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Estado de Mato Grosso Secretaria de Estado de Educação

Assessoria Pedagógica do Munícipio de Mirassol D’Oeste/MT

ESCOLA ESTADUAL PADRE TIAGO

Disciplina: Geografia
Docente: Daliane Cristina Lourenção – 2º A, B, C , D
Claudecir Alves Bruno

Aluno(a):
__________________________________________________________________
Turma: 1º _____ Turno: ________________________________
Material Didático - mês de fevereiro e março / 2021

Códigos das Habilidades Objetos de conhecimentos

 Indústria e espaço geográfico


(EM13CHS404) Identificar e discutir os ( página 36 até 44)
múltiplos aspectos do trabalho em  Fontes de energia ( página 56 até
diferentes circunstâncias e contextos 75)
históricos e/ou geográficos e seus efeitos
sobre as gerações, em especial, os jovens,
levando em consideração, na atualidade,
as transformações técnicas, tecnológicas e
informacionais
Roteiro para atividades

Esses são os conteúdos referentes aos meses de fevereiro e março, por enquanto nossas
aulas acontecerão pelo whatsapp, online esperamos em breve nos encontrarmos
presencial.

O aluno deverá ter participação nas aulas online ( no horário da aula) ou offlin ( entrega
de tarefas após o termino das aulas do dia ) para que o mesmo tenha notas.

Bons estudos!

A indústria e a produção do espaço geográfico

As inovações técnicas ocorridas ao longo da história, conforme estudamos na unidade


anterior, ampliaram a capacidade humana de intervir e de provocar modificações na
natureza. Essas interferências, no entanto, se tornaram muito mais intensas a partir de
meados do século XVIII, com o advento da indústria moderna. Com o surgimento da
atividade industrial, a forma de produção, que até então se apoiava no trabalho manual e
em pequena escala no artesanato e na manufatura (veja quadro abaixo), foi substituída
pelo processo produtivo fabril, realizado no interior das fábricas.

Caracterizada pela introdução de máquinas movidas a energia, a princípio, pelo vapor


gerado com a queima de carvão mineral e, posteriormente, pela eletricidade e pelo
petróleo, a atividade industrial passou a transformar os recursos naturais em
mercadorias produzidas em série, de maneira padronizada, mais rápida e em grande
escala. Essa nova organização do processo produtivo, que historicamente ficou
conhecida como Revolução Industrial, começou na Inglaterra no século XVIII e nos
séculos seguintes se espalhou para outros países da Europa (França, Alemanha, Bélgica,
Holanda, Rússia) e do mundo (assunto que estudaremos mais detalhadamente no
volume 3).

Indústria

Conjunto de atividades produtivas que se caracterizam pela transformação de matérias-


primas, de modo manual ou com auxílio de máquinas e ferramentas, no sentido de
fabricar mercadorias. De uma maneira bem ampla, entende-se como indústria desde o
artesanato voltado para o autoconsumo até a moderna produção de computadores e
instrumentos eletrônicos. [...]
SANDRONI, Paulo. Novo dicionário de Economia. São Paulo: Best Seller, 1999. p.
170.

Fim do complemento.

FONTE: Elaborado pelos autores.

Com o processo de industrialização em curso, o avanço da atividade industrial começou


a transformar profundamente o espaço geográfico, a princípio nos países em que a
indústria estava se desenvolvendo mais plenamente e, depois, em outras partes do
mundo. Por isso, não é exagero dizer que a configuração do espaço geográfico
contemporâneo resulta, em grande medida, do avanço da atividade industrial ao longo
dos últimos dois séculos.

A expansão das áreas agrícolas, sobretudo das grandes monoculturas (veja foto A),
assim como da exploração de recursos minerais (ambas atividades primárias), tornou-se
necessária para sustentar o crescente aumento da produção industrial. Apoiada em
processos produtivos (máquinas e formas de trabalho) cada vez mais eficientes, a
atividade industrial ampliou intensamente a demanda por matérias-primas e fontes de
energia, exigindo que mais e mais recursos naturais fossem explorados e transformados
em bens materiais, como alimentos, roupas, moradias, combustíveis, ferramentas, meios
de transporte, destinados ao consumo da população e ao abastecimento das fábricas.

A produção industrial em maior escala também ampliou o comércio interno e externo,


intensificando a circulação de produtos e de matérias-primas entre diferentes regiões do
espaço geográfico, o que acabou exigindo a ampliação e o desenvolvimento de redes e
meios de transportes (rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo) mais eficientes (veja
foto B).

Nos países em que se desenvolveu mais, a indústria também levou ao crescimento


acelerado das cidades, impulsionando o processo de urbanização. Isso porque um
grande contingente de trabalhadores deixou o campo para ocupar os postos de trabalho
gerados nas fábricas, enquanto outros foram expulsos pela mecanização da lavoura, uma
vez que máquinas agrícolas eram fornecidas pelas próprias indústrias. Nos centros
urbanos, a indústria também promoveu a expansão das atividades terciárias (comércio e
serviços), que, por sua vez, estimularam ainda mais o aumento da produção industrial.

Tipos de indústria

As indústrias diferem umas das outras em aspectos como o tipo de bem produzido, a


quantidade de matéria-prima utilizada, o nível tecnológico empregado na produção etc.
Com base nessas diferenças, podemos classificar as indústrias de várias maneiras, sendo
a mais comum a que se baseia na natureza dos bens produzidos. Nesse caso, temos:
- Indústrias de bens de produção ou de base: transformam matérias-primas,
principalmente minérios e recursos energéticos de origem fóssil, em matérias-primas
essenciais para os demais segmentos industriais. Também são chamadas de indústrias
pesadas pelo fato de utilizarem grande quantidade de matéria-prima e consumirem
muita energia. Como forma de diminuir os custos de produção, essas indústrias tendem
a se instalar próximas às fontes de matérias-primas e também de ferrovias e portos que
facilitam o escoamento de sua volumosa produção. São exemplos: refinarias de petróleo
(óleo diesel, gasolina, querosene, lubrificantes), siderúrgicas e mineradoras (ferro, aço,
cimento), químicas e petroquímicas (tintas, vernizes, fertilizantes, adubos).

- Indústrias de bens intermediários ou de bens de capital: também chamadas indústrias


de equipamentos, produzem máquinas e equipamentos para todos os segmentos
industriais. Com o papel de equipar as demais indústrias, são essenciais para o
desenvolvimento da atividade industrial. Elas tendem a se instalar em grandes regiões
industriais, onde se concentram as empresas consumidoras de seus produtos. São
exemplos: indústria de motores, máquinas, ferramentas, tratores, guindastes, materiais
de transporte, autopeças.

- Indústrias de bens de consumo: também chamadas indústrias leves, produzem bens


que se destinam ao consumo da população. Como procuram se instalar perto de seus
mercados consumidores, elas se encontram espacialmente mais espalhadas. Produzem
bens duráveis e não duráveis. Como exemplos de bens duráveis temos automóveis,
eletrodomésticos, aparelhos eletrônicos, computadores e móveis; de bens não duráveis,
alimentos, bebidas, vestuário, calçados, perfumes e medicamentos.

De acordo com o nível tecnológico empregado no processo produtivo, também podemos


classificar a atividade industrial da seguinte maneira:

- indústrias tradicionais: caracterizam-se pelo baixo nível de automação no processo


produtivo e, por isso, empregam mão de obra bastante numerosa e, em geral, com baixa
qualificação. Entre essas indústrias, podemos citar as têxteis, de calçados e vestuário, de
alimentos e bebidas, os frigoríficos e laticínios, as indústrias de móveis e as
metalúrgicas. Abaixo, frigorífico em Jaguapitã, Paraná, em 2013.

- indústrias modernas: utilizam recursos tecnológicos mais avançados, apresentando


maior nível de automação que o das indústrias tradicionais; por isso, empregam mão de
obra menos numerosa, porém mais qualificada. Como exemplo, temos as petroquímicas,
as montadoras de automóveis, as indústrias de eletrodomésticos e de aparelhos
eletrônicos. Abaixo, indústria de computadores na China, em 2014.

- indústrias de tecnologia de ponta: utilizam recursos tecnológicos altamente


sofisticados, realizam grandes investimentos em pesquisas e empregam mão de obra
bem reduzida e muito qualificada. Entre elas, estão as indústrias ligadas aos setores de
informática, espacial, aeronáutica, química fina, robótica, biotecnologia.
A indústria no mundo

Desde o surgimento das primeiras fábricas inglesas no século XVIII, o processo de


desenvolvimento e expansão da atividade industrial pelo mundo apresentou forte
tendência de se concentrar em determinadas áreas e regiões do globo devido às suas
próprias características históricas.

Em virtude dessa tendência, o nível de industrialização entre os países do mundo difere


muito. Assim, temos um grupo restrito de países altamente industrializados, que
abrigam os maiores, mais complexos e mais sofisticados parques industriais do globo.
São os países mais ricos e desenvolvidos do mundo, entre eles, Estados Unidos,
Alemanha, Japão, França, Inglaterra e Canadá.

A atividade industrial se desenvolveu em outras partes do mundo, inclusive em países


subdesenvolvidos, atualmente com maior expressão na China, além de Brasil, México,
Argentina, África do Sul e Índia. Em outros países, porém, a atividade industrial é
bastante incipiente e limitada tecnologicamente, se restringindo à produção de bens
tradicionais (têxteis, calçados, bebidas, alimentos etc.). Há, ainda, os países que
continuam sendo agrários e dependentes quase exclusivamente da produção e
exportação de gêneros primários, ou seja, de matérias-primas de origem agrícola e
mineral.

A intensa concentração da atividade industrial em algumas áreas não ocorre apenas em


escala mundial: também pode ser observada no território de alguns países, mesmo
naqueles mais industrializados. No caso dos Estados Unidos, por exemplo, temos três
grandes áreas industriais (nordeste, sul e oeste). No território japonês, as áreas de maior
concentração industrial estão no sul do arquipélago. Na China, as maiores áreas
industriais ficam na faixa litorânea do país. No Brasil, as principais áreas industriais se
localizam na região Sudeste, sobretudo nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais.

O planisfério na página seguinte mostra a disparidade entre os países do mundo em


relação ao nível de desenvolvimento industrial por eles alcançado. Neste mapa,
podemos perceber a concentração industrial em cada país.

Modelos de industrialização

Analisado do ponto de vista político-econômico, o processo de industrialização ocorrido


no mundo pode ser dividido em diferentes tipos ou modelos:

- industrialização clássica ou original: ocorreu nos países que lideraram e se


mantiveram, desde o século XVIII, na vanguarda da Revolução Industrial, que se
iniciou com as primeiras fábricas inglesas e se espalhou, nos séculos seguintes, para
outros países da Europa e também para os Estados Unidos e o Japão. Pioneiros na
arrancada industrial, esses países se tornaram os mais ricos e desenvolvidos do
hemisfério Norte, e hoje abrigam os maiores, mais complexos e mais sofisticados
parques industriais do mundo. Nessas gigantescas aglomerações industriais, se
encontram os mais diversificados segmentos das indústrias, especialmente os de alta
tecnologia, como informática, robótica, biotecnologia, aeroespacial e química fina.

- industrialização planificada: implantada nas primeiras décadas do século XX nos


países socialistas que adotavam economias planificadas, isto é, controladas pelo Estado.
Na maioria dos países que adotaram regimes socialistas, o Estado incentivou o processo
de industrialização, investindo prioritariamente nas indústrias de base (siderúrgicas,
metalúrgicas e petroquímicas), em detrimento das indústrias de bens de consumo
(eletrodomésticos, automóveis, vestuário, alimentos etc.).

Entre os países que se industrializaram por meio desse modelo podemos citar a ex-
União Soviética, a antiga Alemanha Oriental, a Polônia, a Hungria e a China. Esse
modelo de industrialização se esgotou no final do século XX com a queda do socialismo
soviético.

- industrialização tardia ou periférica: como o próprio nome sugere, ocorreu nos países
subdesenvolvidos, como Brasil, Argentina, México, África do Sul, Índia e Coreia do
Sul, que se industrializaram somente por volta de meados do século XX, portanto,
tardiamente em relação aos países de industrialização clássica. Uma característica desse
tipo de industrialização é que ela ocorreu apoiada em capitais nacionais (estatais e
privados) e também estrangeiros. Isso explica a elevada participação de empresas
multinacionais na economia desses países.

Os fatores da localização industrial

Ao analisar o mapa mostrado na página 41, constatamos que a atividade industrial se


expandiu pelo mundo de maneira muito desigual. Mesmo nos países mais ricos e
desenvolvidos do hemisfério Norte, onde a atividade industrial se desenvolveu de
maneira mais complexa, a indústria acabou se concentrando geograficamente em
determinadas áreas.

Essa concentração espacial se explica por razões históricas e também pelo fato de que a
atividade industrial tende a se instalar em lugares que ofereçam as melhores e mais
vantajosas condições para o seu funcionamento. Tais condições dependem de alguns
fatores - chamados fatores locacionais -, entre eles: matérias-primas, fontes de energia,
mão de obra, rede de transportes, mercado consumidor e capital. Vejamos esses fatores
a seguir.

 Matérias-primas
A proximidade das fontes de matérias-primas representa uma grande vantagem para
diversos segmentos industriais. Quanto mais próximo de sua matéria-prima principal
uma indústria estiver, menores serão os seus gastos com transporte. Isso tende a
diminuir os custos de produção e aumentar os lucros.

Por esse motivo, indústrias como as grandes siderúrgicas e metalúrgicas, que utilizam
matérias-primas em abundância, procuram se instalar próximo de suas jazidas minerais.
Outro exemplo é o das petroquímicas (indústrias de lubrificantes, óleos, graxas, tintas,
vernizes, fertilizantes etc.) que se instalam nas imediações das refinarias e das áreas
exploradoras de petróleo.

Com meios de transportes mais eficientes e econômicos, como navios de grande calado,
aviões de carga maiores e mais rápidos, ferrovias e trens mais bem aparelhados, os
custos dos transportes caíram muito, oferecendo maior facilidade para cobrir grandes
distâncias e proporcionando maior mobilidade espacial para as indústrias.

 Fontes de energia

O fornecimento de energia é outro fator essencial ao funcionamento de todo e qualquer


tipo de indústria, em especial, para os segmentos que demandam maior consumo
energético, como o das grandes siderúrgicas e metalúrgicas. Para viabilizar o
desenvolvimento de uma indústria em determinado lugar, é necessário considerar o
potencial e a quantidade de energia disponível, e suas fontes geradoras, sejam elas
provenientes da queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural ou carvão), de
hidrelétricas, de usinas termonucleares etc.

Muitas vezes, o fornecimento dessa energia também exige a instalação de uma


infraestrutura onerosa, com linhas de transmissão (torres, cabos), oleodutos, gasodutos
etc. Assim, a falta de energia e da infraestrutura necessária ao seu fornecimento pode até
mesmo inviabilizar o desenvolvimento da atividade industrial em determinadas regiões.

 Mão de obra

Fator indispensável e extremamente importante para o desenvolvimento da atividade


industrial. Sua disponibilidade deve ser considerada de diferentes perspectivas.

As indústrias que empregam muitos trabalhadores, por exemplo, tendem a desenvolver


suas atividades onde os custos com mão de obra são menores. É o caso de empresas
como a Nike, que tem sede nos Estados Unidos, mas cujos materiais esportivos (tênis,
bolas, roupas esportivas etc.) são fabricados em países latino-americanos, do Leste e
Sudeste Asiático, onde os salários pagos aos trabalhadores são bem mais baixos do que
os pagos a trabalhadores em seu país sede. Nesse caso, a economia gerada com os
baixos salários compensa os gastos com transporte dos produtos para os mercados do
mundo inteiro.
Por outro lado, em razão dos grandes avanços tecnológicos criados e incorporados
rapidamente ao processo produtivo, muitas indústrias, sobretudo aquelas que atuam em
ramos de alta tecnologia e necessitam de mão de obra altamente especializada, têm
procurado se instalar em regiões que dispõem de trabalhadores mais bem qualificados.
Por isso, muitas dessas empresas estão localizadas ao redor de universidades, centros de
pesquisa e de desenvolvimento tecnológico, formando os tecnopolos.

 Redes e meios de transporte

Rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos bem estruturados são essenciais para
o desenvolvimento das atividades industriais. Essas redes possibilitam a circulação das
matérias-primas até as indústrias e o escoamento das mercadorias produzidas por elas
até os mercados consumidores, sejam eles próximos ou muito distantes. É por esse
motivo que os parques industriais, geralmente, são instalados próximo aos principais
entroncamentos rodoviários e ferroviários, ou nos arredores de portos fluviais ou
marítimos.

 Mercado consumidor

A proximidade dos mercados consumidores favorece o desenvolvimento das atividades


industriais. Muitas indústrias, principalmente as que produzem bens de consumo
(roupas, alimentos, calçados, móveis e artigos em geral), procuram se instalar em
regiões com grande concentração populacional, que representam um mercado
consumidor potencial para seus produtos. É por esse motivo que, historicamente, a
atividade industrial surgiu e se desenvolveu ligada aos centros urbanos. Isso também
explica por que as grandes concentrações industriais estão localizadas nas maiores
aglomerações urbanas.

 Capital

Além de todos os fatores já mencionados, a instalação de qualquer indústria em certa


localidade depende, necessariamente, da aplicação de capital, recursos que garantam os
investimentos gastos na aquisição de terrenos, na implantação da infraestrutura
necessária, na construção das instalações etc.

A desconcentração industrial

O desenvolvimento da atividade industrial, historicamente ligado aos centros urbanos,


impulsionou o crescimento das cidades, sobretudo daquelas nas quais a indústria
alcançou maior nível de desenvolvimento. Com esse crescimento, muitas cidades se
expandiram espacialmente, formando gigantescas aglomerações urbano-industriais,
grandes metrópoles onde vivem hoje milhões de pessoas.
Contudo, o crescimento exacerbado dessas aglomerações urbano-industriais acabou
provocando o surgimento e o agravamento de uma série de problemas, como o preço
elevado dos imóveis e dos impostos urbanos, a escassez de terrenos provocada pela
saturação dos espaços, os congestionamentos de trânsito provocados pelo
estrangulamento do sistema viário, a elevação do custo da mão de obra decorrente da
ação organizada dos sindicatos, o aumento da poluição atmosférica e hídrica.

Por conta desses problemas, nas últimas décadas, muitas indústrias transferiram suas
unidades produtivas para áreas mais afastadas ou mesmo distantes dessas aglomerações
urbano-industriais. Com isso, tem ocorrido uma reorganização espacial das indústrias,
caracterizada por uma desconcentração da atividade industrial nas regiões saturadas e
densamente povoadas, que, de certa maneira, deixaram de ser atrativas para as
empresas.

Acontece, assim, não apenas a desconcentração do capital, mas também a


desconcentração do trabalho, o que se verifica com o crescente deslocamento da
população para a periferia dos grandes centros urbanos e também para as cidades de
médio e pequeno porte, onde as indústrias passam a se instalar.

Outro fator que tem motivado o processo de desconcentração da atividade industrial são
os incentivos fiscais. Como forma de atrair novos investimentos, gerar emprego e renda
para a população, muitos governos oferecem redução ou mesmo isenção de impostos, às
vezes por longo prazo, às empresas interessadas em expandir ou mesmo deslocar suas
unidades para outros lugares. Também são oferecidas outras vantagens, como doação de
terrenos, instalação de infraestrutura básica (asfalto, energia, iluminação pública, rede
de água e esgoto etc.). Nessa tentativa de atrair grandes empresas, os governos dos
estados e dos municípios chegam a travar verdadeiras "guerras fiscais", às vezes
prejudiciais aos cofres públicos.

Atividades

1. Quais as mudanças ocorridas na produção industrial com o advento da indústria


moderna?

2. De acordo com nossos estudos: "não é exagero dizer que a configuração do espaço
geográfico contemporâneo resulta, em grande medida, do avanço da atividade industrial
ao longo dos últimos dois séculos". Dê exemplos que confirmem essa afirmação
envolvendo matérias-primas, transportes e urbanização.

3. Como a Revolução Industrial alterou as características do processo industrial?

4. Descreva as características das indústrias de acordo com os bens produzidos e dê


exemplos:
a) bens de produção ou de base;

b) bens intermediários e de capital;

c) bens de consumo.

5. Caracterize o modo de industrialização:

a) clássica ou original;

b) planificada;

c) tardia ou periférica.

6. Cite os principais fatores que influenciam na instalação de uma indústria em


determinado local.

Matriz energética mundial

Desde os primórdios de sua história, o ser humano usa a energia para realizar suas
tarefas. Já na Pré-História, o uso da força animal serviu como fonte de energia para arar
as terras e também para o transporte. Com o domínio do fogo, há pelo menos 200 mil
anos, surgiu a primeira fonte de energia utilizada pelo ser humano para a consumação
de suas necessidades, como cozinhar, se aquecer e se proteger.

Nos últimos séculos, porém, os progressos técnicos levaram ao uso de novas fontes
energéticas. Entretanto, foi no século XVIII, com a Revolução Industrial (como já
estudamos na unidade 2), que ocorreu uma mudança radical no setor energético. Desde
então, novas máquinas e equipamentos foram introduzidos ao sistema produtivo, o que
ampliou significativamente a demanda por energia. A princípio, essa demanda foi
suprida pela queima do carvão mineral, que gerava energia na forma de vapor, utilizado
para movimentar as máquinas industriais.

No final do século XIX e início do século XX, com a invenção do motor a explosão, o
petróleo e seus derivados (óleo diesel, gasolina, querosene) se tornaram a principal fonte
de energia do mundo. Utilizado em escala crescente para impulsionar as máquinas
industriais e os meios de transporte (ferroviário, rodoviário, aéreo e marítimo), o
petróleo se consagrou como a fonte de energia mais importante da Segunda Revolução
Industrial, que se estendeu até meados do século passado.

Embora o petróleo e o carvão mineral ainda sejam as fontes de energia mais utilizadas
no mundo, outras fontes, como as energias nuclear, hidráulica, eólica e solar, também
passaram a ser aproveitadas nas últimas décadas como forma de suprir a crescente
demanda energética gerada pela expansão das atividades econômicas e pelo aumento do
consumo doméstico.

Embora o consumo de energia no mundo tenha aumentado ao longo das últimas


décadas, como mostrado no gráfico anterior, o consumo per capita de energia se
concentra, principalmente, nos países mais ricos e desenvolvidos. Nesses países, o
elevado gasto energético está associado ao alto grau de industrialização e também ao
elevado consumo doméstico, possibilitado pelas melhores condições socioeconômicas
da população. Atualmente, os países da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne 34 dos países mais ricos e
industrializados do mundo, respondem por cerca de 42,5% de toda a energia consumida
no planeta. Observe na representação abaixo como o consumo de energia é desigual
entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

Classificação das fontes de energia

As fontes primárias de energia são aquelas utilizadas na forma em que são encontradas
na natureza, como a lenha usada em fogões para cozinhar alimentos. As fontes
secundárias são as que necessitam de tratamento ou processo de transformação para a
sua produção, como ocorre com a gasolina e o óleo diesel, obtidos a partir do refino do
petróleo.

As fontes de energia também podem ser renováveis ou não renováveis de acordo com a
capacidade de se recomporem rapidamente ou não na natureza. A energia produzida em
usinas hidrelétricas, por exemplo, é renovável pelo fato de ser gerada a partir da força
da água, um recurso renovável. Já os combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão
mineral, são fontes não renováveis, porque levam milhões de anos para se formarem
naturalmente.

Existe também a classificação de fontes convencionais de energia, assim chamadas por


serem amplamente difundidas e mais utilizadas pela sociedade, como os combustíveis
fósseis. As fontes alternativas, por sua vez, como a energia solar e a eólica, são
produzidas a partir de tecnologias mais recentes e que geram baixo impacto ambiental,
mas ainda são utilizadas em menor escala.
Petróleo

O petróleo é um hidrocarboneto, composto químico constituído por átomos de


hidrogênio e carbono. Sua origem é orgânica, formado pela decomposição de
microrganismos (animais e vegetais) que se acumularam no fundo de antigos ambientes
aquáticos (mares e lagos) existentes há milhões de anos no planeta (A).

Cobertos por espessas camadas de sedimentos, esses restos orgânicos foram submetidos
a temperaturas e pressões elevadas e se transformaram muito lentamente em petróleo
(B). No interior da crosta terrestre, os depósitos de petróleo ficam aprisionados por
rochas impermeáveis que impedem a sua migração (C).

Formação do petróleo

Desde o surgimento das primeiras indústrias petroquímicas, no início do século XX, o


petróleo passou a ser muito utilizado. Atualmente, responde por cerca de 33% da matriz
energética mundial.

Sua utilização em grande escala decorre de sua versatilidade. Em seu estado bruto ou
mesmo após o refino, o petróleo pode ser transportado com facilidade para grandes
distâncias (rede de oleodutos, navios petroleiros, caminhões-tanque etc.) a um custo
relativamente baixo. Outra vantagem do petróleo está na diversidade de derivados que
fornece.

A qualidade do petróleo encontrado em uma jazida varia conforme suas propriedades


físico-químicas e poder calorífico. O de maior aplicação comercial, também chamado
petróleo leve, é processado com maior facilidade nas refinarias pelo fato de ser formado
por cadeias de carbono pequenas (menos de dez átomos de carbono por molécula). Os
de menor uso comercial, ao contrário, também chamado petróleo pesado, possui
estruturas moleculares maiores (com mais de 20 átomos de carbono por molécula) e,
como consequência, um refino mais caro.

A partir do refino, em que o petróleo passa por uma série de processos químicos e
físicos, são obtidos diversos tipos de combustíveis (gasolina, óleo diesel, querosene e
gás) e inúmeros outros subprodutos, como lubrificantes, solventes, graxas, betume
(asfalto) etc. Veja a figura abaixo.

- Petróleo no mundo: produção, consumo e fluxos

Por se tratar de um recurso não renovável, o petróleo tende a se esgotar. As estimativas


mais pessimistas indicam que as reservas mundiais possam se esgotar daqui a 40 anos, o
que é provável que não ocorra diante das descobertas de novas jazidas e do
desenvolvimento de novas tecnologias de exploração. Entretanto, existe um grande
desequilíbrio entre as regiões produtoras e consumidoras. Verifique, nos mapas
apresentados na página seguinte, quais são os maiores produtores e os maiores
consumidores mundiais de petróleo.

- A geopolítica do petróleo

Desde a descoberta dos primeiros poços de petróleo perfurados em 1859 na Pensilvânia,


Estados Unidos, esse precioso recurso se tornou o principal combustível responsável
pelo crescimento econômico e industrial em muitos países já nas primeiras décadas do
século XX. Desse modo, a sua demanda crescente impulsionou o desenvolvimento de
uma indústria que se tornaria uma das mais importantes da economia contemporânea: a
indústria petrolífera.

O interesse econômico que o petróleo despertou foi tanto que, em 1928, as sete maiores
empresas de petróleo, de origens europeia e estadunidense, conhecidas como "sete
irmãs" (veja quadro abaixo), formaram um cartel que detinha o oligopólio do setor
petrolífero em escala mundial. Essas poderosas empresas dividiram entre si o mercado
mundial de petróleo, exercendo forte influência e controle sobre a exploração, o
transporte, o refino e a distribuição do chamado "ouro negro".

As sete irmãs reuniam as empresas pioneiras no ramo petrolífero, cinco delas


estadunidenses (Exxon, Mobil, Standard Oil, Texaco e Gulf), uma inglesa (British
Petroleum) e uma anglo-holandesa (Shell). Com o passar dos anos, algumas delas se
fundiram, formando hoje apenas quatro grandes empresas (Exxon Mobil, Chevron
Texaco, Shell e British Petroleum).

Essas empresas exploravam jazidas em diversos países, sobretudo no Oriente Médio, na


África e na América Latina, pagando royalties baixos pelo petróleo extraído. Após o
refino do petróleo bruto, elas vendiam os derivados já processados a preços muito
elevados e obtinham, assim, lucros fabulosos.

Carvão mineral

O carvão mineral, encontrado em estratos rochosos sedimentares, originou-se da


decomposição de restos orgânicos de antigas florestas, que existiram em certas regiões
do globo no final da era Paleozoica, entre os períodos Carbonífero e Permiano, há cerca
de 360 milhões a 245 milhões de anos (1). Em termos geológicos, o carvão é
considerado um tipo de rocha que apresenta uma concentração de carbono resultante da
decomposição e sedimentação de matéria orgânica de antigas florestas (2). Soterrada em
condições de alta pressão e na ausência de oxigênio, necessário para a decomposição,
essa matéria orgânica se transformou, com o passar do tempo, no material rochoso
denominado carvão mineral (3).

Qualidade do carvão
Quanto maior a concentração de carbono, maior o teor calorífico do carvão, e, por
conseguinte, maior o seu poder energético. Por isso, o carvão pode ser classificado em:

- antracito: de maior poder calorífico, com mais de 90% de carbono;

- hulha: com teor de carbono entre 75% a 90%;

- linhita: com teor de carbono entre 65% a 75%;

- turfa: de menor poder calorífico, com cerca de 55% a 60% de carbono.

Fonte de energia que moveu as primeiras máquinas a vapor, no período da Primeira


Revolução Industrial, o carvão mineral constitui hoje a segunda fonte energética mais
utilizada no mundo, atrás apenas do petróleo.

Esse recurso é largamente utilizado como combustível nas termelétricas, usinas que
geram energia elétrica a partir do vapor produzido pela queima do carvão. Também é
matéria-prima para a fabricação de diversos produtos, como asfalto, piche, plásticos,
tintas, corantes e inseticidas.

O carvão mineral é a mais abundante fonte de energia não renovável do mundo, e suas
reservas conhecidas talvez sejam suficientes para os próximos duzentos anos. Essas
reservas estão distribuídas de maneira desigual, isto é, cerca de 57% do total delas se
encontram em apenas três países: Estados Unidos, Rússia e China. Podemos observar
isso nos gráficos abaixo, que apresentam a produção e o consumo dessa fonte
energética.

Embora a queima do carvão mineral seja muito eficiente dado o seu forte poder
calorífico, seu uso em larga escala apresenta algumas desvantagens: ao ser queimado, o
carvão libera grande quantidade de gases químicos poluentes, como monóxido de
carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e óxidos sulfúricos (SO3). Esses gases
contribuem para o agravamento de inúmeros problemas ambientais, entre eles, o efeito
estufa e a chuva ácida (assunto que estudaremos no volume 3).

Gás natural

O gás natural é um combustível fóssil, de origem orgânica, formado basicamente por


hidrocarbonetos leves gasosos, principalmente metano. Encontrado em rochas
sedimentares porosas, sua ocorrência no subsolo pode estar associada ou não aos
depósitos de petróleo.

Constitui a terceira fonte de energia mais utilizada no planeta, responsável por cerca de
24% da matriz energética mundial. Além do baixo custo e da possibilidade de ser
transportado em dutos, o uso do gás natural também constitui uma fonte de energia de
menor teor poluente, visto que sua queima emite bem menos poluição para a atmosfera
do que outros combustíveis fósseis, como petróleo e carvão mineral.

O gás natural é largamente utilizado no consumo doméstico, o chamado gás de cozinha,


no preparo dos alimentos, em sistemas de aquecimento de água. Também tem ampla
utilização nas indústrias, na geração de calor, nas usinas termelétricas para produção de
energia elétrica e nos transportes, como combustível de veículos.

Termelétricas

As usinas termelétricas geram energia elétrica a partir da queima de petróleo, carvão


mineral ou gás natural, entre outros combustíveis. O calor gerado pela queima desses
combustíveis aquece uma caldeira com água, produzindo jatos de vapor de água em alta
pressão. A forte pressão do vapor faz a turbina da usina girar em alta velocidade,
produzindo eletricidade a partir de um gerador.

Se as usinas termelétricas têm a vantagem de serem instaladas próximo aos centros


consumidores, onde a demanda energética é maior, a queima dos combustíveis fósseis,
sobretudo petróleo e carvão mineral, libera diversos gases tóxicos na atmosfera (dióxido
de carbono, óxido nitroso e de enxofre), além de partículas sólidas (cinzas e fuligem),
que aumentam a poluição do ar e os problemas decorrentes dessa poluição.

Energia nuclear ou atômica

Com a crise do petróleo nas décadas de 1970 e 1980, como vimos, vários países
industrializados do hemisfério Norte passaram a investir em pesquisas e tecnologias
voltadas para a construção de usinas nucleares, como forma de produzir energia elétrica
e diminuir sua dependência do petróleo. Apesar dos altos custos de sua construção, as
usinas nucleares ocuparam posição de destaque na política energética de países ricos e
industrializados, como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França e Inglaterra, em
especial, daqueles que não dispunham de recursos energéticos abundantes em seu
território (Bélgica, Holanda, Suíça, Japão).

Mais tarde, o uso da energia nuclear também se estendeu a outros países, como Brasil,
México, África do Sul, Índia, Coreia do Sul, em geral, por meio da transferência de
tecnologias dos países mais ricos.

Embora existam usinas nucleares instaladas em mais de 30 países, num total de 437
reatores em funcionamento em todo o mundo, elas ainda representam cerca de 11% de
toda energia elétrica gerada no mundo.

Alguns países, sobretudo aqueles que não dispõem de recursos hídricos para a
instalação de usinas hidrelétricas, nem de grandes reservas de combustíveis fósseis,
investem na produção de energia nuclear. Isso, por sua vez, amplia sua dependência
dessa fonte energética. O gráfico abaixo mostra a participação da energia nuclear na
matriz energética de alguns países do mundo.

A polêmica produção de energia nuclear

Os grandes desafios para a construção de usinas nucleares são o alto investimento


necessário para sua instalação e para o domínio de sua tecnologia, além dos riscos
sociais e ambientais decorrentes da geração do lixo atômico e da contaminação
radioativa em caso de vazamentos. O lixo atômico, formado pelos materiais utilizados
na usina (roupas, peças e equipamentos) e pelos resíduos do combustível nuclear
utilizado no reator, continua emitindo elevada quantidade de radiação por milhares de
anos, por isso, precisa ser isolado, em depósitos definitivos, geralmente subterrâneos e
revestidos de concreto. Outra questão preocupante diz respeito à proliferação de armas
nucleares, já que a tecnologia de enriquecimento do combustível nuclear pode ser
utilizada para a fabricação de bombas atômicas. Por essas razões, o uso da energia
nuclear vem sendo alvo de críticas, o que tem levado alguns países a rever seus
programas nucleares.

Hidrelétricas

As usinas hidrelétricas, também chamadas de hidroelétricas, geram energia elétrica


renovável, limpa (não poluente, pois não depende da queima de combustível) e a baixo
custo de operações. O aproveitamento dessa energia depende, portanto, do potencial
hidrelétrico de um curso fluvial, o que, por sua vez, depende de certas condições
naturais, como a existência de rios com desníveis mais acentuados ou com quedas de
água em seus cursos e com leitos volumosos, que garantam o suprimento necessário de
água. Embora muito difundida pelo mundo, a energia hidrelétrica é mais aproveitada
apenas nos países que dispõem de grande potencial hidrelétrico (veja gráfico abaixo).

Ainda que sejam fontes de energia limpa e renovável, as hidrelétricas também


ocasionam impactos, tanto ambientais quanto sociais. A formação do lago artificial das
usinas pode encobrir extensas áreas que abrigam fauna e flora variadas, terras férteis e
agricultáveis, assim como causar a remoção de famílias e suas propriedades.

Energia e meio ambiente

O debate sobre a matriz energética do mundo atual, calcada no uso de combustíveis


fósseis não renováveis, é alvo de discussão e preocupação nos dias atuais. A queima
desses combustíveis, sobretudo do petróleo e do carvão mineral, emite poluentes
atmosféricos tóxicos (gases), que afetam a saúde e causam inúmeros outros impactos
ambientais graves, como a intensificação do efeito estufa, a redução da camada de
ozônio e a ocorrência de fenômenos como chuvas ácidas e ilhas de calor. Mesmo outras
fontes energéticas, como a hidroeletricidade e a fissão nuclear, também acarretam
impactos socioeconômicos e ambientais em maior ou menor grau.

Como o consumo mundial de energia tende a aumentar ao longo das próximas décadas,
principalmente nos países emergentes e/ou subdesenvolvidos, em razão do crescimento
populacional e econômico mais acelerado, podemos dizer que a sociedade
contemporânea se coloca diante de um grande desafio: desenvolver fontes energéticas
alternativas, renováveis e menos poluentes. A alternativa para esse desafio requer,
portanto, a substituição dos combustíveis fósseis não renováveis, de grande impacto
ambiental, por fontes energéticas de menor impacto ambiental, em especial pelas fontes
alternativas de energia. Vejamos algumas delas.

Eólica: energia gerada a partir da força do vento. Com o impulso do vento, o


movimento de imensas hélices instaladas em grandes cata-ventos aciona uma turbina,
que, acoplada a um gerador, transforma a energia mecânica (do movimento) em energia
elétrica. Embora reduzido, o aproveitamento dessa fonte de energia vem aumentando
com a implantação de centrais eólicas em várias partes do mundo. China, Estados
Unidos, Alemanha, Espanha e Índia são os países com maior geração de energia eólica.
Abaixo, área de produção de energia eólica na Alemanha, em 2015.

Solar: a radiação solar é captada por meio de grandes painéis fabricados com células
fotovoltaicas, as quais geram eletricidade por meio de reações químicas. Uma usina
solar consiste num grande agrupamento desses painéis. A energia solar também pode
ser usada para aquecimento de água em painéis solares residenciais. Embora a energia
do Sol seja abundante e disponível para toda a população, seu aproveitamento para
geração de energia é recente e ainda pouco disseminado no mundo. Abaixo, sistema de
produção de energia solar na Alemanha, em 2015.

Geotérmica: energia obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra. As usinas


geotérmicas aproveitam a água superaquecida acumulada em reservatórios subterrâneos,
localizados próximo à superfície ou mesmo em grandes profundidades. Essa água
superaquecida é bombeada até a usina, gerando o vapor necessário para movimentar
turbinas e produzir energia elétrica. Estados Unidos, Filipinas, Indonésia, Itália, México,
Japão e Islândia são alguns dos poucos países que exploram, em pequena escala, essa
fonte energética. Abaixo, usina geotérmica na Itália, em 2014.

Maremotriz: energia obtida pela variação diária das marés que se formam pela ação
gravitacional do Sol e da Lua sobre a Terra. O aproveitamento dessa energia é
semelhante ao das usinas hidrelétricas, exigindo a construção de uma barragem com a
função de reter a água do mar. Quando a maré está alta, a água passa pelas comportas
abertas da barragem, enchendo o reservatório. Quando a maré está baixa, a água retida
no reservatório é liberada com energia potencial suficiente para acionar as turbinas que
geram energia elétrica. O processo se repete, então, a cada intervalo entre uma maré alta
e uma maré baixa. Abaixo, sistema maremotriz de produção de energia na França, em
2012.

Biogás: resíduos orgânicos (lixo e esterco de animais) podem ser transformados em gás
combustível por meio da digestão anaeróbica (sem oxigênio), processo em que
microrganismos consomem matéria orgânica e liberam gases, como o metano (CH 4). O
processo ocorre em grandes tanques fechados, chamados biodigestores, onde os
microrganismos provocam decomposição, transformando os materiais orgânicos em
biogás. Esse gás pode ser utilizado para gerar energia elétrica por meio de geradores,
substituindo o uso do gás natural, ou, ainda, pode substituir o gás residencial, o GLP
(gás liquefeito de petróleo). Abaixo, produção de energia de biogás na Holanda, em
2015.

Biomassa: compostos de origem orgânica, geralmente vegetal, podem ser aproveitados


para a geração de energia. Como exemplo, podemos citar o bagaço da cana-de-açúcar,
utilizado para aquecer fornos e caldeiras nas usinas, cuja queima também pode gerar
energia elétrica. Assim como a própria cana-de-açúcar, da qual se produz etanol, várias
outras plantas oleaginosas (dendê, soja, babaçu, girassol, mamona, caroço de algodão)
também são exemplos de biomassa que pode ser aproveitada para a produção de
biocombustíveis. Abaixo, usina de produção de energia de biomassa em Cerqueira
César, São Paulo, em 2015.

Biocombustível: combustível renovável, produzido a partir de cultivos energéticos


(cana-de-açúcar, mamona, milho, entre outros) e de restos e resíduos agrícolas e
domésticos (material orgânico).

Fontes de energia no Brasil

Até meados do século XX, a queima da lenha e do carvão vegetal representava quase
50% do consumo energético no Brasil. Em um país ainda predominantemente agrário e
exportador, essas fontes energéticas, obtidas a partir da abundante madeira existente nas
florestas da mata Atlântica e da mata de Araucárias, moviam o sistema ferroviário
(locomotivas a vapor) e o restrito parque industrial do país, constituído basicamente por
indústrias de bens de consumo e pelas primeiras siderúrgicas.

As grandes transformações econômicas ocorridas no país a partir daquela época,


desencadeadas pelos processos de industrialização e urbanização (como estudaremos
mais adiante), aliadas ao expressivo crescimento demográfico, geraram uma enorme e
crescente demanda de energia.

No contexto dessas transformações, o governo brasileiro (do então presidente Getúlio


Vargas) canalizou grandes investimentos para o setor energético, sobretudo, para a
exploração de petróleo. Em 1939, começou a ser explorado o primeiro poço de petróleo
do país, perfurado nas proximidades da cidade de Salvador, na Bahia. Embora
encontrado em pequena escala, a descoberta do petróleo suscitou ao governo uma
política energética nacionalista, com o estabelecimento do monopólio estatal sobre o
petróleo nacional, o que se consolidou em 1953 com a criação da Petrobras e das
primeiras refinarias de petróleo. Desde então, o petróleo aqui produzido e o crescente
volume de petróleo importado ampliaram sua participação no setor energético
brasileiro, a ponto de se tornar a maior fonte de energia consumida no país.

Como estudamos anteriormente, a crise mundial do petróleo no início da década de


1970 teve sérios impactos na economia brasileira. Com a forte elevação do seu preço, os
gastos com a importação do petróleo aumentaram muito, afetando nossa balança
comercial e as contas do governo (aumento do endividamento). Naquela época, o Brasil
produzia somente 20% do petróleo consumido no país.

Como alternativa para diminuir a nossa dependência do petróleo, o governo brasileiro


redirecionou sua política energética para a geração de fontes renováveis. Embora
ocasionasse impactos, como foi visto, a partir dessa época, várias usinas hidrelétricas
passaram a ser construídas, sobretudo no Centro-Sul (região mais industrializada e
urbanizada do país), aproveitando o excelente potencial hidráulico de seus rios. Com o
objetivo de buscar alternativas ao petróleo, o governo também investiu em pesquisas e
incentivou a produção dos biocombustíveis, também chamados combustíveis
biológicos, como a produção de álcool etílico ou etanol a partir da cana-de-açúcar.

A matriz energética brasileira

Ao longo das últimas décadas, os investimentos em fontes de energia não renováveis,


especialmente em petróleo, assim como em fontes renováveis, como hidroeletricidade e
etanol, produziram mudanças significativas na matriz energética brasileira.

Atualmente, as fontes não renováveis representam 56,5% da energia consumida no país,


enquanto as fontes renováveis respondem pelos 43,5% restantes.

Outra característica marcante da nossa matriz energética diz respeito à diversidade de


fontes de energia utilizadas no país

O gás natural e o carvão mineral

O gás natural responde por 13,5% de toda a energia consumida no país, sendo a segunda
fonte não renovável mais utilizada, atrás apenas do petróleo. O consumo de gás natural
no Brasil aumentou a partir da década de 1990, quando a ocorrência de racionamentos e
apagões provocados pelo deficit energético levou o governo brasileiro a incentivar o uso
dessa fonte de energia nas indústrias e nas usinas termelétricas.

Como o volume de gás natural aqui produzido é ainda pequeno, o governo brasileiro
teve que recorrer à importação do gás boliviano. Para tanto, investiu na construção de
um extenso gasoduto com cerca de 3 150 quilômetros de comprimento para transportar
gás de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, até os principais estados consumidores do
Centro-Sul do nosso país. Em 2006, entretanto, o governo boliviano do presidente Evo
Morales decidiu nacionalizar o setor de gás natural, reformulando sua política de preços
e gerando instabilidade no mercado brasileiro. Depois disso, a Petrobras começou a
realizar pesquisas e investimentos na Bacia de Santos com o objetivo de diminuir a
nossa dependência do gás comprado da Bolívia.

A participação do carvão mineral na matriz energética brasileira é pequena, cerca de


4,5%. Suas reservas são pouco expressivas e encontradas no Rio Grande do Sul e em
Santa Catarina, estados que respondem, respectivamente, por cerca de 61% e 38% da
produção nacional. Como essas reservas apresentam carvão de baixa qualidade, com
elevado teor de enxofre e menor poder calorífico, sua exploração se torna
economicamente viável apenas para o consumo metalúrgico e energético (usinas
termelétricas) locais, o que obriga o país a importar grande parte do carvão mineral que
consome.

Energia nuclear

Entre as décadas de 1960 e 1970, em pleno regime militar, o governo brasileiro colocou
em prática seu projeto nuclear, voltado para o domínio de tecnologias com dupla
finalidade: produzir energia elétrica e abrir caminhos para a fabricação de armamentos
nucleares. No entanto, em 1991, após o fim do regime militar e a redemocratização do
país, o governo brasileiro assumiu o compromisso de não produzir armas nucleares.

Em 1985, depois de muito atraso, gastos gigantescos e críticas contundentes, o país


inaugurou sua primeira central nuclear (Angra 1), construída no município de Angra dos
Reis, litoral do estado do Rio de Janeiro (mapa abaixo). Esses mesmos problemas se
repetiram na construção da vizinha Angra 2, que entrou em funcionamento em 2001,
dezoito anos depois do prazo previsto inicialmente. Em 2008, após anos de paralisação,
o governo federal retomou as obras de construção da usina de Angra 3.

Ainda que o custo das usinas nucleares tenha sido altíssimo, a participação dessa
energia na matriz energética brasileira é muito reduzida (cerca de 2,5%), motivo pelo
qual se pode questionar se a energia nuclear realmente constitui uma das melhores
alternativas energéticas para o país.

O programa nuclear brasileiro ainda enfrenta várias outras críticas. Os movimentos


ambientalistas, por exemplo, questionam a localização geográfica das usinas.
Construídas nas proximidades dos maiores centros consumidores de energia do país,
elas representam um risco e uma ameaça para milhões de pessoas em caso de
vazamentos radioativos gerados por um acidente nuclear.
Outra crítica é feita em relação ao destino dos resíduos radioativos gerados pelo
combustível nuclear. Ainda hoje, não existe uma destinação final para esse lixo nuclear,
que permanece armazenado em depósitos provisórios no próprio complexo da usina.

Atividades

1. Explique as transformações ocorridas nas principais fontes energéticas mundiais


relacionadas à Revolução Industrial.

2. Defina os seguintes tipos de fontes de energia e dê exemplos: primária; secundária;


renováveis; não renováveis.

3. Cite dois países que são grandes produtores e dois países que são grandes
consumidores de petróleo.

4. O que é a Opep? Quais são seus objetivos?

5. Quais são as consequências ambientais resultantes da queima do carvão mineral?

6. Cite as vantagens e desvantagens da utilização da energia nuclear.

7. No Brasil, quais são as fontes de energia mais consumidas? Elas são renováveis ou
não renováveis?

8. Qual é a função da Agência Nacional do Petróleo (ANP)?

9. Por que o Brasil necessita importar grande parte do carvão mineral que consome?

10. Quais são as principais críticas relacionadas ao programa nuclear brasileiro?


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