Você está na página 1de 10

UNIVERSIDADE UNOPAR

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

DILMA BATISTA DE SOUZA


MARIA EDUARDA BATISTA DE SOUZA

A IMPORTANCIA DAS FERRAMENTAS DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO DE UMA


EDUCAÇÃO PARA TODOS.

Blumenau- SC
2021
DILMA BATISTA DE SOUZA
MARIA EDUARDA BATISTA DE SOUZA

A IMPORTÂNCIA DAS FERRAMENTAS DIGITAIS NA CONSTRUÇÃO DE UMA


EDUCAÇÃO PARA TODOS.

Portfolio apresentado como requisito


parcial para a obtenção de média
semestral para o curso de pedagogia.

Professora tutora Ana Carla Zultanski

Blumenau- SC
2021
1 Introdução
A educação tecnológica veio com a finalidade de adaptar e facilitar o
aprendizado, tanto de alunos como de professores, no entanto a acessibilidade é limitada
para muitos indivíduos. Durante a pandemia ficou nítido as dificuldades de acesso
referente as ferramentas tecnológicas educacionais, trazendo assim consequências
relativamente negativas para a educação. De forma generalizada, para os professores
que não estavam preparados para essa nova modalidade de ensino, muitos educadores
não tiveram acesso na sua formação, pois a tecnologia ainda era escassa para a classe,
alunos carentes que não tem acesso a internet, alunos de turmas especiais que
necessitam de atividades específicas e adaptadas e com isso trouxe um desconforto
emocional e uma preocupação geral de como se adaptar urgentemente para a nova
metodologia. O que afirma a pesquisa recente sobre o uso de TICS na educação,
divulgada no mobile time Segundo Isabel Butcher (2020):

A pesquisa TIC Educação 2019, desenvolvida pelo Comitê Gestor da Internet


no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de
Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), revela que 28% das
escolas presentes em áreas urbanas contam com um ambiente ou plataforma
de aprendizagem a distância, o que poderia ajudar nesse momento. Outro
ponto detectado pelo estudo é que 18% dos alunos acessam exclusivamente a
Internet via celular e 98% dos alunos das escolas urbanas acessam a rede no
handset.

Conforme o exposto, menos de 30% dos alunos das áreas urbanas possuem um
recurso tecnológico, em sua maioria, as escolas oferecem uma sala de informática na
qual o alunado é colocado para aprender informática de forma desconectada das
disciplinas da sala de aula sem qualquer preocupação com o desenvolvimento cognitivo
dos mesmos, estes laboratórios estáticos pouco alteram a realidade de seus alunos
ficando aquém da troca de conhecimento e interdisciplinaridade sem nenhuma
concepção pedagógica acabam servindo apenas para atrair um maior número de alunos
para as escolas .
Nesse sentido, este trabalho traz uma reflexão sobre as tecnologias educacionais
e o ensino remoto, assim como, objetiva mostrar as vantagens e dificuldades no uso das
tecnologias e, formas de viabilizar uma aprendizagem significativa através do uso das
TICS na educação para todos.
A metodologia foi pautada em uma pesquisa qualitativa através de artigos de
referências, visita a sites acadêmicos, visualização de vídeos e entrevistas pertinente ao
tema.

2 Desenvolvimento
Na atual conjuntura que o mundo está vivenciando com a pandemia mais
significativamente com o COVID 19, as ferramentas digitais na construção da educação
tem se tornado de suma importância pois, é através dela que a educação está
dependendo, aja vista que, o uso das plataformas digitais e a metodologia ativa vem
sendo a porta de escape para muitos educadores e educandos, as aulas EaD que antes era
tida como ineficaz hoje é a mais utilizada e mais ativa, pois como e quando podemos
esperar a volta ou uma retomada da educação “ Infelizmente essa realidade não está ao
alcance de todos, muitos estudantes não tem acesso as ferramentas digitais, umas por
condições e outros por acessibilidade, pois muitos moram em locais longínquos onde
ainda não chegou a internet.

Para se pensar uma educação para todos, temos que analisar quais recursos serão
necessários para que todos possam usufruir das ferramentas digitais, vários pontos
devem ser levados em consideração quando se pensa em TICS na educação,
principalmente no sistema educacional brasileiro o qual há uma grande taxa de exclusão
digital.

De acordo com Rocha (2008), a chegada das tecnologias no ambiente escolar


provoca uma quebra de paradigmas. A Informática Educativa oferece diversos recursos
que, são bem aproveitados, e dão suporte para o desenvolvimento de diversas atividades
com os alunos, porém, a escola contemporânea continua muito arraigada ao padrão, no
qual o professor fala, o aluno escuta, o professor manda, o aluno obedece. A chegada da
era digital coloca a figura do professor como um “mediador” e a partir do momento que
o professor não tem outra opção, se vê despido dos métodos tradicionais, surge um
problema complexo no qual, docentes e discentes não estão preparados para usufruir
com competência do uso das tecnologias.

Segundo a UNESCO, A aprendizagem móvel apresenta atributos exclusivos, se


comparada à aprendizagem tecnológica convencional: ela é pessoal, portátil,
colaborativa, interativa; ela enfatiza a "aprendizagem instantânea", uma vez que a
instrução pode ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. Porém, não é um
recurso disponível para todos os alunos ou ainda aqueles que possuem, não tem internet
ou quando tem, não é de boa qualidade ou ainda, não possuem créditos para se manter
online o que recai na estimativa da exclusão digital.

Desde o início da pandemia, tem havido pressões para a implementação do


ensino remoto emergencial (primeiro, pelas escolas particulares; e em seguida, sobre as
próprias escolas públicas. Como medida para garantir o pagamento das mensalidades, as
escolas particulares rapidamente se adequaram ao ensino remoto, se reorganizaram para
dar conta dessa demanda.

As escolas públicas passaram a sofrer esse tipo de pressão. Algumas redes já


têm assumido essa modalidade de ensino, ainda que a grande maioria de estudantes não
tenha tido acesso a ele e que docentes não tenham garantidas as condições materiais e
de formação para realizar este tipo de trabalho.

A garantia da qualidade do processo de ensino-aprendizagem, da igualdade ao


acesso à educação, da autonomia do trabalho docente fica desta forma prejudicada. Os
conflitos são inúmeros, um contexto complexo na educação do Brasil no qual, grande
maioria dos alunos são de escolas públicas. É importante lembrar que já havia um
projeto de ampliação da Educação à Distância e de implementação do homeschooling
(ensino domiciliar) por parte do governo federal sustentado por um discurso de
“inovação” do sistema educacional, mas que, na verdade, se traduz em menos
investimentos do poder público na educação. O ensino remoto é uma via de mão dupla
como mostra Almeida, L.C e Dalben, A. (2020):

A despeito de ser a única opção plausível, dadas as incertezas sobre a


duração das medidas de isolamento, a implementação do ensino
remoto se mostra via de mão dupla: por um lado, permite que o
afastamento seja físico, mas não completo, com manutenção de
contato social em meio virtual; por outro, traz, de maneira subjacente,
o aumento das desigualdades educacionais já demasiadamente
expressivas no sistema educacional brasileiro. Diante desse dilema,
em contraponto a nada fazer, coube aos profissionais buscar formas
de se reinventar para manter seu exercício docente.

Para os professores que em tempo recorde tiveram que reinventar o seu plano de
aula, se aventurando em um universo desconhecido para muitos, o ensino à distância e
novas tecnologias. Também não podemos deixar de fora desta situação os pais e
responsáveis que em meio a atividades e preocupações, estão assumindo o papel de
tutores e educadores de seus filhos. Muitos não fazem ideia do que fazer, estão
completamente perdidos. É um desafio reconstruir no mundo on-line todas as relações e
a estrutura de apoio de uma escola.

A interrupção das aulas presenciais demandou das instituições de ensino


tomadas de decisões rápidas, sem um planejamento adequado para que as iniciativas de
educação a distância fossem bem-sucedidas. Manter a motivação do estudante é um dos
principais desafios desse novo normal na educação. Outro fator que tem sido
evidenciado é a questão social,a desigualdade social no Brasil e as infraestruturas
precárias de escolas públicas contribuem para está desigualdade.

Nesse contexto temos também o estigma que o aprendizado on-line carrega de


que sua qualidade é inferior à do aprendizado presencial, apesar de diversas pesquisas
científicas mostrarem o contrário. Vale ressaltar também a necessidade de adaptação de
conteúdos e aulas para os alunos com necessidades especiais que já possuíam inúmeras
dificuldades anterior a pandemia, com o isolamento social e as aulas remotas essas
dificuldades ganharam proporções bem maiores.

Fachinetti e Carneiro (2017), afirmam que o ideal seria que houvesse um


serviço permanente que ofertasse diferentes profissionais capacitados para atuar
diretamente com o uso da tecnologia assistiva no ambiente educacional, afim de
favorecer o processo de ensino aprendizagem dos alunos público alvo da
educação especial.

É essencial encontrar maneiras de fazer com que a escola, de alguma forma, se


faça presente na vida dos alunos e assegure que o lugar deles está garantido. Sobre os
estudantes com deficiência, especificamente. Cabe ressaltar que a profunda
complexidade trazida por este novo contexto não pode ser usada como justificativa para
que estudantes com deficiência sejam privados do acesso à aprendizagem.

A repentina transformação trouxe impactos mais severos às pessoas


socialmente mais vulneráveis, e pode acabar por aprofundar o
contexto de desigualdade já existente. No contexto brasileiro,
podemos observar disparidades no acesso à Internet, na oportunidade
de aquisição de habilidades digitais e na acessibilidade a
equipamentos. Muitas crianças brasileiras sequer possuem um lugar
adequado para estudar em suas casas, enquanto grande parte dos
professores brasileiros não tem conhecimento técnico ou pedagógico
para a implementação do ensino online e não são incentivados a
fazê-lo. (INSTITUTO RODRIGO MENDES, 2020, p.5-6)

Diante do exposto, cenário de lacunas e fragilidades no acesso às Tecnologias da


Informação e Comunicação (TIC) e falta de acessibilidade aos recursos tecnológicos, é
urgente se pensar no caminho mais viável de garantir esse acesso ao conteúdo por todos
os estudantes, principalmente os estudantes com deficiência, muitos dos quais também
fazem parte da escola pública de ensino regular.

A inclusão das tecnologias na educação e a educação inclusiva nas escolas não é


nenhuma novidade, viver uma pandemia nas proporções da COVID-19, isso sim é
novidade. Ter que reinventar a própria profissão em meio à tensão dessa crise, é
novidade e tudo que é novo causa o sentimento de estranho e o que nos causa
estranheza e desconforto nos assusta, o nunca visto reside no fato de que os novos
conhecimentos residem fora da gente. No entanto, nos reinventar como profissionais da
educação não é nenhuma novidade, isso nos é cobrado há tempos.

É o convite que nos vem sendo feito por Nóvoa (1999) e por Schön (1997), para
que sejamos professores reflexivos, ou seja, profissionais capazes de analisar e
questionar a própria prática com a finalidade de agir e aperfeiçoar, construindo
uma atuação autônoma, possibilitando, também aos estudantes, a construção
da autonomia, tão importante para se tornar um cidadão crítico.

O ensino emergencial é portanto, passível de fragilidades já que o docente não se sente


preparado para reinventar-se. Essa reinvenção do docente é referida por Moreira,
Henriques e Barros (2020, p. 354):

A virtualização dos sistemas educativos a que neste momento


estamos sendo obrigados a efetuar pressupõe a alteração dos seus
modelos e práticas e “obriga” o professor a assumir novos papéis,
comunicando de formas com as quais não estava habituado.

O uso de recursos tecnológicos digitais, a gestão da sala de aula em uma


conjuntura nova, a produção de conteúdos midiáticos fomentou a necessidade de um
profissional versátil e alternativo. Porém, o que observa-se é uma profunda
desapropriação relativa do uso das tecnologias digitais. Percebe-se a necessidade de
movimentos formativos dirigidos ao letramento digital junto a comunidade escolar.

Apesar de todos os esforços da maioria dos docentes para tornar eficaz o ensino
remoto, a realidade fica aquém do esperado. É necessário que haja políticas
educacionais e políticas públicas mais eficazes no sentido da equidade na educação para
todos.

A educação virtual oferece também oportunidades, muitas vezes desconhecidas, tanto


para docentes quanto para os discentes. O ensino digital requer competências e
habilidades das quais ambas as partes não estão preparados para exercer ou se apropriar
do conhecimento através das TICS de forma abrupta. Os desafios estruturais são de
nossa realidade como País.

3 Conclusão

O cenário atual vem nos mostrar a diferença entre educação e escolarização, o


primeiro é um processo ininterrupto, contínuo pois, nos educamos a todo momento seja
através dos livros,seja nas redes sociais. Já a escolarização que sofreu interrupção nesse
período de pandemia,está passando por um momento emergencial.

No que diz respeito as tecnologias na educação,o referente trabalho mostra que


o processo de ensino e aprendizagem se tornou mais fragilizado na pandemia. De forma
emergencial se depositou muita esperança na educação a distância porém, grande parte
dos alunos, principalmente das escolas públicas não conseguem ter acesso as
tecnologias e quando os tem é com muito sacrifício para manter as aulas online.

Vale ressaltar as famílias carentes que possuem mais de uma criança ou jovem
em idade escolar e não dispõe de inúmeros celulares ou computador para que todos
possam utilizar de forma eficaz. Sendo assim, há a necessidade de um rodízio entre os
filhos no momento das aulas e isso acarreta uma desmotivação para o aprendizado o que
demonstra uma desigualdade entre o alunado, alguns com acesso a diversas atividades e
plataformas, outros com acesso limitado e muitos sem acesso algum.

O uso das TICS na educação abre um leque de possibilidades sim mas, a


realidade da educação no Brasil deixa claro a exclusão digital de muitos e evidencia
também o grande esforço dos docentes para manter suas práticas pedagógicas pois, há
uma diferença entre a atividade desenvolvida em sala de aula e uma outra que é aquela
que necessita de maior disponibilidade de tempo para seu preparo que é o ensino
emergencial. Muitos docentes não receberam treinamento, capacitação para o uso das
ferramentas tecnológicas e muito menos um adicional na remuneração para possibilitar
esta qualificação.

A educação de qualidade para todos é ainda um objetivo muito aquém da


realidade brasileira dentro de uma sociedade com desigualdades latentes. A educação a
distância não é completa por si mesma, a escola é um espaço de interação insubstituível.
A política pública de aulas remotas tem sido excludente, é necessário refletir sobre as
práticas docentes, o ensino híbrido e ferramentas que possam ao menos amenizar essa
desigualdade mostrada neste trabalho.

4 Referências

ALMEIDA, Luana Costa; DALBEN, Adilson. (re)organizar o trabalho pedagógico em


tempo de Covid-19: no limiar do (im)possível. Revista Educação e Sociedade.
Campinas. v. 41. n. 02. p. 01-20. 2020. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/es/v41/1678-4626-es-41-e239688.pdf Acesso em: 15. dez.
2020.

BUTCHER, Isabel. Escolas brasileiras não estão preparadas para ensino a distância, diz
pesquisa TIC Educação. Disponível em:
https://www.mobiletime.com.br/noticias/09/06/2020/escolas-brasileiras-nao-estao-prepa
radas-para-ensino-a-distancia-diz-pesquisa-tic-educacao-2019/ Acesso em: 26.abr.2021

FACHINETTI, Tamires Aparecida; CARNEIRO, Relma Urel Carbone. A tecnologia


assistiva como facilitadora no processo de inclusão: das políticas públicas a literatura.
Revista de Política e Gestão Educacional. Araraquara, v.21, n.3, p. 1588-1597, dez.,
2017. Disponível em:
https://periodicos.fclar.unesp.br/rpge/article/view/10093/7162.%20%20Acesso%20em:
%2018.%20

MENDES, Instituto Rodrigo. PROTOCOLOS SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA


DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19 Um sobrevoo por 23 países e organismos
internacionais. 2020.

NÓVOA, A. Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza


das práticas. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 11-20, 1999.
ROCHA,S.S.D; O uso do Computador na Educação: a Informática Educativa; Revista
Espaço Acadêmico, nº 85, junho de 2008 disponível em
http://www.espacoacademico.com.br/085/85 rocha.pdf Acesso em: 25.abr.2021.

SCHÖN, D. A. Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A.


(org.). Os professores e sua formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1997. p.
93-114.

Tic na Educação do Brasil disponível em


https://pt.unesco.org/fieldoffice/brasilia/expertise/ict-education-brazil Acesso em: 25.abr.2021.

Você também pode gostar