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Aula sobre Leito Fluidizado

Recapitulação
Caracterização de sólidos:
Tamanho, para sólidos muito grandes, os fenômenos de turbulência se tornam
muito evidentes e a modelagem não se torna fiel ao comportamento da fluidização.
O parâmetro mais utilizado para determinar a turbulência de um escoamento é
o número de Reynolds
𝑣𝐷 𝑑
𝑅𝑒 =
𝜇
Para partículas extremamente muito pequenas, pode haver aglomeração de
sólidos e formação de caminhos preferenciais devido a coesão das partículas, um
número adimensional que verifica a carsão das partículas é o número de Froude
𝑣
𝐹𝑟 =
𝐷. 𝑔
Para números de Froud maiores que 1 o escoamento é coeso e para números de
Froude menores que 1 o escoamento é dito agregativo
Fenômeno de fluidização
O leito fluidizado, ou leito móvel acontece quando o fluido de transporte
responsável, seja um gás ou um líquido, possui velocidade suficientes para que a força
promovida pelo arrasto supere a força gravitacional do sólido, se desprendendo do
fundo do equipamento.
Figura 1 digrama de forças sobre uma partícula sólida

1. Leito Fluidizado tipos


Dependendo da velocidade de escoamento do fluido na torre que os particulados
são inseridos, esses vão possuir até 4 comportamentos básicos e gerais.
Figura 2 - esquema de composição dos seguintes tipos de leito fluidizados

Seguindo em ordem da esquerda para a direita


a) É definido pelo escoamento de leito fixo, a altura do leito é definida
por HL ou Lm, geralmente é utilizada sólidos grosseiros de alto diâmetro ou
estruturas para recheio também definidas podendo utilizar escoamento com gases
ou líquidos. Sua velocidade de escoamente é definida por ser menor que a
velocidade de escoamento mínimo
b) É o escoamento de fluidização mínimo, onde as partículas
apresentam as primeiras movimentações ao longo do leito com movimentos
ascendentes e descendentes, sendo Hm a altura de fluidização mínima do leito e
menor que a altura do leito. Sendo caracterizado por vm ou velocidade de
fluidização mínima.
c) Ao incremento da velocidade de fluidização mínima em sistemas
particulados sólidos com a utilização de líquidos o tipo de fluidização é
caracterizada por uma fluidização suave. A altura de fluidização pode variar. Caso
a altura de leito for superior a altura da coluna, diz-se que a coluna esta em
processo de lavagem.
d) Para velocidade de fluidização acima da velocidade de fluidização
mínima, para sistemas sólido-gás pode ocorrer o fenômeno de borbulha, devido a
diferença notável entre as densidades ocorre um acumulo de gases e
consequentemente bolhas.

Aplicações
As aplicações para leito fluidizados geralmente ocorrem quando os fenômenos
de transferência de calor e transferência de massa precisam se tornar mais evidentes,
seja distribuindo da maneira mais eficiente o acumulo de calor promovida pelo processo
da coluna ou pela otimização da transferência de massa do meio
Figura 3- Representações de aplicações de leito fluidizado na indústria do petróleo e de
alimentos

No Craqueamento catalítico do petróleo (a direita da figura 3), o catalizador


pode acumular calor devido as reações químicas ocorrendo no interior da coluna, a
dissipação desse calor pode ser feita pelo preenchimento de uma manta térmica ao redor
da coluna com líquido refrigerante, ou a fluidização do particulado. O mesmo pode
ocorrer em processo de secagem de grãos (a esquerda da figura 3) o acumulo de calor
no grão pode resultar em degradação então o leito fluidizado se faz presente.
Figura 4 – Imagem do leito fluidizado utilizado na indústria farmacêutica

A indústria farmacêutica utiliza módulos de escoamento fluidizado para


incorporação de material na superfície de capsulas tais como corantes e ao mesmo
tempo utiliza para separação de grânulos, a indústria farmacêutica também utiliza
colunas de leitos fluidizados para a incorporação de material aglomerante afim de
aumenta a superfície de contado do fármaco.

Figura 5 – equipamento de purificação de água de aquário com o uso de leito fluidizado

Recentemente a utilização de colunas de leito fluidizado são utilizadas para


eletrodomésticos do dia a dia. Na figura 5, um equipamento para a purificação de água
em aquários devido a sua compactação e eficiência na transferência de massa e
purificação da água.

Porosidade do Leito
Da mesma maneira que a relação entre espaço preenchido pelos sólidos e pelo
fluido se fez dominante no estudo de leitos fixos, a análise dos leitos fluidizados se
mostra uma porosidade variável. Porque pelo aumento da coluna de fluidização, há um
aumento do volume de fluido, mas não há incremento no volume de sólidos. Sendo
caracterizado a porosidade do leio estático (𝜖 ) como a porosidade do leito fixo e a
porosidade mínima (𝜖 ) caracterizada com a porosidade para mínima fluidização.
Figura 6 – Esquema do comportamento da porosidade em relação a evolução do leito fluidizado

A evolução da porosidade pode ser notada pela figura 7, a porosidade do leito


fixo se faz contante com o incremento do número de Reynolds. A partir do ponto E: a
porosidade apresenta um crescimento linear com o crescimento em Logaritmo de
Reynolds. A partir do Ponto C o escoamento esta plenamente desenvolvido, e pode
apresentar transporte pneumático do recheio do interior da coluna.
A relação entre altura e porosidade pode ser identificada a partir do balanço de
massa das espécies
𝑚 =𝑚

𝑉 .𝑑 = 𝑉 .𝑑

𝑉=𝐴 .ℎ
𝐿 .𝐴 (1 − 𝜖 ). 𝑑 = 𝐿 . 𝐴 (1 − 𝜖 ). 𝑑
𝜖
𝐿
1− (1 − 𝜖 ) = 𝜖
𝐿
Entretanto esta aproximação só pode ser sentida relacionando a coluna de leito
fixo com a região de mínima fluidização (entre os pontos E e B da figura 6).
Exercício sobre porosidade
• Calcular a função porosidade para o leito com as seguintes
características
• Uma coluna de adsorção de amônia está operando em um aquário
municipal da cidade de Ubatuba, dependendo da concentração de amônia, a
altura do leito deve crescer ou diminuir. O aquário sempre esta trabalhando com
leito fluidizado. O adsorvente tem o diâmetro de partícula igual a 0,245 mm, a
perda de carga máxima do aquário é de 300 kPa, e velocidade mínima de
fluidização de 200 L/min e diâmetro de fluxo de 50,46 cm e porosidade de
0,321, a coluna possui comprimento máximo de 6m. As propriedades do fluido
são as mesmas da água a 30°C.
• Vai haver transporte de do recheio?

𝐿
1− (1 − 𝜖 ) = 𝜖
𝐿

Resposta

e L
0,321 0,595408786
0,326196 0,6
0,422453 0,7
0,494647 0,8
0,595717 1
0,663098 1,2
0,730478 1,5
0,775399 1,8
0,797859 2
0,838287 2,5
0,865239 3
0,884491 3,5
0,898929 4
0,910159 4,5
0,919143 5
0,926494 5,5
0,93262 6
Densidade do Leito
Devido a imensa caracterização de leitos fluidizados, homogêneos, não
homogêneos, borbulhante, a densidade pode ser caracterizada de maneira simples,
relacionando a densidade da fração de fluido com a densidade da fração de sólidos.
Para leitos homogêneos, caracteriza-se um leito com Densidade homogênea.
Para leitos fluidizados com uma característica borbulhante a densidade é caracterizada
como agressiva.
A densidade para um leito homogêneo pode ser relacionada com a porosidade e
a densidade de sólidos e dos fluidos da seguinte maneira.
𝑚 = 𝜖. 𝑉𝑑

𝑚 = (1 − 𝜖). 𝑉𝑑

𝑚 = 𝑉 𝑑 . 𝜖 + (1 − 𝜖)𝑑

𝑑 = 𝑑 . 𝜖 + (1 − 𝜖)𝑑

A densidade agressiva pode ser estimada com a relação de fases heterogêneas,


relacionando a densidade da fase densa e a densidade da fase leve (geralmente o fluido).
Pela seguinte equação
𝑑 + 𝑥𝑑
𝑑 =
1−𝑥
Onde x é razão do volume da fase leve em relação ao volume da fase densa
𝑉
𝑥=
𝑉

Existe uma correção empírica que pode determinar a densidade do leito em


relação ao diâmetro da partícula do seu recheio. Estimado por:
𝑑 = 0,356 𝑑 (log 𝐷 − 1)
D é o diâmetro médio da partícula e aplicado em microns (m)
Aplicável em partículas menores que 500m.
Quando as partículas são pequenas (próximo de 30m) densidade de
fluidização é cerca de 50 a 60% da densidade do leito estático

Exercício de densidade do leito

Calcule a densidade da fase densa de uma coluna de leito fluidizado


heterogênea com as seguintes características
Areia (ds=1,5 g/mL) com diâmetro 0,256mm
Carbono ativado (ds= 0,6 g/cm³) com D =0,015mm
Brita (ds= 1,8 g/mL) com D=24,5mm

PERDA DE CARGA
O fenômeno de perda de carga ocorre devido a resistência do recheio da coluna
cria pela passagem de fluido e possui o seguinte comportamento
Figura 7 – Evolução da perda de carga em relação a velocidade do escoamento

Até a Ascenção completa da perda de carga o leito fixo se faz presente, a partir
da primeira suspensão de particulado do interior da coluna encontrado no ponto E,
deixando de ser um leito fixo e se transformando em um leito móvel ou leito fluidizado.
A partir deste ponto, a perda de carga apresenta uma taxa de crescimento negativa até o
ponto de inflexão F conforme mostrado na Figura. A partir do ponto B o leito já está
completamente desenvolvido, o aumento do fluxo de fluido do interior da coluna pode
resultar em um leito borbulhante e caótico. O crescente aumento de velocidade pode
resultar no transporte pneumático, perceptível a partir do ponto C.
A partido do ponto E, a perda de carga não é mais uma relação determinada em
relação a velocidade do meio, uma vez que o crescimento exponencial da velocidade
gera um pequeno crescimento na perda de carga, sendo possível relaciona a perda de
carga do leito fluidizado com a perda de carga no ponto de velocidade critica de
fluidização
Figura 8- outro esquema de evolução do leito móvel em relação a velocidade do escoamento

Uma vez que a coluna de leito fluidizada chegou na condição de transporte


pneumático, ou elutriarão, a perda de carga pode cair, sem os sólidos no interior da coluna
a resistência ao escoamento diminui e a perda de carga consequentemente decai..
Para se determinar a velocidade mínima de fluidização, as relações descritas no
leito fixo podem ser aplicadas para a condição de velocidade crítica, determinando a
altura do leito em condição de leito fixo e velocidade crítica de fluidização.
Para escoamentos Laminares as relações de Carmen/ Carmen-Kozany/ Ergum
/Leva podem ser aplicadas.
Escoamento em regime Laminar
.
Para Carmen com Reynolds Modificado menor que 100 < 100

Δ𝑃 . 𝑔 𝜖 𝑣
𝑣 = .
5𝐿. 𝑎 (1 − 𝜖) 𝜇

Para Carmen-Kozeny com Re menor que 10


Δ𝑃 𝑔 𝐷 𝜖
𝑣 =
180𝜇𝐿 (1 − 𝜖)
A equação de Leva pode ser utilizada para qualquer escoamento de Reynolds
Desde que os parâmetros f e n sejam respeitados pelas figuras 9 e 10
𝐿. 𝑣 𝑑 (1 − 𝜖)( )
Δ𝑃 = 2𝑓 .
𝑔 .𝑑 𝐷 𝜓 𝜖

Figura 9 – Gráfico do fator de atrito em relação ao comportamento do escoamento

Figura 10 – Gráfico da relação do fator n em relação ao comportamento do escoamento

Uma boa relação utilizando a equação de leva para formas de recheios mais
específicas pode ser utilizada para a determinação da velocidade crítica
Para região do escoamento laminar (até Re<20)
𝐿. 𝑣 (1 − 𝜖)
Δ𝑃 = 2𝑓 .
𝑔 .𝐷 𝜖

Para recheios na qual apresentam forma diferente da esférica, o fator de forma


se faz presente na dedução

𝐿. 𝑣 (1 − 𝜖)
Δ𝑃 = 2𝑓 . .𝜆
𝑔 .𝐷 𝜖

𝑔 𝐷𝜖
𝑣 = Δ𝑃.
2𝑓𝐿. 𝑣 . 𝑑 (1 − 𝜖) . 𝜆

Δ𝑃𝑔 𝐷𝜖
𝑣 =
2𝑓𝐿𝑑 (1 − 𝜖) 𝜆

Sendo 𝜆 :
𝑠
𝜆 =
4 𝑣

Escoamento em Regime Turbulento


Para escoamentos Turbulentos a relação de Carman pode ser utilizada para
.
Reynolds modificado maior que 100 > 100

,
1 Δ𝑃 . 𝑔 𝑑 𝜖 𝑣. 𝑑
𝑣 = .
𝑑 0,4𝐿. 𝑎 (1 − 𝜖) 𝑎 𝜇

Para a equação de Ergun pode ser estimada a velocidade critica para qualquer
valor de Re.
Uma sugestão de aplicação da correlação empírica e determinar a velocidade
critica é trabalhar com uma equação do segundo gral na qual esta devidamente descrita
abaixo
𝐿𝑑 1−𝜖 𝜇 𝐿 (1 − 𝜖)
1,75 . 𝑣 + 150 . 𝑣 − Δ𝑃 = 0
𝑔𝐷 𝜖 𝑔 𝐷 𝜖

Na qual pode ser resolvida como uma equação do segundo gral. Lembrando
que esta solução irá determinar duas velocidades críticas, mas apenas uma será a
plausível de ser aplicada.
Exercicio de velocidade Critica
Eficiência do Leito Fluidizado
A eficiência de Fluidização pode ser determinada pela relação

(1 − 𝜖)
𝜂 =1−
𝜖
Sendo que a constante m’ esta diretamente relacionada com o diâmetro da
partícula em relação ao gráfico da figura

Figura 11 – gráfico que relaciona a constante empírica m’ com o diâmetro da partícula

Exercício final
Determine a eficiência do sistema do aquário de Ubatuba

(1 − 𝜖)
𝜂 =1−
𝜖

e L
0,321 0,595408786
0,326196 0,6
0,422453 0,7
0,494647 0,8
0,595717 1
0,663098 1,2
0,730478 1,5
0,775399 1,8
0,797859 2
0,838287 2,5
0,865239 3
0,884491 3,5
0,898929 4
0,910159 4,5
0,919143 5
0,926494 5,5
0,93262 6

O que é possível de se determinar?

e L h
0,321 0,595409 0,998621
0,422416 0,6 0,975735
0,494614 0,7 0,845515
0,550768 0,8 0,376387
0,75911 1 -155,025
0,663076 1,2 -9,56982
0,730461 1,5 -65,6607
0,775384 1,8 -258,523
0,797846 2 -543,474
0,838277 2,5 -2406,36
0,86523 3 -7594,05
0,884483 3,5 -19360,9
0,898923 4 -42623
0,910154 4,5 -84305
0,919138 5 -153688
0,926489 5,5 -262755
0,932615 6 -426540

A seguinte Tabela Revela o comportamento da eficiência - a partir de 1 metro


a eficiência se torna negativa, indicando que a aproximação para o regime se diverge
muito da realidade.

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