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A pandemia do novo coronavírus, o Covid-19, pegou o mundo inteiro de surpresa e

adaptar-se a essa nova realidade não foi nada fácil, principalmente quando falamos
em educação. Os desafios de alunos e professores durante a quarentena têm sido
incontáveis devido essa disrupção no ato de ensinar e aprender.
De acordo com o relatório do Banco Mundial, mais de 1,5 bilhões de alunos ficaram
sem estudos presenciais em 160 países. Diante desse cenário, as escolas tiveram
que se reinventar para assegurar a continuidade dos estudos de milhares de alunos,
o que ocasionou a necessidades de novas práticas e ações. Principalmente, com o
auxílio de suportes remotos de ensino e a introdução de novas metodologias,
apoiadas em tecnologias digitais.
Sabemos que a educação no Brasil enfrenta inúmeros obstáculos, isso mesmo
antes da pandemia. Portanto, não era de se estranhar que ao fecharmos todas as
escolas houvesse um grande impacto.
A situação atual impôs grandes desafios para os professores. Como manter os
vínculos com os alunos sem estar no mesmo espaço físico? Como utilizar as
tecnologias da informação e comunicação (TIC) para aprender e ensinar? Como
utilizar estas tecnologias digitais em rede na educação em um país tão desigual
quando o assunto é acesso à internet e conexão de qualidade? Estas e outras são
perguntas que nos inquietam e nos fazem pensar sobre novas educações (PRETTO,
2005), ou seja, outras possibilidades que possam superar o modelo tradicional,
bancário de educação (FREIRE, 2011).

A TIC têm um potencial imenso para desenvolver inteligência nos


alunos,mas na maioria das escolas, estamos restringindo sua eficácia de tal
forma que, não apenas estamos ajudando, mas inibindo. Você pode
realmente falar sobre o progresso se for além quadro de giz tradicional, para
a superficie sintética branca e, em seguida, para o quadro digital interativo,
quando a única coisa que está mudando é a superfície de escrita?
Possivelmente não. Escrever em um processador de texto é diferente de
escrita manual ou é apenas mais fácil? TIC são uma ferramenta, não uma
solução (THOMPSON, 2010).

Apesar das TIC já fazerem parte, direta ou indiretamente, da rotina das escolas e da
realidade de muitos professores e estudantes, a utilização delas no período de
pandemia, para substituir os encontros presenciais, tem encontrado vários desafios,
entre eles: a infraestrutura das casas de professores e estudantes; as tecnologias
utilizadas; o acesso (ou a falta de acesso) dos estudantes à internet; a inclusão dos
alunos da educação especial nessa nova forma de ensinar, a formação dos
professores para planejar e executar atividades online.
As escolas precisaram se organizar para migrar para o ensino com o uso das
tecnologias digitais. Esta migração gerou uma transposição de práticas e
metodologias do ensino presencial para as plataformas virtuais de aprendizagem, o
chamado ensino remoto. Existem inúmeras razões pelas quais a tecnologia é um
aspecto fundamental da aprendizagem nas escolas. Quer queiramos ou não, a
tecnologia está em toda parte; e para que nossos alunos sobrevivam na educação
pós secundária, eles devem conhecê-la. Os alunos exigem isso, estão se
envolvendo com a tecnologia constantemente fora da sala de aula. As crianças
gostam de ser interativas, e aprender por meio dela agora se tornou parte de seu
estilo de vida.
Novos professores estão exigindo isso. O movimento da tecnologia foi implementado
na educação pós-secundária, bem como em outros empregos profissionais. Para
novos professores é considerada uma necessidade para o ambiente de
aprendizagem.
As crianças são os nativos digitais, conhecem a tecnologia melhor do que a maioria
dos adultos. Tornou-se a maneira mais fácil de aprender, porque é uma parte
integrante de suas vidas. O envolvimento com a tecnologia na sala de aula não só
os ajudou a aprender melhor, mas também a adquirir habilidades multitarefas.
As crianças podem aprender em seu próprio ritmo. Sabemos, por anos de
experiência, que as crianças aprendem em seu próprio ritmo, mas às vezes a sala
de aula tradicional torna isso difícil. Com a integração da tecnologia na educação, as
crianças têm a capacidade de desacelerar e voltar às aulas e conceitos, e as
crianças mais avançadas podem ir em frente. Também permite o professor traçar
um plano de ensino adequado a cada aluno.
Com a tecnologia, não há limitações. Ter acesso a outras informações fora do livro
como os computadores, tablets e outras formas tecnológicas oferece diversas
maneiras de aprender um conceito, possibilita aos alunos o debate social e contribui
para a formação do senso crítico, com ela os professores podem criar diversas
maneiras de ensinar mantendo seus alunos engajados, oferece feedblack imediato e
constante a professores, alunos e responsáveis. A tecnológia mudou o ambiente de
ensino para que a aprendizagem seja mais prática e permitiu aprimorar o
relacionamento entre professores e alunos. Quando os professores integram a
tecnologia de forma eficaz às áreas disciplinares, eles crescem para as funções de
consultor, especialista em conteúdo e treinador, ajudando a tornar o ensino e a
aprendizagem mais significativos e divertidos.
Os alunos desta geração são considerados aprendizes de tecnologia. Hoje em dia,
ela significa mais do que apenas aprender habilidades básicas de computação se
tornou parte de todos os aspectos de nossas vidas hoje.
No Brasil, no que se refere à legislação sobre a Educação inclusiva, no ano de 2014,
o MEC publicou o documento "Política Nacional de Educação Especial na
perspectiva da Educação Inclusiva" (BRASIL, 2014), o qual veio com a incumbência
de orientar o funcionamento e a organização da Educação denominada Especial,
tendo como fundamento a educação direcionada para a diversidade. Consta nesse
documento que a educação especial consiste em uma modalidade de ensino que
realiza um atendimento educacional especializado aos alunos disponibilizando
recursos e serviços e orientando em relação à utilização desses recursos nos
processos de ensino e de aprendizagem em turmas do ensino regular (BRASIL,
2014).
Ao reorganizar o sistema educacional, do ponto de vista inclusivo, existe um
direcionamento para um novo modelo de escola e, um novo conceito de formação
dos professores que exige um docente preparado para agir em um ambiente escolar
fundamentado na diversidade. No sentido de desenvolver eficazmente sua prática
pedagógica necessita analisar as diversidades existentes no ensino e
aprendizagem. É uma maneira inovadora, oposta a uma cultura de escola tradicional
até então vigente, seletiva e excludente, agora ajustada em uma forma de ensino
homogeneizado. Para tanto, deve-se garantir estratégias, serviços e recursos
apropriados e adaptados para receber as especificidades educacionais dos alunos
que precisam do AEE (GIROTO; POKER, OMOTE; 2012).
Giroto, Poker e Omote (2012) referem que o uso das TDIC está entre as mudanças
relevantes que o professor e a escola necessitam incorporar no contexto
educacional, beneficiando a aprendizagem dos estudantes de forma geral, e mais
especificamente, os alunos com deficiências, uma vez que abarcam os recursos
admitidos pelas salas de recursos multifuncionais, nomeados como tecnologia.
Dentre as ferramentas tecnológicas assistivas disponíveis no site do Ministério da
Educação nas salas de recursos multifuncionais estão laptops com sintetizador de
voz; materiais didáticos e paradidáticos em braile; software para comunicação
alternativa; áudio e Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS, que podem promover o
acesso ao currículo (GIROTO; POKER; OMOTE, 2012).
Em relação à atuação dos docentes no ensino especializado, esses profissionais
necessitam conhecer, entender e saber sobre a utilização das TDIC de modo que
promovam ações pedagógicas inclusivas no âmbito escolar. No entanto, é
necessário que haja um investimento para uma formação profissional sólida que
proporcione a capacidade necessária para o docente participar do processo
educativo colocando possibilidades teórico metodológico que possam vir a alterar
essa realidade.
Na promoção de equiparação de oportunidades, que viabiliza o desenvolvimento e a
autonomia das pessoas com deficiência. Nesse processo inclusivista, destaca-se a
Tecnologia Assistiva.
A "Tecnologia Assistiva é uma área" do conhecimento, de característica
interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas
e serviços que objetivam promover funcionalidade, relacionada à atividade e
participação de pessoas com deficiência incapacidades ou mobilidade reduzida,
visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (CAT,
2009, p. 13).
Nesse sentido, torna-se um meio facilitador para o processo de inclusão, para a
equiparação de oportunidades a participação e a independência das pessoas com
deficiência nos diversos ambientes da sociedade. Na perspectiva da educação
inclusiva, esta tecnologia é voltada a favorecer a participação do/a aluno/a com
deficiência nas diversas atividades do cotidiano escolar, vinculadas aos objetivos
educacionais.
De acordo com Lauand e Mendes (2008), a Tecnologia Assistiva assume um papel
importantíssimo para garantir a aprendizagem dos/as alunos/as, por necessitarem
dela para toda a sua educação ou pelo menos para uma boa parte dela. Sendo que
a Tecnologia Assistiva utilizada no contexto educacional torna-se um meio facilitador
no processo de ensino-aprendizagem dos discentes com deficiência.
Segundo Bersch (2006, p.92): "a aplicação da Tecnologia Assistiva na educação vai
além de simplesmente auxiliar o aluno a fazer tarefas pretendidas. Nela,
encontramos meios de o aluno ser e atuar de forma construtiva no seu processo de
desenvolvimento". Portanto, busca-se mostrar a relevância que essas tecnologias
têm e a sua contribuição para o ensino aprendizagem das pessoas com deficiência.
Faz-se necessário que os gestores e docentes conheçam a dimensão dos recursos
da TA que representam possibilidades e novos caminhos no processo de ensino-
aprendizagem. "As pessoas com deficiências só perdem quando os profissionais
não são capazes de lhes fornecer as técnicas, estratégias ou ferramentas que as
ajudariam a lidar com seus problemas" (KAUFFEMAN, 2007, P. 12). Faz-se
necessário preparar discentes, com intuito de que estes possam adaptar matérias
pedagógicas e de acessibilidade e utilizar recursos da tecnologia para promover o
rompimento de barreiras buscando alternativas que viabilize a inclusão escolar.

A Tecnologia Assistiva (TA) é composta de recursos e serviços. O recurso é


o equipamento utilizado pelo aluno, e lhe permite ou favorece o
desempenho de uma tarefa. E o serviço de TA na escola é aquele que
buscará resolver os "problemas funcionais" desse aluno, encontrando
alternativas para que ele participe e atue positivamente nas várias
atividades do contexto escolar. (BERSCH, 2006, p.283).

Surgem novos questionamentos acerca da temática da Tecnologia Assistiva no


ambiente educacional, ou seja, reflexões perante a formação continuada dos
professores, do papel das políticas públicas, a disponibilização dos recursos
necessários para serem utilizados, conforme as especificidades dos estudantes e
não somente que estes recursos sejam disponibilizados, mas que haja fiscalização
de modo a garantir que estes estejam sendo utilizados para contribuir no processo
de ensino aprendizagem das pessoas com deficiência.

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