Você está na página 1de 13

SciELO: uma metodologia

para publicação eletrônica*


ARTIGOS

Abel Laerte Packer e INTRODUÇÃO se central da Bireme era o desenvolvi-


colaboradores mento de uma metodologia para publi-
SciELO – Scientific Electronic Library cação eletrônica, cuja aplicação pudes-
Online — http://www.scielo.br — é uma se complementar a metodologia de re-
biblioteca virtual de revistas científicas gistro bibliográfico e indexação utiliza-
brasileiras em formato eletrônico. Ela da na produção descentralizada da base
organiza e publica textos completos de de dados bibliográficos Literatura Lati-
revistas na Internet / Web, assim como no-Americana e do Caribe em Ciências
produz e publica indicadores do seu uso da Saúde (Lilacs) (Packer2). Coube à
e impacto. A biblioteca opera com a Fapesp a coordenação geral do projeto,
Metodologia SciELO, que é produto do e à Bireme, sua coordenação operacio-
Projeto para o Desenvolvimento de uma nal, incluindo a formação de uma equi-
Metodologia para a Preparação, Arma- pe para trabalhar exclusivamente na im-
zenamento, Disseminação e Avaliação plementação do projeto. Composta por
de Publicações Científicas em Formato profissionais da área de informação,
Eletrônico, cuja primeira fase foi reali- biblioteconomia e informática, a equipe
zada entre fevereiro de 1997 e março de foi sediada nas instalações da Bireme,
1998. O projeto é o resultado de uma de modo a poder contar com o apoio
parceria entre a Fundação de Amparo direto de profissionais com reconheci-
à Pesquisa do Estado de São Paulo da experiência no tratamento de infor-
(Fapesp), o Centro Latino-Americano e mação técnico-científica.
do Caribe de Informação em Ciências
da Saúde (Bireme) e editores de revis- O segundo nível de parceria foi esta-
Resumo tas científicas, que, durante o seu de- belecido junto a um grupo de editores
senvolvimento, recebeu o nome de Bi- científicos brasileiros de várias áreas do
Descreve a Metodologia SciELO – Scientific blioteca Científica Eletrônica On-line, conhecimento, que aprovaram a concep-
Electronic Library Online para a publicação
eletrônica de periódicos científicos, cuja sigla SciELO corresponde à sua ção geral da proposta (quadro 1, a se-
abordando temas como a transição da versão em inglês. guir). A instituição dessas parcerias teve
publicação impressa em papel para a como princípios o caráter experimental
publicação eletrônica, o processo de O estabelecimento da parceria permitiu do projeto e o compromisso com a pes-
comunicação científica, os princípios que
nortearam o desenvolvimento da
a integração de interesses e demandas quisa e o aprendizado conjunto em bus-
metodologia, sua aplicação no site SciELO, convergentes das duas instituições no ca de uma solução que atendesse aos
seus módulos e componentes, os Projeto SciELO. O interesse da Fapesp interesses de todos.
instrumentos nos quais está baseada etc. O concentrava-se em aumentar a visibi-
artigo discute, também, as potencialidades e
tendências para a área no Brasil e América
lidade da produção científica nacional e Embora concebido originalmente como
Latina, apontando questões e propostas que criar mecanismos de avaliação comple- projeto operacional de apoio à infra-es-
deverão ser abordadas e solucionadas pela mentares aos do Institute for Scientific trutura para a pesquisa científica, o Pro-
metodologia. Conclui que a Metodologia Information (ISI) (Meneghini1). O interes- jeto SciELO foi desenvolvido, em parte,
SciELO é uma solução eficiente, flexível e
ampla para a publicação científica
como pesquisa experimental sobre o
eletrônica. fenômeno da publicação eletrônica e, em
parte, como pesquisa operacional visan-
Palavras-chave do a desenvolver uma solução para a
* Trabalho apresentado no Seminário sobre
Avaliação da Produção Científica, realizado em ampla implantação da publicação ele-
SciELO – Scientific Electronic Library São Paulo pelo Projeto SciELO, de 4 a 6 de trônica no Brasil, América Latina e Ca-
Online; Publicação eletrônica. março de 1998.

Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998 109


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

ribe, com o propósito de aprimorar o con- QUADRO 1


trole, a visibilidade e a avaliação da lite- Relação dos periódicos e editores participantes do projeto
ratura científica. Periódicos Editores

ANTECEDENTES Brazilian Journal of Chemical Engineering Milton Mori

Na segunda metade dos anos 90, a pu- Brazilian Journal of Genetics Francisco A. Moura Duarte
blicação científica eletrônica passa a ser
Brazilian Journal of Medical and Lewis Joel Greene
aceita universalmente como um fenôme- Biological Research Dalva Pizeta (Editora Executiva)
no inexorável pela maioria dos atores do
processo de comunicação científica. É Brazilian Journal of Physics Sílvio Roberto de Azevedo Salinas
também consenso que sua realização Neusa M. L. Martin
atravessa um período de transição en- (Secretária Executiva)
tre o modelo baseado puramente no Dados: Revista de Ciências Sociais Charles Pessanha
periódico impresso em papel e o predo-
minantemente eletrônico. Essa transi- Journal of the Brazilian Computer Society Cláudia Bauzer Medeiros
ção não tem sido simples, e sua evolu-
ção tem se caracterizado por promes- Memórias do Instituto Oswaldo Cruz Hooman Momen
sas e frustrações (Peek3, Hunter4). Uma Revista Brasileira de Ciência do Solo Antonio C. Moniz
vasta literatura reflete essa transição Elpídio Inácio Fernandes Filho
(Bailey5).
Revista Brasileira de Geociências Hardy Jost
O uso de computadores no processo da Cláudio Ricomini
comunicação científica data dos anos Revista do Instituto de Medicina Thales de Brito
60 e vem crescendo e se aprimorando Tropical de São Paulo Maria do Carmo Berthe Rosa
rapidamente (Lancaster6, Hickey7), dan- (Secretária Executiva)
do um salto quantitativo e qualitativo a
partir da segunda metade da década de tindo a publicação impressa e sua dis- O aparecimento e a rápida universaliza-
80, quando se gesta e se projeta uni- tribuição em papel como produto final. ção da Internet, particularmente a ope-
versalmente a ampla receptividade do Paralelamente, o armazenamento (ou ração continuamente aprimorada de hi-
computador de mesa, corroborado pelo impressão) das publicações em meios pertextos através do World Wide Web
aumento progressivo da sua capacida- magnéticos ou óticos e a sua distribui- (WWW), foram fatores decisivos em fa-
de de armazenamento e processamen- ção em disquetes, discos compactos vor da consolidação da publicação ele-
to de dados, pelo seu aperfeiçoamento ou diretamente na Internet passam a ser trônica com crescente identidade pró-
contínuo na estruturação de textos, na encarados, paulatinamente, entre os pria, e não simplesmente como réplica
manipulação e apresentação de elemen- diferentes atores, como fato natural e da versão em papel (Guedon10). Em pri-
tos gráficos, assim como na simulação inerente ao processo de publicação meiro lugar, a Internet assegura um meio
de modelos complexos e, finalmente, científica, de tal modo que, em meados de publicação rápido e com cobertura
pela sua incorporação como estação de da década de 90, a maioria das edito- universal através de uma interface co-
comunicação através da sua integração ras científicas internacionais e várias mum capaz de operar hipertextos com
em redes locais e à Internet. É essa universidades e bibliotecas dos países múltiplos suportes de informação, enri-
combinação de avanços ocorridos no desenvolvidos já contava com projetos quecidos com conexões internas e ex-
conjunto das tecnologias de informação avançados em publicações eletrônicas ternas. Em segundo lugar, a constante
que tem originado progressivamente (Borghuis8, Communications9, Hunter4). evolução da Internet sinaliza, para o
novas expectativas, propostas e contri- Ao mesmo tempo, algumas iniciativas futuro da publicação eletrônica, uma
buições em prol da consolidação da pioneiras tiveram lugar no Brasil e na míriade de novas possibilidades, quase
publicação eletrônica. América Latina, como é o caso do Gru- sempre orientadas no sentido de agre-
po de Publicações Eletrônicas em Me- gar valor ao tempo do leitor, dotando-o
Com o uso intensivo de tecnologias de dicina e Biologia, da Universidade com mais iniciativa e interatividade.
informação, os métodos tradicionais de Estadual de Campinas, e do CD-ROM
produção de publicações científicas ga- Artemisa, publicado pela Red Nacional Ao mesmo tempo em que a publicação
nharam mais flexibilidade e novas pos- de Colaboración en Información y eletrônica se afirma por sua contribui-
sibilidades nos aspectos técnicos, além Documentación en Salud, México. ção ao aperfeiçoamento do processo
de maior eficiência nos aspectos geren- tradicional da publicação científica, sur-
ciais e econômicos. Assim, na primeira gem perspectivas, propostas e iniciati-
metade da década de 90, a relação cus- vas propugnando-a como agente de re-
to-benefício da impressão usando tec- novação e mudança do modelo domi-
nologias de informação — desktop nante de comunicação científica, desen-
publishing — atingiu um ponto no qual volvido ao longo dos últimos três sécu-
a produção eletrônica passou a ser obri- los (Schafner11). Entre outras perspecti-
gatória e generalizada, mesmo persis- vas, vislumbra-se a publicação direta do

110 Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

autor na Internet, além da criação e ope- Outros questionamentos importantes ção (Peek3). Ao contrário, o estabeleci-
ração de bases de dados de artigos pro- referem-se à preservação das coleções mento de conexões entre os registros
duzidos por comunidades de autores, de publicações eletrônicas devido, por bibliográficos e os respectivos textos
por exemplo, as formadas por cientis- um lado, à ausência de políticas, nor- completos agrega um novo valor tanto
tas de uma universidade ou instituto de mas e procedimentos consolidados em aos serviços de pesquisa bibliográfica
pesquisa, membros de sociedades nível nacional e internacional e, por ou- quanto às publicações eletrônicas.
científicas e outros. Alguns aspectos tro lado, à constante evolução das tec- Assim, os registros bibliográficos pas-
que emergem dessas propostas são al- nologias de armazenamento de dados sam a proporcionar acesso imediato aos
tamente polêmicos, permanecendo em e das interfaces de operação que tem textos completos, do mesmo modo que
debate, como a diminuição do papel das provocado a rápida obsolescência de estes incorporam conexões para os re-
editoras científicas com fins lucrativos, muitas soluções. Nesse aspecto, o pa- gistros bibliográficos, a partir dos nomes
a redefinição do direito de autor, a subs- pel exercido pelas bibliotecas no mode- de seus autores e das referências bi-
tituição do processo clássico de avalia- lo de organização e conservação dos bliográficas, por exemplo. Em conse-
ção por pares por uma revisão pública e periódicos em papel ainda não encon- qüência, o papel das bases de dados
interativa, a eliminação da organização trou equivalente na publicação eletrôni- bibliográficos na promoção da visibilida-
dos periódicos em volumes e números ca. Esses questionamentos são mini- de das publicações científicas tende a
em favor da publicação de artigos indivi- mizados em parte pelo fato de que fortalecer-se e ampliar-se com a publi-
duais e, por último, a eliminação da pró- atualmente a maioria das coleções ele- cação eletrônica, ao constituir-se como
pria identidade dos periódicos científi- trônicas é composta de versões eletrô- componente que integra o acesso a vá-
cos em benefício das bases de dados nicas de periódicos publicados em pa- rios produtos independentes de diferen-
de artigos (Harnard12, Rowland13). Entre- pel. Existem, também, questionamen- tes editoras. Isto é, as bases de dados
tanto, embora exista um número cres- tos que são comuns ao uso e operação bibliográficos se projetam como solução
cente de iniciativas para a renovação do de produtos e serviços de informação às incompatibilidades entre periódicos
modelo de comunicação científica, a em formato eletrônico, destacando-se a eletrônicos.
tendência dominante na comunidade de segurança e a integridade dos dados e
editores e publicadores científicos é a garantia aos direitos de propriedade e Essa tendência revela a perspectiva de
manter a sua essência e aperfeiçoar de autor, principalmente no contexto da um aumento ainda maior da visibilidade
progressivamente o seu funcionamento Internet, que, ao promover a universali- das publicações que são indexadas em
por meio de contribuições das tecnolo- dade de acesso aos servidores a ela bases de dados internacionais, em sua
gias de informação. conectados, aumenta o grau de exposi- maioria pertencentes à chamada ciên-
ção de produtos e serviços a ações de- cia de corrente principal dos países de-
Embora a publicação eletrônica seja lituosas. A origem e resposta a esses senvolvidos. Por outro lado, ressalta a
considerada um fenômeno inexorável questionamentos não são necessaria- necessidade de os países em desenvolvi-
enquanto suporte, persistem questiona- mente intrínsecas somente à publica- mento, como o Brasil, criarem meca-
mentos originados, em parte, de posi- ção eletrônica, mas também à adminis- nismos alternativos e complementares
ções inflexíveis com relação ao funcio- tração da operação dos protocolos e às bases de dados internacionais para
namento do modelo de periódicos em meios de comunicação de dados na promover o aumento da visibilidade na-
papel e, em parte, da constatação de Internet, e seu escopo estende-se ao cional e internacional das suas publica-
que existem muitas indefinições e va- conjunto das aplicações e serviços nela ções. Essa situação é notoriamente
zios nas propostas em gestação para a operados. Finalmente, permanece a desfavorável, como mostra o reduzido
operação do modelo de periódicos em advertência que a predominância do número de títulos nacionais indexados
formato eletrônico (Lesk14). Os mais re- acesso às fontes de informação eletrô- na base de dados do ISI, especialmen-
calcitrantes concentram-se nas vanta- nica pode conduzir ao abandono cres- te o índice de impacto, considerado in-
gens, em termos de eficiência e como- cente dos livros e periódicos em papel, ternacionalmente como a principal fon-
didade, que se obtêm com a leitura de criando assim uma ruptura artificial no te de dados para a avaliação do impac-
um artigo impresso em papel em rela- conjunto do conhecimento científico de to de publicações científicas e de auto-
ção ao exibido em um monitor. Como o uma diciplina. res com base em indicadores biblio-
artigo científico clássico em formato ele- métricos de citações. Dessa forma, a
trônico pode sempre ser impresso em Um componente importante do modelo maioria das publicações científicas na-
papel, esse argumento tem perdido for- vigente de comunicação científica são cionais está excluída tanto dos meca-
ça à medida que as cópias impressas as bases de dados bibliográficas, que nismos internacionais de promoção da
por computador melhoram e o reconhe- tradicionalmente registram e indexam a visibilidade, quanto dos instrumentos de
cimento das vantagens aumenta por literatura científica, constituindo, assim, avaliação de impacto (Meneghini15).
parte do público, sem contar com a pos- os principais mecanismos de controle
sibilidade única de incluir a operação de e promoção da visibilidade das publica-
som e vídeo nos artigos eletrônicos. ções científicas. É certo que a publica-
ção eletrônica, especialmente a dispo-
nível na Internet, possui maior grau de
exposição e acessibilidade do que a
publicação em papel, mas não ao pon-
to de dispensar os serviços de indexa-

Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998 111


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

Essas questões são alguns dos aspec- Com base nas questões anteriores, a O segundo princípio é a obediência a
tos críticos da evolução da publicação primeira fase do Projeto SciELO traba- normas e padrões, jure et facto, para a
eletrônica na segunda metade de 1996, lhou com os seguintes objetivos espe- publicação científica eletrônica pratica-
que condicionaram a formulação do pro- cíficos: dos internacionalmente. Entretanto,
jeto SciELO, elaborado para promover como discutimos anteriormente, a pu-
a inclusão do processo de comunica- •Desenvolver metodologia comum para blicação eletrônica é um fenômeno em
ção científica brasileira no movimento a preparação, armazenamento, disse- transição, contando, em nível interna-
internacional rumo à publicação eletrô- minação e avaliação de publicações cional, com inúmeras soluções e pas-
nica. científicas eletrônicas, reunindo e apli- sando por constantes mudanças resul-
cando recursos avançados de tecnolo- tantes de novos aportes que emergem
HIPÓTESES E OBJETIVOS DO gia de informação. tanto das tecnologias de informação
PROJETO SciELO como das tentativas, por parte de publi-
•Implantar e operar a aplicação piloto cadores e agentes intermediários, de
As seguintes hipóteses fundamentaram da metodologia em um núcleo selecio- impor suas próprias contribuições. Não
a proposta para o desenvolvimento da nado de periódicos científicos brasilei- existe, ainda, um corpo completo de nor-
Metodologia SciELO: ros. mas e padrões para esse novo tipo de
publicação, mas a literatura está cres-
•O uso intensivo de tecnologias de in- • Promover a disseminação ampla da cendo rapidamente.
formação no processo de comunicação metodologia em nível nacional e inter-
científica, conformando a publicação ele- nacional, especialmente nos países da Dessa forma, para o Projeto SciELO, o
trônica, contribui para o enriquecimen- América Latina e no Caribe. princípio de obediência a normas e pa-
to e a ampliação dos meios tradicionais. drões estende-se necessariamente ao
A consecução desses objetivos repre- acompanhamento das experiências in-
•A adoção da publicação eletrônica por senta o primeiro passo rumo à criação, ternacionais em publicação eletrônica,
parte de editores, publicadores, biblio- a médio prazo, de uma biblioteca na- que podem constituir-se em modelos no
tecas e leitores será facilitada pela cional de periódicos científicos em for- futuro. Devido também a esse período
criação e pela disponibilidade de uma mato eletrônico. A longo prazo, o proje- de transição da publicação em papel
metodologia comum que viabilize téc- to contribuirá para o desenvolvimento da para a predominantemente eletrônica,
nica, econômica e gerencialmente o ciência brasileira e latino-americana, ao permanece a necessidade de igualmen-
processo de transição da publicação aperfeiçoar e ampliar os meios de dis- te incorporar normas e padrões nacio-
tradicional para o formato eletrônico. seminação, publicação e avaliação dos nais e internacionais da publicação
Ao mesmo tempo, o uso de uma me- seus resultados. científica em papel, assim como normas
todologia comum evitará a pulverização para registro bibliográfico e operação de
de publicações eletrônicas incompatí- PRINCÍPIOS E MÉTODOS bases de dados. Apesar da instabilida-
veis entre si. EMPREGADOS NO de inerente aos processos de transição,
DESENVOLVIMENTO DO a obediência a normas, padrões e ex-
•A publicação eletrônica, a partir de uma PROJETO SciELO periências é fundamental para assegu-
metodologia comum, promoverá uma rar a compatibilidade da Metodologia
renovação no processo da comunicação O projeto adotou um conjunto de princí- SciELO com as iniciativas internacio-
científica tradicional, ao integrar as fun- pios e métodos fundamentais para ser- nais em publicação eletrônica.
ções de publicação propriamente ditas, vir de base ao seu desenvolvimento. O
mais o controle bibliográfico, a manu- primeiro desses princípios é o compro- O terceiro princípio adotado para o de-
tenção e preservação de coleções de misso com a preservação das identida- senvolvimento do projeto refere-se ao uso
periódicos, bem como a mensuração do des dos periódicos, incluindo a política intensivo de tecnologias de informação,
seu uso e impacto. editorial e de produção específica de que sejam adequadas às condições da
cada um. Esse compromisso permitiu América Latina e do Caribe. A publica-
•A aplicação de uma metodologia co- dotar a Metodologia SciELO com a ne- ção eletrônica é, por natureza, baseada
mum e avançada na criação de bibliote- cessária flexibilidade para atender o em tecnologias de informação. Embora
cas de periódicos científicos on-line pro- amplo espectro de situações a ser en- disponíveis nos países latino-america-
moverá radical aumento na acessibili- frentado no processo de transição para nos, o acesso da comunidade científica
dade e visibilidade da literatura científi- a publicação eletrônica. Entretanto, tal e do público em geral a essas tecnolo-
ca e contribuirá para o aumento do seu compromisso não impede que os edi- gias está muito aquém da situação dos
impacto. tores venham modificar ou até mesmo países desenvolvidos. Da mesma forma,
incorporar novos elementos em seus é preciso considerar a extensão e a con-
•O uso de metodologia comum criará processos de publicação, motivados fiabilidade da infra-estrutura de comuni-
um ambiente propício que induzirá à pelos avanços da publicação eletrô- ção e a qualidade e a quantidade de re-
melhoria da qualidade dos periódicos nica, em geral, e pela Metodologia cursos humanos gerenciais e técnicos
científicos em sua forma e em seu con- SciELO, em particular. existentes nos países em desenvolvimen-
teúdo. to, como também a disponibilidade de
recursos econômicos para operar siste-
mas altamente sofisticados.

112 Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

Para que a solução investigada e pro- periódicos, mas também avaliando os um seminário organizado pelo projeto
posta pelo projeto possa ter amplo uso avanços alcançados. O último protóti- (os textos apresentados no seminário
na região, ela deve ser baseada em tec- po, de março de 1998, é a versão 1.0 da estão publicados neste número da Ciên-
nologias de informação baratas, prefe- Metodologia SciELO. cia da Informação). Realizada na fase
rencialmente de domínio público, de fá- final de desenvolvimento da metodolo-
cil operação e transferíveis para diferen- Em sua fase de finalização, os protóti- gia, essa consultoria teve por objetivos
tes plataformas de equipamentos, in- pos foram controlados e avaliados exaus- discutir, sob diferentes ângulos e opi-
cluindo ambientes em que a telecomu- tivamente em diferentes instâncias. Na niões, experiências e avanços na área
nicação seja limitada ou predominem primeira, os modelos foram avaliados de avaliação de literatura científica e
canais de baixa velocidade. Assim, já por profissionais da Bireme, sendo que também oferecer ao projeto subsídios
de início, descartou-se o desenvolvimen- erros graves e sugestões simples de sobre a condução futura do módulo
to ou a importação de soluções que exi- melhoramento eram corrigidos e implan- de relatórios de uso e de indicadores
gissem o uso de equipamentos de gran- tadas imediatamente, antes mesmo de bibliométricos.
de porte e de softwares cujo custo de serem submetidos às outras duas ins-
compra e manutenção fossem elevados. tâncias. Na segunda instância, a equi- A quinta e última instância de controle
Esse princípio, além de representar um pe do projeto comparou os periódicos e avaliação realizou-se com a apre-
desafio para o projeto, é importante por- produzidos pela Metodologia SciELO sentação e divulgação do projeto em
que contribui decisivamente para dotar com os periódicos eletrônicos disponí- reuniões nacionais e internacionais nas
a Metodologia SciELO de abertura tec- veis na Internet, quanto à sua opera- áreas de informação e de comunicação
nológica e de independência das solu- cionalidade, compatibilidade, estilo e efi- científica. Apesar de não representar um
ções caras, características necessá- ciência. Por último, os protótipos foram mecanismo formal de avaliação, os de-
rias para responder às condições de de- organizados em um site na Internet para bates que ocorreram em torno da pro-
senvolvimento econômico e tecnológi- que a terceira instância, formada pelos posta e a aprovação de diferentes públi-
co da região. editores científicos participantes do pro- cos constituíram uma retroalimentação
jeto, pudesse analisar os modelos pro- positiva para o projeto.
Os métodos de trabalho incluíram a for- postos, operar as versões eletrônicas
mulação conceitual do projeto em mó- de seus periódicos e avaliar a metodo- Finalmente, foi desenvolvido um
dulos e o desenvolvimento de protótipos. logia. O editores e a equipe do projeto segundo site na Internet com a
A Metodologia SciELO foi, então, divi- reuniram-se quatro vezes durante o pe- finalidade de documentar e tornar público
dida em cinco grandes módulos que ríodo de desenvolvimento da metodolo- o desenvolvimento do projeto, assim
abrangem todo o processo de publica- gia, quando se discutiam os protótipos como receber críticas e sugestões
ção eletrônica, a partir dos artigos em e a programação das atividades futuras. (http://www.scielo.br/fbpe/projeto/
formato digital. Cada um dos módulos pmain.htm).
reúne conjuntos de funções afins, ao Uma quarta instância de controle e ava-
longo do fluxo de processamento dos liação do desenvolvimento do projeto foi PRODUTOS DO PROJETO:
textos (sua descrição detalhada se en- constituída por consultores nacionais A METODOLOGIA SciELO E O SITE
contra mais adiante neste artigo). A di- e internacionais. A primeira consulto- SciELO
visão da metodologia em módulos res- ria foi de Geoffrey Adams, especialista
pondeu, por um lado, a uma opção em publicações eletrônicas da editora Produto principal do projeto, a Meto-
para o gerenciamento da equipe e das Elsevier, realizada logo após a finaliza- dologia SciELO é um conjunto de
respectivas funções de cada pessoa ção do primeiro protótipo, tendo como normas, guias, manuais, programas de
no projeto, estimulando a explosão das objetivo a análise e avaliação tanto da computador e procedimentos operacio-
capacidades individuais no contexto de formulação conceitual da Metodologia nais dirigidos à preparação de textos de
uma obra coletiva. Por outro lado, essa SciELO quanto de sua implantação. periódicos científicos em formato
decisão implementa, promove e enfa- O resultado dessa avaliação foi positi- eletrônico, incluindo, entre outras, as
tiza o caráter aberto da Metodologia vo e muito significativo para o projeto, seguintes funções: armazenamento de
SciELO. porque reforçou em todos os envolvi- textos estruturados em bases de dados,
dos a confiança na proposta de traba- publicação dos periódicos na Internet ou
A formulação modular da metodologia lho e na própria metodologia de desen- em outros meios, recuperação de artigos
foi também motivada pelo desenvolvi- volvimento. e outros textos por seu conteúdo,
mento de protótipos, que se mostrou um produção regular de relatórios de uso e
método bastante eficiente, ao permitir A segunda consultoria foi solicitada a indicadores bibliométricos, aprimora-
que cada solução fosse implementada Ernesto Spinak, especialista em infor- mento de critérios para a avaliação da
em cada um dos módulos e testada mação técnico-científica, visando à for- qualidade de periódicos e o desen-
imediatamente em condições operacio- mulação de recomendações específicas volvimento de procedimentos e políticas
nais reais. Ao longo de um ano, foram sobre a produção de indicadores biblio- para a preservação de publicações
desenvolvidos quatro protótipos da me- métricos. A terceira consultoria foi con- eletrônicas. A aplicação modelo da
todologia. Os editores parceiros do pro- duzida por um grupo de especialistas metodologia é o site SciELO.
jeto participaram ativamente desse brasileiros e internacionais em informa-
processo, não somente preparando e ção técnico-científica e em bibliometria,
enviando os arquivos de textos dos seus informetria e cienciometria, reunido em

Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998 113


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

A Metodologia SciELO constitui, por um FIGURA 1


lado, uma resposta à demanda de edi- Diagrama de fluxo de dados entre os módulos da Metodologia SciELO
tores científicos por soluções confiáveis
para a publicação eletrônica de seus
11
periódicos que sejam compatíveis com Módulo DTD
as iniciativas internacionais mais impor-
tantes; por outro lado, atende a uma Texto Módulo Marcação Módulo Conversores
antiga demanda referente à operação de 2 3
bases de dados bibliográficos para não
apenas controlar e disseminar a litera-
tura científica, mas também permitir a
produção de indicadores para subsidiar Módulo Relatórios Base de Dados
estudos de bibliometria, informetria e 5
cienciometria sobre a produção científi-
4
ca nacional relevante. Ao se projetar
como solução comum para ser adotada Módulo Interface
pela comunidade de editores científicos,
a aplicação da Metodologia SciELO na
operação de bases de dados de cole-
ções de periódicos científicos na Inter- Internet CD-ROM
net contribuirá para o aumento da visibi-
lidade das publicações, evitará a multi-
plicação de periódicos eletrônicos in- SGML é a metalinguagem padrão da Além de compatíveis com similares in-
compatíveis entre si e facilitará o con- ISO (International Organization for Stan- ternacionais, as DTDs SciELO definem
trole bibliográfico, a manutenção e a dardization) usada para a definição de os elementos bibliográficos de acordo
preservação das coleções. linguagens de marcação de textos ele- com um conjunto de normas de docu-
trônicos, possibilitando o intercâmbio e mentação e informação, como as da
A aplicação da metodologia consiste no a distribuição de documentos nos mais ISO, da Associação Brasileira de Nor-
tratamento de textos de periódicos variados formatos, a partir de uma mes- mas Técnicas (ABNT) e do Vancouver
científicos mediante seus cinco módu- ma fonte de dados. Ou seja, a SGML Group, Normas Anglo-Americanas de
los (figura 1). permite que o texto processado nesse Catalogação (AACR2) etc. Outra carac-
padrão seja convertido em um arqui- terística importante que diferencia as
Os módulos DTD, de Marcação e Con- vo independente das plataformas de DTDs SciELO de outras linguagens si-
versores (números 1 a 3) são operados hardware, software, bases de dados milares é a sua flexibilidade na estrutu-
em computadores de mesa com siste- e meios de transporte em que são ou ração dos textos, de modo a atender
ma operacional Windows (95 e NT). Os venham a ser operados, assim como tor- aos modelos de publicação praticados
módulos Interface e de Relatórios (4 e na possível a integração de textos com há anos pelos periódicos científicos bra-
5) podem ser operados nos sistemas outros tipos de suportes ou entidades sileiros.
operacionais Windows (95 e NT) e UNIX armazenados separadamente, como
e também em diferentes equipamentos. imagens, som e vídeo. As DTDs SciELO são três, denomina-
das Serial, Article e Text. Em conjunto,
•Módulo DTD Com base nessa metalinguagem, foram descrevem todos os elementos-chave
elaboradas as DTDs SciELO que des- dos textos de periódicos. Assim, a Se-
Esse módulo é formado por um conjun- crevem a estrutura de artigos e outros rial descreve um fascículo de periódico
to de DTDs (Document Type Definition, textos de periódicos científicos, identi- como um todo, incluindo histórico do
ou Definição de Tipos de Documento), ficando e definindo de forma precisa sua periódico, corpo editorial, instruções
baseado nas normas ISO 8879/86 estrutura e os elementos bibliográficos para os autores e sumário; a Article
(Standard Generalized Markup constituintes, o contexto em que apa- descreve os elementos bibliográficos de
Langua ge – SGML16), ISO 12083/94 recem, sua obrigatoriedade e seus atri- um artigo científico; e a Text define ou-
(Electronic Manuscript Preparation and butos. As DTDs são utilizadas para a tros tipos de texto como editoriais, car-
Markup17) e também em DTDs, como as descrição e tratamento computadoriza- tas ao leitor e obituários.
da Elsevier Science (Poppelier18) e do do de textos.
European Group on SGML19.

114 Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

A DTD SciELO Article divide a estrutura FIGURA 2


de um artigo científico em três grandes Estrutura geral da DTD SciELO Article para artigos de periódicos eletrônicos
blocos: front, body e back (represen-
tados graficamente em seu nível 1 na
article front titlegrp %m.title
figura 2). O front é também dividido em
três grandes grupos: título, autor e in- authgrp author (role= rid=) %m.name
formações bibliográficas complementa-
res (resumo, palavras-chave, histórico corpauth %m.org
etc.). O body é composto pelo texto
completo do artigo. Finalmente, o back bibcom %m.bib
é composto pelo grupo de informações
bibliográficas complementares e pelas body
referências bibliográficas seguindo dife-
rentes normas, além de um grupo dis- back bbibcom %m.bib
tinto para as referências que não obe-
decem a norma alguma. vancouv (standard= count=) %m.van

A figura 3 detalha o segmento da DTD iso690 (standard= count=) %m.iso


que contém as informações necessá-
rias para a identificação do grupo de tí- abnt6023 (standard= count=) %m.abnt
tulo. A figura 4 mostra como a descri-
other (standard= count=) %m.other
ção dessa mesma estrutura é feita na
DTD Article, de acordo com a SGML.
+ %i.float
Para a marcação do texto completo do
artigo, é usada a DTD HTML para asse-
gurar a apresentação e a operação do FIGURA 3
documento na Internet / Web, hoje e no Diagrama do segmento do grupo de título da DTD SciELO Article
futuro. A utilização dessa DTD permite
também que cada editor defina o estilo article front titlegrp title (language=)
de apresentação de sua revista, man-
tendo a individualidade gráfica das pu- subtitle
blicações. Assim, enquanto a HTML
está orientada para a apresentação de … …
(hiper)textos na Internet, as DTDs
SciELO têm por objetivo identificar os
elementos do conteúdo dos textos.
Além do uso de DTDs, é possível tam- FIGURA 4
bém a apresentação de textos em ou- Descrição do grupo de título da DTD SciELO Article, de acordo com a SGML
tros formatos, como o PDF.
<!ELEMENT article - - (front, body, back?) +(%i.float;)>
•Módulo de Marcação
<!ELEMENT front - - (titlegrp, authgrp?, bibcom?)>
Esse módulo é composto pelos progra-
mas de computador Markup e SGML <!ELEMENT titlegrp - - (%m.title;)+>
Parser, cuja finalidade é auxiliar o pro-
cesso de marcação dos textos utili- <!ENTITY %m.title “title, subtitle?”>
zando as DTDs SciELO. O programa
Markup é uma interface criada para <!ELEMENT title - - CDATA>
possibilitar a identificação visual e a mar-
cação manual e automática dos blocos, <!ATTLIST title
grupos e elementos individuais de um
texto, de acordo com as DTDs SciELO. language CDATA #REQUIRED>
A marcação desses componentes re-
cebe o nome de tags (rótulos, marcas). <!ELEMENT subtitle - - CDATA>
Por exemplo, a tag para identificar o
autor é <author>; a que identifica o títu-
lo é <title> etc. Essas tags delimitam
os textos.

Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998 115


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

O programa Markup opera com o pro- FIGURA 5


cessador de texto MS-Word e foi de- Exemplo de texto marcado segundo a DTD SciELO Article
senvolvido com a linguagem Visual
Basic for Application. Ao ser ativada, [article pii=nd doctopic=oa language=en ccode=br1.1 status=1 version=2.0 type=fig
essa interface apresenta uma barra de order=20 seccode=BJG090 stitle=”Braz. J. Genet.” volid=21 issueno=1
ferramentas contendo os rótulos dos ele- dateiso=19980300 issn=1415-4757]
mentos que se aplicam ao primeiro ní- [front]
vel de estruturação do texto. Ao finali-
[titlegrp]
zar a marcação inicial, a interface atua-
[title language=en]
liza a barra de ferramentas, mostrando
Sunkifolias and Buxisunkis
os rótulos dos elementos corresponden-
tes ao próximo nível e assim sucessiva- [/title] :
mente. Desse modo, garante-se a inte- [subtitle]
gridade da marcação com a respectiva Sexually obtained reciprocal hybrids of Citrus sunki x
DTD. A figura 5 mostra um grupo de ele- Severinia buxifolia
mentos do título após receber a marca- [/subtitle]
ção baseada na DTD SciELO Article. [/titlegrp]

O processo de marcação obedece ao [/front]
seguinte procedimento: identificação vi-

sual do elemento, seleção física do ele-
[/article]
mento no texto com o auxílio do cursor
e escolha (clicando com o mouse) do
O SciELO SGML Parser (SSP) é o pro- O programa Config é utilizado para a
rótulo correspondente na barra de ferra-
grama do Módulo de Marcação – ba- inclusão e a manutenção dos registros
mentas. Ao clicar um rótulo, o progra-
seado no programa SP de domínio pú- de descrição dos títulos de periódicos
ma insere no texto a marca de início e
blico desenvolvido por James Clark e de seus fascículos individuais. As es-
a marca de fim do elemento. Para facili-
(SP20) –, utilizado para validar os textos truturas dos registros gerados pelo
tar a visualização do texto, as marcas
marcados com as DTDs SciELO. Para Config seguem a DTD Serial. O progra-
aparecem em cores diferentes. Finali-
facilitar a sua operação, o programa foi ma Conversor gera fascículos indivi-
zado o processo, o programa Markup
transformado em uma biblioteca de fun- duais de periódicos eletrônicos estrutu-
armazena o texto marcado em um ar-
ções de carga dinâmica, que é utilizada rados em uma base de dados. O texto
quivo no formato HTML.
em diferentes programas da Metodolo- eletrônico de cada um dos artigos que
gia SciELO, possuindo também uma in- fazem parte de um fascículo é proces-
A interface também foi programada para
terface gráfica desenvolvida em Visual sado e armazenado na base de dados.
impedir que o operador modifique o tex-
Basic. Os textos validados pelo SSP es-
to, assegurando a sua integridade. E
tão aptos para o processamento no O Módulo Conversores inclui também o
mais: quando as referências bibliográfi-
Módulo Conversores. processo de validação e normalização
cas obedecem fielmente a uma norma,
dos títulos de periódicos citados nas
o processo de marcação de seus ele-
•Módulo Conversores referências bibliográficas, de acordo
mentos é feito automaticamente pelo
com o registro de títulos do ISSN Cen-
programa. O uso dessa facilidade reduz
O Módulo Conversores reúne os progra- ter. Essa normalização é indispensável
significativamente o tempo de marcação
mas de computador que operam os pro- para o bom funcionamento do Módulo
de um artigo, agilizando o processo de
cessos relacionados com a base de de Relatórios, especialmente em rela-
produção eletrônica de uma revista. O
dados de produção dos periódicos ele- ção aos indicadores bibliométricos. É
tempo médio de marcação de um artigo
trônicos. Essa base de dados inclui, também indispensável para o estabele-
é de 84,36 minutos, aplicando a marca-
entre outras entidades, a descrição bi- cimento de conexões internas e exter-
ção manual das referências bibliográfi-
bliográfica de títulos de periódicos, a nas à SciELO.
cas, para um universo de 551 artigos
descrição dos números individuais des-
contendo 12.895 referências, uma mé-
ses periódicos já incorporados à biblio- Finalmente, esse módulo inclui os pro-
dia de 23,40 referências bibliográficas por
teca e os textos completos desses nú- cessos que permitem a transferência
artigo. Entretanto, esse tempo é reduzi-
meros. Enquanto o Módulo de Marca- das bases de dados locais, assim como
do a 47,81 minutos com a marcação
ção trata textos individualmente, o Mó- de entidades externas aos textos (ima-
automática das referências bibliográficas.
dulo Conversores trata da integração de gens, vídeo, som), para o servidor que
Desse modo, a marcação de um fascí-
textos em seu respectivo volume e nú- opera o Módulo Interface. Os registros
culo contendo 15 artigos pode variar de
mero. das bases de dados operadas no Mó-
11,95 horas a 21,09 horas, dependendo
dulo Conversores obedecem ao formato
exclusivamente da apresentação norma-
ISIS, e os programas Config e Conver-
lizada das referências. Esses números
sor são programados em Visual Basic,
não incluem o tempo de preparação do
utilizando a biblioteca de programação
texto em HTML, que pode variar de edi-
ISIS_DLL (Bireme21).
tor para editor e de artigo para artigo.

116 Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

•Módulo Interface FIGURA 6


Site SciELO – Página principal
Reúne todos os processos relativos à
criação, manutenção e operação de um
periódico ou uma coleção de periódicos
no protocolo de hipertexto World Wide
Web (WWW) da Internet, denominado
Hypertext Transfer Protocol (http). O
módulo opera, assim, no ambiente pa-
drão da Internet, conformado por um sis-
tema-servidor de Web e por um siste-
ma-cliente de Web (browser), o que per-
mite à interface acompanhar a evolução
que venha a ocorrer nos servidores, nos
browsers ou no protocolo http.

Os dados de entrada do Módulo Interfa-


ce são obtidos dos processos do Mó-
dulo Conversores e do Módulo de Rela-
tórios. O modelo de dados da interface
inclui, como seu componente central, a
base de dados dos textos eletrônicos,
a qual integra todos os outros compo-
nentes de dados da interface, incluindo
bases de dados auxiliares, arquivos de
FIGURA 7
suportes diferentes de texto (imagens,
Site SciELO – Página principal de um periódico
vídeo e som), arquivos em formato PDF
(Portable Document Format) etc. A base
de dados central é operada pelo servi-
dor WWWISIS (Bireme22) através do dis-
positivo padrão CGI (Common Ga-
teway Interface).

A interface de navegação ou operação


da SciELO compreende dois contextos
principais: uma coleção de periódicos e
o periódico individual. Pode ser configu-
rada para operar em diferentes idiomas
e estilos gráficos e, também, com dife-
rentes normas bibliográficas para a apre-
sentação de legendas e de referências
bibliográficas.

Navegando pelo contexto da coleção ou


biblioteca (figura 6), é possível chegar
aos periódicos consultando listas alfa-
béticas de títulos e de assuntos, assim
como por meio de um formulário de pes-
quisa, ou ainda chegar aos artigos me-
diante pesquisas por autor, assunto ou
por termos gerais e específicos. A in-
terface integra igualmente o contexto
para o acesso aos relatórios de uso e
de indicadores bibliométricos.

No contexto periódico e a partir da pá-


gina principal de um título (figura 7), é
possível ter acesso a informações bási-
cas sobre a revista, como o corpo edi-
torial, instruções aos autores, assina-
tura etc. A navegação permite acesso à

Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998 117


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

coleção de volumes e fascículos dispo- FIGURA 8


níveis na biblioteca (figura 8), aos su- Site SciELO – Página de acesso aos fascículos disponíveis de um periódico
mários do número corrente ou anterior
(figura 9) e aos artigos individuais em
formato HTML (figura 10, a seguir) e, se
disponível, em formato PDF. É possível
também pesquisar artigos pelos nomes
dos autores, palavras do título, palavras-
chave etc. (figura 11, a seguir).

A SciELO poderá ser operada em


CD-ROM ou DVD-ROM para atender a
ambientes isolados da Internet ou com
conexões de baixa velocidade, seja uma
rede local ou mesmo uma estação de
trabalho individual.

•Módulo de Relatórios

Reúne os procedimentos automatizados


para a produção de indicadores de uso
dos periódicos eletrônicos baseados nos
registros de acesso à biblioteca, bem
como de indicadores bibliométricos ba-
seados nos registros bibliográficos dos FIGURA 9
artigos e nos registros bibliográficos das Site SciELO – Página contendo o sumário de um fascículo
citações bibliográficas neles contidas.
Os relatórios aplicam-se a uma coleção
de periódicos, a subconjuntos de perió-
dicos ou a títulos individuais.

As estatísticas de uso das diversas pá-


ginas da interface SciELO são elabora-
das com base no registro detalhado dos
acessos efetuados pelos usuários, que
é feito pela própria interface. Esse re-
gistro permite conhecer a origem do
acesso (quem) e o tempo de uso (quan-
to). Essas estatísticas têm valor par-
cial nos casos em que um determinado
periódico se encontra em um site in-
compatível com a SciELO. É possível,
entretanto, acumular os registros de
acesso quando um periódico é publica-
do em diferentes sites que utilizam a
Metodologia SciELO, como no caso de
servidores espelhos.
blicados pelo ISI, embora outros indica- revistas da SciELO e as revistas incluí-
Os indicadores bibliométricos são cal- dores possam vir a ser incluídos futura- das na base de dados do ISI.
culados tendo por base o universo das mente para atender a necessidades
revistas incluídas em uma determinada específicas da comunicação científica DISCUSSÃO
biblioteca ou um periódico individual. O brasileira. No caso do Projeto SciELO,
cálculo é feito a partir dos elementos os indicadores incluirão não apenas as A concepção modular da Metodologia
bibliográficos marcados nos artigos dos citações registradas em sua base de SciELO facilitou a pesquisa e a produ-
periódicos científicos, por exemplo, o dados, mas também aquelas registra- ção dos resultados finais, dotando a sua
nome de autores, títulos de revistas, das na base de dados do Institute for distribuição, manutenção e desenvolvi-
tipo de documento (artigo original ou de Scientific Information. Dessa forma, os mento futuro com alto grau de flexibili-
revisão, editorial etc). Os indicadores indicadores bibliométricos gerados pela dade. O Módulo de Marcação, por
bibliométricos adotados como padrão SciELO são compatíveis com os gera- exemplo, pode ser operado de forma
pela Metodologia SciELO são equivalen- dos pelo ISI, tornando possível a reali- descentralizada pelos próprios editores
tes aos do Journal Citation Reports pu- zação de estudos comparativos entre as ou por centros de edição geográficos ou

118 Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

temáticos capacitados a processar vá- FIGURA 10


rios títulos de periódicos. Nesse caso, Site SciELO – Página contendo o texto completo de um artigo
os textos marcados podem ser envia-
dos ao centro ou centros que operam
bibliotecas on-line.

Outro exemplo é a operação indepen-


dente do Módulo Interface com o uso
dos chamados servidores espelhos ou
com a publicação de periódicos em
CD-ROM ou DVD-ROM. Ao mesmo
tempo, o caráter modular da Metodo-
logia SciELO contribui para diminuir a
sua complexidade e flexibilizar o seu ge-
renciamento, incluindo a correção de er-
ros, a atualização de componentes de
software e o aperfeiçoamento da sua efi-
ciência e operação. É possível, também,
melhorar continuamente o desenho
gráfico e a navegabilidade da interface
atual, sem qualquer interferência nos
dados e na sua organização.

Outro aspecto que diferencia a Metodo-


logia SciELO refere-se ao tratamento FIGURA 11
dos textos. A identificação e a estrutu- Site SciELO – Índice de autor
ração precisa dos elementos bibliográ-
ficos de artigos e de outros textos com
base em DTDs agregam ao periódico
eletrônico enorme potencial como recur-
so de informação. Entre outros, desta-
cam-se:

a) Os artigos eletrônicos são gerados


simultaneamente com o seu registro
bibliográfico, racionalizando o processo
tradicional de controle bibliográfico e de
indexação dos periódicos em papel, o
que permite notável redução de tempo
para a sua disseminação através das
bases de dados bibliográficas. Uma ex-
perimentação desse aspecto está sen-
do realizada com os periódicos da área
de ciências da saúde que participam da
SciELO: após a marcação e a estrutu-
ração dos artigos, o registro bibliográfi-
co é enviado para a unidade de indexa-
ção da Bireme, que completa o registro traordinária, comparada com o proces- SciELO e indexado em bases de dados
com descritores controlados e o trans- so atual de indexação das publicações bibliográficos nacionais e internacionais.
fere para a base de dados Lilacs. Essa em papel. No caso da MEDLINE, esti-
integração assegura que o conjunto de ma-se uma redução entre quatro a dez b) A indentificação precisa dos elemen-
periódicos científicos em ciências da meses! Como esses registros bibliográ- tos bibliográficos permite que os textos
saúde é recuperável, independente- ficos incluem automaticamente os apon- armazenados em bases de dados
mente de seu suporte. Ao mesmo tem- tadores para o texto completo, assegu- SciELO sejam enriquecidos com a ge-
po, os registros bibliográficos dos ra-se, de modo íntegro, a conexão en- ração automática de conexões a outros
periódicos indexados na base de dados tre as citações recuperadas das bases textos, internos e externos à SciELO,
MEDLINE serão transferidos via Internet de dados bibliográficos e os respecti- como é o caso dos apontadores das
para o sistema PubMed, que é operado vos textos armazenados na SciELO. A referências bibliográficas dos artigos
pela National Library of Medicine dos aplicação desse procedimento poderá para os respectivos registros bibliográ-
Estados Unidos. A redução do tempo ser estendida a qualquer periódico ele- ficos ou textos completos. O Projeto
de disseminação dos artigos será ex- trônico processado pela Metodologia SciELO planeja a operação de conexões

Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998 119


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

automáticas com as seguintes bases e solucionadas pela Metodologia d) a avaliação da produção científica dos
de dados: Web of Science, Lilacs, SciELO e por suas aplicações. Entre países da América Latina e Caribe per-
MEDLINE, HighWire Press, consórcio outras, destacam-se: manece ainda com uma questão: a re-
de publicações eletrônicas internacio- gião requer indicadores próprios à ciên-
nais em São Paulo etc. Ao viabilizar a) aperfeiçoamento dos critérios que cia local, ou são suficientes os indica-
essas conexões, a Metodologia deverão orientar a seleção de periódi- dores consagrados nos países desen-
SciELO integra os periódicos brasilei- cos para inclusão e permanência na volvidos, mais particularmente os pro-
ros nas bibliotecas científicas virtuais in- SciELO. Inicialmente, foram adotados duzidos pelo ISI?
ternacionais. os critérios de avaliação de periódicos
da Fapesp (tema do artigo Avaliação de e) aperfeiçoamento do tratamento de
c) A partir dos textos estruturados em periódicos científicos e técnicos brasi- dados implantado pela Metodologia
bases de dados, será possível a produ- leiros, de R. F. Krzyzanowski e M. C. SciELO, entre outros: 1) uso da Exten-
ção de novos relatórios de uso e de im- G. Ferreira, publicado neste fascículo da sible Markup Language (XML) – Lingua-
pacto, além dos já produzidos pela Me- Ciência da Informação). À medida que gem Extensível de Marcação, como
todologia SciELO, de modo a atender a a biblioteca SciELO acumule uma mas- complemento ou mesmo em substitui-
necessidades específicas de estudos sa crítica de dados, será possível medir ção à SGML. A XML, aprovada pelo W3
bibliométricos e informétricos. mais precisamente não apenas as va- Consortium (Goldfarb23), é um subcon-
riáveis de forma e de conteúdo dos perió- junto simplificado da SGML e se proje-
Embora a Metodologia SciELO possa dicos, mas também o seu impacto rela- ta como padrão de uso universal na
ser aplicada na criação e na operação tivo em nível nacional e internacional; Internet para o tratamento de conteúdo
de versões eletrônicas de periódicos in- de textos, sendo que a apresentação
dividuais, a experência com a bibliote- b) desenvolvimento de um modelo eco- dos textos continua dirigida pelo padrão
ca experimental do Projeto SciELO si- nômico que atenda aos objetivos da HTML. A incorporação da XML pela
naliza uma série de vantagens em favor SciELO e às necessidades de financia- Metodologia SciELO não somente sig-
da produção de bibliotecas eletrônicas mento para a produção dos periódicos nificaria uma sincronização com os
ou de coleções de periódicos, corrobo- participantes. Certamente, em um pri- avanços da publicação eletrônca, mas
rando algumas das hipóteses do proje- meiro momento, a publicação gratuita também a possibilidade de utilização de
to, dentre as quais, destacam-se: dos periódicos na Internet facilitará a sua inúmeros componentes de software que
diseminação e acessibilidade, mas exi- estão ou serão desenvolvidos, como é
a) a operação centralizada de periódi- girá mecanismos complementares de o caso dos elementos individuais e de
cos eletrônicos viabiliza economicamen- financiamento para as revistas. Os re- fórmulas matemáticas, hoje convertidos
te e acelera a transição para a publica- cursos financeiros poderão ser mobili- em imagens para viabilizar sua exibição
ção eletrônica, pois minimiza as implan- zados a partir da combinação de dife- através do HTML;
tações locais por parte dos editores; rentes fontes, como as agências de apoio
a pesquisas, as organizações respon- f) extensão da Metodologia SciELO para
b) ao mesmo tempo em que evita a pul- sáveis pelas revistas, o patrocínio de sua aplicação a outros tipos de literatu-
verização de soluções incompatíveis, a empresas privadas etc. Poderá ocorrer ra, incluindo monografias, teses, anais
biblioteca facilita a preservação e a também uma combinação de recursos de congressos etc., o que ampliaria a
criação de coleções espelhos, assim com uma política de preços baixos. Por utilidade e as contribuições da metodo-
como possibilita a sincronização e a último, a busca de uma operação pro- logia e aumentaria significativamente a
compatibilidade de dados com os avan- gressivamente auto-sustentada. A defi- cobertura das conexões entre textos.
ços no campo da publicação eletrôni- nição desse modelo econômico represen-
ca. Assim, é possível copiar a bibliote- ta um dos grandes desafios futuros para Um dos fatores cruciais no desenvolvi-
ca em meios óticos ou outros suportes o projeto e sua formulação deverá contar mento da Metodologia SciELO foi a par-
que venham a ser criados no futuro; com o aporte de todos os seus agentes; ticipação e contribuição dos editores
científicos, assegurando a sua aplica-
c) as bibliotecas tradicionais, com seus c) conversão das coleções dos periódi- ção a um variado número de situações,
serviços de referência, terão acesso a cos integrantes da SciELO impressos incluindo organização e formato de tex-
coleções integradas de periódicos que em papel nos últimos dez anos para o tos eletrônicos, padrões de apresenta-
adotam a mesma interface de operação, formato eletrônico. Essa conversão ção de artigos científicos e de referên-
facilitando e barateando o processo de criaria de imediato uma biblioteca digi- cias bibliográficas. O projeto evidenciou
intermediação de acesso; tal com massa crítica suficiente para a também problemas clássicos (ou crôni-
realização de estudos sobre o conjunto cos) da comunicação científica brasilei-
d) a biblioteca agrega valor ao tempo do da produção científica brasileira relevan- ra, caso da periodicidade regular e da
usuário final, ao minimizar os esforços te, contribuindo também para a sua pre- obediência a padrões bibliográficos na-
para atender a suas necessidades de servação, além de promover a sua visi- cionais ou internacionais. A biblioteca
informação. bilidade universal. A perspectiva que a SciELO, ao mesmo tempo em que exa-
Metodologia SciELO abre com relação cerba esses problemas, certamente
Por outro lado, a primeira fase do proje- ao uso dessas coleções justifica plena- contribuirá para a sua superação.
to apontou uma série de questões e mente o investimento de recursos para
demandas que deverão ser abordadas sua concretização;

120 Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998


SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica

CONCLUSÕES nologia, de Anna Maria Prat, publicado 10. GUEDON, J.-C. Why are electronic publica-
tions difficult to classify?: the orthogonali-
neste fascículo da Ciência da Informa-
ty of print and digital media [online]. [cited
A Metodologia SciELO se apresenta ção). A implantação da metodologia em 10 Nov. 1997]. Available from URL: [http://
como uma solução eficiente, flexível e outros países está em discussão. poe.acc.virginia.edu/~pm9k/libsci/
ampla para a publicação científica ele- guedon.html]
trônica. Sua aplicação no site SciELO, Com relação ao Brasil, o Projeto
11. SCHAFFNER, A.C. The future of scientific
a aprovação que tem recebido de dife- SciELO, em sua segunda fase, propõe
journals: lessons from the past. Informati-
rentes setores envolvidos na comunica- avançar rumo à operação de 70 a 100 on Technology and Libraries, Dec. 1994.
ção científica nacional e internacional e periódicos em uma biblioteca científica p. 239-47.
as perspectivas de seu aperfeiçoamen- brasileira, com alta visibilidade nacional
to futuro sustentam esta conclusão. e internacional e com uma produção pe- 12. HARNAD, S. The post-Gutenberg galaxy:
how to get there from here. The Informati-
riódica de indicadores para estudos bi- on Society, v. 11, n. 4, p. 285-91, 1995.
A Metodologia SciELO possui as con- bliométricos, informétricos e cienciomé-
dições para ser adotada como metodo- tricos. 13. ROWLAND, F. Electronic journals: neither
logia comum não somente para a publi- free nor easy. The Information Society, v.
cação eletrônica brasileira, mas também 11, n. 4, p. 273-4, 1995.
para a América Latina e Caribe. Nesse
14. LESK, Michael. Going digital. Scientific Ame-
sentido, a Bireme já adotou essa meto- rican, v. 276, n. 3, p. 58-60, Mar. 1997.
dologia como solução para a publica-
ção eletrônica em ciências da saúde na 15. MENEGHINI, Rogério. Em busca da nossa
América Latina e Caribe em sua propos- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ciência perdida. Jornal da USP, São Paulo,
ta de construção da Biblioteca Virtual 24 mar. 1997. p. 2.
em Saúde (Packer e Castro24). Por ou- 1. MENEGHINI, Rogério. Brazilian production in
16. ISO. Standard Generalized Markup Lan-
tro lado, a experiência positiva resultante biochemistry: the question of international
guage - SGML (ISO 8879). Genéve, 1986.
versus domestic publication. Scientome-
da parceria entre a Fapesp, a Bireme e
trics, v. 23, n. 1, p. 21-30, jan. 1992.
os editores científicos, envolvendo todas 17. ISO. Electronic Manuscript Preparation and
as áreas do conhecimento, deverá re- Markup (ISO 12083). Genéve, 1994.
2. PACKER, Abel L. Publicações eletrônicas,
petir-se em outros países latino-ameri- controle bibliográfico e recuperação de in-
formação: um enfoque integrado. In: CON- 18. POPPELIER, N.A.F.M., VAN DER TOGT, H.,
canos e no Caribe. Um projeto nesse VELDMEIJER, F.K. Documentation of the El-
GRESSO REGIONAL DE INFORMAÇÃO EM
sentido já está em andamento no Chile CIÊNCIAS DA SAÚDE, 3, 1996, Rio de Ja- sevier Science Article DTD (version
(como abordado em Avaliação da pro- neiro. Anais. [citado em 10 ago. 1998]. Dis- 3.0.0). Amsterdam: Elsevier Science, 1995.
dução científica como instrumento para ponível em WWW: [http://www.bireme.br/
o desenvolvimento da ciência e da tec- cgi-bin/crics3/text0?id=crics3-mr1.2- 19. EUROPEAN GROUP ON SGML. MAJOUR-
mr1.2.2-04] Header DTD. [s.l.], 1991. 150 p.

3. PEEK, R.P. Scholarly publishing, facing the 20. SP: an SGML system conforming to interna-
new frontiers. In: PEEK, R.P., NEWBY, G.B. tional standard ISO 8879 - Standard Gene-
(eds.). Scholarly publishing: the electro- ralized Markup Language. [cited 10 Aug.
SciELO: a methodology for nic frontier. Cambridge: MIT Press, 1996. 1998]. Available at WWW: [http://
363 p. www.jclark.com/sp/index.htm]
electronic publiszhing
4. HUNTER, K. Issues and experiments in elec- 21. BIREME. ISIS aplication program interface:
Abstract tronic publishing and dissemination. Infor- ISIS_DLL user’s manual. Preliminary versi-
mation Technology and Libraries, June on. São Paulo, 1997.
It describes the SciELO Methodology – 1994. p.127-32.
Scientific Electronic Library Online for 22. BIREME. WWWISIS: a world wide web
electronic publishing of scientific 5. BAILEY JUNIOR, C.W. Scholarly electronic server for ISIS-databases. Version 3.0. São
periodicals, examining issues such as the Paulo, 1997.
publishing bibliography [online]: version
transition from traditonal printed publication
19. Houston: University of Houston, 1998
to electronic publishing, the scientific
[cited July 1998]. Available at WWW: <http:/ 23. GOLDFARB, C.F., PRESCOD, P. The XML
communication process, the principles
/info.lib.uh.edu/sepb/sepb.html> handbook. Upper Saddle River: Prentice
which founded the methodology development,
Hall, 1998. 639 p.
its application in the building of the SciELO
site, its modules and components, the tools 6. LANCASTER, F.W. Evolution of electronic
used for its construction etc. The article also publishing. Library Trends, v. 43, n. 4, p. 3- 24. PACKER, Abel L., CASTRO, Elenice (eds.).
discusses the potentialities and trends for 7, 1995. Biblioteca virtual en salud. São Paulo:
the area in Brazil and Latin America, pointing BIREME, 1998.
out questions and proposals which should 7. HICKEY, T.B. Present and future capabilities
be investigated and solved by the of the online journal. Library Trends, v. 43,
n. 4, p. 528-43, 1995. Abel Laerte Packer, Mariana Rocha Biojo-
methodology. It concludes that the SciELO
ne, Irati Antonio, Roberta Mayumi Take-
Methodology is an efficient, flexible and wide
naka, Alberto Pedroso García, Asael Cos-
solution for the scientific electronic 8. BORGHUIS, M. TULIP: final report. New York:
Elsevier Science, 1996. ta da Silva, Renato Toshiyuki Murasaki ,
publishing.
Cristina Mylek, Odila Carvalho Reis, Háli-
da Cristina Rocha F. Delbucio.
Keywords 9. COMMUNICATIONS of the ACM: The Second
International Conference on the Theory and Equipe executiva, scielo@bireme.br
SciELO – Scientific Electronic Library Practice of Digital Libraries. Digital Libra-
Online; Electronic publishing. ries, v. 38, n. 4, Apr. 1995.

Ci. Inf., Brasília, v. 27, n. 2, p. 109-121, maio/ago. 1998 121

Você também pode gostar