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- de Ovídio (Metamorfose): semelhante a este poeta, Camões metamorfoseia o amor do plano pessoal
para o mitológico; a sensualidade ovidiana manifesta-se em Camões de forma mais picante e viva;
- de Virgílio:
a) naturalismo bucólico, sentindo a natureza de forma viva e suave, o que recorda as albas das cantigas
de amigo;
b) a expressão da mágoa pela morte de pessoa amada;
c) idealização da vida campestre focalizando quadros de vida pastoril (os pastores têm no amor o princi-
pal motivo da vida interior);
d) o amor pelas coisas simples; o desprezo de luxos e voluptuosidades que não se obtêm sem perigos. A
calma felicidade do lavrador traduz um ideal de vida em Camões e Virgílio.
- de Horácio:
a) aurea mediocritas: idealização da vida campestre através do amor à vida mediana, de horizontes fe-
chados mas harmoniosos, sem ambições e lutas;
b) carpe diem: chorar o dia que passa, a fugacidade do tempo, gozar o momento;
c) fugere urbem: fugir da cidade para o campo, como ideal de vida simples.
-de Petrarca:
a) o amor é um atrevimento, um pensamento levantado;
b) expressão das paradoxais contradições do coração enamorado;
c) a amada é mais divina que humana: lábios de rubis, testa de marfim, dentes de pérola, pele de neve,
colo de marfim – para o retrato da amada e seu ambiente só podiam servir os elementos mais nobres e
puros;
d) renúncia à própria personalidade, substituída pela do objeto amado, pois e norma platônica transfor-
mar-se o amador na coisa amada (Platão via Petrarca).
e) concepção de uma natureza antropopática: a amada de Camões como Laura faz “florescer a verdura
que andando com os divinos pés tocava”;
f) a natureza está intimamente associada às emoções da alma enamorada, quase sempre evocada em seus
aspectos amáveis nos momentos de tristeza. Em Camões encontramos um sentimento de natureza em
que se conjugam as ledas e serenas madrugadas com as tempestades trágicas, os abismos e as terríficas
visões;
g) angústia ante a fugacidade do tempo, da vida e da beleza, dilacerado entre o efêmero e o eterno.
Camões Renascentista
Camões aproxima-se da mundivivência renascentista através: do idealismo neo-platônico; da fideli-
dade ao amor humano e à vida em carne e osso (antropocentrismo); da exaltação entusiástica do maravi-
lhoso geográfico ou cosmográfico; da influência clássica.
Camões Maneirista
Os temas preferenciais do maneirismo são: o engano e o desengano da vida; a transitoriedade das
coisas humanas, o gosto pelos contrastes, pelo surpreendente.
(PIRES, Orlando. Manual de Teoria e Técnica Literária).
Camões, melhor do que ninguém, registra o espanto diante do desconcerto do mundo, onde o bem e
a glória estão sempre ausentes. O desajuste entre o eu e o mundo é imenso, não havendo correspondência
entre o desejo e sua realização, entre o mérito pessoal e o que lhe reserva sua sorte – o destino é confuso e
irracional. A este tema conjuga-se o da consciência das transformações operadas pelo tempo, mostrando a
mudança e o relativismo, o emprego de antíteses e paradoxos.
Bibliografia recomendada:
AGUIAR E SILVA, Vitor Manuel de. Camões: labirintos e fascínios. Lisboa: Cotovia, 1994.
BERARDINELLI, Cleonice. Estudos camonianos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: Cátedra Pe. António
Vieira, Instituto Camões, 2000. Disponível em: http://www.letras.puc-
rio.br/Catedra/livropub/camoes.html
______. Estudos de Literatura Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1985.
CAMÕES, Luís de. Líricas. Sel. Rodrigues Lapa. Lisboa: Livraria Sá da Costa.
CAMÕES, Luís de. Lírica. Sel. Massaud Moisés. 4.ed. São Paulo: Cultrix, 1972.
CAMÕES, Luís de. Os Lusíadas. Ed. organizada por Emanuel Paulo Ramos.Porto: Porto, 1980.
CIDADE, Hernani. Luís de Camões: o lírico. Lisboa: Presença.
CIDADE, Hernani. Luís de Camões–o épico. 3.ed.Lisboa: Presença, 2001.
SARAIVA, Antônio José. Luís de Camões. 2.ed. Lisboa: Publicações Europa-América, 1972.
SENA, Jorge de. A estrutura de "Os Lusíadas" e outros estudos camonianos e de poesia penisular do
século XVI. Lisboa: Ed. 70, l980.
SILVA, Anazildo Vasconcelos. Semiotização literária do discurso.Rio de Janeiro: Elo, 1984.