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34º Encontro Anual da Anpocs

RELAÇÕES ENTRE MEMÓRIA, HISTÓRIA E NOVAS FONTES DE


PESQUISA: OS MÚLTIPLOS TESTEMUNHOS NO MUSEU DE
ARQUEOLOGIA SAMBAQUI DA TARIOBA

GT 24: Patrimônios, Museus e Redes de Memória em Movimento

Renata de Almeida Oliveira


Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/
Mestranda PPGMS – Programa de Pós Graduação em Memória Social
Bolsista Capes/REUNI
renatinhaunirio@gmail.com

Regina Abreu
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/
Programa de Pós-Graduação em Memória Social
abreuregin@gmail.com
Resumo:

Pretendemos refletir acerca das relações estabelecidas no Museu de


Arqueologia Sambaqui da Tarioba, em Rio das Ostras-Rio de Janeiro e é
administrado pela Fundação Rio das Ostras de Cultura.O sambaqui foi
encontrado casualmente, quando iniciaram escavações para a construção de
um teatro.Ao ser constatada sua importância por pesquisadores do Instituto de
Arqueologia Brasileira,a Prefeitura apoiou o desenvolvimento do projeto.A
dualidade entre Casa de Cultura e Museu de Arqueologia faz com que os
visitantes possam apreciar através de visita guiada e exposições,histórias locais
e regionais.Apresentaremos reflexões referentes às gravações em vídeo-digital
com as entrevistas concedidas pelos narradores, deixando entrever as relações
destes com a valorização destas histórias.A utilização do audiovisual possibilitou
a construção de novas fontes de pesquisa trazendo novas e instigantes
questões.
Palavras-chave: Memória e Patrimônio, História, Museu de Arqueologia

Abstract:
We intent to reflect and debate, in this article, about the relationship between the
Sambaqui archaeological museum of Tarioba in Rio das Ostras and Rio de
Janeiro. These museums are administrated by the Rio das Ostras Cultural
Foundation. The Sambaqui were found casually when they started to make
archaeological work to build a theater. When they realize about the importance
of the things that were found the government started to support the museum.
The duality between the Cultural House and the Regional Museums gives the
opportunity to the visitors to have a guided visitation to de expositions, the
historical places that are regional and local. We will develop some reflections
about the interviews that were taped in videos. *The interviews explains the
relationship between the person that are talking with/and the valorization about
the histories. The utilization of audiovisual issue provides the construction of new
refletions and brings up to light new questions and new perspectives.
Key words: memory and patrimony, history and archeological museum
INTRODUÇÃO

“(...) se o flâneur se torna sem querer detetive, socialmente a


transformação lhe assenta muito bem, pois justifica a sua ociosidade.
Sua indolência é apenas aparente. Nela se esconde a vigilância de um
observador que não perde de vista o malfeitor. Assim, o detetive vê
abrirem-se à sua auto-estima vastos domínios. Desenvolve formas de
reagir convenientes ao ritmo da cidade grande. Capta as coisas em
pleno vôo, podendo assim imaginar-se próximo ao artista.” (Benjamin,
1989)

Inicio este texto com uma citação de Walter Benjamin (1989) em uma
tentativa de introduzir e explicitar o contexto em que este trabalho se insere:
movimento, percursos pelo estado do Rio de Janeiro, percepção das
ressonâncias e dos agenciamentos proporcionados pela pesquisa de campo.

Este trabalho foi desenvolvido a partir de resultados obtidos em


pesquisas de campo, ainda em andamento, de minha dissertação de mestrado
no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (PPGMS) da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), sob orientação da profª. Drª.
Regina Abreu. O tema desta dissertação foi idealizado a partir de minha
participação como pesquisadora no projeto “Memória, Cultura, Transformação
Social e Desenvolvimento: Panorama Museal do Estado do Rio de Janeiro”,
desenvolvido pelo PPGMS em parceria com o Instituto Brasileiro de Museus
(IBRAM).

Pretendemos refletir acerca das relações estabelecidas no Museu de


Arqueologia Sambaqui da Tarioba, localizado na cidade Rio das Ostras, estado
do Rio de Janeiro. O Museu faz parte de um grupo de Instituições coordenadas
pela Fundação Rio das Ostras de Cultura. Situado aos fundos da Casa de
Cultura da cidade, o sambaqui contendo restos de ossadas e cascas de ostras
foi encontrado casualmente, quando a Prefeitura iniciou escavações para a
construção de um Teatro ao ar livre. Ao ser constatada a importância do material
encontrado no local por pesquisadores do Instituto de Arqueologia Brasileira, a
Prefeitura apoiou o desenvolvimento do projeto. A dualidade entre Casa de
Cultura e Museu de Arqueologia funcionando no mesmo terreno faz com que os
visitantes possam apreciar através de visita guiada e exposições, a história da
cidade. Ao visitar o Museu, é perceptível a preocupação em preservar a
memória exposta dentro das Instituições e, por isso, a fundação Rio das Ostras
de Cultura apóia iniciativas que auxiliem neste processo, tais como a publicação
de monografias, dissertações e teses elaboradas por pesquisadores locais, além
de documentários que apresentem essas histórias e possam ser expostas para
a população, estudantes e pesquisadores, como, por exemplo, a equipe do
projeto “Memória, Cultura, transformação Social e Desenvolvimento: Panorama
Museal do Estado do Rio de Janeiro”, que visitou o museu filmando e
fotografando o acervo e entrevistas com múltiplos narradores encontrados que
contaram a história da cidade e do museu e apresentando as ações
desenvolvidas dela Fundação.

Meus primeiros passos na pesquisa de campo foram realizados em


conjunto com as viagens pelo Rio de Janeiro proporcionadas pelo projeto
“Panorama Museal”. Tal projeto, objetiva fazer a difusão desta pesquisa através
de três instrumentos específicos: um guia analítico; um site contendo todo o
material adquirido que estará articulado ao site do Sistema Brasileiro de Museus
e uma coletânea de DVDs. Deste modo, durante minhas primeiras pesquisas de
campo, uma equipe audiovisual registrou todas as entrevistas e detalhes dos
museus visitados, o que motivou a proposta de apresentação desta
apresentação.

Sendo assim, foi necessário decidir uma metodologia a ser seguida para
a realização do projeto e então, iniciamos uma “etnografia dos percursos” pelo
estado “onde vivenciamos a experiência do viajante que percorre uma região,
buscando exercitar um olhar que estranha, que inquire, que indaga, que procura
novos ângulos, novas perspectivas, novas faces de paisagens já vistas e
consagradas”. (ABREU, mimeo).
Foi assim que registramos os percursos que nos levaram a perceber a
valorização e ressignificação da memória e da história indígena no estado:
filmando, fotografando, observando, “flanando” e descobrindo personagens, que
podem ser pessoas, ruas, estradas e, sobretudo, museus, nossos personagens
principais, grandes narradores das cidades. Segundo Janice Caiafa (2007,
p.135), “A etnografia é ao mesmo tempo um tipo de investigação e um gênero
de escritura que se desenvolveu na tradição antropológica. Mas ela surge de
fato com outras tradições e experiências, sobretudo os relatos de viagem”.

Deste modo, este trabalho visa apresentar reflexões referentes às


gravações em vídeo-digital com as entrevistas concedidas por múltiplos
narradores, deixando entrever as relações destes com a produção e a
valorização de histórias locais e regionais. A utilização do audiovisual
possibilitou a construção de novas fontes de pesquisa trazendo novas e
instigantes questões.

APRESENTANDO A “TERRA DOS PEIXES”: RIO DAS OSTRAS

A cidade de Rio das Ostras está localizada na região das Baixadas


Litorâneas do Estado do Rio de Janeiro. A cidade possui de 231 km2 de área e
estimativa populacional em 2009 de 96.622 habitantes1. É composta por 13
Municípios, são eles: Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo, Cabo
Frio, Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Maricá, Rio
Bonito, Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim.

Até o final do século XX, Rio das Ostras era um local de refúgio de
moradores de grandes cidades durante o verão. Segundo informações de um
vídeo produzido pela Prefeitura de Rio das Ostras2, até a década de 80 do

1
Dados do site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para maiores informações acessar:
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=330452# - Acesso em: 16/06/2010.
2
PREFEITURA DE RIO DAS OSTRAS. Fundação Rio das Ostras de Cultura. Sambaqui da Tarioba:
Preservar é Preciso. Rio das Ostras, 2004. (30 min)
século passado, a população local oscilava de acordo com as estações do ano:
grande número de pessoas durante o verão, enquanto no inverno reduzia a
menos da metade se comparada à outra estação. No entanto, com a virada do
século, o cenário da cidade se alterou: enquanto na década de 70 a população
chegava a cinco mil habitantes, no ano de 2004 chegou a quarenta e cinco mil
pessoas com residência fixa. Tal fato se deu devido a prospecção e extração de
petróleo na Região Norte Fluminense, que levou grande número de funcionários
da Petrobrás e de diversas empresas nacionais e estrangeiras a se instalarem
na cidade. Assim, a economia de Rio das Ostras, que antes era basicamente
voltada para o turismo, conquistou novas vertentes, fazendo com que a
prefeitura investisse em mudanças na infra-estrutura da cidade.

Trata-se de um município recentemente emancipado: separou-se de


Casimiro de Abreu em 1992 e, por isso, passou a ter orçamento próprio,
possibilitando investimentos necessários para o crescimento da cidade e suas
inevitáveis transformações urbanísticas. A prefeitura dedicou parte de suas
preocupações ao campo das atividades culturais, com o intuito de se adequar
aos novos habitantes. É neste contexto que se insere a Fundação Rio das
Ostras de Cultura que se vincula diretamente à história da cidade que:

“... sempre apareceu incluída na história de outras cidades


próximas a ela, na medida em que seus interesses se entrelaçavam.
Por isso, é fundamental se procurar traçar o plano para uma história
própria da cidade. Isso não a desvincula dos acontecimentos locais,
regionais ou da macrohistória. Muito pelo contrário, ao inserir Rio das
Ostras na história fluminense, não apenas se fala na cidade, mas
também na história do país. Nas referências sobre locais como Macaé,
Campos, Barra de São João e Cabo Frio encontramos as fontes,
primárias ou secundárias, que nos permitiram trabalhar a história de
Rio das Ostras.” (LIMA, 1998, p.13)
VISITANDO A CASA DE CULTURA BENTO COSTA JÚNIRO E O MUSEU DE
ARQUEOLOGIA SAMBAQUI DA TARIOBA

A visitação ao Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba permite ao


interlocutor conhecer diversos aspectos da história de Rio das Ostras,
identificando no discurso Institucional aspectos da construção da memória da
cidade. A visita guiada é realizada na maioria das vezes pelo Coordenador de
Eventos do Museu e da Casa de Cultura Jorge Pinheiro3 que conduz grupos
escolares, turistas, universidades, associações diversas e moradores.

A visita se inicia do lado de fora do museu, momento em que Jorge


Pinheiro inicia a história da casa que é considerada um importante cenário do
contexto social da história da cidade. Pinheiro cita alguns autores locais e
pesquisadores que se interessaram em relatar a história da casa, do museu e
da cidade, entre eles, Denise Chamum Trindade, que desenvolveu um trabalho
sobre a “Musealização do Smabaqui da Tarioba” em uma tentativa de ratificar
sua fala sobre a Casa:

“Segundo depoimentos de antigos moradores da cidade, a Casa de


Cultura foi no final do século XIX, um galpão e depois um armazém
onde os pescadores guardavam peixes e apetrechos de pesca,
servindo também para depósito de sal. Somente nos meados de 1940,
o imóvel passa a ser residência do médico, Dr. Bento Costa Jr.”.
(TRINDADE, 2004, 37)

Após um breve histórico, o guia conduz os visitantes ao interior da casa,


onde ocorrem as exposições. A primeira sala ocorrem exposições diversas,
geralmente são artistas locais que querem apresentar seu trabalho, sendo
algumas vezes vendidos ao público.

3
Em pesquisa de campo realizada entre os dias 03 e 07 de setembro de 2010, constatei que Jorge Pinheiro
é a única pessoa que realiza a visita guiada no museu. Segundo ele, quando há a necessidade de se ausentar
ou volume intenso de trabalho, outros funcionários do museu realizam a visita com informações relatadas
pelo “guia oficial”, sem capacitação prévia.
Em visita guiada pelo Coordenador de eventos da Fundação, Jorge
Pinheiro na primeira etapa da pesquisa de campo realizada em abril de 2009, foi
possível perceber que o momento da história da Casa as quais são feitas mais
referências e norteadas a maioria das exposições refere-se a permanência do
Dr. Bento Costa Jr. que se deu a partir de 19404. Deste modo, ao longo da
visita, nota-se a construção de uma imagem heróica concedida ao médico por
ter sido membro da tropa de saúde enviada em 1918 à I Guerra Mundial,
quando milhares de pessoas eram mortas pelo vírus da Gripe Espanhola no
mundo. Sendo segundo tenente do corpo de saúde do exército brasileiro e por
ocupar a condição de médico e cientista foi diretor do antigo centro de estudos
dos médicos do Banco do Brasil. Na Casa existem móveis e objetos originais da
época em que o médico ali vivia, sendo uma sala dedicada a apresentar sua
memória, contendo objetos pessoais, reportagens de jornais que o exaltam
perante a sociedade local e alguns de seus documentos.

É importante ressaltar que a casa de Cultura é detentora de múltiplas


identidades. Além de ser sede da Fundação Rio das Ostras de Cultura, uma
autarquia da Prefeitura Municipal de Rio das Ostras, é realizada ainda uma visita
guiada, como explicado acima, onde a história da casa e de seu “mais ilustre e
famoso” proprietário se confundem e se inserem na história da cidade.

Além das questões que envolvem memória, história e patrimônio da


cidade, é possível perceber a preocupação social da Casa de Cultura, que
oferece diversos cursos e palestras para a comunidade. São cursos de pintura,
contação de histórias, música etc. Além disso, é válido destacar que os
trabalhos produzidos pelos alunos que freqüentam os cursos oferecidos na
instituição são valorizados e alguns deles ganham destaque nas exposições
organizadas nos cômodos da casa. Em uma das salas, em meio a objetos e
móveis que pertenceram ao antigo proprietário, estão expostos quadros
pintados por uma ex-aluna de um dos cursos chamada Zuleide Fassanha. Ela
retratou sete matriarcas de importantes famílias da cidade, não necessariamente

4
Existem contrapontos a essa construção heróica sobre o médico Bento Costa Júnior contada por antigos
moradores da cidade.
por serem famílias “ricas”, mas, por sua importância na história da região.
Segundo Mônica Pereira5, que estagiou em um projeto educacional realizado no
Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba em 2008, tais pinturas retratam as
parteiras da cidade.

Além desses cursos, são realizadas também palestras sobre os mais


variados temas sendo, um dos principais, a história da criação do museu de
sambaqui, a explicação da importância de preservá-lo, esclarecimentos acerca
da arqueologia, sobretudo na região. São momentos importantes de interação
entre a Casa de Cultura, a comunidade e o público do museu, que podem ser
moradores, estudantes de escolas públicas e privadas, universitários,
professores, pesquisadores, turistas e qualquer grupo que se interessar por
conhecer um pouco mais a história da cidade, a Casa, os cursos e o Museu de
Arqueologia.

Seguindo o terreno da Casa de Cultura encontramos ao fundo o Museu


de Arqueologia Sambaqui da Tarioba. Efetivamente o Sítio Arqueológico
Sambaqui da Tarioba foi encontrado e mapeado em 1967 por pesquisadores do
Instituto de Arqueologia Brasileira6 (IAB) que realizavam Programa Litoral
Fluminense, que mapeou doze sítios arqueológicos7 e era dedicado a esta área
específica de trabalho, que enquadrava-se em um projeto maior denominado
Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas (PRONAPA) patrocinado pelo
Smithosinian Institution e realizado com autorização e apoio do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (TRINDADE, 2004, 39).

“Na ocasião, a equipe parou na Praça São Pedro, que era bem
mais ampla, sem muitas das construções que hoje circundam a
referida praça, contando somente com a casa que hoje abriga a sede
da Fundação Rio das Ostras de Cultura. Verificaram neste local um

5
Em entrevista realizada em pesquisa de campo no dia 7 de setembro de 2010.
6
Instituição privada de caráter científico localizada em uma fazenda de café do século XVIII, na av
Suburbana, no Rio de Janeiro
7
Entre eles: Sítio Santa Luzia, Sítio Casa da Pedra, Sítio Arqueológico Serramar, Sítio Arqueológico do
Salgado, Sítio da Jaqueira, Sítio Casa Rosa, Sítio Pasto do Cemitério, Sítio Massangana, Sambaqui de
Itapebus
monte de terra preta com muitas conchas e observaram que se tratava
de um sambaqui. A equipe tratou de batizar o sambaqui, já que não
havia um nome para identificar aquele local. Indagou-se sobre o nome
daquela concha específica encontrada no sambaqui – Anomalocardia –
que é conhecida pela população local como Tarioba. Daí o nome
8
Sambaqui da Tarioba.” (TRINDADE, 2004, 37-38)

De acordo com o Coordenador de Eventos da Fundação Rio das Ostras


de Cultura, Jorge Pinheiro não foram realizados investimentos em escavações
até a criação da Casa de Cultura, pois o Dr. Bento Costa Jr., antigo proprietário
da casa não permitiu Deste modo, o sítio foi encontrado e redescoberto
ocasionalmente durante as escavações para a construção de um palco e os
camarins de um Teatro ao ar livre nos fundos da Casa de Cultura, que era uma
necessidade da cidade na época.

“Nessa localização que hoje se encontra o museu, a gente ia fazer um


palco porque era o local mais alto do quintal da casa. A idéia era fazer
um palco para manter umas atividades nos finais de semana, de teatro,
de música... Aí tirando, começamos a pensar como seria o palco, aí
aparece uma pessoa que achou uma lâmina de machado, ela chegou
com uma pedra, falando que era uma pedra, uma lâmina de machado
que encontrou na raiz da árvore da Rua da Jaqueira, uma jaqueira
antiga em uma rua que tem aqui atrás. Eu fui procurar os institutos de
arqueologia, o museu histórico, até para saber a procedência, o que
seria aquilo, confirmaria se era um objeto pré-histórico. Rodei alguns
lugares e tive contato com o pessoal do Instituto de Arqueologia
Brasileira. Eles mandaram um técnico aqui em Rio das Ostras e para
nossa surpresa ele estava com um mapa na mão e nesse local, no
quintal da casa, tinha um sítio registrado desde 1967, quer dizer, já
tinha 30 anos de registro de um sítio arqueológico no local da casa.”
(Mara Moreira Fróes – Presidente da Fundação Rio das Ostras de
9
Cultura)

8
Segundo Trindade (2004), em escavações mais recentes foi encontrada uma quantidade maior de Ostra e
a Tarioba (Anomalacardia) aprece com menor freqüência, no entanto, o IAB reconheceu e registrou como
Sítio Arqueológico Sambaqui da Tarioba, pois havia a preocupação de preservar o nome local.
9
Transcrito de: PREFEITURA DE RIO DAS OSTRAS. Fundação Rio das Ostras de Cultura. Sambaqui
da Tarioba: Preservar é Preciso. Rio das Ostras, 2004. (30 min)
Após o contato entre a Fundação Rio das Ostras de Cultura e o Instituto
de Arqueologia Brasileira

“...as autoridades municipais contataram a equipe de pesquisadores do


Instituto, para avaliar a situação do sítio, sua delimitação e
possibilidade de tal expansão. Verificou-se então, que somente a parte
do sítio que ficava no quintal daquela casa, permanecem em bom
estado de conservação, exceto por decapagens superficiais
provenientes da capina do terreno, enquanto que todo o restante foi
ocupado por inúmeras outras construções.” (TRINDADE 2004, 39)

Deste modo, para que o museu fosse preservado, a parceria entre a


Fundação Rio das Ostras de Cultura e do Instituto de Arqueologia Brasileira foi
fundamental:

“Essa parceria vai se dar por muito e muito tempo porque todo o
material exposto precisa de uma manutenção constante, com técnicos
e museólogos do Instituto, que vem sendo feito periodicamente em
vitrine, nos enterramentos, em todo o material.” (Juber Decco –
10
Técnico em Pesquisa Arqueológica/IAB)

O objetivo do museu é apresentar a cultura do homem sambaquiano que


habitou a região de Rio das Ostras há 5500 anos enfocando sua distribuição
espacial, suas características biológicas e o método de trabalho adotado pelos
arqueólogos na pesquisa de campo. Segundo o Presidente do Instituo de
Arqueologia Brasileira, Ondemar Dias, “Desde o princípio já havia essa intenção
de deixar o sítio em exposição e fazer realmente uma exposição didática, ou
seja, para qualquer pessoa leiga saber o que é um sambaqui11.”

Já ao entrar no museu a área das escavações desperta a atenção de


quem visita12.

10
Idem 7
11
Idem 7
12
Mais informações sobre povos indígenas e sambaquianos ver: GASPAR (2004), TENÓRIO (2004),
GASPAR, BUARQUE, CORDEIRO e ESCÓRCIO (2007).
“O processo de escavação foi feito da seguinte forma: um longo corte,
com todo o comprimento necessário, acompanhando um muro alto
(atualmente existente), que divide o sítio ao meio e o separa das casas
vizinhas, utilizado como parede do museu. Afastado um metro e meio
de tal parede, o corte tem a largura de dois metros e toda a
profundidade do sítio, onde necessário. Como de praxe, para
localização do material, foram divididos setores identificados em 4m².
Objetivando a mostra ao público, nos setores onde ocorreram
estruturas e evidências de importância, a escavação foi – total ou
parcialmente – paralisada, permanecendo as mesmas em campo,
submetida às mesmas medidas de segurança que foram julgadas
necessárias.” (TRINDADE, 2004, 40)

De acordo com Jorge Pinheiro, nesta área pode-se observar que os


arqueólogos dividiram o local em quadrantes cavando o centro destes,
analisando e aumentando o perímetro do espaço a ser explorado dependendo
do material que for encontrado. Deixaram alguns quadrantes mais altos para
destacar o tamanho das cascas de Ostras encontradas no local que são muito
grandes. A divisão foi feita em cinco camadas estratigráficas e a areia
encontrada no fundo é parecida com a areia da praia. A argila encontrada foi
trazida de outros lugares pelos sambaquianos que habitavam a região.

Durante as escavações foram encontradas vinte e uma ossadas das


quais quatro estão expostas. Ao mostrar o primeiro crânio exposto, Jorge
Pinheiro explica que de acordo com análise das características apresentadas, é
o enterramento de um homem idoso. Tal crânio estava alinhado ao restante do
corpo, no entanto, ocorreu um deslizamento de terra no local, uma
sedimentação, fazendo com que se separassem, e, por se tratar de um museu
“in situ”, os arqueólogos do IAB preferiram manter a ossada da maneira que
ficou, criando uma espécie de “aquário”.

Os povos sambaquianos que viviam na região eram enterrados com


seus pertences e de acordo com Jorge Pinheiro, a posição do corpo estava
situada de acordo com a posição do sol não havendo como saber até o
momento se esse ato possui alguma motivação religiosa, já que não foram
encontradas escrituras nem outra forma de comunicação. No entanto, os
pesquisadores perceberam que os indivíduos encontrados ali, em geral,
possuem a dentição completa e uma possível justificativa se dá ao observar a
alimentação desses povos que eram basicamente as cascas de ostras que, por
sua vez, são ricas em cálcio. Foi constatado pelos arqueólogos que trabalham e
estudam os vestígios desse sambaqui que o povo que ali vivia não possuía uma
cultura de cemitério, pois os corpos eram enterrados no mesmo local onde os
indivíduos viviam. Mudavam-se somente quando havia escassez de alimentos
que fazia com que fossem para outros lugares. Pinheiro diz ainda que de acordo
com os pesquisadores, provavelmente os grupos espalhavam cascas de ostras
no chão ao redor do perímetro do acampamento talvez com a idéia de se
promover a defesa do grupo, pois ao pisar em uma casca de ostra, tanto recente
quanto petrificada, os pés são cortados, além disso, é emitido o som da casca
rompendo, sendo o aviso de que alguém está entrando no local.

É possível observar ainda outro sepultamento que talvez seja o mais


importante do museu. São dois indivíduos: uma criança com aproximadamente
oito anos de idade – concluem essa idade, pois ainda apresenta um dente de
leite – e o outro indivíduo que tem cerca vinte e cinco anos de idade. Acredita-se
que seja uma mulher, pois os ossos da bacia são bastante largos. A posição
desses corpos é a mesma da ossada vista anteriormente. Esse sepultamento foi
realizado há cerca de 2800 anos.

No museu, são encontradas ainda vitrines com objetos e utensílios


encontrados na região, vitrines com quadros explicativos que mostram como
viviam os povos sambaquianos, um maquete que retrata como deveria ser a
região no período em que esses povos ali viviam, além de mostrar como
realizavam algumas. Além dessas exposições no museu existe também um
mapa explicativo sobre as teorias de como se deu a ocupação no local, além de
apresentar um busto com a reconstituição do rosto de um dos crânios expostos
no sítio arqueológico feita pela artista plástica Clara Arthaud, explicando que
este apresenta características “negróides”. Apresenta ainda um mapa que faz
parte da exposição do museu e explica as teorias da ocupação do litoral do Rio
de Janeiro além de mostrar uma maquete da região montada por Roberto Sá,
um artista local. Sobre a exposição, Juber Decco, Técnico em Arqueologia do
Inatituto de arqueologia Brasilera diz que “Foi se pensado desde o início a
posição, aonde ia ser feita a escavação, aonde ia ser colocado vitrine, aonde ia
ser feito tudo. Isso foi um projeto anterior da escavação.13”

É importante destacar que foi constatado que os povos sambaquianos


habitavam este local devido a facilidade de alimentos oferecida pelo mar na
região.

“Até certo ponto essa facilidade de alimentos conteve as mudanças


culturais. Então você observa que os sambaquis são ocupados às
vezes três mil anos e a população que estava lá no início é muito
parecida com a população que estava no final da ocupação do sítio,
fazendo os mesmos artefatos, utilizando a mesma potencialidade da
natureza e com muito pouco padrão de modificação cultural. Quando
nós fizemos a escavação no Sambaqui da Tarioba, nós pudemos notar
exatamente essa peculiaridade. Ele foi ocupado por mais de mil anos e
não se nota praticamente nenhuma diferença no acervo cultural, dos
níveis mais profundos para o nível mais recente. Pesquisas
arqueológicas posteriores mostraram que até pelo menos o século XVII
povos de cultura sambaquiana continuaram vivendo no estado do Rio
14
de Janeiro.” (Ondemar Dias – Presidente IAB)

Não se sabe bem a causa do desaparecimento dos povos que habitavam


os sambaquis. A hipótese mais provável é que tenham sido dizimados em
disputas por territórios ou incorporados pelas tribos guerreiras provenientes do
interior do país, que ocupavam toda a costa brasileira na época do
descobrimento.

“O esvaziamento populacional, ele se dá fundamentalmente por uma


razão: os portugueses precisavam da força de trabalho indígena. Os
demógrafos da Escola de Berkeley dizem que o que aconteceu aqui foi
a maior catástofre demográfica de toda a história da humanidade.

13
Idem 7
14
Idem 7
Nunca um continente foi esvaziado com tanta violência e com tanta
rapidez como o nosso.” (José Ribamar Bessa Freire)

Deste modo, pudemos então, conhecer um pouco a processo de


surgimento, pesquisa, formação e caracterização do Museu de Arqueologia
Sambaqui da Tarioba que se deu no âmbito da Fundação Rio das Ostras de
Cultura. Após a segunda etapa da pesquisa de campo realizada entre os dias 03
e 07 de setembro de 2010, algumas dessas “falas oficiais” foram questionados
por outros entrevistados, moradores da cidade e alunos do curso de Produção
Cultural da Universidade Federal Fluminense, como veremos adiante.

RELAÇÕES ENTRE MEMÓRIAS INSTITUCIONAIS E SOCIAIS

Este item se baseia na visita ao museu e entrevistas com moradores da


cidade e alunos do curso de Produção Cultural da Universidade Federal
Fluminense, campus de Rio das Ostras, realizadas entre os dias 03 e 07 de
setembro de 2010. Os dados das entrevistas deste momento da pesquisa ainda
estão em fase de organização e análise, no entanto, considero importante
apresentar alguns contrapontos acerca de informações coletadas na pesquisa
de campo realizada anteriormente, em abril de 2009, tendo em vista que
naquele primeiro momento, as entrevistas realizadas foram basicamente com
funcionários do museu, notoriamente o Coordenador de eventos, Jorge Pinheiro,
que apresentou o discurso Institucional e oficial da história contada e da
memória guardada pela Fundação Rio das Ostras de Cultura.

Após passar pelo processo de qualificação de meu projeto de


dissertação, algumas questões que precisavam ser esclarecidas foram
detectadas pela banca, e a necessidade de retornar ao museu para coletar mais
informações tanto institucionais quanto da comunidade visando fazer um
contraponto se tornaram evidentes. Algumas das questões se referiam quanto
ao teatro ao ar livre que seria construído nos fundos da casa: como era seu
projeto? De quem era esse projeto? A pessoa que construiu o projeto sofreu
algum tipo de frustração? Outra questão fundamental se dá na relação da
comunidade com o museu: a comunidade acha importante preservar um sítio
arqueológico? Eles se reconhecem naquele museu (uma das impressões que o
discurso oficial deseja divulgar)? Como se dá a visitação no museu? Outras
questões surgiram ao longo da entrevista, como por exemplo, acerca da
conservação do material exposto, como é feita e com que freqüência? Outro
ponto fundamental que motivou o retorno ao campo foi o intuito de acompanhar
uma nova visita guiada, preferencialmente para alunos de ensino fundamental
ou turistas e relacionar com a visita realizada anteriormente.

Deste modo, nesse segundo momento da pesquisa de campo, além de


revisitar o museu com novos olhares e aberta a conhecer novas histórias, tive
também a oportunidade de entrevistar e conhecer pessoas que fazem parte da
comunidade, tais como alunos do curso de Produção Cultural da Universidade
Federal Fluminense de Rio das Ostras, uma moradora da região e Mara Moreira
Fróes, que foi presidente da Fundação Rio das ostras de Cultura, sendo uma
das idealizadoras da criação do Museu de Arqueologia.

Ao chegar no museu fui novamente recepcionada por Jorge Pinheiro. Por


ser sábado ele estava sozinho cuidando tanto da Casa de Cultura quanto do
Museu de Arqueologia, deste modo, não poderia fazer novamente uma visita
guiada completa. Sendo assim, Pinheiro guiou pela Casa de Cultura, contando
novamente sua história em um discurso muito semelhante ao realizado
anteriormente em abril de 2009.

Ainda nesse primeiro dia de pesquisa de campo, entrevistei a Produtora


Cultural, formada pela UFF, Mariah Guedes, que desenvolveu seu trabalho de
Conclusão de Curso intitulado “Gestão Cultural no Município de Rio das Ostras
(RJ): Breve análise da atuação da Fundação Rio das Ostras de Cultura”, onde
desenvolve uma análise acerca

“...do papel da Fundação Rio das Ostras de Cultura (FROC) na gestão


cultural do município de Rio das Ostras (RJ) a partir da abordagem de
seu breve histórico de formação político-administrativa, dos
equipamentos culturais mantidos pela FROC, das políticas culturais
previstas na legislação municipal e dos perfis dos públicos que
usufruem dos projetos implantados por esta fundação com base em
pesquisas sobre diferentes públicos consumidores de cultura em Rio
das Ostras.” (GUEDES, 01, 2009)

Tanto a entrevistas com Mariah Guedes, quanto seu trabalho de


conclusão de Curso serão ferramentas fundamentais para auxiliar na
compreensão das leis que norteiam Rio das Ostras culturalmente, bem como, a
gestão cultural da FROC.

No dia 05 de setembro de 2010, me dirigi novamente ao museu. Neste


dia, último o qual poderia visitá-lo, tendo em vista que não funcionaria no dia 06
por ser segunda-feira e dia 07 de setembro, feriado. Mais uma vez Jorge
Pinheiro estava sozinho e não pôde acompanhar novamente uma visita pelo
museu de arqueologia, pois este está localizado aos fundos da Casa de Cultura,
no entanto, pude fazer questões pontuais que ainda serão transcritas e
devidamente analisadas. Reparei que no final de semana, apesar de serem dias
movimentados por conta do feriado prolongado, a visitação do museu foi baixa.
Ao observar o livro de visitas, pude perceber que o grande público do museu é
efetivamente visitantes com visitas guiadas agendadas, notoriamente escolas,
universidades e grupos de professores.

Neste mesmo dia, ainda no museu, entrevistei uma aluna do curso de


Produção Cultural da UFF, Ana Luiza Barbosa. Um dos assuntos referentes ao
museu que todos os entrevistados se referiram foi referente a manutenção,
afinal, apenas arqueólogos do Instituto de Arqueologia Brasileira podem fazê-la
e, por uma série de dificuldades – entre elas transporte – não é realizada com
freqüência e isso, pareceu ser uma preocupação dos entrevistados.

Em seguida, segui para um bar chamado Taberna para entrevistar


Regina Muniz, moradora da cidade, que frequentava o local como veranista na
infância e, após a aposentadoria resolveu mudar-se. Em seu relato, fez algumas
comparações da gestão da FROC e, notoriamente do museu atualmente e, da
gestão anterior, além de gestão pública da cidade.

No dia seguinte, a entrevista foi realizada com Juliana Azevedo,


Produtora Cultural pela UFF e professora da rede Pública de Ensino de Rio das
Ostras que apresentou uma outra visão do discurso estabelecido no Museu de
Arqueologia pela Fundação Rio das Ostras de Cultura, com um olhar mais
voltado para as escolas e o trabalho realizado dentro delas. Relatou a
dificuldade de levar os alunos até o museu, seja por falta de transporte, seja por
questões administrativas das escolas e, até mesmo, da própria cidade.

Neste mesmo dia, após tentar diversas vezes contato sem muito sucesso,
encontrei Mara Moreira Fróes, antiga presidente da Fundação Rio das Ostras de
Cultura, no momento do processo de musealização do sambaqui da tarioba.
Apresentou um relato com conteúdo denso e muito importante para esta
pesquisa, principalmente no que se refere à musealização do sambaqui. A
questão que mais afligia e que eu necessitava tentar esclarecer se dava no
sentido de que eu precisa saber sobre os motivos da “mudança de planos”,
afinal, anteriormente nos fundos da Casa de Cultura Bento Costa Júnior seria
contruído um teatro ao ar livre. Segundo Mara Fróes, este seria um “teatrinho”,
pequeno, que seria construído porque naquele momento, na cidade, ainda não
haviam outros equipamentos culturais, que acabaram sendo construídos
posteriormente (entre eles uma concha acústica e um teatro), no entanto, ao ser
descoberto o sambaqui, eles decidiram construir um museu “in situ” juntamente
com o IAB. Este foi o momento da entrevista que neste trabalho, deve ser
destacado, no entanto, ressalto que esta entrevista possui muitos outros pontos
importantes a serem analisados.

Por último, no dia 7 de setembro, entrevistei Mônica Pereira, também


aluna do curso de Produção Cultural da UFF que foi estagiária em um projeto
educacional no museu e, pôde apresentar outros olhares ao discurso
institucionalizado e oficial apresentado, no entanto, por ter sido uma entrevista
muito longa e com um vasto conteúdo, optei por não comentar após analisar
mais profundamente essa narrativa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Recorremos a testemunhos para reforçar ou enfraquecer e também


para completar o que sabemos de um evento sobre o qual já temos
alguma informação, embora muitas circunstâncias a ele relativas
permaneçam obscuras para nós.” (HALBWACHS, 29, 2006)

O Museu de Arqueologia Sambaqui da Tarioba é um dos exemplos no


estado do Rio de Janeiro de museus que trazem para o cenário oficial da cidade
a memória de grupos sambaquianos e indígenas, que, postos a margem da
história, estavam esquecidos e mitificados na lembrança como povos que
viveram no cenário da metrópole, mas que não o configuram mais. Em uma
análise parcial dos dados, é possível perceber que, apesar de diversas questões
e críticas colocadas por narradores externos ao museu, seus gestores se
esforçam para mantê-lo.

As entrevistas realizadas até esse momento foram importantes para


auxiliar na construção de uma memória coletiva tanto do museu, quanto da
Casa da Cultura, da Fundação Rio das Ostras de Cultura e da própria cidade
que estão ligadas a vínculos históricos e culturais. Por ser uma pessoa de fora
da cidade realizando uma pesquisa sobre um dos equipamentos culturais
considerado o mais importante, a memória individual de cada um com certeza
está auxiliando na construção de memórias que passam por uma coletividade.
As lembranças das histórias da cidade, do museu e da casa de cultura tanto
contemporâneas quanto referentes à histórias da construção e uso da casa
ainda no século XIX são coletivas e constantemente lembradas por outros,
sejam funcionários, moradores, pesquisadores etc.
Deste modo, pretendo neste trabalho contribuir para os estudos
referentes à memória e história da ocupação indígena e sambaquiana no estado
do Rio de Janeiro a partir deste estudo de caso no Museu de Arqueologia
Sambaqui da Tarioba.

REFERÊNCIAS

ABREU, Regina. Patrimônios Etnográficos e Museus: uma visão


antropológica. In: ABREU, Regina e DODEBEI, Vera (orgs.). E o Patrimônio?
Rio de Janeiro: Contra Capa/Programa de Pós-Graduação em Memória Social
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2008.

ABREU, Regina. Cartografando o Rio de Janeiro e seus museus: notas


sobre a etnografia dos percursos. 2009 (mimeo)

ABREU, R. & CHAGAS, M. (orgs.) Memória e Patrimônio: ensaios


contemporâneos. 2. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2009.

FONSECA Jr, Eduardo. Sambaquis e quilombolas nas terras fluminenses. 1.ed.


Rio das Ostras: Gráfica e Policromia Iriry, 2004.

FREIRE, José Ribamar Bessa. Tem índio no Rio. UERJ – Universidade do


Estado do Rio de Janeiro. 2001.

GASPAR, Maria Dulce. Sambaqui: Arqueologia do Litoral Brasileiro. 2. Ed. Rio


de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

GASPAR, Maria Dulce, BUARQUE, Angela, CORDEIRO, Jeanne, ESCÓRCIO,


Eliana. Tratamento dos Mortos entre os Sambaquieiros, Tupinambá e
Goitacá que ocuparam a Região dos Lagos, Estado do Rio de Janeiro. In:
Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo nº17: 2007.
GUEDES, Mariah. Gestão Cultural no Município de Rio das Ostras: Breve
análise da atuação da Fundação Rio das Ostras de Cultura. Trabalho de
Conclusão de Curso. Universidade Federal Fluminense. Rio das Ostras: 2009.
mimeo

HALBWACHS, M. A Memória Coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

IBGE. Mapa etno-histórico de Curt Nimuendaju. Fundação Instituto Nacional de


Filosofia e Estatística em colaboração com a Fundação Nacional Pró-Memória.
Rio de Janeiro: IBGE, 1987. 94p.:mapa.

LIMA, Maria da Glória d’Almeida. Pérola entre o rio e o mar: História de Rio das
Ostras. 3.ed. Rio das Ostras: Poema, 1998.

MAGNANI, José Guilherme Cantor. O (bom e velho) Caderno de Campo.


Sexta Feira (São Paulo), São Paulo, v.1, 1997.

POLLAK, M. “Memória, Esquecimento, Silêncio” In: Estudos Históricos. Rio de


Janeiro: FGV, 1992. Disponível em: <
http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/43.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2009.

TENÓRIO, Maria Cristina. Identidade Cultural e Origem dos Sambaquis. In:


Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, nº 14: 2004.

TRINDADE, Denise Chamum. Arqueologia e Memória: O caso da musealização


do Sambaqui da Tarioba. 3.ed. Rio das Ostras: Fundação Rio das Ostras de
Cultura: Gráfica Iriri, 2004.

FONTES ÁUDIOVISUAIS

Acervo do Projeto Memória, Cultura, Transformação Social e Desenvolvimento:


Panorama Museal do Estado do Rio de Janeiro.
Baixadas Litorâneas: Fita 4A - Costa do Sol; Fita 4B – Costa do Sol; Fita 4C-
Costa do Sol; Fita 4D – Costa do Sol

PREFEITURA DE RIO DAS OSTRAS. Fundação Rio das Ostras de Cultura.


Sambaqui da Tarioba: Preservar é Preciso. Rio das Ostras, 2004. (30 min)

FONTES DA WEB

FUNDAÇÃO RIO DAS OSTRAS DE CULTURA.


http://www.culturariodasostras.com.br/ - Acesso em: 06. Abr. 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).


http://www.ibge.gov.br/home/ - Acesso em: 11. Jun. 2010.

INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (IBRAM)


http://museus.ibram.gov.br/sbm/cnm_apresentacao.htm - Acesso em: 11. Jun.
2010.

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