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ENGENHEIRO COELHO
2015
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ENGENHEIRO COELHO
2015
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade apresentar ao regente de coro católico um estudo
bibliográfico a fim de formar um primário subsídio para a reflexão de dois aspectos da
presentes na música sacra católica: a urgente busca pela preservação do patrimônio da música
sacra e a participação ativa dos fiéis. Para estes fins, decidimos buscar nas naturezas da liturgia
e da música sacra, bem como em seu paralelo com a música pagã, aspectos que confirmam
sua peculiaridade e firmam sua identidade como prática musical. Este trabalho apresenta
também uma ilustração das práticas deste autor na Basílica de Americana, São Paulo, de onde
surgiram os questionamentos e a constante busca pela consciência e reflexão na liturgia.
Dessa forma, o regente de coro católico pode ter em mãos um subsídio para sua prática e
assim evitar graves erros que poderiam o afastar das orientações eclesiais. Este trabalho
possui um significado histórico, visto o crescente número de regentes e coros católicos na
última década juntamente com os questionamentos diante da ausência de ambientes de
formação em liturgia e música. Busca-se, contudo, vislumbrar a orientação dos próprios
documentos e levantar a discussão sobre música sacra católica na contemporaneidade, a fim
de que as práticas sejam regidas pelos princípios presentes nos documentos e seja promovida
a participação consciente, ativa e frutuosa dos fiéis ao mesmo tempo que seja respeitado e
devolvido à população católica um tesouro que lhes é próprio: a música sacra.
Palavras-chave: Música Sacra; Regente Católico; Patrimônio musical; Participação ativa; Canto
Coral.
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ABSTRACT
This study aims to present to the conductor of the Catholic choir a bibliographic study in order
to form a primary subsidy for the reflection of two currenst aspects in the Catholic sacred
music: the urgent quest to preserve the heritage of sacred music and the active participation
of believers. For these purposes, we decided to seek the nature of the liturgy and sacred music
as well as its parallel with pagan music, all of which confirm its peculiarity and signed its
identity as musical practice. This paper also presents a practical illustration of this author in
Basílica de Americana, São Paulo, where the questioning and the constant search for
awareness and reflection on the liturgy came out. Thus, the regent of Catholic choir may have
at hand a subsidy for their practice and avoid serious mistakes that could ward off the ecclesial
guidelines. This work has a historical significance, given the growing number of conductors
and Catholic choirs in the past decade along with the questions in the absence of training
environments in liturgy and music. Ir persuits, however, envision the orientation of the
documents themselves and raise the discussion of Catholic sacred music in contemporary
times, so that the practices are governed by the principles found in the documents and could
be promoted to conscious, active and fruitful participation of the believers while it is respected
and returned to the Catholic population a treasure that belongs to them: the sacred music.
Keywords: Sacred Music; Regent Catholic; Musical heritage; Active participation; Choir.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2 METODOLOGIA......................................................................................................... 11
3 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................. 12
3.1.1 Missa e Liturgia ........................................................................................... 12
3.1.2 Missa: Definição.......................................................................................... 14
3.1.3 Estrutura do Rito Romano ........................................................................... 15
3.2 A MÚSICA SACRA E A ‘OUTRA MÚSICA’ .............................................................. 16
3.2.1 A ‘Outra Música’ ......................................................................................... 16
3.2.2 A Música Sacra ............................................................................................ 18
3.2.3 Fontes bíblico-patrísticas da música litúrgica ............................................... 19
3.3 O PATRIMÔNIO MUSICAL E A PARTICIPAÇÃO ATIVA ........................................... 22
3.4 EDUCAÇÃO MUSICAL E A PRÁTICA LITÚRGICA .................................................... 27
3.4.1 Coro Polifônico ........................................................................................... 29
3.4.2 Coro Juvenil ................................................................................................ 39
3.4.3 Coro infantil ................................................................................................ 39
3.4.4 Grupo de Camara ........................................................................................ 40
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 41
5 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 43
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Salmo 89
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1 INTRODUÇÃO
um subsídio para a reflexão sobre o patrimônio musical da Igreja e a participação ativa dos
fiéis, dois aspectos que acreditamos serem primordiais para a atuação do regente católico.
Neste propósito e diante do apelo ao retorno às bases da liturgia cristã evocado pelo
Concílio Vaticano II, realizamos uma pesquisa bibliográfica sobre as raízes da música e liturgia
da Igreja, fundamentando-se nas observações e estudos de RATZINGER (2013), LUTZ (2005),
ERNETTI (1990), FERREIRA (2009), GODINHO (2008) juntamente com as contribuições de
RATZINGER (2010), ORTIGA (2009), FARINA (2011) com suas publicações no sítio MELOTECA,
além do que consta no documento conciliar “Sacrossantum Concilium”.
À luz desses autores pode-se identificar e compreender os autênticos princípios que
regem a música sacra e que devem alicerçar o fazer musical na liturgia de nossos dias, tendo
na ausência destes saberes a infeliz possibilidade de uma prática musical oposta ou desconexa
do proposto pelo referido Concílio, ora tendendo ao exibicionismo ou ao empobrecimento da
liturgia.
Ainda, ao abordar a natureza da música sacra julgamos ser necessário o paralelo com
a música secular, profana ou pagã. Desta forma buscamos também compreender o
pensamento sobre a música entre os pagãos e assim identificar as diferenças nas concepções
de música, o que é mais próprio para este momento inicial do que uma análise dos elementos
musicais que as compõe.
A reflexão e o aprofundamento nestes saberes são muito necessários ao regente pois
é este o responsável pela formação musical e litúrgica de seus coralistas ou agentes de canto
litúrgico, que ao exercerem sua função ministerial de forma consciente e ativa, podem
contribuir na participação de todos os fiéis na liturgia e os aproximar do que lhes é por direito:
o patrimônio da música sacra.
Este trabalho foi divido em quatro capítulos. No primeiro, Missa e Liturgia, serão
abordadas a concepção de Liturgia e Missa e as bases da liturgia cristã. No segundo capítulo,
Música Sacra e a ‘outra música’, enuncia-se os princípios da Música desde o culto herdado do
povo judeu em contraste com a prática pagã até os escritos dos Pais da Igreja sobre a música.
No terceiro capítulo, chamado O patrimônio musical e a participação ativa, serão expostas as
informações contidas nos documentos sobre ambos e por último, no quarto capítulo,
chamado Educação Musical e prática Litúrgica, será abordado o trabalho desenvolvido na
Basílica de Americana desde a sua criação em Agosto de 2013 até o presente momento,
enunciando os processos de aprendizado e as formas assumidas no trabalho.
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2 METODOLOGIA
Este trabalho, em sua primaria ideia de contribuição ao leitor sobre Música Sacra, foi
constituído nos seguintes passos:
Sobre o trabalho acima mencionado é importante esclarecer que este vem sendo
desenvolvido por este autor desde Agosto de 2013, fruto do estudo e das reflexões litúrgicas
enumeradas nos capítulos deste registro acadêmico e no corpo do próprio relato das
fundamentações propriamente musicais do autor relacionadas principalmente ao ensino do
canto coral e o desenvolvimento de diversas linguagens musicais.
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3 DESENVOLVIMENTO
A paz do Universo através da paz com Deus, a união de cima e de baixo, pode
ser, depois das considerações feitas até agora, apontada como a verdadeira
intenção dos cultos de todas as religiões mundiais. [...] A consciência da culpa
pesa sobre a Humanidade. Em toda a História, o culto contém sempre a
tentativa de vencer a culpa, repondo desta maneira o mundo e a nossa vida
na ordem certa (RATZINGER, 2013, p.27).
Um fato que aos olhos menos atentos pode não ser percebido mas que é de
fundamental importância, é o pedido de Deus para seu povo. Neste texto do livro do Êxodo
encontra-se o rudimento da liturgia do povo de Israel, a escuta e vivência da palavra de Deus.
Este princípio é de fundamental importância para a fé cristã sendo expresso em diversas
orações da Igreja, como vemos no prefácio número V da quaresma, no Missal Romano:
que obrigou o retorno do povo à escuta da palavra. Assim, animados e confortados pelos
profetas que foram os promotores do retorno às bases do culto espiritual original de Israel,
foram estabelecidas as assembleias semanais, chamadas de sinagoga, onde o povo era
motivado à escuta da palavra e fidelidade na aliança (LUTZ, 2005).
Com o fim do exílio, LUTZ (2005) mostra que os israelitas mantiveram as reuniões
semanais para a escuta da palavra de Deus e a oração. Porém, a existência das sinagogas não
superava a totalidade do Templo de Jerusalém, que reconstruído e após restabelecimento do
sacerdócio levítico, voltou a ser o local dos sacrifícios onde todos os judeus peregrinavam três
vezes ao ano. O antigo problema se repete: o ritualismo volta a ser exercido no templo e a
liturgia que os profetas haviam realizado, em parte, foi perdida.
Aos relatos do Novo Testamento, com a vida de Jesus Cristo, um novo seguimento
religioso se inicia. Jesus de Nazaré nasceu e cresceu em um lar judaico que vivia fielmente as
tradições religiosas, prova disso é a sua circuncisão e a apresentação no templo (LUTZ, 2005).
A Igreja cristã vê em Cristo a plena realização do culto espiritual prefigurado no antigo
testamento. O culto revelado na pessoa de Jesus Cristo é muito mais que uma celebração, é o
sacrifício de sua vida: “Pela oblação do seu Corpo na cruz, levou à plenitude os sacrifícios
antigos e, entregando-Se a Vós pela nossa salvação, tornou-Se Ele mesmo o sacerdote, o altar
e o cordeiro” (MISSAL ROMANO, 1992, p.344).
Ao término desta abordagem histórica do culto na liturgia de Israel existem os escritos
dos apóstolos. Verifica-se então a presença de ritos que buscam exprimir grande atitude
espiritual como o batismo, a fração do pão e a unção dos enfermos. Isto aponta claramente a
importância do rito em função de uma atitude espiritual na igreja primitiva, o que será uma
sólida base para liturgia da Igreja e para a concepção dos sacramentos no catolicismo (LUTZ,
2005).
Entende-se por Missa como “o serviço religioso mais importante da Igreja Católica”
(GROUT; PALISCA, 2007, p.52), tendo como base memorial a última ceia de Cristo com seus
discípulos, em que ele diz: “[...] Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória
de mim” (Lc 22:19). Paralelo a isso, GODINHO (2008) nos apresenta que:
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Observa-se também na própria escritura sagrada o uso de vários termos para se referir
aos encontros litúrgicos que eram realizados, tais como: “[...] Ceia do Senhor” (1Co 11:20),
“[...] Partir do Pão” (At 2:42) e “[...] Ação de Graças”(DIDACHÉ, 14.1).
Os pais da Igreja chegam também a definir o encontro litúrgico da Igreja primitiva
como oblação, sacrifício e oferenda (FORTESCUE, 2015).
Sabe-se que com o decorrer da história da Igreja houve a evolução da liturgia cristã,
que é devidamente analisada no capítulo “Evolução histórica da liturgia” da dissertação de
mestrado de Josinéia Godinho, autora presente nas referências bibliografias contidas no final
deste trabalho, porém este aspecto da evolução litúrgica não será abordado.
Busca-se agora apresentar a estrutura da Missa no rito romano atual, que conta com
uma divisão em duas partes: O Ordinário e o Próprio. O Ordinário se refere às partes fixas que
não se modificam sendo: Kyrie, Glória, Credo, Sanctus-Benedictus e Agnus Dei. O próprio são
partes que variam de acordo com a época do ano litúrgico, festas dos santos ou ainda de
acordo com a diocese, ordem religiosa ou monastério em que é celebrada. Ilustra-se na tabela
a seguir essa divisão de forma clara e na ordem cronológica da estrutura:
ORDINÁRIO PRÓPRIO
Introito
Kyrie
Glória
Leituras
Gradual (Aleluia ou tracto, sequência)
Credo
Ofertório
Sanctus-Benedictus
Agnus Dei
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Comunhão
“A mitologia grega atribuía à música origem divina e designava como seus inventores
e primeiros interpretes deuses e semideuses, como Apolo, Anfião e Orfeu” (GROUT; PALISCA,
2007, p.17).
Na cultura pagã, em todas as épocas, é notável o aspecto mágico que se atribui à
música. Por possuírem crenças nas forças da natureza, nos espíritos e em seus poderes, os
pagãos cultivaram as práticas musicais com foco nessa perspectiva, seja em seus plantios e
colheitas, nas suas liturgias e cultos, ou no próprio cotidiano pagão, a música sempre era
associada à magia. Atribui-se então à música três valores fundamentais com base nesta
concepção: o valor cultural, terapêutico e moral (ERNETTI, 1990).
O valor cultural está no poder suplicante da música em que o homem comunica à
divindade sua profunda devoção. Dessa forma a música não apenas parte do culto pagão, mas
possui primazia e é essencial (ERNETTI, 1990). O ensino musical nas práticas dos antigos
egípcios, assírios e babilônicos era reservado aos sacerdotes, e de acordo com WAESBERGHE,
no culto cabia à música três funções:
Música que acompanhava mais estreitamente o ritual, para torná-lo mais solene
e mais festiva a cerimônia, ou para dominar os ruídos desagradáveis (por
exemplo, os estrondos externos, os gritos das crianças ou dos animais
sacrificados): neste caso não se tratava de virtude mágica da música, mas
simplesmente de uma sua utilidade prática; Música que acompanhava, ou
melhor formava a função ritual em quanto parte integrante de uma cerimônia:
aqui encontramos o conceito de música dotada de virtudes mágicas; Música
com funções rituais independentes. (WAESBERGHE Apud ERNETTI, 1990, p.1)
O terceiro valor da música para os pagãos é o valor moral. A música era considerada
pelos antigos como um dos meios mais eficazes para a elevação moral podendo modificar as
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Esta música tinha como último escopo aquele de elevar os homens à união
com a divindade, ao êxtase (έν δεω ειναι), no qual o homem sente em si a
presença viva dos deuses que louvam ou suplicam propriamente, vem
possuídos da divindade por meio da música, enquanto a divindade vem
através da música e do seu mérito (ERNETTI, 1990, p.2).
À este fato sobre a música pagã antiga erguem-se questionamentos sobre toda a
prática musical presente em cultos de denominações religiosas que na contemporaneidade
fazem repetir este aspecto, como nos rituais das religiões afro-brasileiras. Por esta mesma
lente que se enxerga esta peculiaridade da música pagã, nota-se um paralelo nos dias atuais
com as práticas musicais de movimentos cristãos que buscam também a incorporação da
divindade. Este fenômeno observado nos movimentos pentecostais de toda a cristandade e
de modo mais especifico no próprio catolicismo, é um aspecto que carece de um estudo
aprofundado mas que deve ser enunciado.
musical pagã, que é chamada de ‘outra música’. Porém, agora adentra-se no território da
música sacra e compreende-se sua ligação com o culto cristão e dessa forma, um maior
distanciamento das práticas pagãs.
Nada de admirar, pois, que o canto sacro e a arte musical também tenham
sido usados, conforme consta de muitos documentos antigos e recentes,
para ornamento e decoro das cerimônias religiosas sempre e em toda parte,
mesmo entre os povos pagãos; e que sobretudo o culto do verdadeiro e
sumo Deus desde a antiguidade se tenha valido dessa arte. O povo de Deus,
escapando incólume do mar Vermelho por milagre do poder divino, cantou
a Deus um cântico de vitória; e Maria, irmã do guia Moisés, dotada de espírito
profético, cantou ao som dos tímpanos, acompanhada pelo canto do povo.
E, posteriormente, enquanto se conduzia a arca de Deus da casa de Abinadab
para a cidade de Davi, o próprio rei e "todo Israel dançavam diante de Deus
com instrumentos de madeira trabalhada, cítaras, liras, tímpanos, sistros e
címbalos". O próprio rei Davi fixou as regras da música a usar-se no culto
sagrado, e do canto; regras que foram restabelecidas após o regresso do
povo do exílio, e fielmente conservadas até a vinda do divino Redentor (PIO
XII, Musicae Sacrae Disciplina, 1955).
Através destas palavras do Papa Pio XII, em 25 de Dezembro de 1955, é possível ter o
extrato de todo o desenvolvimento musical do povo de Deus e duas figuras bíblicas ganham
destaque: Moisés e Davi. Sabe-se dos alicerces da liturgia cristã, o pedido feito por Deus a seu
povo por Moisés, mas agora ao se referir propriamente à música somos remetidos à figura de
Davi.
Foi Davi quem, com cerca de 38 mil pessoas envolvidas no serviço do Templo,
instruiu 4.000 como cantores distribuindo por vinte e quatro grupos com o
maior número possível, sob a direção de Asaph, Eman e Etan; cada grupo
tinha doze instrumentistas que tocam címbalos, harpas, cítaras e saltérios.
Os cantores, vestidos de linho, cantavam sobre os degraus especialmente
construídos diante do tabernáculo, da parte oriental do altar (ERNETTI, 1990,
p.2).
De acordo com os inúmeros textos que se referem a Davi e a música, é possível ter
certeza de que ele era um grande músico e compositor. Dessa forma, pela importância com
que seu trabalho é apresentado nas escrituras, torna-se de grande valor a observação desta
figura bíblica para todo aquele que deseja estudar a natureza da música sacra.
É curioso o questionamento a respeito dos conteúdos das letras presentes na música
sacra se é apresentado, na própria escritura, um livro com exatamente 150 canções. É no livro
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dos Salmos que encontra-se o maior exemplo do caráter dialogal de Deus com seu povo. É
através da música e poesia presentes, que vê-se claramente o diálogo de Deus com o homem,
na escuta ou na resposta. Os salmos oferecem um patrimônio vasto, de aspecto atemporal,
em que passado, presente e futuro se encontram e refletem uma imensidão de situações e
sentimentos, desde as lembranças do cativeiro da Babilônia até a espera da Jerusalém Celeste.
Junto aos rios da Babilônia nós nos sentamos e choramos com saudade de
Sião. Ali, nos salgueiros penduramos as nossas harpas; ali os nossos captores
pediam-nos canções, os nossos opressores exigiam canções alegres, dizendo:
"Cantem para nós uma das canções de Sião! "Como poderíamos cantar as
canções do Senhor numa terra estrangeira? (Sl 137:1-4)
(1Co 14:15). Firma-se um importante valor da música cristã primitiva, o ideal de que “o canto
cristão deve dizer algo, sem se ficar pela simples emoção espiritual” (PERROT Apud FERREIRA,
2009, p.2).
O livro de Apocalipse constitui um fator de influência no pensamento dos pais da Igreja
sobre a música. A expressão vocal é tida com grande importância neste livro, visto os vários
momentos em que aparecem as aclamações cantadas (FERREIRA, 2009).
Ouvi uma voz do céu como voz de muitas águas, como voz de grande trovão;
também a voz que ouvi era como de harpistas quando tangem a sua harpa.
Entoavam novo cântico diante do trono, diante dos quatro seres viventes e
dos anciãos. E ninguém pôde aprender o cântico, senão os cento e quarenta
e quatro mil que foram comprados da terra (Ap 14:2-3).
É neste momento que o canto das comunidades cristãs, por influência da cultura grega
e sua teoria musical, receberá uma sólida base técnica. Essa união resulta em duas práticas
musicais: No Oriente e em língua grega, o Canto Bizantino e, no Ocidente, em latim, o Canto
Gregoriano. Este último trará grandes contribuições para a música Ocidental, bem como o
desenvolvimento dos rudimentos da notação musical que evoluirá até os dias atuais. Em 313
é concedida a liberdade de culto pelo Edito de Milão o que trouxe o florescimento de novas
formas na liturgia e também de novas maneiras de estruturar o canto como as difundidas por
Santo Ambrósio (FERREIRA, 2009).
Nos escritos dos pais da Igreja encontramos sólidos fundamentos da prática musical
na liturgia cristã. Um dos primeiros a se manifestar a respeito do canto e da música foi Santo
Agostinho. Vemos, com a história de sua conversão, que a música que ouviu na Catedral de
Milão, contribuiu muito para sua decisão e o motivou a escrever um tratado chamado “De
Música”, em que com suas bases da filosofia platônica, evidencia a influência da música no
homem e em sua moral. Para ele, a música poderia elevar o homem e essa era sua principal
utilidade.
São João Crisostomo foi outro doutor da Igreja que também escreveu sobre a
importância da música. Em um de seus sermões ele nota que “os cantos são um grande
atrativo para a nossa natureza, a ponto de secarem as lágrimas e calarem o pranto dos
meninos de peito” (SÃO JOÃO CRISOSTOMO Apud FERREIRA, 2009, p.2). Em outro sermão,
São João Crisostomo recorda as palavras de São Basílio, outro santo da Igreja que também
escreveu sobre música: “no salmo, a melodia é uma espécie de mel que Deus juntou ao
medicamento (as palavras), para torná-lo mais fácil de tomar” (SÃO BASÍLIO Apud FERREIRA,
2009, p.2).
Ao enxergar por essas lentes a palavra e a música, nota-se que os padres utilizavam a
capacidade de “impressão da música em benefício da Palavra de Deus e viram no salmo um
lugar privilegiado para estruturar e enriquecer a fé do povo” (BASURKO Apud FERREIRA, 2009,
p.3). As ideias de indivíduo e do coletivo são contempladas pelo canto da liturgia cristã e assim
as assembleias são incentivadas a cantar formando um só coro, onde conectam a vivência
litúrgica aos comportamentos morais, se harmonizam as diferenças existentes, sejam sociais,
étnicas ou etárias, promovendo uma prática litúrgica rica e um maior alcance catequético
(FERREIRA, 2009).
As implicações práticas deste canto coletivo na liturgia cristã são inúmeras, o que
aponta para as dificuldades pastorais da época e que de certa forma não são muito diferentes
das encontradas hoje. Atento a esse aspecto unificador da música, São Basílio ainda observa:
“o canto do salmo restabelece a amizade, reúne os que estavam desavindos, converte em
amigos os que mutuamente se hostilizavam. Quem será ainda capaz de considerar como
inimigo aquele com quem elevou uma só voz para Deus?” (SÃO BASÍLIO Apud FERREIRA, 2009,
p.3)
Assim constata-se que a real preocupação dos pais da Igreja alusiva à música não
consiste em escrever tratados sobre a técnica musical, mas em revelar aos fiéis a riqueza
espiritual e teológica existentes nesta prática. Dessa forma, somos impulsionados às práticas
rituais do povo de Israel, sendo o canto também uma expressão de uma atitude espiritual e
não mero ritualismo como nos lembra Santo Agostinho citado por FERREIRA (2009, p.3): “não
podereis experimentar a verdade do que cantais, se não começardes a praticar o que cantais”.
A terminologia usada no documento é clara e objetiva. Não vemos então nenhum fato
que fundamente uma prática musical que se distancie de sua função ritual, orante e solene.
Ao se tratar do tesouro musical da Igreja, deve-se lembrar do canto gregoriano. Ao
passo de seu esquecimento na maioria dos seminários, catedrais e basílicas, a constituição
conciliar nos afirma:
O sagrado Concílio, guarda fiel da tradição, declara que a santa mãe Igreja
considera iguais em direito e honra todos os ritos legitimamente
reconhecidos, quer que se mantenham e sejam por todos os meios
promovidos, e deseja que, onde for necessário, sejam prudente e
integralmente revistos no espírito da sã tradição e lhes seja dado novo vigor,
de acordo com as circunstâncias e as necessidades do nosso tempo (SC, 4).
Para assegurar esta eficácia plena, é necessário, porém, que os fiéis celebrem
a Liturgia com retidão de espírito, unam a sua mente às palavras que
pronunciam, cooperem com a graça de Deus, não aconteça de a receberem
em vão. Por conseguinte, devem os pastores de almas vigiar por que não só
se observem, na ação litúrgica, as leis que regulam a celebração válida e lícita,
mas também que os fiéis participem nela consciente, ativa e frutuosamente
(SC, 11).
É desejo ardente na mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena,
consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria
natureza da Liturgia exige e que é, por força do Batismo, um direito e um
dever do povo cristão, «raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo
adquirido» [...] (SC, 14).
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Após delimitar nos capítulos anteriores as questões que são primordiais para uma
adequada compreensão da música sacra, descreve-se aqui o trabalho realizado na Basílica
Santuário de Santo Antônio de Pádua em Americana do período de Agosto de 2013 até o atual
momento com ênfase na prática musical e seu ensino.
Em Agosto de 2013 se inicia o projeto de Educação Musical no então Santuário Santo
Antônio de Pádua de Americana – SP com o propósito de promover uma real educação musical
e litúrgica inicialmente através do canto coral. Após uma profunda reflexão por parte do reitor
do Santuário sobre a importância da música na liturgia, vislumbrando a possibilidade de
requerer à titulação de basílica e o retorno às origens e significações da construção do Templo,
foi estruturado um projeto coral que contemplasse todas essas expectativas e pudesse
oferecer aos fiéis um ambiente de estudo, conhecimento e produção litúrgica e musical. O
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1
As informações colhidas sobre a vida do Monsenhor Nazareno Magi organizadas por José Eduardo Milani
constam no site-projeto <http://www.oconstrutor.art.br/> acesso em 26 de Maio de 2015.
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O Início
Entrevistas
Primeiros Ensaios
Os primeiros ensaios foram muito desafiadores visto que havia um grupo muito
heterogêneo e se tinha o período de dois meses para a primeira apresentação. Entre as
maiores dificuldades estavam: a afinação geral do coro, a afinação no naipe de contraltos, a
falta de técnica na produção vocal geral do coro, a ausência de homogeneidade e equilíbrio
sonoro e a reprodução dos modelos vocais da música sertaneja e do rock. Dessa forma, foi
estruturada uma aula semanal com duração de duas horas e uma aula quinzenal para cada
naipe com duração de uma hora e meia. Na aula semanal de canto coral todo coro estava
presente e na quinzenal alternava-se entre mulheres e homens.
Desde o início deste trabalho, foi buscado o refinamento da sonoridade, em seus
aspectos de afinação e crescimento em técnica vocal. Com este propósito as aulas se iniciavam
sempre com cerca de trinta minutos de preparo vocal, seguido do repertório. Essa parte inicial
da aula, voltada especificamente ao crescimento em técnica vocal, bem como o
desenvolvimento dos sensos rítmicos e de afinação foram imprescindíveis para a realização
do trabalho, o que requereu por parte do regente um aprofundado estudo da arte do canto.
Uma preocupação pertinente era de que a aula ficasse exaustiva por essa carga de
exercícios vocais e explicações logo no início, embora fosse necessário, porém os alunos
reagiram de uma forma totalmente positiva e logo, ao perceberem o crescimento musical do
grupo, constataram a grande eficácia de um preparo vocal.
Os conteúdos de liturgia foram sendo introduzidos durante o desenvolvimento do
repertório, com explicações e contextualizações por parte do regente, acreditando nesse
formato rizomático de ensino.
Com base na dissertação de doutorado de Angelo Fernandes intitulada “O Regente e a
Construção da Sonoridade Coral: Uma Metodologia de Preparo Vocal para Coros” foram a
cada ensaio, elaborados preparos vocais que focavam as dificuldades do grupo,
principalmente em relação à afinação, o aumento e controle das capacidades respiratórias e
uma produção de voz frontal.
Primeiras participações
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roteiro que percorria a narrativa bíblica da História da Salvação em que as peças cantadas
ilustravam e se misturavam com o enredo. É interessante mencionar que além de ser o
primeiro concerto do Coro, esta apresentação foi um momento em que se uniram o Coro da
Basílica e o Coro da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, formado por agentes de canto que
buscavam uma melhor formação e atuação na liturgia, de forma mais específica em suas
equipes, onde o regente já realizava um trabalho desde 2012, tendo os dois coros
mencionados esta evidente diferença. Com duas récitas de concerto, nas sedes dos dois coros,
o grande coro teve um desempenho muito notável e com um grande número de fiéis
formando o público dos concertos. Foi realizado um repertório com 12 peças que consistiam
em uma diversidade de linguagens musicais variando desde o canto gregoriano e cânones até
a música sacra contemporânea.
Na véspera de Natal, em dia 24 de Dezembro de 2013, o Coro realizou seu último
compromisso deste primeiro semestre de atividades. Repetiu-se quatro peças do concerto de
Natal, sendo executadas duas antes da missa e duas após. O grupo se encontrou reduzido
devido aos já previstos compromissos de muitos coralistas nestas festividades do fim do ano,
mas mesmo assim se mostrou muito seguro. Não eram ouvidos
tão claramente os problemas da abertura horizontal das vogais, que já estavam mais verticais,
havia-se um maior equilíbrio sonoro e certa homogeneidade devido à unificação das vogais,
além do desenvolvimento de um timbre somando as características físicas da estrutura vocal
dos coralistas à técnica vocal aplicada.
Reafirma-se que além dos conteúdos focados neste item, os conhecimentos referentes
à prática litúrgica foram igualmente trabalhados. Mesmo sem o foco na leitura da escrita
musical tradicional, sempre foram entregues aos coralistas as partituras das peças e
explicadas questões que eram realmente importantes neste momento como a localização de
cada voz, conceitos de intensidade e também conceitos de altura. Para um melhor
aprendizado e pelo anseio do desenvolvimento das capacidades auditivas foram introduzidos
os “kits de ensaio”, que consistiam na reprodução da linha melódica de cada voz através do
som do piano. É importante considerar que neste primeiro semestre o coro enfrentou
inúmeras dificuldades com a sonorização dentro do Templo, por este possuir muita
reverberação.
35
Iniciou-se, após esta primeira liturgia, o preparo para a Missa do Domingo de Páscoa e
foi encontrada uma situação totalmente inesperada. O reitor comunicou a este autor que faria
uma viagem junto do bispo diocesano ao Vaticano em menos de um mês e que levaria o
questionário com os requisitos para a concretização do título de Basílica. Para isto, era preciso
fazer um registro audiovisual de uma liturgia animada pelo Coro e que, além das peças em
latim que já eram comuns, o coro deveria executar o “Credo III”. Este fato constituiu um
importante desafio ao Coro que se via ainda em seu início e acabara de receber tamanha
exigência. Foi formulado pelo regente um material para o estudo desta importante peça que
consistiu em um guia, no qual o Credo foi dividido em dezoito partes. Foi feito o registro
fonográfico destas partes e distribuído aos coralistas para que pudessem ouvir, compreender
e estudar a peça, além de um simples relatório sobre o estudo para evidenciar os trechos em
que sentiram maior dificuldade e facilidade, bem como promover o envolvimento de todo o
grupo com este momento histórico. Em tempo cronológico, o coro teve quatorze dias para
realizar o estudo da peça, e em tempo de ensaio o grupo teve oito horas divididas em quatro
ensaios, que foram realizados neste prazo de duas semanas, mas que contavam também com
a preparação das outras peças presentes no repertório dessa missa. Além de um preparo vocal
que consistia em um refinamento da afinação, bem como uma produção vocal entre o “meio
cantado” e o “meio recitado” próprio do canto gregoriano, era preciso contextualizar a peça
e nutrir o interesse por seu aprendizado. A cada ensaio, as frases eram faladas em latim
seguidas de sua tradução e também eram ensaiadas as outras peças, de caráter mais simples.
Em 30 de Março de 2014, no Santuário Diocesano de Santo Antônio de Pádua de
Americana, foi realizado o registro audiovisual da atuação do coro na liturgia, e
consequentemente do “Credo”. Este registro foi levado na semana seguinte ao Vaticano e
apresentado junto dos materiais requisitados e do questionário para obtenção do título de
Basílica à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Juntamente do
Bispo Diocesano, o reitor do Santuário e seus assessores puderam ser parabenizados pelo
trabalho do Coro e este então recebeu a aprovação da Santa Sé diante do serviço litúrgico.
Ainda sem a certeza da elevação ao grau de Basílica que possui tempo indeterminado para ser
tanto aprovada como decretada, a notícia de que os esforços de cada integrante do coro
tinham sido elogiados pela Comissão do Vaticano trouxe aos coralistas e aos fiéis uma imensa
sensação de satisfação pessoal e a certeza da contribuição histórica à Igreja, à Diocese de
Limeira e ao Município de Americana.
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O Coro terminou o primeiro semestre de 2014 continuando seu trabalho com foco na
técnica vocal, desenvolvendo e ampliando seu repertório e animando mais três liturgias:
Domingo de Páscoa, Solenidade de Corpus Christ e a Memória de Santo Antônio, o padroeiro.
Nesta última liturgia, que contava com a presença do Bispo Diocesano, o coro teve a grata
surpresa trazida na semana anterior de Roma e mantida em segredo até o momento: o
decreto de Basílica Menor por sua Santidade, Papa Francisco.
Em quase todos os livros sobre o canto coral encontra-se argumentações sobre a
satisfação pessoal através do canto coletivo, porém vivenciar este momento histórico e único
nos fez experimentar um nível muito alto de satisfação e contentamento.
Em 12 de Agosto de 2014 o Coro completou seu primeiro ano de atividades agora com
cerca de sessenta coralistas. Os fiéis da decretada Basílica já participavam mais através do
canto e das respostas e o coro já tinha uma maior homogeneidade, uma melhor produção
vocal e assim iniciou-se um refinamento na sonoridade que buscava alternar entre um timbre
mais claro e mais escuro. A proposta assumida, trazida por FERNANDES (2009) como uma
metodologia de preparo vocal para Coros consiste em uma produção vocal frontal, e à uma
alternância entre esse timbre chamado “chiaroscuro”:
Importante mencionar que, além dos estudos de FERNANDES (2009), o presente autor
já possuía conhecimentos de prática vocal por estudar canto, o que facilitou o processo de
aprendizagem do coro. Dessa forma, foram realizados no preparo vocal do coro exercícios
descritos na abordagem de FERNANDES (2009). O Coro obteve grande crescimento e
desenvolvimento da sonoridade, tendo o equilíbrio e a capacidade de um controle saudável
entre um som claro e um escuro.
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An extensive terminology exists, in several languages, for the description of variations of vocal timbre found
within the several [national] schools. One such term is chiaroscuro, which literally means the bright/dark tone,
and which designates that basic timbre of the singing voice in which the laryngeal source and the resonating
system appear to interact in such a way as to present a spectrum of harmonics perceived by the conditioned
listener as that balanced vocal quality to be desired – the quality the singer calls resonant.
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No segundo semestre de 2014 o coro realizou várias liturgias dentre as quais estavam
a Missa de Nossa Senhora Aparecida, a Missa e o Concerto pelos Fiéis Defuntos. No início do
mês de Novembro, o coro iniciou uma intensa preparação para a Solene Missa de Instalação
da Sacrossanta Basílica de Santo Antônio de Pádua, cerimônia litúrgica de maior importância
que a cidade de Americana viveu. A escolha do repertório se iniciou em Agosto e terminou na
última semana de Outubro, tendo no mês de Novembro a mencionada preparação das peças.
A Solene missa, ocorrida em 30 de Novembro de 2014, foi presidida pelo Legado Pontifício e
então presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, Dom Raimundo
Damasceno Assis.
Além da Missa de Natal do ano de 2014, outro evento muito enriquecedor ao coro foi
o IIº Concerto de Natal que contou com um amplo repertório sacro e que requereu um
desempenho mais maduro do coro no tocante à compreensão de outras linguagens musicais:
em destaque as peças “Ave Verum Corpus”, de W. A. Mozart e “The Lord Bless you and keep
you” de John Rutter.
Atualmente
exclui a participação dos fiéis no canto, mas sim está fundamentado e busca os ideais para a
liturgia enunciados no Concílio Vaticano II. Após esta missa o coro recebeu muitos convites
por toda a diocese e desempenhando seu serviço à liturgia foi tido como referência, sendo
motivador de outros trabalhos em música litúrgica nesta diocese.
Atualmente o Coro tem buscado ampliar seu repertório, transitando pelas diversas
linguagens da música sacra compreendidas por sua historicidade. Além da execução e
divulgação dessas peças na liturgia, o coro também busca a realização de concertos sacros
com obras que apresentem essa diversidade e contribua num maior crescimento espiritual
dos fiéis. A compreensão e a leitura da escrita musical tradicional é uma importante meta que
será iniciada no segundo semestre de 2015, fato que o regente considera importante neste
segundo momento do Coro.
O Coro infantil, iniciado em Agosto de 2014, conta atualmente com 13 crianças com
idades entre 7 e 10 anos. Seu repertório requer uma alta contextualização devido a sua
atuação permanente nas liturgias dominicais. Além do repertório extraído do Hinário Litúrgico
da Arquidiocese de Campinas, de peças deste autor e de outros compositores sacros, o coro
possui também peças com temática infantil que são recolhidas pelo regente por estarem em
consonância com os princípios cristãos da Instituição ao qual são pertencentes.
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5 REFERÊNCIAS
BÍBLIA SAGRADA, Almeida Revista e Atualizada. 2 ed. São Paulo. Sociedade Bíblica Brasileira,
1993.
ERNETTI, A. P. Storia del canto gregoriano. Monza: Casa Musicale Eco, 1990. Tradução:
Clayton Dias.
GODINHO, J. Do iluminismo ao cecilianismo: a música mineira para a missa nos séculos XVIII
e XIX. Tese (mestrado). Belo Horizonte: Escola de Música da Universidade Federal de Minas
Gerais, 2008.
GROUT, D. J.; PALISCA, C. V. História da música ocidental. 4. ed. Lisboa: Gradiva, 2007.
MIRANDA, M. Ihu 2: Kewere rezar. São Paulo: Pau Brasil, 1997. 1 disco sonoro.
STARK, J. Bel canto: a history of vocal pedagogy. Toronto: University of Toronto Press, 1999.