarocchi Visconti-Sforza
feminilidade triunfante, relaciona-se a um amplo repertório: Restaurado por Scarabeo

Ela é a Madona cristã, a esposa do rei ou mãe do herói; a deusa primordial de todos os ritos
matriarcais; as quatro damas do baralho.
Sobre a figura da Imperatriz parece ser mais importante considerar a
sua localização no Tarô (como a terceira da série) e a sua relação com
outras figuras do que o seu simbolismo individual, já que o caráter
difuso da carta torna sua amplitude inesgotável. Assim, será
interessante recapitular tudo que foi escrito sobre o simbolismo do
três e a ordem do ternário, bem como às variadas significações
atribuídas às damas dos Arcanos Menores.
Na versão de Wirth, a Imperatriz aparece aureolada por doze
estrelas, das quais somente nove são visíveis: é evidente o duplo
sentido alegórico desta representação em sua referência simultânea
aos signos do Zodíaco e ao período da gestação. Como o 9 é também
representação da inteligência, no momento da sua maturidade, é
possível associar os atributos centrais do Arcano III: feminilidade-
experiência-sabedoria.
Relacionada em todas as cosmogonias ao simbolismo lunar e à face
oculta do conhecimento (Sacerdotisa), a mulher admite também um
período solar (Imperatriz), do qual há correspondências nas
organizações culturais mais remotas da humanidade.

Tarô de Oswald Wirth


França, 1912

Do ponto de vista matriarcal, a Imperatriz não é ainda a Eva


protagonista do pecado e da queda, mas a que aparece em
certas tradições talmúdicas: a fundadora, que reencontra
Adão depois de trezentos anos de separação; a que
aniquila Lilit – a rival estéril e luxuriosa – para organizar
junto ao primeiro pai a família dos homens.
Alguns comentaristas do Islã veem nesta Eva triunfante do
adultério a representação da passagem das sociedades
anárquicas ao princípio de ordem dos tempos históricos. Seu
túmulo mítico se localiza em Djeda ou Djidda, às margens
do mar Vermelho e próximo da montanha sagrada de
Arafat, onde o teria ocorrido seu reencontro com Adão, para
formar o casal primordial.
A Imperatriz, finalmente, é símbolo da palavra e representa
o envoltório material do corpo, seus órgãos e suas funções.
Ouspensky a imagina repousando sobre um trono de luz,
Lilit e a rebeldia feminina
bela e fecunda, em meio à interminável primavera.

Você também pode gostar