Você está na página 1de 11

CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA

CRIATÓRIO CIENTÍFICO PARA FINS DE CONSERVAÇÃO

Papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea)

Rafaela Katarine de Freitas Pereira

Outubro de 2019
Belo Horizonte
CONTEXTUALIZAÇÃO

Como instrumento de gestão e regularização do criatório foi elaborado no ano


de 2019 o plano de manejo de fauna silvestre seguindo a metodologia
acordada com o IBAMA com o advento da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 07,
DE 30 DE ABRIL DE 2015 que normatiza no Artigo 3, inciso V a manutenção
de aves silvestres em cativeiro para fins de conservação.
INTRODUÇÃO

O plano ambiental e técnico do empreendimento de criadouro científico para


fins de conservação da espécie Amazona vinacea foi elaborado com o intuito
de obter a licença para o referido empreendimento junto ao Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). A proposta
do plano de manejo de fauna silvestre em cativeiro, mais especificamente do
papagaio-de-peito-roxo, atende a condição da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº
07, DE 30 DE ABRIL DE 2015.

Vale ressaltar que este programa procura atender as necessidades do animal


em acordo com o parecer técnico médico veterinário.

O presente plano norteará a criação do criadouro científico e será composto


por um conjunto de diretrizes cujo objetivo principal é a recuperação e
alojamento seguro dos papagaios supracitados, garantindo sua proteção, já
que é um animal ameaçado de extinção. O empreendimento mantenedor
desempenhará um papel importante na preservação da espécie.
DESENVOLVIMENTO

. Dados relativos ao entorno e à propriedade que abrigará o criadouro

O local disponível para o estabelecimento do criadouro localiza-se na cidade de


Santana do Riacho, no estado de Minas Gerais. A propriedade é constituída
por 2.000m², compreendendo áreas de campos e áreas levemente serradas.

A vegetação que circunda toda a propriedade e que também está presente em


toda sua extensão abriga espécies nativas do cerrado brasileiro e da mata
atlântica, favorecendo a manutenção do clima tropical com estação seca,
propiciando nas estações mais quentes temperaturas mais amenas, e nas
épocas de frio age como barreira física de ventos e intemperes.

O tipo de solo do local propicia o crescimento de gramíneas, que já está


presente em toda área ocupada pelos viveiros.

Não existem outras propriedades em um raio de 5km² que criem aves de


qualquer espécie, para fins comerciais ou não.
. Dados relativos à espécie Amazona vinacea

As Amazonas vinaceas são psitacídeos que se alimentam preferencialmente


de sementes e polpas de frutos, além de folhas, brotos e flores, e em algumas
ocasiões consomem pequenos insetos como moluscos, vermes, e larvas de
besouros.

O papagaio-de-peito-roxo é frequentemente encontrado nas florestas de


araucária, e é encontrada principalmente no sul e sudeste do Brasil, sendo que
nas outras regiões habita matas secas do interior, florestas costeiras úmidas e
matas de baixada. Poucos são os relatos sobre seu comportamento alimentar
e apenas alguns trabalhos apresentam itens de sua dieta, com destaque para o
pinhão.

Este psitacídeo é sociável e geralmente se desloca em bando para procurar


alimento, na maioria das vezes pela manhã, sendo que a maior agregação
ocorre na época de maturação de sementes. É comum que um individuo se
comunique com seu bando, sinalizando qualquer sinal de perigo.

Durante o período reprodutivo que ocorre entre agosto e janeiro é comum


comportamentos em dupla, e não mais em bando. O casal constrói um ninho
em um tronco oco onde a fêmea põe dois ovos, que são incubados ao longo de
trinta dias.

O nome científico da ave advém do latim vinum= relativo ao vinho, isto é,


papagaio da cor do vinho, com plumagem arroxeada no peito, com base do
bico e alar avermelhados. Chega a medir 35 centímetros de comprimento, pode
viver por até 30 anos sendo que a maturidade sexual é atingida com 2 anos.

Na natureza se alimentam principalmente de frutos, mas também de folhas e


flores. O pinhão é a araucária mais consumida pelo papagaio-de-peito-roxo.
(Fonte:nhttps://www.fishtv.com/noticias/meio-ambiente/papagaio-de-peito-roxo-
esta-ameacado)

. Projeto arquitetônico
. Memorial das instalações

O criadouro terá capacidade para abrigar 300 aves, distribuídas em 5 viveiros


com 150m² cada um, respeitando a metragem preconizada pela INSTRUÇÃO
NORMATIVA Nº 07, DE 30 DE ABRIL DE 2015, na área de requisitos
específicos, onde, os psitacídeos deveriam ser alojados na densidade:
2aves/5m².

Os viveiros serão cercados com tela quadrada ondulada


1.1/2″ – FIO 12, e terão 2,5m de altura. No que se refere aos viveiros, estes
serão gramados, e sombreados, terão barreira física em uma das dimensões, e
comportarão uma árvore nativa dentro das suas dimensões para permitir a
debicagem e abrigar os ninhos, terão poleiros espalhados e que suportem a
higienização.

Os corredores que darão acesso os viveiros serão equipados com puçás, e


cada viveiro terá uma área intermediária, que dificulta a fuga das aves.

Os ninhos serão construídos pelos próprios animais dentro da própria árvore,


com a matéria prima disponibilizada, e alguns sintéticos ficarão disponíveis,
porém após a postura, os ovos serão recolhidos e incubados. Os filhotes terão
a infância assistida, embora o intuito do criadouro seja de fins conservacionais,
uma infância assistida aumenta a chance de sobrevivência dos animais.

Após o nascimento que deve ocorrer ainda na incubadora os filhotes devem


seguir para o berçário, para o aquecimento artificial. Para aquecer os filhotes
será utilizado uma estufa específica e esses serão mantidos a 37° C nos 4
primeiros dias e em seguida será reduzido 1 grau por dia até que a temperatura
chegue a 28°C. Essa temperatura deverá ser mantida até a saída dos filhotes
do “ninho”

A alimentação dos filhotes será feita via seringa com papinha própria preparada
de acordo com a indicação do fabricante. A alimentação deve ocorrer de 6 a 8
vezes ao dia em pequenas porções. A alimentação usando papas deve ocorrer
nos primeiros 60 dias de vida, embora o valor varie de animal para animal.
Os comedouros e bebedouros (tipo vasilhame) serão espalhados nos 5
viveiros, que abrigarão, cada um, aproximadamente 60 aves, lembrando que as
espécimes serão advindas de resgate, e não necessariamente todas as vagas
dos viveiros serão ocupadas. Sessenta aves por viveiro é a densidade máxima
comportada.

Cercamento da propriedade: área totalmente cercada por muros, telas ou


alambrados, com no mínimo 1,8 m (um metro e oitenta centímetros) de altura,
além de inclinação na parte superior de 45° interna e externa de 40 cm
(quarenta centímetros) negativa;

. Medidas higiênico-sanitarias

A grama dos viveiros será limpa a cada 3 dias, para facilitar o manejo e evitar
acúmulo de fezes. Os poleiros deverão ser trocados periodicamente.

O programa de quarentena tem como intuito minimizar a contaminação de


animais sadios, deve ser projetado para minimizar o estresse do animal. As
instalações devem contar com áreas isoladas de alvenaria, ser limpo e
desinfetado diariamente, as paredes e pisos precisam ter revestimento que são
de fácil limpeza. Cada recinto deve ter abrigo, comedouro, bebedouro, poleiros,
removíveis. Os equipamentos desta área serão de uso exclusivo.

Todos os animais que chegarão no criadouro, deverão passar pela quarentena,


e lá passarão não somente pelo exame físico, mas também o parasitológico, e
sempre que necessário, o hematológico.

Ao final do período de quarentena, o recinto e utensílios utilizados devem ter


uma rigorosa rotina de higienização ou descarte a fim de preparar o local para
receber um novo animal.

No que se refere ao preparo dos alimentos, esta área deverá ser exclusiva para
o preparo de alimentos para os animais, sendo vedado seu uso para preparo
de alimentos por parte da equipe de funcionários, as bancadas devem ser de
fácil higienização, as bandejas para entrega dos alimentos aos animais serão
identificadas e separadas por viveiro. Os utensílios como facas, colheres, luvas
de aço, serras, balanças, liquidificadores, caixas plásticas devem ser de
utilização exclusiva do Setor e higienizados diariamente.

. Manejo e contenção

Para os ambientes confinados, como é o caso do criadouro, é comum usar na


contenção os puçás, atentar ao uso das unhas e bicos. É importante
treinamento da equipe para que a contenção seja o menos estressante e no
menor tempo possível.

O manejo das aves deverá ser feito por tratadores em regime integral, o
acompanhamento de cada animal deverá ser diário, vale ressaltar que os
tratadores da quarentena não tem acesso aos animais nos viveiros, e os
fômites são exclusivos de cada setor.

Em caso de fugas, quando possível, será utilizado rede de captura tipo puçá,
evitando o estresse exagerado. Redes de neblina serão posicionadas ao longo
da propriedade para que os animais que fugirem sejam recapturados.

Os animais serão alimentados com sementes, preferencialmente pinhão e


frutas.

. Plano de trabalho e enriquecimento

A espécie a ser recebida no criadouro é o psitacídeo Papagaio-de-peito-roxo


(Amazona vinacea), os espécimes deverão ser vermifugados periodicamente,
sendo que a melhor via de administração deverá ser eleita pelo responsável
técnico, o Médico Veterinário. O ambulatório será devidamente equipado,
compatível com as espécies que mantêm e que atenda as normas da
Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária n° 670 de 2000.

Os viveiros terão uma parede em uma das bordas para que aumente a
sensação de segurança. Abrigos de madeira serão espalhados na tentativa de
proporcionar um abrigo, quando o animal não se sentir seguro, toalhas no
interior das caixas podem auxiliar no controle térmico das aves.
Na tentativa de diminuir o estresse das aves é importante que estes ocupem o
tempo de maneira saudável, aumentando a qualidade de vida, serão medidas
adotadas:

-Estímulo à procura de alimento, interpondo pequenas barreiras que a ave


precise ultrapassar ou destruir para alcançar o alimento.

- Esconder os alimentos em partes ocas

- Misturar alimentos não comestíveis nos alimentos para estimular o consumo.

- Proporcionar brinquedos aos papagaios, fazendo rotatividade semanal dos


brinquedos, para que estes não se aborreçam. Os brinquedos podem ser
aqueles de destruir com o bico, brinquedos para manipular com as patas,
ramos de árvores com frutos e cascas, por exemplo.

(HELMUT SICK, 2001; “INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA N o 07, DE 30 DE


ABRIL DE 2015 Institui”, 2015; KILPP; PRESTES, 2015)(WIKI AVES, [s.d.])
. REFERÊNCIAS

HELMUT SICK. Ornitologia Brasileira. [s.l: s.n.].

INSTRUÇÃO NORMATIVA IBAMA No 07, DE 30 DE ABRIL DE 2015 Institui.


2015.

KILPP, J. C.; PRESTES, N. P. Dieta alimentar de Amazona vinacea no sul e


sudeste de Santa Catarina , Brasil. n. March 2017, 2015.

WIKI AVES. papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea) | WikiAves - A


Enciclopédia das Aves do Brasil. Disponível em:
<https://www.wikiaves.com.br/wiki/papagaio-de-peito-roxo>. Acesso em: 14 out.
2019.

Você também pode gostar