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FACULDADE PITÁGORAS

Myrthes Maria Matos Dantas

PROJETO DE PESQUISA

GESTÃO SOCIAL E TRANSPARÊNCIA PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE POÇOS DE


CALDAS: DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DA EFETIVIDADE

Poços de Caldas - MG
2013
Pré projeto de pesquisa apresentado como parte da
avaliação oficial da disciplina Metodologia Científica - Prof.
Ms. Jussara Gallindo – 1º semestre de 2013 – do curso de
Psicologia do 3º. período do turno da noite.

Myrthes Maria Matos Dantas

Poços de Caldas
2013
SUMÁRIO

1 RESUMO ................................................................................................... 3

2 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4

3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 6

4 OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS .................................................... 6

4.1 Objetivo geral ......................................................................................... 6

4.2 Objetivos específicos ............................................................................ 6

5 REFERENCIAL TEÓRICO ......................................................................... 7

6 METODOLOGIA ......................................................................................... 7

7 CRONOGRAMA ......................................................................................... 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 RESUMO

O presente projeto de pesquisa, voltado para a disciplina Psicologia Social,


tem como objetivo formular diagnóstico sobre a efetiva participação popular na
gestão social dos recursos federais repassados ao município de Poços de Caldas,
MG, de forma a se verificar qual é a efetividade do controle exercido pela sociedade
civil sobre tais recursos. Verificar-se-á se a disponibilização de informações
orçamentárias e financeiras através do Portal da Transparência do município de
Poços de Caldas tal como hoje disposta, traduz-se, na prática, em efetivo controle,
por parte da população e da sociedade civil organizada, da aplicação e prestação de
contas sobre esses recursos, visto que uma informação pode ser pública, mas não
ser relevante, confiável, oportuna e compreensível.
Pretende-se elaborar tal diagnóstico através da leitura objetiva, com foco no
controle social efetivamente exercido pela sociedade civil poços-caldense, através:
da identificação dos instrumentos de controle sistematizados que estejam sendo
utilizados pela comunidade local, a exemplo das audiências públicas, referendos,
plebiscitos, iniciativa popular no processo legislativo, ação fiscalizadora e
cooperação administrativa; da análise sobre a forma como tal controle está sendo
exercido, inclusive no que se refere à periodicidade e regularidade do
acompanhamento (análise dos registros de tal participação – atas das audiências
públicas, levantamento sobre referendos existentes, dados sobre ações civis
públicas, entre outros); do nível de conhecimento construído (ou a construir, se for o
caso) a respeito do assunto, tanto coletiva quanto individualmente, especialmente
em relação à capacidade técnica instalada, tanto nas organizações civis que se
dispõem a exercer tal controle, quanto nos indivíduos que demonstram interesse em
participar efetivamente da gestão social da transparência pública municipal, o que se
fará através de entrevistas, aplicação de questionário, observação participante, etc.,
com vereadores, presidentes de associações civis, cidadãos, etc., cujos grupos de
interesse se definirão na fase de desenvolvimento do projeto; da avaliação da
participação popular nas audiências públicas, entre outros indicadores que possam
ser construídos e/ou identificados durante o desenvolvimento da pesquisa (por
exemplo, o número de pessoas que faz uso da palavra quando franqueada; número
de pessoas que efetivamente participam de um referendo; quantidade de ações
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públicas propostas a partir da iniciativa de cidadãos comuns; percentual de


solicitações de informações que são atendidas; se atendidas, o foram em hábil).

2 INTRODUÇÃO

Poços de Caldas é o maior município, em número populacional, dentre


aqueles que compõem a mesorregião do sul e sudoeste de Minas Gerais, que é
formada por 146 municípios distribuídos em 10 microrregiões. O Censo 2010 aponta
uma população de 152.435 habitantes para o município, fato que o sujeitou à
obrigatoriedade do cumprimento do disposto na Lei Complementar 131/2009 a partir
de maio de 2010. Tal Lei Complementar, ao alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal
– LC 101/2000 (que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal), no que se refere à transparência da gestão fiscal,
determina a disponibilização em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
execução orçamentária da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
brasileiros (critérios de boa usabilidade, apresentação didática dos dados e em
linguagem cidadã, possibilidade de download do banco de dados e canal de
interação com os usuários).
Instigada pela fala dos ex-gestores municipais Prefeito Paulo Cesar da Silva,
que na “Primeira Conferência Municipal sobre Transparência e Controle Social”
ocorrida em fevereiro de 2012 em Poços de Caldas afirmou a necessidade da
implantação de: “ferramentas que permitam a real participação popular e um
controle social sólido e eficiente das ações governamentais, em todas as esferas de
governo” e a então Vice – Prefeita Glaucia Boareto, que no mesmo evento afirmou:

“A participação contínua da sociedade na gestão pública é um direito


assegurado na Constituição Federal, e essa participação, no estado
democrático, vai muito além do ato de, a cada quatro anos, escolhermos
nossos representantes. É de fundamental importância que cada cidadão
assuma a tarefa de participar do planejamento e da gestão das políticas e de
exercer o controle social sobre a aplicação dos recursos públicos a fim de
conferir legitimidade, transparência e eficácia à ação governamental”.
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pretende-se analisar os dados a serem levantados relativamente aos fatores que


influenciam positiva ou negativamente, o exercício do controle social da gestão
administrativa do município de Poços de Caldas, pela população.
Entende-se, como afirmam Ariosto Culau e Martin Fortis (2006) no artigo
intitulado “Transparência e controle social na administração pública brasileira:
avaliação das principais inovações introduzidas pela Lei de Responsabilidade
Fiscal”, que:
“ ...a publicidade dos valores referentes às receitas e despesas dos órgãos
públicos não se traduz automaticamente em gestão administrativa mais
participativa. O baixo nível de politização do brasileiro e a natureza
eminentemente técnica das informações fiscais, orçamentárias e financeiras
dificultam o entendimento popular.”

Considera-se, ainda, que a linguagem utilizada no trato dos assuntos fiscais e


orçamentários é, em geral, complexa e de difícil compreensão por pessoas leigas no
assunto, o que torna as informações divulgadas pouco acessíveis às pessoas sem
formação técnica adequada, acrescentando-se à complexidade da informação
produzida e divulgada sobre o assunto, a incipiente atuação de entidades técnicas
que participam da formulação de políticas públicas.
Diante de tais considerações pretende-se, então, avaliar se a população
conhece os mecanismos de controle colocados à sua disposição pelo instrumento
legal; se, conhecendo-os, consegue exercer tal controle de forma satisfatória; se
está instrumentalizada, do ponto de vista técnico, para o exercício deste controle; se
a publicidade das informações, tal como hoje disposta, atende satisfatoriamente à
possibilidade de compreensão; se há necessidade de maior capacitação dos
cidadãos e que tipo de conhecimento e/ou habilidades devem ser construídos e/ou
desenvolvidos para que o controle social seja, de fato, exercido pelos cidadãos.
Para tanto, pretende-se utilizar a pesquisa bibliográfica, documental e
participante, tais como descritas no item Metodologia deste documento.
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3 JUSTIFICATIVA

A efetividade do controle social exercido pela população pode colaborar para


o estabelecimento de uma mentalidade democrática e se constituir instrumento de
consecução da cidadania plena. Formar cidadãos conscientes, conhecedores do
destino dado às verbas públicas federais destinadas ao seu município,
instrumentalizados para o exercício do controle social efetivo e capacitados para
participar ativamente das decisões de aplicação desses recursos é,
indubitavelmente, a melhor forma de prevenção e combate à corrupção nas ações
que envolvam governo, empresas e sociedade civil. O diagnóstico sobre a
efetividade do controle social no município, assim como a identificação de eventuais
necessidades de capacitação e instrumentalização da sociedade civil pode contribuir
para que se alcance o estado ideal de participação da sociedade no
acompanhamento e controle da gestão pública, tal como estabelecido no texto da
Lei.

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Verificar se é efetiva a participação popular na gestão social dos recursos


federais repassados ao município de Poços de Caldas, através dos dados
orçamentários e financeiros disponibilizados através do Portal da Transparência
Pública.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar se a disponibilização através do Portal da Transparência Pública, das


informações referentes aos recursos públicos federais repassados ao município de
Poços de Caldas, contribui, efetivamente, para que o controle social seja exercido
pela população: a linguagem utilizada é compreensível? Os dados, da forma como
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são divulgados, permitem a compreensão do que exatamente foi ou deve ser feito
com esses recursos? As pessoas conhecem e utilizam o portal da transparência?

- Analisar, com base em indicadores previamente definidos, se os resultados obtidos


em pesquisa de campo a ser desenvolvida, refletem o preparo adequado, por parte
da população, para o exercício desse controle (elencando, entre os instrumentos
legais disponibilizados para controle social, aqueles que efetivamente são utilizados
no município, analisando seus indicadores – quantitativos e qualitativos);

- Identificar necessidades de capacitação da população para o exercício efetivo do


controle social, se for o caso; (se o controle não for efetivamente exercido por falta
de “competência técnica” da população, que conteúdo, veículo, forma de
aprendizagem deve ser providenciada? Cartilha? Treinamento? Extensão?Curso da
CGU?)

- Apontar possibilidades de melhoria na forma e nos instrumentos de controle a


serem utilizados pelos cidadãos e/ou organizações sociais interessadas em exercer
o controle social, que permitam aumentar a sua efetividade (não necessariamente
na forma legal, o que pode ser difícil, mas na forma de implementação/efetivação
desses mecanismos que pode passar pelo aspecto comportamental, por exemplo); e

- Identificar soluções de continuidade das atividades que permitam a


sustentabilidade da ação de controle desenvolvida pela população (a própria
educação da população pode ser uma opção – espera-se que ao longo da pesquisa
possam surgir outras sugestões/possibilidades)..

5 REFERENCIAL TEÓRICO

A pesquisa tem como ponto de partida o texto das Leis Complementares


101/2000 – LRF (o planejamento, a transparência e a participação) e 131/2009 (que
regulamenta a disponibilização de informações em tempo real), a cartilha Controle
Social – Orientações ao cidadão para a participação na gestão pública e exercício
do Controle Social, disponibilizada pela CGU – Controladoria Geral da União
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(tentativa de tornar mais clara e acessível à população as formas de controle social


previstas nos textos legais), que registra:

Para garantir que esses recursos sejam, de fato, destinados a atender as


necessidades da população, além de participar da elaboração do orçamento,
ajudando a definir as prioridades para os gastos do governo, a sociedade
deve também fiscalizar a aplicação desse dinheiro, zelando pela boa e correta
destinação do dinheiro público.

Compõem o referencial teórico adotado, bem como se inclui na matriz teórica


a partir da qual se pretende responder às questões propostas, sem prejuízo de
outros autores que possam ser agregados ao longo do desenvolvimento do trabalho,
o conceito trazido por Pascoal: o controle social, assim compreendido aquele que é
exercido pelo cidadão, é essencial para assegurar que os recursos públicos sejam
investidos em prol da coletividade, pois a população é quem mais possui
legitimidade para o exercício do controle efetivo sobre os recursos públicos por
serem, os recursos geridos pelos administradores, pertencentes a ela.
Apropria-se, ainda, do disposto no Art. 37 da Constituição Federal (Art. 37. A
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte: § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação
social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.), para evidenciar entre os
princípios que norteiam a administração pública, o da publicidade, que se refere
tanto à exigência de publicação oficial dos atos administrativos quanto à exigência
de transparência da atividade administrativa de forma ampla, que permite o controle,
pelos administrados, dos atos da administração. (o povo tem o direito de conhecer
os atos praticados na administração pública, passo a passo, para o exercício do
controle social,)
Da LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal, Cap. X, tem-se que a transparência
da gestão fiscal advirá, inclusive, através de meios eletrônicos de acesso público, e,
conforme citam Culau e Fortis (2006):
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O texto da lei prevê, ainda, que a transparência será assegurada mediante


incentivo à participação popular e à realização de audiências públicas durante
os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes
orçamentárias e orçamentos.

Partindo-se das referências preliminarmente consultadas, pretende-se o


aprofundamento dos conceitos de controle social; delimitação dos instrumentos
disponíveis para gestão da transparência; definição de indicadores de efetividade,
entre outros, que permitam a análise diagnóstica que se pretende empreender.

6 METODOLOGIA

Segundo Gil (1999) a denominação Pesquisa Social define um processo que,


utilizando a metodologia científica, possibilita a aquisição de novos conhecimentos
no campo da realidade social, sendo o conceito de pesquisa adotado pelo autor,
dada sua vinculação com o campo que ele denomina realidade social, bastante
pertinente ao processo de investigação que se pretende iniciar.
Pretende-se adotar para o desenvolvimento da pesquisa a abordagem mista
(quantitativa e qualitativa), utilizando-se para coleta de dados, além da pesquisa
bibliográfica e documental:
- entrevista semiestruturada e rodada(s) de diálogo;
- questionário(s);
- participação como ouvinte em eventos afins e/ou audiências públicas;
- tabulação e análise de dados.
A coleta de dados indireta dar-se-á por meio da pesquisa bibliográfica e
documental e a coleta de dados direta será feita por meio de investigação in loco –
pesquisa de campo. A etapa da pesquisa bibliográfica incluirá: leitura crítica e
interpretativa; resumo e fichamento através de fichas “citação”, “resumo”,
“apontamento” e “analítica”. A pesquisa documental será efetuada através do exame
de documentos oficiais, reportagens de jornal e arquivos de bancos de dados, entre
outros, incluindo-se, nessa modalidade, ainda, o acesso a sites que contenham
assuntos de interesse para a pesquisa.
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A coleta direta de dados dar-se-á através de observação não participante e


participante; entrevistas semi-estruturadas e aplicação de questionários, ou, se for o
caso, de preenchimento de formulários.
A análise de dados será efetuada a partir da tabulação e com base no
referencial teórico construído, buscando-se estabelecer a correlação entre os dados
obtidos na pesquisa de campo e os aspectos teóricos, buscando responder ao
questionamento inicialmente proposto e atender os objetivos específicos
estabelecidos.

7 CRONOGRAMA

O cronograma a ser implementado quando da realização do trabalho de


pesquisa proposto inclui as atividades abaixo relacionadas e sua execução deverá
ser objeto de discussão com o orientador do trabalho no momento oportuno:
- Seleção de textos, organização e relacionamento dos dados – coleta indireta;
- Elaboração dos instrumentos de coleta de dados direta;
- Pesquisa e levantamento de dados – coleta direta;
- Tabulação e análise dos dados – coleta direta;
- Processamento das informações com base no referencial teórico;
- Leituras, elaboração e digitação dos principais tópicos da monografia;
- Elaboração e digitação do Resumo, da Introdução e das Considerações Finais da
monografia;
- Revisão geral do processo e finalização da digitação;
- Revisão do texto e padronização (ABNT);
- Avaliação da versão final pelo orientador e correção, conforme sua indicação;
- Apresentação e avaliação pela banca examinadora.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PRELIMINARES

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, outorgada em 5 de dez. de


1988. Brasília: publicada pela Subsecretária de Edições Técnicas do Senado
Federal, 2008.
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CULAU, A.A.; FORTIS, M.F.A. Transparência e controle social na administração


pública brasileira: avaliação das principais inovações introduzidas pela Lei de
Responsabilidade Fiscal. In: XI Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma
del Estado y de la Administración Pública, Ciudad de Guatemala, 7 - 10 Nov. 2006.

Decreto n.º 5.482, de 30 de junho de 2005. Dispõe sobre a divulgação de dados e


informações pelos órgãos e entidades da administração pública federal, por meio da
Internet. Disponível em: http://www.cgu.gov.br/transparência. Acesso em 11 mai
2012.

GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social.5.ed.São Paulo:


Atlas,1999.

Lei Complementar n° 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças


públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.
Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp101.htm. Acesso
em 02 mai 2012.

Lei Complementar Federal n.º 131, de 27 de abril de 2009. Acrescenta dispositivos


à LRF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp131.htm.
Acesso em 06 mai 2012.

PASCOAL, Valdecir Fernandes. DIREITO FINANCEIRO E CONTROLE EXTERNO.


6 ed, 2º reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

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