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MINHAS HUMANIDADES E UMA QUESTÃO DE SER

Um dos questionamentos de Jesus, para com aqueles que ele amava e


curva era: O que queres que te faça? Desta forma ele nos ensinava uma
importante assertiva quando ao querer das pessoas, diante do óbvio das
situações, Jesus ousava alavancar a auto percepção. E assim, nesse
viver não condicionado ao usual ou dogmático ele reescreve as condutas
e transforma paradigmas. Olha o resumo que ele para a lei: Amar a Deus
sobre todas as coisas (ou seja, morrer para si mesmo) e amar o próximo
como a ti mesmo (dar a vida ao amigos e inimigos, ou seja, ampliar a
percepção desse morrer). Ontem ouvi uma entrevista sobre orientação
sexual, onde em síntese, mesmo sendo algo completamente novo na
abordagem e na clareza de definições, deixa entre linhas, que Deus nos
fez com orientação heterossexual e as variações disso devem ser postas
como transformação de mente. Ou seja, ser homo, mesmo que sutilmente
não dito, é contra ser santo, o que, diante do que tenho vivido e sido
levado a crer e absorver da palavra, não há nenhuma realidade posta pelo
Pai nesse sentido. Existe sim um chamado para: Ser Santos como ELE é
Santo; Para crescer no relacionamento com ele e não ser mais chamado
de servo e sim agora de filho; E que posicionamentos tais como escravo,
livre, homem, mulher, deixam de existir quando estamos nele, e no seu
propósito; E sendo pessoal, a que faz total sentido para mim: O Pai não faz
acepção de Pessoas. Jesus na sua forma e conduta impecavelmente
contraditória, ia contra as linhas da religiosidade ou até mesmo do social.
Por isso ele podia insistir em perguntar: O que tu queres que te faça?
Falando um pouco de mim, e o porquê desse texto, eu digo, pois várias
vezes desejei ser hetero ou seja não sentir, não pensar, não querer ser
diferente. Mas bem dentro de mim o que realmente importa: Eu sempre
desejei ser amado, fazer parte integrante do grupo e sendo gay, isso
parecia não condizer. Fosse onde fosse, havia sempre uma rejeição clara
pela minha orientação, eu era aceito, contato que vivesse o “certo” ou “
não praticasse” o erro, sentir naturalmente era algo impraticável e
deveria ser claramente rejeitado. O interessante que o “meu pecado” era
grotesco diante do Pai, para quem me acusava, por outro lado o pecado
deles, era normal, afinal eram heteros e sentir qualquer coisa nesse viés
é correto. Um ponto abordado na entrevista é a forma como se achega ao
Pai, hetero com a posição de que nem precisam tanto de perdão, afinal
são a expressão correta do ser homem, e o homo, aquele que precisa de
maior desprendimento afinal é uma vergonha seu pecado. Ser gay, nunca
foi meu problema e sim ser rejeitado por ser algo que nunca fiz opção,
apenas era. A forma como sempre me foi posto, deixava claro que era por
não ser forte, por não aceitar a graça e nem ter o Espirito do Pai em mim.
Eu jamais seria santuário do ES sendo quem era. Ok, o erro era meu, por
não ler a palavra, não estudar, não ouvir a voz do Espirito que sussurrava,
que me amava. Em meio as dores eu me pergunto, pq não gritou? pq falar
baixo?, enquanto as vozes de condenação ecoavam ao berros em mim. O
pai é educado, Jesus é educado, a forma de tratar é gentil. Ele está
sempre pronto a saber o que quero, mesmo quando todos os fatos se
expressam de forma como já dita, óbvia. Mas tal como ele fez com a
mulher do fluxo de sangue: quem me tocou, expondo ela aos olhares dos
acusadores, ele sempre buscou o falar exatamente do que ia em meu
coração. Hoje olho para todas essas situações e tenho a dizer o seguinte.
Nasci perfeito, em amor, fui cuidado com carinho e sou exatamente o que
ele deseja para o seu propósito. Nasci sendo vaso de barro, para ser
cheio desse amor que traz esperança e transborda graça. Não tenho
dúvida que sou como sou e não sou um erro, muito menos uma aberração,
no que tange aos meu sentir e expressar amor. Seja ele no sentido,
Fraterno, Eros e Ágape, pois todos eles são a clara expressão do Pai , o
próprio amor, em mim. Hoje convivo com um grupo predominante de
orientação hetero, respeito seus limites em se relacionar comigo, sei do
seu amor, e não duvido, embora suas percepções e conceitos sejam
claros. Por outro lado, também tenho irmão e amigos de orientação homo,
onde também respeito sua forma de pensar e interagir. A verdade é que
mesmo tendo limites, em ambos os mundos, o que realmente estou
aprendendo é a ver a verdade expressada por trás das palavras, onde as
ações falam por si. Por exemplo fui claramente a um tempo acusado ou
melhor posto na berlinda pela minha orientação, onde as pessoas
posicionavam minha vida como algo não condizente. Não levavam em
conta a graça, o amor, a clara atuação do Pai , o mover e o uso do espirito
santo sobre mim. Isso não importava e sim, eu seu gay. Confesso, isso me
deixou entristecido, ver que nada da mudança do meu caráter, do eu ter
sido livre da morte e da ação dela sobre mim tinha importância e sim a
afronta de ser eu. Essas mesmas pessoas, se afastaram usando essa
prerrogativa para não conviver e não poderem ser santas. O triste foi vê-
las mentido, enganando, adulterando, serem agressivas, serem cobertas
por hipocrisia e arrogância. Não vou usar de vocabulário eclesiástico.
Minha mágoa e revolta existiam, mas não deixei de ser sincero e colocar
diante do Pai minha situação. E continuei a caminhar. Nesse tempo
aprendi que perdão tem fases, e primeira é liberar a ação da graça sobre
mim e sobre as pessoas, e isso não quer dizer conviver ou interagir. Deus
passou a cuidar da minha alma e me mostra seu amor, seu cuidado. Jesus
me lembrou que ele mesmo passou por isso, e que as obras da ação do
espirito nele seriam rejeitadas pela religião, pela lei, pelos doutores do
conhecimento, por ele atestar que era um com o Pai, o que
definitivamente gerava as obras. Lidar com essas atitudes de oprimir por
ser diferente e ao mesmo tempo lidar com necessidade defender uma
posição é algo que desgasta e me fez querer fugir. Eu estou cansado
desse assunto, parece que a recorrência serve para estar sempre
cerceando minha continuidade. Eu estou realmente desejando esgotar
isso de uma vez para ter o propósito do que fazer definido. Sei que nasci
para gerar esperança. Não minto que preciso lidar com esse sentimento
de perda e abrir mão de pessoas que amo, devido aos seus limites. Antes
eu cortava relações e me fechava num mundo de exclusividade. Hoje
tenho certeza que amar é minha diretriz, mas ainda me dói saber, isso é
um aprendizado que precioso internalizar. Creio num pai que convence
pessoas, pois ele me convenceu e tem feito isso, não posso ficar nessa de
que todos irão agir em condenação, e mesmo que for verdade, não quero
deixar de compreender suas limitações; Por outro lado, estar pronto a
abrir mão de mim mesmo, para que não se percam. E isso é doido. Tenho
convicção de quem sou, e do que o Pai fez e está fazendo em mim. Tenho
promessas sobre um relacionamento vindo dele, de uma família (filhos,
neto) e sei que muitas vezes questiono a autenticidade dela, e não por
mim, não pelo pai, mas devido ao entorno, não quero perde-los. Assim
sendo, entra esse abrir mão, o Pai tem mudado meu coração e me feito
amar, mesmo quando há contradições ou mesmo não compreensão.
Jesus foi criticado por dormir na casa de Zaqueu. Por deixar que a mulher,
dita perdida, lavasse seus pés e enxugasse com os cabelos. Que a mulher
samaritana o questionasse; que o centurião pedisse para curar seu servo
amado. E seguiu em frente, a ponto de dizer na cruz, perdoas por não
saberem o que fazem. Eu não cheguei nesse tempo, na verdade eu estou
escrevendo isso tudo, para trazer a memória, confirmar em meu coração
que o Pai me ama, e ama a todos os que se achegam a ele, e que regras
ou dogmas ou certos e errados devem primeiro passar pelo crivo do amor,
do cuidado, da cura de feridas, da construção de humanidade e acima de
tudo e não ter nenhuma dúvida de que sou filho e que sou dele. No vídeo
se fala da crise de identidade e a única que pode realmente ter sentido
para nós, que vivemos a verdade, é se estamos nele ou não; e se o amor
dele tem sido o fiel da balança; e se estou disposto a morrer todos os dias
por ele; e se meu irmão é para mim, mesmo que totalmente contra quem
sou ou o que sou, a direção desse amor. Pois ele me ama, ensina a me
amar e com isso posso desprender amor ao que me cercam. Esse modo
de ser e viver, entra nos estágios avançados de perdão. Caminhar uma
segunda milha (crer que o pai muda corações, seja o meu ou do meu
irmão, viver uma outra oportunidade); desprende-se do que se tem (dar a
capa) e morrer para si mesmo (dar a outra face). E para isso, não é minha
orientação que faz a diferença e sim minha comunhão e relação com o
Santo. Aprender com esse que é manso e humildade é algo incrível. Amo
vc Pai, amo vc Jesus e te sou grato doce espirito. Fica na paz meu amado.
!!!!!

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