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Florianópolis / SC
2017
EDUARDO PINHEIRO LIMA DE CARVALHO
Florianópolis / SC
2017
EDUARDO PINHEIRO LIMA DE CARVALHO
______________________________________________________
Professor e Orientador: Prof. Dr. José Humberto Dias de Toledo.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Ao meu pai Ramon, exemplo de caráter,
honestidade e trabalho, que mesmo partindo
cedo deixou muitos exemplos positivos e uma
imensa saudades.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha mãe Tita, por acreditar em mim e me incentivar a buscar meus
objetivos, sempre me apoiando e me fazendo acreditar que no fim tudo da certo. Só tenho a te
agradecer.
À minha Tia Nana, também sempre incentivando a correr atrás dos meus
objetivos, ajudando de todas as formas possíveis. Obrigado por tudo.
Aos meus irmãos, Xandy, Fer, Zinho, Sú e Helô. Uns mais perto, outros mais
longe, mas todos importantes igualmente na minha vida.
À Gisele, parceira de vida, que esta sempre ao meu lado, me apoiou do início ao
fim em mais uma etapa vencida e me abriu as portas da sua empresa para realização deste
trabalho.
Aos colegas do curso, por tornarem os momentos de aprendizado mais leves e
interessantes.
Ao meu orientador Prof. Dr. José Humberto, coordenador do curso e aos demais
professores, com quem pude aprender muito sobre a profissão de engenheiro de segurança do
trabalho durante estes 2 anos.
À Prof. Eng. Migliane, que aceitou me co-orientar neste trabalho, sempre
disponível e trouxe muita prática e conhecimento à minha formação.
A todos que de alguma forma contribuíram para a execução deste trabalho.
“O que é sucesso? Rir muito e com frequência; ganhar o respeito de pessoas
inteligentes e o afeto das crianças; merecer a consideração de críticos honestos e suportar a
traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um
pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou uma redimida
condição social; saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é
ter sucesso!” (Ralph Waldo Emerson)
RESUMO
O simples ambiente de uma cozinha doméstica já representa alguns riscos a nossa segurança e
a nossa saúde, agora imagine a dimensão dos riscos dentro de uma cozinha que trabalhe em
escala industrial. Este estudo buscou identificar os riscos ambientais presentes no dia a dia de
uma empresa que produz produtos congelados no centro de Florianópolis/SC, e de acordo
com o que determina a NR-09, possa ser elaborado o PPRA da empresa. Constatou-se a
existência de riscos físicos e químicos, principalmente na cozinha da empresa, onde ocorrem a
maioria das atividades. Foram identificadas fontes geradoras de calor, ruído e o contato com
produtos químicos de limpeza. Porém quando os níveis de exposição dos trabalhadores foi
quantificado, foi possível concluir que nenhum risco ambiental se encontrava de forma a
extrapolar os níveis de ação ou os limites de tolerância para exposição ocupacional a tais
agentes. Concluindo o estudo, fez-se as orientações quanto as medidas de controle e
prevenção a serem adotadas pela empresa quando necessário e elaborou-se um cronograma de
monitoramento. Com isso é possível desenvolver o PPRA da empresa.
The simple environment of a domestic kitchen already poses some risks to our safety and our
health, now imagine the dimension of risks within a kitchen that works on an industrial scale.
This study aimed to identify the environmental risks present in the daily life of a company
that produces frozen products in the center of Florianópolis / SC, and according to what
determines the NR-09, the company's PPRA can be elaborated. The existence of physical and
chemical risks was verified, mainly in the kitchen of the company, where most of the
activities take place. Sources of heat, noise and contact with cleaning chemicals were
identified. However, when the workers' exposure levels were quantified, it was possible to
conclude that no environmental risk was found in order to extrapolate action levels or
tolerance limits for occupational exposure to such agents. Concluding the study, the
guidelines were made regarding the control and prevention measures to be adopted by the
company when necessary and a monitoring schedule was elaborated. With this it is possible to
develop the company's PPRA.
Figura 3 – Masseira...................................................................................................................32
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO .............................................................................................. 13
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ......................................................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 14
1.4 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14
1.4.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 14
1.4.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 15
1.5 METODOLOGIA ............................................................................................................ 15
2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 17
2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO.................................................................................... 17
2.1.1 História ......................................................................................................................... 17
2.1.2 Conceito ........................................................................................................................ 18
2.2 NORMAS REGULAMENTADORES ...........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
2.2.1 Norma regulamentadora 6 – Equipamento de proteção Individual – EPI ........... 19
2.2.2 Norma regulamentadora 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais –
PPRA....................................................................................................................................... 20
2.2.3 Norma regulamentadora 15 – Atividades e operações insalubres ......................... 21
2.3 NORMAS DE HIGIENE OCUPACIONAL ................................................................... 22
2.4 AGENTES NOCIVOS..................................................................................................... 22
2.4.1 Ruídos ........................................................................................................................... 22
2.4.2 Calor ............................................................................................................................. 24
2.4.3 Agentes químicos ......................................................................................................... 26
2.5 COZINHA INDUSTRIAL ............................................................................................... 27
3 RESULTADOS E ANÁLISES......................................................................................... 29
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ........................................................................... 29
3.2 ATIVIDADES POR SETOR ........................................................................................... 30
3.2.1 Cozinha......................................................................................................................... 30
3.2.2 Embalagem .................................................................................................................. 35
3.2.3 Ponto de Venda ............................................................................................................ 36
3.3 IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS ................................................................................... 36
3.3.1 Análise de calor............................................................................................................ 37
3.3.2 Análise de ruído ........................................................................................................... 41
3.3.3 Análise agentes químicos ............................................................................................ 45
3.3.4 Mapa de riscos ............................................................................................................. 49
3.4 MEDIDAS DE CONTROLE ........................................................................................... 51
3.4.1 Medidas de controle existentes ................................................................................... 51
3.4.2 Sugestões de melhorias e monitoramento ................................................................. 53
3.4.2.1 Treinamento ............................................................................................................... 54
3.4.2.2 PCMSO ....................................................................................................................... 54
3.4.2.3 Cronograma de ações e monitoramento .................................................................. 55
3.5 JUSTIFICATIVA DE INVESTIMENTO EM PREVENÇÃO ....................................... 55
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 57
5 REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 59
12
1 INTRODUÇÃO
A Constituição Federal de 1988, no seu Art. 6º, estabelece entre os direitos sociais
fundamentais a saúde, o trabalho, e a segurança. Acontece que todos os dias no Brasil
milhões de trabalhadores exercem suas atividades profissionais se expondo a situações que
representam riscos à sua saúde e vida. Esta probabilidade de um trabalhador sofrer algum
dano em decorrência de sua atividade profissional, chamamos de risco ocupacional, ou seja,
são acidentes ou possíveis doenças a que os empregados se expõem no exercício do seu
trabalho (CUSTÓDIO, 2017). Um trabalhador acidentado ou doente representa prejuízo tanto
para o empregador/empresa como para o Estado.
O PPRA é uma das formas de avaliar a influência dos riscos no dia a dia do
trabalhador. Este programa tem por finalidade identificar os agentes físicos, químicos e
biológicos presentes no ambiente de trabalho que possam ocasionar danos à saúde e
integridade do empregado, ou seja, através da antecipação de riscos, buscar meios de evitar
acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A NR-09 define como riscos ambientais os
agentes físicos, químicos e biológicos, que em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador (NR-
15). Para sua construção, devemos dividi-lo em etapas que compreendem:
- antecipação e reconhecimentos dos riscos;
- estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;
13
Com base nas informações citadas anteriormente, podemos observar que o ponto
crítico em relação a segurança e saúde do trabalho se encontra na cozinha. Nela os
colaboradores estão em contato direto com fontes de calor, de ruídos, além de máquinas que
possam representar algum perigo a integridade física dos mesmos. Podemos citar forno e
fogão industrial, ultra congelador, máquinas de misturar e abrir massa entre outros. Alguns
14
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 OBJETIVOS
1.5 METODOLOGIA
A pesquisa deste trabalho pode ser separada em duas etapas de acordo com suas
características em relação a forma de abordagem. Em um primeiro momento a empresa será
visitada para se realizar uma avaliação dos perigos de natureza qualitativa. Serão
inspecionadas as instalações, máquinas, equipamentos e processos produtivos para
identificação dos chamados agentes ambientais (físicos, químicos e biológicos), suas fontes
geradoras, possíveis trajetórias e meios de propagação, funcionários expostos. A apuração
qualitativa é presumida e independente de mensuração, ou seja, a simples presença e a
identificação de um agente nocivo no ambiente de trabalho caracteriza um perigo. Veja bem
que falamos em perigo e não risco. O perigo é a fonte (causa) e o risco a consequência. Para
Piza (2016) risco é o resultado da exposição ao perigo. Quanto maior for o perigo ou a
exposição (ou o produto de ambos), mais o risco aumenta.
Para este trabalho usaremos a definição de risco que leva em conta a gravidade e a
probabilidade de um evento acidental ou uma doença. Desta forma podemos definir o risco
como:
RISCO = GRAVIDADE X PROBABILIDADE
Em uma segunda etapa, já com os riscos e processos mapeados, será feita uma
avaliação quantitativa dos riscos classificados, com a intenção de verificar se os mesmos
ultrapassam os níveis de ação estabelecidos na NR-09, como também não extrapole os limites
de tolerância estabelecidos na NR-15. Os níveis de ação da NR-09 são os valores acima do
qual devem ser iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as
exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de exposição. A avaliação quantitativa
é realizada pela mensuração de intensidade ou concentração dos agentes nocivos,
16
1 2 3 4
REVERSÍVEL REVERSÍVEL IRREVERSÍVEL FATAL OU
LEVE SEVERO SEVERO INCAPACITANTE
GRAVIDADE
Fonte: Matriz elaborada a partir da combinação das matrizes apresentadas por MULHAUSEN & DAMIANO
(1998) e pelo apêndice D da BS 8800 (BSI, 1996). Retirado de material de disciplina Proteção e Controle de
Riscos em Máquinas e Equipamentos. Curso de especialização em Engenharia de Segurança do trabalho, Unisul,
Florianópolis/SC - 2015. Prof. Migliane Réus de Mello.
Por fim, com base nos dados levantados serão elaboradas as medidas e providências
com intenção de eliminar, mitigar ou controlar os riscos presentes no ambiente de trabalho.
17
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.1 História
Desde a antiguidade até a idade média o trabalho sempre esteve aliado a um sentido
negativo, de castigo e sofrimento (CAMISASSA, 2016). A palavra trabalho vem do latim, da
palavra tripalium, um antigo instrumento de tortura.
A relação entre trabalho-saúde-doença já pode ser percebida desde a antiguidade.
Segundo Oiveira (2016) a informação mais antiga sobre segurança do trabalho está registrada
em um documento egípcio, onde um papiro fala da preservação da saúde e da vida do
trabalhador e descreve as condições de trabalho de um pedreiro. Porém como naquela época
apenas os escravos trabalhavam, eram eles que estavam expostos aos riscos do trabalho, e
estes não eram considerados cidadãos, de forma que não havia uma preocupação efetiva em
garantir proteção ao trabalho, já que também a mão de obra era abundante, (CAMISASSA,
2016).
O que percebemos ao longo da história são relatos de estudos isolados na investigação
das doenças oriundas do trabalho. Como Hipócrates (460 a.C. – 370 a.C.), filósofo
considerado por muitos como o pai da medicina, que identificou em um de seus trabalhos a
intoxicação por chumbo, chamada de saturnismo. Já em 1700, na Itália, Bernardino
Ramazzini publicou o livro De Morbis ArtificumDiatriba (As doenças dos trabalhadores) no
qual descreve a relação de doenças com 54 profissões existentes na época (OLIVEIRA,
2016).
Mas foi apenas com a Revolução Industrial na Europa Ocidental que surgiram as
primeiras leis de proteção ao trabalhador, pois viu-se a necessidade de preservar a mão de
obra para garantir o processo produtivo e seus baixos custos de produção. A Revolução
Industrial trouxe avanços tecnológicos para o processo produtivo aumentando a produção,
mas da mesma forma fez saltar o número de mortes, doenças e acidentes de trabalho, devido
às péssimas condições de trabalho e ambientes insalubres.
Em 1802, na Inglaterra, o parlamento aprovou a 1ª lei de proteção aos trabalhadores. A
Lei de saúde e moral do Aprendizes estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia e
proibia o trabalho noturno. Com o passar dos anos foram elaboradas outras leis que entre
outras coisas proibiram o trabalho de menores de 9 anos, estabeleceu-se a jornada diária de
18
trabalho de 8 horas, folga de meio dia por semana aos comerciários, até que em 1912 foi
criado o Código de Leis Trabalhistas.
No Brasil as primeiras leis prevencionistas vieram um pouco depois do que já
acontecia na Europa. A sistematização dos procedimentos preventivos ocorreu incialmente
nos Estados Unidos, no início do século 20, sendo o Brasil um dos membros fundadores da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1919, (OLIVEIRA, 2016). Em 1978 a
Portaria nº 3.214 regulamentou o Capítulo V, Título II (Segurança e Medicina do Trabalho)
da CLT, por meio da qual foram aprovadas as Normas Regulamentadoras (NR) relativas à
Segurança e Medicina do Trabalho, e em 1985 a Lei nº 7.410 criou a especialização em
Engenharia de Segurança do Trabalho, cabendo ao MTE a responsabilidade de seu registro.
2.1.2 Conceito
contratar um empregado pela CLT. Cada norma fornece instruções e parâmetros de acordo
com cada atividade ou função desempenhada e servem para nortear as ações de empregadores
e empregados, de forma que o ambiente laboral se torne um local saudável e seguro.
A seguir falaremos sobre algumas normas relevantes a este trabalho.
a.) Sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra
riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho.
A norma traz em anexo uma lista dos EPIs de acordo com o tipo de proteção a que se
destina.
A NR 9 também estipula que deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo menos
uma vez ao ano, uma análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e
realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades.
Das responsabilidades de empregadores e empregados, a norma define que cabe ao
empregador, estabelecer, implementar e assegurar o cumprimento do PPRA como atividade
permanente da empresa ou instituição. E os trabalhadores ficam responsáveis por:
21
2.4.1 Ruídos
Todo ruído é um tipo de som, mas nem todo som se trata de um ruído. Subjetivamente
o ruído é um som desagradável e indesejável, e objetivamente, é um sinal acústico aperiódico,
originado da superposição de vários movimentos de vibração com diferentes frequências, as
quais não apresentam relação entre si (TORRES, 2007).
O ruído se trata de um agente físico nocivo, reconhecidamente um agente otoagressor
comum em diversos ambientes de trabalho, que pode causar danos ao organismo humano
alterando processos internos com efeitos em curto e médio prazo (AMARAL, 2014).
A NR 15 separa os ruídos em duas categorias, ruído contínuo ou intermitente e ruído
de impacto. Segundo a norma, o ruído de impacto é aquele que apresenta picos de energia
acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, em intervalos superiores a 1 (um) segundo.
Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação de Limites de
23
Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto. Segundo Alcantara (2008), a diferença
entre ruído contínuo e intermitente é que ruído intermitente é aquele cujo Nível de Pressão
Sonora (NPS) varia além de 3 decibéis (dB) em períodos entre 0,2 segundos e 15 minutos. Já
o ruído contínuo é aquele cujo NPS varia em até 3 dB durante períodos superiores a 15
minutos.
O limite de tolerância para exposição ao ruído em uma jornada de trabalho de 8 horas
é definido pela NR 15 em 85 dBs. A partir deste valor a norma traz uma tabela em anexo
(Tabela 2) que estipula os tempos máximos de exposição em função dos limites de tolerância,
para caracterização de insalubridade. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser
medidos em decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito
de compensação "A" e circuito de resposta lenta (SLOW).
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Fonte: Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego, NR-15, Anexo-I.
24
A NHO-01 define o que vem a ser grupo homogêneo de exposição (GHE) para análise do
ruído. Grupo homogêneo corresponde a um grupo de trabalhadores que experimentam
exposição semelhante, de forma que o resultado fornecido pela avaliação da exposição de
parte do grupo seja representativo da exposição de todos os trabalhadores que compõem o
mesmo grupo.
2.4.2 Calor
Onde,
tg = temperatura do globo.
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
lhe danos físicos ou prejudicar-lhe a saúde. Os danos físicos relacionados à exposição química
incluem, desde irritação na pele e olhos, passando por queimaduras leves, indo até aqueles de
maior severidade, causado por incêndio ou explosão. Os danos à saúde podem advir de
exposição de curta e/ou longa duração, relacionadas ao contato de produtos químicos tóxicos
com a pele e olhos, bem como a inalação de seus vapores, resultando em doenças respiratórias
crônicas, doenças do sistema nervoso, doenças nos rins e fígado, e até mesmo alguns tipos de
câncer.
A NR-09 determina que o nível de ação para agentes químicos é a metade do limite de
tolerância estabelecido na NR-15, ou na ausência deste, toma-se por referência os limites
expostos na ACGIH – American Conference of Governamental Industrial Higyenists.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabeleceu através da NBR
14725:2001 a ficha de informação de segurança de produto químico – FISPQ. Este
documento fornece informações sobre vários aspectos desses produtos químicos (substâncias
ou preparados) quanto à proteção, à segurança, à saúde e ao meio ambiente. A FISPQ é um
meio de transferir informações essenciais sobre os riscos (incluindo informações sobre o
transporte, manuseio, armazenamento e ações em emergências) do fornecedor de um produto
químico ao usuário deste (NBR 14725:2001).
Segundo Marchezi (2012), existem inúmeros bancos de dados na área química. O mais
conhecido e abrangente é o “Chemical Abstracts Services” (C.A.S.). O número CAS ou
registro CAS de um composto químico é um número de registro único no banco de dados do
Chemical Abstracts Service, uma divisão da Chemical American Society. Este registro surgiu
porque diferentes cientistas descrevem muitas vezes a mesma substância química por nomes
diferentes. Ter um registro de todos os produtos químicos torna a busca de artigos sobre os
produtos químicos muito mais fácil. O número CAS normalmente esta disponível no rótulo ou
FISPQ dos produtos químicos.
Um fator comum das cozinhas industriais que pode acarretar grandes danos à saúde é
o desconforto térmico, pois estes ambientes podem apresentar temperaturas elevadas e
umidade excessiva provenientes da emissão de vapores durante a cocção dos alimentos. Sabe-
se que o desconforto térmico ocasiona o aparecimento de vários fatores negativos, como
sensação de confinamento, prostração, dor de cabeça, mal-estar, tontura, náuseas, vômito,
comprometendo diretamente a produtividade e a qualidade do trabalho (SILVA JUNIOR apud
PAULA, 2011).
Outros risco físico muito presente nas cozinhas profissionais, é o ruído, geralmente
proveniente dos equipamentos elétricos, principalmente quando estão desregulados ou com
algum outro problema. Ruídos intensos, acima de 90 dB, dificultam a comunicação verbal,
prejudicam tarefas que exijam concentração mental, diminuindo a produtividade e a qualidade
da atividade (TEIXEIRA et al., 2010).
Segundo Paula (2011), os produtos químicos usados em cozinhas são produtos para
higiene pessoal, ambiental, de utensílios e equipamentos. São produtos que podem conter
soda cáustica, detergentes, desinfetantes, e como tal, requerem cuidados específicos ao serem
manipulados. A exposição dos funcionários a tais químicos se deve além do próprio contato
físico, às reações que podem ocorrer quando os produtos de limpeza são aplicados nas áreas a
serem higienizadas, liberando gases e vapores.
29
3 RESULTADOS E ANÁLISES
3.2.1 Cozinha
As atividades na cozinha tem início com a produção da massa. A tarefa tem início as
7:30 hs, tem duração aproximada de 1 hora e 30 minutos para produção de aproximadamente
30 kg de massa e se desenvolve da seguinte maneira:
Este processo é realizado na maioria das vezes em duas etapas e cada uma leva cerca
de 45 minutos. Neste processo os equipamentos utilizados são a masseira da marca G. Paniz
modelo AM 25 (figura 3) e o Ultra Congelador (figura 4). A masseira AM 25 é um
equipamento para produção de massas em geral, possui um corpo basculante em inox, duas
pás fixas amassadoras em ferro fundido, trabalha a uma velocidade de 50 rpm, motor de 1 CV
de potência e pode produzir 65 kg de massa por hora.
O ultra congelador modelo Compacta da fabricante Genesis Refrigeração fica
localizado no setor de embalagem e tem capacidade de congelamento de 40 kg por ciclo.
O transporte dos produtos entre setores é feito com auxílio de um carrinho.
32
Figura 3. Masseira
Etapas do processo:
Além do cozimento dos recheios, ao longo do dia ocorre a cocção das matérias primas.
Neste processo utiliza-se um fogão industrial de baixa pressão da fabricante Innal.
A biomassa que serve de base para produção dos produtos, como o aipim e proteína
animal, são cozidos na pressão por aproximadamente 1 hora. Dependendo do dia, o cozimento
da biomassa e do aipim começa as 9 horas da manhã e as carnes cozinham a partir das 13
horas. Porém quando não há o processamento de nenhuma proteína animal no dia, o aipim e a
biomassa começam a cozinhar apenas as 13 horas.
Diariamente o auxiliar de limpeza é responsável por lavar as louças utilizadas durante
o processo produtivo na cozinha com detergente, as bancadas com álcool hospitalar 70% e o
chão da cozinha ao final do expediente com esfregão, usando água sanitária e sabão em pó.
Após a limpeza os panos utilizados são deixados de molho na água sanitária até o dia
seguinte, quando são torcidos e estendidos. Apenas no sábado que ocorre uma limpeza geral,
desde o forno, fogão e demais equipamentos, como também o chão e as paredes. A limpeza é
realizada com água sanitária, sabão em pó e álcool. Apenas no forno é usado um
desengordurante e uma pasta multiuso, que são aplicados sexta-feira a noite para ficarem
agindo até sábado de manhã, quando a limpeza é finalizada.
3.2.2 Embalagem
Neste setor, apenas uma estagiária trabalha, 20 anos, superior cursando. O trabalho é
realizado sentado com alguma eventual movimentação para atendimento ao público e receber
pagamentos.
alguma substância perigosa afirmar com segurança que a saúde dos trabalhadores não esteja
em risco.
Apesar do PPRA não abordar riscos ergonômicos e de acidentes é importante destacar
alguns pontos. Mesmo se tratando de uma cozinha, o manuseio de utensílios cortantes é
mínimo devido ao tipo de produto fabricado, porém, observou-se alguns riscos de acidentes
como por exemplo, risco de queimaduras no manuseio das formas retiradas do forno e
principalmente no transporte das panelas quentes.
Também podemos salientar o perigo de esmagamento com o cilindro e enroscamento
na masseira. A masseira possui sistema de segurança que permite o funcionamento apenas
com a tampa fechada, além de um botão de emergência. Já o cilindro merece atenção especial,
pois apesar do fácil acesso ao botão liga/desliga, o contato com a área de “perigosa” é livre.
Não foi possível avaliar o grau da lesão em um eventual acidente.
Os riscos ergonômicos estão relacionados ao trabalho de pé, repetitividade de
movimentos e postura, porém para uma avaliação precisa seria necessário um estudo
aprofundado em relação a estes fatores. Como o foco deste trabalho são os riscos ambientais
para elaboração do PPRA da empresa, os fatores ergonômicos não foram levados em
consideração.
No setor de embalagem apenas o ruído proveniente do ultra congelador foi constatado
e avaliado. O setor do PDV não apresentou nenhum risco ambiental.
Risco: Calor
Tipo de risco: Físico
Fontes Geradoras: Forno e fogão
Meio de propagação: Condução, convecção e radiação. Exposição com variação
conforme a estação do ano
Funcionários expostos: 4 (cozinheiras, aux. de cozinha e aux. de limpeza)
[1.1]
M= M1 x t1 + M2 x t2 +... + Mi x ti
60
M = 196 kcal/h
datilografia). 150
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: 150
dirigir).
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada,
principalmente com os braços.
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas.
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma
180
movimentação.
175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com
220
alguma movimentação.
300
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar.
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos
440
(ex.: remoção com pá).
550
Trabalho fatigante
Fonte: Brasil, Ministério do Trabalho e Emprego, NR-15, Anexo-III.
Risco: Ruído
Tipo de risco: Físico
Fontes Geradoras: Masseira, cilindro e ultra congelador
Meio de propagação: Propagação pelo ar e em meio sólido, em todos os sentidos e
direções
Funcionários expostos: 5 (cozinheiras, embalador, aux. de cozinha e aux. de
limpeza)
Onde:
Cn = tempo total diário em que o trabalhador fica exposto a um nível de ruído específico
Tn = tempo máximo diário permissível a este nível, segundo tabela da NHO-01.
Cada situação foi medida por aproximadamente 2 minutos, segundo a segundo, com o
medidor portado pelo avaliador. O dosímetro DOS-600 traz o valor do Nível Equivalente
(Leq). O Leq representa o nível médio de ruído durante um determinado período de tempo.
Realizadas as medições do nível de pressão sonora em cada situação chegou-se ao seguinte
resultado como exposto na tabela (7).
Tabela 7: Nível médio de ruído x tempo (Cozinha).
Tempo
Máxima exposição
exposição
Equipamento Leq (dB A) diária permissível
atividade
(NHO-01)
em minutos
Masseira 83.2 60 604,76
Cilindro 79.8 360 1523,9
Masseira + Cilindro 84.9 10 480
Fonte: Elaborada pelo autor
Dose = 35,62%
Logo, de acordo com a NHO-01, este valor não extrapola o limite de tolerância de
exposição ocupacional diário ao ruído contínuo ou intermitente que seria uma dose superior à
100% ou NE = 85 dB(A). Como também não esta acima do nível de ação, dose superior à
50% ou NE = 82 dB(A).
Aqui é importante observar que estamos falando da NHO-01, que como citado
anteriormente possui o fator de dobra de 3dB(A), por isso o nível de ação para a norma de
higiene ocupacional é 82 dB e não 80 dB, como diz a NR-09. Além de atender os critérios
matemáticos, os resultados obtidos com o incremento de dobra de 3dB(A) estabelecem uma
relação mais criteriosa de exposição. Se calculássemos o NE de acordo com a NR-09, pelo
fator de dobra maior 5 dB(A), teríamos que usar a seguinte fórmula:
Com essa mudança na fórmula chegaríamos a um valor de 78 dB(A) de exposição, oque ainda
esta abaixo do nível de ação estabelecido na NR-09.
Para o trabalhador do setor da embalagem, consideramos apenas a exposição ao ruído
proveniente do seu setor. Apesar de fazer o transporte dos produtos entre os setores, o
trabalhador não entra de fato na cozinha, chegando apenas até a porta para pegar o carrinho
abastecido com os produtos.
O procedimento foi o mesmo aplicado na cozinha e chegou-se ao seguinte resultado
(Tabela 8):
Tabela 8: Nível médio de ruído x tempo (Embalagem).
Tempo
Máxima exposição
exposição
Equipamento Leq (dB A) diária permissível
atividade
(NHO-01)
em minutos
Ultracongelador 81,4 180 960
Fonte: Elaborado pelo autor.
Dose = 18,75%
Para cada produto de limpeza fizemos um quadro com algumas informações da FISPQ
do produto relevantes para a análise de risco.
- Água Sanitária
- Sabão em pó
Segundo a FISPQ do produto, o mesmo não oferece riscos para o seu manuseio, como
era de se esperar para um produto também de uso doméstico.
De acordo com a FISPQ do composto Dodecil Benzeno Sulfonato de Sódio, esta é
uma substância classificada como não perigosa. Quando em pó, em caso de vazamento pode
causar irritação nas mucosas nasais. O produto não é inflamável, combustível, ou explosivo e
tem baixa toxicidade oral e dérmica. A inalação do produto é mais preocupante que outros
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meios de absorção. É pobremente absorvido pela pele, não ocasionando problemas no contato,
o qual mesmo assim deve ser evitado. Não possui níveis de tolerância na NR-15 ou ACGIH.
- Álcool 70%
De acordo com a FISPQ o principal perigo em relação ao álcool etílico 70% esta
relacionado ao fato de ser este um produto inflamável. Porém a ficha de informações também
classifica como perigoso caso ingerido, inalado ou em contato com as mucosas. O álcool
etílico aparece na NR-15 e na ACGIH, mas os limites de exposição apresentados são para
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absorção via inalação, não tendo risco de absorção pela pele. Sendo assim o manuseio do
produto para limpeza de bancadas e equipamentos no ambiente de trabalho não oferece risco
ocupacional, tanto pela quantidade utilizada como pela forma de contato com o produto, não
sendo necessário fazer uma análise quantitativa. Ainda assim a FISPQ do produto orienta o
uso de EPI para seu manuseio de forma preventiva.
O benzoato de denatônio se trata de um produto não perigoso de acordo com a FISPQ
própria. O código CAS informa que o benzoato de denatônio é conhecido como a substância
mais amarga do mundo, normalmente adicionado a outros produtos químicos para lhes
conferir o sabor amargo, como forma de segurança evitando sua ingestão acidental.
Elaborou-se uma planilha com as informações mais relevantes em relação a cada risco
identificado (tabela 13). O grau de risco foi definido com base na matriz apresentada na tabela
1, que considera probabilidade e gravidade, e nada tem a ver com o grau de risco que define
insalubridade na NR-15.
Perda auditiva
Ultra Altamente Irreversível
Embalagem Ruído Baixo Zumbido, 1
congelador Improvável Severo
Estresse
Substâncias Produtos altamente Leve Queimaduras,
Cozinha Irrelevante 2
Químicas de limpeza improvável reversível Intoxicação
Fonte: Elaborado pelo autor.
Cruzando a probabilidade com a gravidade dos riscos, concluiu-se que o grau de risco
do calor é baixo, considerando-se improvável pela quantificação da exposição e de gravidade
leve reversível, pois uma eventual temperatura alta causaria fadiga ou uma desidratação. Para
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ruído, também entende-se como risco baixo, sendo altamente improvável pela quantificação e
somente ruídos a partir do nível de ação podem causar uma perda auditiva, desta maneira a
gravidade é leve. O risco químico com base na FISPQ dos produtos de limpeza classificou-se
como irrelevante, sendo altamente improvável um evento envolvendo os mesmos, e se fosse o
caso seria de gravidade baixa.
Com os riscos identificados e quantificados elaborou-se o mapa de riscos (Figura 10)
da empresa. O mapa de risco nada mais é do que uma representação gráfica baseada no layout
da empresa, com a identificação dos riscos. Atualmente esta ferramenta não faz parte do
PPRA, porém é um item presente na NR-05 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), sendo atribuição da CIPA a elaboração do mesmo, com participação do maior
número de trabalhadores.
O mapa de risco tem o objetivo de informar e conscientizar os funcionários numa fácil
visualização das ameaças presentes através de círculos de diferentes cores e tamanhos, sendo
uma ferramenta essencial para a Segurança e Saúde do Trabalho.
Riscos físicos são representados pela cor verde, químicos pelo vermelho, biológicos
marrom, ergonômicos amarelo e de acidentes azul. Além disso os círculos tem tamanhos
diferentes para uma quantificação rápida e objetiva dos riscos (pequeno, médio, grande).
O item 9.3.5 da NR-09 trata sobre as medidas de controle no PPRA. Segunda a norma,
deverão ser adotadas medidas necessárias suficientes para a eliminação, a minimização ou o
controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes
situações:
a) identificação, na fase de antecipação, de risco potencial à saúde;
b) constatação, na fase de reconhecimento de risco evidente à saúde;
c) quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos trabalhadores
excederem os valores dos limites previstos na NR-15 ou, na ausência destes os valores limites
de exposição ocupacional adotados pela ACGIH - American Conference of Governmental
Industrial Higyenists, ou aqueles que venham a ser estabelecidos em negociação coletiva de
trabalho, desde que mais rigorosos do que os critérios técnico-legais estabelecidos;
d) quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal
entre danos observados na saúde os trabalhadores e a situação de trabalho a que eles ficam
expostos.
Cozinheira,
Atenuar exposição Aux. de cozinha,
Protetor auditivo Vonder 10.043
ao ruído Aux. de limpeza,
Embalador
Proteger contra
Luva proteção calor e queimaduras
Cozinheira,
contra agentes Lamare 37.288 durante manejo de
Aux. De cozinha
térmicos formas e panelas
quentes
Luva proteção
Proteção contra Aux. De limpeza
contra agentes DVS 9.567
produtos químicos Aux. De cozinha
químicos
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os EPIs fornecidos estão todos com o CA válido, e funcionam de forma eficiente para
o controle de exposição ao risco a que se destinam.
O calçado antiderrapante, é fabricado em EVA, extremamente leve e evita acidentes
na movimentação pela cozinha, principalmente quando transportando panelas e formas
quentes, e segundo o fabricante resistente a óleo e cloro.
O protetor auditivo fornecido, possui três falanges é fabricado em copolímero e
segundo o fabricante atenua 13 dB devendo ser substituído a cada 30 dias. Mesmo com a
medição do ruído não ultrapassando os limites de exposição, este protetor é suficiente para
que um ruído de até 92 dB possa ser atenuado a níveis abaixo do nível de ação da NR-15.
As luvas para proteção contra agentes térmicos, confeccionada em grafatex 4 fios com
reforço externo simples, possuem 45 cm de comprimento, suportam temperaturas até 250ºC,
sendo esta a temperatura máxima atingida pelo forno.
A luva de proteção contra agentes químicos é fabricada em borracha natural, sem
revestimento e com palma antiderrapante, é o equipamento mais adequado para limpezas e
faxinas.
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De acordo com a análise de riscos e a quantificação dos agentes ambientais, não foi
constatado nenhum risco que ultrapasse os limites de exposição ocupacional a tais agentes, o
que a princípio poderia ser interpretado como a não obrigação da empresa em ter que investir
em proteção, já que o ambiente da empresa encontra-se seguro. Entretanto, sendo o PPRA um
documento de caráter preventivo, entendemos que a melhoria tem que ser constante, sempre
visando a saúde e o bem estar dos envolvidos, enquanto exercendo suas atividades
ocupacionais.
As medidas de proteção coletiva ao calor já existentes, são suficientes e eficientes na
redução da exposição dos trabalhadores a este agente presente na cozinha. Devemos observar
que a medição de calor foi realizada no período do inverno, então é prudente realizar uma
nova medição no verão, para monitoramento e a fim de eliminar uma suposta exposição ao
calor mais intensa no período mais quente do ano.
O uso de EPIs em relação ao calor pode ser controverso, porque pode acabar
aumentando o calor percebido pelo trabalhador. Como a situação apresentada aqui não
representou riscos, o uso de EPI no manuseio do forno e fogão estaria mais relacionado ao
risco de acidentes com queimaduras.
Os funcionários usam uniforme que inclui calça e avental, porém os mesmos não
podem ser considerados equipamentos de segurança por não possuírem CA. Desta maneira
sugerimos a adoção de vestes específicas para o trabalho na cozinha que possuam CA
aprovado e dentro da validade, sendo uma proteção adicional ao calor, como também uma
segurança contra acidentes de trabalho. Hoje no mercado existem várias opções de aventais
profissionais específicos para uso em cozinha. Geralmente são fabricados em tecido especial,
com tratamento em silicone, fornecendo proteção frontal contra calor de contato, conectivo ou
radiante.
Toda entrega de EPI deverá ser registrada em uma ficha individual contendo no
mínimo, data, para qual atividade se destina e prazo de validade do EPI, seguidos de
assinatura do colaborador. Além disso, a empresa deve controlar o prazo de validade dos
EPIs, para realizar a correta substituição quando do prazo vencido.
Para o agente ambiental ruído, as medidas de controle sugeridas são de caráter
administrativo e de proteção individual já que os níveis de ruído não ultrapassam os limites
seguros de exposição. Medidas de proteção coletiva são “desnecessárias” neste caso, tanto
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pela falta de espaço na empresa para a adoção de barreiras acústicas como também
modificariam a dinâmica de trabalho, reduzindo a capacidade produtiva.
Podemos considerar que o protetor auditivo previamente fornecido pela empresa já
constitui uma boa proteção no caso de um eventual aumento dos níveis de ruído, além de
contribuir para diminuir a distração da atividade executada aumentando o foco no processo.
Apenas a empresa deve observar o prazo de validade para substituição. O fabricante diz que o
prazo de validade é de 30 dias e não encontramos informação se o protetor é lavável. Caso o
protetor seja lavável o prazo pode ser estendido para de 3 a 6 meses.
As máquinas e equipamentos em geral, e principalmente as que emitem ruídos devem
passar por manutenção e lubrificação periodicamente, com registro de data e o procedimento
realizado para controle e agendamento da próxima manutenção preventiva, sempre
respeitando o cronograma.
A empresa deverá realizar periodicamente, mensuração pontual dos níveis de ruído no
ambiente de trabalho e sempre que ocorrer alguma alteração de máquinas no ambiente,
mantendo registro dos dados coletados, com informações como data, instrumento utilizado.
Sugere-se a realização de medição imediatamente após a manutenção dos equipamentos.
Em relação aos agentes químicos, a empresa deve manter em arquivo de fácil acesso
as FISPQs dos produtos de limpeza utilizados no dia a dia. Armazenar os produtos de forma
adequada, em ambiente seguro. Fornecer o EPI necessário para a execução das atividades de
limpeza, neste caso a luva emborrachada já fornecida. Os funcionários devem evitar a
aplicação dos produtos em superfícies e objetos quentes para que não haja formação de gases
e vapores.
3.4.2.1 Treinamento
A empresa deve treinar os empregados sobre o correto uso e armazenamento dos EPIs
no momento da entrega dos equipamentos, mantendo registro assinado pelos colaboradores.
Sempre que necessário refazer o treinamento.
3.4.2.2 PCMSO
proporcionando maior conforto aos empregados em seu ambiente de trabalho. Como exige a
norma o PCMSO deverá ser elaborado por Médico do trabalho indicado pela empresa.
Salário: R$ 1.500,00
INSS: 8% de 1500 = R$ 120,00
RAT: 3% de 1500 = R$ 45,00
Acréscimo aposentadoria especial: 6% de 1500 = R$ 90,00
Adicional de insalubridade: R$ 187,40
Total: R$ 1.942,40
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Salário: R$ 1.500,00
INSS: 8% de 1500 = R$ 120,00
RAT: 3% de 1500 = R$ 45,00
Total: R$ 1.665,00
Logo R$1.942,40 – R$ 1.665,00 nos da uma diferença de R$ 277,40 reais por mês
para apenas uma funcionária, representando uma economia de aproximadamente 14,3% na
folha de pagamento de uma cozinheira.
No nosso trabalho temos 4 funcionários expostos ao calor na empresa. Estivessem eles
em condições insalubres, isso representaria um gasto de aproximadamente R$ 1.100,00 a mais
por mês na folha de pagamento. Multiplique-se por 12 meses e temos mais de R$ 13.000,00
gastos em um ano pelas condições insalubres.
Se a empresa gastar em prevenção de forma a eliminar a insalubridade, a economia
destes valores poderia facilmente justificar o valor investido. Isso sem falar no que a empresa
gasta com um eventual afastamento por conta de um acidente de trabalho.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
50% do limite máximo. Os riscos químicos estão relacionados aos produtos de limpeza e por
se tratarem de produtos de uso doméstico, já esperava-se que não seriam nenhum tipo de risco
relevante, fato comprovado pela análise da FISPQ dos mesmos.
Seria interessante paralelamente ao PPRA que a empresa fizesse uma análise da
necessidade de adaptações na amassadeira e no cilindro de acordo com o que preconiza a NR-
12, norma que trata sobre segurança no trabalho em máquinas e equipamentos, principalmente
o que diz seu Anexo VI. Este anexo estabelece requisitos específicos de segurança para
máquinas de panificação e confeitaria, entre eles amassadeira e cilindro.
Da mesma maneira seria indicado a realização de uma análise ergonômica do trabalho
- AET –, documento essencial na avaliação qualitativa e quantitativa dos riscos ergonômicos
presentes nas máquinas, equipamentos, postos de trabalho e na execução da atividade
profissional.
Mesmo estando os riscos ambientais identificados em níveis aceitáveis e até
controlados, o desenvolvimento deste trabalho tem um caráter prevencionista. Então sugeriu-
se medidas de controle e monitoramento com a intenção de tornar o ambiente de trabalho da
empresa em questão cada vez mais seguro e agradável aos colaboradores.
Por fim, trazemos um cálculo básico e simples para justificar o investimento das
empresas e indústrias em prevenção, fazendo com que a economia na folha de pagamento
justifique o investimento que muitas vezes os empresários enxergam apenas como um gasto
desnecessário.
O presente trabalho contribuiu de forma expressiva para o enriquecimento prático e
teórico, aprendendo na prática como desenvolver um PPRA, o que será muito importante para
execução de forma confiante e segura a profissão de Engenheiro de Segurança do Trabalho.
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5. REFERÊNCIAS
TORRES, Bianca Oliveira. A Perda Auditiva Induzida pelo Ruído (PAIR) na formação
odontológica: conhecimentos e níveis de exposição. 2007. 97 f. Dissertação Mestrado –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Departamento de Odontologia, Natal, 2007.
AMARAL, Bruno Vianna. Incidência de perda auditiva por ruído ocupacional entre
trabalhadores de uma mineradora e pelotizadora de minério de ferro. 2014. 136 f. Tese
Doutorado – USP – Faculdade de Medicina, São Paulo, 2014.
SPILLERE, Julie Ingrid. Estresse ocupacional causado pelo calor. 2007. 65 f. Monografia
especialização em Engenharia de segurança do trabalho – UNESC – Departamento de
segurança do trabalho, Criciúma, 2007.