Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aulas:
● Fontes indígenas
● Conquista espiritual
● Conquista territorial e econômica
Textos:
● Os índios e a conquista espanhola – Nathan Wachtel
● A Igreja Católica na América espanhola colonial – Josep Barnadas
➢ Fontes indígenas
Ao iniciar a aula, o professor Horacio explicou que esse tema “Conquista” será
dividido em duas aulas, sendo que a primeira tratará da Conquista territorial e econômica e
a segunda da Conquista Espiritual. Além disso, foi apresentado um roteiro para seguimento
da aula dividido em 3 tópicos: o primeiro abordando sobre as Características Gerais da
Conquista, o segundo os Mecanismos da Conquista e o último as Etapas da Conquista.
● Introdução – Contextualização da Conquista
A Conquista ocorre no contexto de expansão europeia para o Oriente. Sucedeu que a
América foi descoberta em uma dessas expedições ao Oriente, mas, por conta de
características de regiões oceânicas, especialmente as correntes marítimas, o europeu foi
levado ao novo mundo, descobrindo, assim, um novo continente. Dentro da Europa estavam
ocorrendo muitas transformações, entre elas: a superação do feudalismo e ascensão do
Capitalismo Primitivo, tendo como um de seus valores o metalismo e o mercantilismo;
avanços tecnológicos nos meios de transporte, permitindo a navegação transatlântica; a
imprensa permite a impressão de textos em larga escala, difundindo ideias por todo o
continente, etc.
● Características Gerais da Conquista
No que diz respeito às Características Gerais da Conquista, estuda-se, à priori, quais
teriam sido os objetivos da conquista. Entende-se que o primeiro objetivo são os ganhos
econômicos com a colonização do novo continente – não teriam investido capital se fossem
expedições sem lucros econômicos. É ainda com esse objetivo, entendido também como a
motivação central, que nessa época ascende muitos conquistadores dispostos a explorar as
novas terras com os financiamentos. Em contraproposta, a Igreja Católica, juntamente de
padres, coloca como objetivo mister a conquista espiritual dos indígenas.
Um questionamento que aparece nos estudos da Conquista seria quem estava por
trás dos financiamentos – esse capital era um investimento particular ou um
empreendimento estatal, das coroas? –, especialmente quando o objeto de análise são as
expedições marítimas e depois terrestres. Dado que a conclusão para isto é que as coroas
não se envolveram nem no planejamento e nem no financiamento, porém, para esta
afirmativa há exceções, a exemplo, a primeira viagem de Colombo, que foi parcialmente
financiada pela Coroa. Acontece que para ser realizada uma determinada expedição, era
necessária a aprovação e o consentimento da Coroa, dando a impressão de que elas
participavam dos processos de realização. Portanto, uma segunda característica da
Conquista é que boa parte das expedições foram financiadas apenas por capital particular.
Por serem empreendimentos de alto risco, onde não se tinha certeza dos resultados,
os cargos de chefes das expedições eram ocupados por membros da baixa nobreza, pois
essa classe tinha certo capital e contatos com a alta nobreza para poder custear a viagem,
que era o mais importante. As tropas que acompanhavam os chefes de expedição eram
predominantemente formadas por homens do mar, que já tinham experiências de
navegação, mas, além destes, havia também as mais variadas classes e profissões, como
camponeses, artesãos, padres, já que necessariamente todas as composições de tropas
exigiam pessoas com especialidade para o desenvolvimento de trabalhos no Novo Mundo.
Dos objetivos e motivações que compunham o ideal das tropas das expedições, pode-se
citar o desejo de ascensão financeira e social na sociedade europeia, o refúgio e a livre
prática de uma religião diferente da Católica – pode-se observar este objetivo nas excursões
e expedições inglesas na América do Norte, puritanismo e calvinismo; no caso da
colonização espanhola, todos que participaram deveriam ser católicos ou terem se
convertido ao catolicismo –, ademais, um terceiro motivo seria o gosto pela aventura, isto é,
pessoas que tinham o desejo de conhecer novas terras e novas culturas.
● Mecanismos da Conquista
A maior indagação que tange a historiografia acerca da Conquista é: como foi
possível os sólidos impérios mesoamericanos e andinos, formados por milhões de indígenas,
desmoronarem e serem subjugados por um grupo consideravelmente menor? Em outras
palavras, quais foram os mecanismos utilizados pelos espanhóis para a Conquista?
O primeiro mecanismo a se apontar seria o maior poderio bélico e superioridade
militar dos conquistadores em relação aos exércitos das civilizações pré-colombianas, posto
que a Conquista foi uma sucessão de guerras entre os europeus com os nativos americanos.
Duas grandes divergências apontadas entre as sociedades são a utilização da arma de fogo,
pelos espanhóis, até então tecnologia desconhecida na América, e o uso do cavalo, cujo
animal não é endêmico do novo continente. Em contrapartida, as civilizações indígenas
utilizavam arco e flecha e lanças, ferramentas de caráter inferior se comparadas à pólvora
das armas de fogo.
A morte de muitos indígenas por causas biológicas, sobretudo doenças trazidas por
europeus que, até então, não existiam na América, se caracterizou como um colapso
demográfico, social e econômico; a população nativa não tinha anticorpos nem formas de se
defender, causando terríveis epidemias que levou ao genocídio generalizado, facilitando o
trabalho do espanhol de agregar os povos. Este motivo pode ser também enquadrado como
um mecanismo de médio a longo prazo dentro do contexto da Conquista. Por fim, um último
mecanismo que se pode dizer é a cumplicidade entre os grupos indígenas que uniram-se aos
espanhóis e ajudaram os estrangeiros a derrotarem outros grupos indígenas. Em tese, os
espanhóis se aproveitaram dessas rivalidades já existentes e, após subjugar o grupo que era
o objetivo primário, eles também subordinavam seus próprios aliados.
➢ Conquista espiritual
Este capítulo tem por objetivo fazer uma análise descritiva de um evento que mudou
todo o curso da história da América: a chegada do homem branco europeu e o contato com
os impérios Inca e Asteca; o recorte é focado apenas na primeira fase do estágio de
dominação colonial, isto é, até a década de 1570.
Uma característica que pode ser considerada comum entre a maioria das civilizações
é a utilização de mitologia para explicar o início e também o fim. Dito isso, assim também foi
com as civilizações pré-colombianas, a exemplo, os maias, que deixaram registros de
presságios e profecias que anunciavam o final dos tempos no livro Chilam Balam (já
mencionado neste fichamento). Curiosamente, essas previsões não só coincidiram com a
data da chegada do europeu à América, como também com as descrições, fazendo os
nativos acreditarem que esse momento se tratava do retorno dos deuses, como havia sido
previsto. O autor deixa claro que nem todos os indígenas acreditaram nessa ilusão.
O encontro entre as duas realidades colocava em risco a existência de uma delas.
Analisando amiúde este evento, nota-se que apesar dos impérios indígenas terem vantagem
em relação ao número de pessoas e no conhecimento do território, os espanhóis, sendo
conquistadores e expansionistas, mesmo em desvantagem numérica de homens, acabaram
por levando a melhor. Isso se deve, é claro, a sua superioridade no aparato bélico, mas não
somente, também sendo possível citar o impacto psicológico das consequências da chegada
e a união de grupos indígenas com espanhóis, que viam nos estrangeiros uma oportunidade
de se libertar da dominação dos impérios americanos.
Desdobrando mais a fundo os impactos psicológicos, causados pela chegada dos
europeus à América e o contato entre as culturas, pode-se entender dentro desse tema que
a derrota dos nativos e a destruição dos impérios estava ligada a uma esfera religiosa e
cósmica, significando para os indígenas o fim do reino do deus Sol. Além disso, outro fator
de grande impacto na mentalidade dos mesoamericanos e andinos foi a brusca diminuição
nos números de sua população, em outras palavras, um colapso demográfico foi causado
cuja causa principal se remete às doenças trazidas do Velho Mundo para o Novo Mundo, a
exemplo, varíola, sarampo, peste e gripe. No texto, o autor faz uma cronologia das
epidemias que assolaram os indígenas.
Referência:
WACHTEL, Nathan. Os índios e a Conquista Espanhola. In: História da América Latina: A
América Latina Colonial, São Paulo: Edusp, 1997. V. I, cap. 5, p. 195-239
Referência:
BARNADAS, Josep M., A Igreja Católica na América Espanhola Colonial. In: História da
América Latina: A América Latina Colonial, São Paulo: Edusp, 1997. V. I, cap. 12, p. 521-551.