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EaD E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: PROCESSOS E BOAS PRÁTICAS
EaD E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: PROCESSOS E BOAS PRÁTICAS
2020, v. 7, n. 1
1 INTRODUÇÃO
Seja diretamente ou indiretamente, a disrupção da relação entre o espaço e o
tempo tem sido uma realidade na totalidade das esferas sociais. A educação a distância,
como fenômeno social, por sua vez, não passa despercebida. Por meio das Tecnologias
Digitais da Informação e Comunicação (TDICs), os seres humanos se deparam
cotidianamente com novos hibridismos entre o físico e o virtual, transformando não só
a sua forma de ver a realidade, mas, mais que isso, a sua práxis nesta nova realidade.
Nessa realidade, a corporificação das relações ganha novos sentidos dentro do
mundo virtual, o que é paradoxal, principalmente, para os mais céticos em relação às
possibilidades do ensino por meio destas ferramentas, em detrimento do livro físico e
das aulas tradicionais, por exemplo. Destarte, o novo código linguístico trazido por essas
tecnologias também é, paralelamente, nova maneira de acessar a relação de ensino-
aprendizagem, por meio de suas metodologias, não tão inovadoras (se olharmos para a
história da educação desde os seus primórdios), mas que saltam aos olhos dos
educadores vanguardistas dos fins do século XX e início do século XXI.
Dessa perspectiva, todo ambiente online é passível de reflexão de seu locus de
produção de informação e conhecimento compartilhado, uma vez que cultura digital
também é uma competência exigida pelo profissional da educação do século XXI. Como
salienta Schlünzen Junior: “As tecnologias são catalisadoras de mudanças e é inevitável
que o seu uso necessariamente passe pela mudança de metodologias, de práticas e de
uma cultura” (2013, p. 115).
Destarte, a construção desse artigo é proveniente das discussões e ações
realizadas no Grupo de Pesquisa em Educação a Distância e Tecnologias Educacionais
(GPEaDTEC) da Universidade Estadual de Maringá (UEM), por acreditarmos na
fundamental importância da Educação a Distância (EaD) como modalidade que tem o
compromisso de oportunizar a democratização do conhecimento com a
responsabilidade de fazer educação de qualidade ainda que à frente de árduos desafios
de consolidação.
A modalidade de Educação a Distância foi regulamentada a partir da década de
1990 no Brasil, especialmente com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(LDB), lei nº 9.394/96, que em seu Art. 80 reconhece a necessidade de normatizar os
aspectos de organização da EaD. É também por meio de sua regulamentação que a EaD
passa a ser considerada imprescindível na formação de professores da educação básica,
visto que a modalidade presencial não dispunha de vagas para todos aqueles que
precisavam de aperfeiçoamento profissional pedagógico.
De acordo com Costa (2010, p.93), o processo de reconhecimento da EaD “passa
a exigir uma definição de políticas e estratégias para sua implementação e consolidação
nas mais diversas Instituições de Ensino Superior (IES) do País”. Nessa perspectiva, uma
das importantes ações na trilha desses processos é a institucionalização da modalidade,
da qual Schlünzen Junior (2013, p.115), nos apresenta uma consistente definição:
Quadro 1- Percentual de Funções Docentes com curso superior por etapa/modalidade de ensino
Dependência Percentual de Funções Docentes com curso superior por etapa/modalidade de ensino
Administrativa
Total 70,0 68,3 71,9 83,9 79,3 87,9 94,3 86,4 90,9 88,8
Federal 84,5 82,5 87,8 97,5 95,1 98,6 97,9 96,4 97,8 89,0
Estadual 75,6 72,8 75,6 94,0 91,1 94,8 95,1 92,3 95,0 90,2
Municipal 76,2 74,5 77,9 81,9 81,4 83,0 93,2 76,8 95,1 88,6
Privada 55,4 57,1 55,4 75,1 66,8 84,7 90,4 87,4 84,6 88,7
Pública 76,2 74,5 77,8 86,1 83,0 88,7 95,3 86,4 96,0 89,1
Com base nos dados apresentados, ainda temos em nosso país muitos desafios
na formação inicial e continuada para os nossos docentes. A formação de nível superior
ainda não é uma realidade para todos, impactando diretamente na rede docente de
escolas federais, estaduais, municipais públicas e privadas.
Dessa forma, acreditamos que, por meio da oferta de cursos na modalidade a
distância, podemos contribuir para a qualidade nos processos de ensino e
aprendizagem, tendo em vista que os cursos na modalidade presencial não conseguem
atender uma demanda tão grande de formação, como bem apresentado no quadro
anterior.
3 CONCLUSÃO
No decorrer deste trabalho vimos que, mesmo com iniciativas em políticas de
formação docente, nosso país ainda continua sem uma solução acerca da questão da
formação inicial e continuada de professores. Nossas escolas mudaram, desde os
segmentos sociais nelas inseridas até a idade de entrada das crianças, e estas questões
exigem mudanças radicais nas políticas de formação de professores. Se analisarmos as
informações encontradas diretamente no site do ministério da educação, chegamos à
conclusão de que ainda temos docentes em sala de aula na educação básica sem
formação inicial de nível superior. Nos deparamos assim com problemas graves de
formação no país que requerem que nos debrucemos ainda mais em estudos e
iniciativas que auxiliem em melhorias para a formação inicial e continuada dos
professores.
Evidenciamos que o processo de reconhecimento da EaD exigiu uma definição
de políticas e estratégias para sua implementação e consolidação nas mais diversas
Instituições de Ensino Superior (IES) do País, e que uma das importantes ações na trilha
desses processos é a institucionalização da modalidade. Por este motivo, conseguimos
destacar em nosso estudo a iniciativa de um grupo de pesquisadores que se dedicaram
na organização de um Simpósio que oportunizava formação continuada por meio da
Educação a Distância. Assim, compreendemos que as possibilidades de formação
proporcionadas pelas tecnologias devem fazer parte do cotidiano docente e podem
causar mudanças significativas nos conhecimentos por eles adquiridos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário
Oficial da União, seção 1, p. 27933. Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm. Acesso em: 10 set. 2019.
COSTA, M. L. F. Políticas Públicas para o Ensino Superior a Distância: a qualidade dos
cursos de graduação em questão. In: AZEVEDO, Mário Luiz Neves de (org). Política
Educacional Brasileira. Maringá: Eduem, 2010.
COSTA, M. L. F.; BASSO, S. E. de O.; OLIVEIRA, D. H. I. Tecnologias Educacionais e a
Interação no processo ensino-aprendizagem. TICs & EaD em Foco. São Luís, v. 5, n. 1,
jan./jun. (2019).
COSTA, M. L. F.; CABAU, N. C. F.; OLIVEIRA, D. H. I. Formação docente na perspectiva
do uso de tecnologias educacionais: Compartilhando uma experiência. In: SIPERS -
Paraná/ Ponta Grossa, 2019. Disponível em: https://www.doity.com.br/anais/sipers-
/trabalho/91528. Acesso em: 07 de ago. de 2019.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.
GUIETTI, S. A. A política de formação de professores do sistema Universidade Aberta
do Brasil na perspectiva dos egressos da Universidade Estadual de Maringá. 253f.
Tese (Doutorado em educação) – Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2019.