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OAB DIRETO AO PONTO

DIREITO DO TRABALHO – 2ª FASE


PROFESSORA ANA PAULA LUCAS

AULA 5 – DIREITO MATERIAL DO TRABALHO:

1. Jornada de trabalho
2. Trabalho noturno

CAPÍTULO 11 – DA DURAÇÃO DO TRABALHO

1. NOÇÕES GERAIS

→ CONCEITO: É quantidade de horas diárias de trabalho que o empregado presta à empresa. É necessário que o
empregado esteja à disposição do empregador. Não precisa estar efetivamente trabalhando, bastando a presunção de
que o empregado está aguardando ordens ou executando ordens.

→ BASE LEGAL:

CF/88:

a) Art. 7º, XIII – Duração do trabalho não superior a 8 horas diárias e 44 semanais. Facultada compensação de
horas e redução da jornada mediante acordo ou convenção coletiva.
b) Art. 7º, XIV – Jornada normal de 6 horas para trabalho em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
negociação coletiva.
c) Art. 7º, XVI – Fixação do adicional de horas extras em, no mínimo, 50% da hora normal.
d) Art. 7º, XXXIII – Proibição do trabalho noturno para menores de 18 anos.

CLT: ARTS. 57 A 75

2. JORNADA DE TRABALHO

Vários doutrinadores distinguem as expressões: jornada de trabalho e horário de trabalho.

Alice Monteiro de Barros leciona que “jornada é o período, durante um dia em que o empregado permanece à
disposição do empregador, trabalhando ou aguardando ordens (art. 4°, CLT). Já o horário de trabalho abrange o
período que vai do início ao término da jornada, como também os intervalos que existem durante o seu
cumprimento.”1

Art. 4º, CLT. Considera-se como de serviço o período em que o empregado esteja à disposição do
empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.
§ 1º. Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os
períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente
do trabalho.
§ 2o.  Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período
extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no §
1o do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso
de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas
dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras
I - práticas religiosas;               
II - descanso;               
III - lazer;               
IV - estudo;               
V - alimentação;               
VI - atividades de relacionamento social;     
VII - higiene pessoal
VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.    

1
No Brasil o limite diário da jornada de trabalho é de 8 (oito) horas diárias, enquanto o limite semanal não deve
ultrapassar 44 horas, conforme o art. 7º, XIII da Constituição Federal.

Art. 7º, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho[...]

O art. 58, caput, CLT corrobora a norma constitucional:

Art. 58, CLT. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não
excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
§ 1º. Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro
de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários.
§ 2º. O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho
e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador,
não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. 

Observe que há dois limites legais para a jornada de trabalho: o limite diário de 8 horas e o limite semanal de 44
horas. Ambos devem ser respeitados para que não haja a obrigação de pagar as horas extras.

Atenção:

Alguns empregados, elencados no artigo 62, CLT, estão excluídos da proteção da jornada de trabalho:

a) os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho;
b) os gerentes que exerçam cargos de gestão e recebem acréscimo salarial igual ou superior a 40% do cargo efetivo;
c) os empregados em regime de teletrabalho.

Art. 62, CLT. Não se compreendem no regime deste capítulo:


I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo
tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;
II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do
disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.
III – os empregados em regime de teletrabalho.
Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II
deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for
inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento).

A ressalva é relevante, pois estes empregados não têm direito às horas extras, SALVO quando o empregador tem
controle das horas trabalhadas. Em relação ao controle de jornada realizado pelo empregador é importante
mencionar a OJ 332, SDI – 1, TST:

OJ 332, SDI-1, TST. Motorista. Horas extras. Atividade externa. Controle de jornada por tacógrafo. Resolução n.
816/86 do CONTRAN. O tacógrafo, por si só, sem a existência de outros elementos, não serve para controlar a
jornada de trabalho de empregado que exerce atividade externa.

Os horários de trabalho do empregado devem ser observados minuciosamente, com o intuito de examinar se todos
os limites legais foram impostos e, se for o caso, pleitear as horas extras ou intervalos legais (intrajornada e
interjornada) ou adicional noturno ou domingos e feriados trabalhados ou horas de sobreaviso, etc.

3. JORNADA DE 12X36 HORAS

De acordo com o Art. 59-A, CLT é admitida a escala de revezamento que fixa a jornada de 12 por 36 horas, por
acordo individual escrito, convenção ou acordo coletivo de trabalho, observados ou indenizados os intervalos para
repouso e alimentação.
Esclarece-se que, nessa modalidade, o trabalho prestado em domingos e feriados não gera o direito do adicional de
100%.

4. TRABALHO EM REGIME DE TEMPO PARCIAL – ART 58-A, CLT

O trabalho em regime de tempo parcial não excederá de 30 horas semanais, com salário proporcional à jornada
laborada, sendo que a adoção para os empregados já contratados pelo regime integral somente poderá ocorrer
mediante autorização contida em convenção ou acordo coletivo de trabalho, e opção manifestada por cada
empregado do estabelecimento.

Os empregados contratados nessa modalidade poderão prestar horas extras quando o contrato de trabalho não
exceder de 26 horas semanais.

Em relação às férias não há diferença para os trabalhadores em regime integral

5. HORAS EXTRAS

A hora extraordinária é aquela que ultrapassa a jornada normal de cada empregado, seja ela legal (oito horas diárias)
ou convencional. Esta hora trabalhada em sobretempo à jornada regular será acrescida do adicional de, no mínimo,
50% (cinquenta por cento).

Art. 7º, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal; [...]

Art. 59, CLT. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente
de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
§ 1º. A remuneração da hora extra será, pelo menos, 50% (cinqüenta por cento) superior à da hora normal.
§ 2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho,
o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que
não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja
ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.
§ 3º. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da
jornada extraordinária, na forma dos §§ 2º e 5º deste artigo, o trabalhador terá direito ao pagamento das horas
extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.
§ 4º. Revogado.
§ 5º.  O banco de horas de que trata o § 2o deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito,
desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses.
§ 6o.  É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para
a compensação no mesmo mês.

Súmula 264, TST. A remuneração do serviço suplementar é composta do valor da hora normal, integrado
por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional previsto em lei, contrato, acordo, convenção
coletiva ou sentença normativa.

Conclui-se que o adicional de, no mínimo, 50% calculado sobre a hora normal será devido em todas as hipóteses de
prorrogação de jornada, EXCETO, diante de acordo de compensação de horas.

Súmula 85, TST. REGIME DE COMPENSAÇÃO DE HORÁRIO SEMANAL - PAGAMENTO DAS


HORAS EXCEDENTES.
I - A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou
convenção coletiva.
II - O acordo individual para compensação de horas é válido, salvo se houver norma coletiva em sentido
contrário.
III - O mero não-atendimento das exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando
encetada mediante acordo tácito, não implica a repetição do pagamento das horas excedentes à jornada
normal diária, se não dilatada a jornada máxima semanal, sendo devido apenas o respectivo adicional.
IV - A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta
hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias
e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho
extraordinário.

Acrescenta-se, ainda, que o caput do artigo 59 determina que a duração do trabalho extraordinário não poderá
exceder duas horas diárias. No entanto, o descumprimento desta norma não exime o empregador de indenizar ao
empregado todas as horas suplementares trabalhadas. Neste sentido é o entendimento do TST proferido na súmula
376:

Súmula 376, TST. I - A limitação legal da jornada suplementar a duas horas diárias não exime o empregador
de pagar todas as horas trabalhadas.
II - O valor das horas extras habitualmente prestadas integra o cálculo dos haveres trabalhistas,
independentemente da limitação prevista no "caput" do art. 59 da CLT.

6. SOBREAVISO E PRONTIDÃO

Caracteriza-se quando o empregado, por determinação de seu empregador, aguarda eventual chamado para retornar
ao serviço em sua residência, circunstância essa que limita a utilização do tempo de folga do empregado, motivo
pelo qual ele tem direito à percepção de remuneração diferenciada por tal período.

Art. 244, §3º, CLT. Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da estrada,
aguardando ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze horas. As horas de prontidão serão, para
todos os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal.

Súmula 428. TST. SOBREAVISO APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 244, § 2º DA CLT


I - O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si só,
não caracteriza o regime de sobreaviso. 
II - Considera-se em sobreaviso o empregado que, à distância e submetido a controle patronal por
instrumentos telemáticos ou informatizados, permanecer em regime de plantão ou equivalente, aguardando a
qualquer momento o chamado para o serviço durante o período de descanso.

7. ÔNUS DA PROVA DA JORNADA DE TRABALHO

Súmula 338, TST. JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA PROVA


I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na
forma do art. 74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de freqüência gera presunção
relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário.
II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode
ser elidida por prova em contrário. 
III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de
prova, invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a
jornada da inicial se dele não se desincumbir.

8. TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO

→ Jornada especial de 6 horas e duração de 36 horas semanais.

→ Requisitos:

a) natureza ininterrupta da atividade do empregador (empresa)


b) obediência a horários de trabalho alternados em turnos diurnos e noturnos de forma contínua (empregado)

→ No caso de horas extras:

Havendo negociação coletiva para elastecer a jornada superior a 6 horas e limitada a 8 horas – NÃO TEM DIREITO
A RECEBER AS 7ª E 8ª COMO HORAS COMO EXTRAS

Não havendo negociação coletiva – TEM DIREITO ÀS HORAS EXTRAS.


Súmula 423, TST. TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. FIXAÇÃO DE JORNADA DE
TRABALHO MEDIANTE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE. Estabelecida jornada superior a seis
horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos
ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras. 

→ Intervalos:

Súmula 360, TST. TURNOS ININTERRUPTOS DE REVEZAMENTO. INTERVALOS


INTRAJORNADA E SEMANAL. A interrupção do trabalho destinada a repouso e alimentação, dentro de
cada turno, ou o intervalo para repouso semanal, não descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6
(seis) horas previsto no art. 7º, XIV, da CF/1988.

Súmula 110, TST. JORNADA DE TRABALHO. INTERVALO. No regime de revezamento, as horas


trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24 horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 horas
consecutivas para descanso entre jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o
respectivo adicional.

9. ADICIONAL DE HORAS EXTRAS

Possui natureza salarial.


As horas extras habituais e o respectivo adicional integram o cálculo das seguintes parcelas: férias, RSR, 13º salário,
aviso prévio indenizado, recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias.

Súmula 264, TST. HORA SUPLEMENTAR. CÁLCULO. A remuneração do serviço suplementar é


composta do valor da hora normal, integrado por parcelas de natureza salarial e acrescido do adicional
previsto em lei, contrato, acordo, convenção coletiva ou sentença normativa.

10. INTERVALO INTRAJORNADA

O intervalo intrajornada é concedido para alimentação e repouso durante a jornada. A concessão de intervalo de,
pelo menos, uma hora é obrigatória quando a duração do trabalho ultrapassar seis horas. A jornada que varie entre
quatro e seis horas de trabalho terá um intervalo de quinze minutos.

O intervalo intrajornada não é computado na jornada de trabalho. Contudo, se o empregador optar pela concessão de
intervalos não previstos em lei, estes serão computados na jornada de trabalho, isto é, será considerado como tempo
de trabalho e será remunerado como hora suplementar se ultrapassar os limites diários da jornada do empregado
(súmula 118 TST).

Art. 71, CLT. Em qualquer trabalho contínuo cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão
de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será no mínimo, de uma hora e, salvo acordo ou contrato
coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas.
§ 1º. Não excedendo de seis horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de quinze minutos
quando a duração ultrapassar quatro horas.
§ 2º. Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
§ 3º. O limite mínimo de uma hora para repouso e refeição poderá ser reduzido por ato do Ministério do
Trabalho, quando, ouvido o Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho, se verificar que o
estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios e quando os
respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.
§ 4º. A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido,
com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho
§ 5o.  O intervalo expresso no caput poderá ser reduzido e/ou fracionado, e aquele estabelecido no § 1 o poderá
ser fracionado, quando compreendidos entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora
trabalhada, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho, ante a natureza do serviço e em
virtude das condições especiais de trabalho a que são submetidos estritamente os motoristas, cobradores,
fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, empregados no setor de
transporte coletivo de passageiros, mantida a remuneração e concedidos intervalos para descanso menores ao
final de cada viagem.  
Súmula 118, TST. Os intervalos concedidos pelo empregador, na jornada de trabalho, não previstos em lei,
representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final
da jornada.

Como regra geral, os intervalos concedidos para repouso ou alimentação não são computados na jornada de trabalho
(art. 71, § 2º, CLT). Há, todavia, diversas categorias profissionais, que, diante das peculiaridades que as cercam,
tem intervalos (intrajornada, entre jornadas ou mesmo semanal) diferenciados da generalidade dos trabalhadores.
Além disto, em alguns casos específicos, a própria lei estabelece, como exceção à regra geral, que alguns intervalos
para descanso, intrajornada, serão computados na jornada de trabalho. São exemplos: empregados que atuam no
serviço permanente de mecanografia e digitação têm 10 minutos de intervalo para cada 90 minutos trabalhados
consecutivamente (art. 72 da CLT e Súmula 346, TST); empregados que trabalham em câmaras frias têm 20
minutos de descanso para cada 1 hora e 40 minutos de trabalho (art. 253, CLT); empregados que trabalham em
minas e subsolo têm intervalo de 15 minutos para cada 3 horas de trabalho (art. 298, CLT), dentre outros.

O descumprimento do intervalo intrajornada obriga o empregador a remunerar o período suprimido com um


acréscimo de no mínimo 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art.
71, § 4º, CLT).

11. INTERVALO INTERJORNADA

Este é o intervalo entre jornadas, isto é, entre um dia e outro. A duração do intervalo interjornada é de, pelo menos,
11 horas.

Art. 66, CLT. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas
consecutivas para descanso.

Art. 7º, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; [...]

Art. 67, CLT. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas
consecutivas, o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá
coincidir com o domingo, no todo ou em parte.
Parágrafo único. Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais,
será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à
fiscalização.

Súmula 146, TST. O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro,
sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.

O descanso semanal remunerado e o intervalo interjornada devem ser somados, ou seja, quando o empregado tiver
direito ao repouso semanal remunerado de 24 horas, este será somado ao intervalo interjornada de 11 horas.
Portanto, o empregado só retornará ao trabalho após 35 horas. Caso o retorno ocorra em prejuízo a este período de
descanso consecutivo, as horas serão consideradas extraordinárias, acrescidas do respectivo adicional.

Súmula 110, TST. No regime de revezamento, as horas trabalhadas em seguida ao repouso semanal de 24
(vinte e quatro) horas, com prejuízo do intervalo mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso entre
jornadas, devem ser remuneradas como extraordinárias, inclusive com o respectivo adicional.

12. JORNADA NOTURNA

O horário noturno, no meio urbano, inicia-se às 22 horas e termina às 5 horas.

A hora noturna não é computada como 60 minutos, mas sim como 52 minutos e trinta segundos.

A redação do artigo 73 da CLT exclui os empregados que trabalham sob o regime de revezamento da percepção do
adicional noturno. Lembre que a CLT foi aprovada em 1943, época em que vigorava a Constituição de 1937. Esta
ressalva prevista no caput do artigo foi abolida, tendo em vista que não foi recepcionada pela CF/88, conforme a
súmula 213 do STF.
Todavia, permanece em vigência o art. 73 da CLT quanto às seguintes disposições:
a) o adicional noturno é de, no mínimo, 20% (vinte por cento) sobre a hora diurna.
b) a hora de trabalho noturno será computada como sendo 52 minutos e 30 segundos.
c) considera-se noturno, para efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as 5 horas do
dia seguinte.

Art. 7º, CF. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social:
IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; [...]

Súmula 213, STF. É devido o adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de
revezamento.

Art. 73, CLT. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração
superior à do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá acréscimo de 20% (vinte por cento), pelo
menos, sobre a hora diurna.
§ 1º. A hora do trabalho noturno será computada como de 52 (cinqüenta dois) e 30 (trinta) segundos.
§ 2º. Considera-se noturno, para os efeitos destes artigos, o trabalho executado entre as 22 (vinte e duas)
horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia seguinte.
§ 3º. O acréscimo a que se referia o presente artigo, em se tratando de empresas que não mantêm, pela
natureza de atividade, trabalho noturno habitual, será feito tendo vista os quantitativos pagos por trabalhos
diurnos de natureza semelhante. Em relação às empresas cujo trabalho noturno decorra da natureza de suas
atividades o aumento será calculado sobre o horário mínimo geral vigente na região, não sendo devido
quando exceder desse limite, já acrescido da percentagem.
§ 4º. Nos horários mistos, assim entendidos os que abrangem períodos diurnos e noturnos, aplica-se às horas
de trabalho noturno o disposto neste artigo e seus parágrafos.
§ 5º. Às prorrogações do trabalho noturno aplica-se o disposto neste Capítulo.

Súmula 60, TST. I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integra o salário do empregado para todos
os efeitos.
II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional
quanto às horas prorrogadas. Exegese do art. 73, § 5º, da CLT.

O empregado que recebe o adicional de periculosidade em razão da sua atividade e ainda labora no horário noturno,
terá seu adicional noturno calculado sob o valor da hora acrescida com o adicional de periculosidade, tendo em vista
que neste horário o empregado também estará sob condições de risco.

OJ 259, SDI – 1, TST. O adicional de periculosidade deve compor a base de cálculo do adicional noturno, já
que também neste horário o trabalhador permanece sob as condições de risco.

O artigo 468, CLT veda qualquer alteração no contrato de trabalho, salvo quando houver concordância de ambas as
partes e, desde que, não cause nenhum prejuízo ao empregado. Diante disso, surgiu uma divergência em relação a
possibilidade de transferir o empregado do horário noturno para o horário diurno com a supressão do respectivo
adicional.

O trabalho noturno tem caráter excepcional. O empregador ao transferir este empregado para o horário diurno
estaria beneficiando o mesmo, pois o trabalho diurno é mais saudável para o empregado. Neste sentido o TST
enunciou a súmula 265:

Súmula 265, TST. A transferência para o período diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional
noturno.

Observações:

1. É vedado o trabalho noturno do menor (art. 7º, XXXIII, CF).

2. Trabalho noturno rural: não existe redução da hora noturna para o trabalhador rural e o acréscimo é de 25%
sobre a remuneração normal (Art. 7º, Lei 5889/73)
3. Súmula 214, STF: A duração legal da hora de serviço noturno (52 minutos e 30 segundos) constitui vantagem
suplementar, que não dispensa o salário adicional.

3. OJ 97, SDI – 1, TST: O adicional noturno integra a base de cálculo das horas extras prestadas no período
noturno.

4. Súmula 402, STF: O vigia noturno tem direito a salário adicional.

5. Advogados – art. 20, §3, Lei 8906/94: O trabalho noturno é o compreendido entre as 20:00 e 5:00 horas, com
adicional de 25% (vinte cinco por cento).

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