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COMISSÃO BRASILEIRA DE ACOMPANHAMENTO DO RELATO INTEGRADO

GT de Empresas Pioneiras em
Relatórios de Sustentabilidade
Construindo Pontes: Comunicando o Business Case de
Sustentabilidade para o Mercado Financeiro

Novembro, 2014

Coordenação Parceiro de Realização

1
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO 12
FERRAMENTAS FINANCEIRAS 14
EXTRAINDO MATERIALIDADE DO
RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE 28
A SUSTENTABILIDADE NO VALUATION
DAS COMPANHIAS 38
ENCONTRO COM INVESTIDORES 44
MELHORES PRÁTICAS E VALORAÇÃO
DE INTANGÍVEIS 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS 71
GLOSSÁRIO
DE SIGLAS
ACCA – Association of Chartered Certified DFP – Demonstrações Financeiras
Accountants Padronizadas e Relatório de
Administração
ANBIMA – Associação Brasileira das
Entidades dos Mercados Financeiro e de DJSI – Dow Jones Sustainability Index
Capitais
DVA – Demonstração do Valor Adicionado
APP – Áreas de Proteção Permanente
ESG – Environmental, Social and
BSC – Balanced Scorecard Governance

CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro EUA - Estados Unidos da América


para o Desenvolvimento Sustentável
G4 – Quarta Edição das Diretrizes da GRI
CEO – Chief Executive Officer
GEE – Gases de Efeito Estufa
CFC – Conselho Federal de Contabilidade
GRI – Global Reporting Initiative
CODIM – Comitê de Orientação para
Divulgação de Informações ao Mercado GSIA –Global Sustainable Investiment
Alliance
CPC – Comitê de Pronunciamentos
Contábeis GT – Grupo de Trabalho de Empresas
Pioneiras em Relatório de Sustentabilidade
CVM – Comissão de Valores Mobiliárias
IAM – Intangible Asset Management OIT – Organização Internacional
do Trabalho
IASB – International Accounting Standards
Board ONU – Organização das Nações Unidas

IBRACON – Instituto dos Auditores EP&L – Environmental Profit and


Independentes do Brasil Loss Accounts

ICO2 – Índice de Carbono Eficiente PIB – Produto Interno Bruto

IFC – International Finance Corporation PRI – Principles of Responsible Investment

IFRS – International Financial Reporting RI – Relato Integrado


Standards
RL – Reserva Legal
IIRC – International Integrated Reporting
Council SASB – Sustainability Accounting
Standards Board
IPO – Initial public offering
SRI – Socially Responsible Investing
ISE – Índice de Sustentabilidade
Empresarial TBL – Triple Bottom Line

ITR – Informações Trimestrais TEEB – The Economics of Ecosystems and


Biodiversity
MVA – Market Value Added

OCDE – Organization for Economic


Co–operation and Development
ÍNDICE DE
FIGURAS
Figura 1. Conectividade do GRI e Formulário de Referência 21

Figura 2. Demonstração de Valor Adicionado 24

Figura 3. Tipos de obrigações 27

Figura 4. Principais estilos de fundos ativos 30

Figura 5. Estratégias de investimento socialmente responsável na Europa 31

Figura 6. Metodologias utilizadas pelas assets no Brasil 32

Figura 7. Integrando critérios ESG na análise de ações listadas em Bolsa 33

Figura 8. Calendário de apresentação de comunicados para os investidores 34

Figura 9. Excerto de relato de sustentabilidade 35

Figura 10. Excerto de relato de sustentabilidade 36

Figura 11. Organizando os capitais 37

Figura 12. Investimento Responsável Global por Abordagem 42

Figura 13. Principais fontes de informação dos aspectos não financeiros para 42
analistas e investidores.
Figura 14. Exemplo Vodacom 51

Figura 15. Exemplo da Eni 52

Figura 16. Exemplo da ARM 53

Figura 17. Exemplo da Transnet 55

Figura 18. Exemplo da Fresnillo 56

Figura 19. Exemplo da SAP 57

Figura 20. Percentual de representatividade do valor dos intangíveis 58


no valor total da empresa

Figura 21. Top Intangíveis geridos nas empresas 59

Figura 22. Sustentabilidade como intangível 63

Figura 23. Metodologia do Intangible Assets Management 64

Figura 24. Situação dos serviços ecossistêmicos no mundo 66

Figura 25. Avaliação da cadeia de fornecimento da Puma 68

Figura 26. Tabela de impactos e métricas utilizadas no Puma EP&L 69

Figura 27. Resultados do Puma EP&L 70


SOBRE O CDP
O CDP é uma organização internacional, sem fins lucrativos, que
fornece o maior e mais completo sistema global de divulgação
ambiental. Trabalhamos com as forças de mercado para motivar
empresas e cidades a medirem e divulgarem seus impactos so-
bre o meio ambiente e recursos naturais para, dessa forma, des-
cobrir maneiras de reduzi-los. O CDP detém o maior banco de
dados corporativos sobre mudanças climáticas, água e florestas.
Essas informações geram insights que permitem aos investidores,
às empresas e aos governos mitigar riscos do uso de energia e
recursos naturais, assim como identificar oportunidades de uma
abordagem mais responsável em relação ao meio ambiente.

SOBRE O CEBDS
Fundado em 1997, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desen-
volvimento Sustentável (CEBDS) é uma associação civil que lidera
os esforços do setor empresarial para a implementação do de-
senvolvimento sustentável no Brasil, com efetiva articulação com
os governos, as empresas e a sociedade civil. O CEBDS reúne ex-
pressivos grupos empresariais do país, com faturamento de cerca
de 40% do PIB e responsáveis por mais de 1 milhão de empregos
diretos. Primeira instituição no Brasil a falar em Sustentabilidade a
partir do conceito tripple bottom line, que propõe a atuação das
empresas sustentada em três pilares, o econômico, o social e o
ambiental, o CEBDS é o representante no país da rede do World
Business Council for Sustainable Development. Vanguardista, o
CEBDS foi responsável pelo primeiro relatório de sustentabilidade
do Brasil, em 1997, e ajudou a implementar no Brasil, em parceria
com a Fundação Getulio Vargas (FGV) e o World Resources Ins-
titute (WRI), a principal ferramenta de medição de emissões de
gases de efeito estufa, o GHG Protocol.
SOBRE A GRI
A Global Reporting Initiative (GRI) promove a elaboração de re-
latórios de sustentabilidade que pode ser adotada por todas as
organizações. A GRI produz a mais abrangente estrutura para
relatórios de sustentabilidade do mundo proporcionando maior
transparência organizacional. Essa estrutura, incluindo as dire-
trizes para a elaboração de relatórios, estabelece os princípios e
indicadores que as organizações podem usar para medir e co-
municar seus desempenhos econômico, ambiental e social. A GRI
está comprometida a melhorar e aumentar continuamente o uso
de suas diretrizes, que estão disponíveis gratuitamente para o pú-
blico. A GRI, uma organização não governamental composta por
uma rede multistakeholders, foi fundada em 1997 pela CERES e
pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).
Em 2002, a GRI mudou-se para Amsterdã, onde atualmente está
sediada a Secretaria. Ela conta também com os representantes
regionais, os Pontos Focais (Focal Points), na África do Sul, na
Austrália, no Brasil, na China, na Índia e nos Estados Unidos, e uma
rede mundial de 30.000 pessoas.

SOBRE A COMISSÃO BRASILEIRA DE ACOMPANHA-


MENTO DO RELATO INTEGRADO
A Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado é
constituída de diversas empresas e indivíduos interessados na con-
versa sobre o relato integrado e acompanha os trabalhos do IIRC
pelo mundo. O relato integrado tem como objetivo reunir na mesma
plataforma informações contábeis, financeiras e socioambientais.
EMPRESAS PARTICIPANTES

EMPRESAS OUVINTES

Relatório de Sustentabilidade
Endesa Brasil 2012
ESPECIALISTAS

COORDENAÇÃO

Catarina Bronstein – GRI

Glaucia Terreo – GRI

Juliana Lopes – CDP

Tatiana Botelho – CEBDS


AGENDA DE ENCONTROS

14/05 SÃO PAULO – ECORODOVIAS


Workshop de nivelamento: entendendo as ferramentas financeiras

09/06 SÃO PAULO - SULAMERICA


Extraindo Materialidade do Relatório de Sustentabilidade: O que as empresas
escrevem e o que o investidor entende

21/07 RIO DE JANEIRO – SULAMERICA


Workshop de Nivelamento: entendendo a sustentabilidade no valuation das cias

10/09 SÃO PAULO – BM&FBOVESPA


Encontro com Investidores

07/10 RIO DE JANEIRO – PETROBRAS


Peer Review: Análise crítica dos relatórios de sustentabilidade e valoração
de intangíveis
APRESENTAÇÃO
Informação é o oxigênio do mercado. Acreditamos que o relato integrado será
A divulgação de informações pelas em- essencial para melhorar a comunicação
presas é a base da saúde dos mercados e a real compreensão do valor das com-
financeiros modernos. O capital não panhias pelo mercado. A integração das
pode ser alocado de formas sábia ou questões socioambientais ao processo
segura em empresas que não informam de tomada de decisão representa um
adequadamente os riscos materiais aos dos principais desafios ao avanço con-
quais ela está exposta. No mundo atu- sistente da agenda de sustentabilidade
al, em que o intangível representa, em nos negócios.
média, 80% do valor de mercado1 de
uma empresa de capital aberto, a divul- Outro desafio se deve ao distanciamen-
gação do desempenho socioambiental to entre os profissionais de sustentabi-
torna-se essencial. lidade, os de finanças e os de operação
das próprias companhias, resultante, na
Porém, existe uma lacuna de entendi- maioria das vezes, de uma estrutura de-
mento no que tange à comunicação de partamentalizada que dificulta a efetiva
questões socioambientais para o mer- associação da sustentabilidade aos de-
cado financeiro. Investidores não estão sempenhos operacional e financeiro das
satisfeitos com as informações disponí- organizações. O relato integrado passa,
veis, criticam o excesso de informação, portanto, pela integração da gestão e do
o excesso de marketing e a falta de con- pensamento nas companhias.
fiabilidade dos dados. Por outro lado, as
empresas ficam frustradas com o cons-
tante aumento de demandas por novas
informações, múltiplos questionários, e
confusas com tantas ferramentas e me-
todologias disponíveis.

1. O
 CEAN TOMO. “Ocean Tomo’s Intangible Asset Market Value Study” (2010), disponível em: http://
www.oceantomo.com/productsandservices/investments/intangible-market-value.
Visando aproximar a sustentabilidade do
mercado financeiro e enriquecer a dis-
cussão sobre o tema, CDP, GRI e CEBDS
realizaram uma série de cinco encontros
intitulados “Construindo Pontes: Comu-
nicando o Business Case de Sustentabi-
lidade para o Mercado Financeiro”. Estes
fazem parte do segundo ano do Grupo O que estão
O que você
de Trabalho (GT) de Empresas Pioneiras interessados
quer dizer?
no Relatório de Sustentabilidade, que em saber?
integra a Comissão Brasileira do Relato
Integrado. O GT é composto por repre-
sentantes das áreas de sustentabilidade O que é relevante!
e financeira de 25 empresas que relatam
sustentabilidade há pelo menos 3 anos. No último encontro, as empresas tiveram
a oportunidade de avaliar os relatórios
No primeiro encontro, os participantes umas das outras e também foram apre-
do GT conheceram as ferramentas de sentadas duas ferramentas de valoração
contabilidade e os relatórios da área de de intangíveis.
relacionamento com investidores. No
segundo, puderam entender o mercado O objetivo deste white paper é compar-
de investimento, como os investidores tilhar com todas as empresas brasileiras
tomam decisões e que temas conside- tanto o conteúdo quanto as discussões
ram materiais. No terceiro encontro, o que surgiram desses encontros. As pa-
enfoque foi sobre as metodologias de lestras nos eventos foram ministradas por
valuation aplicadas pelos investidores e diversos consultores e especialistas, que
como as questões de sustentabilidade compartilharam seus conhecimentos e
influenciam a avaliação de empresas. No suas experiências com o grupo. Cada en-
quarto encontro, foi realizado um exer- contro foi registrado por um especialista
cício prático de apresentação de resul- convidado, que tinha a atribuição de ano-
tados financeiros e não financeiros para tar os aprendizados da forma mais fiel
investidores, que contou com a partici- possível. Portanto, o white paper é uma
pação de três empresas, seguido de um compilação de capítulos e visões sobre
debate com os investidores e o público. como melhorar a comunicação de sus-
tentabilidade com o mercado financeiro.
Assim, acreditamos que podemos com-
partilhar experiências dessas empresas
que já estão mais avançadas no disclosu-
re das questões de sustentabilidade com
as que estão iniciando a jornada.

13
01
FERRAMENTAS
FINANCEIRAS
Instrutores: Estamos vivendo uma era de proliferação das disciplinas que
Isabela Domenici, conduzem a um crescimento exponencial do saber. Os profissio-
sócia-diretora de nais estão cada vez mais especializados, com saberes cumulati-
Comunicação e vos e profundos. Porém, cada profissão é regida por uma lógica,
Sustentabilidade e a comunicação entre as profissões está cada vez mais difícil.
da Ricca RI
Os profissionais de sustentabilidade precisam compreender a
Rogério Andrade, lógica das demais disciplinas para alcançar o diálogo, tornan-
sócio Capital Markets, do a tomada de decisão dentro de uma companhia integrada.
e Daniel Lopes, Uma organização só alcança um pensamento integrado quan-
sócio-diretor Capital do considera a conectividade e as interdependências entre
Markets da KPMG uma gama de fatores que afetam sua capacidade de gerar va-
lor. O objetivo deste capítulo é introduzir aos profissionais de
Autor sustentabilidade conhecimentos de contabilidade e da área de
Pablo Fuentes, relacionamento com investidores, fazendo emergir da confron-
gerente de projetos tação das disciplinas dados novos que as articulam entre si.
da Rever Consulting
Em termos práticos, o objetivo foi reunir o que um profissional
que trabalha na área de sustentabilidade de uma companhia pre-
cisa saber sobre contabilidade e relatórios legais. E, a partir daí,
discutir onde a sustentabilidade se insere nesses documentos e
que pontos precisam evoluir para que possamos comunicar me-
lhor as questões referentes à sociedade e ao meio ambiente.

COMUNICADOS LEGAIS, PERIÓDICOS E EVEN-


TUAIS PARA EMPRESAS DE CAPITAL ABERTO E
OPORTUNIDADES DE INTEGRAÇÃO DE INFORMA-
ÇÕES DE SUSTENTABILIDADE

Percepção de valor
A empresa é um sistema que tem visão, missão e objetivos per-
cebidos por distintos públicos que a observam com diferentes
filtros e critérios. A correspondência entre o que a empresa é
e a percepção dos públicos internos e externos pode diferir,
criando uma distorção da realidade capaz de prejudicar a per-
cepção de valor da empresa.

No intuito de ajustar essa percepção de valor, a empresa en-


frenta o desafio de saber o que comunicar e como comunicar,
o que os diferentes públicos desejam conhecer ou entender,
para assim gerar uma comunicação efetiva, que desperte o in-
teresse de seus diferentes públicos e permita que eles assimi-
lem a informação.

15
Como estão sujeitas a diferentes pressões As informações obrigatórias devem
por transparência da sua informação, seja cumprir com os critérios de tempestivi-
por exigência legal ou demanda dos seus dade e acesso igualitário. Por exemplo, a
stakeholders, as empresas devem fazer informação que está disponível no we-
uso dos indicadores e das diretrizes de bsite da Comissão de Valores Mobiliá-
relato relevantes ao seu negócio para rias (CVM) deve ser a mesma que está
compartilhar informação consistente e publicada no website de Relações com
não passar mensagens divergentes que Investidores da empresa e a mesma que
diminuam o valor percebido. figura no website da Bovespa.

Publicações obrigatórias no Brasil Já as informações obrigatórias das em-


e nos EUA presas abertas nos EUA são:
Existe uma série de documentos que
uma companhia aberta é obrigada a •F  ormulário 20F, equivalente ao Formu-
publicar. São exigências focadas princi- lário de Referência
palmente nos acionistas e investidores, • Formulário 10K, exigido apenas das em-
atuais ou potenciais, pessoas física ou presas norte-americanas, equivale às De-
jurídica, com perfil determinado e co- monstrações Financeiras Padronizadas
nhecido, que precisam saber o que está • Formulário 6K, equivalente a comuni-
acontecendo na empresa e respectivos cados ao mercado
impactos nos resultados, riscos e opor- • Earnings e press releases, equivalente
tunidades. Esse tipo de empresa está ha- às Informações Trimestrais
bituada ao relato e à prestação de con-
tas da parte contábil com métricas bem No processo de construção do relatório,
definidas pela legislação. nem sempre as empresas têm um siste-
ma para gestão de informações socioam-
As principais informações obrigatórias bientais, e a área de sustentabilidade lide-
no Brasil são: ra a coleta e compilação dos dados. No
entanto, é muito comum que cada área
•F  ormulário de Referência preencha as informações pertinentes aos
• Demonstrações Financeiras Padroniza- seus indicadores em iniciativas de relato.
das (DFP) e Relatório de Administração Isso gera um desafio na compreensão
• Informações Trimestrais (ITR) interna sobre a conexão dessas informa-
• Atos Societários ções e posteriormente na utilização des-
sas informações pelos stakeholders, bem
oE ditais de convocação de Assem- como para retroalimentar a própria ges-
bleias Gerais tão da empresa.
o Proposta da Administração para
Assembleias
o Atas de Assembleias Gerais e reuniões
do Conselho de Administração
o Fato relevante e informações eventuais

16
Por conta disso, na composição de um re- volvidas, estrutura de controle, fatores
lato integrado, é essencial reunir os “por- de risco, dados econômico-financeiros,
tadores” dessas informações na empresa comentários dos administradores sobre
em um diálogo que una os pontos entre as o desempenho, as políticas e as práticas
diferentes inteligências. de governança corporativa e descrição
da composição e da remuneração de
Em relação às equipes de Relações com sua administração.
Investidores, elas são grandes hubs de
informações e, por vezes, a principal Ele deve ser visto pela alta administração
porta de saída da comunicação da com- como um documento estratégico e dinâ-
panhia. Por isso, é essencial que as áreas mico que precisa ser cuidadosamente
de Sustentabilidade conheçam o objeti- elaborado, permanentemente monitora-
vo, a forma e o conteúdo de seus princi- do e atualizado sempre que ocorrerem
pais documentos: mudanças que afetem o seu conteúdo,
notadamente nos casos previstos na re-
Formulário de Referência gulamentação específica.
• Publicação anual.
• Fotografia mais atual da empresa. O Formulário de Referência com suas
• Foca tabelas e conteúdos descritivos e respectivas regras de elaboração têm
qualitativos que explicam os números como seu principal objetivo melhorar
do balanço financeiro. a inserção das companhias abertas no
• Deve ser atualizado sempre que hou- mercado mundial de capitais, promo-
ver mudança relevante e a informa- vendo a harmonização com as melho-
ção deve ficar atualizada na CVM e na res práticas de prestação de contas das
BM&FBOVESPA. companhias abertas hoje praticadas em
• É o documento obrigatório que mais se países com bolsas de valores maduras.
aproxima de uma visão integrada, pois
inclui, além das informações econômi-
co-financeiras, dados detalhados sobre
governança, estratégia, gestão de ris- Equipes de Relações
cos e compromisso com o desenvolvi-
mento sustentado. com Investidores
Apesar de ser publicado com foco no são grandes hubs de
mercado de capitais, o Formulário de
Referência pode servir como a princi- informações e, por
pal fonte de comunicação e de presta-
ção de contas da companhia a todos os vezes, o principal elo
públicos-alvo, uma vez que nele estão
reunidas informações relevantes para de comunicação da
a compreensão e avaliação da compa-
nhia e dos valores mobiliários por ela companhia
emitidos, tais como atividades desen-

17
Em 2012, a BM&FBOVESPA passou a re- Informações Trimestrais
comendar que as empresas listadas indi- O Formulário de Informações Trimestrais
quem no Formulário de Referência (item (ITR) é informação periódica que deve
7.8, Descrição das relações de longo pra- ser encaminhada à CVM por meio do
zo relevantes da companhia que não figu- programa Empresas.net. O formulário ITR
rem em outra parte deste formulário) se deve ser preenchido com os dados das
publicam Relatório de Sustentabilidade/ informações contábeis trimestrais elabo-
Relato Integrado ou documento similar. radas de acordo com as regras contábeis
Em caso negativo, devem explicar por aplicáveis ao emissor e entregue pelas
que não o fazem. companhias, independente de se tratar
de emissores nacionais ou estrangeiros,
Além dessas exigências que passaram a em até 45 dias após o término de cada
figurar no Formulário de Referência, as trimestre do exercício social (à exceção
demandas legais sobre comunicação da do último trimestre de cada exercício).
sustentabilidade institucional têm sido
cada vez mais aplicadas. No setor finan- No caso de haver alteração estatutária
ceiro, por exemplo, o Banco Central passa que redunde em exercício social maior ou
a exigir a publicação de política institucio- menor do que um ano, a companhia pode-
nal de sustentabilidade, a partir de 2015. rá apresentar mais ou menos do que três
formulários ITR em um mesmo exercício.
Demonstrações Financeiras
Padronizadas e Relatório de Fato relevante e informações
Administração eventuais
As Demonstrações Financeiras Padroni- A obrigatoriedade da comunicação dos
zadas são publicações anuais nas quais a fatos relevantes e as informações even-
empresa faz a prestação de contas con- tuais figuram na Lei nº 6.404/1976 (Lei
tábil acompanhada de notas explicativas. das S/A.):

O Relatório da Administração apresen- • “§ 4º Os administradores da compa-


ta os principais resultados alcançados, nhia aberta são obrigados a comunicar
o que contempla informações que pos- imediatamente à bolsa de valores e a
sibilitam o conhecimento sobre a or- divulgar por meio da imprensa qual-
ganização, assim como seus objetivos quer deliberação da assembleia-geral
e políticas, em complemento às peças ou dos órgãos de administração da
contábeis e às notas explicativas conti- companhia, ou fato relevante ocorrido
das nas Demonstrações Financeiras. nos seus negócios, que possa influir,
de modo ponderável, na decisão dos
O Relatório da Administração expõe um investidores do mercado de vender ou
quadro completo das posturas e do de- comprar valores mobiliários emitidos
sempenho da administração na gestão e pela companhia.
alocação dos recursos que se encontram
a ela confiados.

18
•
§ 5º Os administradores poderão re- Indo além da CVM, o CODIM reforçou em
cusar-se a prestar a informação (§ 1º, 2012 a prestação aos públicos estratégi-
alínea e), ou deixar de divulgá-la (§ 4º), cos sobre as informações socioambien-
se entenderem que sua revelação porá tais, por meio do pronunciamento de
em risco interesse legítimo da compa- orientação CODIM nº 14.
nhia, cabendo à Comissão de Valores
Mobiliários, a pedido dos administra- • “[...] além do retorno aos acionistas,
dores, de qualquer acionista, ou por as companhias devem divulgar o seu
iniciativa própria, decidir sobre a pres- comprometimento com o desenvol-
tação de informação e responsabilizar vimento sustentável, a defesa dos di-
os administradores, se for o caso.” reitos humanos, as causas sociais, os
investimentos responsáveis, o uso efi-
Esses fatos relevantes descritos pela lei ciente e consciente dos recursos na-
estão em sintonia com a essência da sus- turais, as suas práticas de governança
tentabilidade e são reforçados por orga- e transparência, a diversidade e o fo-
nizações como a CVM, que em 2002 es- mento ao desenvolvimento local ge-
tabeleceu a definição de fato relevante rando uma economia mais saudável,
no art. 2º da Instrução CVM nº 358: entre outros fatores [...].”
• “[...] prestar contas aos públicos estra-
•
“Considera-se ATO OU FATO RELE- tégicos sobre as informações socioam-
VANTE qualquer decisão de acionista bientais de forma transparente, clara e
controlador, deliberação da assembleia integrada às informações econômico-
geral ou dos órgãos de administração -financeiras, principalmente no Relató-
da companhia aberta, ou qualquer rio Anual (vide PO Nº 13 do CODIM) e
outro ato ou fato de caráter político- seguindo, preferencialmente, as diretri-
-administrativo, técnico, negocial ou zes da GRI – Global Reporting Initiative,
econômico-financeiro ocorrido ou rela- as premissas do IR – Integrated Repor-
cionado aos seus negócios que possa ting do IIRC – International Integrated
influir de modo ponderável na: cotação Reporting Council – além do Guia de
dos valores mobiliários de emissão da Sustentabilidade Novo Valor, divulgado
companhia aberta ou a eles referen- pela BM&FBOVESPA [...].”
ciados; na decisão dos investidores de
comprar, vender ou manter aqueles
valores mobiliários; ou na decisão dos
investidores de exercer quaisquer direi-
tos inerentes à condição de titular de
valores mobiliários emitidos pela com-
panhia ou a eles referenciados.”

19
• “[...] estrutura integrada de governan- A segmentação é perigosa se há diver-
ça para a sustentabilidade, que alcance gência na abordagem e termina gerando
os diversos níveis organizacionais, com informação nebulosa. Por exemplo, o re-
um canal direto com as áreas de comu- latório de sustentabilidade apresenta um
nicação da companhia, principalmen- quadro de recursos humanos positivo e
te com a de contabilidade (visando, altíssima satisfação dos colaboradores,
quando possível, vincular as divulga- por outro lado, as demonstrações contá-
ções com os registros e evidenciações beis registram um alta provisão para pas-
realizados), a de Relações com Investi- sivos trabalhistas. Essas informações, se
dores, a de Relações Institucionais e a não conectadas e explicadas, geram uma
de Assessoria de Imprensa [...].” perda de confiabilidade para a empresa.

Para reforçar a importância e garantir a A empresa precisa de um pensamento


tempestividade na divulgação de infor- integrado, que é fundamental para fazer
mações, evitando assim as informações o link entre contexto, oportunidades e
privilegiadas, o CODIM já tinha divulga- riscos e estratégia de sustentabilidade. A
do em 2008 o pronunciamento de orien- partir de dinâmica realizada no evento,
tação CODIM nº 05, que também está a RICCA desenvolveu um quadro-resu-
em sintonia com a sustentabilidade: mo com a relação entre os indicadores
do Formulário de Referência e os indi-
•
“Qualquer informação que não seja cadores GRI. Assim, as equipes de sus-
conceitualmente um Fato Relevante, tentabilidade, no desenvolver do relato,
mas que a administração da compa- podem observar informações já públicas
nhia aberta considere importante sua da companhia que alimentam os indica-
divulgação para todos os agentes do dores GRI a serem relatados.
mercado de capitais. A publicação de
Comunicado ao Mercado é facultativa.
Todavia, caso a companhia decida pela
publicação, esta deverá ser feita prefe-
rencialmente no jornal habitualmente Um pensamento
utilizado pela companhia.”
integrado é
Conectividade das informações
de sustentabilidade nos relatos fundamental para fazer
Atualmente, as empresas vivem um ce-
nário de segmentação, no qual as diver- o link entre contexto,
sas áreas são acionadas para responder
questionários, comunicados e relatórios. oportunidades e
riscos e estratégia de
sustentabilidade

20
Figura 1. Conectividade do GRI e Formulário de Referência

QUADRO DE RELAÇÃO ENTRE INFORMAÇÕES


INDICADOR DO FORMULÁRIO
DE REFERÊNCIA INDICADORES GRI G4
4.1 2
4.2 2
4.3 2, EN29, SO8, SO7, PR9
4.4 2, EN29, SO8, SO7, PR9
4.5 2, EN29, SO8, SO7, PR9
4.6 2, EN29, SO8, SO7, PR9
5.1 2
5.2 2, 45
5.3 2
5.4 45
6 3, 4, 5, 9, 13
6.5 13
7 34, 38
7.1 4, 9
7.2 4, 9
7.3 4, PR3
8
8 17
8 LA10
8.1 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 13
8.2 13
8.3 13
9 4
10.2 ec1
10.9 1
12.1 34
12.2 34, 37, 38
12.4 34, 37, 38
12.6 34, 38
12.7 34, 38
12.8 38
13 51
14.1 LA1
14.3 52
14.4 11
22.1 13
22.2 13
22.3 13

Fonte: Ricca RI.

21
NORMAS INTERNACIONAIS DE Em 2007 foi promulgada a Lei nº
CONTABILIDADE, COM FOCO 11.638/07, que altera, revoga e introduz
NOS NÍVEIS DE TRANSPARÊNCIA novos dispositivos à Lei das Sociedades
E APLICAÇÕES À REALIDADE DE por Ações (Lei nº 6.404/76), especifica-
COMPANHIAS BRASILEIRAS mente em relação ao capítulo XV, que
trata de assuntos de natureza contábil. O
Importância da Contabilidade principal objetivo dessa lei foi a atualiza-
Internacional e da Lei nº 11.638/07 ção das regras contábeis brasileiras, har-
No Brasil, até 2007 a comparabilidade monizando essas regras com os padrões
de dados financeiros foi um grande de- internacionais, em especial os emitidos
safio para empresas listadas no mercado pelo IASB, por meio dos IFRS.
de capitais nos seus processos de IPO,
quando até 70% das ações eram adqui- Desde então, as normas internacionais de
ridas por investidores estrangeiros. Na contabilidade emitidas pelo IASB estão
hora de tomar decisões e acompanhar o sendo implementadas no Brasil pelo CPC
desempenho das empresas, os investido- e pelos órgãos reguladores brasileiros,
res precisavam comparar o desempenho principalmente, pela CVM e pelo CFC.
das brasileiras com diversas empresas do
mundo inteiro, o que era impossível da- Entre os principais benefícios encontram-se:
das as diferenças nas normas contábeis.
Isso gerou uma grande pressão para ali- •Economia de custos para empresas
nhar a contabilidade das empresas brasi- multinacionais que possuem subsidiá-
leiras com as de outros países. rias em diversos países
• Maior compreensão e transparência
Já havia um processo de convergência •Contabilidade que auxilia na gestão
mundial para facilitar a comunicação, o interna e na tomada de decisão dos
entendimento, a análise e o uso das nor- investidores locais e estrangeiros
mas contábeis. A transação global de •Maior confiança das informações
mercadorias, serviços, capital, na forma comunicadas
de empréstimos ou de investimentos, •Consistência no tratamento contábil
entre outros, fez com que fosse neces- da transação
sário que inúmeros empresários brasi-
leiros entendessem as demonstrações Apresentação das demonstrações
contábeis de seus clientes, fornecedo- contábeis
res, potenciais investidores e outros in- No Brasil, as demonstrações contábeis
teressados. Era necessário que as de- fundamentais são compostas pelas se-
monstrações contábeis no Brasil fossem guintes peças:
facilmente compreendidas e passíveis de
análises por interessados no exterior. • Balanço patrimonial: apresenta os ativos
e passivos da empresa durante um pe-
ríodo de tempo, classificados como cir-
culante e não circulante, organizados se-
gundo a liquidez e o grau de relevância.

22
• Demonstração de Resultado: ilustra como Os julgamentos sobre materialidade são
variou a situação patrimonial de uma em- feitos à luz das circunstâncias envolvi-
presa durante um período de tempo. das, devendo ser relevantes para usu-
• Demonstração de Resultado Abran- ários das demonstrações contábeis e,
gente (para algumas transações espe- portanto, detalhados nas notas explicati-
cificas): ilustra como variou a situação vas. Quando falamos de ativo imobiliza-
patrimonial de uma empresa durante do, ativo biológico, ativo imaterial e sus-
um período de tempo, decorrente de tentabilidade em geral, esse julgamento
transações e outros eventos e circuns- é fundamental.
tâncias não originadas dos sócios.
• Demonstração das mutações do pa- A empresa deve também divulgar, nas
trimônio líquido: ilustra como variou a notas explicativas, informações sobre os
situação patrimonial de uma empresa principais pressupostos relativos ao futu-
durante um período de tempo, eviden- ro e outras fontes importantes de incerte-
ciando a movimentação de todas as za das estimativas na data de divulgação
contas do patrimônio líquido durante que tenham risco significativo de provo-
o exercício social, inclusive a formação car modificação material nos valores con-
e utilização das reservas não derivadas tabilizados de ativos e passivos durante
do lucro. o próximo exercício financeiro. Com res-
• Demonstração dos fluxos de caixa: as peito a esses ativos e passivos, as notas
fontes de caixa são os fluxos de caixa explicativas devem incluir detalhes sobre
provenientes de operações, investi- sua natureza e seus valores contabiliza-
mento e financiamento. Mais importan- dos ao fim do período de divulgação.
te para quem quer investir, pois sem
caixa operacional a empresa vai que- Finalmente, as demonstrações contábeis
brar, mesmo que dê lucro. devem ser preparadas partindo do pres-
suposto de continuidade operacional,
As notas explicativas também são mui- contendo informações comparativas de
to importantes, pois mostram detalhes um ano para outro. São solicitados dois
que complementam aquelas informa- anos comparativos, para poder mensu-
ções apresentadas no balanço contábil rar a evolução dos resultados internos e
como premissas e políticas contábeis. para poder comparar os resultados com
Podem ser usadas para inserir informa- os dos concorrentes.
ções sobre a sustentabilidade da em-
presa que impactam diretamente algum
indicador financeiro, já que fornecem
descrições narrativas e detalhes de itens
apresentados nas demonstrações.

23
O IASB não aconselha fazer referência à Demonstração de Valor Adicionado
publicação de informes ambientais se- As DVA visam evidenciar a riqueza cria-
parados nas demonstrações contábeis. da pela entidade e sua distribuição du-
O IASB concede particular importân- rante determinado período, conforme
cia aos critérios de reconhecimento de pode ser visto na figura 2. A DVA é exi-
provisões ambientais, especialmente no gida pela Lei brasileira (Lei nº 11.638/07)
que se refere à evolução da regulação e para as companhias abertas e não é exi-
dos compromissos da empresa (NIC 37). gida pelo IASB, apesar de incentivado.
Quanto à capitalização de gastos am- A DVA representa a riqueza criada pela
bientais, o IASB (NIC 16) recomenda a empresa de forma geral, medida pela di-
ativação de elementos adquiridos por ferença entre o valor das vendas e dos
razões ambientais com argumentação insumos adquiridos de terceiros.
de permitir que o resto dos ativos obte-
nha um benefício adicional.

Figura 2. Demonstração de Valor Adicionado

FORMAÇÃO DE RIQUEZA

Recebida em transferência Criada pela entidade

Resultado de equivalência patrimonial Venda de mercadoria, produtos e serviços


Receitas financeiras Outras receitas (baixas por alienação de ativos não circulantes
e outros)
Dividendos
Provisão para créditos de liquidação duvidosa
Aluguel
(-) Custo de produtos, mercadorias e serviços vendidos
Royalties
(-) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
(-) Perda e recuperação de valores ativos (ajustes por
avaliação a valor de mercado de estoques, imobilizados,
investimentos, etc.)
(-) Depreciação, amortização e exaustão

DISTRIBUIÇÃO DE RIQUEZA

Pessoal (remuneração direta, Remuneração de capitais de terceiros


benefícios, FGTS etc.)
Juros
Impostos, taxas e contribuições
Aluguéis
Federais
Outros
Municipais
Remuneração de capitais próprios
Estaduais
Juros sobre capital próprio
Dividendos
Lucros retidos e prejuízos do exercício

Fonte: KPMG.

24
A DVA busca apresentar a parcela de Tema de debates ainda presentes na con-
contribuição que a empresa tem na for- tabilidade por causa da complexidade em
mação do PIB e demonstrar quanto a or- seu reconhecimento e mensuração, os
ganização agrega de valor aos insumos ativos intangíveis passaram a represen-
adquiridos de terceiros e que são vendi- tar as potencialidades da organização,
dos ou consumidos durante determinado pois proporcionam a geração de valor e
período. Essa informação é muito impor- riqueza. O ágio derivado da expectativa
tante para demonstrar a sustentabilidade de rentabilidade futura (goodwill) gerado
das empresas, pois nela se explica parte internamente não deve ser reconhecido
da criação de seu valor compartilhado como ativo. Isso significa que nenhum
com a sociedade, suas pegadas econô- ativo intangível proveniente de pesquisa,
mica e social, possibilitando a avaliação marcas, títulos de publicações e seme-
das atividades da organização dentro da lhantes deve ser reconhecido. Caso algum
sociedade na qual está inserida. bem mencionado não atenda à definição
de ativo intangível, o gasto incorrido na
Ativos intangíveis, biológicos e sua aquisição ou geração interna deve
imobilizados ser reconhecido como despesa quando
Quando se trata de incorporar as ques- da ocorrência.
tões de sustentabilidade, três tipos de
ativos chamam mais a atenção nos ba- Como demonstrar que a sustentabili-
lanços contábeis: os intangíveis, os bio- dade faz parte dos ativos intangíveis?
lógicos e os imobilizados. De acordo com pesquisa realizada pelo
Insper2, as empresas listadas no ISE têm
Ativos intangíveis, a partir do conceito de ativos intangíveis fortes e, por essa ra-
ativo à luz da teoria contábil, são aqueles zão, apresentam valor de mercado até
que não têm existência física, cujo valor 19% superior em comparação com aque-
é limitado pelos direitos e benefícios que las que não estão atentas à questão
sua posse confere ao proprietário. Por da sustentabilidade. No entanto, outro
exemplo: direitos de exploração de ser- estudo3 mostra que, apesar de as em-
viços públicos mediante concessão ou presas que compõem o ISE apresenta-
permissão do Poder Público, marcas e rem bom nível de disclosure dos ativos
patentes, softwares e o fundo de comér- intangíveis, a natureza do disclosure é
cio adquirido. Um ativo intangível deve predominantemente descritiva, cuja prin-
ser reconhecido somente quando: cipal fonte foi o relatório da administra-
ção e não as demonstrações contábeis.
a. For provável que os benefícios econômi-
cos futuros esperados atribuíveis ao ati-
vo serão gerados em favor da entidade; e
b. O custo do ativo possa ser mensurado
com segurança.

2. R
 OSSI JUNIOR, J.L. What is the value of corporate social responsibility? An answer from Brazilian
sustainability index. No. wpe_142. Insper Working Paper, Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, 2008.
3. NASCIMENTO JUNIOR, E.R. et al. “O disclosure dos ativos intangíveis nas empresas que compõem Índice de
Sustentabilidade Empresarial do Brasil.” (2012).

25
Os pesquisadores concluíram que esse Conforme observado, como os ativos
fato decorre da limitação de avaliar o ati- biológicos são dotados de vida e, por
vo intangível com confiabilidade. Além consequência, sujeitos a transformações
disso, as premissas que emanam dos biológicas além das condições climáti-
princípios contábeis, como o princípio cas, que podem afetar significativamen-
da prudência e o custo como base de te o seu valor, sua contabilidade é sujeita
valor, dificultam essa avaliação, realizada a uma série de regras específicas. Ape-
em sua maioria pela sua contabilização sar desse tema estar avançado em rela-
como custo. Duas metodologias de va- ção à produção agrícola, ainda carece de
loração de intangíveis são apresentadas discussão quando se trata em agregar
no último capítulo deste documento. valor para serviços ecossistêmicos. Por
exemplo, uma floresta, apesar de captu-
Já o ativo biológico é mais simples de rar CO2, não é considerada um ativo bio-
ser contabilizado, especialmente na pro- lógico. A recuperação ou conservação
dução agrícola. Conforme definição do de uma bacia hidrográfica que abastece
CPC 29, ativo biológico é um animal e/ uma cidade também não pode ser consi-
ou planta, vivo e, segundo o Ibracon derada como um ativo intangível.
(2008), ativo biológico é tudo que nas-
ce, cresce e morre. Portanto, a partir do Outra opção seria incorporar a conser-
momento que cessa ou termina a vida, vação da bacia hidrográfica como ativo
o ativo passa a ser considerado produ- imobilizado, que são itens tangíveis utili-
to agrícola. A transformação biológica záveis por mais do que um ano e que se-
compreende o processo de crescimento, jam detidos para uso na produção ou no
degeneração, produção e procriação que fornecimento de mercadorias ou serviços,
causam mudanças qualitativas e quan- para aluguel ou para fins administrativos.
titativas no ativo biológico. Assim, por Outros exemplos são as abelhas para po-
exemplo, o gado para produção de leite linizar ou o gado para fecundar. O custo
é ativo biológico que produz o produto de um item de ativo imobilizado deve ser
agrícola “leite”, e está sujeito a nascimen- reconhecido como ativo se, e apenas se:
to, crescimento, produção, degeneração,
procriação. Se os bezerros machos que a. F
or provável que futuros benefícios
nascem são destinados à venda, eles são econômicos associados ao item fluirão
considerados produto agrícola, e se as fê- para a organização; e
meas se destinam à futura produção de b. O custo do item puder ser mensurado
leite, são consideradas ativos biológicos. confiavelmente.
Noutros exemplos, o pé de café é o ativo
biológico que produz o produto agrícola
“café”; o eucalipto é o ativo biológico que
produz o produto agrícola “madeira”, a
ser utilizada como matéria-prima para a
obtenção da celulose etc.

26
A discussão de como incorporar os ati- trações financeiras são as provisões.
vos que proveem serviços ecossistêmi- Uma provisão é um passivo de prazo
cos, inclusive aqueles essenciais para a ou valor incerto e deve ser reconhecida
operação das empresas, ainda precisa apenas quando:
ser muito aprofundada. Precisaria de um
grupo de estudos dentro do IASB e de a. Uma organização tem uma obrigação
uma norma contábil específica para que presente (legal ou não formalizada)
haja a confiabilidade e comparabilidade como resultado de um evento passado;
necessárias visando à incorporação des- b. É provável (ou seja, mais provável que
ses ativos nos Balanços. sim do que não) que uma saída de
recursos que incorporam benefícios
Provisões, contingências ativas econômicos será necessária para liqui-
e passivas dar a obrigação; e
Atualmente, o item que mais inclui ques- c. Possa ser feita uma estimativa confiá-
tões de sustentabilidade nas demons- vel do valor da obrigação.

Figura 3. Tipos de obrigações

OBRIGAÇÃO LEGAL OBRIGAÇÃO NÃO FORMALIZADA

Aceitar responsabilidades via:


Contrato
Padrões estabelecidos
Legislação
de práticas passadas
Outra ação jurídica
Políticas publicadas
Declaração públicas

Criar expectativa válida em


nome das outras partes

Fonte: KPMG.

A provisão pode ser realizada por uma É comum as empresas realizarem provisão
obrigação legal ou uma obrigação não para questões socioambientais que variam
formalizada, conforme figura 3. desde recuperação de danos ambientais e
multas até processos trabalhistas.

27
02
EXTRAINDO
MATERIALIDADE
DO RELATÓRIO DE
SUSTENTABILIDADE

28
Instrutores Nos vemos diante de um desafio: como apresentar as informações
Maria Eugênia de forma que os investidores entendam e integrem os temas de
Buosi – Resultante sustentabilidade aos seus processos de tomada de decisão. Vale
Consultoria ressaltar que não estamos falando de uma simples junção de infor-
Estratégica mações, mas observando a tendência da importância de como o
Geraldo Colonhezi Jr. tema da sustentabilidade permeia todos os setores da empresa. É
– Lead importante apontar como as informações socioambientais impac-
tam a geração de valor corroborando os indicadores financeiros,
Autor em uma relação de causa e efeito, o que pode tornar a empresa
Simone Paranhos – atraente e interessante ao mercado financeiro e aos investidores.
TheMediaGroup
Este capítulo visa iluminar as convergências e divergências en-
tre as agendas de investidores e das empresas nas questões
relativas à sustentabilidade. Também busca mapear os prin-
cipais players no mercado de investimentos e suas principais
funções e demandas. Quem são os investidores que incorpo-
ram às questões de sustentabilidade na sua tomada de de-
cisão? Como é a matriz de materialidade na visão dos inves-
tidores e que linguagem e cronograma são adequados para
dialogar com esse público?

QUEM SÃO OS INVESTIDORES?


Os investidores não são um grupo homogêneo. Cada grupo
tem o seu horizonte de investimento, a sua região de atuação
e o tipo de análise que determina a demanda por informação.
É importante compreender a função de cada investidor para
entender como melhor atender aos diversos grupos.

Uma empresa emite novas ações ou dívida, com o objetivo de


se fortalecer financeiramente ou melhorar seu perfil de dívida.
Ela pode fazê-lo de forma privada, o que é conhecido como pri-
vate equity, ou de forma pública, por meio do mercado de ações
ou títulos de dívida. A CVM é o órgão governamental responsá-
vel por regular esse tipo de transação. Os bancos, os advogados
e as corretoras preparam todo o processo exigido pela CVM e
fazem a venda das ações/títulos aos potenciais investidores.

A compra das ações ou títulos pode ser feita por fundos passivos,
que compram as ações que compõem algum índice (Ex.: Iboves-
pa e ISE), investidores individuais/clube de investimento, pessoas
físicas que compram ações diretamente na Bolsa (desconside-
rando aqueles investidores que compram fundos de ações) ou
fundos ativos/pensão, que por meio de diversas metodologias
(conforme figura 4) compram ações livremente no mercado.

29
Figura 4. Principais estilos de fundos ativos

VALOR CRESCIMENTO HEDGE FUNDS DIVIDENDOS

BUSCAM EMPRESAS BUSCAM EMPRESAS DE FUNDOS DE FUNDS. DE PENSÃO


COM MÚLTIPLOS ALTO CRESCIMENTO OPORTUNIDADE OU BUSCAM RETORNO
BARATOS FAMILY OFFICES P/CUMPRIR METAS
ATUARIAIS ACIMA
DISPOSTOS A PAGAR
DA R.F.
BUSCAM ENTENDER MÚLTIPLOS MAIS TENDEM A BUSCAR
SE EXISTE UMA ELEVADOS MOMENTOS DE
“IMPERFEIÇÃO” A SER MERCADO OU DE INVESTIMENTOS EM
EXPLORADA SETORES PARA AÇÕES VISANDO
HORIZONTE DE
INVEST. DE C.P. RETORNOS EM
MÉDIO PRAZO
DIVIDENDOS
HORIZONTE DE (16 – 18M)
L.P.: 18 – 48M HORIZONTE DE
INVEST.: 6 MESES HORIZONTE DE
REGIÕES
OU MENOS L.P.: 5 – 10 ANOS
REGIÕES TRADICIONAIS: NY,
TRADICIONAIS: COSTA BOSTON E LONDRES
OESTE EUA/ ÁSIA, REGIÕES: TODOS OS REGIÕES: TODOS OS
EUROPA (EX-UK) PAÍSES PAÍSES
GRANDES FUNDO DE
PENSÃ/ESTRUTURAS
FUNDOS DE PENSÃO SOFISTICADAS EX.: BRZ, BLUE CREST, EX.: PETROS, FUNCEF,
E SEGURADORAS EX. JP MORGAN ASSET, FARALLON CAPITAL SCOTISH, WINDOWS;
EX: DAIWA, GIC, BATTERYMARCH, MANAGEMENT, F&C, TIAACREF
MISTSUBISHI, FIDELITY, QUANTUM, ARX
CAPITAL, WORLD, ALLIANCEBERNSTEIN,
GMO SCHRODERS

Fonte: Lead.

Bancos, agências de rating e fundos de • Analista de crédito (bancos): responsá-


investimentos contam com diversos ana- vel por avaliar o potencial de retorno do
listas que são responsáveis por receber tomador do crédito, bem como os riscos
e avaliar as informações das empresas. inerentes à concessão, análises focadas
O enfoque da análise é distinto em cada na geração de caixa da companhia.
área de atuação, como: • Analista de crédito (agências de rating,
ex. Moodys, S&P): responsável por classi-
• Sell side: formador de opinião, divulga ficar o risco da companhia, utiliza o mes-
suas opiniões (relatórios, projeções fi- mo ferramental do analista de crédito.
nanceiras de companhias e mercado) • Analistas de ESG: especializados em
para ao público. Opinião considerada questões de sustentabilidade, podem
independente, mesmo estando vincu- integrar a equipe dos analistas acima
lado a uma instituição financeira. ou trabalhar para uma agência especí-
• Buy side: responsável por dar reco- fica, como Sustainable Asset Manage-
mendação de compra e venda de ati- ment, Oekom, Vertlag e Vigeo.
vos para o gestor tomar sua decisão.
Recomendação é feita por meio de re-
latórios e avaliações internas.

30
Cada vez mais esses investidores, sejam são disseminadas por meio de estudos,
eles buy side ou sell side, de fundos de rankings e índices elaborados pelo CDP
valor ou de crescimento, estão sendo e utilizados por uma série de provedo-
obrigados a considerar questões ESG res de serviços do mercado financeiro,
em suas análises. Neste ano já são 1.278 como Bloomberg, Markit, entre outros.
signatários dos Princípios para o Investi- Conforme observado na figura 5, os in-
mento Responsável (PRI) da ONU, que vestidores aplicam diversas estratégias
incluem: proprietários de ativos, gestores para avaliação e seleção das empresas.
de investimentos e parceiros de serviços O método de exclusão é o mais utilizado
profissionais, totalizando US$ 45 trilhões e compreende 41% do total de ativos sob
de ativos financeiros sob gestão. O CDP, gestão profissional na Europa, com um
por sua vez, coleta informações sobre o crescimento entre 2011 e 2013 de 383%4.
uso do capital natural de empresas de Essa tendência de crescimento também
todo o mundo em nome de 767 inves- está presente nos Estados Unidos, onde
tidores globais, que juntos movimentam o total de ativos aplicados em investi-
US$ 92 trilhões em ativos financeiros. mento socialmente responsável subiu
Em 2014, 5.000 empresas reportaram 486% entre 1995 e 2012, segundo a US
por meio do CDP. Essas informações SIF Foundation5.

Figura 5. Estratégias de investimento socialmente


responsável na Europa

Sustainablility €48,046 +10.8%


Themed €58,961 CARG

€283,081 +11.8%
Best-in-Class
€353,555 CARG

Norms-based- €2,132,394 +30.5%


Sreening €3,633,794 CARG

€3,584,498 +38.3%
Exclusions
€6,853,954 CARG

ESG Integration €3,164,066 +28.6%


(incl research
available) €5,232,120 CARG

ESG Integration
(Systematic only) €1,900,040

Engagement €1,762,687 +36.3%


and Voting €3,275,930 CARG

€8,750 +52.2%
Impact Investing
€20,269 CARG
Fonte: Eurosif, 2014, apresentado por Resultante.

4. EUROSIF “European SRI Study”(2014). Disponível em: http://www.eurosif.org/semantics/uploads/2014/09/


Eurosif-SRI-Study-20141.pdf
5. US SIF FOUNDATION. “Report on US Sustainable, Responsible and Impact Investing Trends 2012”(2012)

31
No Brasil o mercado ainda é tímido, mas tuições financeiras. Todas são signatárias
também está aumentando. Atualmente do PRI e aplicam diversos métodos de
a ANBIMA registra 16 fundos, gerindo o avaliação das empresas, conforme pode
total de R$ 1,4 milhão nas principais insti- ser observado na figura 6.

Figura 6. Metodologias utilizadas pelas assets no Brasil

ASSETS
NACIONAIS Em
Implementação

Signatários do UNPRI √ √ √ √ √ √ √
Política de Investimento
√ √ √ √ √ √ √
Responsável

Metodologias de
√ √ √ √ √
avaliação de Riscos ESG

Integração √ √ √
Produtos e Serviços √ √ √ √ √ √ √
Engajamento
√ √ √
com empresas

Signatários do CDP √ √ √ √ √

Fonte: Resultante.

INTEGRAÇÃO DE QUESTÕES uma avaliação precisa de empresas lista-


DE SUSTENTABILIDADE À das em bolsa. São utilizadas cinco etapas,
AVALIAÇÃO E TOMADA DE conforme resumido na figura 7, que in-
DECISÃO DE INVESTIMENTOS cluem, por exemplo: uma análise macro-
Essa discussão foi embasada pelo docu- econômica, com base nas atividades que
mento elaborado pelo PRI, “Análise Inte- a empresa atua; também se avaliam os
grada: Como Investidores Estão Abor- setores em que a empresa opera e como
dando Fatores Ambientais, Sociais e de ela conduz suas operações, assim como o
Governança na Avaliação Fundamenta- impacto financeiro dessas operações e as
lista”6, que aborda a contribuição que a ferramentas de avaliação utilizadas.
análise de fatores ESG pode trazer para

6. PRI “Análise Integrada. Como investidores estão abordando fatores ambientais, sociais e de governança na
avaliação fundamentalista.” Fevereiro 2013.

32
Figura 7. Integrando critérios ESG na análise de ações listadas em Bolsa

ANÁLISE ANÁLISE ESTRATÉGIA RELATÓRIOS FERRAMENTAS


ECONÔMICA SETORIAL DA EMPRESA FINANCEIROS DE AVALIAÇÃO

Entender como Entender como Entender como Entender como Entender como
fatores ESG afetam fatores ESG uma empresa fatores ESG analistas estão
o crescimento influenciam as gerencia riscos impactam o integrando
econômico e preferências do e oportunidades crescimento dos considerações nas
temas macro, tal consumidor e ESG (por exemplo, lucros, eficiência ferramentas de
como escassez de as mudanças gestão da cadeia operacional, avaliação, tal como
recursos. regulatórias, tal logística). ativos intangíveis taxas de desconto
como a legislação e fluxos de caixa e valor econômico
ambiental. subjacentes. adicionado.

Fonte: PRI (2013), apresentado por Resultante.

Essa abordagem integrada para calcu- •A


 valiar como os analistas consideram
lar o valuation das empresas representa tais questões na taxa de desconto ou
uma melhoria significante dos modelos no valor econômico adicionado, pontu-
de avaliação, já que considera a escassez ados nas ferramentas de valuation
de recursos, as tendências regulatórias
e tensões de longo prazo. Indicadores e O processo de seleção das questões
métricas são apontados como grandes mais relevantes, também conhecido
necessidades das empresas no proces- como processo de materialidade, deve
so de integração. Nesse sentido, alguns levar em conta as perspectivas atuais e
itens foram evidenciados, entre eles o futuras, bem como as expectativas de
impacto sobre a atividade econômica e stakeholders externos. A identificação
macrotemas, como: de questões materiais continua sendo
mais arte que ciência. A definição de ma-
• Escassez de recursos na análise terialidade não é homogênea nas diver-
econômica sas iniciativas de relato, como GRI, CDP,
• Influência sobre a preferência do con- IIRC e SASB. Nesse sentido, um estudo
sumidor e mudanças regulatórias, de materialidade pertinente a cada em-
como a legislação ambiental nas aná- presa ou setor é importante para definir
lises industriais as questões prioritárias que irão efetiva-
• Na gestão de riscos e oportunidades mente agregar valor ao processo.
derivados de questões ESG, como na
cadeia de suprimentos verificados na A partir disso, é importante olhar para
estratégia da empresa todos os direcionadores de valor que
• Nas demonstrações financeiras, ao impactam os resultados, fazendo, por-
mensurar os impactos sobre o cresci- tanto, a conexão entre as questões
mento das receitas, eficiência opera- mais relevantes e a geração de va-
cional, além de ativos intangíveis e flu- lor presente e futura da companhia.
xo de caixa

33
Tal visão integrada ainda não é usual funda das informações disponíveis sobre a
nas empresas brasileiras, mas se acre- companhia. Sendo assim, as empresas pre-
dita que este exercício represente um cisam perceber que o volume de informa-
esforço de amadurecimento importan- ções geradas por documentos legais para
te da organização. esses formadores de opinião é imenso, o
que pode criar uma reticência para a leitura
Enquanto há um amplo consenso de que de relatórios de sustentabilidade.
alguns fatores ESG podem ter um impac-
to significativo sobre o desempenho de Em primeiro lugar, seria importante que
uma empresa, a materialidade de outros as empresas repensassem seu calendá-
aspectos depende tanto do investidor rio de relatos. Os investidores têm uma
quanto da companhia, em fatores como agenda definida e apresentam dificul-
horizontes de investimento e o contexto dade em adaptação de novos calendá-
no qual a empresa está inserida. rios. Por exemplo, o primeiro semestre
de cada ano é o período fundamental e
INVESTIDORES E O RELATO repleto de informações obrigatórias nor-
DA SUSTENTABILIDADE teadoras das análises para o ano. Prefe-
É importante reconhecer o papel-chave do rencialmente nos três primeiros meses,
analista financeiro que classifica o risco da conforme observado na figura 8.
companhia, por meio de uma análise pro-

Figura 8. Calendário de apresentação de comunicados


para os investidores

Entrega dos
documentos
relativos ao
ano anterior.
Cias sinalizam
para o mercado
financeiro quais
as expectativas
de dados
operacionais/ Grandes partes das companhias
financeiros para o divulgam seus relatórios de
ano corrente sustentabilidade a partir de junho

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Entrega de Informações disponibilizadas do ano


informações anterior são consideradas velha
operacionais/
financeiras do 1T do
ano corrente

Fonte: Lead.

34
Dentro desse escopo, é importante ga- corporativa, marcas e patentes e políticas.
rantir que as organizações produzam Metodologias de valoração de intangíveis
conteúdos relevantes em formatos que serão abordadas com mais detalhes no
atraiam os seus públicos, mas com foco capítulo 5. Considerando isso, o objetivo
na transparência, qualidade e rastreabili- na análise ESG é mostrar como aspec-
dade da informação. Isto é, a meta não é tos ambientais, sociais e de governança
produzir mais um relatório, mas sim criar protegem e agregam valor ao negócio.
um ciclo de troca de dados composto No entanto, ao olhar do investidor, as in-
por informações relevantes que sejam formações apresentadas nos relatórios
evidenciadas pelas companhias e que parecem ambíguas e com um certo viés
demonstrem como foi o gerenciamento de marketing. É preciso desfazer a ideia
dos indicadores relatados. de que relatar informações negativas não
é apropriado. É apropriado e muito, pois
Estima-se que 80% do valor pleno de confere maior confiabilidade para a in-
uma empresa resulta de ativos intangí- formação. O investidor precisa entender
veis, tais como reputação, imagem, re- melhor como se dá a criação de valor.
conhecimento da marca, relacionamen- Os exemplos nas figuras 9 e 10 mostram
tos, fidelização de clientes, capacidade como a informação pode ser mais especí-
de inovação, transparência e governança fica para preencher essa necessidade.

Figura 9. Excertos de relato de sustentabilidade

Dentre as inovações promovidas no canteiro de


obras, destaca-se a utilização de uma usina solar
para aquecimento da água dos vestiários dos
trabalhadores. O sistema, inovador no

setor também porque o equipamento foi contratado


sob o regime de aluguel, permite ganhos ambientais QUAL O CUSTO DO ALUGUEL
significativos, pois contribui para a redução de DO EQUIPAMENTO? QUAL SERIA
emissões de gases causadores de efeito estufa em O PREÇO DE COMPRÁ-LO?
comparação com chuveiros elétricos ou a gás. A usina
está dimensionada para atender a 200 trabalhadores
por dia, gerando uma economia potencial de energia
elétrica de 2.994 kWh/mês. [GRI EN6]

QUAL É A ECONOMIA GERADA


HÁ UM GANHO ECONÔMICO?
FINANCEIRAMENTE FALANDO?

Fonte: Lead.

35
Figura 10. Excertos de relato de sustentabilidade

MATRIZ DE INVESTIMENTOS
Unidade 2011 2012 2013
EM SUSTENTABILIDADE
Projetos e programas socioambientais 8,2 9,2 17,3
Promoção de canais de diálogo 2,0 1,5 2,4
Educação e treinamento 21,3 19,1 14,4
Pesquisa em tecnologias sustentáveis 0,4 0,6 1,2
Despesas de gestão R$MM 32,6 37,6 60,0
Certificações 0,1 0,2 0,1
Tecnologias limpas 0,6 0,1 23,9
Tratamento de efluentes e disposição de resíduos sólidos 5,7 5,0 8,5
Total 70,9 73,2 127,7

QUAL A ECONOMIA QUE


AS TECNOLOGIAS LIMPAS QUAL A REDUÇÃO
PROPORCIONAM? QUAL DE CUSTO E
ABRANGÊNCIA DESTA REAPROVEITAMENTO DOS
TECNOLOGIA PARA OS RESÍDUOS GERADOS?
DEMAIS PRODUTOS DA CIA.?

Fonte: Lead.

O conceito principal está fundamentado O grande desafio é que alguns processos


na inter-relação das informações, o que atuais são intangíveis e devem começar a
permite às empresas fazer uma análise ser mensurados para medir o fluxo entre
mais abrangente de sua visão, sua mis- os capitais. Por exemplo, quando se reali-
são e seus valores. Além disso, fornece za um treinamento, aumenta-se o capital
mecanismos para que elas tenham um intelectual e reduz-se o capital financeiro.
olhar prospectivo do negócio, alinhando Dessa forma podem ser evitadas situa-
seus objetivos estratégicos a ações as- ções em que se contrariam quando com-
sertivas que possibilitem sua consecu- paradas, entre as quais: apresentação de
ção nos curto, médio e longo prazos. excelentes projetos sociais no relatório
anual e a falta de uma política de relacio-
Essa inter-relação pode ser apresentada namento satisfatória com a comunidade
por meio dos capitais do relato integra- do entorno das operações, confirmada
do, conforme figura 11. A era do conhe- pelo valor significativo de reclamações
cimento e dos serviços altera vetores de registradas pela ouvidoria impactando a
valor, os ativos físicos e financeiros pas- reputação da empresa – capitais social e
sam a ser alavancados por outros ativos. de relacionamento.

36
Figura 11. Organizando os capitais

Quais são e o que integram os itens avaliados no relato integrado

FINANCEIRO MANUFATURA
Investimentos, dívidas Objetos físicos, como
e capital que permitem edifícios, equipamentos
a organização da e infraestrutura
produção de bens ou FINANCEIRO
prestação de serviços

INTELECTUAL MANUFATURA HUMANO


Conhecimentos Competências e
intangíveis (que INTELECTUAL HUMANO capacidades dos
não podem ser SOCIAL E DE profissionais
contabilizados) de RELACIONAMENTO
uma organização

NATURAL SOCIAL E DE
NATURAL RELACIONAMENTO
Todos os recursos As relações entre a
ambentais renováveis organização, a comunidade
e não renováveis e outras partes interessadas

Fonte: Revista Época.

Ainda sobre a conectividade das infor- O que fica claro é a necessidade de apri-
mações, as companhias devem fazer um morar continuamente os relatos das com-
exercício para associar programas sociais, panhias. Congregar as diretrizes do G4 e
sustentabilidade e gestão ao seu mode- do relato integrado é um caminho sem
lo de negócio e visão organizacional. As volta e esse será o grande desafio. Vale
companhias precisam apurar os assuntos ressaltar a necessidade de uma maior in-
que irão gerar interesse e que sejam efi- tegração e envolvimento dos Conselhos
cazes em verificar a gestão da compa- de Administração, além de uma estraté-
nhia, pois os investidores querem saber gia de comunicação que incorpore os in-
se a estratégia traçada pela companhia é vestidores e suas agendas, assegurando
seguida, se os objetivos estratégicos es- relatos com conteúdos relevantes.
tão evoluindo e se a mensagem do presi-
dente está traduzida em números.

37
03
A SUSTENTABILIDADE
NO VALUATION DAS
COMPANHIAS

38
Instrutores A deterioração dos recursos naturais criou uma necessidade
Professor Celso de interseção entre dois mundos que pouco interagem: finan-
Lemme, Instituto ças e sustentabilidade. Com a crescente adesão ao conceito de
Coppead da UFRJ SRI, o desafio é incorporar questões ESG ao valuation e iden-
Gustavo Pimentel, tificar como aspectos de sustentabilidade podem impactar
SITAWI Finanças no valor de mercado das empresas. Nesse âmbito, há sinergia
do Bem possível entre os campos de finanças e sustentabilidade, visto
Marcia Micheli, Real que este busca inovação e competitividade no longo prazo,
Grandeza fatores cruciais para qualquer analista financeiro.

Autores O objetivo desse encontro foi conhecer o atual cenário de in-


Clarissa Lins, vestimentos responsáveis no Brasil e no mundo e compreen-
sócia-fundadora der os métodos financeiros de avaliação de empresas disponí-
da Catavento veis. Foi abordado como incorporar questões socioambientais,
Rafael Lemme, sócio como água, energia e emissão de GEEs, que são importantes
da Catavento direcionadores de valor, no valuation das companhias de forma
que permita a correta comparação entre as empresas.

O PASSO A PASSO PARA SAIR DA INÉRCIA


•D
 eve-se ter iniciativa e agir para buscar métricas e valorar,
não esperar um método perfeito.

Os maiores desafios para incorporar questões socioambien-


tais na avaliação de empresas são a seleção do método e dos
indicadores mais adequados aos objetivos, bem como a me-
lhor forma de introduzi-los à análise. Como todo processo de
inovação, requer iniciativa na busca de novas métricas e na
interpretação dos resultados, possibilitando a incorporação de
fatores não financeiros ao valuation.

Diversos métodos são largamente utilizados e difundidos em


finanças para avaliação de empresas, podendo inclusive gerar
resultados diferentes, ainda que aplicados em uma mesma em-
presa e contexto. Cada um tem a sua relevância, pois atende a
uma determinada perspectiva, o que faz esses métodos serem
complementares entre si.

O Valor Patrimonial e o Valor de Mercado, por exemplo, retra-


tam a situação atual da empresa, representando os registros
contábeis e o valor das ações em bolsa, respectivamente, e
retornando resultados distintos. O método mais utilizado, se-
gundo o Professor Celso Lemme, é o Valor Econômico, que
busca analisar além dos registros, fazendo uma projeção de
desempenho e tentando traduzir essa expectativa em núme-
ros. É a partir dele que se aplica um dos principais métodos de
comparação entre as empresas, o Fluxo de Caixa Descontado.
39
Isso mostra que a inexistência de um mé- SITAWI Finanças do Bem para análise de
todo preciso para inclusão dos aspectos distintos setores utilizou a precificação da
não financeiros não pode ser utilizada água, o reúso da sucata e a obsolescên-
como uma barreira para a inclusão das cia de unidades industriais para incluir as
questões ESG no valuation. Ao contrá- questões levantadas na avaliação do setor
rio, deve-se utilizar aquele que melhor se de siderurgia. Os resultados mostraram
adapte à realidade analisada, buscando impactos negativos entre R$ 223 milhões
o aperfeiçoamento ao longo do tempo. e R$ 659 milhões, dependendo da empre-
sa. Essa diferença entre o maior e o me-
Para se ter sucesso nesse processo, tam- nor impacto varia significativamente, indo
bém é necessário mapear as fontes de de valores muito distantes, como no caso
informação internas e externas à organi- da siderurgia, até outros muito próximos,
zação. Nesse sentido, identificar os prin- como no setor de administração imobili-
cipais stakeholders e suas expectativas ária, que resultou em uma faixa de R$ 214
com relação à empresa é essencial para milhões a R$ 240 milhões negativos.
facilitar o processo de seleção dos indi-
cadores mais relevantes que devem ser • A análise depende do objetivo.
incorporados à análise.
A definição clara dos objetivos da análise
• Informação demais pode ser uma arma- é outra etapa importante e direciona os
dilha. Deve-se ter foco e simplicidade. temas que serão mensurados e demons-
trados. Definidas as questões materiais
A seleção das questões a serem men- relevantes ao contexto analisado, passa-se
suradas é parte importante do proces- à etapa de seleção dos indicadores finan-
so, pois permite uma análise focada nos ceiros que permitam a incorporação dos
temas que mais impactam a empresa impactos ao valuation.
e/ou o setor estudado. Não há necessi-
dade de contemplar todos os aspectos
para realizar uma avaliação eficiente das
questões ESG, devendo-se focar aqueles
que têm maior relevância para a conti-
nuidade dos negócios da empresa. Esse
Uma avaliação eficiente
processo, conhecido como materialida-
de, foi discutido no capítulo 2.
das questões ESG
No setor de siderurgia, por exemplo, as
deve focar aqueles
questões relacionadas a água, energia,
materiais e sanções ambientais são con-
aspectos que têm
sideradas relevantes, tanto do ponto de
vista socioambiental quanto para a con-
maior relevância para
tinuidade das operações. O método de
precificação de riscos apresentado pela
a continuidade dos
negócios

40
Saber selecionar esses indicadores de SRI, há ainda o filtro positivo, que se ba-
acordo com os objetivos da análise exige seia na escolha de setores, projetos ou
a diferenciação entre atividades-fim e meio empresas para investimentos com base
da empresa e permite um entendimen- no seu desempenho socioambiental.
to melhor das questões que têm impacto
financeiro direto. Dessa forma, segregar O investimento de impacto é outra abor-
claramente as ações pontuais daquelas co- dagem que tem sido crescentemente
nectadas ao modelo de negócios torna-se utilizada e consiste em direcionar os re-
possível. Enquanto as primeiras são tipica- cursos para atividades focadas em pro-
mente filantrópicas, retornando à socieda- mover os retornos social e ambiental
de em forma de ações socioambientais, as combinados com o financeiro. Esse tipo
outras buscam oportunidades de negócios de investimento permite um impacto
em problemas sociais, retornando valor positivo em escala que atividades filan-
para a empresa e para a sociedade7. trópicas usualmente não alcançam. Mi-
crofinanças e tecnologia limpa são dois
Mas como incluir, na prática, a influência exemplos comuns nas últimas décadas.
das questões socioambientais no valor
da empresa? A participação dos acionistas também é
muito importante, sendo o engajamento e
DIFERENTES ABORDAGENS o ativismo as duas formas mais destacadas
PARA A INTEGRAÇÃO DE de atuação para incorporação de questões
QUESTÕES ESG ESG à gestão das companhias. Ambas ba-
Dentre os métodos mais difundidos para seiam-se no forte poder de influência que
incorporação das questões ESG na se- os acionistas têm, podendo direcionar os
leção de Investimentos Responsáveis, recursos aplicados para projetos com im-
destacam-se aqueles que usam os filtros pacto positivo socioambiental, monitoran-
– negativos ou positivos – engajamento, do indicadores de aspectos não financeiros.
investimento de impacto e integração,
quantitativa ou fundamentalista. Por fim, a integração quantitativa ou fun-
damentalista consiste em inserir modelos
Os filtros negativos podem adotar uma de análise das questões ESG à avaliação
abordagem setorial, excluindo empresas do desempenho financeiro. Esse deve ser
que integrem determinado setor (armas um processo transparente e rastreável
e tabaco, por exemplo). Tal prática é para que o investidor saiba a influência
adotada em instituições internacionais, desses aspectos no valor da empresa.
como IFC e Rabobank, que têm diretrizes
claras de adequação para investimento. O estudo da GSIA8, de 2012, mostrou
Além disso, pode-se ainda atuar com que a integração de critérios ESG, os fil-
base em normas (OCDE, OIT e ONU, por tros negativos, o engajamento e o ativis-
exemplo), pontuando ou até eliminando mo dos acionistas representam mais de
determinadas empresas em função da 80% das abordagens SRI.
sua adequação a elas. Na abordagem

7. Fonte: PORTER e KRAMER, HBR – The Big Idea, 2011.


8. GSIA ”Global Sustainable Investment Review” (2012).

41
Figura 12. Investimento Responsável A experiência compartilhada pela Fun-
por Abordagem – Global dação Real Grandeza, por exemplo,
demonstra uma iniciativa própria de
aplicação de filtro negativo setorial e in-
tegração ESG quantitativa. Além de eli-
minar empresas que apresentem indícios
0,4% de trabalhos infantil e/ou escravo ou que
4,3%
Impact/ estejam inseridas nos setores de armas,
Community Positive/
bes-in-class bebidas alcóolicas, fumo, jogos ou por-
0,4% investing
screening nografia, por exemplo, ainda é aplicado
Sustainability um questionário de avaliação do com-
themed investing 13,0%
prometimento com as questões ESG.
Norms-based
35,4% screening
A estrutura desse questionário mapeia
Negative/
exclusionary
desde a relação com os fornecedores e
20,1% o processo produtivo até questões so-
screening
Corporate ciais e ambientais mais específicas, além
engagement and
26,4% de transparência. Dependendo da pon-
shareholder action
tuação obtida, a empresa pode até ser
Integration
excluída da análise.
Fonte: Global Sustainable Investment Review, 2012.Apresentado pela
SITAWI Finanças do Bem.
FONTES DE INFORMAÇÕES NÃO
FINANCEIRAS
Com os desafios expostos, é necessário
Figura 13. Principais fontes de informação um esforço integrado de diversos atores
dos aspectos não financeiros para analistas para que se possa evoluir nos métodos
e investidores . de incorporação de questões ESG ao va-
luation. Além disso, a liderança e a trans-
CSR/
sustainability report parência são importantes nesse proces-
Annual report so. Um bom exemplo disso é o resultado
Company website da pesquisa realizada pela ACCA em
conjunto com a Eurosif, mostrando que
ESG rating agencies
a consulta às documentações públicas
NOGs/associations
de prestação de contas é a principal fon-
Regulations
te de informações não financeiras, como
Financial data
providers representado no gráfico da figura 13.
Quarterly/intermedi-
ate reports
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Essential High Moderate Little

Fonte: What do investors expect from non-financing reporting?, ACCA e


Eurosif, 2013. Apresentado pela SITAWI Finanças do Bem.

42
A pesquisa, realizada com 94 analistas e Deve-se definir o objetivo da análise e
investidores de 18 diferentes países, ain- priorizar adequadamente as questões
da mostrou que 92% deles utilizam com mais relevantes de acordo com o con-
frequência as informações não financei- texto de mercado no qual se está inse-
ras em suas análises. Ainda que 89% dos rido. A partir disso, pode-se selecionar
respondentes apontem o relatório de os indicadores financeiros que melhor
sustentabilidade como sendo uma fon- traduzam as questões ESG em números,
te de informação muito importante, 78% mapeando os stakeholders-chave que
deles consideram que o nível de trans- devem ser envolvidos e as potenciais
parência e de informações disponíveis fontes de informação.
ainda é inadequado.
Superadas essas etapas, tem-se um con-
A partir disso, pode-se perceber a im- junto de informações disponíveis para
portância de se ter uma prestação de realizar uma avaliação integrada do valor
contas com objetivos claros e definidos, das empresas, associando aspectos pu-
focada apenas nas questões socioam- ramente econômico-financeiros com os
bientais mais relevantes ao contexto da socioambientais e de governança. Essa
empresa e com impacto financeiro clara- informação é de grande valia para os in-
mente estabelecido. vestidores, que podem quantificar, mes-
mo que de forma aproximada, as exter-
AVALIAÇÃO INTEGRADA nalidades do negócio, mitigando riscos
Com mais força desde 2006, a partir da de médio e longo prazos.
iniciativa PRI, o Investimento Responsável
tem crescido em importância e represen-
tatividade no Brasil. A aplicação dos mé-
todos financeiros de valuation associados
buscando a integração dos critérios ESG
para análise de investimentos é funda-
mental para transpor os atuais desafios
encontrados e aprimorar o processo.

43
04
ENCONTRO COM
INVESTIDORES

44
Investidores Com o objetivo de promover o diálogo entre empresas e investi-
Christopher Wells, dores, Itaú, Cemig e Braskem fizeram apresentações sobre suas
especialista em risco empresas e seus resultados, considerando aspectos da aborda-
socioambiental do gem do relato integrado e cinco investidores fizeram perguntas
Santander aos representantes da empresa.
Alexandre Gazzotti,
SRI analyst da Itaú O exercício permitiu explorar as diferenças entre “o que as em-
Asset Management presas querem dizer” e “o que os investidores querem saber” e,
Luiz Felix, gestor de a partir daí, identificar oportunidades de melhoria e também difi-
renda variável da Itaú culdades na comunicação efetiva com o mercado, tendo em vista
Asset Management aspectos do relato integrado.
Raquel Costa, analista
ESG do HSBC A ABORDAGEM DAS EMPRESAS
Asset Management As apresentações das empresas duraram cerca de 15 minutos,
Carlos Frederico Aires o que já consistiu em um exercício de selecionar os assuntos
Duque, diretor mais relevantes ou materiais para aquele público-alvo.
superintendente
(CEO) do INFRA- A primeira apresentação foi do Itaú Unibanco, na qual a
PREV companhia trouxe inicialmente informações sobre o perfil da
instituição e sua atuação no Brasil e no mundo, além de suas
Empresas iniciativas para estabelecer um diálogo contínuo com seus
Gustavo Lopes Rodri- principais públicos de relacionamento: clientes, colaboradores,
gues, Relações com investidores e sociedade.
Investidores e Denise
Gibran Nogueira, Sus- Também foram apresentados indicadores de gestão que mos-
tentabilidade do Itaú tram a evolução desse diálogo. Entre eles, o programa de edu-
Unibanco cação financeira, que treinou gerentes do banco para orientar
Ricardo Camargo, seus clientes quanto ao tema; as pesquisas de satisfação dos
gerente de Sustenta- clientes, que mostram um índice em melhoria contínua nos úl-
bilidade da CEMIG timos três anos; e os princípios para avaliação de riscos e opor-
Fernando Campos, tunidades socioambientais nas análises de investimento.
coordenador de Rela-
ções com Investidores Depois de expor as principais práticas de gestão dos relacio-
namentos e os princípios de sustentabilidade adotados pelo
Autor banco no dia a dia, o Itaú Unibanco apresentou sua estrutu-
Isabela Domenici, ra de governança da sustentabilidade. Dessa forma, mostrou
sócia-diretora de Co- o caminho da inserção da sustentabilidade na agenda da alta
municação e Sustenta- gestão trilhado pelo banco e sua estratégia de sustentação e
bilidade da Ricca RI crescimento do negócio.

45
Por fim, a companhia apresentou as dire- Além disso, a apresentação da CEMIG
trizes de mercado e compromissos que trouxe a descrição de dois projetos – o
adere (CDP, ISE, DJSI, ICO2, IIRC, PRI, de Saúde e Segurança no Trabalho e o de
GRI etc.) e como, a partir de seu posicio- Preservação da Biodiversidade (Programa
namento e sua gestão da sustentabilida- Peixe Vivo) – e como o desenvolvimento
de, tem gerado reconhecimento nacional desses projetos teve o objetivo de aprimo-
e internacional quanto ao seu compro- rar seu desempenho e suas oportunidades
misso com o desempenho sustentável e e mitigar riscos. O cuidado com os peixes,
quanto à saúde e à perspectiva do ne- por exemplo, fez com que a companhia
gócio. Além disso, o Itaú Unibanco des- não tivesse interrupções em sua operação
tacou também seu exercício pioneiro de e evitasse possíveis multas ambientais.
publicação do relato integrado9 e do re-
latório anual consolidado10, integrando A conclusão da companhia foi de que
os indicadores GRI às outras demandas percebem uma tendência de busca de in-
legais aos quais está sujeito por ser uma vestidores, cada vez mais, por empresas
companhia aberta. sustentáveis, e que a CEMIG tem como
estratégia para se relacionar com esse
A CEMIG, segunda a se apresentar, público ampliar sua transparência com
enalteceu a oportunidade de falar de a participação em diferentes iniciativas
sustentabilidade com investidores den- de mercado ligadas à sustentabilidade,
tro da BM&FBOVESPA, um reflexo do como o ISE, o DJSI, o CDP, a Oekom Re-
amadurecimento do diálogo sobre como search, a Sustainalytics e o Vigeo Rating.
esse tema faz parte da decisão de inves-
timento e análise de risco. Mostrou ao A CEMIG também fez uma provocação
público o histórico da CEMIG na gestão aos investidores ali presentes, relatando
da sustentabilidade e na publicação de o principal desafio que enfrentam: ape-
seu relatório, desde o monitoramento in- sar de a GRI e o IIRC orientarem as em-
terno das informações e a primeira publi- presas a trabalharem reportes cada vez
cação em 2006 até o relatório GRI G311. mais concisos, focados nos temas mate-
Ao longo desse caminho, enfrentaram, riais, as demandas do público investidor
principalmente no último ano, o grande são diferentes das dos outros públicos
desafio de condensar o planejamento e, segundo a companhia, não estão sim-
estratégico da Companhia – e informa- plificando ao longo do tempo, mas sim
ções sobre a forma de gestão, oportuni- exigindo cada vez mais informações.
dades e riscos em curto, médio e longo Por exemplo, as perguntas do DJSI au-
prazos – e relacioná-lo aos temas de sus- mentaram em 50% nos últimos 3 anos, e
tentabilidade relevantes. o ISE conta com mais de 500 perguntas.

9. https://www.itau.com.br/_arquivosestaticos/RAO/PDF/PT/Itau-relato-integrado-port.pdf
10. http://www.itau.com.br/relatorio-anual
11. http://www.cemig.com.br/pt-br/relatorio_anual/Documents/relatorio/index.html

46
Como encontrar o ponto ideal entre con- A Braskem mostrou também sua estru-
cisão e relevância e transparência sobre o tura de governança para buscar o desen-
que o investidor deseja saber foi um dos volvimento sustentado, como o fato de
pontos centrais do debate com investi- aderir ao Nível 1 de boas práticas de go-
dores, cujas principais questões repro- vernança da BM&FBOVESPA, o direito
duziremos no item Principais pontos do de tag along a todos os seus acionistas e
debate entre investidores e companhias. seu Código de Ética.

Para finalizar as apresentações das em- Finalmente, foram apresentadas as iniciati-


presas, a Braskem trouxe um breve perfil vas de responsabilidade social da compa-
inicial sobre a companhia e o setor petro- nhia, como o projeto Fábrica de Florestas,
químico brasileiro e sua diretriz estratégi- para a produção e o plantio de mudas, e
ca: o crescimento no Brasil, a expansão o projeto de conscientização do consumo
internacional e a química sustentável. realizado com seu público externo.

Para alcançar esse objetivo, a companhia PRINCIPAIS PONTOS DO


considera parte essencial de seu desen- DEBATE ENTRE INVESTIDORES
volvimento sustentado a inovação. Atual- E COMPANHIAS
mente, cerca de 20% da receita de resinas Os investidores fizeram diferentes per-
são provenientes de produtos lançados guntas sobre os setores das empresas
nos últimos três anos. A inovação tam- que se apresentaram e o desempenho
bém permite a Braskem identificar opor- delas frente aos principais temas socio-
tunidades e criar produtos com melhor ambientais que podem apresentar riscos
performance ambiental, o que é bom tan- aos seus negócios.
to para atender esse crescente apelo dos
clientes quanto para minimizar o risco da Como este white paper tem o objetivo de
Companhia ao diversificar sua fonte de ajudar as companhias a entenderem me-
matéria-prima. Exemplo disso é o plástico lhor as demandas do público investidor,
verde, feito a partir da cana-de-açúcar, ao listamos abaixo as principais questões
invés do petróleo usado pelo tradicional, apresentadas e também valiosas dicas
ou seja, utilizando uma matéria-prima re- para que possam evoluir na promoção de
novável. Nesse sentido, a Braskem apon- uma integração efetiva de aspectos rela-
tou aumento da demanda por produtos cionados à sustentabilidade na estratégia
com boas práticas ambientais e disse e gestão de riscos financeiros do negócio.
que, apesar de esses produtos geralmen-
te terem preços mais altos e maior custo
de produção, têm apresentado bons e
crescentes resultados.

47
1 – Ao apresentar projetos desenvolvidos interesse dos investidores, já que estão Segundo Raquel Cos-
pela sua companhia para oferecer produ- diretamente relacionadas aos riscos do ta, do HSBC, o 20-F
apresenta os riscos de
tos ou serviços com melhor desempenho negócio. Os analistas de investimento vão maneira muito com-
socioambiental, é importante reportar buscar essa informação e geralmente as pleta, mas não apre-
senta as ações mitiga-
também um perfil “estratégico” da susten- têm em abundância nos capítulos de ges-
doras, que por sua vez
tação financeira do projeto. Em outras pa- tão de riscos do 20-F, por exemplo. Apre- são mais claras e deta-
lavras, destacar, por exemplo, quais os in- sentá-las também no relato integrado dá lhadas no relatório. “A
melhoria do link entre
vestimentos necessários e qual seu prazo mais credibilidade à companhia – já que essas informações de
para o ponto de breakeven (ou seja, mo- pode mostrar sua transparência e como gestão de riscos nos
dois documentos é
mento em que se alcança com a receita a empresa desenvolve sua gestão para
muito importante para
do novo produto tudo que se investiu para mitigar esses riscos – e facilita o acesso à uma visão mais clara e
desenvolvê-lo e passa-se, então, a obter informação pelos investidores. objetiva”, afirma.

retorno). Esse tipo de informação é rele-


vante para os stakeholders para que eles 4 – A tangibilização/valoração das opor- Christopher Wells
possam determinar, assim como fazem na tunidades geradas por melhorias na ges- provoca, “É impor-
tante ter mensurada
análise de outros aspectos da companhia, tão da sustentabilidade ou dos riscos a importância finan-
os riscos envolvidos e o potencial de retor- mitigados por esses fatores também é ceira das iniciativas
no dos projetos em andamento. muito importante para os investidores socioambientais. Nos
relatórios vemos mui-
em suas análises. Geralmente, os analis- to a descrição de ini-
2 – Apresentar informações sobre o de- tas de investimento fazem a avaliação ciativas e pouco a re-
lação de quanto isso
senvolvimento da cadeia de valor de um dos compromissos, das iniciativas e dos gera de impacto ou
produto ou serviço com esse viés tam- projetos socioambientais e usam suas de valor”.
bém é importante para os investidores. próprias métricas, com base no potencial
A companhia pode estar investindo e risco ou na oportunidade do ativo ava-
apostando no desenvolvimento de um liado para valorá-lo. Ter uma percepção
produto com premissas sustentáveis (ex.: da empresa, apresentando ela mesma
matéria-prima renovável, menos emis- informações valoradas de seus projetos,
sões etc.), mas sua cadeia (fornecedores é importante para orientá-los sobre o va-
na produção ou consumidores durante lor agregado do que se quer mostrar. A
uso do produto e serviço) pode não ne- palavra de ordem é medir!
cessariamente estar compartilhando dos
mesmos objetivos ou até mesmo alcan- 5 – O desafio de relatórios mais obje-
çando os benefícios propostos. tivos, curtos versus a necessidade de
cada vez mais informações e mais espe-
3 – Informações sobre tendências regu- cíficas por parte dos diferentes públicos
latórias, possíveis impeditivos ou fatores deve ser encarado considerando todos
dificultadores da atuação da companhia os diferentes canais de relacionamento
em um futuro próximo devido aos aspec- e comunicação que as empresas já têm
tos da sustentabilidade (emissões, uso com seus públicos. Ou seja, os portais
de matérias-primas “sujas”, mudanças de sustentabilidade, os boletins periódi-
climáticas etc.) também são de grande cos, entre outras publicações devem ser
consideradas na rotina de transparência
para não sobrecarregar o relatório, sem
se esquecer de promover a conectivida-
de entre toda essa rede de informações.

48
05
MELHORES PRÁTICAS
E VALORAÇÃO DE
INTANGÍVEIS
Instrutores A primeira versão do Framework do Relato Integrado foi lan-
Antônio Albuquerque çada em dezembro de 2013; consequentemente, ainda são
e Teresa Rossi, poucos os exemplos de empresas que publicam seus relatos
gerentes de projetos alinhados com essa ferramenta. Com o intuito de acelerar o
da Rever Consulting aprendizado e prover exemplos práticos de como aplicar as
Daniel Domeneghetti, diretrizes do IIRC, no quinto encontro foram apresentados
DOM Strategy exemplos de relatórios de todo o mundo sobre cinco dos oito
Partners elementos do framework.
Roberto Strumpf,
Pangea Capital No segundo momento, foram discutidas metodologias de valo-
ração de intangíveis. Desde que a Puma lançou o Environmental
Autor Profit and Loss Accounts (EP&L) em 2010, as empresas vêm dis-
Joyce Fernandes, cutindo como utilizar ferramentas de valoração para auxiliar na co-
BSD Consulting nexão entre as questões de sustentabilidade com o desempenho
financeiro. Estudamos nesse encontro duas metodologias, a Inta-
gible Asset Management (IAM), desenvolvida pela Stern Stewart,
e a EP&L da Puma.

APRESENTAÇÃO DE MELHORES PRÁTICAS – RELA-


TO INTEGRADO
As melhores práticas são uma peça-chave na hora de refletir
e decidir sobre formas de relatar elementos do framework do
RI. Nesse contexto a Rever Consulting compilou uma série de
benchmarkings e as melhores práticas que podem servir de
inspiração para as empresas que estão buscando o pensamen-
to integrado. As próximas sessões apresentam esses exemplos
para cada um dos cinco elementos do relato integrado:

1) Visão geral organizacional;


2) Perspectivas;
3) Modelo de negócio;
4) Riscos e oportunidade; e
5) Desempenho.

O direcionamento na construção de elementos do relato inte-


grado, como visão organizacional, modelo de negócio e conexão
entre indicadores de desempenhos social, ambiental e econô-
mico na comunicação para diferentes stakeholders é um passo
importante para as empresas que estão trilhando o caminho da
integração. É um desafio fazer com que as diferentes áreas das
organizações dialoguem entre si, buscando maior alinhamento
entre os processos de finanças e de sustentabilidade. Sendo as-
sim, o relato integrado nada mais é do que uma consequência
da integração do pensamento e da gestão da companhia.

50
Visão geral organizacional: •V  odacom: infográficos claros, interligados
ambientes interno e externo: e conectados. Fica fácil de digerir e enten-
No que diz respeito ao ambiente interno, der a informação, conforme figura 1412.
a organização deve apresentar sua mis- • Natura: desde o inicio já demonstra con-
são, sua visão, seus valores e sua relação ceitos e proposta de valor.
com o negócio. Exemplo de boas formas • Entergy: mostra geograficamente os indi-
de apresentação no ambiente interno: cadores da companhia.

Figura 14. Exemplo Vodacom


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better every single day
Key to our customer strategy is to differentiate
through investing in our networks. We strive to
We generate revenue by providing communications services over our mobile
and fixed line networks. Our services include voice, messaging, data and, more
changing lives by innovating. build and maintain high-quality networks in
all our operations, as the foundation for recently, enterprise, content and mobile financial services.
reliable voice and data services. Delivering Assets
modern networks requires that we keep up R35 976 million Voice revenue
with advances in technology. As we evolve R5 310 million Interconnect revenue
Service
our services, all of which depend on spectrum, revenue R3 290 million Messaging revenue
we engage with governments to acquire the right R62 047 R13 266 million Data revenue
spectrum at the right price. R4 205 million Other services revenue
Customer
Our Way Our Vision Our people
We serve a diverse base of customers, in terms of
race, gender, age, religion, and how they think. Outcomes
Best network,
Speed, simplicity We have to make sure our employees are as We need to make sure we convert revenue Headline earnings Connecting people
best value, diverse, which allows them to understand
Revenue into profit to the extent that our business, and per share businesses are the
and trust and empathise with our customers, and
best service meet their needs. Diversity is also important the value we create for all our stakeholders,
remains sustainable. Our ongoing investment
of the services we o
Communication im
to our employees and to the governments in
the countries in which we operate, making it a
critical factor in sustaining our business model.
Attracting and keeping the best people, and putting them in the
in our assets and in our business processes
enables us to contain costs and optimise 896
cents
2.8%
growth
of life, enables effic
supply and deman
profitability in an environment of lower pricing the sharing of infor
right positions, is as fundamental and involves a wide range of
interventions, including training and talent management.
Net profit and higher inflationary cost pressures. data, which enable
decision-making.

Our distribution We enable busines


Where we are going
What we need to do
Our We’re focusing on making our
We reach our customers and deliver our services
to them through our distribution channels.
Our dividendppolicy
y is to return ordinary dividends to shareholders of at least
facilitating the exch
and information, b

Strategies
This is everything we need
to do boiled down to five
vision real, specifically through our We build and maintain mutually beneficial, Shareholder return making it easier to
brand promise of best network, longstanding relationships based on ethical mobile financial se
simple strategies. best value and best service,
and everything that goes into
business principles, with wholesale
distributors, retailers and franchise store
of headline bridging the gap b
services providers a
keeping our promise. business partners. We also have a growing earnings per share. sectors of society th
presence in the online space. Expanding our
distribution reach also gives us the opportunity to Reinvesting in the underserved and u
develop entrepreneurial businesses, by setting up container
shops and informal traders that resell airtime.
business Research has show
correlation betwee
By consistently investing in our networks over the years we have reached a provision of Inform
Our parent relationship
big portion of the populations in the countries in which we operate. It has also Communications T
As part of the Vodafone Group, we have access to enabled us to lower the cost of communicating. services and econo
best practices around the world. This includes
Grow data, Make our Transform technology research and development, With increased pen
Deliver the enterprise, new processes and Build a diverse society and build
Capex Rm Intensity %
ICT, economies gro
best customer and talented device exclusivity and global procurement 2014 10 779 14.2
services and grow businesses more stakeholder benefits. Having access to one of the world’s employment is crea
experience. internationally. efficient. team. trust. 2013 9 456 13.5
largest telecommunications brands gives us increases economic
the scale and expertise to grow our business 2012 8 662 12.9 spending power, w
sustainably. further growth.

Fonte: Apresentado pela Rever Consulting.

Já em relação ao ambiente externo, a or- to externo podem impactar o negócio e a


ganização deve apresentar as principais forma que a organização responde essas
características e tendências do mercado questões. Forças de mercado, concorrência,
em que está inserida. No que diz respeito desafios ambientais e potenciais regulações
a produtos e serviços, o desafio consiste são fatores importantes para as empresas
em demonstrar o valor gerado, compar- na hora que estão reportando o ambiente
tilhado e o significado para a sociedade. externo. No entanto, há certo receio de que,
Por exemplo, como os ambientes legal ao abordar temas relacionados ao ambiente
e econômico, o preço, a disponibilidade, externo, a empresa estaria expondo fragili-
os impactos, a escassez ou o contex- dades e riscos. Porém, os investidores pre-

12. http://vodacom.onlinereport.co.za/vodacom_ir_2014/wp-content/themes/vodacom/downloads/
Who_we_are_Vodacom_IR_2014.pdf

51
cisam (e querem) ter essa percepção da •T ractbel: existe um contraponto, mas
análise de risco e saber o que a empre- não faz uso de recursos gráficos, o que
sa tem feito para mitigá-los. O pano de prejudica um pouco o entendimento.
fundo do relato integrado é um elemen- O relatório apresenta questões sobre
to diferenciador na tomada de decisão. o setor, a regulação, mas a forma de
Exemplos de boas formas de apresenta- apresentá-las é menos eficiente para
ção do ambiente externo: levar as informações ao leitor.
• Eni: pontua os desafios de mercado, da in-
• Vodacom: se destaca pela apresentação dústria e do setor; quais são os indicadores
gráfica. Fala do mercado, do contexto de desempenho, as estratégias de saída e
dos serviços e da geografia e mostra li- as metas. Integração da visão e do contex-
nha de raciocínio lógico do setor que vai to externo, pontuando desafios e já men-
além da própria organização. Essa am- cionando o que está fazendo pra enfrentar
plitude pode variar, sendo local, regional esses desafios e suas respectivas metas.
ou global, a depender dos efeitos do que Monta uma visão concatenada com rela-
se está reportando (exemplo: as mudan- ção aos desafios e ao contexto, com os
ças climáticas têm alcance global). compromissos de onde ela quer chegar13.

Figura 15. Exemplo da Eni

Fonte: Apresentado pela Rever Consulting.

13. http://examples.theiirc.org/fragment/224

52
Perspectivas e visão de futuro Exemplos:
Trazer o componente futuro, de médio
e longo prazos, é fundamental para o • Vodafone: relata como o setor está hoje
relato integrado. Portanto, deve-se res- e como estará no futuro; a empresa de-
ponder quais são os desafios, o que está monstra a visão do setor, as tendências,
no radar, quais são as incertezas, como e não apenas da empresa, mas mostra
a empresa está se posicionando, como como pode afetar seu mercado de atu-
isso irá impactar o modelo de negócio e ação, contexto atual e visão de futuro.
o futuro das operações. •ARM: apresenta mercado atual, visão
de futuro de mercado e riscos. Esse tipo
Esse elemento merece bastante atenção, de informação é no que muitas vezes as
porém a maior parte das empresas não empresas têm mais receio de se posicio-
se sente confortável em abrir essas infor- nar, porém os próprios riscos podem ser
mações, principalmente por causa dos oportunidades, e os investidores querem
seus competidores. ver isso, elementos da empresa, a visão
de análise crítica. Por exemplo, que o pró-
prio mercado e setor são desunidos e/ou
desagregados, conforme a figura 1614.
ARM Holdings plc
Strategic Report 2013
Figura 16. Exemplo da ARM

Our Vision Our Performance Our Commitment Our Financial Report

OUR MaRKetPlaCe

WHeRe tHe MaRKet iS nOW


The semiconductor industry develops chips that efficiently
manage all of the world’s electronic devices. PCs, mobile phones
and even modern washing machines have some form of chip
providing their intelligence. Each generation of chip is typically WHeRe tHe MaRKet iS HeaDinG
smarter than its predecessor, enabling more capable and more
efficient consumer and embedded products. Trends within the semiconductor industry and its marketplace
are bringing new opportunities and new competitive threats.
Overview of a semiconductor Disaggregated industry Where aRM fits within the industry
Semiconductors, or silicon chips, are the The semiconductor industry has disaggregated ARM is the global leader in the design of
electronic controllers that manage many of into specialist companies that focus on each semiconductor IP components that form
the digital devices that we use every day. stage in the creation, design and manufacture some of the critical elements within System-
Computers, mobile phones, televisions, of a silicon chip (see the diagram below). on-Chip designs. ARM is best known for its
washing machines and cars can all contain This allows each company to invest and family of processor designs that are used in
many silicon chips. Also, many enterprise and
innovate in an area where
Mobile they can–add
computing the
connecting ausrange
to of applications
internet of from mobile
things phones
– connecting billions efficient networking – moving more
industrial applications are made smarter andmost expertise in the value chain.
each other, and our data. to car braking ofsystems. There are a handful
smart sensors. data, without using more energy.
more efficient by silicon chips, from sensors of other IP component designers that
to servers. Some companiesMobilespecialise
phones in have been getting smarter
designing mainly andspecialise
Advances in manufacturing
in complementary technology are
areas. With mobile computing connecting us to each
more
the chip; other capable. specialise
companies Smartphones in have become Their IP can enabling
often bethe creation
found of new
alongside affordable smart
an ARM other, and increased machine-to-machine
In 2013, approximately 700 billion silicon the primary
designing critical computer
IP components for increasing
within the numbers sensors. These devices usually combine three communications between smart sensors,
chips were manufactured. Of these processor in the same chip design.
design; othersof inpeople;
buildingforthe
sending emails, browsing the
tools needed main elements: it is forecast that mobile internet traffic will
roughly 30 billion contained a processor. to manufactureinternet, and allowing
the chips; others inusthe to chip
engage with ARM ourworks closely with the semiconductor increase 12-fold between 2012 and 2017*.
The processor is the brain of the chip, and friends
fabrication; and on social
others networking
in developing sites. Meanwhile,
software, ecosystem to One or
ensure thatmore environmental sensors
its technology As IT and communications equipment is
controls not just the operation of the chip, PCs have
such as operating beenand
systems getting
apps.smaller
All of and lighter,
works well with(temperature,
with other companies’ pressure, motion).
products, using an increasing proportion of the world’s
but also the operation of the product that a longer
these companies work battery lifetogether
closely and betteras connectivity.
that a silicon chip designer can quickly build a energy, such an increase is not sustainable.
chip goes into. ARM processor designs were  A smart chip (microcontroller) to process
The mobile
a single ecosystem of partners. phone and PC markets are
low-power and high-performance chip, and
in over 10 billion chips, a 35% market share. the data gathered by the sensor. Network operators and data centre
converging, enabling us to connect more that an OEM can create complex programs
The remaining market share mainly consists In 2013, there were
easily toover
each1,000
other companies
and to our personal usinganda combination of third-party managers are now looking for lower power
 A wireless radio to and in- the smart
connect
of our customers’ own processor designs. in ARM’s Connected
workplaceCommunity.
data. This convergence is bringinghouse operatingsensor systems technology to better transport, distribute,
to and applications.
the internet.
ARM gains share when our customers ARM sharesnew knowledge, experience
opportunities and to the industry.
and threats As silicon chip designs become more complex analyse and store data across the internet.
outsource their processor design to us. innovations with these companies, enabling it is expectedData
thatgathered
the semiconductor This is leading to increased levels of
from theseindustry
sensors can then
The fastest growing markets are entry-level
greater collaboration. will continuebe tocollated
license semiconductor experimentation and innovation as companies
anywhere in theIP.world enabling
smartphones and tablets. These are forecast As the globalremote
leader,monitoring
ARM is well-positioned manage the increased demand for data
of the sensors for such
to grow at about a 20% CAGR over the to benefit from this trend. throughput, without having to increase the
applications as:
next five years, as consumers in emerging energy required.
economies buy their first smartphones.  Industrial automation: factory equipment
Although these are entry-level handsets, these ARM technology-based System-on-Chip
in a region can be monitored from a
Fonte: Apresentado pela Rever Consulting. devices can still contain multiple ARM-based head office.
designs are well placed to provide lower
chips, and the main applications processor power options for enterprise applications,
will often have several ARM processors.  Home automation: appliances in the home such as servers and networking equipment.
Our disaggregated industry
An entry-level smartphone will typically can be monitored and controlled by the
14. http://ir.arm.com/phoenix.zhtml?c=19721 generate four 1&p=irol-reportsannual
times the royalty revenue of a (2013)
home owner wherever they are. read more on page 34

100s of chip simple1,000s


voice-only phone. The mid-range and 1,000,000,000s
design companies premium markets will also grow, and in 2018
of OEMs Collectively these technologies are referred to
of consumers
it is estimated that the total mobile computing as the Internet of Things. These smart sensors
market will be more than 3 billion devices need to be very low-cost (the chips within
including smartphones, tablets and laptops. them often cost less than $1) and they are 53
expected to be deployed in very high volume.
<10 read more on page 32 1,000s
<10 IP <10 Tools <10 Operating 1,000s of of36service
specialists providers Fabricators application developers read more on page
Systems providers
Modelo de negócio
Comunicar o modelo de negócio signifi- •T  ransnet: usou uma forma bem tradi-
ca contar a história de como a empresa cional do modelo de negócio, apresen-
usa os recursos, produz, gera resultados tando contexto, riscos, oportunidade
e cria valor. Como a organização usa os e capitais. Também inclui um fluxo de
diferentes capitais como inputs, quais entradas e saídas para a empresa e so-
são as suas atividades, como converte ciedade e um gráfico no qual apresen-
isso em produtos ou serviços e quais são ta os impactos das saídas econômicas,
os valores que gera, assim como seus ambientais e sociais15.
resultados. O diferencial do relato inte- • ENI: apresentado com infográfico, seg-
grado é conseguir demonstrar também mentado pelos capitais, e, para cada
como as organizações criam valor para um dos capitais, há uma descrição
o ambiente externo, ao usar os recursos dos insumos, das atividades, do valor
e gerar resultados, isto é, como estão de criado para a empresa e o valor criado
fato criando valor para a sociedade. para os stakeholders.
• Total: modelo simples e de fácil leitura,
Existem grupos empresariais que con- que consegue transmitir informações,
gregam empresas de diferentes setores, dados, fluxos e processos, incluindo as
sendo assim, para cada indústria, deve entradas, os impactos e o valor criado.
ser apresentado o seu próprio modelo • Coca-Cola: modelo mais simples ainda,
de negócio e seus nichos de atuação, porém ressalta-se o nível de detalha-
pois eles apresentam inputs e outcomes mento que a empresa consegue relatar.
distintos. A escolha do quanto será apro- Para quem está começando, dando os
fundada a apresentação do modelo de primeiros passos no relato integrado,
negócio é da empresa, pode ser um pas- pode ser mais simples e ir evoluindo, e
so a passo simples e eficiente. isso independe do tamanho da empresa.

Exemplos:

•
EDF: a empresa francesa de energia
demonstra como atua e qual o seu mo-
O diferencial do RI é
delo de negócio por meio de um dese-
nho das operações, e, quando se clica
demonstrar como as
em cada atividade, há um detalhamen-
to. Por ser um conteúdo on-line, se dis-
organizações criam
ponibiliza a informação de acordo com
o interesse de quem está lendo.
valor para o ambiente
•
Natura: também utiliza o recurso de
zoom e apresenta os valores que gera
externo ao usar os
por pilar – ambiental, social, econômi-
co, de relacionamentos e infraestrutura
recursos e gerar
–, usando indicadores específicos.
resultados
15. http://www.overendstudio.co.za/online_reports/transnet_ar2014/integrated/images/p9_pic1-lrg.gif

54
Figura 17. Exemplo da Transnet

Fonte: Apresentado pela Rever Consulting.

Riscos e oportunidades
É fundamental que sejam apresenta- •F  resnillo: está no mesmo caminho, des-
dos os riscos e as oportunidades, tanto creve os impactos, apresenta um mapa
os específicos para a empresa quanto de riscos e oportunidades e insere as
os enfrentados pelo setor e o merca- estratégias e abordagens que tem para
do. Os analistas financeiros fazem essa mitigá-los. Apresenta ainda os indica-
análise de riscos, logo o melhor é que a dores-chave, conforme a figura 1816.
própria empresa possa fazê-la e mostrar • Vodacom: apresenta riscos e seu con-
que está consciente de suas vulnerabili- texto e demonstra os fatores de miti-
dades, apresentando o que está sendo gação que a empresa adota para tratar,
realizado para mitigar os riscos e poten- como competição, concorrência, fato-
cializar as oportunidades. res políticos e externos. Pontua quais
suas estratégias e abordagem para
Exemplos: cada elemento de risco.
• Transnet: está no mesmo caminho:
• EDF: apresenta os impactos negativos, apresenta riscos e oportunidades, mas
e, para cada um dos impactos, mostra os divide por stakeholders – por exem-
uma prática e um case da empresa, ou plo, quais são os riscos e as oportuni-
seja, uma ação que tem tomado em re- dades relacionados aos consumidores.
lação ao risco ou à oportunidade rela-
cionada ao impacto. Isso é bem eficien-
te na hora de relatar.

16. http://www.fresnilloplc.com/media/122000/fresnilloa r13.pdf

55
Figura 18. Exemplo da Fresnillo

2013 risk assessment Risk heat map


The annual risk assessment exercise across all our operations, advanced
projects, exploration offices, support and corporate areas identified The following risk heat map illustrates the relative
and evaluated 104 risks. This universe was narrowed down into major
risks monitored by Executive Management and the Audit Committee,
and then further refined into the principal risks monitored by Executive and likelihood:
Management and the Board of Directors. Severe
A formal risk analysis was also conducted of our advanced projects,
detailing the specific risks faced by each project according to the
characteristics and conditions of each site.
2
The most notable movement among our risk register was access to 1
Our approach
land, which increased substantially in 2013, both to managing
in Mexico risk is underpinned by our understanding
and globally. 2
6 of our
1

current
Large mining projects have suffered riskdelays
major exposures, risk due
and even closure appetite and how our risks 7 are
7
changing over time. 3 3
to this risk. In Mexico specifically, demands from members of agrarian
communities (ejidos) increased from
Current the previous year; discontent with
Order
6 5 5
previous land negotiations has beenfrom
(change exacerbated by influencers who may
Risk rating
10 10 4
2012) The Board Riskand the Executive Committee
Risk appetite 2012 2013 Change Description of risk
4 change
even disavow such agreements. 8
Impact

continue to follow this risk closely.


1. Impact of global High High Very Most industry and financial analysts who follow metal prices predict
(was 2) macro-economic high 9 lower average silver and gold prices, with continued high volatility.
9 The sharp fall in precious metal prices in 2013 has put the industry
developments under more pressure than it has known for almost a decade.

2. Access to land Medium High Very Negotiations for land, in Mexico and globally, combined with an
(was 4)
Our principal risks
high increase in land requirements, remain a challenge. Foreign mining
companies in general, and Canadian ones in particular, have set
Risk description and context certain precedentsRiskfor
refuture
sponsenegotiations
/mitigation in their agreements with Risk and strategy
Our principal risks members of agrarian communities (ejidos). A number of ejidos have
Very low

1. Impact of global macroeconomic developments


disavowed previous agreements, seeking to renegotiate agreed,
Risk decould
There scriptbe ionananadverse
d conteximpact
t Likelihood
on our
upon terms and Rconditions;
sales and We responssuch
iskcontinue eto itactions
/mhave igafull are often driven by special
tionexposure to fluctuations in Risk to
Link and strategy
strategy
interests. Their demands have increased significantly compared
profit, andUpotentially the economic viability of projects, the prices ofogold rand
tain silver and currently have no
1. Impact nlikeof
ly global
from macroeconomic developments such as:
macroeconomic to previousdevelopments
years and thisAtrend
lm stisce expected to continue.
hedging in place in line with our investors’ mandate.
1 Operate
–There could beinan
A decrease adverse
gold impact
and silver on our
prices (primary and of We
sales driver For continue
new major toprojects,
have full the Company
exposure may consider
to fluctuations in
2 Develop
Link to strategy
profit, and X
the risk);
2013
potentially
this was the
X
thecase2012
economic viability
for silver and gold undertaking
in 2013, the
of projects, prices ofsome
golddegreeand silverof hedging. The extent
and currently haveofno 3 Explore
from
withmacroeconomic
a decline of 27.3% developments such as:
and 16.3% correspondingly, risk appetite in this area will continue to
hedging in place in line with our investors’ mandate. be evaluated 1 Operate
– A Risk inaverage
in decrease
the annual gold andpricesilverover the(primary
prices previousdriver frequently
year. of For to ensure
new major projects, on-going alignment
the Company maywith
consider 2 Develop
shareholders’ expectations. 3 Explore
– the risk);
1. this
Continued was the
Impact
volatility case
gold for
ofinglobal silver
silverand
macroeconomic
and in 2013, undertaking some degree of hedging. The extent of
golddevelopments
prices.
risk have
appetite in thispolicies
area will
in continue to be evaluated
– with a 2.
decline of 27.3% in and 16.3% exchange
correspondingly, We hedging place for foreign
Access to land Key risk indicators
Adverse fluctuations MXN/USD rates frequently to ensure on-going alignment with
in
or the
otherannual average price over the previous year. exchange movements, including currencies
3. foreign
Securitycurrencies. shareholders’ expectations. – Gross profit sensitivity to
–– Continued volatility in gold and silver prices. impacting equipment purchase commitments;
General 4. inflation
Potentialin Mexico,
actions which
by the was 3.97% in
government % change in metals price
in 2013,
We havewe entered
hedging into new
policies hedging
in place contracts
for foreign Key risk indicators
– Mexican
Adverse fluctuations
pesos in 2013;
(e.g. taxes, inmore
MXN/USD
the stringent
specificexchange
inflation rates
affecting for US$328.6 million and the closing position is
regulations) – EBITDA sensitivity to
or other foreign currencies. exchange movements, including currencies
the Company was 7.34% in US dollar terms. US$232.7 million. See Note 30 in the Financial – Gross profit sensitivity to
5. Public perception against mining impacting equipment purchase commitments;
– General inflation in Mexico, which was 3.97% in Statements page 198-199. % change in metals price
6. Projects (performance risk) in 2013, we entered into new hedging contracts
Mexican pesos in 2013; the specific inflation affecting for US$328.6 million and the closing position is – EBITDA sensitivity to
7. Safety
the Company was 7.34% in US dollar terms. Inflationary pressures: we engage suppliers in
US$232.7
long-term million.
contracts SeetoNote 30 in our
maintain the position
Financialas a low-
8. Exploration Statements page
cost producer and198-199.
control the impact of the rising cost
9. Human resources of our main inputs. See Suppliers pagesuppliers
26.
Inflationary pressures: we engage in
10. Environmental incidents long-term contracts to maintain our position as a low-
cost producer and control the impact of the rising cost
of our main inputs. See Suppliers page 26.

Fonte: Apresentado pela Rever Consulting.

Desempenho
Como a empresa está com relação aos meros, dados e quantificação financeira.
seus objetivos estratégicos? E o quanto A empresa pode escolher um ou dois in-
ela já alcançou desses objetivos? Se não dicadores para começar a fazer essa rela-
alcançou, como vai alcançá-los? Os inves- ção entre os indicadores socioambientais
tidores querem saber e compreender, in- com o financeiro, por exemplo.
cluindo as metas futuras fornecendo nú-

56
Exemplos:

•BT: absenteísmo por doença X custo micos. Por exemplo, faz uma conexão
para a empresa fez essa conexão entre entre consumo de energia renovável
um indicador social e seus impactos fi- com relação a emissões e a margem
nanceiros para o negócio. do negócio. Outro: como a retenção
•Hydro-Québec: faz uma avaliação do de colabores pode impactar a mar-
modelo de negócio com base em sua gem? Apresenta conexões e correla-
cadeia de valor. Descreve as principais ções entre eles, não necessariamente
ações por elo da cadeia e demonstra numérica e valoração17.
os resultados dos indicadores de de- • Kingfisher: apresentação bem gráfica,
sempenho também em cada elo. traz uma visão de milestones (marcos)
• SAP: faz um exercício de conectar fi- de longo prazo (2020 até 2050), um
nanceiro e não financeiro, por meio de nível diferente de integração, mas é
diferentes cruzamentos entre os indi- uma forma de reportar.
cadores sociais, ambientais e econô-

Figura 19. Exemplo da SAP

Key Facts
Connecting financial and non-financial performance

* Our corporate objectives Economic indicators Social indicators Environmental indicators

Renewable energy reflects the shares and types of electricity obtained from renewable sources such as hydro, wind, solar, and bio-
mass. It is directly attributable to the energy mix supplied to SAP and/or obtained through renewable energy certificates (RECs).

Renewable Energy >> Operating Margin:


The purchase of renewable energy over conventional energy sources is often correlated with higher costs, and thus we expect
a small negative impact on our operating margin when we augment our purchase of renewable energy.

Renewable Energy >> GHG Footprint:


Increasing the percentage of renewable energy in our overall mix of energy sources directly translates into a lower GHG foot-
print, as we replace some of the energy generated by fossil fuels.

Fonte: Apresentado pela Rever Consulting.

17. http://www.sapintegratedreport.com/2012/en/key-facts/connecting-financial-and-non-financial-performance.html

57
VALOR DA SUSTENTABILIDADE
– MODELO DE VALORAÇÃO DE
INTANGÍVEIS
O “mundo do intangível” é um caminho seu valor de mercado. Segundo estudos
crítico e há um relacionamento muito for- da DOM Strategy Partners, empresas de
te com mercado de capitais, mercado fi- Higiene e Beleza têm 43% de seu valor
nanceiro e investidores. Dependendo do nos intangíveis, enquanto as empresas do
segmento da economia em que uma em- setor de Tecnologia da Informação têm
presa esteja inserida, há maior ou menor 56%, Internet, 69% e Moda, 73%, confor-
incidência do valor dos intangíveis em me pode ser visto na tabela na figura 20.

Figura 20. Percentual de representatividade do valor dos


intangíveis no valor total da empresa

REPRESENTATIVIDADE SETORIAL
%
DOS ATIVOS INTANGIVEIS
Moda 73
Pesquisa & desenvolvimento 71
3º setor 69
Internet 69
Consultoria e serviços profissionais 60
Educação e treinamento 57
Tecnologia da informação 56
Telecom 46
Higiene e beleza 43
Saúde 42
Financeira 41
Automobilística 39
Bens de consumo não duráveis 39
Aviação 38
Famacêutica 38
Varejo 38
Eletroeletrônicos 36
Atacado e distribuição 35
Seguros 33
Química 31
Têxtil 31
Energia 29
Papel & celulose 29
Petroquímica 26
Siderurgia, metalurgica, mineração 25

Fonte: Pesquisa DOM Strategy Partners, período-base jun/13 a jun/14.

58
• O intangível deixou de ser “fumaça” e posição do MVA varia de acordo com o
virou “mainstream” peso e o setor. Há quatro grupos de ativos
intangíveis – long term sustainable value:
O que está ocorrendo é um descolamento
entre o valor contábil e o de mercado das - Capital intelectual – 37 ativos
empresas. Isso ocorre porque ativos intan- - Capital de relacionamento – 39 ativos
gíveis como inovação, sustentabilidade e - Capital organizacional – 54 ativos
capital humano, por exemplo, têm maior - Capital institucional – 32 ativos (um en-
relação com o valor do negócio do que tre eles é a sustentabilidade)
propriamente os ativos físicos em si. Por-
tanto, é importante fazer contas, definir e Exemplos de ativos intangíveis: inova-
adotar métricas e formas de se quantificar ção, sustentabilidade, relacionamento,
o valor desses intangíveis. A DOM Strategy talentos, marcas, conhecimento, TI e in-
Partners e a Stern Stewart sugerem a ado- ternet. Há oito mais importantes, confor-
ção do Market Value Added (MVA). A com- me a figura 21.

Figura 21. Top Intangíveis geridos nas empresas

GOVERNANÇA CORPORATIVA SUSTENTABILIDADE

Ativo ligado à qualidade da gestão e Modelos, diretrizes e valores do “como” se


administração da empresa. Essencial para realizar as atividades corporativas no Triple
empresas de capital aberto Bottom Line, considerando seus impactos
diretos e no entorno de negócios

CONHECIMENTO CORPORATIVO INOVAÇÃO

Principal fonte de diferenciação e criação


Arsenal de dados e informações tácitas
de novo valor no médio e longo prazo das
e explícitas estruturadas e replicáveis em
empresas, tanto em processos, como em
formato de conhecimento e aprendizado
produtos/serviços

TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
MARCAS
E INTERNET

Ativo central que congrega, representa e


amplifica a percepção dos demais ativos Ativo habilitador dos demais, a TI & Inter-
tangíveis e intangíveis da empresa, im- net representa o chassis, a infra-estrutura
pactando diretamente o resultado. e a capacidade do modelo de negócios da
empresa e sua integração com os demais
Reflete o posicionamento corporativo e agentes de sua cadeia de valor.
a proposta de valor da empresa para seus
públicos e mercados.

TALENTOS CLIENTES E CONSUMIDORES

Ativo-chave do Capital Intelectual, Nos mercados cada vez mais disputa-


Talentos representa a fonte fundamental dos, uma base sólida de clientes e con-
de geração dos demais ativos sumidores é essencial para sustentar as
tangíveis (resultados) e intangíveis estratégias corporativas, seu cash flow e a
(valor) da empresa. geração futura de valor na perpetuidade.

Fonte: DOM Strategy Partners.


59
O importante é que esses ativos intangí- A dimensão do triple bottom line não é
veis sejam percebidos e valorizados pelos suficiente também para essa percepção,
públicos de interesse. Por isso, deve co- e os CEOs querem e precisam de ajuda
municar de forma adequada, protegendo para planejar, considerando o intangível
valor e gerando reputação e credibilidade. na estratégia do negócio. A gestão do
intangível está vinculada à estratégia, ao
•
Reflexão: o que traz dor de cabeça longo prazo, para gerar e proteger valor.
para os CEOs hoje?
A sustentabilidade como fator
Como conciliar curto prazo com longo competitivo essencial
prazo, ou seja, o financeiro e o econômico. Qualquer tema que não tenha liderança
Outras duas palavras importantes: acio- interna não terá orçamento. A apropria-
nista e orçamento. O acionista é “esquizo- ção temática de cada assunto nas em-
frênico”, exige perenidade e lucratividade presas está no dia a dia, nas relações de
ao mesmo tempo. Porém, otimização e cafezinho ou de corredor. A “marca” é
maximização são funções matemáticas um intangível que já chegou nesse pata-
diferentes. Os orçamentos em geral não mar, já é reconhecida como um fator que
conseguem abranger perenidade e lucro agrega valor. A sustentabilidade precisa
de curto prazo simultaneamente. estar presente nas conversas e intenções.

As empresas são carentes de instrumen- Cada vez mais a sustentabilidade tem


tos que ajudam a compatibilizar o curto que ganhar espaço como mais uma
e longo prazos. Estudo18 realizado por “dade” nas organizações, tais como:
pesquisadores do Cranfield Center of Bu- competitividade, efetividade, rentabi-
siness Performance encontrou que a for- lidade, qualidade, lucratividade, capa-
ma que o Balance Score Card (BSC) trata cidade, rentabilidade e produtividade.
o intangível é insuficiente e não retrata o Atualmente o business case da susten-
conhecimento existente. Isso enfraquece tabilidade se limita a evitar multa e eco-
o modelo, já que o intangível é muito re- nomizar custos. Ainda não é uma função
levante para grande parte dos negócios. estratégica nas empresas, pois a susten-
Por exemplo: a inovação, que é um intan- tabilidade é enxergada mais como uma
gível da Apple, é pouco tratada nas di- área de suporte.
mensões do BSC, ou a marca, no caso da
Lous Vitton, também não é abordada de
forma adequada por esse instrumento.

18. Marr, B e Adams, C. The Balanced Scorecard and Intangible Assets: similar ideas, unligned concepts.
Disponível em: http://www.som.cranfield.ac.uk/som/dinamic-content/research/cbp/2004BSCandIntangib
leAssetsMBEMarrAdams.pdf

60
Apesar de reconhecerem sua importân- 4ª - O viés unidimensional e/ou a an-
cia, as empresas adotam incorretamente coragem nas três dimensões-padrão do
as práticas e diretrizes de sustentabilida- TBL (71%)
de, corrompendo na essência o conceito Ao invés de compreender o conceito de
e seus objetivos. Assim, a 4ª edição da triple bottom line (Social, Ambiental e
pesquisa da DOM 2014 destaca as 10 in- Econômico) de forma integrada e como
consistências da sustentabilidade corpo- referência inicial, a empresa prioriza ape-
rativa mais comuns: nas uma ou duas dimensões de forma
desequilibrada. Por exemplo: iniciativas
1ª - Dificuldade de internalização/mio- de cunho socioambiental, que não se
pia na inserção da sustentabilidade nos sustentam financeiramente, ou projetos
negócios (81%) sociais com foco econômico, mas que
Não enxergar a sustentabilidade dentro ofendem o meio ambiente. Também en-
dos produtos, dos serviços, dos canais, tram nessa categoria as empresas que
dos processos produtivos, de gestão, de se obrigam a trabalhar somente com as
suporte, de relacionamento, de apoio etc. três dimensões-padrão do TBL, mesmo
tendo clara necessidade de inserir outras
2ª- O problema do core business (77%) (ex.: Cultural).
A sustentabilidade deve estar inserida
nas práticas, nos processos, nos produtos 5ª - Baixa percepção de impacto sistê-
e nos serviços centrais da empresa, não mico no entorno (68%)
apenas como investimentos colateral e Não compreender o impacto bilateral (e
derivado. As causas, as bandeiras, os pro- sistêmico) das iniciativas de sustentabili-
gramas, as práticas e os projetos devem dade, seja partindo da empresa para sua
estar ligados ao core business da empresa. cadeia de fornecedores ou dos diversos
stakeholders para a empresa, é falta de
3ª - Ausência de realismo de negócio – percepção comum nas empresas.
setorial/cadeia (74%)
As causas de sustentabilidade adotadas 6ª - Inconsistência de governança (68%)
devem estar alinhadas às dimensões, às Ocorre quando a sustentabilidade é um
perspectivas e às demandas de segmen- tema/prática “solta” na empresa. Não há
to de mercado/cadeia de valor, estraté- patrocinadores ou gerentes definidos,
gia corporativa e conjuntura de negócios orçamento recorrente para seu desen-
atual da empresa. Do contrário, não se volvimento ou práticas para sua gestão.
encaixam com a realidade da empresa. As responsabilidades e convocatórias do
tema não são claras.

Também ocorre quando a gestão do co-


nhecimento de sustentabilidade, um dos
principais elementos viabilizadores, não
existe e o conhecimento se encontra dis-
perso e tácito.

61
7ª - Inconsistência da priorização prá- O referencial mudou, não é só valorar o
tica (66%) capital natural e mudar a valoração de
Os temas/compromissos/ações de sus- onde a sustentabilidade impacta no va-
tentabilidade não apresentam materiali- lor da empresa ao longo do tempo. Para
dade (representam aspirações, desejos tanto, são necessárias:
e ideais pouco factíveis) e/ou relevância
(para a empresa e para os stakeholders -E
 stratégia de sustentabilidade e para
envolvidos com o tema) suficientes. Des- sustentabilidade.
sa forma, não se traduzem em resulta- -
Posicionamento de valor sustentável,
dos ou atingem seus objetivos. mas não necessariamente como atributo.
-Sustentabilidade na governança: não
8ª - Mensuração inexistente ou parcial apartada, e sim integrada.
(63%) -Sustentabilidade como ativo de valor
Os investimentos e recursos destinados corporativo.
à sustentabilidade têm caráter pontual,
desalinhado do orçamento corporativo No entanto, as empresas não estão con-
e sem métricas de avaliação de geração seguindo medir o valor da sustentabilida-
de valor para a empresa e o acionista, ou de no negócio. Como discutido no capí-
mesmo de performance de suas iniciati- tulo 1, o IFRS já inclui alguns intangíveis,
vas e projetos, por meio de dashboards. mas não todos. Para o consultor da DOM
Strategy Partners, a contabilidade está
9ª - Visão e valores dispersos e desali- continuamente a “reboque” do intangível.
nhados (56%)
A visão e os valores corporativos de sus- Metodologia Intagible Asset
tentabilidade se encontram dispersos, Management (IAM)
principalmente quando o processo de Sustentabilidade é valor compartilhado,
sua inserção ocorre de forma bottom-up que gera e protege valor para as empre-
e orgânica. O alinhamento a uma ambi- sas, por meio de mitigação de riscos e
ção maior de sustentabilidade é essen- perdas, credibilidade, reputação e valo-
cial e deve vir de cima. rização da imagem corporativa e forta-
lece a competitividade, conforme pode
10ª - Comunicação oportunista ou ine- ser visto na figura 22.
ficiente (48%)
A comunicação inconsistente da susten-
tabilidade pode ser insuficiente – não
engajando o público interno e os demais
stakeholders – ou se tornar oportunista
– descredibilizando a empresa e suas ini-
ciativas. Para a mitigação desse risco, as
empresas devem investir na comunica-
ção responsável e contínua e na colabo-
ração com os stakeholders impactados.

62
Figura 22. Sustentabilidade como intangível

Ativos
Intangíveis

Proteção de Valor Geração de Valor

Mitigam Riscos e Geram Reputação e Valorizam a Imagem Turbinam a


Perdas Credibilidade Corporativa Competitividade

Identificação e Fortalecimento Percepções Diferenciação no


prevenção aos da confiança na positivas junto posicionamento
riscos existentes empresa aos diversos
stakeholders Geração de
Antecipação aos Transparência oportunidades
riscos latentes na relação com Endosso e reforço
os diversos dos Valores da Alinhamento
stakeholders Empresa e dos estratégico
Atributos da Marca
Racionalidade de
gestão, investimentos
e controle
orçamentário

Fonte: DOM Strategy Partners.

63
Em resposta à necessidade de mensurar consiste em quatro etapas para abordar a
e gerenciar os ativos intangíveis, a DOM/ sustentabilidade como sistema de gestão,
SP desenvolveu a metodologia Intan- conforme a figura 23.
gible Assets Management (IAM®), que

Figura 23. Metodologia do Intangible Assets Management

Etapas Atividades Benefícios


• Identificar Ativos Intangíveis • Diagnóstico Estratégico de
1 IDENTIFICAR
e Atributos Sustentadores Intangíveis Relevantes para o
• Análise em função do Cliente (Setorial, Estratégica,
Intangible Assets Industry
setor, estratégia, conjuntura, Conjuntura, Stakeholders, etc.)
& Strategy Alignment
orçamento e stakeholders • Alinhamento Estratégico para
Gestão de Intangíveis

• Planejamento Estratégico de
• Categorizar os ativos intangíveis Gestão de Intangíveis (BSC
2 CATEGORIZAR relacionados aos 4 grupos de Intangíveis)
Intangible Assets capital (BSC Intangíveis) • Desenho das Funções
Strategy Roadmap • Correlacionar e ponderar os ativos de Ativos
por Função de Ativo Intangível

• Mapear processos, projetos e • Modelo de Gestão de Projetos,


3 QUALIFICAR iniciativas responsáveis por cada Iniciativas e Intangíveis
ativo relevante por Stakeholder • Racionalização de Orçamentos
Intangible Assets • Atribuição de métricas e modelo • Otimização dos Investimentos
ScoreCards & Operations • Mensuração de Performance
de Gestão (PMI-PDCA) através
de Cockpits

• Mensuração de Geração e/ou


Proteção de Valor Intangível •
4 QUALIFICAR Quantificar o valor intangível da
Desenho do Balanço
empresa e os ativos em termos de
Intangible Assets de Intangíveis
geração ou proteção de valor a
Valuation & Balance • Geração de Fatos Relevantes
partir dos ScoreCards desenhados
para Influência de Stakeholders
(Ex: PR, RI)

Fonte: DOM Strategy Partners.

64
Essa metodologia ajuda no diálogo com SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS:
os CEOs e outros públicos estratégicos, DEFINIÇÕES E IMPACTOS NOS
pois converte as questões técnicas para NEGÓCIOS
a língua do CEO, acionista e investidor. Serviços ecossistêmicos são os benefí-
Ajuda o profissional de sustentabilidade, cios que as pessoas ou empresas obtêm
que tem pouco tempo, quer decidir rá- dos ecossistemas, como a produção e
pido e com consistência, a se colocar na disponibilidade de água potável, regu-
cadeira da alta administração. lação do clima, paisagem, fertilidade do
solo etc. Ao longo do tempo se identi-
•
Sustentabilidade como intangível = ficaram quatro tipos principais de ser-
geração e proteção de valor viços ecossistêmicos: serviços de provi-
são, serviços de regulação, serviços de
Por isso, a importância de priorizar e suporte e serviços culturais.
identificar quais são, de fato, os ati-
vos que vão compartilhar valor com os O capital natural refere-se ao “estoque de
stakeholders da organização e avaliar recursos naturais existentes que geram
quais temas são prioritários, críticos e um fluxo de serviços tangíveis e intangí-
relevantes. A empresa precisa escolher veis, direta e indiretamente úteis aos seres
como irá se posicionar sobre cada uma humanos”19. A sociedade moderna está
das categorias de temas, com foco em baseada no modelo de extrair, produzir e
business e não em filantropias descone- descartar, porém destruímos a capacidade
xas do negócio. Deve considerar que a autorregenerativa do planeta e estamos
reputação corporativa (marca, cliente, caminhando para a redução do capital
relacionamento) não é a mesma coisa natural disponível. Por exemplo, boa parte
que a credibilidade corporativa (gover- dos metais utilizados para a produção de
nança, qualidade, sustentabilidade). Por smartphones vão se extinguir em 10 anos.
exemplo, atualmente algumas empresas Na figura 24, apresenta-se a situação de
de telefonia têm imagem, mas não credi- alguns serviços.
bilidade. A sustentabilidade deve ser an-
corada na credibilidade para poder gerar
ganhos na reputação.

A sustentabilidade
deve ser ancorada
na credibilidade para
poder gerar ganhos
na reputação

19. Costanza, R. e Daly, H. “Natural capital and Sustainable development.” Conserv. Biol., 6 (1992), pp. 37–46., 2002.

65
Figura 24. Situação dos serviços ecossistêmicos no mundo

Degradados Misto Aprimorados

Provisão Captura de peixes Madeira Culturas de plantio


Alimentos selvagens Fibra Pecuária
Combustível de Aquacultura
biomassa
Recursos genéticos
Bioquímicos
Água doce

Regulação e Qualidade do ar Regulação de fluxos Sequestro de carbono


Cimática de água
Suporte Controle de doenças
Controle de erosão
Purificação de água
Controle de pestes
Polinização

Cultural Valores espirituais Recreação e ecoturismo


Valores estéticos

Fonte: WRI adaptado do Millennium Ecossystem Assessment 2005, apresentado pela Pangea.

Por isso, o restauro florestal tem mui- Por exemplo, em 2006 foi estimado
tos benefícios para além da recupera- que o valor econômico dos polinizado-
ção de florestas e mudanças climáticas, res (abelhas, pássaros, borboletas etc.)
mas também para a produção econô- para a agricultura estava entre US$ 4,1
mica. O Relatório TEEB mostra que o bilhões e 6,7 bilhões por ano, ou seja,
mundo perde 50 bilhões de euros com se o homem tivesse que excetuar essa
degradação de ambientes naturais tarefa, o custo seria bilhões de dólares
e perda de serviços ecossistêmicos. mais caro20.

20. Sukhdev, P., et al. “Mainstreaming the Economics of Nature: A synthesis of the approach, conclusions and
recommendations of TEEB.” The Economics of Ecosystems and Biodiversity (2010).

66
Caso água Brasil e sistema Cantareira:

Macro e microproblemas da crise – quebra no sistema ecossistêmico do Brasil:

1) Macro: a influência do desmatamento da Amazônia nas chuvas: diminuição no fluxo de água através
dos rios voadores, que são formados na região amazônica com destino ao Centro-Oeste e ao Sudeste.

2) Fator local: Áreas de Proteção Permanente (APP), Reserva Legal (RL) e matas ciliares dos reser-
vatórios, das nascentes e represas estão mal preservadas, gerando menor resiliência em períodos
de seca extrema e grande consumo.

3) Impacto: falta de água nas cidades, para sociedade e também empresas, que pode trazer um impacto
econômico ainda maior para as áreas mais afetadas. Para regenerar todo o sistema, o custo será muito
maior do que poderia ter sido investido anteriormente na preservação e conscientização da população.

Casos sobre os serviços ecossistêmicos:

- Vittel é uma empresa de água mineral para manterem as áreas de matas cilia-
francesa, que atualmente pertence à res. Mais uma vez, isso para garantir as
Nestlé. Nos anos 80 estavam correndo operações e a perenidade do negócio.
risco de perder a credibilidade, porque
os produtores de ovelhas do entorno -A
 Campbells, uma empresa que fabri-
estavam usando pesticidas próximos à ca sopas, tinha altos custos com pes-
nascente. Na época a empresa fez pa- ticidas. Após consultas a especialistas,
gamento para financiar agricultura or- encontraram um ator natural eficiente
gânica naquela microbacia e garantir para o controle do pulgão, as joaninhas,
a qualidade da sua nascente e, conse- que são o predador natural do pulgão.
quentemente, da água, e, principalmen- Assim, reduziram custos com o contro-
te, a perenidade do seu negócio. le biológico de pragas.

-H
 idroelétrica da EGI começou a ter pro-
blemas de geração de energia por con-
ta de desmatamento de APP e diminui-
ção nos níveis de água, assim passou a
pagar para os proprietários das terras

67
Caso Puma: Relatório 2010 externalidades ambientais. Apesar de sofrer
diversos questionamentos técnicos, em ter-
Se o planeta fosse um negócio, quanto mos de inovação e transparência foi uma
ele cobraria pelos serviços prestados a iniciativa bastante relevante e nova no mun-
uma empresa que quer operar? Jochen do das empresas. O objetivo é colocar um
Zeitz – executive chairman da Puma valor monetário sobre os impactos ambien-
tais ao longo de toda a cadeia de valor21.
A redução do capital natural global é uma
externalidade, isto é, são impactos da pro- A Puma avaliou indicadores ambientais
dução de bens e serviços que são absor- para quatro etapas (Tier) da cadeia de
vidos pela sociedade porém “invisíveis” na fornecedores, tais como matéria-prima,
contabilidade. O Environmental Profit and algodão, couro, petróleo e oficinas, além
Loss Account (EP&L) foi uma tentativa da da operação nas próprias lojas, confor-
Puma em 2010 de medir, valorar e relatar as me pode ser visto na figura 25.

Figura 25. Avaliação da cadeia de fornecimento da Puma

OPERAÇÃO DE PUMA
GEE de consumo de Nitrato e Óxido Sulfúrico de
energia e logística consumo de energia e logística

FORNECEDOR TIER 1
GEE de consumo de N e S de consumo de
Resíduos de corte de materiais
energia e logística energia e logística

FORNECEDOR TIER 2
GEE de consumo de N e S de consumo de
Resíduos de corte de materiais
energia e logística energia e logística

FORNECEDOR TIER 3
Uso de água na indústria GEE de consumo de N e S de consumo de
de couro energia e logística energia e logística

FORNECEDOR TIER 4
Metano da pecuária e N2O da Conversão de ecossistemas
Uso de água na agricultura
Agricultura em lavouras

Fonte: Apresentado pela Pangea.

21. PPR. “An Expert Review of the Environmental Profit & Loss Account. What the Experts say: the Way
Forward”(2012). http://www.kering.com/sites/default/files/e-pl-review_final-for_publicationwebsitefinal_
final_1.pdf

68
Para cada impacto ambiental, foram definidas, por meio de consultas e estudos, as
métricas para a avaliação, conforme tabela na figura 26.

Figura 26. Tabela de impactos e métricas utilizadas no Puma EP&L

IMPACTOS AMBIENTAIS MÉTRICAS


Mudanças climaticas Toneladas de GEE emitidas
Escassez de água Volume de água usada
Perda de biodiversidade e SE Área de ecossistema convertido
Toneladas de particulado,
Poluição e chuva ácida
amonia, SO2, NO, VOC e CO
Impactos advindos de lixões, aterros e
Toneladas de resíduos
incineração de resíduos

Fonte: Apresentado pela Pangea.

Posteriormente, foram mapeados os im- • Impactos das etapas 2, 3 e 4 da cadeia


pactos na cadeia de valor e identificados de fornecedores de matérias-primas,
os impactos mais relevantes em cada como borracha, couro e algodão: 85%
etapa da cadeia. Na fase de coleta de – € 123,2 mi
dados ocorreram as maiores dificulda- o Destes, 57% estão nos impactos da
des devido à falta de dados quantitati- produção de matérias-primas (etapa
vos. Portanto, foram feitas diversas esti- 4) – € 83 mi
mativas e premissas nos cálculos.
De fato, a demanda por matéria-prima
O valor das externalidades foi calculado em da Puma, principalmente borracha, al-
€ 145 milhões, considerando as operações godão e couro, requer o uso de 100.000
e os fornecedores, ou seja, sendo que: hectares de terra, distribuídos por todo o
mundo. Desvendar essa informação pos-
• Operações próprias da Puma: 6% – sibilitou à empresa procurar alternativas
€ 8,7 mi à borracha natural, como borracha reci-
• Fabricantes das roupas e dos calçados: clada e couro sintético.
9% – € 13 mi

69
Figura 27. Resultados do Puma EP&L

Análise por operação •M


aior impacto por tipo de produto:
footwear/calçados – 66%
6%
Puma
Opera-
tions
9%
Tier 1 Análise por segmento
9%
Tier 2
7%
57%
Accesso-
Tier 4
19% ries
Tier 3

27%
Apparel 66%
Footwear
• Água e emissões de GEE são os maiores em
relação aos indicadores ambientais:

Análise por indicador ambiental

2% A ferramenta foi estratégica para a Puma,


Waste evidenciando os impactos e direcionando
7% as ações de sustentabilidade. Também auxi-
Other air liou na identificação dos riscos emergentes
pollution
33% da cadeia produtiva e a entender o valor na
Water use natureza para o negócio e a continuidade
das operações. Com esse estudo, concluiu-
25%
-se também a importância de avaliar a re-
Land use
levância/materialidade do tema serviços
ecossistêmicos na cadeia de valor. Muitas
33%
vezes o impacto real de uma empresa está
GHGs
na cadeia de valor, no processo produtivo
ou no uso do produto. Principalmente nos
setores de varejo e serviços, nos quais os
principais impactos da atividade não são
evidentes nas operações das empresas, um
estudo como o EP&L pode ser útil.

70
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estamos iniciando uma jornada para in- dário de relatos de sustentabilidade com
tegrar as informações de sustentabilida- a agenda dos investidores, sendo que o
de aos relatos financeiros. As ferramen- primeiro trimestre de cada ano um perío-
tas de trabalho que usamos são jovens: o do fundamental e repleto de informações
Framework do IIRC tem um ano de vida, obrigatórias norteadoras das análises.
o primeiro questionário do CDP tem 10
anos, até a mais antiga, as diretrizes GRI, As análises ESG elaboradas pelo mercado
existe somente há 14 anos. Quando com- visam mostrar como aspectos ambien-
paramos com as demonstrações contá- tais, sociais e de governança protegem
beis que estão vigentes desde a década e agregam valor ao negócio. Logo, ficou
de 1930, que ainda são constantemente claro que a tangibilização e valoração das
aprimoradas, vemos o quanto ainda te- oportunidades geradas por melhorias na
mos que caminhar. gestão da sustentabilidade ou dos riscos
mitigados por esses fatores auxiliam as
Em relação aos desafios levantados ao análises do mercado. Geralmente, os ana-
longo do segundo ano do GT de Empre- listas de investimento fazem a avaliação
sas Pioneiras, o white paper endereça al- usando suas próprias métricas, com base
gumas das questões de formas objetiva e no potencial risco ou oportunidade do ati-
clara. Existe uma necessidade de integra- vo avaliado para valorá-lo. Ter uma percep-
ção das informações contidas nos diver- ção da empresa, apresentando ela mesma
sos disclosures de uma empresa. Os re- informações valoradas de seus projetos
latos obrigatórios, como o Formulário de é importante para orientá-los sobre o
Referência e o Form 20-F, são importan- valor agregado do que se quer mostrar.
tes fontes de informação de sustentabili- O GT constatou que o processo de valora-
dade para o mercado e devem estar ali- ção de intangíveis é uma inovação, requer
nhados com os demais disclosures, como uma constante busca por novas métricas
o site da empresa ou o relatório de sus- e na interpretação dos resultados, possi-
tentabilidade. Para que a comunicação bilitando a incorporação de fatores não
seja efetiva, é importante alinhar o calen- financeiros ao valuation.
O foco na materialidade foi tema de dis- A linguagem para o mercado precisa
cussão de diversos encontros. É consen- ser parecida com a dos relatórios com
so entre todas as ferramentas estudadas os quais os analistas já estão acostuma-
(GRI, IIRC, CDP, entre outras) que infor- dos, com texto enxuto e adicionando
mação demais pode ser uma armadilha e notas explicativas quando pertinente.
deve-se comunicar apenas sobre o que é A empresa enfrenta o desafio de saber o
significativo e o que de fato gera valor, ou que comunicar e como comunicar, o que
seja, o que é material. Essas ferramentas o mercado deseja conhecer ou entender,
também estão alinhadas na necessidade para assim gerar uma comunicação efe-
de analisar os impactos da empresa na tiva, que desperte o interesse e permita
cadeia de valor e enfatizam a necessida- que eles assimilem a informação. Discutir
de do raciocínio lógico em relação aos como a informação é percebida por inves-
impactos da empresa e suas ações, tanto tidores, credores e analistas do mercado é
no ambiente interno como no externo. um passo importante para melhorar como
ela é percebida por esses stakeholders.
Por fim, não podemos deixar de capturar
o poder do processo de relato no estí- Este grupo espera ter contribuído para
mulo tanto do engajamento de stakehol- esta discussão tão importante, trazendo
ders, dentro e fora das companhias, suas experiências e dificuldades no que
quanto para uma melhoria nos desem- tange à comunicação da sustentabilida-
penhos financeiro, social e ambiental. O de para o mercado financeiro. Este ano,
processo de relato é um importante in- 25 empresas guiadas por 11 especialistas
vestimento para a companhia, não um deram mais alguns passos nessa jornada,
custo. Ficou claro que o processo para cujo objetivo final é um relato corporativo
o relato integrado deve ser iniciado pela que integra os desempenhos social, am-
gestão integrada das ações do dia a dia biental e financeiro, e que seja um reflexo
e, com isso, o pensamento integrado da da evolução na gestão das companhias.
organização resultará em um proces- Isso, por sua vez, alimentará uma valora-
so de comunicação integrada. As áreas ção mais precisa das empresas que con-
responsáveis pela comunicação de sus- sequentemente melhorará a alocação de
tentabilidade devem dialogar, compre- capital do mercado financeiro. Um relato
ender o vocabulário dos demais depar- que impulsiona a mudança.
tamentos dentro das suas organizações.

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