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TRABALHO DE CAMPO E GEOGRAFIA:

caminhos possíveis de ensino e pesquisa

Construindo Trajetórias de Campo


Profª Drª Juliana Luquez (EAUFMG)

Organização:
APRESENTAÇÃO E
JUSTIFICATIVA
O tema “Construindo Trajetórias de Campo“ visa oferecer aporte teórico-metodológico na construção de roteiros
de campo estratégicos para observação e análise do espaço urbano.

A elaboração foi pensada e ofertada em formato de OFICINA no âmbito da unidade didática Urbanismo I, no
departamento de Urbanismo da Escola de Arquitetura da UFMG.

A iniciativa buscou fomentar o compartilhamento de saberes, experiências e andanças urbanas que pudesse
ampliar os temas da cidade e do urbano no debate público a partir da construção, apresentação e execução de
roteiros de campo.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS E
METODOLOGIA
A iniciativa é proposta como prática social para formação
 Identificar elementos da produção do espaço
urbano enquanto processo histórico; cidadã e com rigor científico para formação acadêmica. Dentre
as etapas de construção, apresentação e execução do roteiro de
 Analisar o processo de urbanização a partir de
campo, dar-se-á ênfase à:
um roteiro estratégico de observação da
realidade urbana;
 Caracterização da área;
 Tecer considerações sobre os diferentes modos  Formulação de rota e seleção de pontos/marcos de
de vida urbanos, seus agentes, ritmos e
dimensões; observação socioespacial;
 Vinculação à discussão teórica e na difusão de hipóteses
 Contribuir com novas agendas de pesquisas, sobre a realidade urbana; e,
ação e intervenção no campo dos estudos
 Sistematização da tema posto em destaque e potencial de
urbanos.
participação, interação e conexão com grupos sociais.
DERIVAR, DESFRUTAR,
ANALISAR, SE APROPRIAR...
“A rua era para eles apenas um alinhado de fachadas, por onde se anda nas povoações... Ora, a rua é mais
do que isso. A rua é um fator de vida das cidades, a rua tem alma! [...]. A rua sente nos nervos essa
miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora das obras humanas.
[...]. Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o
lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo [...], é preciso ser aquele que chamamos flâneur [...].
É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência.”

João do Rio – A alma encantadora das ruas (p. 21-23)

Obs.: João do Rio é um convite à preparação do ‘espírito interesseiro’ do pesquisador. A sistematização é um desafio para a
comunicação da pesquisa ou atividade de extensão
1. O que é trabalho de campo? (Passeio, visita técnica ou procedimento de investigação?)
 Metodologia de pesquisa (SUERTEGARAY, 2002)

2. Como se preparar para o trabalho de campo? (A partir da colaboração de NAKAMURA, em 2021)


 Delimitação de tema, objetivos e hipótese
 Levantamento de dados
 Preparação para o campo (definição de protocolos)
 Pré-campo (confirmar agendamentos e condições de deslocamento) e execução do roteiro
 Organização dos dados coletados
 Divulgação dos resultados e conclusões (hipóteses confirmadas?)

3. Construindo trajetórias de campo (vinculadas ou não a pesquisa em andamento):


Construção de roteiro de campo com ênfase na relação entre os diversos modos de organização social e a produção do espaço urbano, aludindo a
territorialidades, vida cotidiana, formas de socialização e existência, técnicas de uso, ocupação e apropriação do espaço, movimento reestruturante de
transformação socioespacial, etc. As orientações para a construção do roteiro consideram as seguintes etapas:
a. Apresentação
b. Caracterização da área
c. Rota e principais pontos/marcos de observação
d. Discussão, hipóteses

Exemplos de temáticas exploratórias:


• Monumentalidades africanas desterritorializadas
• Aspectos da arquitetura da exclusão
• Arte, linguagem e celebração na cidade
• O sagrado e o profano dos grupos urbanos
• Democracia e práticas espaciais
• Aspectos urbano-ambientais na ocupação do Bioma Cerrado
• Agricultura urbana e comunidades sustentáveis [etc.]
CIDADE INFINITA, TRAJETOS POSSÍVEIS
CORPO-ESPAÇO-MEMÓRIA (INDIVIDUAL, COLETIVO, SOCIAL)
EXPERIÊNCIAS SENSORIAIS (CORES, CHEIROS, SONS)
“Gosto de percorrer o cemitério da
consolação como um dos lugares em que
ainda vivem, de maneira fortemente
simbólica, muitos personagens da história
paulistana, vários dos quais são também
personagens de episódios marcantes e
decisivos da história brasileira. Vivem
porque de vários modos ligaram-se
definitivamente àquilo que somos e que é,
também, em boa medida, o que já não
podemos deixar de ser. O Cemitério da
“Este é o Mausoléu dos Chapeleiros, da Sociedade Consolação é um espelho em que os vivos
Beneficente dos Chapeleiros, que reunia os operários da
se refletem e se encontram na memória dos
Fábrica de Chapéus de João Adolfo. O túmulo é notável [...]
pelo grande medalhão de bronze com a visão panorâmica em mortos. Ali, no silêncio definitivo, podem
relevo da fábrica no Vale do Anhangabaú [...]. O ribeirão os mortos ser interrogados e
passava por dentro da fábrica, cuja água era aproveitada para
compreendidos no seu legado a este país e
produção do vapor nela empregado. [...] A representação
contém em detalhes o conjunto da fábrica e é a única imagem a São Paulo, estado e cidade.”
abrangente que se tem de uma fábrica paulistana do século
XIX.”
“A cidade dos mortos antecede a cidade
(José de Souza MARTINS)
dos vivos.” (Lewis MUMFORD)
LEITURA DO ESPAÇO,
REPRESENTAÇÕES E
TECNOLOGIAS
OBRIGADA.
julianaluquez@ufmg.br

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