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Acrise econômica brasileira

Economia Brasileira Contemporânea III - UFABC


Prof. Fábio Terra
Estruturais

Choques

Conjunturais

Crise brasileira recente


(2013-2016)
• Reajustes preços administrados
• Seca de 2014 e preço de energia
Choques • Lava-jato
• Efeito Trump e Brexit
• Crise política

• Crise fiscal
• Guerra Cambial
Conjunturais
• Inflação
Setor Externo • Expectativas desgovernadas
• Piora nos termos de troca

• Pouco ganho de produtividade


• Câmbio comumente apreciado
• Infraestrutura insuficiente
• Pouca inovação
Estruturais • Instituições “em
desenvolvimento”
• Baixo nível de escolaridade
• Elevados custos de produção
Choques

Explicar a recessão

Problemas Conjunturais
Análise

Políticas de longo prazo,


estimuladas por políticas de
Dão sustentação ao crescimento curto prazo de estimulo à
no longo prazo Problemas estruturais
demanda, que aprimorem a
qualidade da capacidade de
oferta da economia
Sobre estas daqui
esta apresentação
se dedica

Choques
Explicar a
Análise
recessão
Problemas
Conjunturais
Diagnóstico dos problemas no Brasil: as políticas macroeconômicas no Brasil, como foram
operacionalizadas?
Diante da crise econômica, o ainda governo Lula coloca em práticas, entre fins de 2008 e meados de
2009, uma série de medidas para estimular a demanda e oferecer liquidez à economia.

As políticas de incentivo levam o Brasil a enfrentar bem a crise e, principalmente, fazem com que o
desempenho econômico do País em 2010 fosse excepcional: crescimento de 7,5%, desemprego de 5,8% e
taxa de investimento de 21,8%.

Nestas condições promissoras, Dilma Rousseff assume a presidência em janeiro de 2011.

Embora o novo governo (Dilma I) tenha dado continuidade à várias políticas de estímulo à demanda
vindo do governo passado, não se entenda-o como mera continuidade.

A principal diferença pós-2011 encontra-se na chamada Nova Matriz Macroeconômica.


• Em linhas gerais, a Nova Matriz envolveu mudanças na condução da política
econômica:
1) Na política cambial: uso, em grande magnitude, de swaps cambiais (US$ 100
bilhões em dezembro de 2014) e inconstância de colocação e retirada de
controles de capitais;
2) Na política fiscal: o governo concedeu muitas desonerações tributárias como
forma de incentivo ao setor privado, o que reduziu a arrecadação. Porém, os
gastos não foram reduzidos. Além disso, empregaram-se expedientes pouco
usuais para fechamento de contas;
• Em linhas gerais, a Nova Matriz envolveu mudanças na condução da política
econômica:
3) Na política monetária: o regime continuou sendo as metas de inflação,
porém três novos elementos acompanharam a operacionalização da política
monetária:
i. O intervalo temporal de alcance da meta se expandiu, embora não oficialmente;
ii. Preços administrados foram controlados como petróleo e energia, a bem da conteção
inflacionária
iii. Redução histórica e surpreendente da taxa de juros básica, a Selic.
• Além disso, a Nova Matriz ainda trouxe consigo...
4) Mudanças no mercado de energia elétrica;

5) Controle de taxa de retorno de concessões públicas;

6) Uso dos bancos públicos – Caixa e Banco do Brasil – para iniciar uma guerra
de preços no varejo bancário;
• O que deu errado com a economia brasileira?
• Uma série de fatores implicaram os problemas vividos pela economia
brasileira.
• Contudo, não foi a natureza/perfil de estímulo à demanda das políticas
econômicas o problema, mas a forma de sua operacionalização.
1. As autoridades econômicas mantiveram-se anunciando metas irrealistas de crescimento do PIB;
2. Sobre-estimação de receitas e aumento de gastos públicos nelas baseadas levaram à necessidade
de recursos extraordinários (como os vindos do refis), contabilidade criativa, e ampliação dos
restos a pagar para fechamento do caixa do governo;
3. Uso constante da banda superior como meta de inflação;
4. Políticas de incentivo – como subsídio – sem metas nem contrapartidas claras (apenas
manutenção do emprego) e sem fiscalização (uma Coreia do Sul mal feita);
5. Reuniões dos Conselhos, tais como o do Desenvolvimento Socioeconômico e do
Desenvolvimento Industrial, deixaram de ser realizadas;
6. Insistência dessas políticas, mesmo depois de elas não apresentarem resultados favoráveis.
Taxa de variação do PIB - 2004 – 2016 (BCB, 2016)
10

8 7,57

6,01
6 5,66
5,02
4 3,92
4
3,15
2,74
1,76
2
%

0,15
0
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
-0,23
-2

-4 2016
-3,9 - 3,6%
-6
GDP real growth 2 por Média Móvel (GDP real growth)
Índice de Confiança dos Empresários Industriais – 2010 – 2016 (novembro) (IPEADATA, 2016)
70,00

60,00
Level of confidence - below 50,00 pessimistic confidece

50,00

40,00

30,00

20,00

10,00

0,00
2010.01 2010.06 2011.01 2011.06 2012.01 2012.06 2013.01 2013.06 2014.01 2014.06 2015.01 2015.06 2016.01 2016.06 2016.11

Industrial Businessmen Confidence Index 2 por Média Móvel (Industrial Businessmen Confidence Index)
Índice de Confiança da Indústria
(dados de jul/08 a set/17, dessazonalizados)

Fonte: FGV-IBRE
e relatório são ajustados por sazonalidade, exceto quando expressamente indicado. Informações mais detalhadas sobre
disponíveis no site www.fgv.br/ibre.
Índice de Confiança da Construção1
(Dados de set/11 a set/17, dessazonalizados)

Fonte: FGV IBRE

orreu da melhora tanto da percepção sobre o momento presente do


tivas de curto prazo. O Índice de Expectativas (IE-CST) avançou 1,8 ponto,
Índice de Confiança do Comércio
(Dados de mar/10 a set/17, dessazonalizados)

Fonte: FGV/IBRE
Índice de Confiança de Serviços
(Dados de jul/08 a set/17, dessazonalizados)

Fonte: FGV IBRE


Índice de Confiança Empresarial
(dados de set/08 a set/17, dessazonalizados)
mento”, afirma Aloisio Campelo Jr., Superintendente de Estatísticas Públicas da F

Indicador de Intenção de Investimentos da Indústria


(Dados a partir do 3º trimestre de 2012)

___________
es usado na formulação da pergunta que origina o indicador deveria levar a respostas imunes à influência sazonal, o qu
. O tamanho relativamente pequeno da série histórica, no entanto, impede uma análise conclusiva sobre o assunto.
Fonte: FGV-IBRE

os é um levantamento estatístico trimestral que fornece sinalizações sobre o rumo dos investimentos produtivo
avançou 2,2 pontos, para 91,1, mesmo patamar de abril.

Índice de Confiança do Consumidor (dessazonalizado)

Fonte: FGV/IBRE
cador de Incerteza da Economia Brasil

Gráfico 1 – Indicador de Incerteza da Economia Brasil (IIE-Br)

Fonte: FGV\IBRE

A queda do IIE-Br em setembro de 2017 decorreu de recuos nos componentes Mídia e


Expectativa. O IIE-Br Mídia caiu 7,5 pontos no mês, contribuindo com -6,6 pontos para o
10
12
14
16
18

0
2
4
6
8
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
2014.01
2014.02
2014.03
2014.04
2014.05
2014.06
Taxa referencial - swaps - DI pré-fixada - 360 dias - média do período - (% a.a.)

2014.07
2014.08
2014.09
2014.10
2014.11
2014.12
2015.01
2015.02
2015.03
2015.04
Selic

2015.05
2015.06
Taxa Selic e taxas referenciais (LTN e DI-pré) d+360 – 2011.1 a 2016.07 (BCB, 2016)

2015.07
2015.08
2015.09
2015.10
2015.11
2015.12
2016.01
2016.02
2016.03
2016.04
2016.05
2016.06
2016.07
R$ milhões de setembro de 2016

100.000
150.000
200.000

-100.000
50.000

-50.000
jan/11
mar/11
mai/11
jul /11
set/11

Receitas
nov/11
jan/12
mar/12
mai/12
jul /12

Despesas
set/12
nov/12
jan/13
mar/13
mai/13
jul /13
set/13
nov/13
Resultado primário
STN (2016))

jan/14
mar/14
mai/14
jul /14
set/14
nov/14
jan/15
mar/15
mai/15
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set/15
6 por Média Móvel (Resultado primário)

nov/15
Resultado primário - 2011 a 2016 - R$ milhões de setembro de 2016 (Fonte:

jan/16
mar/16
mai/16
jul /16
set/16
fiscal
móvel
A média

mostra a
deterioração
O que fecha a
conta fiscal?
Dívida.

Dívida bruta do governo geral (%/PIB, 2009 a 2016.7 (BCB, 2016))


Variação anual da dívida bruta 2007 a 2016 -R$ milhões - (Fonte: BCB (2016))

800 000

700 000 675 075

600 000
A dívida
Variação anual em R$ milhões

504 452
500 000 para fechar
402 180
400 000 a conta...
340 343
300 000
206 207 198 036 232 536 232 082
200 000 164 050
100 000
38 098
0
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Variação da dívida bruta


Taxa Selic e taxas referenciais (LTN e DI-pré) d+360 – 2011.1 a 2016.07 (BCB, 2016)
Parte do
18 aumento de
16 juros vem do
14
maior prêmio
de risco na
12
ponta longa,
10 onde se
8 encontram os
títulos para
6
financiamento
4 da política
2 fiscal
0
20 01
20 03
20 05
20 07
20 09
20 11
20 01
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20 01
20 03
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20 07
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20 03
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20 09
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20 01
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20 07
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20 01
20 03
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.07
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11
11
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12
12
12
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12
13
13
13
13
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15
15
15
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15
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16
16
16
16
20

Taxa de juros pré fixada - estrutura a termo - LTN - 12 meses - (% a.a.)

Taxa referencial - swaps - DI pré-fixada - 360 dias - média do período - (%


a.a.)
Juros nominais - 1997 a 2015 - anual em %/PIB (Fonte: STN (2016))
8

Grande
7
aumento do
pagamento
6 de juros pós-
2013
5
%/PIB

0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Juros nominais/PIB
• A política cambial conseguiu desvalorizar o câmbio, o que em tese daria um impulso export-led monetário de curto
prazo, porém, a valorização do salário mínimo real continuou garantindo um salário mínimo real valorizado em
US$, o que, somado ao cenário externo desfavorável com demanda arrefecida e guerra cambial, em déficit comercial
em 2014.

Taxa de câmbio real-efetiva (R$/US$) e Relação Câmbio Real/Salário Real


180

160
Index - 2005 average value = 100

140

120

100
2012.01 2012.06 2013.01 2013.06 2014.01 2014.06 2014.12
80

60

40

20

0
Real effective exchange rate Real exchange rate-wages ratio
Index - 2006 average value = 100

0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
ao exterior)

2010.11
2010.12
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
Real sale-proceeds

2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
Real wage bill

2013.10
2013.11
Faturamento Real x Folha de Pagamento Real 2010 a 2015

2013.12
2014.01
2014.02
2014.03
2014.04
2014.05
2014.06
2014.07
2014.08
2014.09
2014.10
2014.11
2014.12
2015.01
• Por fim, mesmo um certo wage-led por conta da política de valorização do salário mínimo real não implicou

2015.02
2015.03
2015.04
melhoria dos investimentos, dado que as receitas das empresas não cresceram ao mesmo passo (desvio de demanda
• E o setor externo não ajudou o Brasil igualmente...
• E o setor externo não ajudou o Brasil igualmente...
• Ou seja, o Brasil vai perdendo os drives privados de demanda:
i. Investimento pós-2011;
ii. Setor externo, pós-2013;
iii. Consumo, pós-2014;
iv. Setor público, pós-2013:
a. Contudo, no que toca ao Setor público, o argumento aqui não é que se o ``perdeu``, é que se o desperdiçou e se o colocou como
incapaz de puxar o investimento privado. Por quê?
1. Inconstância de medidas;
2. Perda de credibilidade no mismatch entre anúncios e feitos;
3. Insistência no que estava dando errado;
4. Desuso dos conselhos (bons mecanismos de comunicação social)
5. Política econômica ``sem medir custos ( inflação no teto da meta, crescimento da dívida, swap cresce muito em 2014)``
6. Ciclo eleitoral em 2014
7. Política de investimento direto do governo é substituída por política de incentivo, bem menos eficaz – maior exemplo,
capitalização do BNDES, cujo capitalização via Tesouro entre 2009 e 2014 correspondeu a 67% do investimento do governo
federal no mesmo período. Porém, entre 2013 e 2014 o desembolso do BNDES cresceu apenas 3%, ou seja, o custo efetivo e
de oportunidade do Tesouro é imenso.

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