Antigamente, na Quaresma, o povo Iorubá parava suas funções e faziam a
festa chamada Olorogún, pois para o Candomblé o período da Quaresma é o período que em que os Orixás entram em guerra contra o mal para trazer o pão de cada dia para seus filhos. No dia da festividade chamada Olorogún, eram vestidos todos os Orixás do Axé e cada um dos Orixás vinham com um pequena trouxa, contendo a comida preferida de cada um deles. Todos dançavam os seus toques prediletos e no final saiam todos em fila dançando o Adarrum. Depois dessa festa os Orixás só voltavam no sábado de Aleluia. Depois do Olorogún os atabaques da casas eram recolhidos, onde tomavam ebós, eram lavados com ervas, e tomavam Obori. forma encontrada para fortalecer os Atabaques . No sábado de Aleluia, era feita uma grande festa em louvor aos Orixás,onde Ogum por ser o pai das guerras, traziam em suas mãos um grande cesto de pão para distribuir no salão. Representando o vencimento da guerra pela paz. A semana santa representa para o Candomblé a criação do mundo. Por este motivo os candomblecistas devem vestir o branco nessa semana, e principalmente na sexta-feira santa, já que representa o dia que os Orixás desceram do Òrún para conhecerem a grande criação de Olodum, executada por Oduduwa. Por isso os Candomblecistas devem respeitar a semana santa, não pelo que ela representa para a Igreja Católica, mas sim pelo que ela representa para todos nós do Candomblé. Usem branco, se não podem usar a semana toda coloque na sexta-feira, ofereçam canjicas, pão, acaçás á Oxalá pedindo paz para o nosso Brasil. Protejam-se, usem o Contra-Egún, pois essa semana os Eguns ficam soltos, pois Iansã está em guerra e não pode prende- los. Com o término da quaresma todos os espíritas tem por hábito se limpar (fazer ebó) para retirar todas as negatividades existentes, e descarrego para se resguardar das maldades existentes em nosso mundo. Assim sendo, introduziram dentro do Candomblé o ato de se resguardar a quaresma, ou seja, a casa fica fechada durante os quarenta dias desse rito. Comumente vemos casas de Angola e mesmo algumas de Jejê ou Kêtu que mantêm suas festividades suspensas, pois acreditam que: “o santo está dormindo”, ou seja, afastado da terra e que somente exú responde e governa para eles durante essa passagem. No sábado de aleluia tocam o adarrum, toque sagrado para invocar os orixás de volta a nosso planeta. Mesmo em meados do século XX, ainda era comum a policia perseguir os templos de Umbanda e Candomblé, ocasião em que prendiam todos que se encontravam naquele local, então, os sacerdotes e sacerdotisas continuaram a manter o culto da quaresma como forma de mostrar uma “submissão” ao cristianismo, afastando assim a ideia de culto demoníaco, que erroneamente se tinha de nossa religião. Mas, com o avanço das leis, muitas casas hoje em dia, aboliram esse ritual, e assim sendo, podemos até mesmo ver saídas de yawô durante os quarenta dias que se seguem após a folia. Se esse ou aquele está errado, não me compete dizer, apenas posso afirmar que, se cultuando ou não a quaresma, o que realmente importa é que sigamos fielmente as leis de nossos Orixás, não nos importando as pedras que encontraremos em nosso caminho. Não nos importa o ritmo de cada casa e de seu sacerdote, o que importa realmente, é que sejamos fiéis à casa que nosso orixá escolheu, pois ele com certeza sabe o que é melhor para seus filhos. Porém, por conta de várias pessoas pensarem que, nessa época, podem estar sujeitas a tragédias, acredita-se que surge uma força espiritual criada a partir da soma de energias coletivas, da qual precisam se defender, isto é, acredita- se que o padrão vibratório diminui, não por conta da Quaresma, mas pelo estado emocional das pessoas, obrigando o terreiro a acatar medidas de segurança, tais como o uso de contra-eguns, banhos específicos, preceitos elaborados etc. Este posicionamento baseia-se na ideia de que a Quaresma é um período no qual os espíritos obsessores estão mais suscetíveis a receber favores em troca de práticas negativas. Acredita-se que nesse momento muitos rituais são realizados, aproveitando-se da presença desses zombeteiros. Muitos terreiros cobrem as imagens do congá (altar), não realizam trabalhos nesse período e os que realizam, boa parte, só trabalham com a linha da esquerda. Apesar dos esforços de muitos estudiosos da Umbanda e Candomblé de sistematizarem as nossas práticas ritualísticas por meio de livros e cursos doutrinários, não podemos negar que nossa religião é fundamentada na tradição oral, sendo assim, é natural que haja mesmo divergências. Jejuar na Quaresma, tomar banhos de defesa, trabalhar apenas com a esquerda, usar um contra-egum em cada braço… cabe a você decidir, ou ainda, ao seu terreiro definir e você, acatar as orientações do seu dirigente Curiosidade: Você sabia? O Carnaval é uma festa que sempre antecede quatro dias a Quaresma. A razão dessa festa acontecer nesse período é o fato de que, para conseguirem cumprir os preceitos da Quaresma, usam e abusam dos prazeres da carne alguns dias antes para não sentirem falta durante o período de reflexão quaresmal. Especula-se que o nome Carnaval significa “festa da Carne”, em virtude dos jejuns que se sucederão dias depois.