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CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES SEGUNDO A TEORIA QUINÁRIA DE PONTES

DE MIRANDA.

Para Pontes de Miranda, as ações podem ter cinco cargas de eficácia. Segundo a eficácia
predominante, as ações podem ser classificadas em ação declaratória, ação constitutiva, ação
condenatória, ação mandamental e ação executiva.

AÇÃO DECLARATÓRIA É também conhecida como ação puramente declaratória ou


meramente declaratória. Trata-se da ação em que se pleiteia apenas a certificação ou a declaração.
No direito brasileiro, é possível postular a certificação de existência ou inexistência de uma relação
jurídica ou a autenticidade ou falsidade de um documento. Com efeito, o art. 19 do Novo CPC
prevê expressamente que o interesse do autor deve se limitar à declaração de existência,
inexistência ou modo de ser de uma relação jurídica, ou ao reconhecimento da autenticidade ou
falsidade de documento. Assim, como regra, não cabe ação declaratória para dar interpretação a
texto de lei, ou para declarar um fato, salvo se esse fato for a autenticidade ou falsidade de
determinado documento.

De outro lado, o art. 20 prevê que “é admissível a ação meramente declaratória, ainda que
tenha ocorrido a violação do direito”. Desse modo, por exemplo, num acidente de trânsito, um dos
condutores pode propor ação declaratória com o objetivo de reconhecer que o outro é o culpado
pelo acidente, sem que precise formular pedido condenatório (o pedido condenatório pode não lhe
ser conveniente, porque, p. ex., o réu é pobre, ou porque o prejuízo do autor foi muito pequeno). De
outro lado, a Súmula 181 do STJ estabelece que “é admissível ação declaratória, visando a obter
certeza quanto à exata interpretação de cláusula contratual”. A Súmula 242 do STJ dispõe que “cabe
ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários”. São
exemplos de ações declaratórias: a ação consignatória; a ação de usucapião; a ação declaratória de
existência de sociedade de fato; a ação declaratória de união estável; a ação declaratória de nulidade
(não de anulação) de negócio jurídico; a ação declaratória de inexistência de dívida.

AÇÃO CONSTITUTIVA Trata-se de ação em que se postula a criação, a modificação ou a


extinção de uma relação jurídica. São exemplos de ações constitutivas: divórcio; anulação de
casamento; ação de anulação de negócio jurídico; regulamentação de visitas; ação de guarda; ação
de suspensão e destituição do pátrio poder; ação de adoção; ação renovatória e revisional de
locação; ação de desapropriação; ação popular; ação de divisão de terras; ação de extinção de
condomínio

AÇÃO CONDENATÓRIA Trata-se da ação em que o autor busca a condenação do réu a


uma prestação de pagar quantia, de entregar coisa, de fazer ou de não fazer. Pode-se citar, como
exemplos de ações condenatórias, a ação de indenização; a ação de reparação; a ação de perdas e
danos; a ação de ressarcimento; a ação de locupletamento; a ação de alimentos.

AÇÃO MANDAMENTAL Há autores que não reconhecem a autonomia da ação


mandamental e da ação executiva, fundamentando que estariam dentro da ação condenatória. No
entanto, de acordo com a Teoria Quinária de Pontes de Miranda e os doutrinadores que a seguem,
tais ações (mandamental e executiva) possuem autonomia classificatória, razão pela qual são assim
tratadas aqui.

A ação mandamental é aquela em que se pede a imposição de um dever e o seu cumprimento


por meio de coerção indireta. A coerção é indireta porque atua na esfera psicológica daquele a quem
se impõe a obrigação, a fim de que a cumpra, mas o Estado-juiz não consegue diretamente efetivar
aquela obrigação. Por exemplo, num mandado de segurança em que se concede a implantação de
determinado benefício a servidor público, o Estado-juiz não consegue entrar no sistema de recursos
humanos do órgão pagador para incluir o benefício na folha de pagamento. Então, precisa-se de
uma coerção indireta para que o órgão responsável tome essa providência que foi determinada
judicialmente.

São exemplos de ações mandamentais o mandado de segurança; o mandado de injunção; o


habeas data; o interdito proibitório; os embargos de terceiro; a ação de depósito

AÇÃO EXECUTIVA Trata-se de ação em que se pede a imposição de um dever e o seu


cumprimento por meio de coerção direta. Vale dizer, o Estado-juiz impõe uma obrigação e atua
diretamente para o seu cumprimento. A ordem não satisfeita pelo demandado é cumprida pela
coerção direta do Estado juiz. Por exemplo, numa ação de despejo, a ordem de desocupação, caso
não cumprida pelo locatário, será efetivada diretamente pelo oficial de justiça, inclusive com o
auxílio de força policial. São exemplos de ações executivas: a ação reivindicatória; a ação de
imissão de posse; a ação de reintegração de posse; a ação de petição de herança; a ação de
adjudicação compulsória; a ação de busca e apreensão (Decreto-Lei 911/69); a ação de despejo.

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