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ALIMENTAR.
Autores: Rolf Madaleno
Evidenciam as afirmações até agora expendidas, existir uma clara linha divisória
entre o direito de personalidade de que cada pessoa é titular e o seu estado de filiação,
que não pode ser afetado quando já existe precedente atribuição de paternidade ou
maternidade biológica ou socioafetiva, pois a verdade genética é apenas um dos elos
que prendem todo o complexo estado de filiação.
Os alimentos são estabelecidos em favor do credor que deles precisa para assegurar
a sua sagrada e fundamental subsistência, diante da evidência de não ter como arcar
com a sua sobrevivência pessoal, firmando-se destarte, como dependente de seu
provedor, ou até mesmo porque necessite de uma alimentação complementar, já que
os seus ingressos não comportam patrocinar toda a extensão de suas necessidades e do
seu status social.
A paternidade está cada vez mais longe de ser sustentada exclusivamente na sua
derivação genética, antes, firma-se na segurança das relações afetivas e bem assim,
difere o crédito de alimentos pela responsabilidade social e pela responsabilidade de
pai, pois não há como forçar a ser pai quem não quer assumir uma paternidade que
rejeita e que o faz se sentir clara e profundamente desconfortável, mas este genitor do
ocaso e da falta de afeto pode não ser compelido a conviver e gostar de seu filho que
abandona pelo descaso e pela frieza de sua desumana rejeição, mas também não pode,
em contrapartida, ser igualmente compensado com a dispensa da sua responsabilidade
pelo vínculo de sua procriação, apenas porque outro assume por afeto a sua primitiva
função parental.
Se esse pai socioafetivo não tem condições arcar sozinho com a manutenção do
alimentando, deve o filho biológico poder buscar o complemento dos seus alimentos,
em paridade com a privilegiada capacidade econômica do genético genitor.
Tem o filho genético, por direito à vida digna e em consonância com a natureza
indenizatória dos alimentos o direito de reivindicar o crédito alimentar necessário e
suficiente para cobrir os reais custos de sua manutenção, em valores proporcionais à
estratificação social de seu procriador e que não conseguem ser atendidos pela inferior
condição financeira do pai socioafetivo que o compensa com muito amor.
O pai biológico e de nenhum vínculo de amor pode ser convocado a prestar sustento
integral a seu filho de sangue, sem que a obrigação material importe em qualquer
possibilidade de retorno à sua família natural, mas que apenas garanta o provincial
efeito material de assegurar ao filho rejeitado a vida digna, como nas gerações passadas,
em que ele só podia pedir alimentos do seu pai que era casado e o rejeitara.