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BRASÍLIA (DF)
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
1999
GESTÃO B ASEADA NAS COMPETÊNCIAS :
UM ESTUDO S OBRE COMPETÊNCIAS PROFISSIONAIS
NA INDÚSTRIA BANCÁRIA
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE E STUDOS SOCIAIS APLICADOS
Departamento de Administração
BRASÍLIA (DF)
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
1999
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE E STUDOS SOCIAIS APLICADOS
Departamento de Administração
____________________________________________
PROF. DR. TOMÁS DE AQUINO GUIMARÃES (ORIENTADOR)
Departamento de Administração da Universidade de Brasília
__________________________________________________
PROF. DR. JAIRO EDUARDO BORGES-ANDRADE (CO-ORIENTADOR)
Departamento de Psicologia Social e do Trabalho da Universidade de Brasília
______________________________
PROF. DR. ROQUE MAGNO DE OLIVEIRA
Departamento de Administração da Universidade de Brasília
Este trabalho é dedicado à Marcela, que com
sensibilidade, carinho e companheirismo
apoiou-me em todas as etapas do mestrado.
Aos meus pais, pelos valores que me foram transmitidos desde cedo e pela dedicação
incessante a minha formação. À Iara e ao Eduardo, cujo convívio agradável amenizou os
duros dias de trabalho.
Ao Prof. Tomás de Aquino Guimarães, pela amizade, apoio, incentivo e dedicação
irrestrita a uma orientação competente e objetiva. Sua seriedade e competência como
professor e pesquisador foram fundamentais para realização do presente trabalho.
Ao Prof. Jairo Eduardo Borges-Andrade, por aceitar participar da banca examinadora,
pela co-orientação e pelas inúmeras e valiosas contribuições à elaboração desta
dissertação.
Ao Prof. Dércio Garcia Munhoz, por me convidar para participar dos trabalhos iniciais
de formatação do “Orientador/Adviser – Índice Brasileiro de Bibliografia de Economia e
Administração”, atividade que despertou em mim o gosto pelo estudo e pela pesquisa.
Aos professores do Departamento de Administração da Universidade de Brasília, em
especial Waldyr Viegas, Catarina Odelius e Roque Magno, pelos ensinamentos e
discussões que tanto me ajudaram.
Aos colegas de mestrado, em especial Gutemberg Ribeiro, Eduardo Ramos e Lore
Mânica Ribeiro, pelo convívio agradável e discussões que enriqueceram este trabalho.
Ao Pedro Paulo Carbone, ao Augusto Akira Chiba e ao João Alfredo Leite Miranda, pela
ajuda à elaboração desta dissertação e apoio ao meu desenvolvimento profissional.
Ao Marcos Fadanelli Ramos e ao José Francisco de Carvalho Rezende, do Banco do
Brasil, pela permissão e apoio à realização desta pesquisa.
Ao Rubenvaldo Furtado da Costa, por ter acreditado no meu potencial e capacidade
para atuar na área de desenvolvimento profissional do Banco do Brasil.
Aos colegas do Banco do Brasil: João Batista, Luís Felipe, Djalma, Alair e Isa, pelas
valiosas críticas e contribuições à elaboração deste trabalho; Montenegro, Vargas,
Paulo Rosa e Tonzé, cujo apoio facilitou a aplicação dos questionários.
À Amaranta Reis Duarte, Aureliano Reis Duarte e Jamila Gontijo, pela ajuda na
aplicação dos questionários.
Ao Beto e Teruko Nakamura, pela ajuda na validação e aplicação dos questionários.
À Fátima Bruno-Faria, pela ajuda na metodologia e na análise crítica dos itens do
questionário.
Ao Ronaldo Pilati e ao Robson Medeiros de Araújo, pela ajuda nas análises estatísticas.
Ao Antônio Menezes, pela revisão do texto.
Aos colegas e clientes do Banco do Brasil que, como entrevistados ou respondentes dos
questionários, se dispuseram a colaborar na realização desta pesquisa.
Àqueles que de alguma forma contribuíram com este trabalho e não estão, aqui,
nominalmente citados.
Não obstante todo o apoio e auxílio recebidos, eventuais equívocos e imperfeições –
e eles certamente existem – são de exclusiva responsabilidade do autor.
R ESUMO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................001
5. METODOLOGIA .......................................................................................................054
5.1 - Justificativas para realização da pesquisa .................................................. 055
5.2 – Objetivos ......................................................................................................057
5.3 - Definição dos termos ................................................................................... 058
5.4 - Caracterização da pesquisa .........................................................................059
5.5 - População e tamanho da amostra ............................................................... 060
5.6 - Levantamentos preliminares ........................................................................ 066
5.7 - Construção e validação dos questionários .................................................. 069
5.8 - Coleta de dados e caracterização da amostra .............................................074
5.9 - Análise dos dados ........................................................................................ 085
ANEXO E: Roteiro das entrevistas para levantamento preliminar de dados ................ 131
ANEXO F: Roteiro das entrevistas para validação semântica dos questionários ..........133
FIGURA 4 - Processo de gestão baseada nas competências segundo Ienaga (1998) ....034
FIGURA 10 - Percentual de clientes, funcionários e gestores por faixa etária ............... 083
LISTA DE Q UADROS
i
LISTA DE TABELAS
TABELA 5 - Número de funcionários do Banco do Brasil por tipo de dependência .... 061
ii
TABELA 20 - Resultados da análise de regressão múltipla dos dados coletados junto à
amostra de funcionários ............................................................................108
iii
1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Nesse contexto, é possível visualizar a gestão baseada nas competências como um novo
instrumento gerencial que figura como alternativa aos modelos de gestão tradicionalmente
utilizados pelas organizações (Brandão & Guimarães, 1999). Baseando-se no pressuposto de que
o domínio de recursos raros, valiosos e difíceis de ser imitados pela concorrência conferem à
organização certa vantagem competitiva, a gestão baseada nas competências propõe-se a
integrar e orientar esforços, sobretudo os relacionados à gestão de recursos humanos, visando
desenvolver e sustentar competências consideradas essenciais à consecução dos objetivos
organizacionais (Hamel & Prahalad, 1995; Durand, 1999). Os recursos humanos são parte
fundamental nesse processo, à medida que uma competência organizacional é uma propriedade
que emerge da articulação e da sinergia entre as competências humanas ou profissionais dos
membros da organização (Le Boterf, 1999).
2
competitividade de uma organização, busca-se identificar quais competências profissionais são
necessárias à prestação de um atendimento de qualidade ao cliente. Como as competências
possuem caráter eminentemente dinâmico e provisório, isto é, têm sua relevância alterada ao
longo do tempo, procura-se também identificar aquelas consideradas emergentes, ou seja, as
competências humanas que, embora sejam pouco importantes no atual estágio da empresa,
provavelmente serão essenciais em um futuro próximo, em razão do desenvolvimento
tecnológico ou da orientação estratégica da organização. Pretende-se, portanto, fornecer
subsídios para o aperfeiçoamento das políticas de recursos humanos do Banco e, ainda –
considerando a escassez de trabalhos científicos a respeito da gestão baseada nas competências,
em especial nas organizações brasileiras –, contribuir para o debate teórico e prático em torno do
tema e para a formação de conhecimento específico nesse domínio.
3
O quarto capitulo é destinado à caracterização da organização estudada, o Banco do
Brasil S.A. Nos últimos anos, sob a justificativa de obter maior competitividade, a empresa tem
promovido modificações profundas em seus diversos componentes: estrutura, estratégia,
tecnologia, posicionamento e cultura organizacional. Em um contexto de reestruturação
produtiva, o aparato tecnológico que se instalou no Banco recentemente, aliado a processos de
racionalização técnica e organizacional, parece ter impactado sobremaneira o trabalho e a
qualificação profissional do seu quadro de pessoal, bem como o nível de emprego. Nesse
capítulo, são descritas as características do Banco do Brasil, seu histórico e contexto atual.
O quinto capítulo, por sua vez, destina-se à descrição dos aspectos metodológicos do
estudo. Inclui a apresentação de justificativas e objetivos, a definição dos termos utilizados, a
caracterização da pesquisa, bem assim a descrição da população, do tamanho da amostra e dos
procedimentos e instrumentos utilizados para coleta de dados. Descrevem-se também os dados
biográficos e funcionais da amostra estudada e os procedimentos empregados para análise dos
dados coletados.
4
2. A INDÚSTRIA BANCÁRIA : ORIGENS, EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS
5
2. A INDÚSTRIA BANCÁRIA : ORIGENS, EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS
Neste capítulo é realizado um breve histórico sobre a indústria bancária, desde suas
origens até os tempos atuais, para mostrar as principais transformações ocorridas nos bancos e a
influência do desenvolvimento tecnológico e do processo de globalização de mercados na
configuração de uma nova conjuntura para esse setor. São apresentadas, também, algumas
tendências a respeito do papel e do funcionamento das organizações financeiras, em especial as
identificadas por Blatter (1996), Edwards (1998), Fernaud (1998), Flur et alii (1996), Oliveira
et alii (1997) e Sanford Jr. (1993). Em seguida, são relatados alguns estudos e pesquisas que
explicitam as exigências de qualificação dos bancários e a construção de novos perfis
profissionais para os postos de trabalho que ocupam.
1
Há registros da realização de operações de crédito nos templos da Babilônia por volta de ano
2.000 a.c. Ver Roussakis (1997).
6
necessidades de financiamento das respectivas cortes, depois, graças ao crescimento da indústria
e do comércio desses países. Após a Primeira Guerra Mundial, os bancos americanos e, mais
recentemente, os asiáticos emergiram como grandes credores mundiais, fazendo das operações
financeiras um negócio cada vez mais globalizado e que envolve a utilização de tecnologia de
ponta, sobretudo no que diz respeito à transmissão e processamento de dados e informações.
No Brasil, embora o primeiro estabelecimento bancário do País2 tenha sido fundado por
Dom João VI em 1808, o desenvolvimento do sistema financeiro nacional deu-se apenas com a
reforma bancária de 1964. Por intermédio da concessão de subsídios e benefícios fiscais, o
Banco Central, para estimular a atividade econômica, promoveu o crescimento do setor
financeiro, a diversificação geográfica das agências e o aumento da utilização dos serviços
bancários pelos diferentes segmentos da sociedade. A política governamental contribuiu,
também, para a padronização de rotinas, atividades e normas contábeis, fazendo com que fosse
iniciado um processo de racionalização e automação dos bancos (Accorsi, 1992).
O computador surgiu nos bancos brasileiros a partir da década de 60, inicialmente para
auxiliar a execução de rotinas de trabalho já existentes, simplificar o processo produtivo e tornar
mais rápido o serviço operacional. Depois, passou a ser utilizado de maneira mais ampla, para
exercer controle sobre o trabalho e para centralizar informações necessárias à tomada de
decisão. Trouxe, assim, aumento de produtividade do trabalhador e grandes modificações à
organização do trabalho bancário.
2
O Banco do Brasil foi fundado pelo então Príncipe Regente Dom João, em 12 de outubro de 1808, com
o objetivo inicial de suprir a escassez de moeda corrente e proporcionar fundos para manutenção da
corte portuguesa no Brasil. Ver Franco & Pacheco (1979).
7
No início as comunicações eram precárias, não raras vezes interrompidas por motivos
como o excesso de umidade em um dia chuvoso. Posteriormente, com o desenvolvimento da
fibra ótica e das centrais digitais inteligentes, o processamento de dados foi aperfeiçoado,
fazendo com que o tempo real da transmissão de informações e acontecimentos permitisse a
superação definitiva da perspectiva geométrica pela perspectiva eletrônica e a interação entre
homem e máquina passasse a ser uma constante no trabalho bancário (Fernaud, 1998;
Reis, 1998; Lévy, 1993).
3
O home banking ou personal banking é um serviço oferecido pela maioria dos grandes bancos.
Permite ao cliente realizar transações bancárias utilizando um computador pessoal, na residência ou
no escritório, não sendo necessário o deslocamento até uma agência bancária. Ao realizar pesquisa
sobre a utilização da INTERNET pelos bancos como canal de distribuição e prestação de serviços,
Diniz (1998) identificou mais de 50 bancos brasileiros que já oferecem este tipo de serviço, a maioria
deles de maneira um pouco incipiente e sem utilizar a totalidade dos recursos disponíveis na Rede.
Esse autor afirma, ainda, que no Brasil o home banking está em fase inicial de desenvolvimento, mas
seu uso deve ser bastante disseminado nos próximos anos.
4
Ácido Desoxirribonucléico; molécula que contém informações genéticas.
8
Tabela 1: Evolução do emprego remunerado nas indústrias manufatureiras em vários países
desenvolvidos (números em milhares)*.
9
Tabela 2: Estoque Estimado de Empregos no Setor Financeiro*.
Bancos Múltiplos, Comerciais, de Investimento, Caixas Econômicas e outros.
Brasil 1989-1998 (números relativos ao final de cada exercício).
VARIAÇÃO NO 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998
PERÍODO
Postos de Trabalho 811.425 740.745 687.326 669.413 658.849 624.756 558.691 497.109 463.329 422.493
Variação Absoluta 12.424 -70.680 -53.419 -17.913 -10.564 -34.093 -66.065 -61.582 -33.780 -40.836
Variação Relativa +1,7% -8,7% -7,2% -2,6% -1,6% -5,2% -10,6% -11,0% -6,8% -8,8%
5
Porter (1997) classifica como “entrantes” as empresas que têm potencial e desejo de entrar e competir
em uma indústria específica para ganhar parcela do mercado.
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correntes, a realização de operações de crédito e o desconto de títulos. Os denominados
concorrentes não-bancários são empresas que, embora não exerçam as funções tradicionais dos
bancos (captação de depósitos, por exemplo) e nem possuam autorização legal para tanto,
competem no setor financeiro, oferecendo determinados produtos e serviços típicos da indústria
bancária. São exemplos de competidores não-bancários as corretoras de títulos e valores
mobiliários, administradoras de cartões de crédito, cooperativas de crédito, factorings6 e
financeiras, empresas cada vez mais atuantes no mercado financeiro.
Segundo Reis (1998), essas empresas, pelo fato de possuírem estruturas enxutas e
flexíveis e atuarem apenas em determinados nichos do mercado, geralmente conseguem
desenvolver produtos e serviços específicos para esses nichos, com agilidade, qualidade e
padrão de relacionamento com a clientela superiores aos oferecidos pelas estruturas pesadas dos
bancos tradicionais. Esse autor (id.ib.) comenta que isso tem acontecido, por exemplo, no
mercado de gestão de recursos de terceiros, onde empresas administradoras independentes, não
vinculadas a bancos, têm-se posicionado como fortes concorrentes na indústria financeira,
à medida que cobram taxas menores que os bancos e oferecem atendimento personalizado,
atuando como consultores financeiros.
Para demonstrar a amplitude das mudanças que vêm ocorrendo na indústria bancária,
Fernaud (1998) compara o passado recente e a situação atual das organizações financeiras,
evidenciando as transformações no contexto e no negócio dos bancos. No quadro comparativo
apresentado por esse autor (ver Quadro 1), percebe-se que a indústria bancária evoluiu de uma
situação relativamente estática e previsível, em que se enfatizava a eficiência do processo
produtivo, para um ambiente bastante dinâmico e competitivo, onde a criatividade e a inovação
são fundamentais para o desenvolvimento da capacidade competitiva.
6
Uma operação de factoring consiste, basicamente, na venda de ativos (duplicatas ou cheques pré-
datados, por exemplo) a uma empresa compradora (factor), que pagará ao vendedor certo deságio
sobre o valor desse ativo. Ver Fortuna (1996).
11
Quadro 1: Comparativo entre o passado recente e a situação atual das organizações bancárias.
PASSADO RECENTE SITUAÇÃO ATUAL
Estabilidade Instabilidade
Ambiente relativamente estático Ambiente dinâmico e turbulento
CONTEXTO G ERAL Previsibilidade Imprevisibilidade
Projeção do futuro baseada na Imaginação e descobrimento do
experiência passada futuro
Fazer a mesma coisa com mais Desenvolver a capacidade
CONTEXTO eficiência competitiva com base na
ECONÔMICO estratégia, segmentação,
especialização e diferenciação
Oferecer produtos e serviços Satisfazer necessidades do
NEGÓCIO financeiros mercado com produtos e
serviços financeiros
Fonte: Fernaud (1998), com adaptações.
Para Oliveira et alii (1997), em um futuro próximo as agências bancárias, que hoje
representam os principais centros de vendas e transações financeiras, serão apenas um canal
alternativo de distribuição de produtos e serviços. Isso porque, com a automação dos serviços
operacionais, crescimento do comércio eletrônico e desenvolvimento de terminais de auto-
atendimento, que realizam grande variedade de operações, há uma tendência de migração das
transações bancárias para fora das agências, conforme comenta Costa Filho (1996).
12
Sanford Jr. (1993), por sua vez, comenta que as atividades básicas que caracterizam as
agências bancárias, como as operações de financiamento, gerenciamento de risco,
comercialização, consultoria e processamento de transações, provavelmente continuarão a
existir no futuro, mas certamente de maneira diversa daquela como são conhecidas atualmente.
Para esse autor, os bancos funcionarão como agências de informação, identificando e
relacionando clientes que desejam proteger-se de um risco7 e clientes que desejam adquirir esse
risco, satisfazendo, assim, às necessidades particulares de ambos. A comercialização de ativos e
o processamento de transações, por sua vez, poderão se dar com a utilização de cartões
magnéticos inteligentes8 , que permitam aos portadores transferir a terceiros os ativos registrados
no cartão. Sanford Jr. (id.ib.) alega, ainda, que no futuro uma das funções mais importantes dos
bancos será prestar consultoria, isto é, tomar decisões em nome dos clientes ou dar-lhes
informações e conselhos que os ajudem a tomá-las.
Rajan (1996) também comenta que as atividades básicas dos bancos comerciais
continuarão a existir, mas, no futuro, as instituições financeiras utilizarão outros veículos para
oferecer e distribuir seus produtos e serviços. Segundo esse autor, há uma tendência de
desregulamentação dos sistemas financeiros em âmbito mundial que, aliada ao ambiente de
inovação e desenvolvimento tecnológico no qual a indústria bancária já está inserida, permitirá
aos bancos o exercício de uma série de outras atividades e o oferecimento de produtos e serviços
não-financeiros.
7
Neste caso, risco é o grau de incerteza a respeito de uma operação financeira, como, por exemplo, a
probabilidade do lucro decorrente de um investimento ou aplicação financeira não se realizar como
previsto. Quanto maior a incerteza a respeito de uma operação ou a probabilidade de fracasso, maior
o risco. Ver Securato (1996).
8
Os cartões inteligentes, já utilizados na Europa, além de reunirem as características dos cartões de
débito e crédito, possuem um chip que permite sua utilização em diversas outras funções, como, por
exemplo, o registro de imóveis, outros ativos imobilizados, dados cadastrais e médicos do portador.
Ver Fortuna (1996).
13
Blatter (1996), por sua vez, apresenta um estudo sobre o mercado europeu, mostrando a
tendência de crescimento da associação de bancos com seguradoras, caracterizado pela venda de
seguros diversos pelas agências bancárias. Sobre o mercado de cartões de crédito,
Stanton (1994) apresenta um estudo de caso sobre o American Express, que mostra como esse
cartão perdeu parcela significativa do mercado, sobretudo em razão da estratégia utilizada pelas
bandeiras Visa e MarterCard, seus principais concorrentes, de associação com grandes redes
bancárias para distribuição de cartões em todo o mundo.
É possível perceber como o papel desempenhado pelo bancário tem sofrido os impactos
da dinâmica tecnológica, da globalização de mercados e de processos de racionalização do
trabalho. Accorsi (1992) comenta que, nas décadas de 50 e 60, o contador era um dos
profissionais mais importantes de uma agência de banco. À época, o bancário era um
profissional altamente capacitado, tinha reconhecimento social e era tido pela comunidade como
referência em termos de assessoria financeira. Para trabalhar em um banco era necessário ter
sólida formação e conhecimentos de economia, contabilidade e administração. Nas décadas de
70 e 80, entretanto, com os processos de automação e racionalização do trabalho, ocorreu o
empobrecimento de cargos e a proletarização do funcionário bancário, que passou a representar
mera engrenagem no processo produtivo dos bancos. A padronização de rotinas dispensou
qualquer conhecimento específico para ocupar os cargos de escriturário e caixa, bastando o
segundo grau completo. O contador simplesmente desapareceu, cedendo lugar ao gerente
administrativo. O profissional bancário perdeu a função de consultor, bem como a possibilidade
de criação e inovação no trabalho.
15
No início dos anos 90, sobretudo em razão da globalização e do acirramento da
concorrência, novos desafios passaram a ser atribuídos aos profissionais da indústria bancária.
Oliveira et alii (1997) comentam que os funcionários de bancos, antes em grande parte alocados
em tarefas operacionais e burocráticas, agora têm sido destinados em sua maioria para
atividades relacionadas à geração de novos negócios e à conquista e retenção de clientes. Na
mesma linha, Flur et alii (1996), Blatter (1996) e Edwards (1999) sugerem que, atualmente,
muito mais que simples operadores de periféricos e caixas, os bancários têm atuado como
vendedores especializados, corretores de seguros e até mesmo consultores financeiros. Ou seja,
parece que o bancário está, aos poucos, recuperando o status que possuiu no passado, de
profissional altamente qualificado, reconhecido socialmente e que desempenha um papel
semelhante ao de um consultor de negócios.
Sobre essa dinâmica dos papéis representados pelos indivíduos e grupos nas
organizações, Schein (1995) comenta que o trabalho humano muda em um ritmo cada vez mais
rápido, exigindo das pessoas o desenvolvimento de novas competências, em especial da
flexibilidade e da capacidade para lidar com situações não convencionais. Esse autor aponta
algumas tendências e cenários futuros do mundo do trabalho que, embora sejam genéricas,
dizendo respeito ao ambiente empresarial como um todo, parecem representar o contexto em
que a indústria bancária está inserida. Entre as principais tendências comentadas pelo autor é
possível citar ( id.ib.):
3 O clima organizacional deve ser cada vez mais cooperativo, à medida que o desafio
que se configura é o de ser competitivo no mercado e agir de modo cooperativo
internamente; e
17
Quadro 2: O perfil idealizado do novo profissional bancário.
FATOR DESCRIÇÃO
Foco em resultados Atenção aos fins e não aos meios. Foco nos objetivos organizacionais.
Relacionamento Capacidade de trabalhar em equipe, de comunicar-se e integrar-se aos
interpessoal membros do grupo.
Capacidade de antever o futuro, identificando ameaças e transformando-as
Visão de futuro
em oportunidades.
Busca permanente por aprimoramento profissional, em especial na área de
Aprendizagem contínua
informática, Internet e outras tecnologias.
Cooperação/Visão Compartilhar conhecimentos e idéias e contribuir para as demais áreas de
integrada empresa.
Melhor qualificação, formação ampla e geral, e conhecimentos dos produtos
Formação generalista
e serviços oferecidos pelo banco.
Capacidade de tomar Assumir responsabilidades, apresentar respostas rápidas e tomar decisões
iniciativas diante de situações imprevisíveis.
Fonte: FENABAN apud Jornal O Dia (1999), com adaptações.
18
Fernaud (1998) explica que os quadrantes superiores do Quadro 3 representam as
atitudes ou características pessoais que são herdadas ou formam parte da estrutura da
personalidade do indivíduo, enquanto os quadrantes inferiores representam habilidades que
podem ser adquiridas ao longo da vida pessoal e profissional da pessoa. Segundo esse autor,
a relevância de cada um desses atributos varia conforme o nível ocupado pelo trabalhador
dentro da estrutura organizacional. Por exemplo, dos funcionários em início de carreira
geralmente é exigido mais educação formal e desejo de aprender e saber, enquanto para a alta
gerência tornam-se mais relevantes a tenacidade e a liderança (id.ib.).
Izumi (1997) realizou estudo de caso de dois bancos nacionais, um privado e outro
estatal, através do qual se propôs a investigar as relações entre a qualificação do bancário e a
exigência, por parte dos bancos, de um novo perfil profissional no atual contexto de
modernização e reestruturação produtiva da indústria financeira nacional. Segundo o autor, os
bancos brasileiros vêm exigindo de seus profissionais não apenas flexibilidade, polivalência no
19
atendimento ao cliente, capacidade de raciocínio lógico e de solução de problemas, mas,
sobretudo, requisitos funcionais característicos de um vendedor. Ele afirma que essa noção de
polivalência vinculada à incorporação de novas qualificações é resultante principalmente da
reorientação das atividades bancárias – de uma ênfase na intermediação financeira para um
enfoque na venda de produtos e serviços. Em sua pesquisa, Izumi (1997) realizou entrevistas em
profundidade junto a 30 bancários, sendo 1 deles dirigente sindical, 15 pertencentes a um banco
privado nacional e 14 a um banco estatal. Concluiu que a noção da função de “vendedor” remete
o bancário a uma ênfase no desenvolvimento de atributos como a comunicabilidade, a facilidade
de expressão, a cordialidade e a habilidade em negociações e vendas.
20
3. G ESTÃO BASEADA NAS COMPETÊNCIAS
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3. G ESTÃO BASEADA NAS COMPETÊNCIAS
Nos últimos anos, as organizações, cada vez mais conscientes de que seu sucesso será
determinado pela qualificação de seus empregados, passaram a atribuir maior relevância à
gestão estratégica de recursos humanos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento
de competências humanas ou profissionais. O interesse pelo assunto estimulou a realização de
pesquisas e estudos, dando origem a uma corrente teórica que propõe a “gestão baseada nas
competências” como mecanismo para gerar e sustentar vantagem competitiva.
Não é recente a preocupação das organizações em contar com pessoas preparadas para o
desempenho eficiente de dada função. Taylor (1970, p.26) já alertava, no início deste século,
para a necessidade de as empresas contarem com “homens eficientes”, ressaltando que a procura
pelos competentes excedia à oferta. À época, baseadas no princípio taylorista de seleção e
treinamento do trabalhador, as empresas procuravam aperfeiçoar em seus empregados as
habilidades necessárias para o exercício de atividades específicas, restringindo-se basicamente
às questões técnicas ligadas ao trabalho. Posteriormente, em decorrência de pressões sociais e do
aumento da complexidade das relações de trabalho, as organizações, valendo-se de
1
Uma síntese do conteúdo deste capítulo encontra-se presente no artigo “Gestão de competências e
gestão de desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo constructo?”, elaborado
por este autor, em co-autoria com seu orientador. Ver Brandão & Guimarães (1999).
22
contribuições das ciências sociais, sobretudo da psicologia e da sociologia, passaram a
considerar, no processo de desenvolvimento profissional de seus empregados, não só questões
técnicas, mas também aspectos sociais e afetivos relacionados ao trabalho.
Zarifian (1996a, 1996b e 1999), por outro lado, propõe uma definição centrada
essencialmente na mudança de atitude social do homem em relação ao trabalho e à organização
à qual pertence. O autor trata a competência como a tomada de iniciativa e de responsabilidade
do trabalhador sobre as situações profissionais com as quais ele se defronta. Para
Zarifian (1996a, p.5), competência é "assumir responsabilidades frente a situações de trabalho
complexas [aliado] ...ao exercício sistemático de uma reflexividade no trabalho", que permita
ao profissional lidar com eventos inéditos, surpreendentes, de natureza singular. Em sua
proposta, esse autor refere-se basicamente à metacognição e a atitudes relacionadas ao trabalho
e atribui menor importância aos aspectos técnicos, baseando-se no pressuposto de que, em um
ambiente dinâmico e competitivo, não é possível considerar o trabalho, mesmo que englobe a
dimensão da equipe, como um conjunto de tarefas ou atividades pré-definidas e estáticas.
23
Para Klemp (apud Whiddett & Hollyforde, 1999), competências podem ser definidas
como atributos pessoais que predizem a efetividade ou o alto desempenho de um indivíduo no
trabalho. Whiddett & Hollyforde (1999) comentam que esses atributos podem compreender
motivações, qualidades e habilidades, dentre outros, os quais podem ser evidenciados através da
maneira pela qual a pessoa se comporta no ambiente de trabalho. Neste caso, as competências
poderiam ser descritas em termos de comportamentos requeridos para realização de determinada
atividade. Sparrow & Bognanno (1994), nessa mesma linha, afirmam que competências
representam comportamentos identificados como relevantes para obtenção de alto desempenho
em um trabalho específico, ao longo de uma carreira profissional ou no contexto de uma
estratégia corporativa.
Existem, ainda, autores que definem competência não apenas como um conjunto de
qualificações que o indivíduo detém, mas também como o resultado ou efeito da aplicação
dessas qualificações no trabalho. Neste caso, o resultado alcançado, ou seja, o desempenho do
indivíduo no trabalho, representaria, em última instância, a sua própria competência ou uma
medida desta. Para Ropé & Tanguy (1997), por exemplo, um dos aspectos essenciais da noção
de competência é que esta não pode ser compreendida de forma dissociada da ação.
Le Boterf (1999) afirma que cada ação competente é produto de uma combinação de recursos.
Segundo esse autor, é no saber mobilizar e aplicar esses recursos que reside a riqueza do
profissional, ou seja, sua competência (id.ib.). Dutra et alii (1998), por sua vez, tratam a
competência como a capacidade de uma pessoa gerar resultados de acordo com os objetivos
organizacionais, que se traduz tanto pelo resultado ou desempenho esperado como pelo conjunto
de qualificações necessárias para seu alcance. Essa interdependência entre competência e
desempenho será comentada mais adiante.
2
Henri Pestalozzi (1746-1827), pedagogo suíço, idealizou a educação como o desenvolvimento natural,
espontâneo e harmônico das capacidades humanas, que se revelam na tríplice atividade da cabeça,
das mãos e do coração (head, hand e heart), isto é, na vida intelectual, psicomotora e moral do
indivíduo (Larroyo, 1974).
24
Também segundo Durand (1999), conhecimento corresponde a uma série de
informações assimiladas e estruturadas pelo indivíduo, que lhe permitem “entender o mundo”,
ou seja, o saber que a pessoa acumulou ao longo da vida. Davenport & Prusak (1998) e
Davis & Botkin (1994) explicam que o conhecimento deriva da informação, que, por sua vez,
deriva de conjuntos de dados. Segundo esses autores, dados são séries de fatos ou eventos
isolados; informações são dados que, percebidos pelo indivíduo, têm relevância, propósito e
causam impacto em seu julgamento ou comportamento; e conhecimentos são conjuntos de
informações reconhecidas e integradas pelo indivíduo dentro de um esquema pré-existente. Essa
dimensão do modelo proposto por Durand (1999) faz parte do que Bloom et alii (1979), em sua
taxonomia de objetivos educacionais3 , denominaram domínio cognitivo. Para esses autores,
conhecimento é algo relacionado à lembrança de idéias ou fenômenos, alguma coisa registrada
ou acumulada na mente da pessoa (id.ib.). Da mesma forma, Gagné et alii (1988), ao também
classificarem objetivos instrucionais4 , fazem referência ao conhecimento como estruturas de
informações ou proposições armazenadas na memória do indivíduo.
A habilidade , por sua vez, está relacionada ao saber como fazer algo (Gagné et alii,
1988) ou à capacidade de aplicar e fazer uso produtivo do conhecimento adquirido, ou seja, de
instaurar informações e utilizá-las em uma ação, com vistas ao atingimento de um propósito
específico (Durand, 1999). Segundo Bloom et alii (1979), a definição operacional mais comum
sobre habilidade é a de que o indivíduo pode buscar em suas experiências anteriores
informações, sejam elas de fatos ou princípios, e técnicas apropriadas para examinar e
solucionar um problema qualquer. As habilidades podem ser classificadas como intelectuais,
quando abrangerem essencialmente processos mentais de organização e reorganização de
informações – por exemplo, em uma conversação ou na realização de uma operação
matemática – e como motoras ou manipulativas, quando pressupuserem uma coordenação
neuromuscular, como na realização de um desenho ou na escrita a lápis, por exemplo (Bloom
et alii, 1979; Gagné et alii, 1988).
3
Bloom et alii (1973 e 1979) desenvolveram uma classificação de objetivos educacionais baseada em
três domínios: cognitivo (objetivos vinculados à memória e ao desenvolvimento de capacidades
intelectuais); afetivo (objetivos que descrevem mudanças de interesses, atitudes e valores); e
psicomotor (objetivos relacionados ao desenvolvimento de habilidades manipulativas ou motoras).
4
Gagné et alii (1988) classificaram os objetivos educacionais em 5 categorias, de acordo com as
capacidades humanas a serem desenvolvidas: habilidades intelectuais, estratégias cognitivas,
conhecimento ou informação verbal, habilidades motoras e atitudes.
25
explicando que habilidade refere-se ao saber como fazer algo dentro de determinado processo
(know-how), enquanto conhecimento diz respeito ao saber o que e por que fazer (know-what e
know-why), ou seja, à compreensão do princípio teórico que rege esse processo e seu propósito.
Essas três dimensões da competência são interdependentes, uma vez que, para a
exposição de uma habilidade, por exemplo, presume-se que o indivíduo conheça princípios ou
técnicas específicas. Da mesma forma, a adoção de determinado comportamento no trabalho
exige da pessoa, não raras vezes, a detenção não apenas de conhecimentos, mas também de
habilidades e atitudes apropriadas. A Figura 1 ilustra o conceito de competência sugerido por
Durand (1999), evidenciando o caráter de interdependência e complementaridade entre as
dimensões do modelo (conhecimentos, habilidades e atitudes), bem como a necessidade de
aplicação conjunta dessas dimensões em torno de um objetivo qualquer. Durand (id.ib.)
acrescenta que o desenvolvimento de competências se dá por meio da aprendizagem individual e
coletiva, envolvendo simultaneamente as três dimensões do modelo, isto é, pela assimilação de
conhecimentos, aquisição de habilidades e internalização de atitudes relevantes à consecução de
determinado propósito ou à obtenção de alto desempenho no trabalho.
26
Figura 1: As três dimensões da competência.
• Informação
Conhecimentos
• Saber o que e por que
fazer
Habilidades Atitudes
• Técnica • Interesse
• Destreza • Determinação
• Saber como fazer • Querer fazer
Ropé & Tanguy (1997) chamam a atenção para o caráter dinâmico das competências.
Segundo essas autoras, enquanto o domínio de uma profissão, uma vez adquirido e certificado
por um diploma, não pode ser questionado, as competências são tidas como
“propriedades específicas valorizadas em uma atividade, mas eminentemente instáveis e
provisórias” (id.ib., p.205). Além de relacionadas a contextos organizacionais singulares, as
competências submetem o trabalhador a um processo permanente de validação, que exige dele a
28
constante comprovação de sua adequação ao posto de trabalho ou de seu direito a uma
promoção. Tauile ( apud Leite, 1996), por sua vez, comenta que os conhecimentos e habilidades
inerentes a um indivíduo possuem valor transitório, uma vez que as tecnologias organizacionais
são dinâmicas e impõem novas necessidades de qualificação a cada dia. Uma competência tida
hoje como essencial em um contexto organizacional específico pode, amanhã, tornar-se
obsoleta, em razão da introdução de inovações tecnológicas no ambiente de trabalho ou mesmo
de uma reorientação estratégica da organização.
5
Joseph Alois Schumpeter (1883-1948), economista austríaco, em sua Teoria do Desenvolvimento
Econômico, faz considerações sobre a estrutura dinâmica da economia, na qual o fenômeno do
desenvolvimento econômico se dá pela figura do empreendedor, um agente econômico que traz novos
produtos para o mercado por meio de combinações mais eficientes dos fatores de produção, ou pela
aplicação prática de uma inovação tecnológica. Ver Schumpeter (1997).
29
Sparrow & Bognanno (1994), seguindo as proposições acerca da influência de inovações
tecnológicas sobre a qualificação profissional, sugerem a classificação das competências
conforme a sua relevância, demonstrando o seu caráter dinâmico. Segundo os referidos
autores (id.ib.), as competências estão inseridas em um ciclo de relevância ao longo do tempo,
sendo possível classificá-las em quatro categorias distintas:
3 Emergentes: competências que não eram relevantes até então, mas a orientação
estratégica da organização ou o desenvolvimento tecnológico as enfatizarão em um
futuro próximo. Exemplos6 : domínio de idiomas estrangeiros, capacidade de navegar
na INTERNET e autogerenciamento da carreira profissional.
A Figura 2 ilustra o modelo proposto por Sparrow & Bognanno (1994). Demonstra que
algumas competências mantêm inalterado seu grau de importância para a organização, enquanto
outras perdem ou ganham relevância ao longo do tempo, sobretudo em razão de inovações
tecnológicas e de mudanças na estratégia corporativa. Vale ressaltar que, em alguns casos,
é possível considerar “estáveis ou essenciais” as competências que esses autores denominaram
“transitórias”, principalmente em ambientes empresariais nos quais os processos de mudança e
as crises são parte do dia-a-dia, fazendo com que a capacidade de conviver com a incerteza,
administrar o stress e trabalhar sob pressão permaneça relevante ao longo do tempo (e não
apenas em um momento de transição específico). Bom exemplo são as operadoras de títulos e
valores que atuam no mercado de derivativos das bolsas de valores. Nesse mercado , a
complexidade e instabilidade do ambiente externo impactam tão profundamente a rentabilidade
das operações que os profissionais se vêem obrigados a conviver permanentemente com o stress
e a ansiedade.
6
Exemplos de competências profissionais sugeridos por Leite & Machado Neto (1997) no contexto da
indústria bancária brasileira.
30
Figura 2: O ciclo dinâmico das competências.
Relevância da Competência
Transitórias
Emergentes
Estáveis ou
Essenciais
Declinantes
Tempo
Presente Futuro
Sparrow & Bognanno (1994) sugerem que, utilizando essa tipologia para identificar e
mapear as competências necessárias ao sucesso organizacional, torna-se possível gerenciá-las,
direcionando os esforços e recursos da organização não apenas para manutenção das
competências consideradas essenciais, mas também para o desenvolvimento daquelas tidas
como emergentes. Essa classificação permite a adoção de uma postura proativa por parte da
organização e de seus profissionais, no sentido de desenvolverem no presente as competências
que serão necessárias no futuro. A seguir, são expostas as origens, pressupostos e características
da “gestão baseada nas competências”.
A Teoria da Gestão Baseada nos Recursos sugere, ainda, que a gestão estratégica de
recursos humanos contribui para conferir vantagem competitiva sustentável à organização por
promover o desenvolvimento de habilidades, produzir um complexo de relações sociais e gerar
conhecimento tácito. A gestão de competências surge, então, como uma aplicação ou derivação
dessa teoria, ou seja, como um mecanismo para promover a gestão estratégica de recursos
humanos e, por conseguinte, gerar diferencial competitivo para a organização.
7
Porter (1997) menciona que o grau de concorrência ou competitividade de uma organização depende
de cinco forças competitivas externas à indústria: fornecedores, concorrentes, entrantes potenciais,
compradores e produtos substitutos.
32
na ausência de ações que minimizem eventual lacuna de competências, há uma tendência natural
de crescimento da lacuna, ao longo do tempo, seja em razão da obsolescência das competências
que a empresa possui, seja como decorrência de um aumento da complexidade do ambiente
externo, que exige da organização a detenção de novas competências ( id.ib.).
Visão Dinâmica
Competências
Necessárias
Gap 0 Gap1
Competências
Atuais
Tempo
T0 T1
8
Sobre métodos para diagnóstico de necessidades de treinamento, ver Borges-Andrade & Lima (1983),
Magalhães (1996) e Borges-Andrade (1997).
33
pode assumir uma visão prospectiva, ao identificar, também, as competências consideradas
emergentes (aquelas que serão relevantes em um futuro próximo), conforme proposto por
Sparrow & Bognanno (1994), o que possibilita à organização a adoção de uma atitude proativa,
no sentido de desenvolver no presente as competências que serão necessárias no futuro.
Planejamento Avaliação
Estabelecer objetivos Comparar resultados Apurar os
e metas a partir da alcançados com resultados
intenção estratégica resultados esperados alcançados
Planejar a captação
Mapear o gap de
e/ou desenvolvimento
competências Desenvolvimento
de competências
Definir o Disponibilizar e
mecanismo de orientar o
desenvolvimento aproveitamento
9
Associação de empresas, não definitiva, para explorar determinado negócio, sem que nenhuma delas
perca sua personalidade jurídica.
34
Tomando-se como referência o modelo de gestão de competências sugerido por
Ienaga (1998) apresentado na Figura 4, pode-se afirmar que a pesquisa descrita nos próximos
capítulos se propôs a identificar quais competências profissionais, inclusive aquelas
consideradas emergentes, são necessárias à consecução de objetivos da organização estudada.
Segundo Hamel & Prahalad (1989), as empresas que conseguiram elevar-se à liderança
global ao longo dos últimos 20 anos começaram com ambições totalmente desproporcionais em
relação aos seus recursos e capacitações. A competitividade de uma organização parece ser
determinada, cada vez mais, pela sua capacidade de desenvolver rapidamente certos atributos,
eliminando sua eventual lacuna de competências ou mantendo-a em patamares que lhe
proporcionem certa vantagem competitiva. Trata-se de um exercício contínuo que toma como
referência a intenção estratégica da organização e orienta suas diversas políticas e ações,
gerando o que Tilles (1997, p.6) denominou “consistência interna da estratégia”, ou seja, um
impacto positivo cumulativo dessas políticas e ações sobre o desempenho organizacional.
10
Levitt propõe classificar produtos e serviços de acordo com o nível de atendimento das expectativas
do cliente. Para ele, um produto ou serviço pode ser: a) genérico (a coisa substantiva, rudimentar,
essencial para inserção no mercado); b) esperado (aquele que atende às expectativas mínimas do
cliente); c) aumentado (aquele que supera às expectativas do cliente); ou d) potencial (consiste em
tudo o que é potencialmente viável e capaz de atrair e manter clientes).
35
3.6 - Exemplos de aplicações práticas
Spencer & Spencer (1993), por exemplo – com base em trabalhos de consultoria
organizacional por eles realizados, em pesquisas sobre o ambiente empresarial americano e sua
força de trabalho, bem como em tendências econômicas e tecnológicas –, elaboraram uma
matriz de competências profissionais que consideram importantes para executivos, gerentes e
empregados das organizações do futuro (ver Anexo A). Esses autores afirmam que tais
competências representam capacitações pessoais (qualidade de ser capaz de fazer algo) que
podem ser identificadas, desenvolvidas e mensuradas no ambiente de trabalho, sendo relevantes
para ajudar pessoas, organizações e sociedades a ser mais produtivas, eficazes e a vencer os
desafios do próximo milênio ( id.ib.).
A British Petroleum – BP é uma das empresas britânicas que utilizam a gestão baseada
nas competências como parte de sua estratégia corporativa. Em 1990, a direção da empresa
iniciou um processo de reestruturação organizacional, desenvolvendo um modelo de gestão de
competências para disseminar novos valores e práticas e estimular o corpo gerencial a atuar
como protagonista no processo de mudanças (Sparrow & Bognanno, 1994). Esse modelo teve
como objetivo inicial identificar e desenvolver um repertório de competências profissionais
consideradas relevantes para o contexto da empresa, para melhoria do desempenho
organizacional e para a implementação de uma nova estratégia corporativa.
36
Para identificar tais competências, a BP valeu-se de dois métodos de investigação:
entrevista a especialistas e realização de Focus Groups11 com a participação de funcionários de
diferentes níveis e segmentos da organização. A pesquisa permitiu a identificação de 4 grupos
de competências, constituídos a partir de um repertório de mais de 60 comportamentos
observáveis no trabalho, considerados essenciais para o sucesso da empresa. Esse repertório foi
intitulado “OPEN competencies” (id.ib.):
O Kirtland Community College, por sua vez, uma instituição universitária americana,
desenvolveu projeto intitulado The General Education Core Competencies (competências
essenciais para a educação geral). Por meio dele procurou identificar uma série de competências
consideradas fundamentais para a formação geral do indivíduo. Tais competências foram
definidas inicialmente mediante discussões entre os docentes e depois submetidas à apreciação
de pais, alunos, empresários e outros representantes da comunidade. Pessoas anônimas também
puderam discutir e enviar seus comentários e sugestões pela INTERNET. Neste caso, as
competências identificadas (ver Anexo B) foram consideradas relevantes para a educação geral
do cidadão, independente da profissão, ramo de atuação ou contexto profissional, sendo
utilizadas pelo Kirtland para revisar os conteúdos programáticos e enfoques dos diversos cursos
11
Focus Group, ou “pesquisa focada em grupos”, é uma técnica de investigação que utiliza entrevistas
grupais, pouco estruturadas, com a participação de um moderador e um pequeno número de
participantes, para obter dados sobre determinado assunto ou fenômeno. Ver Mattar (1996).
37
que oferece, e servindo como referência para a criação de novos treinamentos (Giacobazzi,
1997; Kirtland Community College, 1999).
A partir de pesquisa realizada junto a cerca de 4.000 gerentes de sucesso que atuavam
em diferentes setores da economia européia e com base no pressuposto de que algumas
competências e padrões de desempenho são comuns ao segmento gerencial, o MCI identificou
sete “papéis-chave” para esse segmento profissional: gerenciar atividades, recursos, pessoas,
informações, energia, qualidade e projetos.
38
Figura 5: Exemplo de elemento de competência relacionado ao “papel-chave” de gerenciar atividades
(Management Charter Initiative – MCI)
ELEMENTO DE COMPETÊNCIA:
Planejar a implementação de mudanças em atividades.
PALAVRAS-CHAVE/CONCEITO:
Para planejar a implementação de mudanças em atividades, faz-se necessário
considerar todos os atores e aspectos envolvidos e planejar as mudanças,
identificando possíveis obstáculos e respectivas estratégias para superá-los.
PADRÃO DE DESEMPENHO:
Planejar a implementação de mudanças em atividades de forma detalhada,
compreensiva, acurada e consistente com os objetivos organizacionais.
CONHECIMENTOS REQUERIDOS:
Envolvimento e motivação: saber como obter o comprometimento de pessoas em
processos de mudança; e
Planejamento: conhecer técnicas e a importância do planejamento para a gestão de
mudanças.
EVIDÊNCIAS REQUERIDAS:
Faz-se necessário ao gestor provar que é capaz de planejar a implementação de
mudanças em atividades, de acordo com os padrões de desempenho requeridos.
EXEMPLOS DE EVIDÊNCIAS:
Produtos ou resultados: planos de implementação.
39
Após a implementação de um modelo de gestão baseado nessas 11 competências
gerenciais, o Natwest realizou ampla análise dos resultados, através de centros de avaliação de
desempenho e de auto-avaliações, submetendo questionários a executivos, pares e subordinados.
Os resultados dessa investigação indicaram, de forma significativa, que altos níveis de
performance eram atingidos quando os gerentes utilizavam tais competências (Cockerill, 1994).
40
A gestão de desempenho surgiu nos últimos anos como um conceito alternativo às
técnicas tradicionalmente utilizadas para avaliação do desempenho humano. Avaliar significa,
em síntese, comparar resultados alcançados com aqueles que eram esperados (planejados), de
forma que apenas o trabalho previamente planejado deve ser objeto de avaliação. Isso pressupõe
não só a comparação entre o que se espera do indivíduo em termos de desempenho (resultado
esperado) e a sua atuação efetiva (trabalho realizado), mas também a existência de um
mecanismo de acompanhamento que permita corrigir desvios para assegurar que a execução
corresponda ao que foi planejado (Brandão & Guimarães, 1999; Alury & Riechel, 1994).
Segundo Guimarães (1998), o termo gestão dá ao mecanismo de avaliação a conotação de um
processo que envolve atividades de planejamento, acompanhamento e avaliação propriamente
dita. Esse autor (id.ib.) sustenta que as organizações modernas necessitam dispor de mecanismos
de avaliação de desempenho em seus diversos níveis, desde o corporativo até o individual.
Ou seja, faz-se necessário contar com um sistema mais amplo de gestão de desempenho, em
nível organizacional e não apenas individual, pois, como sugerem Oliveira-Castro et alii (1996),
o desempenho no trabalho é resultante não apenas das competências inerentes ao indivíduo, mas
também de relações interpessoais, do ambiente de trabalho e das características da organização.
Com o propósito de contribuir para o debate teórico e prático em torno do tema, Brandão
& Guimarães (1999) realizaram uma análise crítica dos conceitos que permeiam a gestão de
competências e a gestão de desempenho, suas origens e aplicações no campo organizacional.
Identificaram, entre outros, os seguintes pontos de semelhança entre esses dois modelos ou
instrumentos de gestão:
41
avaliar, sendo necessária nesse processo a aplicação conjunta de pressupostos e
processos subjacentes a ambos os modelos; e
A partir dessa análise comparativa, esses autores (id.ib.) concluem que, muito mais do
que tecnologias independentes ou distintas, a gestão de competências e a gestão de desempenho
representam instrumentos que se complementam em um contexto mais amplo de gestão
organizacional. Nessa mesma linha, Guimarães et alii (2000) sugerem um diagrama (ver
Figura 6) que procura integrar, em um único modelo, as atividades de planejamento,
acompanhamento e avaliação de desempenho, a partir de um diagnóstico das competências
essencias à organização, desde o nível corporativo até o individual. Para denominar esse
processo, Brandão & Guimarães (1999) propõem a utilização da expressão “gestão de
desempenho baseada nas competências”, à medida que esta considera o caráter de
complementaridade e interdependência entre a competência e o desempenho.
Formulação da
Estratégia Organizacional Formulação dos
Identificação e
Planos
Desenvol-
Operacionais
vimento
de Trabalho e
de
Definição da Visão de Futuro, de Gestão
Competências
Negócio e Modelo de Gestão
Internas
da Organização Diagnóstico
das
Competências
Diagnóstico das Competências Humanas Seleção e
Definição de
Essenciais à Organização Desenvol-
vimento Indicadores de
de Desempenho e de
Competências Remuneração de
Definição de Objetivos e Equipes e
Indicadores de Desempenho Externas
Indivíduos
Organizacionais
Acompanhamento e Avaliação
Parece que as recentes transformações ocorridas no mundo do trabalho, que colocam tão
em voga questões como competência, desempenho e empregabilidade 12 , não decorrem de uma
simples fatalidade, mas, sim, da opção por um modelo de organização produtiva apoiado em
conquistas tecnológicas, econômicas e no processo de globalização de mercados. De fato,
a adoção desse modelo parece agravar os problemas de ordem social existentes, visto que pode
conduzir o trabalhador à insegurança no emprego e, não raras vezes, a efeitos excludentes e
marginalizadores (Casali et alii, 1997). Embora não seja pretensão desta dissertação ater-se a
discussão sobre a eventual perversidade do modelo de organização do trabalho hegemônico no
mundo, ou mesmo buscar alternativas para solução dos problemas sociais dele advindos, vale
ressaltar o ponto de vista de alguns autores que abordam a noção da competência sob um
enfoque crítico.
Hirata (1997) e Spink (1997), por exemplo, alertam para a possibilidade de os modelos
de gestão baseados em conceitos como o de competência e desempenho serem utilizados para
objetivação e individualização do trabalho, reforçando, assim, o controle psicossocial da
organização sobre o trabalhador. Segundo Pagès et alii (1993), a objetivação refere-se ao
processo de traduzir, em termos quantitativos, o desempenho ou as competências do indivíduo,
a fim de estimar o valor de sua contribuição pessoal para a consecução dos objetivos
organizacionais. A individualização, por sua vez, nada mais é que o reforço ao individualismo,
como estratégia para evitar a mobilização de trabalhadores em torno de reivindicações coletivas.
12
Probabilidade que pode ter um indivíduo à procura de um emprego de encontrá-lo; probabilidade de
reinserção no mercado de trabalho. Ver Casali et alii (1997).
43
modelo de gestão baseada nas competências deveria ser precedida de ampla discussão na
sociedade sobre questões como desemprego estrutural, diferenças de gênero (desigualdade de
oportunidades de trabalho para homens e mulheres) e diferenças entre trabalhadores de países
desenvolvidos e de países em desenvolvimento.
Spink (1997) reforça esse ponto de vista, afirmando que o conceito de empregabilidade,
como característica individual, segue a narrativa de que conhecimentos, habilidades e atitudes
são também individuais e fortalece a divisão da sociedade em um núcleo “altamente capacitado”
(ou competente) e uma periferia “desqualificada” e, portanto, excluída do processo produtivo.
Sob essa perspectiva, a gestão baseada nas competências teria uso eminentemente patronal e,
mais do que um instrumento para promover a gestão estratégica de recursos humanos,
representaria apenas um exercício convencional de pragmatismo e oportunismo, visando
intensificar o controle social sobre o trabalhador. Segundo Legge (1995), certas práticas de
recursos humanos conferem um aspecto de modernidade aos estilos administrativos, mas, na
realidade, não negam os princípios fundamentais do taylorismo e do fordismo, nem alteram as
estruturas de poder nas empresas.
44
Além disso, no que se refere à crítica de que a utilização do conceito de competência na
gestão de pessoas levaria, invariavelmente, à individualização do trabalho, esta conseqüência
não parece ser uma regra. Isso porque as organizações podem valer-se de outras práticas de
gestão como, por exemplo, a gestão participativa, a aprendizagem organizacional e o
desenvolvimento de equipes, que estimulem o coletivismo e a cooperação no trabalho,
a exemplo das estratégias adotadas pela British Petroleum em seu modelo de gestão de
competências (Prokesch,1997). Brandão & Guimarães (1999) mencionam que novas tecnologias
gerenciais como a gestão de competências, se utilizadas com a finalidade principal de
objetivação e individualização, apenas aprofundam o controle social da organização sobre o
trabalho, o que pode até ser legítimo do ponto de vista patronal, mas, de fato, não representaria
uma inovação nas práticas de gestão.
Brandão & Guimarães (1999) entendem que o desafio das organizações parece estar
relacionado à utilização desses novos modelos de gestão, baseados em conceitos de competência
e desempenho, associados a práticas de aprendizagem coletiva, desenvolvimento de equipes e
gestão do conhecimento, dentre outras, que ofereçam múltiplas oportunidades de crescimento
pessoal e profissional aos membros da organização e estimulem as pessoas não apenas a
desenvolver coletivamente competências, mas também a compartilhá-las. Para configurar uma
prática gerencial inovadora, é possível inferir que a gestão baseada nas competências deve
possuir como objetivo maior não somente a melhoria das performances profissional e
organizacional, mas, principalmente, o desenvolvimento das pessoas em um sentido mais amplo.
Só assim a competência representaria, ao mesmo tempo, um valor econômico para a
organização e um valor social para o indivíduo. Segundo Zarifian (1999), o desafio é tornar a
organização não apenas qualificada, do ponto de vista da competitividade, mas também
“qualificante”, no sentido de oferecer diversas oportunidades de crescimento a seus membros.
Dessa forma, seria possível assegurar certa autonomia às pessoas, como contraponto à
heteronomia de que falam Pagès et alii (1993) e Legge (1995).
45
4. C ARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO ESTUDADA
46
4. C ARACTERÍSTICAS DA ORGANIZAÇÃO ESTUDADA
A presente pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso, uma vez que está
circunscrita a uma organização, o Banco do Brasil S.A. Como relatado anteriormente, a busca
pela competitividade na indústria bancária revela-se bastante complexa. No Banco do Brasil,
o processo de reestruturação produtiva e o aparato tecnológico instalado nos últimos anos
trouxeram não apenas a eliminação de cargos e empregos, mas também modificações em
diversos componentes do ambiente organizacional, o que se comenta a seguir. Neste capítulo
são descritas as características do Banco, seu histórico e contexto atual. Outros aspectos
metodológicos serão discutidos no capítulo subseqüente.
4.1 – Histórico
Desde sua fundação até o início deste século, o Banco teve uma história fragmentada,
repleta de crises e rupturas. Sua administração se alternava, funcionando ora sob a intervenção
direta do governo, para promover a manutenção da corte portuguesa, ora sob o controle de
capitalistas como o empresário Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, financiando
apenas a iniciativa privada, sem a ingerência do governo. Em 1906, por decreto governamental,
o Banco passou a funcionar como uma sociedade de economia mista, de capital aberto, tendo o
Estado como acionista majoritário, perfil acionário que conserva até hoje (Banco do
Brasil, 1997a).
Com a reforma bancária de 1964, que criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco
Central do Brasil, o Banco do Brasil perdeu a condição de autoridade monetária. Passou a atuar
apenas como um instrumento de execução da política creditícia e financeira do governo federal.
Em 1986, com a extinção da denominada “conta movimento”, que o provia automaticamente
47
com recursos do governo, foi autorizado a funcionar como banco múltiplo, com liberdade para
atuar em diversos segmentos do sistema financeiro, buscando no mercado os recursos de que
necessita para cumprir suas funções (Banco do Brasil, 1997a).
1
O Programa de Profissionalização conta com a adesão de 64.000 funcionários (posição de julho/1999).
2
A concessão de bolsas de estudo ao funcionalismo deu-se por meio do lançamento do Programa de
Formação e Aperfeiçoamento em Nível Superior, em 1997, bem como do incremento das atividades
relativas ao Programa BB MBA – Treinamento de Altos Executivos, lançado em 1994. Nos anos de
1995 e 1996, antes do lançamento do Programa de Formação e Aperfeiçoamento em Nível Superior, a
concessão de bolsas para realização de cursos de pós-graduação ocorreu de forma esporádica e não
sistemática, sobretudo porque os incentivos foram suspensos durante a implantação do Programa de
Demissões Voluntárias - PDV. O número de bolsas concedidas pelo Banco do Brasil a seus
funcionários, nesses dois anos, não foi significativo. Ver Leite & Brandão et alii (1997).
49
Tabela 4: Número de funcionários contemplados com bolsas de estudo concedidas pelo Banco do Brasil.
O Banco do Brasil possui atualmente uma rede com 6.206 pontos de atendimento no
País, 35 agências no exterior e diversas parcerias internacionais (Visa, Mastercard e Western
Union, entre outras), sendo considerado a maior instituição financeira da América Latina.
Possui ativos totais da ordem de R$ 142,7 bilhões e oferece inúmeros produtos e serviços
bancários para seus 11,3 milhões de clientes, desde grandes operações de engenharia financeira
até o crédito pessoal. Aos conceitos de solidez e confiança, enraizados ao longo de sua história,
o Banco procura agregar os de eficiência e qualidade, sendo a primeira instituição bancária
brasileira a receber certificados de qualidade “ISO 9002” em processos de análise de crédito e
em operações financeiras (Banco do Brasil, 1998a e 1999a). A Figura 7 mostra a estrutura do
Conglomerado Banco do Brasil, com todas as empresas coligadas e controladas pelo Banco,
inclusive suas subsidiárias no exterior.
50
Figura 7: Conglomerado Banco do Brasil.
BANCO DO BRASIL
BB B ANCO DE BB DISTRIBUIDORA
BB LEASING BB FINANCEIRA TÍTULOS E VALORES
INVESTIMENTOS
BRASILSAÚDE BB EUROPA
BRASILCAP BB AG VIENNA
VISANET
BB SECURITIES BBT UR
TECBAN
SEG . ALIANÇA
OUTRAS
COBRA COMPUTADORES
ASSEMBLÉIA GERAL
DE ACIONISTAS
CONSELHO FISCAL
CONSELHO DE
ADMINISTRAÇÃO
AUDITORIA INTERNA
DIRETORIA
UNIDADES DE ASSESSORAMENTO
Estratégia, Marketing e Comunicação
Jurídico
Secretaria Executiva
3 Contratação temporária (prazo de 180 dias) de cerca de 5.100 pessoas para atuarem
como “atendentes expressos”, profissionais que têm como atribuição orientar a
clientela no uso dos terminais de auto-atendimento recém instalados; e
Considerando ainda o fato de a empresa ter seu quadro de pessoal reduzido em cerca de
4.500 funcionários por ano, como decorrência de aposentadorias e demissões espontâneas,
o Banco decidiu realizar concurso nacional em 1999 para selecionar novos funcionários e, na
medida de suas necessidades, repor esse contingente e, assim, manter o quadro de pessoal
necessário para prestar um atendimento de qualidade (Rádio Nacional, 1999; Jornal O Globo,
1999). Segundo o Diretor de Recursos Humanos do Banco (Correio Braziliense, 1999a),
a realização do concurso objetiva garantir um atendimento melhor aos clientes. Por ocasião da
elaboração do presente trabalho, o referido processo seletivo estava em andamento, tendo sido
registradas 795.100 inscrições no concurso (Correio Braziliense, 1999b; Revista Época, 1999).
Cabe ressaltar ainda que, de acordo com o Diretor de Varejo, Seguridade e Distribuição
do Banco (Jornal O Globo, 1999), recente pesquisa de opinião realizada junto à clientela apurou
que, dos clientes que manifestaram insatisfação com os serviços prestados pela empresa, cerca
de 40% queixaram-se do atendimento pessoal.
3
O Banco do Brasil possui atualmente três carreiras: a carreira administrativa (composta por 98% do
quadro de pessoal), a carreira técnico-científica (formada por agrônomos, veterinários, advogados e
outros) e a carreira de serviços auxiliares (em extinção, composta por motoristas, copeiros e
contínuos). Ver Oliveira (1998).
53
5. M ETODOLOGIA
54
5. M ETODOLOGIA
Além das ações já implementadas pelo Banco do Brasil para a melhoria do atendimento
prestado à clientela, parece que é fundamental a qualificação dos funcionários1 que interagem
diretamente com o cliente, mesmo porque, em última instância, eles representam a própria
imagem da organização. Ocorre que nos últimos anos, por força do aparato tecnológico que se
instalou e das transformações ocorridas na indústria bancária, as atividades desempenhadas
pelos funcionários têm-se modificado completamente, exigindo-se deles novos conhecimentos e
habilidades (Leite, 1996; Banco do Brasil, 1998b). Tendências revelam que esses profissionais
experimentarão novos processos de enriquecimento de suas funções e, em futuro próximo,
atuarão não como caixas ou atendentes, mas como consultores de negócios, conforme já
comentado nos capítulos anteriores.
Faz-se necessário, portanto, que o corpo funcional do Banco do Brasil esteja não só
comprometido e motivado, mas também apto (capacitado) a prestar um atendimento de
qualidade e, sobretudo, consciente das mudanças e tendências da indústria bancária que afetarão
sobremaneira sua vida profissional. Parece fundamental, além disso, que os funcionários
reconheçam a importância da busca contínua por melhor qualificação, até porque em uma
indústria tão dinâmica e competitiva como a bancária, onde cargos são criados ou
transformados, e empregos são eliminados da noite para o dia, a tendência é que, a longo prazo,
permaneçam apenas aqueles que se mantiverem altamente capacitados.
1
No Banco do Brasil este seguimento profissional, pertencente à Carreira Administrativa, é composto
por aqueles que desempenham a função de caixa-executivo ou escriturário (atendente) nas agências,
representando um contingente de 45.196 funcionários, cerca de 62,47% do quadro de pessoal.
O escriturário (atendente) é também denominado, internamente, de “posto efetivo”.
55
A presente pesquisa buscou respostas para essas questões. Os resultados podem ser úteis
ao Banco, à medida que a identificação das competências necessárias à prestação de um serviço
de qualidade parece fundamental para que a empresa possa priorizar o atendimento ao cliente
como diferencial mercadológico. Importa verificar se há divergência entre a opinião de gestores,
funcionários e clientes, pois, se o Banco deseja melhorar a percepção da clientela em relação à
qualidade dos seus serviços, especial atenção deve ser dada às competências consideradas pelos
clientes como as mais relevantes. Realizada a identificação das competências necessárias à
prestação de um atendimento de qualidade, seria importante descobrir se essas competências
agrupam-se em fatores – para averiguar a existência de dimensões subjacentes a elas –, bem
como se os dados pessoais (funcionais e sociobiográficos) de funcionários e clientes exercem
influência significativa sobre a percepção deles. A identificação de dados pessoais que predizem
a percepção de funcionários e clientes poderia auxiliar o Banco, por exemplo, em esforços para
segmentação de mercado 2 .
Este trabalho poderá, ainda, subsidiar a Unidade de Função Recursos Humanos do Banco
no cumprimento do seu papel de “atrair, desenvolver e manter profissionais que garantam a
produtividade do conhecimento, da informação e a competitividade do Conglomerado” (Banco
do Brasil, 1997b, p.7). Os resultados obtidos, se aprofundados por meio de estudos
complementares, podem orientar ações de gestão de desempenho profissional, recrutamento e
seleção, treinamento e desenvolvimento, entre outras, proporcionando, assim, maior
consistência horizontal e vertical aos subsistemas de recursos humanos do Banco. Sobre
treinamento e desenvolvimento, por exemplo, Borges-Andrade & Oliveira-Castro (1996)
apontam, entre os principais propósitos dessa função de recursos humanos, a superação de
deficiências, a preparação de empregados para novas funções e a adaptação da mão-de-obra à
introdução de novas tecnologias no trabalho. Além disso, os resultados da presente pesquisa
podem orientar os funcionários de agências do Banco no Distrito Federal, região abrangida pela
investigação, em processos de autodesenvolvimento e gestão de suas carreiras, ajudando-os a
conquistar maior empregabilidade e atratividade no mercado de trabalho.
2
A segmentação de mercado, conceito originário da Economia, é empregada para ajustar os esforços
de marketing da organização às exigências de grupos específicos de consumidores (segmentos-alvo).
O processo de segmentação consiste em separar os consumidores em grupos, de tal forma que a
necessidade genérica a ser atendida tenha matizes específicos, que são semelhantes para os que
pertencem ao mesmo grupo e diferentes dos demais grupos (Rocha & Christensen, 1987).
56
dessa forma, gerar e sustentar vantagem competitiva. Empresas líderes em diversos setores já
adotam a abordagem da competência como alternativa para sobrevivência e perpetuação no
mercado, conforme comentado no capítulo anterior. “Para crescer no futuro, a empresa precisa
desenvolver competências no presente” (Hamel & Prahalad, 1995, p.259).
Do ponto de vista acadêmico, embora não tenha a pretensão de incorporar uma revisão
exaustiva da literatura sobre gestão de competências, a presente investigação expõe
didaticamente as principais características e abordagens desse tema, trazendo uma contribuição
àqueles que desejarem aprofundar estudos nessa área. Não obstante a gestão de competências ter
sido citada por diversos autores como instrumento eficaz para obtenção de diferencial
competitivo, o tema ainda está em estágio inicial de desenvolvimento, de forma que se espera
que as proposições deste trabalho ensejem a realização de novas pesquisas e estudos.
5.2 – Objetivos
Esta pesquisa teve como objetivo geral identificar, segundo a percepção de gestores,
funcionários e clientes, quais competências os funcionários de agências do Banco do Brasil
no Distrito Federal (escriturários-atendentes e caixas-executivos) devem possuir para prestar
um atendimento de qualidade ao cliente.
3 Competências emergentes são aquelas que não são fundamentais no atual contexto
de uma organização, mas o desenvolvimento tecnológico ou estratégia da organização
as farão essenciais em um futuro próximo (Sparrow & Bognanno, 1994);
3 Atitude diz respeito à predisposição de uma pessoa em relação aos outros, a objetos
ou a situações (Bloom et alii, 1973; Gagné et alii, 1988; Durand, 1997).
É importante frisar, também, que, conforme sugerem Durand (1998 e 1999) e Dutra
et alii (1998), a noção de competência está associada à consecução de um propósito ou resultado
específico dentro dos objetivos organizacionais. Considerando que o Banco objetiva prestar um
atendimento baseado na qualidade e em padrões de excelência, as competências que se buscou
identificar neste estudo são aquelas relevantes a esse propósito.
58
Campos (1992) classifica um produto ou serviço de qualidade como aquele que atende
perfeitamente, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo, às necessidades do
cliente. Levitt (1985), por sua vez, alerta para a importância de não apenas atender, mas, sim,
superar as expectativas do cliente. Parece necessário que os atributos de um produto ou serviço
satisfaçam também as necessidades da organização, e não apenas as do cliente. Assim, para
realização desta pesquisa, entendeu-se como serviço de qualidade aquele que atende
perfeitamente ou supera, de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo, às necessidades
do cliente e da organização.
59
Quanto aos meios de investigação, esta pesquisa é bibliográfica, documental e de campo,
bem como um estudo de caso. Bibliográfica porque compreende uma revisão da literatura
disponível sobre o tema, ou seja, um levantamento sistematizado de livros, artigos em revistas e
periódicos, anais de congressos, teses, dissertações e outras publicações sobre o assunto, visando
fundamentar teoricamente o trabalho e subsidiar a análise dos dados coletados.
A presente pesquisa é também documental , uma vez que foram obtidos dados a partir de
documentos do Banco do Brasil, sobretudo relatórios anuais, balanços sociais, registros, anais e
estudos anteriores a respeito do objeto deste trabalho. Ainda quanto aos meios de investigação,
trata-se de uma pesquisa de campo, pois foi realizada uma investigação empírica junto a
gestores, funcionários e clientes da empresa, para obter dados sobre a percepção deles acerca
das competências profissionais necessárias à prestação de um atendimento de qualidade. Este
trabalho é ainda um estudo de caso, uma vez que, conforme relatado no capítulo anterior, está
circunscrito ao Banco do Brasil.
Finalmente, quanto à natureza das variáveis estudadas, esta pesquisa pode ser
classificada como quantitativa, pois foram coletados dados junto a um grande número de
pessoas, com a utilização de questionários estruturados e escalas de avaliação; e qualitativa,
à medida que, para subsidiar a construção desses questionários, foram realizadas entrevistas
semi-estruturadas com executivos, técnicos e gestores do Banco, oportunidade em que os
sujeitos tiveram liberdade para expor, de maneira singular, descrições detalhadas de situações,
interações e comportamentos observados, atitudes, crenças e pensamentos.
No Distrito Federal, o Banco do Brasil possui 56 agências, onde estão localizados 1.737
funcionários. Destes, 56 desempenham a função de gerente de agência (gerente geral), 487 a de
caixa-executivo e 607 são escriturários. Os demais exercem cargos técnicos (assistente técnico
rural e auxiliar de negócios), de gerência média (gerente de controle, gerente de expediente e
gerente de contas) ou de administração (gerente de administração e gerente de negócios), cujas
funções podem variar de agência para agência, dependendo do porte, do volume de negócios e
do potencial de cada praça. Apenas as agências de grande porte contam com todos os cargos
mencionados.
Quanto aos outros dois segmentos (funcionários e clientes do Banco), não foi realizado
censo, uma vez que seria ineficiente em razão do tamanho do universo. Além disso,
a dificuldade de acesso e a premência de tempo e recursos inviabilizariam a coleta de dados
junto a toda a população. Neste caso, utilizaram-se amostras desses dois segmentos, partindo do
pressuposto de que uma amostra bem selecionada e pesquisada pode produzir resultados
representativos de toda a população (Moreira, 1975).
61
Com relação ao segmento de funcionários, cabe ressaltar que, no Banco do Brasil, são
diversos os segmentos profissionais que trabalham no atendimento à clientela, tanto em agências
como em superintendências, órgãos regionais ou mesmo na Direção Geral. Contudo, o presente
estudo restringiu a coleta de dados aos funcionários que desempenham as funções de escriturário
e caixa-executivo em agências. Em primeiro lugar, porque esses funcionários, em última
instância, representam a própria imagem do Banco. Atuam na linha de frente do atendimento,
interagindo face-a-face com a clientela com regularidade e freqüência. Em segundo lugar,
porque a pesquisa buscou identificar competências relevantes justamente para o trabalho desse
segmento profissional, especificamente no que diz respeito à prestação de um atendimento de
qualidade ao cliente.
3
Sobre a evolução das funções do caixa-executivo, ver Banco do Brasil (1998b).
62
Tabela 6: Número de escriturários e caixas-executivos nas agências do Distrito Federal.
Fonte: Base de dados sobre o quadro de pessoal do Banco do Brasil (Sistema ARH), em 01/10/1999.
63
Para cálculo do tamanho da amostra de funcionários, empregou-se a fórmula proposta
por Richardson et alii (1999) e Viegas (1999) para populações finitas, aquelas compostas por
menos de 100 mil indivíduos4 . Utilizou-se um nível de confiança de 95% e um erro de
estimação de 5%, por serem estes, segundo esses autores, os parâmetros geralmente utilizados
nas pesquisas sociais. No que diz respeito à proporção (p) do universo que possui as
propriedades pesquisadas, utilizou-se o percentual de 50%, por ser este o índice mais usual em
pesquisas sociais5 , sobretudo quando se tem pouco conhecimento prévio sobre o fenômeno
estudado. Dessa forma, a amostra mínima foi estabelecida em 293 funcionários, conforme
calculado a seguir:
4
A fórmula sugerida por Richardson et alii (1999) e Viegas (1999) para populações finitas é:
2
n= σ xp xq xN __ , onde:
2 2
E (N – 1) + σ x p x q
n = tamanho da amostra;
2
σ = nível de confiança (expresso em número de desvios padrões – sigmas);
p = proporção do universo que possui a propriedade pesquisada (em valores percentuais);
q = proporção do universo que não possui a propriedade pesquisada (q = 100 - p);
N = tamanho da população; e
2
E = erro de estimação permitido (em valores percentuais).
5
Segundo Viegas (1999), utilizando-se o valor de 50% para a proporção (p), maximiza-se o numerador,
aumentando a segurança da amostra.
64
Para cálculo do tamanho da amostra de clientes, empregou-se outra fórmula proposta por
Richardson et alii (1999) e Viegas (1999), esta, contudo, destinada à determinação do tamanho
de amostra de populações infinitas, ou seja, compostas por mais de 100 mil indivíduos6 .
Utilizou-se novamente um nível de confiança de 95%, um erro de estimação de 5% e o
percentual de 50% para designar a proporção (p) do universo que possui as propriedades
pesquisadas. Assim, a amostra mínima foi estabelecida em 400 clientes, conforme calculado a
seguir:
n = 22 x 50 x 50 = 400 clientes
52
Por razões práticas, para obtenção dos dados junto ao segmento de clientes, empregou-se
processo de amostragem “não probabilístico”, uma vez que a utilização de amostra
probabilística exigiria mais tempo, recursos financeiros, materiais e humanos para realização do
trabalho, sem contar as dificuldades que poderiam advir de sua aplicação. Algum indivíduo
selecionado poderia, por exemplo, recusar-se a ser entrevistado ou a responder o questionário,
ou mesmo não ser encontrado. Embora a amostragem probabilística seja, pelo menos a
princípio, tecnicamente superior aos processos de amostragem “não probabilísticos”, estes, na
maioria dos casos, também geram resultados razoavelmente satisfatórios (Mattar, 1996).
6
A fórmula sugerida por Richardson et alii (1999) e Viegas (1999) para populações infinitas é:
2
n = σ x p x q, onde:
2
E
n = tamanho da amostra;
2
σ = nível de confiança (expresso em número de desvios padrões – sigmas);
p = proporção do universo que possui a propriedade pesquisada (em valores percentuais);
q = proporção do universo que não possui a propriedade pesquisada (q = 100 - p); e
2
E = erro de estimação permitido (em valores percentuais).
65
5.6 – Levantamentos preliminares
7
Vergara (1998) distingue questionário de formulário, mas, para efeito desta pesquisa, não se
considera essa distinção.
8
Na ocasião, em junho de 1998, o presente autor foi recebido pela Dra. Candy Albertsson, à época
Gerente de Desenvolvimento Profissional da British Petroleum - BP, que demonstrou-lhe as principais
66
Como a maioria dos estudos presentes na revisão de literatura procede de contextos
socioculturais e profissionais distintos dos existentes no Brasil e, em especial, no Banco do
Brasil, optou-se por realizar uma pesquisa preliminar que pudesse fornecer mais subsídios para
construção dos questionários. Essa investigação teve como objetivo principal identificar
competências potencialmente relevantes à prestação de um atendimento de qualidade ao cliente,
no atual contexto do Banco do Brasil, bem como competências que possuem relevância
emergente, conforme definido anteriormente.
aplicações do modelo de gestão de competências adotado pela empresa. Sobre esse modelo, ver
67
habilidades e atitudes, bem como a freqüência com que foram mencionadas nas entrevistas,
cabendo ressaltar que, segundo Richardson et alii (1999), em investigações dessa natureza, o
número de menções realizadas a respeito de determinado item é um indicativo da sua
importância. Na categoria conhecimentos, o item “conhecer idiomas estrangeiros,
principalmente inglês e espanhol” foi mencionado por 67,86% dos entrevistados, enquanto que,
na categoria habilidades, 75% dos respondentes fizeram menção à capacidade de “prestar
consultoria em negócios e finanças”. Na categoria atitudes, o item “demonstrar tolerância a
diferentes culturas (entender o outro no código dele)” foi o mais citado pelos entrevistados
(21,46%). Algumas dessas competências, embora consideradas emergentes pela maioria dos
entrevistados, foram mencionadas por outros como importantes no atual momento da indústria
bancária e do Banco do Brasil especialmente.
69
relação ao Banco do Brasil”. Na categoria atitudes, o item “demonstrar cortesia e educação” foi
o mais citado pelos entrevistados (39,29%).
70
Assumir a responsabilidade frente a situações de trabalho para responder a contento às demandas 03 10,71%
do cliente e do Banco.
Manifestar desejo de aprender continuamente e aprimorar-se profissionalmente. 02 7,14%
Demonstrar modéstia (humildade). * *
Respeitar a privacidade do cliente. * *
Fonte: Revisão de Literatura, investigação documental e conteúdo das entrevistas.
* Competências que, embora não tenham sido mencionadas por nenhum dos entrevistados, foram citadas em
documentos do Banco do Brasil ou na revisão de literatura.
Para apurar o grau de importância de cada uma dessas 46 competências, optou-se por
utilizar nos questionários uma escala de avaliação semelhante àquelas propostas por Osgood,
Suci & Tannenbaum (apud Mattar, 1996), do tipo diferencial semântico (ou escala de Osgood),
por serem essas escalas, segundo Mattar (1996), de fácil constituição, aplicação e análise, além
de exaustivamente utilizadas em pesquisas sociais. A escala adotada foi constituída de seis
pontos (numerados de 1 a 6), utilizando-se em seus extremos duas expressões de significados
opostos9 (nem um pouco importante e extremamente importante) para classificar cada
competência, de forma que, quanto mais próxima do ponto 1 a resposta, menor a importância
atribuída à competência e, quanto mais próxima do ponto 6, maior a importância da
competência à prestação de um atendimento de qualidade.
“Alguns estudos indicam que não existem grandes diferenças nas respostas,
quando a escala varia de três a dez intervalos. Deve-se ter em mente, porém, que,
dependendo do assunto, se o número de intervalos for muito grande, o respondente
pode não saber escolher; se for muito pequeno, pode não ocorrer diferenciação
satisfatória;...se for ímpar, admite-se uma resposta neutra; caso contrário, não se
admite.”
9
Inicialmente, pretendia-se utilizar dois adjetivos bipolares (irrelevante e essencial) para formatação da
escala, conforme sugerido por Osgood, Suci & Tannenbaum (apud Mattar, 1996), visando atribuir
caráter de “essencialidade” àquelas competências cujas médias das avaliações se posicionassem
próximas do ponto 6. Entretanto, como o termo “essencial” poderia assumir para o respondente uma
conotação diversa daquela que se desejava comunicar, decidiu-se utilizar as expressões “nem um
pouco importante” e “extremamente importante”, conforme proposto por Baptista (1993), por serem
estas mais acessíveis e de fácil compreensão.
71
funcionários e clientes do Banco), foram formatadas três versões dele, com pequenas variações
de linguagem na apresentação e no enunciado de algumas perguntas, para adequá-lo aos
objetivos da pesquisa e às características de cada segmento. Os itens “fechados”, bem como a
escala, permaneceram inalterados nas três versões do questionário.
Nos questionários reservados aos funcionários (escriturários e caixas-executivos) e
clientes do Banco, incluiu-se uma última seção, destinada ao registro dos dados pessoais
(funcionais e sociobiográficas) dos respondentes. No questionário destinado ao segmento de
gestores, decidiu-se omitir essa última seção, uma vez que, tratando-se de uma população
pequena (apenas 56 gerentes de agência), os respondentes poderiam ser facilmente identificados
por intermédio de seus dados pessoais, o que poderia inibir as respostas. No questionário
reservado aos funcionários, foram incluídas, ainda, mais duas questões abertas, que se
destinavam a verificar se esses profissionais percebiam quais competências possuem relevância
emergente para o desempenho de suas funções e, em caso positivo, se adotavam alguma
iniciativa para desenvolvê-las.
10
Embora em seus últimos concursos públicos, o Banco do Brasil tenha exigido dos candidatos o
segundo grau completo, há um parcela mínima de funcionários que não possuem esse nível de
instrução. Estes, em sua maioria, exerciam a função de “menor auxiliar de serviços gerais”, quando
menores de idade, e ingressaram na carreira administrativa do Banco por meio de concurso interno.
Até 1989, quando os concursos internos eram permitidos pela legislação, o Banco exigia apenas que o
“menor auxiliar” (candidato à carreira administrativa) estivesse cursando o segundo grau.
72
pós-graduação, procurou-se incluir na amostra utilizada para validação semântica do
questionário funcionários com graus de escolaridade distintos. O mesmo procedimento foi
adotado no que se refere à amostra de clientes do Banco. Nesse segmento seria possível
identificar até mesmo indivíduos que não concluíram o primeiro grau. Seguindo-se o roteiro de
validação semântica apresentado no Anexo F, os 25 sujeitos foram entrevistados
individualmente, oportunidade em que foi possível verificar o grau de compreensão deles em
relação ao enunciado, aos termos, aos itens e à escala do instrumento, identificando os aspectos
que deveriam ser objeto de aperfeiçoamento. As entrevistas a funcionários e gestores foram, em
sua maioria, realizadas no Centro de Desenvolvimento Profissional do Banco do Brasil, em
Brasília, enquanto os clientes foram entrevistados em três agências do Banco no Distrito
Federal. O tempo médio das entrevistas com os 25 indivíduos foi de 14 minutos.
73
que tenham no mínimo um nível educacional médio”, decidiu-se que, na aplicação de
questionários junto a clientes, a amostra ficaria restrita àqueles que possuíssem, pelo menos,
o segundo grau completo.
A aplicação dos questionários junto aos três segmentos (gestores, funcionários e clientes
do Banco) ocorreu em outubro de 1999. Nessa etapa, procurou-se observar os princípios e
normas do Código Internacional de Pesquisas Sociais e de Mercado, da European Society for
Opinion and Marketing Research – ESOMAR (apud Mattar, 1992), de forma que os dados
foram coletados por meio da cooperação voluntária do respondente, sem qualquer desvantagem
para ele, respeitando-se o seu direito de privacidade e garantindo-lhe que as informações por ele
prestadas não seriam utilizadas para outra finalidade. Na aplicação dos instrumentos,
utilizando-se o método de comunicação “não disfarçado”11 , foram expostos ao respondente
11
Segundo Mattar (1996), instrumento de coleta de dados “não disfarçado” é aquele que permite ao
respondente saber, com transparência, dos propósitos da pesquisa e os temas sobre os quais está
sendo questionado.
74
objetivo e relevância da pesquisa, a importância de sua colaboração, bem como garantido o
anonimato.
Observa-se na Tabela 9 que , dentre os 56 gerentes que foram sujeitos desta pesquisa, a
grande maioria é casada (85,71%) e do sexo masculino (89,29%). Quanto à idade, o maior
quantitativo situa-se na faixa etária de 40 a 44 anos (37,50%). Quase a metade deles (46,43%)
possui entre 20 e 24 anos de trabalho no Banco. No que diz respeito ao grau de instrução,
53,57% são pós-graduados (cursos de pós-graduação lato sensu com mais de 360 horas/aula),
30,36% possuem a graduação incompleta e 14,29% possuem só o 2º grau. Vale ressaltar que, em
decorrência do esforço da empresa para profissionalização de seus quadros – sobretudo no que
concerne à concessão de bolsas de estudo –, dentre os sujeitos que possuem curso superior
completo, praticamente todos são pós-graduados. Segundo registros do cadastro de formação
profissional dos gerentes, mesmo entre aqueles respondentes que possuem o curso superior
incompleto ou apenas o 2º grau, a maioria já participou de cursos de aperfeiçoamento e extensão
75
universitária com incentivos do Banco. Entre os gerentes participantes desta pesquisa, o curso
superior mais comum é o de Administração (17,86%), seguido pelo de Economia (10,71%).
Fonte: Base de dados sobre o quadro de pessoal do Banco do Brasil (Sistema ARH), em 18/10/1999.
12
Segundo Richardson et alii (1999), aplicação coletiva e por contato direto é aquela em que o
pesquisador, ou pessoa especialmente treinada por ele, aplica os questionários pessoalmente junto a
grupos de respondentes.
76
pesquisador com os respondentes. Como o número mínimo de componentes da amostra foi
estabelecido em 293 funcionários, conforme cálculo demonstrado anteriormente, e considerando
o fato de, em pesquisas realizadas pelo correio, o índice de respostas variar entre 3 e 50%,
conforme afirma Mattar (1996), decidiu-se encaminhar os questionários para todos os 1.094
funcionários que atuavam como escriturários ou caixas-executivos nas agências do Distrito
Federal, na expectativa de que, pelo menos, 293 respondessem. A distribuição foi feita a partir
da gráfica da Unidade de Função Recursos Humanos do Banco, em Brasília, utilizando-se
etiquetas com o nome e a localização dos destinatários. Para elevar o índice de respostas, foram
adotadas as seguintes providências:
Três semanas após a remessa dos questionários, foram computadas 231 respostas,
ou seja, um índice de retorno de 21,12%, percentual considerado razoável em pesquisas sociais,
mas, neste caso, insuficiente para compor a amostra mínima necessária. Por isso, novas
providências foram adotadas para coletar o número adicional de questionários necessários à
complementação da amostra. A pedido do pesquisador, o Centro de Desenvolvimento
Profissional do Banco, em Brasília, ao iniciar alguns cursos destinados aos funcionários do
Distrito Federal, solicitou a colaboração daqueles que ainda não haviam respondido ao
questionário. Além disso, o pesquisador e seus auxiliares visitaram 4 agências do Banco no
Distrito Federal, fora do horário de atendimento ao público, pedindo pessoalmente o apoio dos
funcionários na reposta. Nessa segunda forma de coleta de dados, durante a aplicação dos
77
questionários, o presente pesquisador ausentou-se das agências, para que sua presença não
gerasse constrangimento ou viés nas respostas.
13
O pesquisador incluiu essa questão porque supunha que a leitura dos fascículos do Programa de
Profissionalização do Banco poderia predizer a percepção dos funcionários acerca das competências
relevantes à prestação de um atendimento de qualidade aos clientes. É importante ressaltar que o
Programa foi desenvolvido por meio de fascículos periódicos oferecidos aos inscritos, tratando de
assuntos de relevância para a empresa e seus funcionários, como, por exemplo, tendências do
mercado de trabalho, globalização e âncoras de carreira, entre outros, visando o desenvolvimento de
uma postura proativa e reflexiva do funcionário frente ao trabalho. Sobre o Programa de
Profissionalização, ver Banco do Brasil (1996a).
78
Em seguida os questionários eram recolhidos, garantindo-se o anonimato ao cliente. Para
estimular a participação, foram oferecidos brindes (canetas, porta-cartões, viseiras e camisetas
do Banco) àqueles que se dispuseram a responder ao questionário.
79
Fascículos do Não leu nenhum fascículo 15 5,23%
Programa de Não leu quase nenhum fascículo 72 25,09%
Profissionalização Leu quase todos os fascículos 157 54,70%
Leu todos os fascículos 43 14,98%
*Nove respondentes omitiram informações a respeito de idade e função exercida; oito deixaram de informar o sexo
e o hábito de leitura dos fascículos do Programa de Profissionalização; seis não informaram o tempo de banco;
três, o grau de instrução; e doze, a formação acadêmica.
3 Todas as agências do Banco no Distrito Federal foram visitadas para coleta de dados,
em diferentes dias da semana e horários distintos, ora pela manhã, ora à tarde, ou
mesmo no horário do almoço.
Ao todo foram coletados 484 questionários junto a clientes do Banco, número superior
ao tamanho mínimo da amostra, conforme cálculo apresentado anteriormente. Observa-se na
Tabela 11 que, dentre os sujeitos dessa amostra, 59,91% são do sexo masculino. Quase a metade
dos respondentes (45,05%) possui menos de 30 anos de idade. No que se refere ao grau de
instrução, há uma divisão quase eqüitativa entre o segundo grau, o curso superior incompleto e o
superior completo, sendo mais comum a formação nas áreas de Administração (6,45%) e
Direito (6,02%). Aproximadamente a metade dos respondentes (44,25%) é correntista do Banco
80
do Brasil há menos de 5 anos. Quanto à renda familiar, mais de 60% possuem rendimento
mensal igual ou superior a R$ 2.000,00, o que talvez seja um reflexo da elevada renda per capita
da população do Distrito Federal.
82
Comparando-se as diferenças de gênero nos três segmentos, percebe-se que entre clientes
e funcionários é de cerca de 60% o percentual de homens (ver Figura 9). Entre os gestores, o
percentual de gerentes do sexo masculino (89,29%) é muito superior ao do sexo feminino
(10,71%), indicativo, talvez, da existência de barreiras internas à ascensão da mulher na
estrutura hierárquica da empresa, conforme explicam Costa et alii (1999).
Figura 9: Percentual de homens e mulheres nos três segmentos (gestores, funcionários e clientes).
89,29%
90,00%
80,00%
60,00%
Freqüência Relativa
Masculino
50,00% 40,42% 40,09%
Feminino
40,00%
30,00%
20,00% 10,71%
10,00%
0,00%
Gestores Funcionários Clientes
Segmento
No que diz respeito à idade, comparando-se as três amostras, é possível perceber que um
grande percentual de gestores (60,71%) e de funcionários (43,01%) possui entre 40 e 49 anos de
idade. Entre os clientes, contudo, a grande maioria (45,05%) é de jovens com menos de 30 anos
(ver Figura 10). Entre os fatores que podem ter contribuído para essa diferença, é possível citar a
valorização da experiência na assunção de cargos de chefia, no caso dos gestores, bem como o
esforço que o Banco tem feito nos últimos anos para atrair o segmento de jovens universitários e
adolescentes, no caso dos clientes, através dos Programas BB Campus e BB Teen. Além disso,
a clientela jovem pode, simplesmente, ter sido mais receptiva à participação na pesquisa,
dispondo-se mais a responder ao questionário.
83
Figura 10: Percentual de clientes, funcionários e gestores por faixa etária.
Clientes
Menos de 30 anos
De 30 a 34 anos
Segmento
De 35 a 39 anos
Funcionários De 40 a 44 anos
De 45 a 49 anos
Mais de 50 anos
Gestores
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Freqüência Relativa
84
Figura 11: Percentual de clientes, funcionários e gestores por grau de instrução.
Clientes
Primeiro Grau
Segundo Grau
Segmento
Superior Incompleto
Funcionários
Superior Completo
Pós-Graduação
Gestores
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Freqüência Relativa
Figura 12: Percentual de gestores e funcionários por número de anos trabalhados no Banco.
25 anos ou mais
De 20 a 24 anos
Tempo de Banco
Funcionários
De 15 a 19 anos
Gestores
De 10 a 14 anos
Menos de 10 anos
0,00% 5,00% 10,00% 15,00% 20,00% 25,00% 30,00% 35,00% 40,00% 45,00% 50,00%
Freqüência Relativa
85
5.9 – Análise dos dados
86
verificar, ainda, se os funcionários do Banco identificam quais competências possuem
relevância emergente para o desempenho de suas funções e, em caso positivo, se adotam alguma
iniciativa visando desenvolvê-las desde já.
No próximo capítulo, são apresentados os resultados das análises estatísticas dos dados,
bem como a categorização e as análises das respostas qualitativas.
87
6. R ESULTADOS E DISCUSSÃO
87
6. R ESULTADOS E DISCUSSÃO
88
Tabela 12: Níveis de importância das competências, segundo o ponto de vista dos gestores.
Descrição das Variáveis X σ N
V02 - Conhecer os produtos e serviços do Banco do Brasil. 5,89 0,31 56
Importantes
V33 - Reconhecer a importância de prestar um atendimento de qualidade. 5,89 0,31 55
V37 - Demonstrar cortesia e educação. 5,89 0,37 55
Mais
V35 - Demonstrar receptividade ao cliente (manifestar satisfação, disponibilidade e
5,87 0,34 55
interesse em atender o cliente).
V43 - Ser ético na relação com os clientes (reconhecer e valorizar a conduta correta). 5,85 0,36 55
V46 - Manifestar desejo de aprender continuamente e aprimorar-se profissionalmente. 5,80 0,49 54
V38 - Reconhecer a importância do cliente para o Banco do Brasil. 5,78 0,53 55
V17 - Ser capaz de manter boas relações interpessoais com clientes e colegas. 5,76 0,43 55
V16 - Ser capaz de utilizar linguagem acessível ao cliente (saber falar a “língua” do cliente). 5,75 0,55 55
V27 - Ser capaz de conquistar a simpatia e o apreço do cliente. 5,75 0,44 55
V36 - Demonstrar empatia ao cliente (saber colocar-se no lugar do cliente). 5,75 0,55 55
V05 - Conhecer as rotinas e processos relativos ao seu trabalho. 5,74 0,44 54
V42 - Demonstrar paciência (ser tolerante e estar disposto a ouvir o cliente). 5,73 0,59 55
Muita Importância
V48 - Respeitar a privacidade do cliente. 5,71 0,57 55
V20 - Ser capaz de encontrar as informações de que necessita para o trabalho. 5,69 0,54 55
V24 - Ser capaz de identificar oportunidades negociais. 5,63 0,62 54
V19 - Ser capaz de comunicar-se com clareza e objetividade. 5,62 0,56 55
V21 - Ser capaz de produzir soluções rapidamente (demonstrar agilidade). 5,62 0,49 55
V34 - Demonstrar proatividade (tomar a iniciativa). 5,60 0,63 55
V40 - Demonstrar disposição para reposicionar-se em razão de mudanças nos desejos do
cliente, nos objetivos do Banco, no ambiente etc (ser flexível). 5,60 0,56 55
V23 - Ser capaz de argumentar de maneira convincente (saber sustentar seus argumentos
5,58 0,57 55
sobre produtos e serviços do Banco, mercados, negócios).
V08 - Conhecer princípios de qualidade em serviços. 5,56 0,57 55
V39 - Demonstrar sensibilidade em relação aos problemas e dificuldades do cliente. 5,56 0,66 54
V41 - Dispensar igualdade de tratamento aos clientes (reconhecer igualmente o direito de
5,53 0,72 55
cada cliente, sem discriminação).
V15 - Ser capaz de identificar as características e expectativas do cliente em relação ao
5,49 0,69 55
Banco do Brasil.
V45 - Assumir a responsabilidade frente a situações de trabalho para responder a contento
5,45 0,72 55
às demandas do cliente e do Banco.
V03 - Conhecer o ambiente em que o Banco do Brasil atua (mercado local, negócios e
concorrência local). 5,39 0,82 56
Média Importância
V28 - Ser observador e perceber os fatos que o cercam e suas conseqüências (ser perspicaz). 5,38 0,71 55
V12 - Conhecer princípios de relações humanas. 5,31 0,77 55
V22 - Ser capaz de integrar-se a diferentes contextos sociais (saber relacionar-se com
diferentes pessoas, culturas, situações etc). 5,31 0,72 55
V01 - Conhecer o Banco do Brasil (sua estrutura, funcionamento, estratégia, missão,
5,30 0,83 56
políticas e objetivos).
V26 - Ser capaz de produzir soluções criativas e inovadoras. 5,27 0,80 55
V29 - Ser capaz de trabalhar sob pressão, administrando o stress. 5,25 0,89 55
V44 - Demonstrar responsabilidade social (preocupar-se com as conseqüências de seus atos
5,22 0,85 55
para a sociedade como um todo).
V47 - Demonstrar modéstia (humildade). 5,19 1,07 54
V06 - Conhecer princípios de marketing (negociação, vendas, segmentação etc). 5,13 0,70 54
V25 - Ser capaz de identificar o risco e a rentabilidade dos negócios, avaliando os principais
5,02 0,83 55
Moderada ou Pouca
aspectos envolvidos.
Importância
V18 - Ser capaz de operar computadores, periféricos e outros recursos tecnológicos. 4,96 0,96 55
V30 - Ser capaz de resolver problemas não convencionais, inéditos ou surpreendentes. 4,96 1,05 55
V31 - Ser capaz de antever o futuro em razão de tendências (ter visão de futuro). 4,84 1,07 55
V13 - Conhecer a conjuntura social, política e econômica do País. 4,80 0,89 55
V11 - Conhecer diferentes sistemas de informática (softwares, Internet etc). 4,65 0,95 55
V07 - Conhecer como funcionam os mercados financeiro e de capitais. 4,37 1,03 54
Importantes
90
Tabela 13: Níveis de importância das competências, segundo o ponto de vista dos funcionários.
Descrição das Variáveis X σ N
V37 - Demonstrar cortesia e educação. 5,64 0,68 295
MA
V02 - Conhecer os produtos e serviços do Banco do Brasil. 5,63 0,70 294
V35 - Demonstrar receptividade ao cliente (manifestar satisfação, disponibilidade e
5,59 0,69 295
interesse em atender o cliente).
V05 - Conhecer as rotinas e processos relativos ao seu trabalho. 5,56 0,74 291
V38 - Reconhecer a importância do cliente para o Banco do Brasil. 5,55 0,83 293
V33 - Reconhecer a importância de prestar um atendimento de qualidade. 5,52 0,76 295
V43 - Ser ético na relação com os clientes (reconhecer e valorizar a conduta correta). 5,51 0,76 293
V46 - Manifestar desejo de aprender continuamente e aprimorar-se profissionalmente. 5,50 0,79 294
V17 - Ser capaz de manter boas relações interpessoais com clientes e colegas. 5,49 0,75 292
Muita Importância
V48 - Respeitar a privacidade do cliente. 5,48 0,81 294
V42 - Demonstrar paciência (ser tolerante e estar disposto a ouvir o cliente). 5,45 0,78 295
V16 - Ser capaz de utilizar linguagem acessível ao cliente (saber falar a “língua” do cliente). 5,45 0,77 292
V19 - Ser capaz de comunicar-se com clareza e objetividade. 5,44 0,78 292
V27 - Ser capaz de conquistar a simpatia e o apreço do cliente. 5,42 0,79 289
V20 - Ser capaz de encontrar as informações de que necessita para o trabalho. 5,41 0,77 290
V23 - Ser capaz de argumentar de maneira convincente (saber sustentar seus argumentos
5,39 0,91 292
sobre produtos e serviços do Banco, mercados, negócios etc).
V41 - Dispensar igualdade de tratamento aos clientes (reconhecer igualmente o direito de
cada cliente, sem discriminação). 5,37 0,95 295
V36 - Demonstrar empatia ao cliente (saber colocar-se no lugar do cliente). 5,37 0,84 294
V21 - Ser capaz de produzir soluções rapidamente (demonstrar agilidade). 5,34 0,80 291
V39 - Demonstrar sensibilidade em relação aos problemas e dificuldades do cliente. 5,32 0,84 294
V34 - Demonstrar proatividade (tomar a iniciativa). 5,25 0,82 295
V24 - Ser capaz de identificar oportunidades negociais. 5,24 0,92 291
V12 - Conhecer princípios de relações humanas. 5,22 0,90 294
V44 - Demonstrar responsabilidade social (preocupar-se com as conseqüências de seus atos
5,21 1,00 294
para a sociedade como um todo).
V45 - Assumir a responsabilidade frente a situações de trabalho para responder a contento
Média Importância
5,18 0,91 294
às demandas do cliente e do Banco.
V40 - Demonstrar disposição para reposicionar-se em razão de mudanças nos desejos do
5,15 0,90 295
cliente, nos objetivos do Banco, no ambiente etc (ser flexível).
V28 - Ser observador e perceber os fatos que o cercam e suas conseqüências (ser perspicaz). 5,14 0,87 291
V47 - Demonstrar modéstia (humildade). 5,13 1,07 293
V22 - Ser capaz de integrar-se a diferentes contextos sociais (saber relacionar-se com
diferentes pessoas, culturas, situações etc). 5,12 0,93 292
V03 - Conhecer o ambiente em que o Banco do Brasil atua (mercado local, negócios e
concorrência local). 5,12 0,92 292
V15 - Ser capaz de identificar as características e expectativas do cliente em relação ao
Banco do Brasil. 5,10 0,93 290
V08 - Conhecer princípios de qualidade em serviços. 5,03 0,98 290
V01 - Conhecer o Banco do Brasil (sua estrutura, funcionamento, estratégia, missão,
políticas e objetivos). 5,00 1,06 295
V26 - Ser capaz de produzir soluções criativas e inovadoras. 5,00 0,99 292
V25 - Ser capaz de identificar o risco e a rentabilidade dos negócios, avaliando os principais
Moderada ou Pouca
V18 - Ser capaz de operar computadores, periféricos e outros recursos tecnológicos. 4,86 1,00 291
V06 - Conhecer princípios de marketing (negociação, vendas, segmentação etc). 4,86 0,97 292
V30 - Ser capaz de resolver problemas não convencionais, inéditos ou surpreendentes. 4,69 1,17 290
V31 - Ser capaz de antever o futuro em razão de tendências (ter visão de futuro). 4,63 1,16 292
V13 - Conhecer a conjuntura social, política e econômica do País. 4,61 1,06 295
V29 - Ser capaz de trabalhar sob pressão, administrando o stress. 4,49 1,42 289
V11 - Conhecer diferentes sistemas de informática (softwares, Internet etc). 4,46 1,20 293
V07 - Conhecer como funcionam os mercados financeiro e de capitais. 4,36 1,13 292
V04 - Conhecer princípios de contabilidade e finanças. 4,30 1,14 293
V10 - Conhecer princípios de economia. 3,83 1,16 294
ME
92
Tabela 14: Níveis de importância das competências, segundo o ponto de vista dos clientes.
Descrição das Variáveis X σ N
MA
V37 - Demonstrar cortesia e educação. 5,71 0,69 477
V35 - Demonstrar receptividade ao cliente (manifestar satisfação, disponibilidade e
5,63 0,80 480
interesse em atender o cliente).
V38 - Reconhecer a importância do cliente para o Banco do Brasil. 5,63 0,79 476
V19 - Ser capaz de comunicar-se com clareza e objetividade. 5,60 0,79 481
V41 - Dispensar igualdade de tratamento aos clientes (reconhecer igualmente o direito de
5,59 0,87 476
cada cliente, sem discriminação).
Muita Importância
V48 - Respeitar a privacidade do cliente. 5,59 0,85 478
V21 - Ser capaz de produzir soluções rapidamente (demonstrar agilidade). 5,54 0,82 471
V33 - Reconhecer a importância de prestar um atendimento de qualidade. 5,54 0,88 480
V43 - Ser ético na relação com os clientes (reconhecer e valorizar a conduta correta). 5,53 0,80 471
V42 - Demonstrar paciência (ser tolerante e estar disposto a ouvir o cliente). 5,51 0,87 481
V20 - Ser capaz de encontrar as informações de que necessita para o trabalho. 5,50 0,78 476
V12 - Conhecer princípios de relações humanas. 5,49 0,91 479
V27 - Ser capaz de conquistar a simpatia e o apreço do cliente. 5,48 0,90 475
V17 - Ser capaz de manter boas relações interpessoais com clientes e colegas. 5,47 0,85 478
V46 - Manifestar desejo de aprender continuamente e aprimorar-se profissionalmente. 5,44 0,93 478
V36 - Demonstrar empatia ao cliente (saber colocar-se no lugar do cliente). 5,40 0,96 478
V02 - Conhecer os produtos e serviços do Banco do Brasil. 5,36 1,00 479
V16 - Ser capaz de utilizar linguagem acessível ao cliente (saber falar a “língua” do cliente). 5,31 1,06 484
V08 - Conhecer princípios de qualidade em serviços. 5,30 0,99 469
V22 - Ser capaz de integrar-se a diferentes contextos sociais (saber relacionar-se com
5,30 0,95 480
diferentes pessoas, culturas, situações etc).
V34 - Demonstrar proatividade (tomar a iniciativa). 5,29 0,92 478
V39 - Demonstrar sensibilidade em relação aos problemas e dificuldades do cliente. 5,28 1,00 469
V47 - Demonstrar modéstia (humildade). 5,23 1,05 478
Média Importância
V26 - Ser capaz de produzir soluções criativas e inovadoras. 5,22 0,91 482
V44 - Demonstrar responsabilidade social (preocupar-se com as conseqüências de seus atos
para a sociedade como um todo). 5,22 1,06 480
V45 - Assumir a responsabilidade frente a situações de trabalho para responder a contento
5,20 1,01 477
às demandas do cliente e do Banco.
V05 - Conhecer as rotinas e processos relativos ao seu trabalho. 5,19 1,15 475
V28 - Ser observador e perceber os fatos que o cercam e suas conseqüências (ser perspicaz). 5,18 1,04 480
V40 - Demonstrar disposição para reposicionar-se em razão de mudanças nos desejos do
5,13 0,94 478
cliente, nos objetivos do Banco, no ambiente etc (ser flexível).
V23 - Ser capaz de argumentar de maneira convincente (saber sustentar seus argumentos
5,11 1,04 484
sobre produtos e serviços do Banco, mercados, negócios etc).
V18 - Ser capaz de operar computadores, periféricos e outros recursos tecnológicos. 5,01 1,05 480
V01 - Conhecer o Banco do Brasil (sua estrutura, funcionamento, estratégia, missão,
5,00 1,28 482
políticas e objetivos).
V25 - Ser capaz de identificar o risco e a rentabilidade dos negócios, avaliando os principais
4,95 1,10 481
aspectos envolvidos.
V13 - Conhecer a conjuntura social, política e econômica do País. 4,90 1,19 483
Moderada ou Pouca
V11 - Conhecer diferentes sistemas de informática (softwares, Internet etc). 4,88 1,26 480
V15 - Ser capaz de identificar as características e expectativas do cliente em relação ao
Importância
É possível que esses respondentes tenham associado tal variável aos processos de
objetivação e individualização do trabalho de que falam Pagès et alii (1993) e Legge (1995) ou,
ainda, a novas formas de controle da mão-de-obra que, sob a perspectiva de uma flexibilidade
nas relações de trabalho, submetem o trabalhador a ritmos cada vez mais intensos de produção.
São importantes as considerações realizadas por funcionários e clientes em relação a essa
competência, principalmente no que concerne à corresponsabilidade do empregador sobre a
saúde ocupacional do funcionário. Talvez a capacidade de “trabalhar sob pressão, administrando
o stress” seja importante apenas eventualmente, em momentos de transição e crises, como
sugerem Sparrow & Bognanno (1994). No entanto, Schein (1995) comenta que a tensão e a
ansiedade no trabalho tendem a crescer, uma vez que cargos e funções tornam-se mais
flexíveis a cada dia.
Essa análise foi aplicada, tão somente, aos dados coletados junto às amostras de
funcionários e de clientes do Banco. Desprezaram-se os dados obtidos junto aos gestores
considerando o número reduzido de sujeitos dessa população (56 gerentes), uma vez que os
coeficientes de correlação tendem a ser menos confiáveis quando estimados a partir de pequenas
amostras. Segundo Tabachnick & Fidel (id.ib.), alguns autores consideram razoáveis amostras
com pelo menos 200 sujeitos e, muito boas, aquelas com mais de 500 componentes, mas uma
regra geral é a existência de ao menos 5 respondentes para cada variável observada.
95
realizar outros testes, à medida que 6 componentes apresentaram eigenvalues superiores a 1,0,
o que indica, segundo Tabachnick & Fidel (1989), a possibilidade de extração de até 6 fatores.
Dessa forma, foram realizadas extrações com diversos números de fatores (de 1 a 6),
utilizando-se o método de fatoração dos eixos principais (Principal Axis Factoring – PAF), a
fim de observar a existência de significado ou semelhança semântica entre as variáveis
agrupadas nos diversos fatores, bem como os índices de consistência interna destes.
Empregou-se a rotação oblíqua (direct oblimin) para extrair os fatores, à medida que se
pressupunha a possibilidade de haver correlações entre eles. Para verificar os índices de
consistência interna, utilizou-se o Alpha de Cronbach ( α), coeficiente que reflete o grau de
covariância dos itens entre si, por ser este, segundo Pasquali (1997), o índice geralmente
utilizado para estimação da fidedignidade das variáveis constantes de cada fator.
A variável “ser capaz de trabalhar sob pressão, administrando o stress”, por sua vez,
foi eliminada por representar o item com maior desvio padrão nas amostras de funcionários e
clientes, assim como porque sua presença prejudicava o índice de consistência interna do fator.
Além disso, conforme comentado anteriormente, há divergência na revisão de literatura no que
diz respeito à relevância dessa competência. Enquanto Sparrow & Bognanno (1994) a
classificam como “transitória”, ou seja, importante apenas em momentos de transição, crise e
turbulência, Schein (1995) sugere que ela seja “emergente”, ao comentar que a tensão e a
ansiedade no trabalho tendem a crescer.
Tabela 15: Cargas fatoriais e comunalidades (h2 ) do fator “Competências Relevantes à Prestação de um
Atendimento de Qualidade” (amostra de funcionários).
α
α sem
Item Descrição Carga h2
o item
V19 Ser capaz de comunicar-se com clareza e objetividade. 0,766 0,586 0,9608
V43 Ser ético na relação com os clientes (reconhecer e valorizar a conduta correta). 0,757 0,574 0,9609
V45 Assumir a responsabilidade frente a situações de trabalho para responder a contento às
0,757 0,573 0,9606
demandas do cliente e do Banco.
V35 Demonstrar receptividade ao cliente (manifestar satisfação, disponibilidade e interesse
em atender o cliente). 0,744 0,553 0,9611
V26 Ser capaz de produzir soluções criativas e inovadores. 0,740 0,548 0,9606
V24 Ser capaz de identificar oportunidades negociais. 0,737 0,543 0,9607
V34 Demonstrar proatividade (tomar a iniciativa). 0,727 0,529 0,9609
V40 Demonstrar disposição para reposicionar-se em razão de mudanças nos desejos do
0,724 0,524 0,9606
cliente, nos objetivos do Banco, no ambiente etc (ser flexível).
V37 Demonstrar cortesia e educação. 0,724 0,523 0,9613
V28 Ser observador e perceber fatos que o cercam e suas conseqüências (ser perspicaz). 0,721 0,520 0,9606
V20 Ser capaz de encontrar as informações de que necessita para o trabalho. 0,721 0,520 0,9610
V17 Ser capaz de manter boas relações interpessoais com clientes e colegas. 0,717 0,514 0,9611
V42 Demonstrar paciência (ser tolerante e estar disposto a ouvir o cliente). 0,716 0,513 0,9611
V38 Reconhecer a importância do cliente para o Banco do Brasil. 0,708 0,501 0,9612
V23 Ser capaz de argumentar de maneira convincente (saber sustentar seus argumentos
0,700 0,490 0,9609
sobre produtos e serviços do Banco, mercados, negócios etc).
V31 Ser capaz de antever o futuro em razão de tendências (ter visão de futuro). 0,698 0,487 0,9608
V44 Demonstrar responsabilidade social (preocupar-se com as conseqüências de seus atos
0,692 0,479 0,9610
para a sociedade como um todo).
V46 Manifestar desejo de aprender continuamente e aprimorar-se profissionalmente. 0,692 0,478 0,9610
V36 Demonstrar empatia ao cliente (saber colocar-se no lugar do cliente). 0,691 0,478 0,9608
V48 Respeitar a privacidade do cliente. 0,691 0,478 0,9613
V33 Reconhecer a importância de prestar um atendimento de Qualidade. 0,691 0,477 0,9613
V39 Demonstrar sensibilidade em relação aos problemas e dificuldades dos clientes. 0,689 0,474 0,9610
V8 Conhecer princípios de qualidade em serviços. 0,676 0,457 0,9609
V16 Ser capaz de utilizar linguagem acessível ao cliente (saber falar a "língua" do cliente). 0,675 0,455 0,9612
V15 Ser capaz de identificar as características e expectativas do cliente em relação ao BB. 0,667 0,445 0,9611
V21 Ser capaz de produzir soluções rapidamente (demonstrar agilidade). 0,666 0,444 0,9614
V25 Ser capaz de identificar o risco e a rentabilidade dos negócios, avaliando os principais
0,664 0,441 0,9608
aspectos envolvidos.
V27 Ser capaz de conquistar a simpatia e o apreço do cliente. 0,658 0,433 0,9611
V22 Ser capaz de integrar-se a diferentes contextos sociais (saber relacionar-se com
0,650 0,422 0,9611
diferentes pessoas, culturas, situações etc).
V6 Conhecer princípios de marketing (negociação, vendas, segmentação etc). 0,638 0,408 0,9611
V30 Ser capaz de resolver problemas não convencionais, inéditos ou surpreendentes. 0,626 0,392 0,9614
V12 Conhecer princípios de relações humanas. 0,626 0,392 0,9614
V41 Dispensar igualdade de tratamento aos clientes (reconhecer igualmente o direito de
0,606 0,368 0,9616
cada cliente, sem discriminação).
V2 Conhecer os produtos e serviços do Banco do Brasil. 0,604 0,364 0,9615
V3 Conhecer o ambiente em que o Banco do Brasil atua (mercado local, negócios e
concorrência local). 0,592 0,351 0,9614
V1 Conhecer o Banco do Brasil (sua estrutura, funcionamento, estratégia, missão, políticas
0,585 0,342 0,9615
e objetivos).
V7 Conhecer como funcionam os mercados financeiro e de capitais. 0,583 0,340 0,9611
V5 Conhecer as rotinas e processos relativos ao seu trabalho. 0,529 0,280 0,9621
V18 Ser capaz de operar computadores, periféricos e outros recursos tecnológicos). 0,520 0,271 0,9617
V13 Conhecer a conjuntura social, política e econômica do País. 0,515 0,265 0,9617
V47 Demonstrar modéstia (humildade). 0,504 0,254 0,9623
V11 Conhecer diferentes sistemas de informática (softwares, Internet etc). 0,418 0,175 0,9617
Obs.: Eigenvalue = 18,663; Percentual da variância total explicada = 44,43%; e Alpha de Cronbach ( α) = 0,9621.
98
Para análise fatorial dos dados coletados junto à amostra de clientes, foram adotados
basicamente os mesmos procedimentos. A análise dos componentes principais, realizada com
tratamento pairwise para os dados omissos (nº médio de 478 casos), também apresentou
indicativo de uma solução unifatorial, embora a diferença entre os eigenvalues do
primeiro (13,216) e do segundo (3,531) componentes fosse menos expressiva que a verificada
na amostra de funcionários.
Foram realizadas extrações com diversos números de fatores (de 1 a 6), utilizando-se o
método de fatoração dos eixos principais ( Principal Axis Factoring - PAF) com rotação oblíqua
(direct oblimin). Os resultados foram semelhantes àqueles verificados na amostra de
funcionários, ou seja, na extração de mais de 2 fatores, aumentava-se o número de variáveis com
carga fatorial inferior a 0,30, bem como daquelas que se apresentavam fragmentadas em mais de
um fator. Os fatores, em sua maioria, apresentavam índices de consistência interna baixos ou
moderados. Não foi possível identificar consistência teórica ou semântica que pudesse explicar a
constituição dos fatores. Assim, optou-se novamente pela extração de apenas um fator, solução
que reforça o caráter de interdependência e complementaridade das variáveis estudadas em
relação à prestação de um atendimento de qualidade ao cliente.
99
Tabela 16: Cargas fatoriais e comunalidades (h2 ) do fator “Competências Relevantes à Prestação de um
Atendimento de Qualidade” (amostra de clientes).
α
α sem
Item Variáveis Carga h2 o item
V42 Demonstrar paciência (ser tolerante e estar disposto a ouvir o cliente). 0,691 0,478 0,9192
V33 Reconhecer a importância de prestar um atendimento de qualidade. 0,688 0,474 0,9191
V19 Ser capaz de comunicar-se com clareza e objetividade. 0,686 0,470 0,9196
V41 Dispensar igualdade de tratamento aos clientes (reconhecer igualmente o direito de
0,677 0,458 0,9193
cada cliente, sem discriminação).
V35 Demonstrar receptividade ao cliente (manifestar satisfação, disponibilidade e interesse
0,673 0,453 0,9195
em atender o cliente).
V27 Ser capaz de conquistar a simpatia e o apreço do cliente. 0,646 0,417 0,9191
V17 Ser capaz de manter boas relações interpessoais com clientes e colegas. 0,642 0,412 0,9195
V43 Ser ético na relação com os clientes (reconhecer e valorizar a conduta correta). 0,638 0,407 0,9193
V20 Ser capaz de encontrar as informações de que necessita para o trabalho. 0,632 0,399 0,9192
V34 Demonstrar proatividade (tomar a iniciativa). 0,624 0,390 0,9186
V37 Demonstrar cortesia e educação. 0,615 0,379 0,9199
V26 Ser capaz de produzir soluções criativas e inovadores. 0,613 0,376 0,9188
V28 Ser observador e perceber fatos que o cercam e suas conseqüências (ser perspicaz). 0,609 0,371 0,9190
V23 Ser capaz de argumentar de maneira convincente (saber sustentar seus argumentos
0,604 0,364 0,9183
sobre produtos e serviços do Banco, mercados, negócios etc).
V38 Reconhecer a importância do cliente para o Banco do Brasil. 0,601 0,361 0,9202
V46 Manifestar desejo de aprender continuamente e aprimorar-se profissionalmente. 0,591 0,349 0,9195
V40 Demonstrar disposição para reposicionar-se em razão de mudanças nos desejos do
0,589 0,346 0,9189
cliente, nos objetivos do Banco, no ambiente etc (ser flexível).
V44 Demonstrar responsabilidade social (preocupar-se com as conseqüências de seus atos
0,588 0,346 0,9194
para a sociedade como um todo).
V22 Ser capaz de integrar-se a diferentes contextos sociais (saber relacionar-se com
0,573 0,328 0,9187
diferentes pessoas, culturas, situações etc).
V45 Assumir a responsabilidade frente a situações de trabalho para responder a contento às
0,566 0,320 0,9190
demandas do cliente e do Banco.
V21 Ser capaz de produzir soluções rapidamente (demonstrar agilidade). 0,556 0,309 0,9198
V48 Respeitar a privacidade do cliente. 0,542 0,294 0,9197
V25 Ser capaz de identificar o risco e a rentabilidade dos negócios, avaliando os principais
0,536 0,287 0,9186
aspectos envolvidos.
V39 Demonstrar sensibilidade em relação aos problemas e dificuldades dos clientes. 0,535 0,286 0,9198
V16 Ser capaz de utilizar uma linguagem acessível ao cliente (saber falar a "língua" do
0,532 0,283 0,9200
cliente).
V36 Demonstrar empatia ao cliente (saber colocar-se no lugar do cliente). 0,517 0,267 0,9199
V15 Ser capaz de identificar as características e expectativas do cliente em relação ao Banco
do Brasil. 0,511 0,262 0,9191
V47 Demonstrar modéstia (humildade). 0,509 0,259 0,9201
V12 Conhecer princípios de relações humanas. 0,464 0,215 0,9204
V24 Ser capaz de identificar oportunidades negociais. 0,446 0,199 0,9189
V31 Ser capaz de antever o futuro em razão de tendências (ter visão de futuro). 0,441 0,195 0,9199
V18 Ser capaz de operar computadores, periféricos e outros recursos tecnológicos). 0,413 0,170 0,9207
V8 Conhecer princípios de qualidade em serviços. 0,410 0,168 0,9202
V30 Ser capaz de resolver problemas não convencionais, inéditos ou surpreendentes. 0,408 0,166 0,9208
V5 Conhecer as rotinas e processos relativos ao seu trabalho. 0,379 0,143 0,9205
V3 Conhecer o ambiente em que o Banco do Brasil atua (mercado local, negócios e
concorrência local). 0,364 0,132 0,9203
V6 Conhecer princípios de marketing (negociação, vendas, segmentação etc). 0,356 0,126 0,9198
V1 Conhecer o Banco do Brasil (sua estrutura, funcionamento, estratégia, missão, políticas
0,354 0,125 0,9210
e objetivos).
V2 Conhecer os produtos e serviços do Banco do Brasil. 0,343 0,118 0,9204
V11 Conhecer diferentes sistemas de informática (softwares, Internet etc). 0,309 0,095 0,9210
V13 Conhecer a conjuntura social, política e econômica do País. 0,306 0,093 0,9215
V7 Conhecer como funcionam os mercados financeiro e de capitais. 0,300 0,090 0,9214
Obs.: Eigenvalue = 12,179; Percentual da variância total explicada = 28,99%; e Alpha de Cronbach (α ) = 0,9215.
100
Foram identificadas portanto 42 competências importantes à prestação de um
atendimento de qualidade ao cliente, atingindo-se, assim, o objetivo geral deste trabalho.
Com a identificação das correlações entre essas competências e a estimação da fidedignidade
delas, atingiu-se, também, um dos objetivos específicos.
No que diz respeito a padrões de correlação entre variáveis, vale citar que em estudo
sobre avaliação de necessidades de treinamento para caixas-executivos da Caixa Econômica
Federal, Magalhães (1996) verificou que os conhecimentos, habilidades e atitudes requeridos
para o exercício dessa função agrupavam-se em até 8 fatores. Segundo a referida pesquisadora,
na composição de cada fator predominava um único tipo de variável (conhecimento, habilidade
ou atitude). Os resultados dessa pesquisa indicaram uma divisão nítida entre as três dimensões
da competência, ao contrário do que foi verificado na presente investigação. Talvez essa
divergência tenha ocorrido porque o trabalho de Magalhães (id.ib.) centrou-se na identificação
de lacunas de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários ao desempenho da função de
caixa-executivo, entendendo-se como lacuna a diferença entre uma condição real e outra que se
desejava alcançar. O presente estudo, entretanto, buscou identificar competências relevantes à
prestação de um atendimento de qualidade, sem a pretensão de verificar se escriturários e
caixas-executivos dominavam tais competências. Faz-se importante a realização de novas
pesquisas para avaliar as correlações entre conhecimentos, habilidades e atitudes.
Outro objetivo deste estudo era verificar a existência de divergência entre as percepções
de gestores, funcionários e clientes do Banco quanto às competências relevantes à prestação de
um atendimento de qualidade ao cliente (as 42 variáveis integrantes do fator).
Realizou-se, então, análise de variância, seguida de teste Tukey, visando verificar se eventuais
variações nas percepções desses segmentos eram atribuíveis a flutuações aleatórias ou
suficientemente grandes para sugerir a existência de diferenças significativas (p < 0,05) entre as
médias amostrais (Wonnacott & Wonnacott, 1981). Ressalta-se que os itens, quando analisados
individualmente, foram submetidos à análise MANOVA One-Way (análise múltipla de
variância), tendo em vista a possibilidade de inflacionar o erro do Tipo I (informações de
significância falsa), caso fosse utilizada a técnica ANOVA (análise de variância simples).
101
A população de gestores apresentou média geral de importância (X = 5,45 e σ = 0,34)
significativamente superior (p = 0,006) às das amostras de funcionários (X = 5,21 e σ = 0,60) e
de clientes (X = 5,20 e σ = 0,55). A diferença entre as médias das amostras de funcionários e de
clientes, entretanto, não foi considerada significativa, conforme mostra a Figura 13.
Esse resultado talvez decorra do fato de o gestor avaliar as competências sob a perspectiva de
quem atua como um espectador – ou um orientador – das relações de consumo estabelecidas
entre funcionários e clientes, enquanto estes dois últimos atores interagem face-a-face nesse
processo. Como responsável, em última instância, pela qualidade do atendimento prestado pela
agência, talvez seja natural que o gestor valorize mais as competências descritas no instrumento
de pesquisa. Segundo o Plano de Cargos do Banco, os gestores têm como principais
responsabilidades, entre outras, garantir a qualidade dos serviços prestados e assegurar a
satisfação das necessidades da clientela. Além disso, como o segmento gerencial da empresa é
atendido por um extenso programa de capacitação, que aborda questões relacionadas a
tendências da indústria bancária e do mercado de trabalho, é possível que, em decorrência
do treinamento, os gestores reconheçam com maior clareza a importância das competências
em questão.
Figura 13: Comparação entre as médias de importância dos três segmentos (gestores, funcionários e
clientes).
5,45
Média 5
4,5
4
Gestores Funcionários Clientes
102
A Tabela 17 mostra as diferenças entre as médias amostrais no que diz respeito às
competências descritas em termos de conhecimentos. As omissões na referida tabela indicam
que não houve diferença significativa, sendo utilizado o índice de significância p < 0,05 para
essa análise. Nos itens “conhecer princípios de qualidade em serviços”, “conhecer diferentes
sistemas de informática”, “conhecer princípios de relações humanas” e “conhecer a conjuntura
social, política e econômica do País”, as médias dos clientes apresentaram-se significativamente
superiores às médias da amostra de funcionários. Nos itens “conhecer produtos e serviços do
Banco do Brasil”, “conhecer o ambiente em que o Banco do Brasil atua”, “conhecer rotinas e
processos relativos ao seu trabalho” e “conhecer princípios de marketing”, por outro lado,
constatou-se diferença significativa entre as médias de gestores e clientes, sendo superiores as
dos gerentes.
Tabela 17: Comparação entre as médias da percepção de gestores, funcionários e clientes relativas aos
conhecimentos.
V13 - Conhecer a conjuntura social, política e econômica do País. p = 0,006 Clientes > Funcionários
OBS.: As omissões indicam que não houve diferença significativa. Nível de significância (p) < 0,05.
No que concerne às habilidades, verificou-se que nos itens “ser capaz de operar
computadores, periféricos e outros recursos tecnológicos”, “ser capaz de integrar-se a diferentes
contextos sociais”, “ser capaz de identificar o risco e a rentabilidade dos negócios”, “ser
observador e perceber os fatos que o cercam e suas conseqüências”, “ser capaz de resolver
problemas não convencionais, inéditos ou surpreendentes” e “ser capaz de antever o futuro em
103
razão de tendências” não houve diferença significativa entre as percepções de gestores,
funcionários e clientes (ver Tabela 18). Os funcionários apresentaram média superior à dos
clientes nos itens “ser capaz de argumentar de maneira convincente” e “ser capaz de identificar
oportunidades negociais”. Os gestores, por sua vez, apresentaram média significativamente
superior à dos clientes nas variáveis “ser capaz de identificar características e expectativas do
cliente em relação ao Banco do Brasil”, “ser capaz de utilizar uma linguagem acessível ao
cliente”, “ser capaz de manter boas relações interpessoais com clientes e colegas” e “ser capaz
de identificar oportunidades negociais”.
Tabela 18: Comparação entre as médias da percepção de gestores, funcionários e clientes relativas às
habilidades.
Diferenças entre as
Descrição das Variáveis Sig. Médias
V15 - Ser capaz de identificar as características e expectativas do
p = 0,003 Gestores > Clientes
cliente em relação ao Banco do Brasil.
V16 - Ser capaz de utilizar uma linguagem acessível ao cliente (saber
p = 0,014 Gestores > Clientes
falar a “língua” do cliente).
V17 - Ser capaz de manter boas relações interpessoais com clientes e p = 0,039 Gestores > Clientes
colegas.
V18 - Ser capaz de operar computadores, periféricos e outros recursos
tecnológicos.
V19 - Ser capaz de comunicar-se com clareza e objetividade. p = 0,000 Clientes > Funcionários
V20 - Ser capaz de encontrar as informações de que necessita para o p = 0,016 Gestores > Funcionários
trabalho.
V21 - Ser capaz de produzir soluções rapidamente (demonstrar
p = 0,014 Clientes > Funcionários
agilidade).
V22 - Ser capaz de integrar-se a diferentes contextos sociais (saber
relacionar-se com diferentes pessoas, culturas, situações etc).
V23 - Ser capaz de argumentar de maneira convincente (saber
sustentar seus argumentos sobre produtos e serviços do Banco, p = 0,000 Funcionários > Clientes
mercados, negócios).
Gestores > Clientes
V24 - Ser capaz de identificar oportunidades negociais. p = 0,000
Funcionários > Clientes
V25 - Ser capaz de identificar o risco e a rentabilidade dos negócios,
avaliando os principais aspectos envolvidos.
V26 - Ser capaz de produzir soluções criativas e inovadoras. p = 0,001 Clientes > Funcionários
V27 - Ser capaz de conquistar a simpatia e o apreço do cliente. p = 0,028 Gestores > Funcionários
V28 - Ser observador e perceber os fatos que o cercam e suas
conseqüências (ser perspicaz).
V30 - Ser capaz de resolver problemas não convencionais, inéditos ou
surpreendentes.
V31 - Ser capaz de antever o futuro em razão de tendências (ter visão
de futuro).
Obs.: As omissões indicam que não houve diferença significativa. Nível de significância (p) < 0,05.
104
Com relação às competências descritas em termos de atitudes, verifica-se na Tabela 19
que os gestores apresentam, em grande parte dos itens, médias significativamente superiores às
de funcionários e de clientes. Nas variáveis “demonstrar receptividade ao cliente”, “reconhecer a
importância do cliente para o Banco do Brasil”, “demonstrar sensibilidade em relação aos
problemas e dificuldades do cliente”, “demonstrar responsabilidade social”, “assumir a
responsabilidade frente a situações de trabalho para responder a contento às demandas do cliente
e do Banco”, “demonstrar modéstia” e “respeitar a privacidade do cliente”, as diferenças entre
as médias de gestores, funcionários e clientes não se mostraram significativas.
Tabela 19: Comparação entre as médias da percepção de gestores, funcionários e clientes relativas às
atitudes.
Diferenças entre as
Descrição das Variáveis Sig. Médias
V33 - Reconhecer a importância de prestar um atendimento de Gestores > Funcionários
p = 0,005
qualidade. Gestores > Clientes
Gestores > Funcionários
V34 - Demonstrar proatividade (tomar a iniciativa). p = 0,029
Gestores > Clientes
V35 - Demonstrar receptividade ao cliente (manifestar satisfação,
disponibilidade e interesse em atender o cliente).
V36 - Demonstrar empatia ao cliente (saber colocar-se no lugar do Gestores > Funcionários
p = 0,015
cliente). Gestores > Clientes
V37 - Demonstrar cortesia e educação. p = 0,025 Gestores > Funcionários
105
Esses resultados indicam que, em grande parte das competências, há diferença
significativa entre a percepção de gestores, funcionários e clientes do Banco do Brasil. Talvez
porque cada um desses atores analise a importância das competências sob uma diferente
perspectiva. Os funcionários, sob a ótica de quem interage face-a-face com o cliente, em um
processo de comunicação de marketing1 , buscando atender às necessidades deste último e
despertar nele o interesse por produtos e serviços oferecidos pelo Banco. Os clientes, sob a ótica
de quem alimenta uma série de expectativas e desejos em relação ao atendimento prestado pelos
funcionários. E os gestores, sob a perspectiva de quem é, em última instância, o responsável pela
satisfação do cliente. Ressalta-se que, se o Banco deseja mudar a percepção da sociedade acerca
do atendimento prestado pela empresa, atenção especial deve ser dispensada ao grau de
importância atribuído pelos clientes às competências identificadas como relevantes à prestação
de um atendimento de qualidade.
1
Sobre o processo de comunicação no marketing, ver Hunt & Ruben (1993).
106
Também foi observada diferença significativa na percepção das competências para a
variável “leitura dos fascículos do Programa de Profissionalização do Banco do Brasil”.
Os resultados indicam que a média dos funcionários que leram todos ou quase todos os
fascículos do Programa é significativamente superior (p = 0,004) à daqueles que não leram.
Isso parece natural, visto que tais fascículos objetivam, em última instância, desenvolver nos
funcionários uma postura reflexiva frente ao trabalho e à organização. No que diz respeito às
variáveis contínuas de descrição da amostra (idade e tempo de Banco), realizou-se análise de
correlação bivariada em relação à média do fator de competências, mas não foram apuradas
correlações significativas.
Tabela 20: Resultados da análise de regressão múltipla dos dados coletados junto à amostra de
funcionários.
Descrição das Variáveis Preditoras R2 β Sig.
Sexo 0,033 0,172 0,005
Leitura dos Fascículos do Programa de Profissionalização
0,028 0,168 0,006
do Banco do Brasil.
Variável predita: fator “Competências Relevantes à Prestação de um Atendimento de Qualidade”.
Rt = 0,061
108
os fascículos do Programa, maior o grau de importância atribuído às competências. Esse
resultado já era esperado, à medida que se supunha que a leitura dos fascículos pudesse
influenciar a percepção dos funcionários acerca das competências relevantes à prestação de um
atendimento de qualidade ao cliente. Isso porque tais fascículos versam sobre tendências do
mercado de trabalho, globalização e âncoras de carreira, entre outras temáticas, visando o
desenvolvimento de uma postura proativa e reflexiva do funcionário frente ao trabalho. De
alguma maneira o Programa parece proporcionar aos funcionários uma visão mais acurada a
respeito das competências profissionais descritas no questionário.
No que concerne à análise dos dados coletados junto à amostra de clientes, verificou-se
que o nível de escolaridade é a única variável independente preditora da percepção de
importância dos respondentes (ver Tabela 21), sendo responsável isoladamente por 1,9% da
variância explicada. O coeficiente β positivo indica que, quanto mais elevado o nível de
escolaridade do cliente, maior o grau de importância por ele atribuído às competências. Esse
resultado também parece coerente, uma vez que se supõe sejam as pessoas com maior grau de
instrução mais conscientes das transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho. Além
disso, talvez o cliente com maior nível de escolaridade seja mais exigente em relação aos
serviços prestados pelo Banco, o que o faz atribuir maior valor às competências.
Tabela 21: Resultados da análise de regressão múltipla dos dados coletados junto à amostra de clientes.
109
Seguindo as sugestões de Wells (1991) e Sykes (1991), as respostas às questões foram
analisadas, procurando-se identificar elementos interpretativos, bem como a freqüência de uso
de determinadas palavras. As declarações dos respondentes foram depuradas, interpretadas e
classificadas em categorias para facilitar a exposição dos resultados. Vale ressaltar que era
esperado encontrar, nessas questões, várias dificuldades para tratamento dos dados, assim como
a omissão de muitas respostas, não apenas em decorrência da falta de tempo por parte dos
respondentes, mas também porque, segundo Mattar (1996, p.227),
Não obstante a existência de tais dificul dades, tão comuns à pesquisa qualitativa,
decidiu-se manter as perguntas abertas nos questionários, na expectativa de obter dos
respondentes maiores contribuições ao objeto da presente investigação. No que diz respeito ao
segmento de gestores, por exemplo, dos 56 participantes da pesquisa apenas 6 responderam a
essas perguntas, sendo que a maioria das respostas apenas reforçava a importância de
competências descritas nas questões “fechadas” do questionário. Foram sugeridas apenas 3
novas competências potencialmente relevantes à prestação de um atendimento de qualidade:
Na amostra de funcionários, por sua vez, dos 295 participantes da pesquisa, 121
respoderam à questão “Existem outros conhecimentos que você considera necessários para
prestar um atendimento de qualidade ao cliente? Qual(is)?” (item nº 14 do questionário).
Destes, 62 reforçaram a importância de conhecimentos já descritos no questionário, 46
afirmaram desconhecer outros conhecimentos relevantes e 13 apresentaram novas contribuições,
a saber:
Quanto à questão “Existem outras atitudes que você considera necessárias para prestar
um atendimento de qualidade ao cliente? Qual(is)?” (item nº 49 do questionário), esta foi
respondida por 109 funcionários, dos quais 51 afirmaram desconhecer outras atitudes
importantes, 50 apenas reforçaram a importância de atitudes que já haviam sido mencionadas no
questionário e 8 contribuíram com novas idéias, a saber:
FIGURA 14: Categorização das respostas à questão: “Você identifica algum conhecimento, habilidade ou
atitude que, atualmente, não é muito importante para o trabalho bancário, mas, em razão
das mudanças que vêm ocorrendo, será essencial em um futuro próximo ? Qual(is)?”
2,03%
14,58%
Omitiram a resposta
Respoderam negativamente
52,54%
Já na amostra de clientes, dos 484 sujeitos apenas 129 responderam à questão nº 14,
sobre conhecimentos relevantes à prestação de um atendimento de qualidade. Destes, 72
afirmaram desconhecer outros conhecimentos importantes, 41 reforçaram a importância de
conhecimentos já descritos no questionário e 16 apresentaram novas sugestões:
113
competências já descritas no questionário e apenas 6 fizeram menção a novas habilidades,
a saber:
“Ser capaz de prestar consultoria em negócios e finanças” (3 citações);
Quanto à questão nº 49, que objetivava descobrir outras atitudes relevantes à prestação
de um atendimento de qualidade, esta foi respondida por 141 clientes. Destes, 65 responderam
negativamente à pergunta, 66 apresentaram respostas que reforçavam atitudes já mencionadas
no questionário e 10 sugeriram novas atitudes relevantes:
Embora não seja possível obter resultados conclusivos a partir desta análise qualitativa,
até porque o número de respostas válidas é pouco representativo, foi possível descobrir novas
idéias a respeito de competências relevantes à prestação de um atendimento de qualidade ao
cliente. Três delas, “conhecer princípios de psicologia”, “conhecer princípios de sociologia” e
“conhecer a legislação relativa a direitos do consumidor”, parecem merecer atenção especial,
não apenas em razão de terem sido citadas por maior número de respondentes, mas também por
suas interrelações com o fenômeno do consumo. O conhecimento de princípios de psicologia,
por exemplo, além de sugerido pelos 3 segmentos estudados (gestores, funcionários e clientes),
parece indicar a necessidade de o funcionário prever ou compreender os comportamentos do
cliente nas relações negociais. De fato, muitas organizações têm-se dedicado a estudos sobre o
comportamento do consumidor2 , campo do marketing considerado dos mais importantes e que
se desenvolveu graças a contribuições da Psicologia, da Sociologia e da Economia. Como o
consumo é por natureza um fato social, talvez isso explique também a importância atribuída à
competência “conhecer princípios de sociologia”, uma vez que parece relevante aos
profissionais de vendas e serviços o conhecimento da dimensão cultural e dos universos
simbólicos que regem a lógica do consumo (Rocha, 1995).
2
Sobre comportamento do consumidor e antropologia do consumo, ver Rocha (1995), Rocha &
Christensen (1987) e Hawkins et alii (1992).
114
A partir da necessidade de se estabelecer uma harmonia econômica nas relações entre
consumidores e fornecedores, muitos países desenvolveram legislações específicas de proteção
ao consumidor, inclusive o Brasil3 , que visam equilibrar as relações de consumo, proibindo ou
limitando certas práticas de mercado. Essa regulação do mercado, aliada à existência de
consumidores cada vez mais exigentes, talvez justifique a necessidade de o funcionário
“conhecer a legislação relativa a direitos do consumidor”. Por isso, sugere-se que tais
competências sejam submetidas a outras pesquisas, de natureza confirmatória, junto a gestores,
funcionários e clientes do Banco, visando comprovar a relevância delas à prestação de um
atendimento de qualidade ao cliente.
3
O Código Brasileiro de Defesa do Consumidor foi sancionado como Lei nº 8.078, em 11/09/1990.
115
7. C ONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
116
7. C ONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A análise dos dados qualitativos indicou que parcela da amostra de funcionários parece
identificar quais competências possuem relevância emergente para o desempenho de suas
funções, sendo que estes, em grande parte, procuram desenvolver tais competências.
Os resultados obtidos possuem utilidade, então, aos funcionários das agências do Banco do
Brasil no Distrito Federal (escriturários-atendentes e caixas-executivos). Podem orientar suas
estratégias de autodesenvolvimento e gestão de carreira, auxiliando-os, assim, em processos de
crescimento pessoal e profissional. O mercado de trabalho parece exigir, cada vez mais, um
comportamento ativo do trabalhador nesse sentido. Em uma indústria tão dinâmica e
competitiva como a bancária, onde empregos têm sido eliminados a cada dia, espera-se que o
desenvolvimento de competências relevantes à consecução de objetivos organizacionais
promova o crescimento profissional do indivíduo ou, pelo menos, garanta sua empregabilidade
ou atratividade no mercado de trabalho.
Observa-se que a natureza do trabalho bancário vem sofrendo grandes modificações nos
últimos anos. As tendências sugerem que em breve o bancário exercerá a função de um
consultor financeiro, passando a desempenhar um papel ocupacional bastante diverso daquele
que representa atualmente. Neste estudo, as competências identificadas como emergentes
118
explicitam novas exigências de qualificação e a configuração de um perfil profissional para o
bancário do futuro, caracterizado, principalmente, pela polivalência e pela capacidade de criação
e inovação no trabalho. Tais competências merecem atenção especial por parte do Banco. Parece
oportuno levá-las em consideração, seja nas ações de capacitação dos candidatos aprovados no
último concurso público, seja em processos de requalificação dos atuais funcionários. Dessa
forma, a empresa estaria adotando uma atitude proativa ao buscar o desenvolvimento, no
presente, de competências que serão essenciais no futuro. Parece importante também adotar uma
nova nomenclatura para os cargos de “escriturário” e “caixa-executivo”, que seja mais
compatível com o papel que a organização espera que o funcionário desempenhe. Talvez fosse
mais adequado denominá-lo “assistente de vendas” ou mesmo “consultor de negócios”.
119
3 comparação entre organizações públicas e privadas quanto à utilização da abordagem
das competências;
120
ANEXOS
121
ANEXO A: Matriz de competências profissionais importantes para executivos, gerentes e
empregados das organizações do futuro, segundo Spencer & Spencer (1993)1 .
Para executivos:
Para gerentes:
1
Tradução e livre interpretação do presente autor.
122
3 Fortalecimento da equipe (empowering): capacidade de partilhar informações e
idéias, estimular o desenvolvimento profissional da equipe, delegar e motivar
empregados a assumir maiores responsabilidades, retribuir melhorias de desempenho,
expressar expectativas com relação aos subordinados e dar feedback ;
Para empregados:
3 Orientação para o cliente (customer service orientation): genuíno desejo de ser útil
aos outros, incluindo a capacidade de identificar e suprir as necessidades dos clientes.
123
ANEXO B: Matriz de competências essenciais para a educação geral (The General Education
Core Competencies), segundo o Kirtland Community College (Giacobazzi, 1997)2 .
2
Tradução e livre interpretação do presente autor.
124
3 Informação (information literacy): capacidade de localizar a informação de que
necessita e utilizá-la eficientemente;
125
ANEXO C: Matriz de competências pessoais relevantes para o desempenho eficaz dos “papéis-
chave” da gerência, segundo o Management Charter Initiative (1997)3 .
3
Tradução e livre interpretação do presente autor.
126
3 Comunicar (communicatting):
• identificar a informação necessária aos ouvintes;
• adotar estilos de comunicação apropriados à situação e à audiência;
• utilizar recursos de comunicação variados para reforçar pontos e manter o interesse
dos ouvintes;
• apresentar idéias e problemas desafiadores de forma a promover o
desenvolvimento e a compreensão;
• estimular a audiência a fazer perguntas, ou parafrasear afirmações, para clarificar o
seu entendimento;
• ouvir atentamente, formular questões, clarificar pontos e verificar o entendimento
mútuo;
• dar feedbacks; e
• verificar a compreensão dos ouvintes por meio de questionamentos e
interpretações de sinais não-verbais.
127
3 Focar resultados (focusing on results):
• manter o foco em resultados;
• resolver problemas e aproveitar oportunidades;
• procurar fazer as coisas da melhor maneira possível;
• perceber mudanças como oportunidades de melhoria;
• monitorar a qualidade e o andamento do trabalho;
• estabelecer e comunicar expectativas de desempenho;
• planejar o trabalho para melhor aproveitamento de tempo e recursos;
• focar a atenção pessoal em detalhes críticos para o sucesso de uma ação;
• definir metas para si e para os outros;
• fixar objetivos em situações incertas e complexas;
• fixar metas para si próprio e para os demais; e
• empenhar-se para identificar e minimizar barreiras à excelência.
128
3 Pesquisar informações (searching for information):
• procurar informações em múltiplas fontes;
• verificar a validade e confiabilidade das informações;
• estabelecer redes de informação para pesquisar e obter dados relevantes;
• fazer o melhor uso dos recursos de informação existentes; e
• estimular ativamente a livre troca de informações.
129
ANEXO D: Matriz de competências gerenciais para alta performance, segundo o National
Westminster – Natwest Bank (Cockerill, 1994)4 .
4
Tradução e livre interpretação do presente autor.
130
ANEXO E: Roteiro das entrevistas para levantamento preliminar de dados.
ROTEIRO DA ENTREVISTA
131
As entrevistas devem ser realizadas de acordo com o seguinte roteiro de perguntas:
4 Neste novo contexto que se aproxima, como você percebe o trabalho bancário? Como
você concebe o profissional bancário do futuro?
132
ANEXO F: Roteiro das entrevistas para validação semântica dos questionários.
133
ANEXO G: Questionários utilizados na pesquisa.
134
Brasília (DF), 04/10/1999
Atenciosamente,
135
IDENTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS I MPORTANTES PARA A P RESTAÇÃO DE
UM ATENDIMENTO B ASEADO EM P ADRÕES DE E XCELÊNCIA
A) CONHECIMENTOS
POR FAVOR , ASSINALE UM NÚMERO DE UM A SEIS , NA ESCALA À DIREITA DE CADA ITEM , A FIM DE INDICAR O
QUÃO IMPORTANTE VOCÊ CONSIDERA O ITEM PARA QUE UM ATENDENTE (POSTO EFETIVO ) OU UM CAIXA-
EXECUTIVO SEJA CAPAZ DE PRESTAR UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE . U TILIZE A ESCALA ABAIXO:
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
32. Existem outras habilidades que você considera necessário o atendente (posto efetivo) ou o caixa-
executivo possuir para prestar um atendimento de qualidade ao cliente? Qual(is)? _________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
137
C) ATITUDES
POR FAVOR , ASSINALE UM NÚMERO DE UM A SEIS , NA ESCALA À DIREITA DE CADA ITEM , A FIM DE INDICAR O
QUÃO IMPORTANTE VOCÊ CONSIDERA O ITEM PARA QUE UM ATENDENTE (POSTO EFETIVO ) OU UM CAIXA-
EXECUTIVO SEJA CAPAZ DE PRESTAR UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE . LEMBRE -SE DA ESCALA :
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
49. Existem outras atitudes que você considera necessário o atendente (posto efetivo) ou o caixa-executivo
adotar para prestar um atendimento de qualidade ao cliente? Qual(is)? __________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
138
Brasília (DF), 04/10/1999
Prezado(a) Colega,
Atenciosamente,
139
IDENTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS I MPORTANTES PARA A P RESTAÇÃO DE
UM ATENDIMENTO B ASEADO EM P ADRÕES DE E XCELÊNCIA
A) CONHECIMENTOS
POR FAVOR , ASSINALE UM NÚMERO DE UM A SEIS , NA ESCALA À DIREITA DE CADA ITEM , A FIM DE INDICAR O
QUÃO IMPORTANTE VOCÊ CONSIDERA O ITEM PARA QUE UM ATENDENTE (POSTO EFETIVO ) OU UM CAIXA-
EXECUTIVO SEJA CAPAZ DE PRESTAR UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE . U TILIZE A ESCALA ABAIXO:
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
32. Existem outras habilidades que você considera necessárias para prestar um atendimento de qualidade ao
cliente? Qual(is)? ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
141
C) ATITUDES
POR FAVOR , ASSINALE UM NÚMERO DE UM A SEIS , NA ESCALA À DIREITA DE CADA ITEM , A FIM DE INDICAR O
QUÃO IMPORTANTE VOCÊ CONSIDERA O ITEM PARA QUE UM ATENDENTE (POSTO EFETIVO ) OU UM CAIXA-
EXECUTIVO SEJA CAPAZ DE PRESTAR UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE . LEMBRE -SE DA ESCALA :
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
49. Existem outras atitudes que você considera necessárias para prestar um atendimento de qualidade ao
cliente? Qual(is)? ___________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
50. O trabalho bancário vem se modificando muito nos últimos anos, em razão de mudanças sociais,
econômicas e tecnológicas que vêm ocorrendo na sociedade moderna. Você identifica algum
conhecimento, habilidade ou atitude que, atualmente, não é muito importante para o trabalho
bancário, mas, em razão dessas mudanças que vêm ocorrendo, será essencial em um futuro próximo?
Qual(is)? __________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
142
S E VOCÊ RESPONDEU AFIRMATIVAMENTE A PERGUNTA ANTERIOR, POR FAVOR , RESPONDA À QUESTÃO ABAIXO .
CASO CONTRÁRIO, PASSE PARA O ITEM 52.
51. Você adota alguma iniciativa para desenvolver, desde já, o(s) conhecimento(s), habilidade(s) e
atitude(s) que você mencionou na questão anterior? Qual(is)?________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
D) DADOS DO R ESPONDENTE
POR FAVOR ,INFORME SEUS DADOS PESSOAIS , ASSINALANDO COM UM X A RESPOSTA QUE REPRESENTA SUA
SITUAÇÃO ATUAL OU COMPLETANDO AS LACUNAS COM AS INFORMAÇÕES SOLICITADAS :
58. No que diz respeito à leitura dos fascículos do Programa de Profissionalização do Banco do Brasil,
você:
r Não leu nenhum fascículo
r Não leu quase nenhum fascículo
r Leu quase todos os fascículos
r Leu todos os fascículos
A) CONHECIMENTOS
POR FAVOR , ASSINALE UM NÚMERO DE UM A SEIS , NA ESCALA À DIREITA DE CADA ITEM , A FIM DE INDICAR O
QUÃO IMPORTANTE VOCÊ CONSIDERA O ITEM PARA QUE OS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL SEJAM
CAPAZES DE PRESTAR UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE A VOCÊ . UTILIZE A ESCALA ABAIXO:
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
POR FAVOR , ASSINALE UM NÚMERO DE UM A SEIS , NA ESCALA À DIREITA DE CADA ITEM , A FIM DE INDICAR O
QUÃO IMPORTANTE VOCÊ CONSIDERA O ITEM PARA QUE OS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL SEJAM
CAPAZES DE PRESTAR UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE A VOCÊ. LEMBRE-SE DA ESCALA:
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
32. Existem outras habilidades que, na sua opinião, o funcionário do Banco do Brasil deveria possuir para
ser capaz de prestar um atendimento de qualidade ao cliente? Qual(is)? _________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
145
C) ATITUDES
POR FAVOR , ASSINALE UM NÚMERO DE UM A SEIS , NA ESCALA À DIREITA DE CADA ITEM , A FIM DE INDICAR O
QUÃO IMPORTANTE VOCÊ CONSIDERA O ITEM PARA QUE OS FUNCIONÁRIOS DO BANCO DO BRASIL SEJAM
CAPAZES DE PRESTAR UM ATENDIMENTO DE QUALIDADE A VOCÊ. LEMBRE-SE DA ESCALA:
Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância do item.
Quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância do item.
49. Existem outras atitudes que, na sua opinião, o funcionário do Banco do Brasil deveria adotar para ser
capaz de prestar um atendimento de qualidade ao cliente? Qual(is)? ____________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
146
D) DADOS DO R ESPONDENTE
POR FAVOR ,INFORME SEUS DADOS PESSOAIS , ASSINALANDO COM UM X A RESPOSTA QUE REPRESENTA SUA
SITUAÇÃO ATUAL OU COMPLETANDO AS LACUNAS COM AS INFORMAÇÕES SOLICITADAS :
52. Sexo:
r Feminino r Masculino
55. Há quanto tempo você é cliente do Banco do Brasil? ____ anos ou r menos de um ano.
147
BIBLIOGRAFIA R EFERENCIADA
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