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CONTRATAÇÃO DE FÁBRICA DE
SOFTWARE
Secretaria Executiva - Ministério das Cidades
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DAS CIDADES
Unidade Examinada: Secretaria Executiva - Ministério das Cidades
Município/UF: Brasília/Distrito Federal
Ordem de Serviço: 201800460
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
6. Estimativa de prejuízo 30
RECOMENDAÇÕES 35
CONCLUSÃO 36
ANEXOS 38
Para tanto, foi analisada a contratação formalizada pelo Contrato nº 12/2016 celebrado
entre o Ministério das Cidades e a empresa Consórcio Protec (Protec), resultante da
adesão à Ata de Registro de Preços nº 001/2016 da Secretaria de Portos da Presidência
da República (SEP/PR), referentes ao Pregão Eletrônico nº 11/2015.
1
ALBRECHT, Allan J. Medindo a Produtividade do Desenvolvimento de Aplicativos. IBM Corporation, White
Plains, Nova Iorque, 1979. Disponível em:
http://fattocs.com/files/pt/artigos/MedindoaProdutividadedoDesenvolvimentodeAplicativos.pdf
7
Observa-se que, inicialmente, foi gerada a Ação de Controle (AC) nº 201701644, cujos
trabalhos se voltavam para os Contratos nº 12 e 13 de 2016. Entretanto, esta ação foi
substituída pela AC nº 201800460 reduzindo o escopo dos trabalhos, mantendo como
foco apenas o Contrato nº 12/2016, devido à necessidade de se aprofundarem as
análises realizadas.
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RESULTADOS DOS EXAMES
Mesmo antes de optar pela adesão à ata da SEP, ao planejar a contratação, o ministério
desconsiderou o nível de complexidade das diversas plataformas tecnológicas que
poderiam ser aplicadas no desenvolvimento de seus sistemas. Assim, elaborou um
termo de referência em que considerou a contratação de apenas um item cuja medição
se daria por pontos de função, sem discriminar em qual plataforma os serviços deveriam
ser executados, embora tenha demonstrado a infraestrutura tecnológica do ministério.
Posteriormente, o ministério optou pela adesão à ata da SEP/PR, em que se verificou a
mesma situação, sendo que foram licitados pontos de função Java e PHP sem qualquer
distinção no objeto, ou seja, sendo um item só para as duas tecnologias.
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Embora se tenha alegado a impossibilidade de se precisar o quantitativo que seria
necessário de cada plataforma tecnológica (Java e PHP), tem-se que a determinação
precisa destes quantitativos não é rígida, tendo em vista que o tipo de contrato
analisado não vincula a execução ao quantitativo contratado, sendo este um limite a ser
realizado. Entretanto, é importante que este quantitativo seja previsto e que se apoie
em um planejamento minucioso cuja elaboração é dever da unidade, conforme
determinado por diversas fontes normativas das quais se destacam:
Art.4º da IN 4/2014:
Por outro lado, durante a execução, a distinção entre as tecnologias passou a ser crítica,
uma vez que teve de ser respeitada a tecnologia de desenvolvimento de cada sistema,
restringindo a execução conforme o sistema que estava sendo elaborado.
Este desencontro entre a forma de contratação e a execução dos serviços (embora seja
uma prática comum em contratos dessa natureza) aumenta o risco de se ter um
contrato desvantajoso para a Administração Pública, tendo em vista que a tendência
será de que o licitante balizará seu preço com base no serviço mais oneroso (complexo),
no caso, a plataforma Java.
No sentido de reduzir esse risco, têm-se normas que determinam que sejam
consideradas distinções que possibilitem o parcelamento do objeto de forma a
favorecer a concorrência e se alcançar melhores contratos para a Administração.
10
Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão: [...]
[...]
Conforme fica claro no ponto sobre a cesta de preços da CGU, o preço médio calculado
para a aplicação da tecnologia PHP é menor que o preço médio para a tecnologia Java.
Desta forma, a consideração desta diferença no processo licitatório o torna mais
coerente com o que é executado de fato, gerando uma potencial redução no valor do
contrato.
11
2. Irregularidades no levantamento de preços realizado pelo
ministério
12
III - contratações similares de outros entes públicos, em execução ou
concluídos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa
de preços; ou
13
Neste caso, a impropriedade foi ainda maior pelo que se apresenta na Nota
Técnica nº 2 de 2016 da Coordenação-Geral de Modernização e Informática:
14
c. No item I (Ministério Público da União – Procuradoria-Geral do Maranhão,
Pregão Eletrônico nº 35/2015, item 1), o valor utilizado foi de R$ 878,00 por
ponto de função, enquanto que o valor homologado foi de R$ 279,00.
Observa-se aqui a relevante diferença existente entre o valor estimado no
pregão e o valor homologado, sendo esta uma situação corriqueira neste
tipo de licitação, motivo pelo qual se justificam os entendimentos de que se
utilizem os valores homologados (adjudicados) ao se levantar os preços de
referência nos processos licitatórios. Este entendimento está presente em
vários acórdãos do TCU como no citado anteriormente e no que se segue,
Acórdão nº 420/2018 TCU – Plenário:
15
Conforme o quadro a seguir, apenas a substituição dos valores verificados no
levantamento da COLIC pelos valores homologados nos pregões de referência,
mesmo considerando todos os valores no cálculo da média, já resultaria no valor
de R$773,11 (cerca de 18% menor do que o levantado pelo ministério), o que não
seria suficiente para justificar a adesão à Ata nº 001/2016 da SEP/PR.
2
Estes serão apresentados no ponto “5. Cesta de preços de referência da CGU” deste relatório.
16
Quem, convocado dentro do prazo de validade da sua proposta,
não celebrar o contrato, deixar de entregar ou apresentar
documentação falsa exigida para o certame, ensejar o
retardamento da execução de seu objeto, não mantiver a
proposta, falhar ou fraudar na execução do contrato,
comportar-se de modo inidôneo ou cometer fraude fiscal, ficará
impedido de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito
Federal ou Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos
sistemas de cadastramento de fornecedores a que se refere o
inciso XIV do art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos,
sem prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das
demais cominações legais.
Sendo assim, percebe-se que a elaboração de uma cesta de preços adequada conduziria
a um resultado que não justificaria a adesão à ata da SEP/PR, uma vez que o valor de
referência encontrado seria significativamente menor do que o da ata, fato que será
demonstrado em ponto específico deste relatório3, indicando que um processo normal
de licitação seria mais vantajoso economicamente para o Ministério das Cidades.
3
No ponto “5. Cesta de preços de referência da CGU”.
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acabou, por sua vez, resultando em uma contratação desvantajosa para a Administração
Pública. Esta situação imprópria pode ser demonstrada por diversos caminhos, sendo
que, além do que já se apresentou no item anterior, serão expostos aqui mais dois fatos
que conduzem à mesma conclusão.
PHP Java
Preço Médio 351,64 402,17
Preço Protec 897,00 897,00
Diferença 155,09% 123,04%
Fonte: elaboração CGU e dados do https://www.comprasgovernamentais.gov.br
18
Quadro 4 - Levantamento de preços de licitações vencidas pela empresa Basis
PHP Java
Data de
Órgão Pregão Preço Preço Percentual Preço Preço Percentual
Homologação
Estimado Homologado de Redução Estimado Homologado de Redução
FNDE 53/2014 12/05/2015 568,20 511,00 10,07% 568,20 511,00 10,07%
Marinha 04/2014 05/07/2016 877,24 510,00 41,86% 932,65 580,00 37,81%
CFC 36/2016 21/12/2016 881,67 437,48 50,38% - - -
CNJ 61/2016 30/01/2017 309,94 307,08 0,92% 679,34 544,50 19,85%
SEP/PR 11/2015 21/03/2016 1.095,13 897,00 18,09% 1.095,13 897,00 18,09%
PHP Java
Preço Médio 372,28 544,50
Preço Protec 897,00 897,00
Diferença 140,95% 64,74%
Fonte: elaboração CGU e dados do https://www.comprasgovernamentais.gov.br
Sendo assim, tem-se que o valor do contrato em análise está muito acima do valor médio
praticado em contratos similares, gerando uma situação desvantajosa para a
Administração Pública, e a sua execução resulta em prejuízo para o erário, fato que será
exposto no ponto ”6. Estimativa de prejuízo”.
Conforme exposto até o momento, a opção por aderir à ata da SEP/PR levou a uma
contratação desvantajosa para Administração Pública, cuja vigência se encerraria em
16/11/2017. Entretanto, esta situação desvantajosa se tornou ainda mais crítica, tendo
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em vista que o ministério optou pela renovação contratual, ainda que tendo
conhecimento do problema, dando assim continuidade a uma condição de má aplicação
dos recursos públicos, além de cometer outras irregularidades.
21
consideradas em um levantamento de preços para verificar a conveniência de se
renovar o contrato) mantinham-se em patamar mais baixo que o valor contratado, ainda
que em diferentes cenários, como em contratos da mesma empresa que compõe o
consórcio ou ainda em licitações posteriores à contratação inicial.
Ainda que alertado oficialmente em três momentos diferentes (pelas solicitações e pela
nota de auditoria), o ministério optou pela renovação do contrato, sobre o que
apresentamos dois fatos que tornam a situação ainda mais crítica:
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prorrogados, a cada 12 (doze) meses, até o limite de 60 (sessenta)
meses, desde que a instrução processual contemple:
[...]
Considerando que se trata de uma renovação de contrato e que tal fato pode gerar
dúvidas quanto à aplicabilidade da norma citada, tendo em vista que esta foi
publicada após a assinatura do contrato inicial, torna-se necessário apresentar
alguns conceitos visando a uma maior clareza da irregularidade apontada.
4
Boas práticas, vedações e orientações para contratação de software e de serviços de desenvolvimento e manutenção
de sistemas (Fábrica de Software). Documento com força normativa legal, vinculado à Portaria MP/STI nº 20, de 14
de junho de 2016, na forma de anexo, assinado, em sua última versão, pelo Secretário de Tecnologia da Informação do
Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão em 24/03/2017 e publicado em 28/03/2017.
23
Inicialmente, quanto à aplicação da norma no tempo, destacam-se os ensinos de
Celso Antônio Bandeira de Melo5:
Observa-se que o contrato cria uma situação individual, na qual são gerados
direitos e deveres subjetivos que, em regra, não são atingidos por leis posteriores
ao momento em que foi firmado. Entretanto, a renovação do contrato deve ser
vista com mais cuidado. Para tanto, destaca-se inicialmente o art. 30-A da IN nº
2/2008 da SLTI/MP:
5
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Aplicação da Lei no Tempo em Direito Administrativo. Rio de Janeiro,
1978. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/viewFile/42825/41548
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e condições mais vantajosas para a Administração, conforme
estabelece o art. 57, inciso II da Lei nº 8.666, de 1993.
25
claro o motivo de se elaborar uma determinação nos moldes daquela contida na
IN citada.
Da união do que se apresentou, conclui-se que uma vez que não há direito
subjetivo à “prorrogação” do contrato, ou seja, não cabe dizer que se gerou tal
direito com o contrato inicial, e sendo esta “prorrogação”, na verdade, uma
6
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 17. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016. p. 1.114.
26
renovação contratual, em outras palavras, tendo uma natureza de novo contrato,
deve-se obedecer à legislação vigente no momento deste ato de renovação. Desta
forma, a renovação (contratação) em análise acabou sendo um ato contrário à
legislação vigente, pois, como apresentado, há a expressa determinação legal de
que é vedado exatamente este tipo de contratação.
1. Não cumpriu com a obrigação de se demostrar que tal ato seria mais vantajoso
para a Administração Pública, ou seja, não realizou pesquisa de preços nem estudo
que comprovasse a vantagem em se renovar o contrato.
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considerada adequada para que se possa conhecer o sobrepreço presente na
contratação e, posteriormente, determinar o prejuízo causado pela sua execução. Isto
porque não existem valores oficiais de referência de preços para estes serviços, ou seja,
a elaboração da cesta de preços é a forma que se tem de determinar o preço de
referência. Contudo, para este trabalho, a cesta de preços seguinte servirá como valor
de mercado para os serviços contratados, tendo em vista que não se trata de um
processo licitatório (no qual ela seria utilizada para se ter um valor de referência limite
para as propostas de preço) e, sim, de um trabalho de auditoria em que se precisa
determinar qual seria o preço de mercado razoável a ser usado como critério para a
análise do preço contratado.
Assim, será apresentado neste ponto o levantamento de preços realizado por esta
controladoria, que servirá de base para o cálculo do preço médio do ponto de função
para as tecnologias Java e PHP.
[...]
28
Acrescenta-se que o preço médio foi calculado separadamente por plataforma
tecnológica Java e PHP, seguindo orientações normativas aplicáveis à época, conforme
esclarecido no primeiro ponto deste relatório, do qual se extrai, a seguir, como
ilustração, apenas o entendimento do TCU exposto no Acórdão nº 1910/2007:
PHP Java
Preço Médio 438,33 504,13
Preço Protec 897,00 897,00
Diferença 104,64% 77,93%
Fonte: elaboração CGU e dados do sítio www.comprasnet.gov.br
6. Estimativa de prejuízo
Pelo que se detalhou até este ponto, o preço pelo qual se firmou o Contrato nº 12/2016,
resultante da adesão à ata da SEP/PR, encontra-se em patamar muito superior aos
valores de mercado e, por este motivo, a sua execução acarreta elevado prejuízo ao
erário, o qual será aqui estimado.
Destaca-se, que se trata de uma estimativa, uma vez que o contrato se encontrava em
execução concomitante com este trabalho, além de não se ter considerado aqui a
atualização dos valores pagos.
Para o cálculo desta estimativa, considerou-se como base os valores médios obtidos pela
cesta de preços montada por esta controladoria e expostos anteriormente, os quais
foram confrontados com as informações referentes à execução do contrato, enviadas
pelo ministério com o Ofício nº 71/2018/AECI/GAB-MCIDADES, em resposta à SA nº
201701644/04.
Entre este material, encontra-se uma planilha com o detalhamento de 130 ordens de
serviço (OSs) pagas até a sua elaboração e, em análise a uma amostra de 12 OSs,
constatou-se que em 10 haviam falhas críticas, como discordância entre os quantitativos
pagos, os quantitativos apresentados pela fábrica de software (desenvolvedora) e os
30
apresentados pela fábrica de métrica (responsável pela medição dos trabalhos e
detalhamento final do quantitativo), conforme se observa no quadro exemplificativo a
seguir.
Fonte: elaboração CGU e dados enviados pelo Ministério das Cidades e Sistemas SGD e SGO.
Neste exemplo, observa-se que o quantitativo pago, segundo o ministério, foi de 284
pontos de função, enquanto as contagens apresentadas tanto pela fábrica de software
quanto pela fábrica de métricas totalizavam 203 pontos de função.
Destaca-se, porém, que a verificação feita no material enviado para esta controladoria
objetivou apenas a se ter uma impressão sobre a confiabilidade das informações, sem o
intuito de se encerrar uma análise sobre a execução do contrato em questão, nem
mesmo de se aprofundar, podendo ser este o objeto de um trabalho futuro desta
controladoria, como uma fase complementar dos trabalhos sobre os quais versa este
relatório.
31
Apesar das informações passadas pelo ministério não se mostrarem confiáveis, optou-
se por utilizá-las no cálculo desta estimativo por ser esta apenas uma demonstração da
ordem de grandeza do prejuízo ocorrido na execução do contrato, uma vez que o valor
do real prejuízo deve ser calculado após cessar a execução do contrato e se averiguar de
fato o que foi executado.
Desta forma, considerando aquelas informações, foi montado o quadro resumo a seguir,
demonstrando os quantitativos (pontos de função - PFs) separados por aplicações
(sistemas) e por tecnologia:
32
Conforme descrito anteriormente, os valores médios encontrados por esta
controladoria para as tecnologias Java e PHP foram:
33
que deveria ter sido pago, com base no valor de mercado calculado por esta
controladoria (R$ 5.431.041,50), ou seja, cerca 43% do pagamento declarado pelo
ministério representaria o prejuízo ao erário.
34
RECOMENDAÇÕES
1 – Calcular o valor do prejuízo real, uma vez que cessaram os pagamentos referentes
ao Contrato nº 12/2016 e solicitar a devolução deste valor. Para tanto, deve-se: revisar
a execução do contrato, corrigindo irregularidades e definindo os quantitativos de fato
executados; calcular os valores pagos acima do valor de referência apontado neste
relatório; e atualizar estes valores, trazendo-os para a data do ressarcimento.
Achado n° 6
Achado n° 1, 2, 3, 4 e 6
35
CONCLUSÃO
37
ANEXOS
ANEXO I
Análise da manifestação sobre a Nota de Auditoria nº 201701644/01
Introdução
Esta controladoria encaminhou ao MCidades a Nota de Auditoria (NA) nº 201701644/01
em 8/11/2017, posicionando-se a respeito das contratações objeto desta auditoria
conforme apresentado no ponto sobre a renovação do contrato.
Por conseguinte, apresenta-se aqui a análise das manifestações, com a ressalva de que
foram consideradas, para este trabalho, as partes referentes à contratação da fábrica
de software, ou seja, sobre o Contrato nº 12/2016, visto que, quanto à manifestação
acerca da contratação da fábrica de métrica, Contrato nº 13/2016, a análise por parte
da CGU e os demais desdobramentos do assunto poderão compor uma segunda etapa
da auditoria, sendo assim tratados em relatório distinto.
38
3) Os registros de preços posteriores à adesão à Ata nº 001/2016
da Secretaria de Portos da Presidência da República – SEP/PR
também são inferiores, o que reforça a desvantagem da opção
pela adesão.
Análises efetuadas
Análise da manifestação acerca da Constatação “1.1 - Contrato nº 12/2016 MCidades
/ ATA SEP nº 001/2016: Falha no levantamento de preços com consequente adesão
desvantajosa à ATA SEP nº 001/2016”.
39
De fato, a licitação da Marinha poderia ter sido utilizada na composição da cesta
de preço do MCidades e isto não foi apontado como irregularidade na nota de
auditoria. Da mesma forma, utilizar-se dos dois valores: R$ 510,00 para PHP e R$
580,00 para Java, seria a melhor prática por considerar na licitação as diferentes
tecnologias aplicadas, conforme já tratado neste relatório.
Pelo que se apresenta na manifestação, verifica-se que, embora o valor não tenha
sido utilizado no cálculo, a exclusão por entender que o preço estava acima do
valor de mercado ocorreu sem que se compreendesse o motivo deste preço
elevado.
40
ValorBrutoOS = TamanhoOS_PF x Valor_do_PF x Fator_Esforço
xFator_Tecnológico.
7.13 Para cada OS, com exceção das OS´ s Análise de Problema
e Documentação, o valor do ponto de função previsto no
contrato deve ser multiplicado pelo fator tecnológico
correspondente. O fator tecnológico de cada plataforma de
desenvolvimento prevista nesta contratação está indicado na
Tabela 6 e foi calculado com base no esforço em horas por ponto
de função (horas/PF) para cada plataforma de desenvolvimento,
conforme apresentado na Tabela 5.
41
Fica ainda mais claro o erro incorrido quando se calcula o valor de uma OS
hipotética para se executar um ponto de função em Delphi. Neste caso, pela forma
teria:
Verifica-se que seria um valor irreal, uma imensa incoerência não só com o valor
de mercado, mas também com o próprio contrato, que tem como plataforma
tecnológica padrão a linguagem Delphi, como se extrai do item 7.10, ou seja, a
tecnologia para a qual se tem o ponto de função do contrato de R$ 492,00.
Destaca-se que as tabelas 5 e 6 também apresentam falhas, tanto por não haver
total compatibilidade entre as duas, visto que não possuem as mesmas
plataformas de desenvolvimento, como por não padronizar a precisão do cálculo
do fator tecnológico.
Sendo assim, não se pode utilizar a fórmula do item 7.15, mas, sim, compreender
a composição de preço conforme exposto nos itens 7.11 e 7.14 e calcular o preço
correto de um ponto de função PHP.
42
com aquele da tecnologia padrão. Aplicando estes fatores ao valor do ponto de
função para Delphi, os valores de contrato para estas tecnologias seriam:
Para melhor compreender esta situação, basta entender que os valores acima
devem representar o esforço empreendido em cada tecnologia. Desta forma, dizer
que se gasta 7,5h em Delphi e 5h em PHP (esforços representados na tabela 5) é
o mesmo que dizer que a tecnologia PHP demanda 66% das horas demandadas
pela tecnologia Delphi, ou seja, 0,66h PHP para cada hora Delphi (sendo este o
fator tecnológico). Por conseguinte, o valor do ponto de função em PHP deve
também representar essa relação, por isso se multiplica o valor base do contrato
(que considera a tecnologia Delphi) pelo fator tecnológico que deveria estar bem
representado na tabela 6.
Sendo assim, ao se optar por considerar este contrato na cesta de preços para o
cálculo de um valor de referência, o valor de R$ 492,00 não seria, de fato, o valor
a ser considerado como referência para o ponto de função em tecnologia PHP,
muito menos o valor encontrado pela aplicação cega da fórmula incorreta
presente no contrato. Neste caso, conforme já demonstrado, os valores a serem
considerados deveriam ser R$ 324,72 para PHP e R$ 654,36 para Java.
Observa-se que não é o fato de estar acima do valor médio que desqualifica a
utilização daquele preço no cálculo desta média, mas por ser excessivamente
43
elevado se comparado a outros valores válidos incluídos na cesta de preço. Isto
porque se deve buscar uma contratação mais vantajosa para a Administração
Pública, aplicando-se o princípio da economicidade. Sendo assim, o inverso não se
aplica, ou seja, na busca por economia na contratação, não faz sentido excluir
valores ainda que consideravelmente abaixo da média se forem exequíveis, ou
seja, na outra direção, a exclusão se dá não por ser um valor muito baixo, mas por
ser um valor inexequível. Em termos práticos, busca-se a contratação cuja
execução atenda aos requisitos de qualidade pelo menor preço possível.
[...]
Verifica-se, assim, que houve anuência do próprio ministério para se utilizar tal
pregão no mapa de levantamento de preços elaborado pela COLIC. Se era
conveniente considerar o resultado do pregão ao preço estimado, torna-se ainda
mais conveniente considerá-lo quando se verifica que o preço homologado foi
bastante inferior. Seguir em sentido oposto é se afastar da busca pelo resultado
mais vantajoso para a Administração Pública.
44
Conclui-se quanto ao subitem analisado, que se tem na manifestação um
contrassenso, sendo que reforça por si só o que intenta eliminar, ou seja, na
tentativa de demonstrar que não houve falhas, acaba por reforçar cada uma delas.
Além de possuir uma falha no marco temporal, tal afirmativa é improcedente, pois
apenas uma licitação foi homologada no prazo de 180 dias do levantamento de preços,
sendo oito o total de licitações apresentadas no mapa de preços da COLIC de
12/08/2016 (mapa resultante do levantamento de preços realizado em 02/08/2016 e
que apresenta a cesta de preços considerada no levantamento do valor de referência
para a licitação), conforme se verifica no quadro a seguir:
Cabe esclarecer que, embora tenha sido citado um item normativo inexistente (o §4º
não possui incisos), percebe-se que foi intensão do ministério levantar um
questionamento quanto ao critério temporal das licitações de referência. Este critério
se encontra no art. 2º da IN nº 05/2014 da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação – SLTI/MP que diz:
46
III - contratações similares de outros entes públicos, em execução ou
concluídos nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores à data da pesquisa
de preços; ou
Em relação ao quarto subitem da constatação 1.1: “Uma das empresas que compõe o
consórcio que firmou contrato no MCidades pratica valores muito inferiores aos
firmados no Ministério”, o ministério alega que a empresa Basis Tecnologia da
Informação S.A. não foi a contratada, mas um consórcio do qual ela é parte, sendo que
não haveria vínculo a preços praticados em outros contratos.
De fato, o que se apresentou neste ponto da manifestação não se questiona, nem foi
questionado. O que se apresenta neste ponto da nota de auditoria é mais uma
demonstração do fato de o valor contratado estar consideravelmente acima de valores
de mercado. Inicialmente, tal fato foi demonstrado com a formação de uma cesta de
preços de referência composta por licitações semelhantes que poderiam ter sido
utilizadas no levantamento de preços do ministério. Posteriormente, de forma
complementar, apresentou-se que mesmo considerando apenas contratos de uma das
empresas que compõem o consórcio contratado, ainda se chega a valores bem
inferiores.
Em seguida, o ministério alegou que as licitações utilizadas pela CGU não poderiam ser
consideradas por motivos como: separar as tecnologias PHP e Java (enquanto a
contratação do ministério não as separou), por possuir outras tecnologias ou por não
obedeceram ao prazo de 180 dias. Sobre estes argumentos, tem-se que esta
controladoria defende que a contratação seja de fato separada por plataforma
tecnológica, conforme apresentado nos fatos deste relatório. Além disso, as licitações
incluídas na cesta de preços formada por esta controladoria foram selecionadas por
serem semelhantes ao ponto de poderem ser utilizadas para o cálculo da média dos
48
valores de mercado para as duas plataformas tecnológicas, ainda que também possuam
a previsão de desenvolvimento em outras plataformas. Por fim, os questionamentos
quanto ao prazo de 180 dias já foram tratados anteriormente, sendo que todas aquelas
licitações obedecem a este critério temporal.
Conclusão
Com base no exposto, a manifestação do MCidades não trouxe fatos que amparassem
uma mudança de posicionamento desta controladoria frente ao que foi apontado na
Nota de Auditoria nº 201701644/01, mantendo, assim, o entendimento de que houve
sobrepreço na contratação, resultando em uma situação desvantajosa para
Administração Pública.
49
ANEXO II
Manifestação da Unidade acerca do Relatório Preliminar
50
ANEXO III
Análise do Controle Interno acerca da Manifestação sobre o
Relatório Preliminar
Em termos gerais, observa-se que um dos focos mais eminentes da nota técnica foi
tratar sobre a responsabilização em relação ao que se apresentou no relatório
preliminar, sendo que a COLIC se preocupou em expor como foi o processo de
levantamento de preços e aprovação das contratações e valores a serem usados como
referência. Como destaque, expôs que o mapa comparativo de preços foi composto com
base na orientação da CGMI, que seria a área técnica a dar suporte no encaminhamento
do processo:
Contudo, ressalva-se que tal manual não é uma norma a ser aplicada pela
administração pública, sendo uma peça interna do tribunal que, entre outras
coisas, traz uma sugestão de procedimento a ser aplicado em pesquisas de preço
no âmbito daquele tribunal.
[...]
52
O que consta do manual, embora seja uma sugestão de procedimento para se
identificar valores inexequíveis, é pouquíssimo consistente. Existem motivos
para que o artigo citado da Lei nº 8.666/93 se refira apenas a licitações para
obras e serviços de engenharia e a metodologia trazida por ele dificilmente
poderia ser extensível a outras situações devido à ausência de similaridade. Na
tentativa de extrapolar a aplicação daquele artigo, houve significantes distorções
da norma quanto ao que se poderia dizer questões temporais, referenciais e
situacionais, o que foge à razão e a torna inaplicável.
Quando se olha para as referências sobre as quais o índice de 70% seria aplicado,
verifica-se que são bastante distintas:
54
Acrescenta-se que, ao distorcer a aplicação do Art. 48 da Lei de Licitações para
aplicar em situações distintas da prevista na norma, corre-se o risco de ferir ao
princípio da economicidade bem como ao exposto na IN 5/2014 (alterado pela
IN 3/2017), que diz “[...]desconsiderados os valores inexequíveis e os
excessivamente elevados”. Aplicar o que se sugere pelo manual, equivale-se a
excluir valores excessivamente baixos, ainda que exequíveis, o que está em
desacordo com as normas citadas, cujo texto é claro em trazer duas situações
diferentes, pois, caso contrário, bastaria, ao texto normativo, determinar a
exclusão de valores excessivamente altos e baixos. Desta forma, a
inexequibilidade deve ser comprovada e não presumida.
55
O ministério, embora não tenha usado o procedimento sugerido no manual do
STJ no momento do levantamento de preços, referiu-se a ele ao se manifestar
sobre este relatório. Entretanto, mesmo em sua referência, acabou por não
aplicar o procedimento adequadamente, visto que desconsiderou as ressalvas e
limitações apresentadas no manual, como a citada anteriormente, eliminando,
erroneamente, valores homologados por órgãos públicos sob a alegação de
serem inexequíveis.
56
ministério, pode gerar situações de desvantagem para a administração pública;
em contraposição, a aplicação cautelosa do procedimento, entendendo e
obedecendo a suas restrições, torna-se válida, podendo trazer benefícios no
levantamento de preços e levar a contratações vantajosas para a administração
pública.
Art. 30-A
57
§ 2º A vantajosidade econômica para prorrogação dos contratos de
serviços continuados estará assegurada, sendo dispensada a
realização de pesquisa de mercado, quando o contrato contiver
previsões de que: (Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23
de dezembro de 2013)
I -os reajustes dos itens envolvendo a folha de salários serão efetuados
com base em convenção, acordo coletivo ou em decorrência de lei;
(Redação dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de
2013)
II - os reajustes dos itens envolvendo insumos (exceto quanto a
obrigações decorrentes de acordo ou convenção coletiva de trabalho e
de Lei) e materiais serão efetuados com base em índices oficiais,
previamente definidos no contrato, que guardem a maior correlação
possível com o segmento econômico em que estejam inseridos tais
insumos ou materiais ou, na falta de qualquer índice setorial, o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA/IBGE; e (Redação
dada pela Instrução Normativa nº 6, de 23 de dezembro de 2013)”
58
materiais ou, na falta de qualquer índice setorial, o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA/IBGE);
Cabe destacar que o ministério adotou providências que foram positivas para a
administração pública desde o momento em que houve limitação dos pagamentos do
contrato nos termos da Nota de Auditoria nº 201701644/001. Com o recebimento do
relatório preliminar, outras medidas saneadoras foram implementadas pelo ministério,
de forma a reduzir o prejuízo gerado pela contratação, como a rescisão contratual e a
contratação emergencial que alcançou valores significativamente inferiores, conforme
será apresentado em anexo deste relatório.
59
ANEXO IV
Providências Adotadas pelo Ministério das Cidades
60
Foi finalizado o processo de classificação e habilitação do certame e
restou demonstrado o menor valor (1239826) e (1239836), a saber:
Desta forma, outras medidas ainda devem ser implementadas, conforme se verifica na
nota técnica citada e nas recomendações emitidas por meio deste relatório, sem
prejuízo de outras que venham a ser convenientes.
62
ANEXO V
Histórico de Versões
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