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O que é um material?

Ordenação de átomos

Os materiais sólidos podem ser classificados de acordo com a regularidade


na qual os átomos ou íons se dispõem em relação à seus vizinhos.

Cristal Vidro Gás

Ordem a longo Ordem a curto Sem ordenamento


alcance alcance
Estrutura vs Propriedades

• Não é novidade que as propriedades estão diretamente


relacionadas com a estrutura dos materiais.

• Para melhor compreensão de algumas propriedades dos


metais, vamos contextualizar com outros materiais.

• Você já parou para pensar nas propriedades a seguir:


Sólido vs Líquido vs Gasoso
Macio vs Duro
Condutor vs Isolante
Dúctil vs Frágil
Metal
deforma

Vidro
rompe
Como explicar essas diferentes
propriedades em função da
estrutura?
Níveis de estrutura

Para ver em um microscópio todos os níveis: https://www.youtube.com/watch?v=-sl2Zy_XKhw&t=49s


Estrutura Atômica
• Para entendermos esse nível de estrutura, precisamos revisar sobre estrutura
atômica e ligações químicas.
Número de prótons define
o Número atômico (Z)

Núcleo: prótons (carga positiva) e


nêutrons (carga neutra)
Eletrosfera: Elétrons: (carga negativa )
Regra do Octeto
• Como todas as propriedades químicas dos elementos estão
relacionadas às suas configurações eletrônicas, a estabilidade dos
compostos químicos ocorrerá quando o último nível de energia
(camada de valência) estiver completo.

• Átomos de diferentes elementos estabelecem ligações químicas,


doando, recebendo ou compartilhando elétrons para adquirir 8
elétrons na camada de valência (exceção: 2 elétrons no caso do gás
hélio).
Exemplo: Neônio (gás nobre)
Número atômico (Z) = 10
Diagrama de Linus Pauling

10 elétrons

8 elétrons na
camada de
1ª camada valência

Distribuição eletrônica Ne = 1s2 2s2 2p6


Estabilidade
2ª camada (8 elétrons)
Exemplo: Sódio
Número atômico (Z) = 11

11 elétrons

1 elétron na
camada de Ligação Iônica
valência
A estabilidade é
adquirida por
Ligação Covalente
meio de Ligações
Químicas
1ª camada 3ª camada
Ligação Metálica
Distribuição eletrônica Na = 1s2 2s2 2p6 3s1

2ª camada
(b) Um golpe de martelo pode empurrar os íons
para posições em que os cátions se aproximam
Ligação Iônica (a) O sólido
original é um
de outros cátions e os ânions, de outros ânions.
A proximidade de cargas iguais provoca fortes
arranjo ordenado forças repulsivas (mostradas pelas setas duplas
de cátions e ânions
Um átomo doa elétrons e o outro recebe.
(c) Como resultado
dessas forças repulsivas,
o sólido se fragmenta.

Para saber mais sobre ligação iônica:


https://www.youtube.com/watch?v=4wkaMA41IoI
(d) As faces lisas desta
amostra de calcita são
feitas pelo arranjo regular
Ligações Iônicas são de íons cálcio e carbonato.
predominantes em
materiais cerâmicos. (e) O golpe de um martelo fragmentou o
cristal, deixando superfícies chatas e
regulares formadas por planos de íons.
As ligações covalentes podem conter
Ligação Covalente ligações secundárias (intermoleculares)
Os átomos compartilham elétrons.
que apresentam menor energia de
ligação, tornando os compostos líquidos
ou com menor ponto de fusão.

Para saber mais sobre ligação covalente:


https://www.youtube.com/watch?v=ThoD-SAczw8

Ligações Covalentes
são predominantes em
materiais poliméricos.
Ligação Metálica
a) Quando os cátions de um metal são deslocados por
uma martelada, os elétrons móveis podem responder
Os átomos tendem a doar elétrons formando um mar de elétrons. imediatamente e seguir os cátions até suas novas
posições, o que torna o metal maleável.

b) Esta peça de chumbo


foi achatada por um
martelo; porém, os
cristais cor de laranja do
composto iônico
quebraram.

Para saber mais sobre ligação metálica:


https://www.youtube.com/watch?v=ZFnEdCpEU6E&t=21s
Estrutura Cristalina

Líquido
• Nesse nível analisamos o arranjo
atômico.

• Normalmente metais formam sólidos


cristalinos.

• Na realidade, os metais geralmente


são policristalinos, podendo ser
monocristalino somente em Sólido Sólido não
condições controladas. cristalino cristalino (amorfo)
Sólidos
Policristalinos
Compostos por um
conjunto de muitos cristais
pequenos ou grãos.

Vários estágios da solidificação de um material policristalino. (a) pequenos núcleos de cristalização. (b)
crescimento dos cristalitos. (c) solidificação completa com formação de grãos que possuem formatos
irregulares. (d) estrutura de grãos como aparecem no microscópio.
Exemplos:

NaCl: cada grão de sal de cozinha é Fluorita (mineral): cada região


considerado um sólido monocristalino. facetada representa um cristal.
Superfícies facetadas são características Esse material seria um policristal.
de estruturas organizadas (cristalinas).
Como enxergamos os grãos nos metais?
Vamos fazer uma analogia com o mineral Pirita. Ele é composto por inúmeros grãos (cristais)
unidos uns aos outros. Se fizermos um corte transversal e olharmos a região cortada plana,
veremos os grãos planificados.

A A

Mineral Pirita Corte AA: Forma como


enxergamos os grãos nos metais
em aumentos em torno de 200x.
• A maioria dos metais comuns existe em pelo
menos uma de três estruturas cristalinas
relativamente simples:

Cúbica de faces centradas (CFC), que possui 4


átomos por célula unitária e FEA de 0,74.

Cúbica de corpo centrado (CCC), que possui 2


átomos por célula unitária e FEA de 0,68.

Hexagonal compacta, que possui 6 átomos


por célula unitária e FEA de 0,74.
Exemplo das estruturas cristalinas para alguns metais.
Defeitos nas estruturas cristalinas

Um sólido perfeito não existe: os sólidos contém grandes números de defeitos.


A classificação da imperfeição cristalina é feita de acordo com a
geometria ou dimensionalidade do defeito:

Defeitos Pontuais: ocorrem ao Defeitos Lineares: ocorrem Defeitos Planares: ocorrem


longo de um único ponto (átomo ao longo de uma linha ao longo de um plano
intersticial ou substitucional). (discordâncias). (contorno de grão).

Defeitos
Volumétricos: Vibrações
ocorrem ao longo Atômicas: ocorrem
de três dimensões pelo movimento
(poros). atômico.
Defeito é ruim?
• A presença do defeito nem sempre é adversa!

• Controlar as imperfeições, significa obter materiais com diferentes


propriedades e para novas aplicações.
• Exemplos:
Prata de lei (92,5% Ag –
Aço (liga Fe-C) é muito
7,5% Cu) é muito mais
mais dura e resistente do
dura e resistente do que a
que o ferro puro.
prata pura.

Impureza substitucional Impureza intersticial


Direções e planos cristalográficos
• Algumas direções da célula unitária são de particular
importância, por exemplo os metais se deformam ao longo
da direção de maior empacotamento atômico.

• As propriedades de muitos materiais são direcionais, por


exemplo, o módulo de elasticidade do FeCCC é maior na
diagonal do cubo que na direção da aresta.
Exemplo:
Os cristais deformam-se pelo deslizamento de planos cristalinos em relação
aos demais. Geralmente, metais com maior número de sistemas de
escorregamento são mais dúcteis. Por isso, metais com estruturas dos tipos
CFC e CCC são dúcteis e metais com estrutura HC são frágeis.

Possibilidades de deslizamento nas estruturas


Anisotropia e Alotropia
• Anisotropia é quando as propriedades são influenciadas pela
direção cristalográfica.

• Alotropia ou polimorfismo é a característica de substâncias


simples que podem ter mais de uma estrutura cristalina,
dependendo da temperatura ou pressão.
Alotropia (polimorfismo) do Ferro

• O ferro puro possui uma


estrutura cristalina CCC à
temperatura ambiente, que
muda para CFC a 912°C.
Mudança de
• Na maioria das vezes, uma Volume =
1,34%
transformação polimórfica é
acompanhada de uma
mudança na densidade e em
outras propriedades físicas.
Alotropia do Estanho
O estanho branco (ou β), possui estrutura cristalina tetragonal de corpo Estanho
centrado à temperatura ambiente, transforma-se a 13,2°C no estanho cinza cinza (α)
(ou α), que possui estrutura cristalina semelhante à do diamante.

Estanho
branco (β)

Estanho branco (β) Estanho cinza (α)


A mudança é extremamente lenta; quanto menor a temperatura (abaixo de 13,2°C), mais rápida é a taxa de
transformação. Na transformação do estanho branco em estanho cinza, ocorre um aumento no volume (27%); e
consequentemente a diminuição da densidade (de 7,30 g/cm3 para 5,77 g/cm3). Essa expansão no volume resulta
na desintegração do estanho branco metálico em um pó grosseiro do alótropo cinza.

Essa transição de estanho branco em estanho cinza produziu alguns resultados dramáticos na Rússia em 1850. O
inverno naquele ano foi particularmente frio, com a ocorrência de temperaturas mínimas recordes durante longos
períodos de tempo. Os uniformes de alguns soldados russos tinham botões de estanho, muitos dos quais se
desfizeram em razão dessas condições extremamente frias, assim como também ocorreu com muitos dos tubos de
estanho usados em órgãos de igrejas. Esse problema veio a ser conhecido como a doença do estanho.
Outro caso famoso é a Alotropia do Carbono

O grafite é formado por


anéis formados por 6
O diamante é um
átomos fortemente
mineral constituído
unidos, contudo entre as
por átomos de
camadas existem ligações
carbono ligados por
fracas o que explica o
fortes ligações
fácil desplacamento,
tetraédricas
tornando um bom
covalentes.
lubrificante.

Na maioria das vezes, uma transformação polimórfica é acompanhada de uma


mudança na densidade e em outras propriedades físicas.
Anisotropia
001
A anisotropia está associada á diferença do 001

espaçamento atômico em função da direção


110
cristalográfica.

As substâncias nas quais as propriedades não 110

mudam com a direção que são medidas, são


conhecidas por isotrópicas.
Microestrutura

• A proporção e morfologia das fases define a microestrutura.

• A microestrutura de uma liga depende de variáveis tais como os


elementos de liga, suas concentrações, tratamento térmico entre
outros.

Estudaremos em detalhes na disciplina de


Tratamentos Térmicos!
Critérios para análise de microestruturas
1. Fases presentes
-Em um projeto de engenharia, procura-se
2. Composição das fases
controlar a microestrutura de um material
3. Proporção das fases para obter as propriedades desejadas.
4. Tamanho das fases
-As propriedades de um material variam
5. Distribuição das fases de acordo com a modificação de qualquer
6. Forma das fases um destes critérios (citados ao lado).
7. Orientação das fases
Como é feita a análise microestrutural?
• Os microscópios ópticos, eletrônicos e de varredura por sonda são
comumente usados em microscopia.

• O exame microscópico é uma ferramenta extremamente útil no


estudo e na caracterização dos materiais.

• Dentre as aplicações: observar a geração de defeitos de processo e


verificar se um metal foi tratado termicamente da maneira correta.

Sugestão de vídeo sobre metalografia: Sugestão de vídeo sobre MEV:


https://www.youtube.com/watch?v=UuHofNW40Yw&t=358s https://www.youtube.com/watch?v=GY9lfO-tVfE
Como está seu conhecimento sobre microestrutura?

Você sabe o que essas imagens representam?


Como está seu conhecimento sobre microestrutura?

Ferro Fundido Aço carbono Aço inoxidável


É possível manipular uma microestrutura?

• Sim! Por tratamentos térmicos, que será o assunto da


disciplina de Tratamentos Térmicos!
Macroestrutura

• Alguns elementos estruturais possuem


dimensões macroscópicas, isto é, são suficientemente
grandes para serem observados a olho nu.

• As questões macroscópicas envolvem principalmente


geometria e acabamento superficial.
Polido
Escovado
Por exemplo: influência
nas propriedades óticas.
A resistência à corrosão é
maior em metais polidos.
Jateado
Canto vivo
Canto com raio
Por exemplo: influência nas propriedades
mecânicas: resistência à fadiga é aumentada
com raios maiores.
Propriedades dos Metais
• Resposta do material a solicitação externa ou de serviço,
independentemente da geometria e tamanho.

• As propriedades estudadas estão classificadas em três grupos:


 Químicas
 Físicas
 Mecânicas
Reações químicas.
Propriedades Capacidade dos
Químicas materiais reagirem
Elétricas, térmicas,
Propriedades
magnéticas e óticas.
Físicas
Dureza, resistência à
Propriedades tração, tenacidade,
Mecânicas ductilidade...
Estudaremos na próxima aula!
Referências:
• ATKINS, P.; JONES, L. Princípios de Química: questionando a vida
moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman, 2006.

• CALLISTER, W. D., Jr.; RETHWISCH, D. G. Ciência e Engenharia de


Materiais: uma introdução. 8.ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, 2015.
Bons estudos!

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